Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DE GU ST AÇ ÃO 11 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 | ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR – ASPECTOS LEGAIS E OPERACIONAIS GRACIELE OROSKI PAES JOYCE MARIA DOS SANTOS DE FARIA PRISCILLA MARTINS VIANA ■ INTRODUÇÃO O Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado o quinto país em lesões e mortes derivadas das ocorrências no trânsito, após Índia, China, Estados Unidos e Rússia. A fi m de impedir a piora desse ranque mundial, elencaram-se medidas de enfrentamento, e estratégias foram adotadas para minimizar os impactos epidemiológicos, sociais e organizacionais relacionados a esses índices. Medidas de fi scalização e conscientização voltadas para a associação entre álcool e direção vêm logrando êxito no que tange à redução dos acidentes em vias públicas em regiões brasileiras. Mesmo com as ações referidas, as lesões e mortes por acidentes de trânsito pesam no número absoluto de internações e óbitos. Em 2010, foram contabilizadas 145 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) causadas por acidentes, 15% a mais do que em 2009, o que representou um investimento de R$ 190 milhões só em procedimentos específi cos pelo SUS. A epidemia de lesões e óbitos no trânsito, como aponta o Ministério da Saúde (MS), foi detalhada por meio do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do MS, cujos dados de 2010 revelam que 40.610 pessoas foram vítimas fatais, 25% delas por ocorrências com motocicletas.1 Não obstante, os dados históricos contribuem para que o evento “trauma” assuma uma importante representatividade nas ações de socorro em atendimento pré-hospitalar (APH).2 Diante disso, o atendimento inicial passa a ser a medida de intervenção de maior impacto para diminuir a incidência de desfechos como sequelas e morte de médio e longo prazo. A distribuição de mortes em contexto de trauma ocorre de forma trimodal, com: PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 11PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 11 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 12 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS ■ mortes imediatas, que ocorrem minutos após a lesão; ■ mortes precoces, que ocorrem minutos a horas após a lesão; ■ mortes tardias, que ocorrem dias a semanas após o trauma. Sabe-se que cerca de 50% das mortes por trauma ocorrem na primeira hora após a lesão.3,4 A partir de tais constatações, foi desenvolvido o conceito de “hora de ouro” (golden hour), que institui o primeiro atendimento como sendo rápido e efi caz, com o objetivo de minimizar o tempo entre o incidente e a intervenção inicial no local do evento (tempo resposta). Igualmente, o transporte e a remoção de forma adequada para um local de tratamento defi nitivo garantem a possibilidade de maior sobrevida da vítima, equacionando uma relação inversamente proporcional entre o tempo de resposta e a sobrevida. O MS considera como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência o atendimento que procura chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza traumática, não traumática ou, ainda, psiquiátrica) que possa levar a sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao SUS.2 A Tabela 1 revela a morbidade hospitalar por causas externas, de acordo com o local de residência, nos períodos de janeiro de 2008 a janeiro de 2013, segundo a distribuição pelas regiões do Brasil, incluindo os grandes grupos de causas (em todas as faixas etárias e em ambos os sexos), a saber: ■ acidentes de transporte; ■ outras causas externas de lesões acidentais; ■ lesões autoprovocadas voluntariamente; ■ agressões; ■ eventos cuja intenção é indeterminada; ■ intervenções legais e operações de guerra; ■ complicação sistêmica médica e cirúrgica; ■ sequelas de causas externas; ■ fatores suplementares relacionados a outras causas. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 12PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 12 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 13 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |Tabela 1 MORBIDADE HOSPITALAR DO SUS POR CAUSAS EXTERNAS NO BRASIL Internações por ano/mês de processamento segundo a região Região Jan/2008 Jan/2009 Jan/2010 Jan/2011 Jan/2012 Jan/2013 Total Total 40.101 69.112 78.031 80.751 83.034 86.432 437.461 Sudeste 15.314 29.277 33.202 33.304 33.606 37.021 181.724 Nordeste 9.071 13.695 17.848 19.213 20.250 18.484 98.561 Sul 7.695 12.838 13.181 13.625 14.274 15.238 76.851 Centro- -oeste 3.741 6.626 6.912 7.412 7.281 8.206 40.178 Norte 4.280 6.676 6.888 7.197 7.623 7.483 40.147 Fonte: Brasil (2013).5 ■ OBJETIVOS Ao fi nal da leitura deste artigo, espera-se que o leitor possa: ■ reconhecer a importância do serviço de APH; ■ dimensionar as atividades da enfermagem no APH; ■ reconhecer as legislações aplicadas à pratica de enfermagem no ambiente pré-hospitalar; ■ indicar as melhores decisões mediante a avaliação, no APH, das múltiplas vítimas. ■ ESQUEMA CONCEITUAL Conclusão Aspectos organizacionais e operacionais do atendimento pré-hospitalar Breve recorte histórico sobre o atendimento pré-hospitalar no cenário mundial e brasileiro Atendimento pré-hospitalar e inserção da enfermagem Caso clínico 1 Caso clínico 2 Casos clínicos Cenário Triagem Transporte Operacionalização do atendimento pré-hospitalar Exame primárioAvaliação inicial da vítima no atendimento pré-hospitalar PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 13PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 13 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 14 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS ■ BREVE RECORTE HISTÓRICO SOBRE O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO O APH, ainda não conceitualmente concebido, iniciou-se com o advento dos grandes confl itos históricos das guerras nos cenários mundiais. O número expressivo de feridos a serem socorridos tornava-se crescente diariamente, e o proscênio não previa um preparo para esse tipo de enfrentamento, tanto em caráter operacional quanto contingencial. A história mostra que o APH teve início há mais de 30 anos, na América do Norte e na Europa, apresentando notável expansão logo após a Guerra do Vietnã (1962-1973), quando as autoridades norte-americanas perceberam que a atuação de socorristas nos locais de batalha e nos transportes para hospitais reduzia signifi cativamente a mortalidade e aumentava o tempo de sobrevida dos soldados feridos. Foram classifi cados como serviço médico de emergência (SME) pré-moderno os atendimentos realizados até o tempo de Napoleão Bonaparte, quando não havia a preocupação com o APH. No século XVIII, na época de Napoleão, percebendo a franca necessidade de atendimento às vítimas, o militar chamado Barão Dominique Jean Larrey, médico-cirurgião, criou uma forma ágil de atender aos feridos nas batalhas da guerra: construiu uma carruagem que chamou de “ambulância voadora” (Figura 1), assegurando o que, na época, transportaria os vitimados para um local seguro de tratamento. A partir dessa ideia, percebeu que precisaria de homens treinados, mas, sobretudo, capacitados para assistir as vítimas e transportá-las. Figura 1 - Protótipo da ambulância criada por Dominick Jean Larrey. Fonte: Dominique Jean Larrey (2013).6 PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 14PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 14 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 15 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |No decorrer de seu trabalho, Larrey desenvolveu teorias que permanecem até o tempo atualno APH, como: ■ rapidez no atendimento; ■ utilização de ambulância; ■ treinamento de profi ssionais; ■ atendimento para transporte das vítimas dos cenários de guerra para hospital próximo; ■ atendimento durante o transporte; ■ construção de hospitais próximos ao campo de batalha. O Barão Larrey é atualmente reconhecido como o precursor do SME da era moderna.7 As inovações criadas por Larrey foram colocadas em prática por Jonathan Letterman. Designado cirurgião-geral, criou uma corporação médica separada, com atendimento médico mais bem organizado. Um ano mais tarde, na Segunda Batalha de Bull Run, uma das batalhas da Guerra Civil Norte-Americana, 300 ambulâncias e atendentes recolheram 10.000 feridos em 24 horas. Em agosto de 1864, foi criada a Cruz Vermelha Internacional, na Primeira Convenção de Genebra, cujo Artigo 10 remete à garantia de proteção aos feridos e doentes ou aos membros do pessoal do serviço de saúde e religioso por parte da potência detentora imediata. Caso essa esteja impossibilitada, um Estado neutro assume sua condição. Contudo, se, ainda assim, não puder ser assegurada a devida proteção, a potência detentora deverá pedir a um organismo humanitário (como a Comissão Internacional da Cruz Vermelha) que assuma as suas funções humanitárias.8,9 No Brasil, a ideia de atender às vítimas no local da emergência é tão antiga quanto em outros países. Em 1893, ocorreu a aprovação da lei, pelo Senado da República, que pretendia estabelecer, na época, o socorro médico de urgência em via pública no Rio de Janeiro, então capital do País. Consta ainda que, em 1899, o Corpo de Bombeiros da mesma localidade punha em ação a primeira ambulância (de tração animal) para realizar o referido atendimento, fato que caracteriza sua tradição histórica na prestação desse serviço.10 Em São Paulo, com o Decreto nº 395, de 7 de outubro de 1893, o atendimento aos casos de emergência fi cou sob responsabilidade dos médicos do Serviço Legal da Polícia Civil do Estado. Já com o Decreto nº 1.392, em 1910, nos locais de incêndio ou com demais acidentes, era necessária a presença de médicos. Em 1950, instalou-se, em São Paulo, o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), órgão da então Secretaria Municipal de Higiene, pelo Decreto Estadual nº 16.629, fi cando, como responsabilidade do município, o atendimento de urgência na cidade de São Paulo.8 Nas rodovias de São Paulo, criou-se o Desenvolvimento Rodoviário S. A. (DERSA), que prestava atendimento, sendo interligação das instituições públicas e privadas. Já em 1976, havia o Sistema de Ajuda ao Usuário, que consistia em uma ambulância com motorista e um socorrista a cada 30km da rodovia, e esses profi ssionais tinham um treinamento periódico e fi nanciado pela arrecadação do pedágio e pela Previdência Social. Dessa forma, pode-se compreender que, com o decorrer dos anos, tentava-se, cada vez mais, aprimorar o APH por diferentes instituições públicas e privadas. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 15PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 15 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 16 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS No século XX, a Secretaria Municipal de São Paulo criou o serviço de atendimento a emergências e urgências; contudo, a formação das equipes era inespecífi ca e insufi ciente para todos os atendimentos, que acabaram se tornando transporte inter-hospitalar e domiciliar, não atendendo ao objetivo da sua criação. Em 1979, tentando resgatar o modelo anterior, a Prefeitura do Município de São Paulo e o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo assinaram um protocolo de intenções, segundo o qual o atendimento era realizado com ambulâncias pelos profi ssionais da Secretaria Municipal de Saúde junto com os bombeiros no resgate; porém, essa tentativa não deu certo, pois havia a demora pelo sistema municipal e a não aceitação por parte do Corpo de Bombeiros por considerar esse tipo de atendimento uma prática médica. Em 1981, houve novo acordo a fi m de obter a assistência às urgências e um sistema de referência, em que as vítimas fossem transportadas para locais mais próximos da ocorrência, gerando uma territorialização e integração no atendimento. Já em 1983, o acordo foi ofi cializado e surgiu a Comissão de Coordenação de Recursos Assistenciais de São Paulo (CRAPS), a qual tinha objetivo de expandir o programa para todo o município. No Rio de Janeiro, em 1985, com um decreto governamental, foi criado o Grupo de Emergências do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, que começou a vigorar em 9 de julho de 1986. Foi composto por 19 ambulâncias de unidades móveis de terapia intensiva, com equipe constituída por um médico, dois enfermeiros e um motorista. Esse grupo se uniu ao Resgate do Corpo de Bombeiros já existente. Na década de 1990, em São Paulo, foi criado o Sistema de Atendimento Pré-Hospitalar na Corporação dos Bombeiros do Estado de São Paulo, com profi ssionais treinados tanto para suporte básico quanto avançado. O Brasil acordou com a França a aderência ao seu modelo de atendimento, denominado Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU), que foi solicitado pelo MS. Em 1990, foi proposto, pelo MS, o Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (SIATE), primeiramente implementado em Curitiba, onde havia parceria da Secretaria Estadual de Saúde e da Secretaria de Segurança Pública. O atendimento era realizado pelos socorristas do Corpo de Bombeiros, e havia um sistema regulador com médico presente, deslocado facilmente para onde se necessitasse de atendimento. Esse foi um modelo para a criação do Programa de Enfrentamento às Emergências e Traumas (PEET). Em fevereiro de 1999, o SAMU foi mais uma vez expandido, com a inclusão das unidades de suporte básico (USB). Para tanto, o SAMU mantinha seus dois serviços (a Central de Regulação Médica e o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar) coesos e interligados, organizados e supervisionados pelo coordenador do Programa de Assistência Emergencial, no qual se insere o SAMU. Subordinados ao coordenador, estavam o diretor médico e o diretor de enfermagem, cargo exercido pelo Coordenador do Programa de Serviços Externos.11 O SAMU, hoje, encontra-se constituído conforme inicialmente idealizado, englobando a Central de Regulação Médica com suas respectivas equipes e o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar com suas equipes de suporte básico e avançado, além das equipes essenciais de apoio.12 PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 16PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 16 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 17 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E INSERÇÃO DA ENFERMAGEM A britânica Florence Nightingale é considerada a fundadora da Enfermagem Moderna em todo o mundo, obtendo projeção maior a partir de sua participação como voluntária na Guerra da Crimeia, em 1854.11 Ela e as irmãs anglicanas e católicas cuidavam dos soldados internados no hospital, onde Florence, com seu trabalho árduo, ajudava na reabilitação da saúde das vítimas, aplicava o pensamento crítico e, ainda, realizava pesquisas. Florence foi incomparável: estendeu sua atuação desde a organização do trabalho até os mais simples serviços, como a limpeza do chão. Graças a seu trabalho árduo, a mortalidade entre os hospitalizados na guerra decresceu de 40 para 2%. Os soldados fi zeram de Florence o seu anjo da guarda, e ela foi imortalizada como a “Dama da Lâmpada” porque, de lanterna na mão, percorria as enfermarias, atendendo aos doentes. Outro nome de destaque na enfermagem durante o século XIX foi Anna Justina Ferreira Nery, nascida na província da Bahia, no Brasil, em 1814. Em 1865, quando ela tinha três fi lhos e já era viúva desde os 51 anos,estava ocorrendo a Guerra do Paraguai, para a qual seus fi lhos foram convocados a fi m de lutar e prestar serviço ao País, haja vista serem militares. Anna Nery solicitou ao Presidente da província da Bahia ser voluntária e ir à guerra a fi m de ajudar nos hospitais do Rio Grande do Sul ou onde fosse preciso. Ele aceitou, e Anna Nery foi a primeira enfermeira das Armadas Brasileiras. Segundo Waleska Paixão, “Anna Nery personifi cou, como ninguém, o heroísmo da verdadeira enfermeira, heroísmo renúncia de si mesma, heroísmo espírito sacrifício, heroísmo dádiva do próprio coração ao coração dos outros”.13 Anna Nery foi contemporânea de Florence Nightingale (que criou a primeira escola de enfermagem no mundo, em Londres, em 1860), mas não existem indicações de que elas sabiam da existência uma da outra. No entanto, foram semelhantes na maneira de agir: ambas ricas, estudadas, cultas e poliglotas, severas e disciplinadoras, além de dedicadas às tarefas de cuidar dos sofredores nas guerras de que participaram ativamente (Anna, na Guerra do Paraguai, e Florence, na Guerra da Crimeia – atual Ucrânia). Ainda que intuitivamente, o processo organizacional era assegurado por essas duas representantes da enfermagem mundial, Florence Nightingale e Anna Nery, preparadas e conhecedoras profundas de sua missão. Por meio de percepções simplórias das condições ambientais e sanitárias, garantiam a melhora no tratamento dos feridos. No contexto contemporâneo da enfermagem, o profi ssional dessa área e líder do cuidado precisa promover a mudança, quebrando o paradigma a seu respeito, para ir além da pura competência e não se deixar estagnar. As novas gerações de líderes precisam dessa percepção, o que servirá de estímulo para novas construções e inovações. É uma questão de credibilidade histórica, construída e legitimada por cuidados que interconectam arte e cientifi cidade.14 PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 17PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 17 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 18 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS ATIVIDADE 1. O MS considera como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência o atendimento que procura chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde. De que natureza pode ser esse agravo? A) Apenas psiquiátrica. B) Apenas traumática. C) Apenas não traumática. D) Traumática, não traumática e psiquiátrica. Resposta no fi nal do artigo 2. Quem é considerado o precursor do SME da era moderna? A) Jonathan Letterman. B) Napoleão Bonaparte. C) Dominick Jean Larrey. D) Dominick Jean Lort. Resposta no fi nal do artigo 3. No decorrer de seu trabalho, o precursor do SME da era moderna desenvolveu teorias que permanecem até o tempo atual no APH. Quais são elas? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 4. Na década de 1990, o Brasil acordou com a França a aderência ao seu modelo de atendimento. Que modelo é esse e como é constituído? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ■ ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E OPERACIONAIS DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR O serviço de APH pode ser constituído por uma ou mais unidades de atendimento, dependendo da população a ser atendida. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 18PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 18 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 19 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |Por unidade, entende-se uma ambulância dotada de equipamentos, materiais e medicamentos, guarnecida por uma equipe de, pelo menos, dois profi ssionais, treinados para oferecer suporte básico de vida sob supervisão e condições de funcionamento pré-hospitalar.2 É importante frisar e defi nir que o sistema de APH é um serviço médico, e, assim, sua coordenação, regulação e supervisão direta e à distância devem ser efetuadas unicamente por médico.2 Reconhece-se que, na urgência-emergência, principalmente na área do trauma, deverá haver uma ação integrada, visando a viabilizar a implantação de serviços de APH no Brasil, com outros profi ssionais, os chamados socorristas. Os socorristas são profi ssionais não médicos, habilitados para prestar atendimento de urgência-emergência em nível pré-hospitalar, sob supervisão e coordenação médica.2 A Portaria nº 824/GM, de 24 de junho de 1999, aprovou a Normatização da Atividade Médica na Área da Urgência-Emergência na sua Fase Pré-Hospitalar, que estabelece a atribuição de cada profi ssional envolvido no APH e apresenta subdivisões, como ilustrado no Quadro 1. Quadro 1 ATRIBUIÇÃO DOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO APH E SUAS SUBDIVISÕES Regulação médica Há o médico regulador que tem a decisão técnica em torno dos pedidos de socorro e a decisão gestora dos meios disponíveis; tal função deve ser exercida por profi ssional médico qualifi cado. Profi ssionais não oriundos da área de saúde ■ Telefonista – trabalha nas centrais de comunicação, anotando dados básicos sobre o chamado e prestando informações gerais. ■ Condutor – habilitado para conduzir veículos de emergência e auxiliar a equipe de atendimento, quando necessário. ■ Socorrista – habilitado para prestar APH e credenciado para integrar a guarnição de ambulância do serviço de APH. ■ Operador de rádio – habilitado para operar sistemas de radiocomunicação e realizar o controle operacional de uma frota de veículos de emergência. Profi ssionais oriundos da área de saúde ■ Auxiliar ou técnico em enfermagem em emergências médicas – habilitado para o APH e credenciado para integrar a guarnição de ambulâncias do serviço de APH; além da intervenção conservadora no atendimento do paciente, é habilitado a realizar procedimentos sob prescrição médica. ■ Enfermeiro – habilitado para realizar ações de enfermagem no APH direcionadas aos pacientes e ações administrativas e operacionais em sistemas de APH, incluindo cursos de capacitação dos profi ssionais do sistema e ações de supervi- são e educação continuada desses. ■ Médico – habilitado ao exercício da medicina pré-hospitalar, atuando nas áreas de regulação médica, suporte avançado de vida em ambulâncias e gerência do sistema. Fonte: Brasil (1999).2 PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 19PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 19 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 20 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS A Portaria GM/MS nº 737, de 16 de maio de 2001, defi ne a Política Nacional de Redução da Morbidade e da mortalidade por Acidentes e Violências, em que há a sistematização, a ampliação e a consolidação do APH. Tal portaria prevê, além de medidas organizacionais nas diferentes autarquias, a revisão e o estabelecimento de normas técnicas específicas, em conjunto com os diferentes setores envolvidos, para a padronização de equipamentos e de veículos destinados ao transporte de vítimas, bem como para a formação de recursos humanos. Também foi garantida, pela Portaria GM/MS nº 737, a integração do APH ao atendimento hospitalar de emergência, com a implantação de centrais de regulação médica nos estados e municípios, às quais compete a articulação com os órgãos que mantêm esse tipo de serviço, estimulando-os a atuar de forma compartilhada.15 A Portaria nº 814/GM, de 1º de junho de 2001, aprova a Política Nacional de Atenção às Urgências, estabelecendo que os serviços de APH móveis devem ter uma equipe de saúde composta pelos profi ssionais descritos no Quadro 2: Quadro 2 COMPOSIÇÃO DA EQUIPE DOS SERVIÇOS DE APH MÓVEIS ■ Coordenador do serviço da área de saúde, com experiência e conhecimento comprovados na atividade de APH às urgências e de gerenciamento de serviços e sistemas ■ Médico responsável técnico pelas atividades médicas do serviço ■ Enfermeiro responsável técnico pelas atividades de enfermagem ■ Médicos reguladores que, com base nas informações colhidas dos usuários, quando esses acionam a central de regulação, são os responsáveis por gerenciamento, defi nição e operacionalização dos meios disponíveis e necessários para responder a tais solicitações, utilizando-se de protocolos técnicos e da faculdade de arbitrar sobre os equipamentos de saúde do sistema necessários ao adequado atendimento do paciente ■ Médicos intervencionistas, responsáveis pelo atendimento necessário para a reanimação e a estabilização do paciente no local do evento e durante o transporte ■ Auxiliares e técnicos de enfermagem sob supervisão imediata do profi ssional enfermeiro ■ Enfermeiros assistenciais Fonte: Brasil (2001).16 As responsabilidades técnicas poderão ser assumidas por profi ssionais da equipe de intervenção sempre que a demanda ou o porte do serviço assim o permitirem. Além da equipe de saúde, em situações de atendimento às urgências relacionadas a causas externas ou de pacientes em locais de difícil acesso, deverá haver uma ação pactuada, complementar e integrada de outros profi ssionais não oriundos da saúde – bombeiros militares, policiais militares e rodoviários, entre outros, formalmente reconhecidos pelo gestor público para o desempenho das ações de segurança, socorro público e salvamento, como: ■ sinalização do local; ■ estabilização de veículos acidentados; ■ reconhecimento e gerenciamento de riscos potenciais (incêndio, materiais energizados, produtos perigosos); ■ obtenção de acesso ao paciente e ao suporte básico de vida. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 20PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 20 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 21 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |Todos os profi ssionais que atuam no serviço pré-hospitalar móvel, inclusive os não oriundos da área da saúde, devem ser capacitados e certifi cados pelos núcleos ou centros de educação em urgências (conforme defi nido em portaria específi ca) para fi ns de sua integração técnica e operativa ao SUS na atenção pré-hospitalar. A Portaria nº 1.863/GM, de 29 de setembro de 2003, em seu artigo 1º, trata da Política Nacional de Atenção às Urgências, que deve ser instituída a partir de componentes fundamentais, como o SAMU e os serviços associados de salvamento e resgate, sob regulação médica de urgências e com número único nacional para urgências médicas – o 192, bem como a instalação e a operação das centrais de regulação médica das urgências, integradas ao Complexo Regulador da Atenção no SUS.17 De acordo com a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências, destaca-se o impacto, para o referido contexto, da atuação do enfermeiro:18 ■ no planejamento, na organização, na coordenação, na execução e na avaliação dos serviços da assistência de enfermagem; ■ na prescrição da assistência de enfermagem; ■ nos cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; ■ nos cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científi ca e capacidade de tomar decisões imediatas; ■ na prevenção e no controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de enfermagem; ■ na assistência de enfermagem à gestante, à parturiente e à puérpera; ■ no acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; ■ na execução do parto sem distocia. Em 12 de julho de 2001, no intuito de legitimar as atividades de enfermagem no APH, o Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolução nº 260/2001, revogada pela de nº 290/2004, fi xa, como especialidade de enfermagem e de competência do enfermeiro, o APH, sem, no entanto, especifi car sua formação e ações.19 Somente em 2002, por intermédio da Portaria nº 2.048 do MS, de 5 de novembro de 2002, que regulamenta e normatiza o APH, são defi nidas as funções do enfermeiro, o perfi l desse profi ssional, bem como de toda a equipe que deve atuar no serviço. Conforme a Portaria nº 2.048, os enfermeiros de APH são responsáveis pelo atendimento de enfermagem necessário para a reanimação e a estabilização do paciente no local do evento e durante o transporte. Cabe também ao enfermeiro “prestar serviços administrativos e operacionais em sistemas de APH, supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no APH móvel, dentre outras funções específi cas”.20 Para o enfermeiro, além de conhecimento científi co e habilidade, são necessárias características específi cas para a atuação no APH, como:21 ■ capacidade física; ■ capacidade de lidar com estresse; ■ capacidade de tomar decisões rapidamente; ■ capacidade de defi nir prioridades; ■ capacidade de saber trabalhar em equipe. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 21PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 21 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 22 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS O enfermeiro é participante ativo da equipe de APH e assume, em conjunto com a equipe, a responsabilidade pela assistência prestada às vítimas. Atua onde há restrição de espaço físico e em ambientes diversos, em situações de limitação de tempo, da vítima e da cena, e, portanto, são necessárias decisões imediatas, baseadas em conhecimento e rápida avaliação.21 A decisão COREN-SPDIR/01/2001 dispõe sobre a regulamentação da assistência de enfermagem em APH e demais situações relacionadas com o suporte básico e o suporte avançado de vida. Entre os artigos descritos nesse documento, há os que chamam atenção para a necessidade de o profi ssional de enfermagem envolvido com esse tipo de assistência comunicar ao conselho, de acordo com a determinação do Código de Ética dos Profi ssionais de Enfermagem, todas as situações em que a execução dos procedimentos de enfermagem não estiver sendo delegada, supervisionada e acompanhada pelo enfermeiro. Os procedimentos de enfermagem considerados de alta complexidade deverão ser realizados exclusivamente pelos profi ssionais enfermeiros (unidades móveis de UTI e suporte avançado de vida – terrestres, aéreas ou aquáticas), conforme o determinado pela Lei nº 7.498/86 e pelo Decreto-Lei nº 94.406/87. O enfermeiro deverá implementar e documentar a sistematização da assistência de enfermagem por meio do registro das informações técnicas colhidas (protocolo de atendimento), contendo o histórico de enfermagem, a prescrição e evolução da assistência de enfermagem determinada por ele mesmo. Admite-se, aos militares das Forças Armadas, bombeiros e policiais militares das Forças Auxiliares, enquanto investidos na função de militares junto à guarnição e desde que treinados para atuar em situações de resgate, a execuçãode quaisquer procedimentos essenciais ao suporte básico de vida, à preservação da vida e à integridade das vítimas/pacientes/clientes em situações de urgência/emergência, até que seja possível o acesso pelo profi ssional de saúde. O enfermeiro assume a responsabilidade pelas vítimas/pacientes/clientes, em termos de assistência de enfermagem, durante todo o período em que esses estiverem sob seu atendimento de urgência/emergência; no caso de remoção, por ser procedimento passível de planejamento e programação, deverá o mesmo profi ssional avaliar se a manobra deverá ser feita pelo técnico ou auxiliar de enfermagem, considerando-se as respectivas competências legais. OPERACIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR Tem-se reconhecido que um atendimento adequado e rápido no local do evento pode representar uma chance de sobrevivência para a vítima até a sua chegada ao hospital.21 A utilização de técnicas simples e não invasivas, a obtenção de dados vitais e um breve exame físico são de grande valia para a avaliação inicial e a identifi cação do risco de vida no local do evento, uma vez que há impossibilidade de utilização de recursos e procedimentos de maior complexidade.21 As causas externas (acidentes e violências) representam, na atualidade, um problema de saúde pública de dimensões mundiais, e seu enfrentamento é um desafi o para as políticas públicas. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 22PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 22 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 23 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |Os acidentes e a consequente demanda por atendimento no setor de saúde têm se tornado, ao longo dos últimos anos, um problema que ocupa lugar de destaque na agenda pública de saúde.15,22 Quanto mais rápido o atendimento prestado às vítimas do trauma, maior será o índice de sobrevida. Assim, a denominada “hora de ouro” deve durar de 15 a 20 minutos, que é o tempo do acontecimento até a chegada da equipe pré-hospitalar (tempo de resposta) para remoção do paciente. Destarte, o ideal seria de 6 a 8 minutos para a resposta e 8 a 10 minutos, aproximadamente, para o tempo de transporte da vítima ao hospital. O atendimento móvel de socorro imediato está sujeito às mais diversas situações, desde queda da própria altura até eventos de colisão veicular com múltiplas vítimas. Diante disso, protocolos foram criados para otimizar e direcionar o atendimento de acordo com a gravidade e a prioridade de atendimento. Cenário O socorrista, ao chegar ao local do acidente, deve ter três prioridades, de acordo com o Quadro 3. Quadro 3 PRIORIDADES DO SOCORRISTA NO LOCAL DO ACIDENTE Avaliação da cena Certifi car-se da segurança no local de atendimento. Tal princípio deve ser iniciado no caminho, com os dados da central, e, ao chegar, deve-se proceder a uma análise minuciosa de informações, como desvio do trânsito, situação da rede elétrica e demais fatores que possam interferir no atendimento, na remoção ou na transferência das vítimas.7 Quantifi cação do número de vítimas Recomenda-se classifi car as vítimas da seguinte forma: acidentes de múltiplas vítimas nível 1 – entre 5 e 10 vítimas – e nível 2 – entre 11 e 20 vítimas; desastres – mais de 21 vítimas. Com essa informação, é possível identifi car a necessidade de reforço e ampliação de recursos.23 Avaliação de cada vítima Após ser confi rmada a segurança do local, deve-se iniciar uma avaliação individual das vítimas antes do atendimento inicial. O intuito é fazer a triagem de forma a priorizar o atendimento e a remoção para os casos mais graves ou salvar o maior número de pessoas possível, de acordo com a disponibilidade de recursos. Os métodos serão discutidos a seguir.7 PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 23PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 23 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 24 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS Triagem No APH, a proporcionalidade entre recursos e vítimas dita o modo de triagem a ser empregada. Quando há recursos sufi cientes, a triagem deve ser feita de forma a priorizar vítimas graves, oferecendo transporte e tratamento. Por outro lado, em casos de escassez, a prioridade é assegurar a sobrevida e manter vivo o maior número de pessoas possível. Para que ocorra um padrão na classifi cação de cada vítima, foram criados alguns protocolos de triagem; dentre eles, o mais utilizado é o de triagem simples e tratamento rápido (simple triage and rapid treatment – START).7 O método START foi criado em 1983 pela equipe médica do Hoag Memorial Hospital e por paramédicos do corpo de bombeiros do Newport Beach Fire Department para ser utilizado por socorristas como um método simples, rápido e objetivo.7 Esse protocolo não visa a dar diagnóstico, mas estratifi car o risco para prioridade de atendimento e remoção. O método START baseia-se em quatro ordens de prioridade, conforme o Quadro 4.7 Quadro 4 ORDENS DE PRIORIDADE DO MÉTODO START Imediato Paciente com lesões críticas, que necessita de atendimento especializado e defi nitivo o mais rápido possível, geralmente com risco iminente de morte em caso de atraso de tratamento. Exemplos: vias aéreas comprometidas, hemorragias vultosas internas ou externas, traumatismo craniencefálico (TCE), dentre outros. Esse tipo de vítima é de prioridade zero, caso se disponha de transporte disponível para transferência. Secundário Vítima que não possui lesões que causem risco imediato de vida e que pode aguardar tratamento especializado. Pode possuir lesões graves, como fraturas expostas, mas se mantém estável, e o atendimento primário dá um suporte inicial para aguardar a remoção em tempo e forma adequados. Deve-se lembrar que os quadros são dinâmicos e que a reavaliação e a retriagem são fundamentais principalmente nesses casos. Leve Vítima caracterizada pela possibilidade de deambulação sem auxílio e que possui ferimentos leves, como escoriações e queimaduras superfi ciais. Ela pode atrapalhar o atendimento como um todo, pois também foi vítima do trauma e costuma estar muita agitada e exaltada. Uma possibilidade é utilizá-la para ajudar no atendimento, como confortando as vítimas classifi cadas como secundárias ou ajudando a carregar as macas e as pranchas; ao receber tarefas, a vítima focaliza o atendimento e evita transtornos por agitação. Esse tipo de vítima também deve ser retriado conforme a evolução do socorro. Morto Paciente que não responde, não respira nem tem pulso.4 Difi cilmente, em uma situação de múltiplas vítimas, será possível fazer a reanimação cardiopulmonar. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 24PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 24 25/09/2013 18:03:5525/09/2013 18:03:55 DE GU ST AÇ ÃO 25 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |O método START utiliza três parâmetros principais: ■ respiração; ■ pulso/perfusão periférica; ■ nível de consciência. Primeiramente, devem-se encaminhar todas as pessoas que estiveram envolvidas no acidente e que possam deambular e respondem a comandos para uma área segura e previamente determinada; essas serão classifi cadas como vítimas leves e, portanto, de cor verde. Deve-se avaliar se as vítimas restantes respiram espontaneamente ou não; em caso negativo, está indicado fazer o posicionamento de vias aéreas. Se não voltar a respirar, a vítima é classifi cada como preta; se voltar a respirar, vermelha (um socorrista fi cará com essa vítima, mantendo sua via aérea, ou providenciará algum dispositivo que o faça). Caso a vítima respire espontaneamente na abordagem, deve-se verifi car a frequência respiratória: se superior a 30irpm – vermelha; se inferior a 30irpm, é preciso avaliar a parte circulatória, o que pode ser feito por dois métodos – presença ou ausênciade pulso radial e enchimento capilar do leito ungueal com tempo superior ou inferior a 2 segundos. Se o pulso radial estiver ausente ou o enchimento capilar for superior a 2 segundos, a vítima é classifi cada como vermelha. Se o pulso radial estiver presente ou o enchimento capilar for em até 2 segundos, deve-se avaliar o nível de consciência. Nesse momento, está indicado solicitar um comando simples e objetivo, como pedir para a vítima levantar um braço; caso ela não obedeça à ordem de forma correta, é classifi cada como vermelha; se obedecer, amarela. No método START, para a classifi cação referida, são utilizados cartões-padrão, que são postos nas vítimas conforme a triagem (Figura 2). PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 25PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 25 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 26 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS Figura 2 - Cartão de triagem do método START utilizado pelos bombeiros. Fonte: Método S.T.A.R.T. (2013).24 Para ajudar a memorizar e facilitar a execução do atendimento pelos socorristas, foi criado um método mnemônico, o “30-2-pode fazer” (Figura 3), em que:4 ■ “30” designa a frequência respiratória; ■ “2” indica o tempo de enchimento capilar; ■ “pode fazer” remete à capacidade de obedecer aos comandos. Dentre as vítimas que não deambulam, se o “30-2-pode fazer” for normal, a vítima é classifi cada como amarela; se houver anormalidade em algum dos seguimentos, deve ser classifi cada como vermelha. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 26PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 26 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 27 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 | RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA 30 ENCHIMENTO CAPILAR 2 RESPOSTA A COMANDOS PODE FAZER Figura 3 - Método mnemônico para socorristas do START. Fonte: Adaptado de Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT) e Comitê de Trauma do Colégio de Cirurgiões (2011).7 A Figura 4 ilustra o algoritmo de triagem do método START. TRIAGEM START Vítimas que deambulam pela cena Respiração espontânea Checar perfusão Posicionar vias aéreas Pulso radial ausente ou EC>2s Pulso radial presente ou EC<2s Obedece a comandos? Menos de 30/min Mais de 30/min NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM LEVE Imediato Imediato Imediato Imediato AMARELA Morto Figura 4 - Algoritmo de triagem do método START. Fonte: Adaptado de Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT) e Comitê de Trauma do Colégio de Cirurgiões (2011).7 Outros métodos de triagem podem ser utilizados, como os descritos a seguir. Na impressão geral do paciente com classifi cação na escala CIPE,25 o socorrista avalia rapidamente a vítima segundo o Quadro 5 e, em seguida, classifi ca-a pela escala CIPE, descrita no Quadro 6. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 27PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 27 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 28 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS Quadro 5 QUESITOS PARA AVALIAÇÃO INICIAL E OBTENÇÃO DE IMPRESSÃO GERAL DO PACIENTE ■ Avaliação do nível de consciência ■ Avaliação da permeabilidade de vias aéreas/coluna cervical ■ Avaliação da respiração ■ Avaliação da circulação (pulso e hemorragias) ■ Decisão de prioridade para transporte Fonte: Duarte e colaboradores (2012).25 Quadro 6 ESCALA CIPE Crítico Paciente em parada respiratória ou cardiorrespiratória Instável Paciente inconsciente, com choque descompensado e/ou difi culdade respiratória severa, lesão grave de cabeça ou de tórax Potencialmente instável Paciente vítima de mecanismo agressor importante, em choque compensado, com lesão isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo circulatório ou neurológico Estável Paciente com lesões leves, sem problemas respiratórios e com sinais vitais normais. Fonte: Duarte e colaboradores (2012).25 O método CRAMP26 é muito utilizado internacionalmente. Considera como parâmetros: circulação, respiração, abdome, movimento (ou motor/motilidade) e palavra (ou psiquismo). O exame é realizado em cinco estágios, e, ao término, soma-se a pontuação de cada estágio para a classifi cação. Em cada critério, são atribuídos 2 pontos caso a habilidade esteja normal, 1 ponto se estiver anormal e nenhum ponto caso esteja grave. Circulação – verifi ca-se a pressão sistólica: ■ se superior a 100mmHg, está normal (2 pontos); ■ entre 85 e 100mmHg, está anormal (1 ponto); ■ se inferior a 85mmHg, está grave (0 ponto). Para verifi car o enchimento capilar, pressiona-se a pele do paciente contra uma superfície óssea por 5 segundos e verifi ca-se o tempo de retorno da coloração ao normal: ■ entre 3 e 5 segundos, o enchimento capilar está normal (2 pontos); ■ se for superior a 5 segundos, está anormal (1 ponto); ■ se não houver retorno, há défi cit grave de enchimento (0 ponto). Para observar a temperatura de uma extremidade, palpa-se o hálux: ■ se estiver morno, a microcirculação está normal (2 pontos); ■ se estiver frio, a microcirculação está anormal (1 ponto); ■ se estiver gelado, há défi cit grave na microcirculação (0 ponto). PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 28PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 28 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 29 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 | Como são três critérios referentes à circulação, considera-se aquele que apresentar a menor pontuação. Respiração – analisa-se a frequência respiratória: ■ se estiver entre 10 e 35irpm, está normal (2 pontos); ■ se estiver abaixo de 10irpm, está anormal (1 ponto); ■ se os movimentos respiratórios estiverem imperceptíveis ou a respiração estiver estertorosa, a situação está grave (0 ponto). Avalia-se a modalidade da respiração: ■ se estiver ampla e rítmica, predominantemente torácica, simétrica, sem esforço aparente, com tempo de inspiração ligeiramente superior ao de expiração, o exame está normal (2 pontos); ■ caso haja dispneia, predominância de respiração abdominal, obstrução de vias aéreas superiores ou inspiração paradoxal, o exame está anormal (1 ponto); ■ se houver respiração estertorosa ou parada respiratória, a situação está grave (0 ponto). À inspeção e à palpação do tórax: ■ não havendo lesões, o exame está normal (2 pontos); ■ havendo alguma lesão, o exame está anormal (1 ponto); ■ se houver parada respiratória ou estertoração grave, não se somam pontos. Também considera-se, entre os três critérios, aquele com menor pontuação. Abdome – à inspeção do abdome: ■ se não houver sinais de lesões anatômicas, o exame está normal (2 pontos); ■ se houver qualquer evidência de traumatismo aberto ou fechado da cavidade abdominal, o exame está anormal (1 ponto); ■ se o ventre estiver em tábua ou com evidência de grave sangramento visceral, a situação é grave (0 ponto). Motilidade – analisa-se a atividade motora: ■ se a vítima exerce atividade normalmente, somam-se 2 pontos; ■ se há défi cits neurológicos ou coma superfi cial, soma-se 1 ponto; ■ se a vítima está em coma profundo, não são somados pontos (0 ponto). Atividade psíquica – analisa-se o discurso da vítima: ■ se há discurso coerente e bem articulado, somam-se 2 pontos; ■ se o discurso está mal articulado e/ou com presença de otorragia, soma-se 1 ponto; ■ se a vítima estiver inconsciente e/ou com ausência de discurso e demonstrações de atividade psíquica e/ou com ferida penetrante ou transfi xante de crânio (com ou sem perda de massa encefálica), o estado é grave (0 ponto). PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 29PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd29 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 30 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS A prioridade de atendimento segundo o método CRAMP é defi nida conforme o Quadro 7. Quadro 7 MÉTODO CRAMP – PRIORIDADE DE ATENDIMENTO Prioridade 1 (escore entre 2 e 6 pontos) Pacientes críticos, recuperáveis, de atendimento imediato – cor vermelha Prioridade 2 (escore entre 7 e 8 pontos) Pacientes graves que podem aguardar o atendimento – cor amarela Prioridade 3 (escore entre 0 e 1 ponto) Pacientes críticos, irrecuperáveis, com atendimento após os que se encontram em situações graves – cor preta Prioridade 4 (escore entre 9 e 10 pontos) Pacientes leves e que, por isso, podem aguardar o atendimento dos demais – cor verde As vítimas encontradas já mortas não recebem fi cha de evacuação. Elas não são atendidas pelo serviço de APH e não são evacuadas a hospitais. Também não devem ser transportadas em ambulâncias, mas em veículos especiais para necrotérios ou institutos médicos legais, quando existirem na localidade. Transporte O transporte deve estar disponível no local, tanto com suporte básico quanto avançado. As vítimas classifi cadas com a cor vermelha têm prioridade e, em seguida, as com a cor amarela; ambos os tipos devem ser encaminhados para a unidade hospitalar. As vítimas classifi cadas com a cor verde, como podem locomover-se sozinhas, são orientadas a procurar unidades de saúde próximas que não estejam recebendo as outras vítimas. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 30PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 30 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 31 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 | ATIVIDADE 5. Correlacione as colunas considerando os aspectos organizacionais e operacionais do APH e, a seguir, escolha a alternativa que contém a sequência correta. (1) Portaria nº 824/GM (2) Portaria GM/MS nº 737 (3) Portaria nº 814/GM (4) Portaria nº 1.863/GM (5) Portaria nº 2.048 ( ) Aprovou a Política Nacional de Atenção às Urgências. ( ) Tratou da instituição da Política Nacional de Atenção às Urgências. ( ) Aprovou a Normatização da Atividade Médica na Área da Urgência-Emergência na sua Fase Pré-Hospitalar. ( ) Regulamentou e normatizou o APH, defi nindo as funções do enfermeiro, o perfi l desse profi ssional, bem como de toda a equipe que deve atuar no serviço. ( ) Definiu a Política Nacional de Redução da Morbidade e da Mortalidade por Acidentes e Violências, em que há a sistematização, a ampliação e a consolidação do APH. ( ) Estabeleceu que os serviços de APH móveis devem ter uma equipe de saúde composta por coordenador do serviço da área de saúde, médico responsável técnico pelas atividades médicas e enfermeiro responsável técnico pelas atividades de enfermagem, entre outros. ( ) Estabelece a atribuição de cada profissional envolvido no APH com as seguintes subdivisões: regulação médica, profi ssionais não oriundos da área de saúde e profi ssionais oriundos da área de saúde. ( ) Estabeleceu um número único nacional para urgências médicas – o 192, bem como a instalação e a operação das centrais de regulação médica das urgências, integradas ao Complexo Regulador da Atenção no SUS. ( ) Garantiu a integração do APH ao atendimento hospitalar de emergência, com a implantação de centrais de regulação médica nos estados e municípios. A) 2 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 2 – 3 – 5. B) 3 – 4 – 1 – 5 – 2 – 3 – 1 – 4 – 2. C) 4 – 2 – 3 – 1 – 5 – 4 – 3 – 5 – 1. D) 1 – 5 – 4 – 2 – 3 – 1 – 4 – 2 – 3. Resposta no fi nal do artigo PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 31PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 31 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 32 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS 6. Segundo a Lei nº 7.498/86, que regulamenta as atividades da enfermagem, descreva três funções que o enfermeiro que atua no APH deve exercer. ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no fi nal do artigo 7. Cite dois pontos relevantes abordados pela decisão COREN-SPDIR/01/2001, que dispõe a regulamentação da assistência de enfermagem em APH e demais situações relacionadas com o suporte básico e o suporte avançado de vida. ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 8. A chamada “hora de ouro”, que é o tempo do acontecimento até a chegada da equipe pré-hospitalar (tempo de resposta) para remoção do paciente, deve ter a duração de A) 15 a 20 minutos. B) 10 a 15 minutos. C) 8 a 10 minutos. D) 6 a 8 minutos. Resposta no fi nal do artigo 9. Quando o socorrista chega ao local de um acidente, como ele deve quantifi car o número das vítimas e qual é a fi nalidade de tal procedimento? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 10. Complete as lacunas considerando as quatro ordens de prioridade em que o método START se baseia. A) _______________ – vítima que não possui lesões que causem risco imediato de vida e que pode aguardar tratamento especializado. B) _______________ – paciente com lesões críticas, que necessita de atendimento especializado e defi nitivo o mais rápido possível. C) _______________ – vítima caracterizada pela possibilidade de deambulação sem auxílio e que possui ferimentos leves, como escoriações e queimaduras superfi ciais. D) _______________ – paciente que não responde, não respira nem tem pulso. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 32PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 32 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 33 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |Considerando os protocolos de triagem de vítimas de trauma atualmente instituídos e o que se observa em vítimas de um desabamento de uma ribanceira em uma autoestrada, responda às questões 11 e 12. 11. Homem inconsciente, que não respira espontaneamente nem após abertura de vias aéreas, sem pulso periférico palpável e que não responde ao chamado é classifi cado pela cor A) vermelha. B) preta. C) verde. D) amarela. Resposta no fi nal do artigo 12. Mulher consciente, com respiração de 27irpm, pulso radial palpável, lesão em membro inferior direito impossibilitando deambulação e que responde aos comandos é classificada pela cor A) amarela. B) verde. C) vermelha. D) preta. Resposta no fi nal do artigo 13. Para ajudar a memorizar e facilitar a execução do atendimento pelos socorristas, foi criado um método mnemônico. Descreva-o. ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 14. Segundo a escala CIPE, um paciente vítima de mecanismo agressor importante, em choque compensado, com lesão isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo circulatório ou neurológico é classifi cado como A) estável. B) instável. C) crítico. D) potencialmente instável. Resposta no fi nal do artigo PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 33PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 33 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 34 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS 15. Tomando como base o método CRAMP, ordene as etapas listadas e, a seguir, escolha a alternativa que contém a sequência correta. ( ) Análise da frequência respiratória ( ) Avaliação da modalidade da respiração ( ) Análise da atividade motora ( ) Verifi cação da pressão sistólica ( ) Inspeção do abdome ( ) Análise do discurso da vítima ( ) Verifi cação do enchimento capilar ( ) Inspeção e palpação do tórax ( ) Verifi cação da temperatura de uma extremidade mediante palpação do hálux A) 7 – 4 – 1 – 2 – 3 – 8 – 9 – 5 – 6. B) 2 – 8 – 4 – 3 – 5 – 1 – 6 – 7 – 9. C) 4 – 5 – 8 – 1 – 7 – 9 – 2 – 6 – 3. D) 3 – 6 – 9 – 4 – 2 – 7 – 1 – 8 – 5. Resposta no fi nal do artigo 16. Como o socorrista deve proceder quanto ao transporte das vítimas classifi cadas segundo o método START (em cores)? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR Para efetuar a avaliação inicial da vítima no APH, deve-se realizar o exame primário. Exame primário Após a triagem de vítimas de trauma, inicia-se o atendimento primário, que deve começar na cena e ser continuado no transporte. O protocolo instituído é conhecido como ABCDE da vida, que deve ser aplicado imediatamente em atendimentos de emergência. Esse método é baseado na prioridade e na velocidade de lesões que possam, em ordem, causar risco iminente de vida.6 As letras apresentam o seguinte signifi cado: ■ A (airway) – vias aéreas e imobilização da coluna cervical; ■ B (breathing) – ventilação; ■ C (circulation) – circulação e controle de hemorragias; ■ D (disability) – défi cit ou capacidade neurológica; ■ E (exposure) – exposição e prevenção de hipotermia. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 34PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 34 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 35 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |Etapa A – vias aéreas e imobilização da coluna cervical É de extrema importância avaliar se as vias aéreas estão pérvias e se não há perigo de obstrução. Uma dica importante é que, se, durante a abordagem de uma vítima consciente, ela responder verbalmente, tal ocorrência já caracteriza o trato respiratório pérvio. Em vítimas inconscientes, avalia-se a respiração espontânea e, em caso de comprometimento, fazem-se manobras de abertura de vias aéreas (Figura 5), já que a principal causa de obstrução é a queda da base da língua. Outras causas de obstrução, como dentaduras ou demais objetos, devem ser descartadas com a inspeção da cavidade oral, que não precisa ser necessariamente feita com a varredura digital. Figura 5 - Manobra de abertura de vias aéreas – elevação da mandíbula ou jaw-thrust. Quando disponíveis, alguns dispositivos mecânicos para realizar abertura de vias aéreas podem ser utilizados, como a cânula orofaríngea de Guedel (Figura 6) e a máscara laríngea (Figura 7). Figura 6 - Cânula orofaríngea de Guedel. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 35PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 35 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 36 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS Figura 7 - Máscara laríngea. Todo politraumatizado deve ser considerado como potencial portador de lesão cervical. Assim, ao abordar a vítima, um socorrista deve se posicionar de forma a fazer a imobilização manual da coluna cervical (Figura 8). O colar cervical pode ser colocado ao fi nal do atendimento na preparação para remoção em prancha rígida. O colar cervical não impede a lateralização da cabeça; por isso, a manobra manual só pode cessar quando a vítima estiver com colar e head block (Figura 9).7 Figura 8 - Imobilização manual da coluna cervical. Fonte: Cedida por LATE-UFRJ. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 36PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 36 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 37 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 | Figura 9 - Prancha rígida com head block. Fonte: Rio de Janeiro (2013).27 Etapa B – ventilação Primeiramente, todo politraumatizado deve receber oxigênio suplementar assim que possível, podendo ser por máscara com reservatório ligada à fonte de oxigênio. Além disso, deve-se avaliar se há alguma difi culdade para respirar, como pneumotórax hipertensivo ou restrição de expansão do gradil costal, por meio de exame físico. Se disponível, instalar oximetria de pulso. Etapa C – circulação e controle de hemorragias De imediato, o controle de grandes hemorragias externas deve ser feito. A melhor forma é a compressão direta com material limpo. Podem-se utilizar gaze e bandagens elásticas para manter a compressão. Em caso de sangramento vultoso, com incapacidade de contenção, deve-se avaliar o uso de torniquete, que só deve ser designado se houver risco iminente de morte, pois o uso prolongado leva à perda do membro. Quanto à circulação, deve-se: ■ avaliar a presença de pulso periférico e pesquisar sinais de instabilidade hemodinâmica (pele úmida pegajosa, palidez cutaneomucosa, cianose periférica – que pode estar ausente em casos de hemorragia pela baixa concentração de hemácias no sangue, pulso fi liforme, enchimento capilar lentifi cado); ■ puncionar dois acessos periféricos calibrosos (por exemplo, veia anticubital) para infusão de cristaloide aquecido a 36°C (Ringer lactato ou soro fi siológico 0,9%) em dose de 2.000mL no total; PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 37PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 37 25/09/2013 18:03:5625/09/2013 18:03:56 DE GU ST AÇ ÃO 38 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS ■ buscar focos de hemorragias ocultos, cujos principais indícios a serem investigados são instabilidade/crepitação da cintura pélvica, fratura de fêmur, sangramento abdominal oculto, que pode ser suspeitado quandoa palpação abdominal é dolorosa e/ou houver irritação peritoneal. Etapa D – défi cit ou capacidade neurológica A avaliação neurológica objetiva a identifi cação da capacidade de oxigenação cerebral. Vítimas agressivas, agitadas e pouco cooperativas devem ser consideradas com baixa oxigenação cerebral. Além disso, o socorrista deve se preocupar em descobrir se houve ou não perda de consciência em algum momento e se o paciente apresentou episódio de vômitos e avaliar se as pupilas estão simétricas. Hálito etílico e intoxicação por drogas difi cultam a avaliação, e o socorrista deve estar atento para esse viés. A ferramenta mais utilizada para a avaliação do estado neurológico é a escala de coma de Glasgow, um método simples de avaliação das principais capacidades: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora (Tabela 2). A avaliação deve sempre seguir uma progressão, com resposta ao comando verbal e, em seguida, ao estímulo doloroso quando for o caso.7 Tabela 2 ESCALA DE COMA DE GLASGOW Abertura ocular Abertura ocular espontânea Abertura ocular sob comando verbal Abertura ocular com estímulo doloroso Sem abertura ocular 4 3 2 1 Avaliação da resposta verbal Resposta adequada (orientado) Resposta confusa Resposta inadequada Sons inteligíveis Sem resposta verbal 5 4 3 2 1 Avaliação da resposta motora Obediência aos comandos Localização de estímulos dolorosos Retirada ao estímulo doloroso Flexão anormal ao estímulo doloroso (decorticação) Extensão anormal ao estímulo doloroso (descerebração) Sem resposta 6 5 4 3 2 1 O total é igual à soma da pontuação obtida. O melhor escore é 15, e o pior é 3. Etapa E – exposição e prevenção de hipotermia A última etapa do protocolo ABCDE é o momento de assegurar que nenhuma lesão passou sem ter sido vista. Expor a vítima garante a avaliação completa de possíveis focos de hemorragias ou fraturas que não foram vistos na primeira avaliação. Essa exposição deve ser feita com cortes nas roupas de forma a expor a parte anterior do corpo. Para essa etapa, não se deve ter pudor, pois ela faz parte do exame. No entanto, é importante preservar ao máximo a privacidade da vítima, principalmente se ela estiver em local aberto com curiosos em volta. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 38PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 38 25/09/2013 18:03:5725/09/2013 18:03:57 DE GU ST AÇ ÃO 39 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |Após exposição e busca de novas lesões, é importante manter a vítima coberta para manter o calor do corpo e, consequentemente, a temperatura corporal. É comum o uso de mantas térmicas laminadas pra esse fi m. Difi cilmente o exame secundário poderá ser feito no APH. A prioridade é manter a vítima estável para remoção e atendimento defi nitivo em ambiente hospitalar. Caso a vítima esteja consciente, no transporte, pode ser colhido o histórico SAMPLA, que se caracteriza por obter, de forma rápida e simplifi cada, um histórico sumário das informações pertinentes, a saber:7,25 ■ sinais e sintomas – o que há de alteração; ■ alergias – especialmente a medicamentos; ■ medicações – todos os medicamentos e drogas de que o paciente faça uso crônico ou recente; ■ passado médico e cirurgias prévias – tratamentos ou problemas médicos importantes e cirurgias prévias; ■ líquido e alimentos – em caso de necessidade de intervenção cirúrgica, deve-se atentar para o risco aumentado de broncoaspiração e outras complicações; ■ ambiente – história do trauma, como ocorreu e seu mecanismo. O enfermeiro assume, no APH, o papel de articulação e integração da equipe, contribuindo na inter-relação entre os diversos atores, além de ser reconhecido como coordenador da equipe de enfermagem. Esse profi ssional constitui um elo entre a gestão e a assistência, entre a regulação médica e a equipe socorrista, entre a coordenação do serviço e a equipe, pois transita em quase todos os espaços, atuando junto à equipe básica e ao médico no suporte avançado, bem como fazendo a administração do serviço, a supervisão da equipe e a educação permanente de técnicos e auxiliares de enfermagem, motoristas e outros atores. Acredita-se que existe, na assistência pré-hospitalar, cuidados de enfermagem que, sob supervisão e decisão do enfermeiro, devem ser categorizados de simples a complexos para então serem prestados pelo profi ssional de enfermagem com competência para tal.26,28 ATIVIDADE 17. Em que se baseia o protocolo ABCDE da vida, que deve ser aplicado imediatamente em atendimentos de emergência? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 39PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 39 25/09/2013 18:03:5725/09/2013 18:03:57 DE GU ST AÇ ÃO 40 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS 18. Correlacione as colunas considerando o protocolo ABCDE da vida e, a seguir, escolha a alternativa que contém a sequência correta. (1) Etapa A (2) Etapa B (3) Etapa C (4) Etapa D (5) Etapa E ( ) Ofertar oxigênio suplementar assim que possível e avaliar se há alguma difi culdade na respiração. ( ) Expor a vítima a fi m de garantir a avaliação completa de possíveis focos de hemorragias ou fraturas que não foram vistos na primeira avaliação. ( ) Avaliar se as vias aéreas estão pérvias e se não há perigo de obstrução, bem como fazer a imobilização manual da coluna cervical. ( ) Realizar o controle de grandes hemorragias externas, avaliar a presença de pulso periférico e pesquisar sinais de instabilidade hemodinâmica, puncionar dois acessos periféricos calibrosos e buscar focos de hemorragias ocultos. ( ) Realizar avaliação neurológica a fi m de identifi car a capacidade de oxigenação cerebral. A) 4 – 1 – 5 – 2 – 3. B) 3 – 4 – 2 – 1 – 5. C) 5 – 2 – 3 – 4 – 1. D) 2 – 5 – 1 – 3 – 4. Resposta no fi nal do artigo 19. Uma vítima que apresenta abertura ocular sob comando verbal, resposta confusa e retirada ao estímulo doloroso soma quantos pontos na escala de coma de Glasgow? A) 11. B) 10. C) 9. D) 8. Resposta no fi nal do artigo 20. Caso a vítima de um acidente esteja consciente, no transporte, pode ser colhido o histórico SAMPLA, que se caracteriza por obter, de forma rápida e simplifi cada, um histórico sumário das informações pertinentes. A que se referem as letras dessa sigla? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 40PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 40 25/09/2013 18:03:5725/09/2013 18:03:57 DE GU ST AÇ ÃO 41 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |21. Justifi que a seguinte afi rmativa: no APH, o enfermeiro constitui um elo entre a gestão e a assistência, entre a regulação médica e a equipe socorrista, entre a coordenação do serviço e a equipe. ...................................................................................................................................................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ■ CASOS CLÍNICOS CASO CLÍNICO 1 Uma aeronave tripulada por 40 passageiros tinha sua previsão de aterrissagem no Rio de Janeiro às 10h. Contudo, nesse horário, o tempo encontrava-se nebuloso e chuvoso. Infelizmente, diante das condições desfavoráveis, o piloto perdeu o controle do avião ao aterrissar em solo escorregadio, havendo uma colisão da asa do avião em um muro e iniciando-se um incêndio de média proporção. A equipe de combate a incêndio do aeroporto foi acionada e conteve o que poderia gerar um grande desastre. Logo após o combate, o local foi liberado para a atuação dos socorristas. Você, enfermeiro membro da equipe de resgate do aeroporto, foi designado para classifi car três vítimas (questões 22 a 24) segundo o modelo START. ATIVIDADE 22. Vítima muito agitada, responsiva, eupneica e muito chorosa por observar familiares mortos ao seu redor. Estava deambulando, mas queria fi car próxima de seus entes queridos. A) Cor preta. B) Cor verde. C) Cor amarela. D) Cor vermelha. Resposta no fi nal do artigo 23. Vítima responsiva, com muita dor, fratura exposta de fêmur, frequência respiratória inferior a 30irpm e enchimento capilar abaixo de 2 segundos. Obedeceu aos comandos solicitados. A) Cor vermelha. B) Cor verde. C) Cor amarela. D) Cor preta. Resposta no fi nal do artigo PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 41PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 41 25/09/2013 18:03:5725/09/2013 18:03:57 DE GU ST AÇ ÃO 42 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS 24. Vítima responsiva, gemente, com sinal de guaxinim e um hematoma abdominal, frequência respiratória inferior a 30irpm e enchimento capilar acima de 2 segundos. A) Cor vermelha. B) Cor amarela. C) Cor verde. D) Cor preta. Resposta no fi nal do artigo CASO CLÍNICO 2 Você é ofi cial enfermeiro do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro, e a sua ambulância foi acionada para um atendimento. A descrição do caso foi de uma colisão entre um ônibus e um carro na linha vermelha, em direção ao centro da cidade, na altura do posto policial na Maré. Não há informação sobre a quantidade de feridos. ATIVIDADE 25. Ao chegar ao local, qual é a primeira providência a ser tomada? A) Checar a quantidade de feridos. B) Avaliar a segurança da cena e isolar o trânsito. C) Iniciar o atendimento dos casos graves. D) Realizar a triagem dos feridos e o isolamento de vítimas classifi cadas com a cor verde. Resposta no fi nal do artigo 26. No ônibus, havia três passageiros e o motorista; no carro, havia o motorista e um carona. No total de seis vítimas, quatro estavam deambulando do lado de fora dos veículos muito nervosas. O motorista do carro encontrava-se prostrado sobre o volante, e um dos passageiros do ônibus estava ainda dentro do veículo. Após uma avaliação, você nota que o passageiro do ônibus está lúcido e queixa-se de muita dor na perna, enquan to o motorista do carro está inconsciente. Assinale a alternativa correta quanto à prioridade de atendimento. A) Vítimas que deambulam devem ser levadas a um lugar seguro. B) O passageiro do ônibus deve ser removido o mais rápido possível e ser prioritariamente atendido. C) O motorista do carro deve ser removido e atendido imediatamente. D) Deve ser realizado o atendimento inicial com o ABCDE em todas as vítimas e, em seguida, remover primeiro a que estiver em estado mais grave. Resposta no fi nal do artigo PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 42PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 42 25/09/2013 18:03:5725/09/2013 18:03:57 DE GU ST AÇ ÃO 43 | PR OE NF UR GÊ NC IA E E ME RG ÊN CIA | C icl o 1 | V olu me 1 |27. Após remover o motorista do veículo, a primeira medida é A) imobilizar a coluna cervical e verifi car se há respiração espontânea. B) fazer abertura de via aérea e checar respiração. C) checar se o paciente tem pulso e, caso não tenha, iniciar ressuscitação cardiopulmonar. D) puncionar dois acessos periféricos calibrosos e infundir 1.000mL de Ringer lactato aquecido em cada acesso. Resposta no fi nal do artigo 28. Na etapa C do atendimento inicial, foi verifi cado sangramento vultoso em coxa direita. Como proceder? A) Imobilizar o membro para prevenir fratura. B) Infundir o Ringer lactato para fazer a reposição do volume perdido. C) Realizar compressão direta com gaze ou compressa e curativo compressivo para fazer hemostasia. D) Não mexer e priorizar transporte o mais rápido possível. Resposta no fi nal do artigo ■ CONCLUSÃO Essencialmente, o APH teve sua “fundação” em momentos históricos de cenário de guerra, sendo modelado para salvaguardar a vida e a integridade dos soldados feridos. Atualmente, confi gura-se como atividade primordial para garantir a sobrevida de vítimas até a adoção de medidas de tratamento defi nitivo. A evolução no atendimento deu-se pela adoção de protocolos internacionalmente legitimados, pelo estabelecimento de processos organizacionais e, sobretudo, por garantias em ações individuais e multiprofi ssionais ofi cialmente legítimas. O uso de métodos de triagem facilita e aperfeiçoa o atendimento aos eventos que congregam múltiplas vítimas, padronizando e garantindo rapidez e qualidade na estratifi cação de prioridade de atendimento. Após a triagem, o primeiro atendimento das vítimas deve seguir a sequência ABCDE, pois, a partir dela, é estabelecida a estabilização segundo a ordem de maior risco à vida. O enfermeiro tem sua presença assegurada no APH como integrante da equipe multiprofi ssional de atendimento, e suas ações são delineadas no que tange ao processo organizacional e de planejamento, além das intervenções cabíveis à equipe de enfermagem. O APH diferenciado depende não só do conhecimento dos profi ssionais, mas, essencialmente, do vínculo e do compromisso de toda a equipe envolvida a fi m de empregar esforços coletivos para garantir uma assistência à vítima livre de danos, visando a estabilizá-la e a encaminhá-la o mais breve possível ao tratamento defi nitivo. PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 43PROENF-URG_C1V1_01-Atuação do enfermeiro.indd 43 25/09/2013 18:03:5725/09/2013 18:03:57 DE GU ST AÇ ÃO 44 AT UA ÇÃ O D O E NF ER ME IRO NO AT EN DIM EN TO PR É-H OS PIT AL AR : A SP EC TO S L EG AIS E OP ER AC ION AIS ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: D Comentário: O APH aborda vítimas após ter ocorrido um agravo à saúde, seja de natureza traumá- tica, não traumática ou, ainda, psiquiátrica. Atividade 2 Resposta: C Atividade 5 Resposta: B Atividade 6 Resposta: De acordo com a Lei nº 7.498/86, o enfermeiro atua no planejamento, na organização, na coordenação, na execução e na avaliação dos serviços da assistência de enfermagem; nos cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; nos cuidados de enferma- gem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científi ca e capacidade de tomar decisões imediatas. Atividade 8 Resposta: A Comentário: A denominada “hora de ouro” deve durar de 15 a 20 minutos, que é o tempo do acontecimento até a chegada da equipe pré-hospitalar (tempo de resposta) para remoção do paciente. Destarte, o ideal seria de 6 a 8 minutos para a resposta e 8 a 10 minutos, aproximada- mente, para o tempo de transporte da vítima ao hospital. Atividade 11 Resposta: B Comentário: Se, em acidente de múltiplas vítimas, após manobra de abertura de vias aéreas, o paciente não respira, é classifi cado com a
Compartilhar