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Plano de Aula: Guarda de filhos e alienação parental. DIREITO CIVIL V - CCJ0225 Título Guarda de filhos e alienação parental. Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 11 Tema Guarda de filhos. Alienação parental. Objetivos - Analisar a guarda de filhos e sua regulamentação. - Examinar o instituto da alienação parental. Estrutura do Conteúdo Unidade 6 - Divórcio. Poder familiar e guarda de filhos. (...) 6.3. Guarda de filhos. 6.4. Alienação parental. Guarda de filhos Inicialmente, devemos ressaltar que a superação da ideia de culpa para decretação do divórcio gera profundo impacto nas consequências da dissolução do vínculo conjugal, mormente no que concerne à guarda dos filhos, instituto que após a edição do Código Civil passou por alterações significativas. A guarda é regulada no art. 1.583, CC. O que importa para a decisão acerca da guarda dos filhos, como já dissemos em linhas anteriores, não é quem deu causa à dissolução do matrimônio, mas as circunstâncias fáticas que envolvem os interesses da prole. Desta forma, mesmo que um sujeito não tenha sido um bom esposo, deixando de cumprir seus deveres matrimoniais, poderá ser-lhe concedida a guarda do filho, dado o bom relacionamento e cuidado dedicado ao mesmo. Gagliano e Pamplona Filho (2018) lembram que a discussão da guarda somente pode ocorrer em processo judicial, com a indispensável intervenção do Ministério Público, todavia, é discutível esta vedação se o casal já decidiu a guarda em demanda judicial e pretende somente a declaração do divórcio consensual em cartório. Ademais, acrescentam que a alegação de culpa para a decisão acerca da guarda somente tem relevância se o comportamento atacado interferir na esfera existencial dos filhos, pois se disser respeito somente à esfera jurídica do cônjuge supostamente “inocente”, não influenciará a decisão do juiz. As modalidades de guarda existentes são as seguintes (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.361-1.362): “a) Guarda unilateral ou exclusiva - é a modalidade em que um dos pais detém exclusivamente a guarda, cabendo ao outro direito de visitas. O filho passa a morar no mesmo domicílio do seu guardião.” “b) Guarda alternada - modalidade comumente confundida com a compartilhada, mas que tem características próprias. Quando fixada, o pai e a mãe revezam períodos exclusivos de guarda, cabendo ao outro direito de visitas.” “c) Nidação ou aninhamento - espécie pouco comum em nossa jurisprudência, mas ocorrente em países europeus. Para evitar que a criança fique indo de uma casa para outra (da casa do pai para a casa da mãe, segundo o regime de visitas), ela permanece no mesmo domicílio em que vivia o casal, enquanto casados, e os pais se revezam na companhia desta. Vale dizer, o pai e a mãe, já separados, moram em casas diferentes, mas a criança permanece no mesmo lar, revezando-se os pais em sua companhia, segundo a decisão judicial. Tipo de guarda pouco comum, sobretudo porque os envolvidos devem ser ricos ou financeiramente fortes. Afinal, precisarão manter, além das suas residências, aquela em que os filhos moram.” “d) Guarda compartilhada ou conjunta - modalidade preferível em nosso sistema, de inegáveis vantagens, mormente sob o prisma da repercussão psicológica na prole, se comparada a qualquer das outras. Nesse tipo de guarda, não há exclusividade em seu exercício. Tanto o pai quanto a mãe detêm-na e são corresponsáveis pela condução da vida dos filhos.” Embora preferível a guarda compartilhada, quando os pais não mantem boa relação, é temerária sua aplicação, daí porque é recomendável que o magistrado somente a imponha mediante acompanhamento interdisciplinar, na forma do que dispõe o art. 1.584, §3°, CC. Para que a concreção dessa modalidade de guarda seja possível, é “necessária certa harmonia entre os cônjuges, uma convivência pacífica mínima, pois, caso contrário, será totalmente inviável a sua efetivação, inclusive pela existência de prejuízos à formação do filho, pelo clima de guerra existente entre os genitores” (TARTUCE, 2017, p. 272). A guarda compartilhada somente deve ser aplicada quando atender aos princípios da proteção integral da criança e do adolescente e da dignidade da pessoa humana, devendo o juiz afastar-se do compartilhamento se verificar possibilidade de dano à esfera existencial da criança ou do adolescente, em razão de uma relação conflituosa dos pais. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018) Alienação parental A Síndrome da Alienação Parental é “um distúrbio que assola crianças e adolescentes vítimas da interferência psicológica indevida realizada por um dos pais com o propósito de fazer com que repudie o outro genitor”. Esta expressão foi “cunhada por Richard Gardner, Professor do Departamento de Psiquiatria Infantil da Faculdade de Colúmbia, em Nova York, EUA, em 1985”, que escreveu (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.367): A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a ‘lavagem cerebral, programação, doutrinação’) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável. A Lei n° 12.318, de 26 de agosto de 2010, foi aprovada com o intuito de disciplinar a alienação parental, prevendo que se “considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este” (art. 2°). O parágrafo único, do art. 2°, elenca formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros O art. 4°, da Lei n° 12.318/2010, determina que, havendo indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. No parágrafo único do art. 4° é assegurado garantia mínima de visitação assistida à criança ou adolescente e ao genitor, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das visitas. O art. 6° estabelece sanções ao alienador, nos seguintes termos: A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada (art. 7°). A alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevantepara a determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito de convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os genitores ou de decisão judicial (art. 8°). Aplicação Prática Teórica Questão objetiva: (Magistratura/TJ/RJ – VUNESP/2014) Mãe que possui a guarda unilateral de dois filhos, menores de 12 anos, oriundos de casamento anterior, contrai nova união. Tal fato (A) permite que seja alterada a guarda para sua forma compartilhada, a fim de que seja atendido o princípio do melhor interesse. (B) não repercute no direito de a mãe ter os filhos do leito anterior em sua companhia, salvo quando houver comprometimento da sadia formação e do integral desenvolvimento da personalidade destes. (C) permite ao pai das crianças pleitear a guarda unilateral dos filhos, já que não é aconselhável a permanência com a mãe. (D) poderá ser considerado para fins de modificação da guarda para os avós ou para pessoas com as quais a criança ou o adolescente mantenha vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor interesse. Questão subjetiva: Carmen e Henrique mantiveram um matrimônio por 15 (quinze) anos do qual advieram dois filhos: Clara e João Pedro. Ocorre que as dificuldades diárias e os desentendimentos constantes fizeram com que os cônjuges optassem por encerrar o vínculo conjugal através do divórcio. Por serem menores os filhos, era necessário que decidissem como seria estabelecida a guarda, questão este que foi levada à apreciação do Poder Judiciário. Durante a primeira audiência, o Magistrado percebeu o clima de discórdia existente entre o casal, que travava discussões por aspectos insignificantes e não chegava a um consenso no tocante ao interesse dos filhos menores. Diante desta situação, na qualidade de julgador desta demanda, você concederia a guarda compartilhada?
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