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trab presci X decadencia

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
COLEGIADO DO CURSO DE DIREITO
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
DISCENTE LOUÍSE DE OLIVEIRA CHAVES
Vitória da Conquista, BA
2018
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
COLEGIADO DO CURSO DE DIREITO
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
Este trabalho foi realizado com a orientação do D, da disciplina Direito CiviI II, parte geral, do curso de Direito.
DISCENTE LOUÍSE DE OLIVEIRA CHAVES
Vitória da Conquista, BA
2018
1. a) CONCEITOS DE PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
Prescrição é a perda da pretensão– poder de demandar, coercitivamente, o cumprimento de um dever jurídico, nascido logo após a violação do direito - de restituição do direito violado, em prazo previsto por lei, pelo torpor do seu titular, tornando a obrigação jurídica em obrigação natural. Tem como objetivos direitos subjetivos patrimoniais e disponíveis. Atualmente, não se fala em prescrever a ação, pois o direito de ação em si sempre existirá, mesmo prescrita a pretensão. 
A prescrição tem como requisitos: a existência de ação exercitável; a inercia do titular da ação pelo seu não exercício; a continuidade dessa inércia por certo tempo; ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo do curso da prescrição.
Decadência é a perda efetiva de um direito potestativo -direitos que dão ao seu titular o poder de determinar ou influenciar mudanças na esfera jurídica de outrem por ato unilateral, por pura sujeição- pelo seu não uso no período de tempo determinado em lei ou pela vontade das próprias partes. 
A decadência divide-se em decadência legal e decadência convencional. A decadência legal tem natureza jurídica de ordem pública, devendo ser conhecida de oficio pelo juiz, independente de manifestação do interessado, não estando sujeita a preclusão. Já a decadência convencional é a decadência disposta entre as partes por meio do contrato ou convenção (art 211, CC). Como esta é de caráter privado, admite renúncia, suspensão ou interrupção, sendo uma exceção à regra. 
b) PRESCRIÇÃO AQUISITIVA E PRESCRIÇÃO EXTINTIVA 
	Prescrição Aquisitiva, também conhecida como usucapião, é tratada no direito das coisa, conduz à aquisição do direito real para aquele que possuir, com ânimo de dono, a prática das faculdades inerentes ao domínio ou a outro direito real de bens móveis ou imóveis pelo decurso de tempo fixado pelo legislador. Ela confere direito real ao possuidor com o decurso de tempo, tendo como finalidade social a criação de um direito real pela posse contínua de uma coisa. É estruturada na parte Especial do Código Civil, mais especificamente no no direito das coisas.
	Prescrição extintiva é a prescrição propriamente dita, que conduz à perda do direito de ação por seu titular negligente, com o decurso de tempo fixado na lei. Tem como finalidade social o desaparecimento de certo direito face a inércia do titular. É estruturada na Parte Geral – art 189 até art 206.
2. DIFERENÇAS ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
	Apesar de ambos institutos se fundamentarem na inércia do titular de direito por certo lapso temporal, existem afastamentos que os diferenciam. São eles: 
· Enquanto a decadência extingue diretamente o direito, a prescrição extingue a pretensão e com ele a ação e direito que que esta protege;
· A decadência começa a correr, como prazo extintivo, desde que o direito nasce, enquanto a prescrição tem seu inicio apenas com a violação do direito ( principio actio nata, estudado mais a frente); 
· A decadência extingue o direito que embora nascido, nunca foi efetivado pela falta de exercício. Já a prescrição supõe um direito existente e efetivo, mas violado;
· A decadência legal não é suspensa nem interrompida, acabando apenas pelo exercício do direito a ela sujeito, sendo que a prescrição pode ter interrupções e suspensões, desde que fixadas em lei;
· O prazo decadencial pode ser estabelecido por lei, vontade unilateral ou bilateral, já a prescrição tem prazo fixado por lei;
· A decadência finda ação de origem idêntica ao direito, simultânea, enquanto a prescrição pressupõe ação de violação distinta do direito, posterior;
· Enquanto a decadência legal não pode ser renunciada em nenhuma hipótese, a prescrição admite renúncia por parte dos interessados, depois de consumada (art 191, CC);
· A decadência flui contra todos, mas a prescrição opera para determinadas pessoas elencadas pela lei, como por exemplo as pessoas elencadas no artigo 197 do nosso Código Civil , que afirma que não ocorre prescrição entre cônjuges, ascendentes e descendentes e entre tutelados e seus tutores;
· Decorrendo o prazo decadencial o juiz deve ex officio decretá-la, não precisando da alegação de nenhuma das partes, sendo que a prescrição de ações patrimoniais não pode ser decreta ex officio pelo juiz;
· Enquanto os prazos decadenciais estão espalhados em todo o Código Civil, os prazos prescricionais estão reunidos apenas nos artigos 205 e 206 do Código Civil.
3. CAUSAS DE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO 
 	As causas suspensivas e impeditivas da prescricrição estão ditadas no artigo 197 a 199 do Código Civil, sendo a diferença entre elas que, enquanto no impedimento o prazo nem corre, na suspensão o prazo, já fluindo, é paralisado. 
O artigo 197 traz em seu bojo a suspensão da prescrição entre cônjuges, quando em sociedade conjugal; ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; e entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a curatela. Isso ocorre na ponderação da situação vista, já que nelas estariam impedidos de agir pela confiança, amizade e laços de afeição existentes entre elas. 
Já o artigo 198 protege pessoas que se encontram em situações especiais, quando suspende o prazo para: absolutamente incapazes, até o dia da cessação da sua absoluta incapacidade; ausentes do país em serviço publico da União, dos Estados ou dos Municípios; servidores das Forças Armadas, quando fora em serviço. 
	Além dessas, de acordo com o art. 199 do Código Civil, não corre a prescrição pendendo condição suspensiva ou não estando visível o prazo, isso pois o direito ainda não se tornou exigível. Seu inciso III afirma ainda que está suspensa a prescrição se houver ação de evicção correndo. 
	Não correrá prescrição antes da respectiva sentença definitiva, prevista no art 200. Já utros casos de suspensão foram criados por leis especiais, como a Lei de Falência etc.
	Já a interrupção causa o recomeço do prazo, contudo só pode ser alegada apenas uma vez. Isso ocorre para evitar interrupções abusivas e protelação da solução. 
Elas estão indicadas no artigo 202, sendo interrompidas por: despacho do juiz que ordenar a citação se o interessado promover no prazo e na forma da lei processual; protesto na forma da lei processual e no prazo, pois não seria possível propor a ação; protesto cambial, pois indica que o titular do direito violado não está inerte; qualquer ato que constitua em mora o devedor; atos que impliquem em reconhecimento do direito pelo devedor, seja ele pagamento parcial, pedido de prorrogação do prazo ou parcelamento e pagamento de juros. Outras causas de interrupção estão previstas por leis especiais.
4. ALGUNS PRAZOS PRESCRICIONAIS E DECADENCIAIS
	Todos os prazos prescricionais estão aglutinados nos art. 205 e 206 do Código Civil, sendo que se não houver indicação expressa do contrário o prazo prescricional é de 10 anos. Pode se indicar como exemplos: 
· Prescreve em um ano a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de viveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos (art. 206, § 1o, inciso I, CC)
· Prescreve em três anos a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias (art. 206, § 3o, inciso II, CC);
· Prescreve em três anos a pretensão do ressarcimento de enriquecimento sem causa (art. 206, § 3o, inciso IV, CC);
· Prescreve em três anos a pretensão de restituição do lucros oudividendos recebidos de má fé, sendo que o prazo corre da data em que foi deliberada a distribuição; (art. 206, § 3o, inciso VI, CC)
· Prescreve em quatro anos a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas(art. 206, § 4o, CC);
· Prescreve em cinco anos a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo Prescreve em três anos a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias (art. 206, § 5o, inciso III, CC).
Já os prazos decadenciais estão espalhados pelo Código Civil, podendo ser citado como exemplos: 
· A decadência ocorre em quatro anos ,se não houver ação para pleitear anulação do negócio jurídico nos casos de coação- no dia em que ela cessar-, de erro dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão e nos atos de incapazes-este começa a contar assim que cessar a incapacidade (art 178, CC)
· O prazo decadencial para recobrar o imóvel vendido é de três anos (art. 505, CC);
· Decai em três anos o direito de anular a constituição de pessoas jurídicas de direito privado, por dereito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro (CC, art, 45, parágrafo único);
· O negocio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado – desde que esse fato fosse ou devesse ser de conhecimento de quem com ele o tratou- tem prazo decadencial de 180 dias a contar com a conclusão do negócio ou a cessação da incapacidade (art 119, parágrafo único, CC);
5. BREVE NOÇÃO SOBRE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE 
	Ocorre quando autor de processo já iniciado permanece inerte, de forma continuada e ininterrupta, por tempo suficiente para que ocorra perda da pretensão. O próprio Código de Processo Civil traz o marco inicial de sua contagem no artigo 921, III e no §3, sendo esta quando o executado não possui bens penhoráveis, sendo suspenso o prazo por um ano, sendo se não houver manifestação do exequente, inicia-se o prazo de prescrição intercorrente (art 921,§4, NCPC). Com ela extingue-se o processo, apesar de proibida a decisão surpresa.
6. TEORIA DA ACTIO NATA
	Advém do direito romano, com a ideia de que apenas poderá falar em prazo prescricional quando existir uma ação a ser executada, em virtude da violação do direito. 	Essa teoria é aplicada no art 199 do Código Civil, pois é dela que se conclui que enquanto não nasce a pretensão, não começa a contar o prazo prescricional.
7. AÇÕES IMPRESCRITÍVEIS
	Apesar de, em regra, todas pretensões serem prescritíveis (art. 205, CC), existem relações jurídicas incompatíveis ,pela sua própria natureza, com a prescrição ou decadência. São pretensões que:
· se referem a bens públicos de qualquer natureza;
· protegem o direito de propriedade, por este ser perpétuo; 
· existem para reaver bens confiados à guarda de outrem, a titulo de depósito, penhor ou mandato;
· protegem direitos de personalidade, como direito à honra, à vida, à liberdade, à integridade física ou moral;
· são destinadas a anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato;
· derivadas do estado das pessoas, como separação judicial, interdição, investigação de paternidade.
Contudo, as vantagens patrimoniais desses direitos são alcançadas pela prescrição. Tem como exemplo a imprescritibilidade da investigação de paternidade, mas que não altera a prescritibiliade do pedido de herança.
REFERÊNCIAS 
LENZA, Pedro (coord.). GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil, 1 : esquematizado: parte geral, obrigações e contratos. 6. Edição. São Paulo : Saraiva, 2016.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Parte Geral. 13ª edição. São Paulo: Atlas, 2013.
GAGLIANO, Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona Filho. Novo Curso de Direito Civil: parte geral. Vol I. São Paulo: Saraiva, 2014.

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