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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Gestão de Produção e Operações Aula 3 Profa. Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial O processo de planejamento é crucial para o bom desenvolvimento de todas as atividades de uma organização e o da produção, não é diferente. Mas é preciso saber o que planejar e quais são os recursos necessários para isso. E, pensando em processos produtivos, uma das primeiras perguntas que se deve fazer é: Onde vou sediar minha empresa? Como encontrar o local ótimo para construir essa fábrica? Quais elementos eu devo ponderar no momento da tomada de decisão? É, mas não precisamos apenas de uma sede, precisamos, também, escolher qual o produto vou fabricar ali. E as dúvidas continuam: Como vamos produzir? Quais são as tecnologias disponíveis para a produção e qual é a capacidade produtiva da empresa? Essas e outras perguntas serão respondidas nessa rota. Vamos a nossa terceira aula de Administração de Produção e Operações! Contextualizando Muitas pessoas tem o desejo de abrir o próprio negócio e se deparam com dúvidas de como iniciar esse processo, sendo uma delas a de onde construir a empresa. Para que o gestor possa escolher com segurança uma ótima localização para a sua empresa é preciso que ele conheça os elementos que costumam impactar nessa decisão. Depois de ter escolhido a localização ideal, o gestor precisa definir qual é o produto que será produzido e, ainda, como esse produto será fabricado. Com o produto definido e com o tipo de produção selecionado, é preciso determinar a melhor tecnologia fabril para viabilizar essa produção. Assim, para finalizar essa importante fase de decisões, o gestor precisa identificar a capacidade produtiva que essa empresa terá. Os assuntos aqui citados serão estudados nessa rota para que você compreenda quão importante é planejar o processo produtivo de uma organização. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Pesquise Neste tema, iremos refletir a respeito de fenômenos sociais que envolvem a sociedade contemporânea e interessam às diversas áreas do saber que envolvem o mundo globalizado, permitindo ao profissional de Publicidade e Propaganda conhecer a quem se dirige o seu trabalho. Para a fixação dos conteúdos, é necessário que você leia os textos, assista aos vídeos sugeridos e, ao final, realize as atividades proposta de estudo de caso. Bons estudos! Tema 1: Localização de Empresas Para escolher a localização adequada para construir a sua nova fábrica ou a sua nova sede de atendimento, os gestores analisam inúmeros fatores que impactam no negócio, tais como: custos, facilidades logísticas e oferta de mão de obra. Mas, com o tempo, os analistas de localização concluíram que, na verdade, não há uma “localização perfeita” e que dificilmente encontrariam um local que atendesse todas as necessidades das empresas. Com isso convencionou-se que a empresa teria que arcar com o “trade off” de uma escolha. Para a definição de um ótimo local para a próxima sede, as empresas utilizam métodos quantitativos, para os quais consideram os custos e as distâncias. No que se refere às decisões e aos métodos qualitativos, avaliam as vantagens e as desvantagens de determinado local. Serão apresentados, neste material, os elementos qualitativos, conforme a seguir. Segundo Moreira (2008, p. 160 a 163) e com proposições da própria autora, para uma indústria os elementos que mais impactam na decisão são: Localização das matérias primas: Uma indústria necessita de fornecedores qualificados e competentes para suprir as necessidades da operação. Então, é necessário um levantamento criterioso para identificar se o local possui tais fornecedores ou se a matéria prima será atendida por outra CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 região. É importante porque impacta diretamente no custo e no tempo de reposição. Mão de obra: A oferta de mão de obra qualificada varia bastante de região para região, principalmente no Brasil. Isso deve ser avaliado com cuidado porque também impacta na produtividade, bem como na qualidade do produto final ou do atendimento. Caso seja necessária a mão de obra qualificada de outros centros, o custo pode inviabilizar a operação. Água e energia elétrica: As indústrias, geralmente, são grandes consumidoras de água e de energia elétrica. Se esses recursos são essenciais para a produção ou para operação principal da empresa, certamente que esse fator terá um peso representativo na escolha do local. Localização dos mercados consumidores: É mais comum uma indústria se estabelecer próximo dos fornecedores, do que próxima dos seus clientes. Isso pode não ser um problema significativo, se a região avaliada oferecer facilidades logísticas, tais como: portos, aeroportos, ferrovias, boas rodovias e baixos custos de pedágios; os quais se tornam fatores determinantes para a escolha da localização. Atitudes da comunidade e sindicais: Algo que as empresas precisam considerar no processo de análise é a opinião da comunidade e, também, dos sindicatos da categoria. Mapear essas condições é essencial para que a empresa não se iluda em construir uma planta onde a população não aceita a sua operação, pois os conflitos serão frequentes. Além desses elementos, é possível acrescentar itens de mesma grandeza, tais como: incentivos fiscais cedidos pelos governos (locais, estaduais ou federais) e oferta de custos baixos de terrenos com infraestrutura preparada para receber empresas. Para uma empresa de serviço ou de varejo, os principais elementos a serem analisados são: Proximidade com o público consumidor: Para uma empresa de serviço, estar próximo dos seus clientes é mais interessante, pois, na maioria CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 dos casos, os clientes costumam utilizar os serviços nas redondezas de suas residências, exceto se o serviço for muito especializado. Renda da população: Avaliar se a população local tem condições financeiras de utilizar o serviço ou tem poder de compra (no caso de varejo) é importante para determinar o tipo de produto que será exposto na área de vendas. Custo do imóvel ou do aluguel: No caso da compra do imóvel, verificar se o custo do imóvel não está supervalorizado. Já no caso do aluguel, se o valor mensal não onera demais a operação. Facilidade de acesso: É importante para os clientes que as operações de serviço e de varejo estejam em locais de fácil acesso. Por exemplo, uma escola situada em uma via rápida gerará transtorno aos pais que levam as crianças de carro e, até mesmo, ao serviço de vans e ônibus são prejudicados. Estacionamento: Ter local (seguro de preferência) para que o cliente deixe o carro estacionado, enquanto utiliza os serviços ou realiza suas compras, é um critério ganhador de pedido. Se o estacionamento for coberto, melhor ainda. Esses e outros elementos devem ser criteriosamente avaliados para uma boa escolha de decisão, considerando que atualmente uma empresa pode optar por construir uma nova planta no país ou no exterior. Observe o que cita Gaither e Frazier (2002, p. 79): Primeiro, a administração deve decidir se a instalação será localizada internacionalmente ou domesticamente. Há apenas alguns anos essa escolha teria recebido somente uma pequena consideração, hoje, entretanto, com a internacionalização dos negócios, os gerentes estão considerando rotineiramente em qual parte do mundo suas instalações devem estar localizadas. Neste novo cenário, os gestores precisam considerar elementos os quais não estão habituados, tais como: mudanças nas taxas cambiais, questões econômicas, financeiras, políticas dos países alvos, bem como osgovernos lidam com os conflitos com os países vizinhos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 É possível terceirizar, para firmas de consultoria, o mapeamento das informações do local onde será construída a nova sede. Tais empresas utilizam softwares de simulação e de pesquisa operacional para comparar os elementos essenciais para a empresa. Tema 2: Tipos de Produção Processo de Produção artesanal: A produção artesanal já foi a única possibilidade disponível para fabricação de bens, por muitos anos. Entretanto, com o avanço das tecnologias aplicadas na manufatura, praticamente caiu em desuso, pois as empresas buscam associar volume de produção com redução dos custos para oferecer produtos com preços menores; alcançando, assim, um público maior. Mas a produção artesanal ainda é utilizada para a fabricação de produtos únicos para clientes que desejam (ou necessitam) de exclusividade. Um produto feito artesanalmente demora, em média, mais tempo do que os demais, pelo fato de que o profissional só iniciará o processo quando tiver todas as informações do que o cliente realmente deseja. Isso é importante para evitar desperdícios e erros de produção, pois, normalmente, é fabricada apenas uma peça desse item. Exemplos: joias exclusivas, vestidos de noiva, sapatos de festas, obras de arte, biscuit customizado do aluno para formaturas, de casal de noivos para bolos de casamento, entre outros. Processo de Produção por projeto: Esse tipo de produção é muito utilizado para produtos bem customizados. Assim como no processo artesanal, o produto normalmente é fabricado ou construído sob as características que o cliente determina e apenas uma unidade (ou poucas unidades). O mapeamento das necessidades do cliente é a fase mais importante, uma vez que, a partir disso, os recursos para a produção serão providenciados. No entanto, oferece certa flexibilidade, pois o cliente pode fazer algumas alterações em algumas fases do projeto, desde que não comprometa as questões estruturais. Como exemplos de produtos feitos sob projeto temos: construção de residências, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 prédios, viadutos, turbinas, navios, aviões, gravações de filmes, entre outros. Tem como característica o baixo volume (quase sempre é produzido um de cada vez) e alta variedade, pois uma empresa, que constrói uma residência, pode construir, também, um viaduto, um estádio de futebol, um shopping, entre outros. Processo de Produção por jobbing (job shop): Esse tipo de produção é similar à produção por projeto, com a diferença de que, normalmente, os produtos fabricados (ou construídos) são menores que do que aqueles apresentados nos projetos. Outra diferença é que, no processo por projeto, os recursos são destinados a um único tipo de produto e, no caso do jobbing, os recursos podem ser compartilhados. Exemplos: produção de produtos em gráficas, alfaiates, peças desenvolvidas em ferramentaria. Nesse tipo de produção, a mão de obra é bem especializada e, na maioria das vezes, o produto é único o que caracteriza alta variedade. Processo de Produção em lotes ou bateladas: A produção em lote constitui em um avanço do projeto de jobbing, mas, neste caso, a variedade de produtos a ser produzida é menor. Esse tipo de produção se caracteriza pelo volume que será produzido (você pode ter um lote de 50 peças, assim como um lote de 10 mil peças) e pela relativa flexibilidade que oferece. Por exemplo: A empresa pode produzir um lote de cinco mil camisetas brancas, fazer o setup das máquinas (trocar as linhas, viés, ribanas, moldes) e, na sequência, produzir um lote cinco mil camisetas vermelhas. Em seguida, fazer um novo setup e produzir um lote de 500 bermudas, entre outros. Como são produzidas quantidades predeterminadas, pode-se dizer que existe certa repetitividade em algumas operações da produção em lote. Nesse tipo de produção, a mão de obra é relativamente especializada e a variedade de produtos depende do tipo de tecnologia que necessita. Exemplos: confecções, alguns tipos de alimentos, medicamentos, componentes de submontagem, entre outros. Processo de Produção em massa: Esse tipo de processo é utilizado por empresas que fabricam grandes quantidades do mesmo item, ou seja, alto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 volume e baixa variedade. Os recursos estão alinhados de forma que atendam a uma sequência lógica e repetitiva de produção, propiciando alta previsibilidade no processo produtivo. Os tempos de produção são estáveis e os colaboradores não necessitam de alta qualificação inicial porque os mesmos se tornarão especialistas pela repetitividade da operação. É uma característica da produção em massa, altos índices de automação, uma vez que o volume produzido reduz o custo de produção por peça permitindo, assim, que a empresa pratique preços mais acessíveis no mercado. Exemplo de produção em massa: engarrafamento de bebidas, rotulagem e fechamento de embalagens, alimentos congelados, móveis seriados, eletroeletrônicos e linha branca. A indústria automobilística também se caracteriza como processo de massa porque independente do modelo do veículo que está sendo fabricado, a montagem segue a mesma sequência lógica. Processo de Produção contínua: É a ampliação do processo de produção em massa, porque operam altos volumes e praticamente não variam. Na produção contínua, o fluxo produtivo é ininterrupto e 24 horas por dia. A instalação de um processo produtivo contínuo é de alto valor monetário, mas, depois de implementado, o custo de produção é reduzido. A mão de obra está voltada muito mais para programação, controle de qualidade e inspeção do que para operação, propriamente dita. Exemplos de processos contínuos de produção: refinaria de petróleo, refinaria de óleos, siderúrgicas, instalações de eletricidade, fabricantes de papel. Para as empresas prestadoras de serviços, o conceito foi adaptado da seguinte maneira: Serviços profissionais: São customizados e atendem à necessidade exclusiva de um cliente. A mão de obra é altamente capacitada (médicos, dentistas, advogados e outros) e o tempo depende do caso de cada cliente. O pré-atendimento é realizado na linha de frente (secretárias, recepcionistas), mas o serviço é entregue por um desses profissionais. Serviços de massa: São os atendimentos massificados que as CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 operadoras de telemarketing (vendas de cartões, seguros, jornais, atendimento a reclamações, 0800 e outros) oferecem e, também, os atendimentos nos supermercados, rodoviárias, transporte público e outros. A mão de obra não precisa ser muito qualificada porque aprenderá pela repetitividade. Lojas de serviços: É o meio termo dos dois modelos anteriores, aonde quem atende o cliente tem certa especialização e consegue auxiliar em muitos detalhes. Exemplos: bancos, shopping centers, operadores de excursão de lazer, aluguel de automóveis e outros. Tema 3: Planejamento do Produto ou do Serviço Na atualidade, as empresas estão operando em um cenário altamente desafiador, onde os concorrentes estão em todos os lugares, os clientes estão cada vez mais exigentes e sofisticados e as novas tecnologias tem permitido o lançamento constante de produtos extremamente inovadores. Com isso, cabe a empresa, que deseja permanecer competitiva, desenvolver e lançar novos produtos. De forma simplificada, vamos conhecer como fazer isso: Para desenvolver um novo produto é necessário refletir sobre alguns aspectos, antes de se aventurar a criar “algo novo”, tais como: Ter uma ideia brilhante não é suficiente para justificar um investimento em desenvolvimento, é preciso saber se há cliente disposto a adquirir e pagar o preço que o produto vai custar. É necessário avaliara capacidade (tecnológica, técnica e humana) da empresa em produzir determinado produto. Além disso, é preciso também avaliar se o produto será facilmente copiado pelo concorrente, se há patente requerida de produto similar no mercado. Principalmente, se o produto for “novo” apenas para a sua empresa, ou seja, outros fabricantes já o comercializam em algum lugar do mundo. É importante avaliar estes aspectos, para que a empresa não tenha problemas legais posteriormente. Levantar os custos para fabricação do produto, desde sua fase de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 concepção até a sua introdução no mercado, para avaliar se vale a pena. Segundo Martins (2006, págs. 69 a 70): OO produto deve ser funcional, de fácil utilização, considerar os aspectos ergonômicos envolvidos, ter estética, ter comandos autoexplicativos, ser compatível com as preocupações de preservação do meio ambiente, apoiar-se em tecnologia conhecida e ter contato com a colaboração de equipes multifuncionais. E, ainda, segundo o mesmo autor, existem técnicas simples de serem seguidas, tais como: DFA (design for assembly) – Fácil de montar. DFM (design for manufacture) – Fácil de fabricar. DFD (design for disassembly) – Fácil de desmontar. DFE (design for environment) – Adaptabilidade ao meio ambiente. Seguir tais regras auxiliará a empresa a ter produtos fáceis de serem produzidos e montados, economizando tempo e recursos, evitando desperdícios de matérias primas, materiais indiretos e de mão de obra. A concepção de um novo produto ou serviço segue a sequência lógica dos projetos tradicionais, e apresenta um Ciclo de Vida tradicional (Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio) com a exceção da fase embrionária ou gestacional. Ou seja, para lançar um novo produto no mercado é convencionado que a fase de criação do produto, anteceda a sua introdução no mercado. Para a gestão da produção e das operações esse conceito é importante porque os recursos serão mais inteligentemente provisionados. Vamos conhecer tais fases a partir de Martins (2006, págs. 73 e 74): Fase embrionária: Nesta fase, são realizados os levantamentos iniciais como os custos das matérias primas, os volumes que serão produzidos, a tecnologia (máquinas e equipamentos) que será necessária, os tempos de produção e a capacitação da mão de obra que será necessária. Nesta etapa, também, são desenvolvidos os protótipos de testes, as simulações de custos e os documentos dos produtos (desenhos, croquis, diagramas de montagem, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 entre outros) são definidos. Fase de introdução: Nesta fase, o produto já está pronto, já foi testado e está no mercado. Cabe ao Marketing investir forte para promover o produto. O volume de vendas costuma ser baixo, então o volume a ser produzido também é baixo. Neste momento, as empresas tentam vender antecipadamente a produção e produzir pequenos lotes, pois o produto ainda está em fase de teste no mercado, pode ser que de certo, como pode ser que não. Uma característica desta fase é que não costuma ter concorrente, os quais aguardam para avaliar se o produto foi bem aceito pelo mercado ou não. Fase de crescimento: Agora o produto já está conhecido, as vendas aumentaram e a produção está mais acelerada. O Marketing ainda investe para neutralizar a ação da concorrência que costuma entrar no mercado, neste momento. São fabricados lotes maiores ou massificados e os ajustes iniciais de qualidade e produtividade já estão padronizados. Muitos produtos pagam o investimento inicial, nesta fase. Fase de maturidade: Nesta etapa, o produto já está bem padronizado, os custos são conhecidos, as vendas são estáveis e os recursos alocados são previsíveis. Alguns produtos ainda exigem certo investimento em Marketing, mas em valores mais modestos, pois, certamente, a empresa já tem outro produto em fase de introdução no mercado. Fase de declínio: Esta fase é natural para qualquer produto, pois chega um momento em que o mercado está saturado. É uma etapa importante aonde à empresa terá que decidir se mantém a produção ou se o tira definitivamente do mercado. Em alguns casos, as empresas buscam colocar esse produto em outras regiões, onde ainda há clientes interessados. Além disso, a empresa pode fazer um “upgrade” no produto, ou seja, modificações que o revitalizem e estenda um pouco mais a vida útil do produto. Ao analisar as fases deste CVP a impressão é a de que anos se passam até o produto chegar a sua fase de declínio. Mas não é bem assim, dependendo do produto, principalmente de base tecnológica, esse CVP dura CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 apenas alguns meses. É assim que ocorrem com computadores, notebooks, celulares, máquinas fotográficas, entre outros. Em alguns casos, as empresas utilizam a técnica da obsolescência planejada, que significa que o produto tem prazo de saída do mercado estipulado, ainda em sua fase de concepção. Entram nessa categoria, principalmente, os produtos sazonais, como: ovos de páscoa, produtos de datas comemorativas, entre outros. Tema 4: Planejamento do Processo Ao decidir pela produção de um produto, deve-se considerar, também, o seu processo. Alguns questionamentos cabíveis nessa fase são: Como o mesmo será produzido? E por quem o mesmo será produzido? O que será utilizado, matéria prima in natura, módulos, componentes? Como a estação de trabalho será organizada? Veja o que Slack (2002, p. 251) aponta sobre assunto: Todas as operações usam algum tipo de tecnologia de processo. Seja sua tecnologia de processo um humilde processador de texto ou a mais complexa e sofisticada das fábricas automatizadas, a operação terá escolhido usar a tecnologia porque espera tirar alguma vantagem dela. Algumas vezes, a tecnologia de processo ajuda a produção a atender uma clara necessidade o mercado, em outras ocasiões a tecnologia torna-se disponível e uma operação escolhe adotá-la na expectativa de que possa explorar seu potencial de alguma forma, mesmo que ainda não de uma forma definida. No ponto de vista do autor, a empresa deve escolher a tecnologia de manufatura que melhor equilibrar custo de produção e produtividade. Dentre as tecnologias mais conhecidas, a partir de Martins (2016, págs. 480 a 483 e 489 a 490), podemos citar: Automação: Muito utilizada pela indústria, a automação é composta por sistemas os quais se aproveitam do avanço da tecnologia da informação e da comunicação, da robótica, da mecânica e da mecatrônica, da simulação, da pesquisa operacional e da eletrônica para montar equipamentos e máquinas com inteligência artificial. A automação pode ser: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 a) Automação Fixa: é quando a tecnologia faz parte de uma única máquina a qual produz um único produto, mas admite pequena variação. Propicia alto volume de produção e auxilia a reduzir o custo de produção por peça. O custo desse tipo de automação é alto e a amortização exige altos volumes de venda e, ainda, é necessária a atualização da tecnologia para continuar viável. b) Automação Programável: Essa automação propicia volume de produção baixo, mas é possível produzir outros produtos a partir da troca da programação. O investimento também é alto e a atualização deve ser frequente. Exemplos são as máquinas CNC e os robôs industriais. c) Automação Flexível: Neste modelo de automação, o volume de produção médio situa-se entre os modelos fixo e programável e é possível programar vários tipos de produtos utilizando o mesmo equipamento. É bem utiliza na indústria automobilística. Máquinas ferramentas CNC: São máquinas com Controle Numérico Computadorizado, as quais são controladas a partir dos comandos de um computador previamenteprogramado. De alta aplicação em centros de usinagem, principalmente na programação da operação dos tornos (Tornos CNC). Projeto Auxiliado por Computador (CAD): É um software utilizado para a criação e a manipulação de desenhos em 2D e 3D. Cria o produto, peça, componente ou ferramenta virtual para que se possa compreender o funcionamento do produto. Manufatura Integrada por Computador (CIM): São sistemas que gerenciam processos de forma integrada. Em muitos sistemas se consegue automatizar o transporte e a alimentação das máquinas pelos chamados AGV (Veículos Automaticamente Guiados). Manufatura Auxiliada por Computador (CAM): O sistema CAM permite que máquinas (normalmente máquinas operatrizes) executem suas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 operações seguindo instruções de um computador. Por dispositivos servo- mecânicos, o computador determina a velocidade de avanço e rotação, efetua medidas dimensionais, seleciona ferramental, controla a velocidade de alimentação das peças a serem trabalhadas, a profundidade do corte, as forças e momentos a serem aplicados. Engenharia Auxiliada por Computador (CAE): É utilizado para simular eventos que representem as situações reais pelos quais a peça ou o produto irá sofrer na realidade. É bastante útil para a engenharia civil e mecânica para calcular a construção de sistemas estruturais. O software traz os valores e realiza os cálculos a partir das informações que o usuário insere no banco de dados. Robótica: Os robôs trouxeram inúmeros benefícios para as indústrias tais como: execução de tarefas perigosas ao ser humano, realização de tarefas repetitivas que causam doenças do trabalho, podem trabalhar 24 horas por dia. Estão classificados em três categorias: manipuladores, móveis e humanoides. Por mais que os robôs possam ser utilizados em diversas aplicações, a maioria das indústrias brasileiras ainda não investe na robotização. Sistemas flexíveis de manufatura (SFM): Um SFM é um agrupamento de estações de trabalho semi-independentes controladas por computador, interligadas por um sistema automatizado de transporte ou manuseio. Neste modelo, o papel do computador é essencial, pois controla, além do sistema de transporte, a carga e a descarga das máquinas (sistema de transferência) e o corte do metal, monitorando, ainda, o desgaste das ferramentas de corte, o movimento da peça de uma máquina para a outra, a preparação (setup), a inspeção, os ajustes da ferramenta, a programação da produção, a expedição, entre outros. Para que as empresas possam utilizar esses recursos tecnológicos na manufatura, é necessário capacitar os colaboradores, pois nestes casos é muito mais importante o conhecimento de programação do que operacional. Porém, um centro produtivo não pode ser delineado apenas a partir de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 sua tecnologia, deve se levar em consideração, também, as condições ambientais oferecidas aos colaboradores. Organizar as estações de trabalho, respeitando as necessidades humanas é algo altamente rentável para as firmas, uma vez que colaboradores, com melhores condições, produzem mais e com mais qualidade. É preciso utilizar os recursos dos estudos da ergonomia do trabalho, a qual identifica as necessidades do colaborador e seu posto de trabalho, tais como: condições climáticas adequadas (luminosidade, calor, frio, umidade, poeira, entre outros), bem como adequar bancadas e mesas à altura do operador, auxiliando no combate das doenças do trabalho. Estes aspectos acabam sendo vantajosos tanto para o colaborador quanto para a firma. É importante lembrar que tais conceitos podem ser aplicados a qualquer tipo de empresa ou operação. Tema 5 – Planejamento da Capacidade Agora que já estudamos onde alocar a empresa, entendemos como projetar um novo produto, analisamos os tipos de produção e conhecemos algumas tecnologias que podem auxiliar a manufatura, é hora de pensarmos em como planejar a capacidade produtiva. Segundo Moreira (2008, p. 137): Capacidade é a quantidade máxima de produtos e serviços que podem ser produzidas em uma unidade produtiva, em um dado intervalo de tempo. Por unidade produtiva entendemos tanto uma fábrica como um departamento, um armazém, uma loja, um posto de atendimento médico, uma simples máquinas ou posto de trabalho. O autor deixa claro que é possível analisar e determinar a capacidade produtiva de qualquer tipo de negócio, informação que dará suporte a estratégia de vendas da firma. Existem duas maneiras de medir a capacidade de uma unidade produtiva: pelos insumos e pelo volume de produção. Observe o modelo de Martins CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Tabela 01: Medida da capacidade Medida da capacidade em empresas industriais e de serviços Empresa Insumos Medida de capacidade de volume de produção Fábrica de refrigeradores Horas máquinas disponíveis Número de unids./ano Hotel Leitos disponíveis Número de hóspedes/dia Cinema Número de assentos Número de expectadores/sem. Escola Número de alunos Número de formados/ano Fábrica de cimento Volume do forno de clínquer Toneladas/dia Empresa de transporte Número de poltronas Número de passageiros/ano Usina hidroelétrica Tamanho das turbinas Potência gerada Loja Área da loja Vendas/mês Fonte: Martins (2006, p. 33) Definir a capacidade da produção ou da prestação de um serviço é importante para que a empresa possa fazer os investimentos em infraestrutura (tamanho da fábrica, quantidade de máquinas e equipamentos), quantidade de colaboradores, bem como consumo de matérias-primas. A capacidade deve ser planejada dentro de um horizonte de planejamento compatível com o Planejamento Estratégico da empresa. O ideal é determinar a capacidade produtiva ainda durante a construção da fábrica, mas, com o tempo, novos produtos e serviços serão inseridos na realidade das empresas e isso, certamente, exigirá revisões nas capacidades. Outra possibilidade é ampliar a capacidade de uma empresa já existente, o que exigirá um projeto de melhoria na infraestrutura, tecnologia e pessoal. As empresas podem ter a necessidade de ampliar ou reduzir suas capacidades produtivas em determinados períodos e podem fazê-la por meio dos seguintes horizontes: Longo prazo: Neste horizonte, podemos pensar em períodos maiores que um ano. Se a empresa deseja crescer para os anos seguintes, e isso está CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 registrado em seu Planejamento Estratégico (PE) de expansão, haverá tempo hábil para adquirir os recursos, fazer as adaptações necessárias na fábrica, capacitar os colaboradores e desenvolver novos fornecedores ou ampliar a compra com os atuais. Ampliar a capacidade para o longo prazo costuma ser uma operação tranquila e os custos compatíveis com o orçamento previsto. Médio prazo: Nesse horizonte temos períodos menores que um ano e, normalmente, as empresas já sabem da necessidade de ampliação dessa capacidade. Como por exemplo: Uma empresa sabe que necessitará de colaboradores temporários para atender as vendas de Natal. Desta forma, até o mês de setembro, tais colaboradores já devem estar contratados para ter tempo hábil de capacitá-los para o atendimento. O custo da ampliação da capacidade, no médio prazo, também costuma ficar dentro do orçamento previsto. Curto prazo: Entretanto, as empresas podem ter necessidade de ampliar a sua capacidade de produção no curto prazo, normalmente, para atender um aumento na demanda que não estava prevista. Para ampliar a capacidade no curto prazo, a técnica mais utilizada são as horas extras. Neste caso, a ampliação da capacidade (produtiva ou de atendimento) costuma ser dispendiosa para a empresa. Planejar a capacidade produtiva e de atendimentotem como objetivo oferecer subsídios para o planejamento das vendas e para vislumbrar possibilidades de crescimento equilibrado na empresa. Vamos ver um exemplo proposto por Moreira (2008, p. 137): Em um determinado departamento de montagem de uma empresa tem 5 empregados, cada qual trabalhando 8 horas diárias, realizando a montagem de um componente à razão de 20 montagens por hora e por empregado, a capacidade do departamento, expressa em número de montagens do componente por dia, será: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Resolução: 5 empregados x 8h/dia = 40 h/dia 40h/dia x 20 mont/hora = 800 mont/dia É possível observar, então, que a capacidade de montagem do componente pelo departamento é de 800 unid/dia. Para que possamos ampliar essa capacidade, teremos que alterar alguma variável, como diminuir o tempo necessário para montagem ou contratar mais colaboradores. É possível, também, determinar a capacidade produtiva (seja de fabricação ou de atendimento) por meio da expressão: Capacidade = Tempo Disponível ÷ Tempo necessário Onde: Tempo disponível (de um atendimento ou da produção de uma peça) e Tempo necessário (de um atendimento ou da produção de uma peça) Vamos a mais um exemplo: Se a operação de costurar sacolas de tecido (ecobags) leva 4 min/peça e a empresa tem 8 costureiras, as quais trabalham 8h/dia, a capacidade do departamento de costura é: Resolução: Capacidade = tempo disponível / tempo necessário. Capacidade = 8 costureiras x 6h/dia = 48h/dia x 60 min = 2880 min/dia Capacidade = 2880 min/dia ÷ 4min = 720 sacolas costuradas por dia Se, por ventura, a empresa tivesse um pedido de 5000 sacolas para entregar, saberá que poderá entregar o pedido em 6,94 dias, ou seja, 7 dias de trabalho. A partir das informações sobre a capacidade diária de fabricação é possível à empresa programar sua produção e informar uma data factível de entrega para o cliente. Para finalizar, é bom reforçar que para determinar a capacidade de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 atendimento de um serviço, é necessário considerar um Tempo Médio de Atendimento (TMA), uma vez que cada cliente pode ter uma necessidade distinta e o profissional necessitar de mais ou menos tempo para atendê-lo. Síntese Nesta terceira aula, o foco foi apresentar subsídios para que você compreenda como se planeja um sistema produtivo. Para isso, os temas foram expostos de forma que você pudesse visualizar a lógica do processo. Inicialmente, precisamos ter uma empresa, então, estudamos alguns elementos que impactam na escolha da localização da empresa. No segundo momento, “entramos na fábrica” e conhecemos os tipos de produção utilizada pelas organizações atualmente. Depois disso, compreendemos como planejar o produto e, também, o processo produtivo adequado e, finalmente, acessamos informações sobre o planejamento da capacidade. As informações apresentadas são representativas de maneira que o gestor da produção possa organizar planejar e controlar a produção no seu dia a dia. Referências CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos. Administração da produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2008. FITZSIMMONS, James A.; FITZSIMMONS, Mona. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação. 6ªed. Porto Alegre: Bookman, 2010. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 GAITER, Norman; FRAZIER, Greg. Administração da Produção e Operações. 8ªed. São Paulo: Cengage Learning, 2002. GIANESI, Irineu G.; CORRÊA, Henrique Luiz. Administração estratégica de serviços: operações para satisfação do cliente. São Paulo: Editora Atlas, 2007. KRAJEWSKI, Lee J.; RITZMANN, Larry. MALHOTRA, Manoj. Administração da produção e operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall. MARTINS, Petrônio Garcia; LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da produção e operações. 2ªed.rev.e ampl. São Paulo: Cengage Learning, 2008. PARANHOS FILHO, Moacyr. Gestão da Produção Industrial. Curitiba, InterSaberes, 2012. SELEME, Robson. Métodos e Tempos: racionalizando a produção de bens e serviços. Curitiba: InterSaberes, 2012.
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