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TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Expe- rience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ALBUQUERQUE, Ricardo Azenha Loureiro. Teorias da Administração. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2019. 160 p. “Graduação - EaD”. 1. Conceito. 2. Teoria. 3. Administração. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1683-3 CDD - 22 ed. 658 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Patricia Rodrigues da Silva Designer Educacional Lilian Vespa da Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Victor Augusto Thomazini Qualidade Textual Talita Dias Tomé Ilustração Bruno Pinhata Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Gestão de Negócios, atuando principalmente nos seguintes temas: Empreendedorismo, Diagnóstico Organizacional, Planejamento Estratégico, Desenvolvimento de pessoas. Atualmente Assessor da coordenação dos cursos de Administração e Gestão e professor do Departamento de Administração do Centro Universitário de Maringá - UniCesumar dos cursos presenciais e a distância (EAD). Pós-Graduado em Dinâmica dos Grupos pela Sociedade Brasileira da Dinâmica dos Grupos - SBDG. Foi avaliador do Ministério da Educação no período de 2002 a 2006, professor do Departamento de Administração da Universidade Estadual de Maringá, em 2006/2007. Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Maringá (1998), Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). Link: <http://lattes.cnpq.br/4578255535407075>. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), sou o professor Ricardo Azenha e fico muito feliz em saber que, juntos, percorreremos os principais conceitos teóricos da Administração. Acredito que este li- vro possa contribuir com sua formação, uma vez que serão apresentadas as principais correntes teóricas da Administração, mostrando sua evolução e aplicabilidade em seu campo de atuação. Sendo assim, organizei este livro em cinco unidades. A primeira unidade trata da “Visão Geral da Administração”, na sequência, serão abor- dados os temas “Perspectiva Clássica da Administração e Perspectiva Humanística da Administração”, “Perspectiva Moderna da Administração” e “Uma abordagem Estratégi- ca da Administração”. A leitura da primeira unidade é o ponto de partida na seara do conhecimento em Administração. Servirá para o(a) familiarizar com alguns conceitos básicos relacionados ao tema, que possibilitará a você, caro(a) acadêmico(a), compreen- der as teorias mais importantes da Administração, de forma evolutiva e contextualizada historicamente, nas próximas unidades deste livro. Dessa forma, prezado(a) estudante, na Unidade I, você desenvolverá um claro entendi- mento sobre os conceitos fundamentais relacionados a essa área, desde o motivo pelo qual devemos estudar Administração, seu significado e a importância da organização nesse contexto, além de conceitos relacionados às atividades organizacionais e seus processosadministrativos. Para isso, destacaremos, sob a perspectiva funcional, o planejamento, a organização, a execução, o controle e o papel dos administradores nos níveis organizacionais. Assim, você obterá um real entendimento sobre o nosso papel enquanto administradores ou gerentes, compreendendo, também, a distinção entre a eficiência e a eficácia organiza- cional, bem como quais são as competências, as habilidades e os papéis administrativos necessários para enfrentar os grandes desafios propostos nessa área. Na Unidade II, você estudará a evolução das Teorias da Administração. Compreender a evolução histórica da Administração e o contexto social em que as principais teorias começaram a surgir possibilitará a você entender que não há necessidade de “reinven- tar a roda”. A administração é científica e suas teorias estão disponíveis dentro de um contexto histórico e cronológico. Neste contexto, essa unidade será o start para as de- mais unidades que também compreendem as teorias da Administração. Esperamos que você compreenda quais foram essas mudanças, por que ocorreram, quais foram os seus impactos para a humanidade e que motivos levaram os cientistas da Administração a formularem novas teorias inter-relacionando-as com as antecessoras no intuito de aper- feiçoar cada vez mais a gestão administrativa. As teorias iniciam-se a partir da Administração Científica de Taylor, na época da Revolu- ção Industrial, com sua ênfase nas tarefas, seguida das teorias Administrativas de Fayol e da Burocracia de Weber, com a ênfase na estrutura, procurando agregar soluções para as situações que as teorias antecessoras não resolveram. APRESENTAÇÃO TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO A Unidade III apresenta importante mudança de perspectiva na Administração, em que o foco passa para as pessoas dentro das empresas. Tem início com as Teorias de Transição, introduzindo outros autores importantes, continua com o estudo refe- rente às Escolas das Relações Humanas e Comportamentalistas e, por fim, encerra- -se essa unidade com a Teoria Estruturalista, a qual procurou inovar contradizendo todas as teorias anteriores. A Unidade IV também agregará a você mais conhecimento sobre novas teorias sur- gidas sob os aspectos modernos, dando continuidade à resolução das questões administrativas, ou seja, a busca da eficiência e da eficácia nos processos organi- zacionais. Para tanto, você compreenderá a importância da Teoria de Sistemas no contexto organizacional, seguida da Teoria Contingencial e da Teoria do Desenvolvi- mento Organizacional, finalizando com os conceitos referentes à Cultura e ao Clima Organizacional. A Unidade V, nossa última unidade, proporcionará a você teorias sob os aspectos estratégicos da Administração, que abordará a Administração por Objetivos (APO), Administração Estratégica e a Administração Participativa, tão relevante para o am- biente atual das organizações. Essa unidade é muito importante e se somará ao seu conhecimento já adquirido, porém, agora, de forma mais abrangente e holística. Como você perceberá, nesta unidade, as teorias aqui tratadas são relativamente no- vas e a sua maioria já é praticada nas organizações atualmente. Você deve ter percebido que os estudos científicos iniciaram há pouco mais de 100 anos e, considerando, então, esse espaço de tempo anterior aos estudos científicos sobre como organizar empresas, pessoas e processos, é possível perceber claramen- te que as teorias administrativas vêm evoluindo, consideravelmente, junto com a humanidade. Espero que possa aproveitar todo o conteúdo exposto neste livro, de maneira que seu desenvolvimento profissional e educacional se fortaleça e o ajude a se destacar no mercado e, o mais importante, em sua vida. Um grande abraço. Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque “Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos ganhar pelo medo de tentar” (Shakespeare). APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO 15 Introdução 16 Por que Estudar Administração? 19 Conceitos de Administração 24 As Organizações e seus Ambientes 29 Funções da Administração 38 Eficiência e Eficácia Organizacional 39 Os Níveis da Administração 42 Competências, Habilidades e Papéis do Administrador 48 Considerações Finais 55 Referências 56 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE II PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO 61 Introdução 62 Evolução Histórica da Administração 65 A Teoria da Administração Científica 70 A Teoria Administrativa 73 A Teoria da Burocracia 76 Considerações Finais 81 Referências 82 Gabarito UNIDADE III PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO 87 Introdução 88 As Teorias de Transição 90 A Escola das Relações Humanas 91 A Experiência de Hawthorne 94 A Escola Comportamentalista 98 A Teoria Estruturalista 99 Considerações Finais 105 Referências 106 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE IV PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO 109 Introdução 110 A Teoria dos Sistemas 115 A Teoria Contingencial 118 O Desenvolvimento Organizacional 122 Cultura e Clima Organizacional 126 Considerações Finais 134 Referências 135 Gabarito UNIDADE V INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 139 Introdução 140 Administração por Objetivos (APO) 145 Administração Estratégica 147 Administração Participativa 150 Considerações Finais 158 Referências 159 Gabarito 160 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Esclarecer o motivo pelo qual devemos estudar Administração. ■ Definir os principais conceitos de Administração. ■ Entender o que são organizações e como elas se relacionam em seus ambientes, apresentando sua relevância para a sociedade. ■ Analisar as principais funções da Administração de acordo com o processo administrativo. ■ Compreender as distinções entre eficiência e eficácia organizacional. ■ Relacionar os níveis da Administração e as funções da Administração. ■ Compreender as competências, as habilidades e os papéis do Administrador no contexto organizacional. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Por que estudar Administração? ■ Conceitos de Administração ■ As organizações e seus ambientes ■ Funções da Administração ■ Eficiência e eficácia organizacional ■ Os níveis da Administração ■ Competências, habilidades e papéis do administrador INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a). Nesta unidade, você compreenderá que a Administração é uma das áreas mais excitantes e imprescindíveis, frente a um ambiente altamente competitivo, em que todas as organizações, sem exceção, precisam garantir a sua sustentabilidade. Por isso, em face à diversas mudan- ças ambientais e organizacionais ocorridas de maneira muito rápida, nas últimas décadas, é relevante desenvolver um claro entendimento sobre os conceitos fun- damentais relacionados a essa área. Dessa maneira, cabe destacar, em um primeiro momento, o motivo pelo qual devemos estudar Administração. Iniciaremos com a análise do significado da Administração e a importância da Organização bem como dos conceitos rela- cionados às atividades organizacionais e seus processos administrativos. Para isso, destacaremos, sob a perspectiva funcional, o planejamento, a organização, a execução e o controle. Por fim, interpretaremos o papel dos administradores nos níveis organizacionais, nos quais o desempenho é preponderante no contexto globalizado, visando atender à demanda por qualidade advinda de consumido- res que estão cada vez mais exigentes. Nesta perspectiva e na buscado real entendimento sobre o nosso papel enquanto administradores ou gerentes, torna-se necessário que compreenda- mos alguns conceitos importantes, como a distinção entre eficiência e eficácia organizacional, bem como quais são as competências, as habilidades e os papéis administrativos necessários para enfrentar os grandes desafios propostos nessa área. A leitura desta primeira unidade é o ponto de partida na seara do conheci- mento em Administração, servirá para o(a) familiarizar com alguns conceitos básicos relacionados e servirá de subsídio para que compreenda as teorias mais importantes da Administração, de forma evolutiva e contextualizada historicamente. Desejo boa leitura e bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 POR QUE ESTUDAR ADMINISTRAÇÃO? O que sei sobre Administração? Ao estudar a evolução da humanidade, fica evidente a evolução da administra- ção em conjunto, ou seja, desde o momento em que o ser humano tornou-se um ser social vivendo em comunidades, a Administração surge como uma necessi- dade intrínseca ao convívio social. Entretanto a administração só começa a ser vista como uma ciência a partir da segunda revolução industrial, em meados do século XIX. Maximiano (2004, p. 103) conta-nos que Henry Fayol, um dos per- sonagens mais importantes da História da Administração, principal responsável pela sistematização da função Administrativa, recomendava que “todos deve- riam estudar Administração”. E por que estudar Administração? Simplesmente porque é uma atividade comum a todos os empreendimentos humanos, ou seja, na família, no governo, nos negócios, individualmente e em todas as nossas atividades cotidianas, de maneira que o que estiver relacionado a um objetivo a ser atingido, este exige algum grau de planejamento, organização, coordenação e controle. De acordo com Maximiano (2004), a administração é importante em qual- quer escala de utilização de recursos para realizar objetivos – individual, familiar, grupal, organizacional ou social –, ou seja, a Administração não está relacionada, apenas, aos setores produtivos de bens e serviços, ela está presente em todas as áreas de nossa vida. Por que Estudar Administração? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Como afirma Kwasnicka (2006, p. 19), “até mesmo um núcleo familiar requer certo grau de administração”. Dessa forma, são muitas as razões pelas quais precisa- mos compreender a Administração e, principalmente, quando se inicia um negócio, um projeto de vida e quando há a união com outras pessoas ou com outras organi- zações. Por isso, antes mesmo de compreendermos o conceito da palavra em si, é necessário buscar uma razão para estudar a administração, e uma das razões parte do pressuposto de que buscamos caminhos e formas diferentes para o alcance de objetivos. Porém, como aponta Maximiano (2004, p. 26), “é preciso ir além da interpretação da palavra para compreender o papel que a adminis- tração desempenha para as organizações e a sociedade”. Nesse sentido, caro(a) aluno(a), você conhecerá, ao longo desta disciplina, formas de administrar em uma perspectiva científica, propiciando um conhe- cimento embasado em renomados autores, de maneira que as suas tomadas de decisões e as suas escolhas diante da complexidade de atividades administrati- vas, ao longo de sua jornada organizacional, sejam mais assertivas. De acordo com Maximiano (2004) e Kwasnicka (2006), quanto maior o nível de complexidade das atividades, maior a necessidade de aplicar os conhecimen- tos da ciência administrativa. Para Kwasnicka (2006, p. 19), “administrar é um processo integrativo da atividade organizacional que permeia nossa vida diária”. Que caminho seguir? Administradores usam teorias administrativas para a tomada de boas decisões no seu cotidiano, e uma teoria administrativa explica e prediz o comportamento das organizações e de seus membros. Para Silva (2008, p. 4), “uma teoria é um conjunto de conceitos e ideias que explica e prediz fenômenos sociais e físicos”. Como salienta Kwasnicka (2006, p. 19), embora pesquisadores e profissionais mais experientes tenham produzido um corpo de conhecimento bastante expressivo no campo da Adminis- tração, um entendimento mais consistente da arte de administrar ainda é limitado. Assim, um refinamento das teorias, técnicas e práticas adminis- trativas poderá ser útil para a maioria dos tipos de organização. Estudando esse crescente corpo de conhecimento, poderemos entender como a Ad- ministração contribui também para a evolução do aspecto social. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 É importante frisar que os conceitos, aqui apresentados, têm base introdutória com o objetivo de permitir a você, prezado(a) estudante, tomar conhecimento dos vários temas que envolvem o campo da ciência administrativa. Segundo Maximiano (2004), as teorias são explicadas por diferentes termos e, neste livro, esses serão usados alternativamente, portanto, é necessário conhecê-los. Quadro 1 - Termos da Administração TERMOS CONCEITOS Teorias São explicações, interpretações ou proposições sobre a realidade, por exemplo, a Teoria da Administração. Enfoque É também chamado de Pensamento, Abordagem ou Perspectiva, em que se estuda o aspecto particular das organizações ou do Processo Administrativo, por exemplo, o Enfoque Comportamental. Escola É uma linha de pensamento ou conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque, escolheram o mesmo aspecto específico para analisar, ou adotaram o mesmo raciocínio. Modelo de Gestão (ou Administração) É um conjunto de doutrinas e técnicas do Processo Administrativo, muitas vezes, está associado a uma base cultural, exemplo, o modelo japonês de Administração. Modelo de Organização É um conjunto de características que define organizações e a forma como são organizadas. Por exemplo: Modelo Burocrático de Organização. Doutrina (ou Preceito) É um princípio de conduta que contém valores, implícitos ou explícitos. As doutrinas, em geral, recomendam como agir, orientando os julgamentos e as decisões dos admi- nistradores. Por exemplo: o movimento da qualidade tem uma doutrina de satisfação do cliente. Técnicas São soluções para problemas. Por exemplo: os organogra- mas, metodologias de planejamento, estudos de tempos e movimentos e sistemas de controle. Fonte: adaptado de Maximiano (2004). Nesta unidade, além dos conceitos já citados, nos próximos tópicos serão apre- sentados alguns conceitos básicos sobre administração e suas inter-relações, dando uma ênfase especial ao Processo Administrativo, às Organizações e seus ambientes e aos Papéis dos Administradores nos níveis da Administração. Conceitos de Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO Existem muitos conceitos e livros sobre Administração, porém a maioria dos auto- res compartilha, em consenso, a ideia básica sobre o conceito de Administração, ideia que está relacionada com o alcance de objetivos por meio dos recursos dis- poníveis, ou seja, objetivos, decisões e recursossão palavras-chave na definição de Administração. Mas, afinal, o que é Administração? Para Chiavenato (2003, p. 11), “a palavra Administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), e significa aquele que rea- liza uma função abaixo do comando de outrem”, em outras palavras, é a pessoa que executa um serviço para outra pessoa. Entretanto o mesmo autor complementa o fato de a palavra administração ter variado em seu significado de maneira que, nos dias atuais, define-se como “o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos”. Para Silva (2008, p. 6), Administração é “um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais”. Corroborando com o autor supracitado de maneira sintetizada, Maximiano (2004, p. 26) diz que significa “o processo de tomar e colocar em prática deci- sões sobre objetivos e utilização de recursos”. Todavia Kwasnicka (2006, p. 20) salienta que o termo Administração pressupõe que ele seja visto como “um pro- cesso integrativo fundamental, buscando a obtenção de resultados específicos”. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 A Figura 1 reforça e relaciona alguns elementos do conceito de Administração, com as atividades Administrativas. Recursos materiais Utilização e�ciente e e�caz dos recursos Recursos informacionais Recursos humanos Recursos �nanceiros Alcance de metas Atividades administrativas Figura 1 - Caracterização das atividades administrativas Fonte: adaptada de Van Fleet e Peterson (1994 apud SILVA, 2008, p. 7). Existe a necessidade de administrar as diversas variáveis, sejam elas os recursos materiais e humanos, a tecnologia, as restrições ambientais, entre outras variá- veis que compõem o ambiente interno e externo às organizações. Dessa forma, é preciso buscar o entendimento do modo de administrar e a interação entre os principais recursos representados por pessoas, informação e conhecimento, espaço, tempo, dinheiro e instalações para se atingir objetivos, uma vez que é fundamen- tal para a tomada de decisão, seja ela individual, pessoal ou organizacional, ou seja, o processo para a tomada de decisões a fim de obter os resultados esperados. Conforme apresentado na Figura 2, de maneira resumida, as decisões envolvem planejamento, execução e controle. De acordo com o autor, o plane- jamento visa a definir objetivos e recursos, já a organização visa à disposição de recursos em uma estrutura e a execução visa à realização dos planos. Por fim, o controle visa à verificação dos resultados. Essas funções administrativas serão discutidas e aprofundadas mais adiante. Conceitos de Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Observe este processo: RECURSOS Pessoas Informação e Conhecimento Espaço, Tempo, Dinheiro e Instalações DECISÕES Planejamento, Execução, Direção e Controle OBJETIVOS Resultados esperados Figura 2 - Processo Administrativo Fonte: adaptada de Maximiano (2004, p. 26). Embora o processo administrativo seja importante em qualquer contexto de utilização de recursos, a razão principal para estudá-lo é o seu impacto sobre o desempenho das organizações. Para isso, neste primeiro momento, importa entender melhor o que são e representam essas organizações na sociedade. ENTENDENDO O QUE SÃO ORGANIZAÇÕES Há uma grande diversidade de teorias e conceitos sobre a tipologia das organi- zações. Entender a teoria organizacional e seus objetivos é fator primordial para uma boa administração. De acordo com Kwasnicka (2006, p. 20), a teoria das organizações amplia de forma considerável a tipologia das organizações: as de transformação – fábricas; as de serviços – hospi- tais, bancos etc.; as assistenciais – Igrejas e ONGs. Há objetivos úni- cos, múltiplos, coletivos, pessoais. Há organizações temporais e outras permanentes, sem perder de vista a classificação por tamanho e poder econômico, intensa em tecnologia, em capital humano etc. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Para Silva (2008), a teoria da Administração e a teoria da Organização são con- ceitos proximamente relacionados, ou seja, um Administrador deve entender os trabalhos de uma organização para ser efi caz em seus papéis administrativos. Dessa forma, o modo de pensar sobre as organizações é baseado em padrões e regularidades no projeto organizacional e no comportamento. De acordo com Maximiano (2004, p. 28), “o principal motivo para a existência das organizações é o fato de que certos objetivos só podem ser alcançados por meio da ação coordenada de grupos de pessoas”. Do mesmo modo, Silva (2008, p. 40) defi ne uma organização como “duas ou mais pessoas trabalhando juntas cooperati- vamente dentro de limites identifi cáveis, para alcançar um objetivo ou meta comum”. Robbins (2005, p. 31) conceitua uma organização como “um arranjo siste- mático de duas ou mais pessoas que cumprem papéis formais e compartilham propósito comum”. Exemplifi cando: a faculdade que você estuda, o supermercado, o McDonald’s, entre outros, são organizações porque possuem características comuns, com um propósito distinto, são compostas por pessoas e por se desen- volverem em uma estrutura sistemática. De acordo com os conceitos apresentados e nas palavras de Silva (2008), está implícito que: ■ As organizações são compostas por pessoas, o que envolve uma comple- xidade nos relacionamentos sociais e na variabilidade ou diversidade de seres humanos. ■ Quando pessoas trabalham juntas, é necessário dividir o trabalho e pro- curar pessoas com habilidades ou conhecimento, envolvendo ações de coordenação e de controle de forma imperativa. ■ As organizações devem ter limites, delimitações, ou seja, os limites se referem ao que as pessoas devem ou podem fazer na organização, já a deli- mitação da organização é determinada por aquelas pessoas ofi cialmente membro das organizações, mas pode, também, ser estabelecida por pes- soal contratado, trabalhadores temporários e consultores. Nesse sentido, outro fator importante é determinar quais atividades devem ser experi- mentadas e quais devem ser deixadas para outras organizações externas (make or buy – decisão de fazer ou comprar). ■ As organizações são arranjos com propósitos e procuram alcançar obje- tivos, existindo para perseguir esses objetivos e metas permanentes. Conceitos de Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 As organizações são mais efi cientes do que indivíduos agindo independen- temente. Primeiro pelo poder de barganha no mercado, a partir da alocação efi ciente de recursos e da negociação dos preços e, segundo, por meio da alo- cação de recursos com base em uma hierarquia, ou seja, baseado em regras e relação de autoridade. Ambos, mercado e hierarquia, sugerem redução de incer- teza e custos para as organizações (ROBBINS, 2005). As empresas enfrentam grandes desafi os para alcançar as suas metas, e os administradores do futuro enfrentarão muitos dos problemas que as gerações ante- riores já enfrentaram, por exemplo: fl utuações cíclicas na economia das nações, aceleração da taxa de obsolescência dos produtos e processos e o aumento da preocupação com as mudançasorganizacionais (KWASNICKA, 2006). VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 AS ORGANIZAÇÕES E SEUS AMBIENTES Como as organizações estão inseridas em um ambiente que pode ser o bairro de uma cidade, de um Estado, uma nação ou o mundo, o conceito de organização inclui o termo sistemas. Apesar das diferenças entre as organizações, elas estão relacionadas às atividades e métodos de operação das várias formas de organi- zação de negócios e, também, entre organizações do mesmo tipo, por exemplo, se comparado a tamanho e à escala de atividades (SILVA, 2008). Na Unidade IV, será apresentada a Teoria Geral dos Sistemas. Aqui, neste tópico, sinteticamente, explicaremos o conceito de organizações como sistemas abertos. Silva (2008, p. 44-45) assim exemplifica: as organizações como sistemas abertos, os quais tomam entradas do ambiente (saídas de outros sistemas) e, por meio de uma série de ativi- dades, transformam ou convertem estas entradas em saídas (entradas em outros sistemas) para alcançar algum objetivo. Todas as organiza- ções precisam de objetivos claros, os quais vão determinar a natureza das entradas, a série de atividades para alcançar as saídas e a realização de metas organizacionais. O feedback sobre o desempenho do sistema e os efeitos das operações sobre o ambiente são medidos em termos de consecução dos objetivos e intenções. Conforme apresentado por Silva (2008), qualquer que seja o tipo ou classifica- ção da organização, a transformação e a conversão de entradas e saídas é um aspecto comum a todas as organizações. Dessa forma, dentro da organização (sistema) como um todo, cada uma das diferentes atividades pode ser vista, tam- bém, como um subsistema separado, com seus próprios processos de entradas As Organizações e seus Ambientes Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 e saídas relacionados e interagindo com outros subsistemas, isto é, os subsiste- mas podem ser determinados pelas organizações, tais como setores de produção, de manutenção, de administração, de marketing, uma tarefa, como planejar etc. Apesar de todo o corpo de conhecimento ser peculiar ao estudo da Administração, como aponta Kwasnicka (2006, p. 20), é preciso ter a clareza que um estudo sistemático do tema auxilia no reconhecimento das habilidades essenciais a todas as organizações. No decorrer dos anos, certos conceitos têm sido desenvolvidos [...] asso- ciados com conceitos derivados de outros campos da ciência [...], assim é um campo técnico evolutivo e mutante. O tratamento em áreas de espe- cialização, como marketing, finanças, produção, recursos humanos, foi um avanço no entendimento e tratamento do complexo organizacional. AMBIENTE ENTRADAS SAÍDAS Matérias- primas Informações Recursos �nanceiros Processo de transformação (subsistemas interrelacionados, exemplo: Produtos Serviços Feedback Figura 3 - Organizações como sistemas abertos Fonte: adaptada de Silva (2008, p. 44). Atualmente, as exigências com as organizações são mais requeridas, exigindo que atendam de forma rápida, com qualidade e responsabilidade às multiface- tadas necessidades do mercado, o que requer um posicionamento diferente da função de Marketing, por exemplo, exigindo um relacionamento mais estreito com o consumidor. O ambiente organizacional de trabalho é bastante volátil, e os administradores precisam buscar soluções de maneira mais ágil e eficiente, o que envolve habilidades para enfrentar as forças dentro e fora da organização. Essas forças, como salienta Silva (2008, p. 49), “são originadas no ambiente geral, no ambiente das tarefas e no ambiente interno das organizações”. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 O Ambiente Geral das Organizações está relacionado aos fatores externos a uma organização e representam restrições. Chamado, também, de macroambiente, pode ser visto como constituinte de forças indiretas do ambiente externo, porque pode influenciar o clima no qual a organização deve atuar. Essas forças são representa- das pelo ambiente tecnológico, pelo ambiente econômico, pelo ambiente político/ legal, pelo ambiente sociocultural e pelo ambiente internacional (SILVA, 2008): ■ Tecnológico: forças desenvolvidas no ambiente externo, impactando e influenciando o uso do conhecimento e das técnicas organizacionais, de forma que a organização tenha que se manter à frente dos mais recentes desenvolvimentos e incorporar os avanços para se manter competitiva. ■ Econômico: mudanças, como taxas de inflação, desemprego, crescimento do produto interno, taxas de juros, entre outras, causam tanto oportu- nidades como problemas aos administradores, ou seja, quando está em crescimento, oferece oportunidades, porém, quando a economia se retrai (como em recessões), a demanda despenca, o desemprego cresce, e os lucros encolhem. As organizações devem monitorar de modo a minimi- zar as fraquezas e capitalizar as oportunidades. ■ Políticos/legais: diversas leis e autoridades caracterizam as forças políticas, legais e regulatórias que exercem, de maneira indireta, mas forte, influência na organização, agindo como restritoras e afetando a organização na forma como pagam os salários, as taxas, e podem influenciar, inclusive, em respon- sabilidades junto aos consumidores. Também provocam um aumento nos níveis de qualidade dos produtos e serviços para o mercado, no mundo todo. ■ Socioculturais: são mudanças que afetam as ações de uma organização e a demanda por seus produtos ou serviços. Atualmente, está em evidência a responsabilidade socioambiental, em função de uma conscientização pela melhor qualidade de vida das pessoas. ■ Internacionais: são forças indiretas que advêm de fornecedores estran- geiros, que envolvem competitividade, oportunidades e ameaças para as organizações. ■ O Ambiente das Tarefas é constituído pelos seguintes elementos: clien- tes, competidores, fornecedores, reguladores e parceiros estratégicos (SILVA, 2008). As Organizações e seus Ambientes Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 ■ Clientes: é representado pelas pessoas que compram produtos ou serviços de uma organização e diferem em diversas características, como educa- ção, idade, renda, estilo de vida etc. De todas as forças diretas, os clientes são, talvez, as mais vitais para as organizações. A pesquisa de clientes é uma forma para detectar as mudanças de preferências dos consumido- res, porém pode ser bastante onerosa para os resultados organizacionais. ■ Competidores: são representados por organizações concorrentes. Existem dois tipos: os intratipos (ou diretos – produtos ou serviços similares) e os intertipos (ou indiretos – podem desviar o interesse do consumidor). ■ Fornecedores: são organizações que provêm os recursos (financeiros, a energia, os equipamentos, a matéria-prima), por exemplo, os quais repre- sentam as nossas entradas no sistema organizacional. Esses recursos podem afetar, significativamente, a qualidade, o custo, o prazo de entrega de qualquer produto ou serviço, sendo a organização compradora vulne- rável a diversos problemas potenciais de fornecimento. ■ Reguladores: são elementos do ambiente das tarefas que têm o poder de controlar, legislar ou influenciar as políticas e práticas das organizações. São compostos por agências reguladoras (órgãos governamentais,cria- dos para um determinado fim ou para proteger as organizações umas das outras) e grupos de interesse (uniões dos próprios membros, na tentativa de proteger seu negócio). ■ Parceiros estratégicos: são representados por duas ou mais organizações que trabalham juntas sob a forma de joint ventures ou outras parcerias para facilitarem venda, distribuição ou divulgação de produtos ou servi- ços das organizações em parceria. O Ambiente Interno – Organizacional: os elementos do ambiente interno da organização são representados pelos proprietários, empregados, administrado- res e pelo ambiente físico (SILVA, 2008). ■ Proprietários: pessoas com direitos legais de propriedade do negócio e representadas por um único indivíduo, parceiros, investidores individu- ais que compram ações de uma ou mais organizações. ■ Empregados: os recursos humanos compõem o principal recurso interno de uma organização e representam um grande desafio para os administrado- res devido à pluralidade de fatores, como raça, etnia, gênero, idade, cultura, entre outros. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 ■ Administradores: corpo governante eleito pelos acionistas ou escolhido pelo proprietário, encarregado geral da empresa ou de empresas, que visa a garantir o desempenho de funções administrativas e os resulta- dos estabelecidos. ■ Ambiente físico: representa as instalações das organizações e o trabalho que elas executam, pode envolver diversas configurações que oferecem vantagens e desvantagens. De maneira bastante ampla, para Silva (2008) e Kwasnicka (2006), os principais desafios organizacionais estão representados pelas seguintes condições: ■ A administração das organizações em um ambiente global, o que envolve implicações importantes, que podem se apresentar na forma de instabi- lidades econômicas e políticas, ameaças e oportunidades. Importante ressaltar que nem todas as organizações são afetadas igualmente pelos mesmos fatores, pois existem outros fatores que podem afetar, positiva ou negativamente, as organizações. ■ O projeto e estruturação ou reestruturação das atividades organiza- cionais, de maneira que as organizações devem se adequar ou readequar no modo como são organizadas. ■ A melhoria da qualidade, da competitividade e o empowerment (des- centralização/delegação de poderes), de forma que a qualidade e o empowerment são ferramentas organizacionais importantes para atender as exigências do mercado e garantir a competitividade. ■ O aumento da complexidade, da velocidade e da reação às mudanças ambientais, de forma que, dada a velocidade como estão ocorrendo essas mudanças, principalmente relacionadas à informação e ao avanço tecno- lógico, exige que as organizações se estruturem de modo a maximizar as habilidades para usar tais informações. Vale salientar que velocidade e responsabilidade requerem mais do que computadores rápidos, exigem sistemas computacionais que possam acelerar o fluxo de informações. ■ A administração ética e moral das organizações é imprescindível quando se trata de decisões com responsabilidade social, principalmente porque envolvem valores morais que governam os comportamentos huma- nos. Dada a importância do tema, terá ênfase especial na Unidade V do nosso livro. Funções da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO De acordo com diversos autores da Administração, para responder à necessidade do aprendizado em Administração, exigiu-se uma Teoria Geral da Administração que pudesse ser ensinada. Henri Fayol buscou responder a essa necessidade criando a sua própria teoria, a qual começa por dividir a empresa em atividades e funções distintas. Na Unidade II, na Abordagem Clássica da Administração, aprofundaremos os conceitos teóricos sobre esse importante personagem. Neste primeiro momento, como já descrevemos anteriormente, apresentare- mos um panorama geral dessa teoria com os conceitos básicos sobre o Processo Administrativo. O Quadro 2 apresenta, resumidamente, esse processo. Quadro 2 - Processo Administrativo PROCESSO SIGNIFICADO Planejamento Decisões sobre objetivos e recursos necessários para realizá-los. Organização Decisões sobre a divisão de autoridade, responsabilidades e recursos para realizar objetivos. Execução Decisões de execução de planos. Direção, coordenação e autogestão são estratégias de execução. Controle Decisões de assegurar a realização dos objetivos. Fonte: Maximiano (2004, p. 105). A seguir, detalharemos cada processo, conceituando e fazendo as inter-relações necessárias à compreensão de cada etapa do Processo Administrativo. Iniciaremos pela etapa do Planejamento e, em seguida, daremos sequência às demais etapas. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Planejamento Dentro do Processo Administrativo, a ação Planejar é a ferramenta mais utili- zada pelas pessoas e organizações para administrar suas relações com o futuro, denominadas Decisões de Planejamento. Pode ser definida de várias maneiras, segundo Maximiano (2004, p. 105): Planejar é definir objetivos ou resultados a serem alcançados. É definir meios para possibilitar a realização de resultados. É interferir na reali- dade, para passar de uma situação conhecida a uma situação desejada, dentro de um intervalo definido de tempo. É tomar no presente deci- sões que afetam o futuro, para reduzir sua incerteza. Como se pode perceber, é um processo que corrobora com o que já discutimos antes sobre os conceitos de Administração, ou seja, planejar é uma dimensão do processo de tomar decisões que envolve uma preparação, que vai resultar em um plano. Este é definido pelos resultados do planejamento. Conforme apresentado no tópico “Organização como sistemas abertos”, podemos denominar o Ato de Planejar como um “subsistema” dentro do contexto organizacional. E, como salienta Robbins (2005, p. 33), a função de planejamento “abrange a definição de metas de uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas e o desenvolvi- mento de uma hierarquia completa de planos para integrar e coordenar atividades”. Da mesma forma, em um processo sistêmico, esse processo compreende três elementos principais: obtenção ou identificação dos dados de entrada, o proces- samento dos dados representado aqui pelo processo de planejamento e a saída dos dados, representado pela elaboração do plano. A Figura 4 representa o processo de planejamento: DADOS DE ENTRADA PROCESSO DE PLANEJAMENTO ELABORAÇÃO DE PLANOS Objetivos Recursos Meio de Controle Análise e Interpretação dos dados de Entradas Criação e Análise de Alternativas Decisões Informações Modelos e Técnicas de Planejamento Ameaças e Oportunidades Projeções Decisões que afetam o futuro Etc. Figura 4 - Processo de planejamento Fonte: Maximiano (2004, p. 107). Funções da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Conforme explicitado na Figura 4, os dados de entrada representam as informa- ções sobre o ambiente externo e os sistemas internos da organização e podem mostrar as ameaças e oportunidades, já o processo consiste em fazer análises e tomar decisões, transformando esses dados de entrada por meio das habili- dades gerenciais, com o propósito da preparação de um plano. O plano, emessência, contém a combinação de três componentes importantes: objetivos (resultados desejados ou metas), recursos (meio da realização dos objetivos) e meios de controle. De acordo com Maximiano (2004), os planos podem ser classificados em três níveis principais: estratégicos, funcionais e operacionais. ■ O plano estratégico abrange toda a organização, define sua relação com o ambiente e, nele, são estabelecidos a missão, os produtos e os serviços a serem oferecidos, os clientes e mercados a serem atendidos e outros objetivos. ■ O plano funcional traduz os planos estratégicos em ações especializadas, como marketing, operações, recursos humanos e finanças. ■ Já os planos operacionais definem as atividades e recursos que possi- bilitam a realização de objetivos estratégicos ou funcionais. Neles, são descritos orçamentos e cronogramas, por exemplo. O planejamento estratégico envolve a visão (imagem que se tem da organização no futuro), a missão e o negócio (propósitos ou a razão de existir da organiza- ção), a análise do ambiente, que compreende a análise do ambiente interno (representada pelas forças e fraquezas em relação a clientes, mercado, produ- tos e serviços, bem como as vantagens competitivas em relação ao mercado) e do ambiente externo (representada pelas oportunidades e ameaças em relação à concorrência, mercado, mudanças tecnológicas, entre outros), os objetivos ou metas estratégicas (envolve a formulação de estratégias), a implementação da estratégia (execução) e o acompanhamento por meio do feedback e con- trole de cada etapa (MAXIMIANO, 2004; ROBBINS, 2005; KAWASNICKA, 2006; SILVA, 2008). VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 VISÃO E MISSÃO A N Á L I S E A M B I E N T A L INTERNAS Forças e Fraquezas OBJETIVOS OU METAS ESTRATÉGICAS IMPLEMEN- TAÇÃO FEEDBACK OU CONTROLE FEEDBACK OU CONTROLE Planejamento Estratégico EXTERNAS Oportuni- dades e Ameaças Figura 5 - Planejamento estratégico Fonte: o autor. Organização De acordo com Maximiano (2004, p. 111), “organizar é o processo de dispor qualquer conjunto de recursos em uma estrutura que facilite a realização dos objetivos”. Já o processo de organizar tem como resultado o ordenamento das partes de um todo, ou a divisão de um todo em partes ordenadas, segundo algum critério ou princípio de classificação. Organização é um atributo de qualquer conjunto es- truturado ou ordenado segundo algum critério. O processo de organi- zar aplica-se a qualquer coleção ou conjunto de recursos (MAXIMIA- NO, 2004, p. 111). Segundo Robbins (2005, p. 33), “os gerentes são responsáveis pela concepção da estrutura organizacional”. Essa função é chamada organização e abrange a deter- minação das tarefas que serão realizadas, quem irá executá-las, como agrupá-las, quem se reportará a quem e quem tomará as decisões. Ainda, de acordo com Maximiano (2004, p. 111), “o processo de organização é também um processo decisório” (Figura 6), e seu “resultado é uma estrutura organizacional” (Figura 7). A Figura 6 representa o processo de organização: Funções da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 DADOS DE ENTRADA Planos Recursos Modelos e Técnicas de Organização Condicionantes da Estrutura (recursos humanos, ambientes, estratégia, tecnologia) PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO Análise e Interpretação dos dados de Entradas Criação e Análise de Alternativas Escolha da estrutura organizacional ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Divisão do trabalho Autoridade e Hierarquia Sistema de comunicação Figura 6 - Processo de organização Fonte: Maximiano (2004, p. 112). A estrutura organizacional define a autoridade e as responsabilidades das pes- soas como indivíduos e como integrantes de grupos, e pode ser representada por um organograma, contendo as informações, como divisão de trabalho, autori- dade, hierarquia e comunicação (MAXIMIANO, 2004). Figura 7 - Organograma e seu significado Fonte: adaptada de Maximiano (2004, p. 113). VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 De acordo com Maximiano (2004), em resumo, as decisões mais importantes identificam as responsabilidades pela execução das tarefas e definição do sis- tema de autoridade: 1. A divisão do trabalho é o processo por meio do qual uma tarefa é divi- dida em tarefas menores, a responsabilidade pela execução das tarefas atribuída a pessoas, sendo o conjunto de tarefas atribuídas a uma pessoa chamado de cargo. 2. Um departamento é agregado de cargos e tem responsabilidade em relação a uma função da organização (produção, vendas, administração financeira). A forma de dividir as tarefas depende de princípios chama- dos critérios de departamentalização. O critério mais simples é o que se baseia no critério funcional e pode evoluir para outros mais complexos, como os diversos tipos de organização de projeto (departamentos tempo- rários), territorial (critério geográfico, em que cada unidade corresponde a um território), por produto (produto ou serviço), por cliente (clientes com necessidades distintas, lojas, departamentos) ou de projetos (ativi- dades temporárias, eventos, aeroportos, rodovias etc.). 3. A autoridade é um direito legal que os chefes ou gerentes têm de influenciar o comportamento de seus subordinados, podendo ser de linha (chefes têm o direito de emitir ordens e esperar a obediência ou adesão das pessoas), de assessoria (baseada no desempenho de atividades de aconselhamento) ou funcional (é o poder para determinar o que os outros devem fazer e independe das relações). Execução O processo de execução consiste em realizar atividades planejadas. Depende do tipo de organização, objetivos, atividades que realiza, competência das pessoas, disponibilidade de recursos, entre outros fatores, envolvendo um plano explí- cito ou implícito. Elaborar planos, organizar equipe, realizar tarefa operacional, ministrar uma aula, escrever um livro, preparar um trabalho escolar fazem parte das atividades de execução. Baseia-se, também, no processo de planejamento e de organização que são seus dados de entrada e, muitas vezes, se sobrepõem, de forma que os planos evoluem à medida que a execução avança (MAXIMIANO, 2004). Funções da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 Segundo Robbins (2005), em todas as organizações, é tarefa gerencial dirigi- -las e coordená-las. Essa função é chamada, também, de Direção ou Liderança. Dessa forma, “quando os gerentes motivam os funcionários, dirigem as atividades dos outros, selecionam o canal de comunicação mais eficaz ou solucionam confli- tos entre seus membros, estão envolvidos na liderança” (ROBBINS, 2005, p. 33). De acordo com Maximiano (2004), há várias maneiras de fazer com que uma atividade seja executada: pessoalmente, junto com um grupo, em conjunto com outro indivíduo, delegando a outra pessoa ou grupo para que faça a atividade, enquanto você controla o desempenho e o fornecimento do produto ou serviço. Dirigir é apenas uma estratégia para fazer as atividades acontecerem, e a direção pode ser complementada por funções, como autogestão, coordenação e liderança. A Figura 8 representa o processo de execução: PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO PROCESSO DE EXECUÇÃO Aquisição e mobilização de recursos. Realizaçãode atividades RESULTADOS Atividades realizadas Fornecimento de produtos, serviços e ideais Figura 8 - Processo de execução Fonte: Maximiano (2004, p. 121). Controle Segundo Robbins (2005, p. 33), “a função final, desempenhada pelos gerentes, é o controle”, ou seja, mesmo depois que as metas são fixadas, os planos for- mulados, os arranjos estruturais definidos e as pessoas contratadas, treinadas e motivadas, alguma coisa ainda pode não tomar a direção correta. Assim, para garantir que as coisas caminhem como devem, a administração precisa moni- torar o desempenho da organização. O desempenho real deve ser comparado às metas previamente fixadas, de forma que os gerentes possam trazer a orga- nização novamente para o seu curso. Esse processo de monitorar, comparar e corrigir constitui-se na função controle. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 Para Maximiano (2004, p. 123), “o processo de controle é o complemento dos processos de planejamento e execução”. Ele está ligado à consecução de obje- tivos, para isso, seu processo deve informar quais objetivos devem ser atingidos, apresentar seu desempenho em comparação com esses objetivos e o que deve ser feito para assegurar a realização desses objetivos. Controlar, em essência, é um processo de tomar decisões e tem por finalidade manter um sistema na direção desse objetivo, com base em informações contínuas sobre as atividades do pró- prio sistema e sobre o objetivo (padrão de controle). A Figura 9 representa o processo de Controle: PROCESSO DE PLANEJAMENTO objetivos PROCESSO DE EXECUÇÃO AÇÃO CORRETIVA OU DE REFORÇO PROCESSO DE CONTROLE Padrões de controle Comparação de resultados com objetivos e decisão DADOS DE ENTRADA DE CONTROLE Informação sobre objetivos e resultados RESULTADOS Figura 9 - Processo de controle Fonte: adaptada de Maximiano (2004). Dessa forma, é preciso saber o que precisa ser controlado e conhecer os padrões de controle. Por exemplo, atender um cliente em menos de cinco minutos. O padrão de controle é o minuto. É importante frisar que o controle depende de muitas informações sobre as atividades que estão sendo executadas e seus resul- tados, por isso, é preciso conhecer o andamento das atividades. Por exemplo, inspeção visual das atividades, cartões de ponto e sistema eletrônicos. Como afirma Maximiano (2004), a etapa seguinte consiste em comparar a ação para corrigir ou reforçar a atividade ou desempenho. Nesse sentido, pode Funções da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 indicar três situações: desempenho real igual ao esperado, abaixo do esperado ou acima do esperado. Ao final, é preciso que a informação produzida permita tomar decisões sobre novos objetivos e novos padrões de controle: 1. Controle estratégico: tem como finalidade acompanhar e avaliar o desem- penho da organização na realização de sua missão e acompanhar os fatores externos que influenciam a organização. A partir do controle estra- tégico, produzem-se, também, as informações de análise interna (pontos fortes e fracos) e externa (ameaças e oportunidades). Desse modo, a alta administração define a sua relação desejada com o ambiente, ou desem- penho desejado dentro de um ambiente definido. 2. Controles Administrativos: têm como foco a área funcional, por exemplo, marketing e finanças, e produzem informações especializadas que possibili- tam a tomada de decisão para cada área. A organização também pode fazer o benchmarking (comparar seu desempenho com o de outras organizações). 3. Controle Operacional: tem como foco as atividades e o consumo de recursos em qualquer área funcional, sendo os cronogramas e orçamen- tos suas principais ferramentas de planejamento e controle operacional. De maneira geral, as funções administrativas têm as seguintes características, apresentadas no quadro a seguir: Quadro 3 - Funções e Características Administrativas 1. Planejamento • Estabelecer objetivos e missão. • Examinar as alternativas. • Determinar as necessidades de recursos. • Criar estratégias para alcance dos objetivos. 2. Direção • Conduzir e motivar os empregados na realização das metas organizacionais. • Estabelecer comunicação com os trabalhadores. • Apresentar solução dos conflitos. • Gerenciar mudanças. 3. Organização • Desenhar cargos e tarefas específicas. • Criar a estrutura organizacional. • Definir posições de staff. • Coordenar as atividades de trabalho. • Estabelecer políticas e procedimentos. • Definir a alocação dos recursos. 4. Controle • Medir o desempenho. • Estabelecer comparação do desem- penho com padrões. • Tomar as ações necessárias para melhoria do desempenho. Fonte: adaptado de Silva (2008, p. 10). VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 EFICIÊNCIA E EFICÁCIA ORGANIZACIONAL Todas as ações administrativas destinam-se a alcançar um objetivo, atingir uma meta ou um resultado. Essas atividades estão relacionadas com a eficiência (a ação) e o que se pretende alcançar é a eficácia (o resultado). Como aponta Silva (2008, p. 17), “a eficiência é a medida da utilização dos recursos quando se faz alguma coisa; refere-se à relação entre as ‘entradas’ e ‘saídas’ num processo” e, quanto mais saídas são obtidas com essas entradas, maior o grau de eficiência encontrada. Já a eficácia está relacionada ao alcance dos objetivos e relacionada com a realização das atividades que provoquem o alcance dessas metas. “E�ciência é operar de modo que os recursos sejam mais adequadamente utilizados”(SILVA,2008, p. 17). “E�cácia signi�ca fazer as coisas certas, do modo certo, no tempo certo”(SILVA,2008, p. 18). Figura 10 - Inter-relação entre eficiência e eficácia Fonte: adaptada de Silva (2008). Prezado(a) estudante, acesse o link disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=ksu50mmyI5w> e conheça um pouco mais sobre o processo administrativo. Neste vídeo, serão abordadas, passo a passo, as funções da Administração e suas respectivas características, tratando do planejamento, da organização, da direção e do controle de maneira a ajudá-lo a compreen- der melhor os conceitos apresentados aqui no livro. Fonte: o autor. Os Níveis da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 Porém, conforme afirma o autor Silva (2008, p. 18), “não basta ser eficiente; é preciso ser eficaz. Só se é eficaz, todavia, sendo eficiente, isto é, os resultados só serão alcançados se se trabalhar para isto”. O Quadro 4 representa algumas dife- renciações entre eficiência e eficácia. Quadro 4 - Elementos diferenciais entre eficiência e eficácia EFICIÊNCIA EFICÁCIA Ênfase nos meios. Realização das tarefas. Resolução de problemas. Treinamento de funcionários. Ênfase nos resultados. Alcance dos objetivos. Acerto na solução proposta. Trabalho realizado corretamente. Fonte: adaptado de Silva (2008, p. 18). OS NÍVEIS DA ADMINISTRAÇÃO Até a década de 70, era comum empresas com mais de 10 escalões gerenciais (diretores, vice, assessores, gerentes, vice-gerentes, gerente de departamento, gerente de seção, supervisores, mestre, líderes de turma etc.). O processo admi- nistrativo e a comunicação eram extremamente fragmentados nessas estruturas. Nos anos seguintes, e com maior velocidade na década de 80, ganhou força oprocesso de downsizing, que provocou a diminuição das hierarquias, reduzindo a três ou quatro níveis efetivos, e dos anos 90 em diante, tornaram-se comuns pirâmides achatadas com três níveis: alta administração, gerência intermedi- ária e supervisão de primeira linha (MAXIMIANO, 2004). Adam Smith observou que, com a revolução industrial, na fabricação de al- finetes, a produtividade do trabalhador individual aumentou 240 vezes. No entanto o trabalhador era ignorante e embotado. Fonte: Maximiano (2004, p. 94). VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 Os administradores realizam o mesmo conjunto de funções, que são realizadas nos três níveis na organização: no topo (alta administração), no nível interme- diário (gerência intermediária) e na área operacional (supervisão de primeira linha). No topo, os administradores são classificados como da alta administra- ção, no nível médio e intermediário são classificados como sendo gerentes de média complexidade e, no nível operacional, são classificados como pertencentes à administração operacional, por exemplo, as supervisões e chefias. Todos esses níveis são considerados administrativos ou gerenciais por estarem diretamente ligados às suas atividades outras pessoas das quais dependem para consecução das atividades (SILVA, 2008; MAXIMIANO, 2004). De acordo com Silva (2008): ■ A alta administração encontra-se no topo da pirâmide e é representada pela alta direção ou diretoria (presidente e diretorias) responsável por dire- cionar, desenvolver políticas, estratégias e estabelecimento de metas que são repassadas aos níveis hierárquicos. Representa a organização perante a comunidade, o governo e outras organizações. ■ A média administração está no nível médio da pirâmide organizacio- nal, é conhecida como gerência de departamento ou gerência de setor. Planejam, organizam, dirigem e controlam outras atividades de uma uni- dade ou subunidade coordenando as atividades de outros gerentes, de primeiro nível, e outras pessoas não gerentes, por exemplo, recepcionis- tas e assistentes administrativos. ■ A administração operacional compreende o primeiro nível e é direta- mente responsável pela produção de bens e serviços. Constituída por gerentes de venda e chefes de seção, esse nível representa a ligação entre produção ou operações de cada departamento, e a maior parte do tempo gasto pela administração operacional é com a supervisão de pessoas na execução das tarefas. Além desses três níveis, tem o pessoal não administrativo, representado pelos trabalhadores da linha de frente que não têm posição gerencial, que se reportam aos gerentes operacionais e são responsáveis pela execução das tarefas básicas decorrentes da divisão de trabalho. Os Níveis da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 De acordo com Silva (2008), outra maneira de classificar os níveis admi- nistrativos é: a. Estratégico: também corresponde à alta Administração, determinando objetivos a serem atingidos a longo prazo e a direção para a organização como um todo. b. Tático: corresponde à média administração, ou também chamado de gerência intermediária, como aponta Maximiano (2004), coordenando e decidindo que produtos ou serviços serão produzidos no médio prazo. c. Operacional: corresponde à supervisão, ou também chamado de super- visão de primeira linha, de acordo com Maximiano (2004), coordenando a execução das tarefas de todo o pessoal operacional. A Figura 11 repre- senta esses níveis e suas classificações. Alta administração (Diretoria) Média Administração (Gerência) Estratégico Estabelecimento de objetivos, política e estrátegias organizacionais. Uso das habilidades técnicas para a realização das várias tarefas e atividades da organização Direção e supervição do trabalho do pessoal operacional, nos processos de produção. Implementação das tarefas administrativas, coordenação e solução de con�itos. Tático Operacional NÍVEIS DA ADMINISTRAÇÃO Administração operacional (Supervisão) Pessoal não administrativo (Pessoal de Operações) Figura 11 - Níveis da Administração Fonte: adaptada de Maximiano (2004) e Silva (2008). VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 COMPETÊNCIAS, HABILIDADES E PAPÉIS DO ADMINISTRADOR Histórica e resumidamente, a Administração era vista como: a) um conjunto de funções; b) uma série de papéis; c) a aplicação de certas habilidades específi- cas. Todas essas abordagens focavam no comportamento do administrador, mas cada uma definia esse comportamento de maneira diferente. Deveria estar claro que nenhuma dessas abordagens é independente das outras duas, porém está se tornando bastante visível que as funções, os papéis e as habilidades requeridas pelos administradores estão mudando (SILVA, 2008). Uma das habilidades específicas e requeridas para o mundo moderno é que o Administrador tome a decisão certa no momento certo. O que, muitas vezes, é crucial para a continuidade dos negócios. Herbert Simon (1960 apud MAXIMIANO, 2006, p. 53), na década de 60, afir- mou que “administrar é sinônimo de tomar decisões, e toda ação gerencial tem Papéis são os conjuntos de expectativas de comportamentos de um indiví- duo, em situações específicas. (Reinaldo Silva) Competências, Habilidades e Papéis do Administrador Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 natureza decisória”, e não é possível apreender toda a complexidade do mundo quando o assunto é a decisão a ser tomada, e, dessa forma, compartilha com March (1957) o conceito de Racionalidade Limitada, que exprime esta inca- pacidade e propõe o modelo de homem administrativo como sendo aquele que “procura tomar as decisões satisfatórias atendendo aos requisitos mínimos dese- jados” (MAXIMIANO, 2004, p. 54). Dessa maneira, de acordo com Simon (1960 apud MAXIMIANO, 2006), cada fase de um processo decisório envolve: a) intelecção ou prospecção (análise de um problema ou situação que requer solução); b) concepção (criação de alterna- tivas de solução para um problema ou situação); c) decisão (julgamento e escolha de uma alternativa). Ainda, distingue dois tipos de decisões: as programadas (hábito e rotinas) e as não programadas (que dispõem de soluções automáticas). Como afirma Robbins (2005, p. 32), “pessoas que estudam e escrevem sobre administração há muito discutem sobre o melhor modo de qualificar o cargo do gerente”. O desempenho de qualquer papel gerencial, independente do nível organizacional, depende dessas habilidades. De acordo com Katz (1974 apud MAXIMIANO, 2004), existem três habilida- des gerenciais importantes: a técnica, a humana e a conceitual. Cada uma delas é descrita a seguir: ■ Habilidade técnica: está relacionada com a atividade específica do gerente e compreende conhecimentos, métodos e equipamentos necessários para a realização das tarefas que fazem parte de sua especialidade ou de sua habi- lidade técnica. Exemplo: um diretor comercial deve conhecer os produtos e suas aplicações, o preço de venda, os clientes e saber técnicas de venda. E o que representam essas habilidades? Representam, segundo Maximiano (2004, p. 65), “COMPETÊNCIAS que de- terminam o grau de SUCESSO ou EFICÁCIA do gerente no cargo da orga- nização”. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 doCódigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 ■ Habilidade humana: abrange a compreensão das pessoas e suas neces- sidades e atitudes. O gerente deve ter a capacidade de entender, liderar e trabalhar com pessoas. ■ Habilidade conceitual: envolve a capacidade de compreender e lidar com a complexidade organizacional e usar o intelecto para formular estraté- gias. O gerente deve ter criatividade, saber planejar, ter raciocínio abstrato e entendimento do contexto geral. Conforme se sobe na hierarquia, segundo Katz (1974 apud MAXIMIANO, 2004), a importância da habilidade técnica diminui, e a habilidade conceitual torna- -se necessária. Para um gerente de supervisão de primeira linha, o seu trabalho está diretamente ligado ao operacional e, nesse caso, o conhecimento técnico é muito mais importante do que o de um executivo de alta administração. A Figura 12 representa os três tipos de habilidades gerenciais e sua relação com a posição na hierarquia. Funções Gerenciais Presidente/Diretor Gerente de primeira NÍVEL DO GERENTE NA ORGANIZAÇÃO TEMPO Funções Técnicas 0% 100% Figura 12 - Habilidades Gerenciais e Posição Hierárquica Fonte: adaptada de Maximiano (2004), Robbins (2005) e Silva (2005). Competências, Habilidades e Papéis do Administrador Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 Para Mintzberg (1976 apud MAXIMIANO, 2004), é preciso ir além da trans- missão de conhecimentos e oferecer oportunidades para o desenvolvimento e aprimoramento das habilidades gerenciais. O mesmo autor ainda identifica um maior número de habilidades que Katz associa aos papéis gerenciais que criou (o Quadro 3 apresenta os papéis gerenciais) e propõe oito habilidades a partir de três categorias de papéis gerenciais: 1. Relacionamento com colegas: capacidade de estabelecer e manter rela- ções formais e informais (negociação, comunicação formal e informal, rede de contatos, política de compreensão e sobrevivência dentro da estru- tura de poder), especialmente do mesmo nível hierárquico, para atender aos seus objetivos, ou servir a interesses recíprocos. 2. Liderança: essa habilidade é necessária para a realização das tarefas que envolvem a equipe de subordinados do gerente. 3. Resolução de conflitos: habilidade interpessoal de arbitrar conflitos entre pessoas e capacidade de tomar decisões para resolver distúrbios. Essa habilidade exige tolerância às tensões. 4. Processamentos de informações: relacionados a aprender a construir redes informais e desenvolver habilidades de comunicação. 5. Tomar decisões em condições de ambiguidade: representa as situações imprevistas que necessitam de um diagnóstico e exige a capacidade de decidir. O gerente, em muitas situações, lida com inúmeros problemas e precisa tomar as decisões certas em curtos períodos. Ambiguidade é o que acontece quando se tem poucas informações para lidar com essas situações. 6. Alocação de recursos: em algumas situações, os recursos são limitados e os gerentes devem decidir quais atividades alocar, considerando essa limitação de acordo com as prioridades. 7. Empreendedor: envolve a busca de problemas e oportunidades e a imple- mentação controlada de mudanças organizacionais. 8. Introspecção: relaciona-se com a capacidade de reflexão e autoanálise, de forma que o gerente seja capaz de entender seu cargo e seu impacto sobre a organização, aprendendo com a própria experiência. VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 De acordo com Robbins (2005), o termo papéis gerenciais diz respeito a categorias específicas de comportamento gerencial, e os dez papéis podem ser agrupados em torno de três temas: relações interpessoais, transferência de informações e tomada de decisões. Maximiano (2004) agrupou os 10 papéis gerenciais em três famílias: papéis interpessoais, papéis de informação e papéis de decisão. No Quadro 3, daremos ênfase nos papéis: INTERPESSOAIS: abrangem as relações interpessoais, dentro e fora da orga- nização, representadas pelo(a): 1. Figura de proa: o gerente age como um símbolo e representante da organi- zação, ou seja, age como relações públicas. 2. Líder: presente na maioria das atividades interpessoais nas quais há alguma forma de influência, por exemplo, com os funcionários e clientes. 3. Ligação: envolve a teia de relacionamentos e manutenção delas, realizando intercâmbio de recursos e informações que permitem ao gerente trabalhar. INFORMAÇÃO: está relacionada com a obtenção e transmissão de informa- ções dentro e fora das organizações e é representada pelo: 4. Monitor: o gerente recebe ou procura obter informações que lhe permitem entender o que se passa na sua organização e no meio ambiente. 5. Disseminador: dissemina as informações externas para dentro da organização. 6. Porta-voz: inverso do papel do disseminador, transmite a informação interna para o meio ambiente da organização. DECISÃO: envolve a resolução de problemas e tomada de decisões relaciona- das a novos empreendimentos, distúrbios, alocação de recursos e negociações com representantes de organização e é representada pelo: 7. Enterpreneur: empreendedor, o gerente atua como iniciador e planejador de mudanças controladas e desejadas que incluam melhoramentos na organi- zação, identificação e aproveitamento de oportunidades de negócios, entre outras iniciativas. 8. Controlador de distúrbios: em situações parcialmente fora do controle, o gerente atua como controlador dos eventos imprevistos, das crises e dos conflitos. Competências, Habilidades e Papéis do Administrador Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 9. Administrador de recursos: coração do sistema, esse papel é inerente à autoridade formal e está presente em qualquer decisão que o gerente tome. Compreende três elementos essenciais, como: a) administrar o próprio tempo; b) programar o trabalho alheio; c) autorizar as decisões tomadas por terceiros. 10. Negociador: envolve negociações com outras organizações ou indivíduos, por exemplo, clientes e sindicatos. Luthans (1992 apud MAXIMIANO, 2004) também classifica as atividades ou papéis dos gerentes em quatro categorias: funções gerenciais (tomada de decisões, planejamento e controle), comunicação (troca e processamento de informações e documentação), administração de recursos humanos (motivação, resolução de conflitos, treinamentos) e relacionamento ou networking (relações sociais e interação com pessoas fora da organização, bem como fazer política). PAPÉIS DE DECISÃO PAPÉIS INTERPESSOAIS PAPÉIS DE INFORMAÇÃO 5) Figura de Proa 6) Líder 7) Ligação 1) Empreendedor 2) Controlador de Distúrbios 3) Administrador de Recursos 4) Negociador 8) Monitor 9) Disseminador 10) Porta-voz Figura 13 - Papéis Gerenciais de Mintzberg Fonte: adaptada de Maximiano (2004). Considerando que a maior parte das atividades humanas é realizada por equipes e não por indivíduos, é importante frisar que os resultados do desempenho do administra- dor são resultados de sua equipe. Como resume Grove (1983 apud MAXIMIANO, 2004, p. 61), “a produtividade elevada do administrador depende da escolha de ativi- dades de alta alavancagem administrativa, as atividades que maximizam a produção”. Isso envolve planejamento, envolvimento, evitar desperdícios, partilhar conhecimen- tos, delegar, acompanhar e alocar tempo em atividades que as afetarão. VISÃO GERALDA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E48 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) estudante, esta unidade foi fundamental para levá-lo(a) à reflexão sobre a importância da Administração e por que você deveria conhecê-la e estu- dá-la. Como você percebeu, a Administração está presente em todos os aspectos de nossa vida, e não somente nos aspectos organizacionais, e que, indepen- dentemente da arte de Administrar, muito presente no cotidiano das pessoas e gerentes, o refinamento das teorias, técnicas e práticas apresentadas poderá ser útil para a maioria dos tipos de organização no alcance dos objetivos de maneira mais eficiente e eficaz. É consenso o fato de que existem vários autores e conceitos ligados à Administração e Organização, porém seu conceito é geral, amplo e se sinte- tiza como sendo a Administração uma forma de realizar coisas por intermédio de outras pessoas. Além disso, foi dada ênfase à importância da interação da organização com os demais sistemas e subsistemas do ambiente e da própria organização, principalmente porque o ambiente organizacional é bastante volá- til, e é preciso esse entendimento amplo, interna e externamente à organização, para lidar melhor com as mudanças. O entendimento sobre o Processo Administrativo nas etapas de Planejamento, Organização, Direção e Controle foi fundamental para sua compreensão sobre o desempenho do Administrador, uma vez que essas funções representam o cerne da função do Administrador e o caminho para a eficiência e eficácia individual e organizacional. Esse processo é dividido em níveis de Administração: estraté- gico, tático e operacional, em que cada um tem presente características de sua representatividade funcional. Aliados às funções dos administradores, foram apresentados os conceitos das habilidades, competências e papéis do Administrador e demonstrado como essas habilidades e suas decisões podem afetar o seu desempenho no alcance dos resultados. Como foi nosso intuito, caro(a) aluno(a), nesta unidade, você obteve Visão do Geral da Administração. Na próxima unidade, você aprofundará seus conhe- cimentos acerca da Evolução da Administração no tempo. 49 Considere o seguinte caso, baseado em Maximiano (2004): uma empresa observa que seus preços estão mais altos que os da concorrência e, há tempos, vem per- dendo clientes. A diretoria, então, decide aprimorar seus métodos e processos de trabalho na área de projetos. Uma empresa de consultoria é contratada e propõe indicar um grupo de funcionários jovens e de alto potencial para atuarem como consultores internos (trainees). Após revisão da consultoria, foram aprovados para implantação alguns processos de desenvolvimento e fabricação de equipamentos. Quando começaram a implantação, os integrantes do grupo perceberam que não seria fácil, uma vez que já havia a reação negativa dos funcionários (engenheiros e técnicos de montagem efetuaram comentários, como: a qualidade ficará com- prometida, vocês não conhecem o processo, vocês negligenciaram fatores impor- tantes, e não dará certo). Um ano depois, o projeto ainda era impasse, e o prazo de contrato com a empresa de consultoria já havia terminado. A empresa reclamava que havia comprado um projeto de aprimoramento, e o objetivo não havia sido atingido. A empresa de consultoria alegava que sua responsabilidade terminou com o treinamento dos consultores internos, e esses é que não conseguiram im- plantá-lo. Na diretoria, discutiram as seguintes ideias: “Não conseguimos entender. Deveríamos ter conversado mais antes? Por que não deu certo? Será que sabo- taram o trabalho? Confiamos demais na auditoria? O grupo começou motivado, agora, todos estão frustrados porque não conseguem implantar nada”. 1. A partir da leitura do texto, responda: a) Quais os principais problemas quanto ao processo administrativo? Justifi- que sua resposta. b) Qual sua sugestão para resolver o problema agora? Esboce um plano. 2. De maneira bastante sucinta, apresente o conceito de Administração, relacio- nando-o com os conceitos de eficiência e eficácia. 3. Considerando os papéis dos gerentes, apresentados por Mintzberg (1970), res- ponda: qual(is) papel(is) relaciona(m)-se com as seguintes situações? a) Um gerente dissemina as informações apreendidas em um curso sobre altas tecnologias, em equipamentos aos seus funcionários, e Paulo é responsável por passar o balanço patrimonial para a bolsa de valores e explicitar as infor- mações aos acionistas da empresa. b) O grupo técnico não chega a um consenso sobre as decisões de compra e venda dos produtos, e o chefe procura atenuar a situação junto ao grupo. c) A organização está com sérios problemas, os funcionários ameaçaram para- lisar as atividades ainda este mês. 50 4. Organizar as empresas em estruturas hierárquicas é uma forma para melhorar a execução das funções dos administradores, podendo, assim, direcionar as ta- refas e operações organizacionais. Diante disso, leia as afirmações a seguir e responda quanto aos níveis organizacionais. I. Dividem-se em Nível Estratégico, Tático e Operacional. II. O Nível Estratégico é representado pelos diretores e presidentes, responsá- veis pelas decisões operacionais da organização. III. Os supervisores estão no Nível Tático cujo foco está voltado à coordenação de uma área ou unidade específica. IV. O Nível Operacional é responsável pela execução de uma tarefa ou opera- ção específica. É correto apenas o que se afirma em: a) I, II e III. b) II, III e IV. c) I e III. d) I e IV. e) II e IV. 51 5. Os administradores desenvolvem funções interligadas, conhecidas como pro- cesso administrativo, que buscam o alcance dos objetivos organizacionais. A respeito dessas funções da administração, avalie as seguintes afirmativas: I. Planejar consiste em desenvolver planos, definir estratégias e ações para se alcançar os objetivos almejados. II. Definir as tarefas e alocar os recursos necessários à realização dos objetivos organizacionais é o mesmo que organizar. III. Controlar significa liderar pessoas e motivá-las a realizar suas tarefas de for- ma a alcançar os resultados esperados. IV. Monitorar e avaliar o desempenho organizacional são atividades inerentes à primeira etapa do processo administrativo. É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) II e IV, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) II, III e IV, apenas. 52 Por que meu chefe ganha mais e não trabalha tanto quanto eu? Quando se fala em administração, existe uma tendência, por parte das pessoas, em associá-la com o curso de Ensino Superior. Mal sabem elas que administração é uma ciência que vai muito além da universidade. Esta disciplina surge em função de uma necessidade latente da humanidade em se organizar para sobreviver, ainda nos remotos tempos da história, quando o homem primitivo deixa de ser nômade e decide viver em comunidades. A partir desse momento, vem a necessidade do controle de recursos para atender a todos que agora dependem da comunidade. O que se vê, desde então, é um processo constante de evolução das ferramentas ad- ministrativas. O que se mostra interessante é o fato de a administração surgir de forma empírica, ou seja, suas técnicas e ferramentas vão sendo desenvolvidas mediante expe- riências das necessidades diárias de controlar recursos. Por isso, definir o conceito de ad- ministração, independentemente do autor, sempre permeará a importância do controle de recursos, sejam estes quais forem (humanos, financeiros, matéria-prima etc.). Quando falamos em controle de recursos, pensar maneiras de otimizá-los é fundamen- tal, e é a partir daí que começam as diferenças de papéis dentro das organizações. Se você nunca seperguntou por que trabalha tanto em tarefas operacionais, e seu chefe fica “enfurnado” em sua sala, sentado atrás de uma mesa, participando de reuniões cons- tantes, dando a impressão de não estar trabalhando nem metade do que você, pode ter certeza, algum colega seu talvez não tenha verbalizado a pergunta, mas já pensou sobre isso. Tenho uma má notícia para você que inveja o seu chefe e gostaria de um dia ocupar o lugar dele para ganhar mais e trabalhar menos (na sua fantasia). Estou aqui para garantir que seu chefe trabalha igual, se não muito mais que você. O que os diferenciam são os tipos de trabalho. A administração nas empresas é dividida em níveis estratégico, tático e operacional. A diretoria ocupa o nível estratégico; gerentes e supervisores estão no nível tático; o pes- soal de nível operacional, como chão de fábrica ou linha de frente da empresa, como vendedores, caixas, empacotadores etc., são aqueles que executam os trabalhos pro- priamente ditos, por exemplo: montar o produto no caso de uma indústria. Ao subir pelos níveis da administração, o tipo de trabalho a ser executado, obrigatoria- mente, muda. Isto é, sair do nível operacional fará com que o trabalho braçal não seja mais necessário, entretanto a capacidade analítica começa a ser muito mais requisitada. E o que é essa capacidade analítica? É a habilidade que a pessoa tem de analisar o con- texto em que a empresa se encontra e conseguir interpretar, prever e projetar como a empresa se comportará nesse contexto. No nível tático e estratégico, trabalha-se com análise de dados e informações, e esse tipo de função, pode ter certeza, é tanto esta- fante quanto o trabalho operacional, até porque, uma decisão errada compromete a empresa inteira, podendo levá-la à falência. 53 Antes de invejar o salário do seu chefe, acredite, você trabalhará muito mais horas na sua casa do que estando no nível operacional. Encare o trabalho tático e estratégico como o de um médico. Uma decisão médica errada poderá complicar a vida de uma pessoa. Uma decisão administrativa errada de nível tático e, principalmente, de nível estratégico poderá complicar a vida de muitas pessoas que dependem da empresa, funcionários e seus familiares. Por isso seu chefe ganha mais do que você. Fonte: o autor. MATERIAL COMPLEMENTAR Administração e Planejamento Estratégico Paulo Sertek, Roberto Ari Guindani, Tomas Sparano Martins Editora: IBPEX Dialógica Sinopse: o livro Administração e Planejamento Estratégico, dos autores Sertek, Guindani e Martins, já está em sua terceira edição e dispõe de uma linguagem simples e exemplos práticos para aqueles que desejam aprofundar nessa temática. Disponível também na Biblioteca Virtual da UniCesumar. Os autores buscam traçar uma linha objetiva de raciocínio em relação aos tópicos de Administração, Planejamento e Estratégia, em que são apresentadas perspectivas da Administração Estratégica com o foco na globalização e nas mudanças organizacionais, com a elaboração de cenários, modelos de análises de negócios e a aplicação de técnicas para a formulação de estratégias empresariais. REFERÊNCIAS 55 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. KWASNICKA, E. L. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolu- ção industrial. 4. ed. São Paulo, 2004. ______. Fundamentos de Administração - Manual Compacto Para Cursos de For- mação Tecnológica e Sequenciais. São Paulo: Atlas, 2006. ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. Trad. Cid Knipel Moreira e Rev. Reinaldo O. Silva. São Paulo: Saraiva, 2005. ______. Fundamentos de Administração: conceitos essenciais e aplicações. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006. SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008. GABARITOGABARITO 1. a) Falta de planejamento e cronograma formalizado. É possível perceber na lei- tura do texto que a diretoria tomou uma decisão por ímpeto, e isso causou a maioria dos problemas uma vez que deveriam ter investido tempo na reali- zação do planejamento, juntamente com a definição e acompanhamento de um cronograma de ações. Em resumo faltou o P.O.D.C. b) Para resolver o problema apresentado, a organização deve estruturar o P.O.D.C. O plano de ações deve ser: 1. Planejamento: Estabelecer objetivos e missão. Examinar as alternativas. Determinar as necessidades de recursos. Criar estratégias para alcance dos objetivos. 2. Direção Conduzir e motivar os empregados na realização das metas organizacio- nais. Estabelecer comunicação com os trabalhadores. Apresentar solução dos conflitos. Gerenciar mudanças. 3. Organização Desenhar cargos e tarefas específicas. Criar a estrutura organizacional. Definir posições de staff. Coordenar as atividades de trabalho. Estabelecer políticas e procedimentos. Definir a alocação dos recursos. 4. Controle Medir o desempenho. Estabelecer comparação do desempenho com padrões. Tomar as ações necessárias para melhoria do desempenho. GABARITO 57 2. Os colaboradores devem trabalhar agindo de modo que os recursos sejam mais adequadamente utilizados (eficiência), fazendo as coisas certas de maneira cor- reta, no tempo certo (eficácia) para o alcance dos objetivos organizacionais (con- ceito de Administração). 3. a) Disseminador, porta-voz. b) Controlador de distúrbios, Negociação. c) Controlador de distúrbios. 4. D. 5. A. U N ID A D E II Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Discutir a evolução histórica da teoria da Administração. ■ Conceituar a abordagem clássica da Administração. ■ Apresentar a abordagem humanística da Administração. ■ Discutir sobre os elementos essenciais em negociação. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Evolução histórica da Teoria da Administração ■ A Teoria da Administração Científica ■ A Teoria Administrativa ■ A Teoria da Burocracia Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 61 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta unidade você estudará a evolução das teorias da adminis- tração. De tempos em tempos, a humanidade sofre mudanças significativas em seu comportamento social, e a Revolução Industrial foi um momento que pro- porcionou mais uma dessas mudanças. O fato de a atividade econômica migrar de uma condição de subsistência para estruturas organizacionais complexas de produção, praticamente, obrigou os gerentes das empresas a estudarem alter- nativas que pudessem melhorar a produtividade com eficiência e eficácia. Estas condições favoreceram diversos entusiastas a estudarem a administração das empresas e, consequentemente, formularem teorias. Iniciaremos esta unidade entendendo a evolução histórica da Administração e compreendendo o contexto social em que as principais teorias começaram a surgir. Cronologicamente, as teorias estão elaboradas de acordo com sua impor- tância e seu impacto em relação à Administração. A Teoria da Administração Científica foi a primeira a surgir e possibilitou a base para o estudo das demais teorias que a sucederam. Seu foco principal era a produção. Na sequência, temos a Teoria Administrativa, que trata da estrutura organizacional e melhores maneiras de agir nas organizações. Temos também a Teoria da Burocracia, que se preocupou com as políticas, normas e regras para o bom funcionamento das empresas. Espero que possa aproveitar bem esta unidade, eque eu consiga contribuir para o seu desempenho acadêmico. Desejo a você bons estudos. Sucesso! Prof. Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque. PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E62 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO A Administração faz parte do cotidiano em toda natureza. Entretanto, nós, seres humanos, talvez sejamos aqueles que, na natureza, têm consciência da necessi- dade e importância de se administrar. Maximiano (2009, p. 16) ressalta o fato de a administração ser praticada desde que o ser humano começou a viver em grupo, ou seja, há cerca de 6.000 anos, época esta em que surgiram as cidades. Silva (2008, p. 78) corrobora com o autor anterior quando afirma que a “origem de alguns conceitos e práticas da administração moderna terem sido utiliza- das por Salomão, rei bíblico, que coordenou e elaborou acordos de comércio no século X a.C.” O mesmo autor coloca-nos que os sacerdotes dos templos sumérios admi- nistravam grandes somas de bens e valores por meio de um imenso sistema tributário. Esses sacerdotes tinham como obrigação a prestação de contas ao sumo sacerdote, o que funcionava como uma espécie de fiscalização administra- tiva. Silva (2008) continua ao afirmar serem os documentos sumérios descrições de seus inventários, em que a escrita seria utilizada, primeiramente, com fins de controle administrativo, e não religioso. O povo egípcio, conhecido pelas construções das pirâmides, é um exem- plo de utilização da administração pelas civilizações antigas. Maximiano (2009) afirma ter sido a necessidade de construir tamanhas estruturas um desafio em termos de solução de problemas gigantescos de administração e engenharia, e cita como exemplo os números da construção da pirâmide de Quéops: Evolução Histórica da Administração Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 63 Feita de 2.300.000 blocos de pedra, com peso médio de 2,5 toneladas cada bloco. Originalmente, tinha 146,5 metros de altura e 230 metros de cada um de seus lados. Estima-se que 100.000 pessoas tenham tra- balhado em sua construção. Em média, a construção da pirâmide en- volveu a movimentação de cerca de 270 blocos de pedra de 2,5 tonela- das, todos os dias, durante 23 anos (MAXIMIANO, 2009, p. 18). Silva (2008, p. 79) reforça a explicação de Maximiano (2009), exemplificando que os egípcios tinham uma grande necessidade de planejamento, organização e controle para a construção das pirâmides, principalmente no quesito do plane- jamento de transporte, alojamento e administração durante o empreendimento. Temos, também, os Babilônios e Assírios, outro exemplo de civilizações antigas que se utilizavam de preceitos administrativos. O Código de Hamurabi, segundo Silva (2008, p. 80), representou um pensamento administrativo que vigorou no período de 2000 a 1700 a.C. Conforme o autor expõe, este código apresenta uma visão administrativa, como: salários mínimos: ‘se um homem alugar um trabalhador do campo, pa- gar-lhe-á 8 gus de cereal por ano’. Controle: ‘se um homem entregar, a outro, prata, ouro, ou qualquer coisa em depósito, seja o que for, mostrá-lo-á a uma testemunha, com- binará os termos do contrato e fará, então, o depósito’. Responsabilidade: ‘se um comerciante de vinhos permitir que homens turbulentos se reúnam em sua casa e não os expulsar, será morto’. ‘O pedreiro que constrói uma casa que desmorona e mata seus residentes será condenado à morte’ (HARPER, 1904 apud SILVA 2008, p. 80). Outro exemplo que pode ser dado é: há muito tempo, conhecidos por sua sabedo- ria, os chineses já se utilizavam de alguma forma de planejamento, organização, direção e controle – PODC. Silva (2008) relata a respeito de antigos documentos de Chow e de Mencius que fazem referência ao PODC. Assim, conforme Silva (2008, p. 81), na China, “há mais de 3 mil anos, foram estabelecidos conceitos com um tom administrativo contemporâneo, de organização, cooperação, fun- ções, procedimentos e técnicas de controle”. Maximiano (2009) resgata a obra A arte da guerra, de Sun Tzu, como um tratado militar voltado para o plane- jamento, comando, doutrina, entre outros assuntos os quais sobreviveram e se mantiveram atuais à passagem dos séculos. PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E64 O povo grego, conhecido pela sua cultura voltada às artes, também se destaca como povo antigo que influenciou a administração das organizações. Maximiano (2009) ressalta alguns dos princípios gregos, como: democracia, estratégia, igual- dade de todos perante a lei, ética na administração pública, raciocínio metódico e qualidade. Silva (2008, p. 82) lembra o fato de o método científico grego ter influenciado Taylor (pai da administração moderna), Gilberth, Fayol e outros estudiosos das teorias administrativas, e coloca o fato “dos gregos reconhece- rem muito cedo o princípio de que a produção máxima obtém-se por meio do uso de métodos uniformes, com ritmo estipulado e algo mais”. No auge de seu império, Maximiano (2009) conta-nos que “Roma contro- lava uma população de 50 milhões de pessoas em um território que compreendia entre a Inglaterra, o Oriente próximo e o norte da África”. Silva (2008, p. 83) lem- bra que “a ciência da administração muito aprendeu com os êxitos e equívocos de Roma na área da organização, o que foi, na realidade, a primeira experiência mundial de organização de um império verdadeiramente grande”. Maximiano (2009, p. 23) reforça Silva (2008) afirmando que a capacidade de construir e manter o Império e as instituições, muitas das quais ainda vivem, é evidência das habilidades administrativas dos romanos. A má administração, no entanto, ajudou a destruir Roma no final de seu longo período de glória. Os Hebreus também nos deixaram exemplos da importância da administração. Para Silva (2008, p. 85), “nenhum outro povo em toda a história da humanidade [...] exerceu tamanha influência sobre a civilização, com uma possível exceção dos gregos”. O autor cita Moisés, um grande líder hebreu e um administrador cujas habilidades no governo, na legislação e nas relações humanas o tornaram figura de destaque, sendo o responsável pela libertação dos escravos do Egito. Outro exemplo de organização administrativa vem da Igreja Católica. Silva (2008) fala da necessidade de se criar uma organização com mais rigor em seus objetivos, doutrinas e conduta das atividades cristãs, tendo em vista o franco crescimento dessa organização religiosa e que continua viva até os dias de hoje. Durante a Idade Média, a cidade de Veneza do século XV contava com uma grande frota mercante privada. Silva (2008, p. 87-88) diz que foi aberto um esta- leiro para fins de defesa: A Teoria da Administração Científica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 65 o Arsenal tinha um propósito triplo: fabricar e montar galeras de guer- ra, armas e equipamentos; armazenar materiais e equipamentos até quando fosse necessário; e consertar e reequipar navios já manufatura- dos. Para reduzir os custos e aumentar a eficiência, os venezianos que dirigiam o Arsenal desenvolveram e empregaram uma série de técni- cas administrativas que ainda estão em uso atualmente. Essas técnicas incluíam uma linha de montagem, treinamento de pessoal e sistemas de recompensa, padronização, controle contábil, controle de estoques, controle de custos e controlede armazéns. Por fim, chegamos ao período da Revolução Industrial, em que a mecaniza- ção da indústria trouxe profundas transformações socioeconômicas e culturais, modificou para sempre a sociedade, obrigando que a administração passasse a ser tratada como ciência, e suas teorias evoluíram para o que conhecemos hoje. A TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Como vimos anteriormente, a Revolução Industrial trouxe profundas mudan- ças na sociedade da época. A migração da zona rural para as cidades cresceu de maneira desordenada, trazendo caos social para a região urbana. Tal crescimento também aconteceu com as organizações. Indústrias cada vez maiores recrutavam muitos trabalhadores que cumpriam jornadas de trabalho de 14h, recebendo salá- rios muito baixos e sem nenhum tipo de benefício social. Este cenário representava problemas sociais muito graves, condições de trabalho insalubres e uma produtivi- dade muito irregular, sendo agravada por uma alta taxa de rotatividade de pessoal. Para tentar reverter esta situação, alguns estudiosos começaram a desenvolver metodologias, em uma tentativa de diminuir a ineficiência do processo produtivo nas organizações, dando início ao que ficou conhecido como a Escola da Administração Científica. Silva (2008, p. 108) lembra que “os princípios da administração cientí- fica se basearam na estrutura formal e nos processos das organizações”, ou seja, a preocupação central estava, como foi dito anteriormente, nos processos e nas suas maneiras de serem conduzidos, buscando sempre aumentar a eficiência e eficácia. PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E66 O principal representante desse período foi Frederick W. Taylor, que ficou conhecido como o pai da administração científica. Segundo Silva (2008, p. 108-109), Frederick Winslow Taylor (1856-1915) nasceu de uma família Quaker na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Taylor revolucionou os processos tradicionais dos métodos de traba- lho por meio da aplicação de métodos científicos em várias empresas norte-americanas. Taylor não possuía treinamento em administra- ção e se baseava somente em suas investigações sobre o que deveria ser feito. Além de proporcionar maiores lucros aos patrões e de valorizar o tra- balho dos operários, isso assegurou a todos uma prosperidade mútua, que se refletiu satisfatoriamente na própria riqueza do país. Taylor estimou que a produção de cada operário era somente um terço do que poderia ser. A essa restrição de produção ele denominou vadia- gem sistemática. [...] Taylor culpou a administração, e não os operários, porque “era função dos gerentes” projetar atividades de maneira apropriada e oferecer in- centivos adequados para estimular a produção dos operários. Entre as contribuições de Taylor, as mais conhecidas são as publicadas no livro Princípios da administração científica, as quais, segundo Maximiano (2009, p. 35), são: 1. O objetivo da boa administração era pagar salários altos e ter baixos custos de produção. 2. Com esse objetivo, a administração deveria aplicar métodos de pes- quisa para determinar a melhor maneira de executar tarefas. 3. Os empregados deveriam ser cientificamente selecionados e treina- dos, de maneira que as pessoas e as tarefas fossem compatíveis. 4. Deveria haver uma atmosfera de íntima e cordial cooperação entre a administração e os trabalhadores, para garantir um ambiente psi- cológico favorável desses princípios. A Teoria da Administração Científica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 67 Chiavenato (1993, p. 64) reforça o autor anterior, citando o que Taylor chamou da Organização Racional do Trabalho (ORT): 1. Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos; 2. Estudo da fadiga humana; 3. Divisão do trabalho e especialização do operário; 4. Desenho de cargos e tarefas; 5. Incentivos salariais e prêmios de produção; 6. Conceito de “homo economicus”; 7. Condições ambientais de trabalho; 8. Padronização de métodos e de máquinas; 9. Supervisão funcional. A ORT é a base da ciência administrativa desenvolvida por Taylor e influenciou todos os demais estudos da administração, que surgiram a partir de então, pelos seguidores de Taylor. Henry Ford foi um dos seguidores de Taylor, que, talvez, tenha conseguido o maior destaque entre todos os demais. Maximiano (2009, p. 36) lembra o fato de o “Taylorismo ter se desenvolvido em uma época de notável expansão da indús- tria e junto com outra inovação revolucionária do início do século: a linha de montagem de Henry Ford”. Entretanto não é só por sua inovação na produção que destacamos Ford, seu modelo administrativo também chamava a atenção. Taylor e seus seguidores preocuparam-se em construir um modelo de ad- ministração com base na racionalização e no controle da atividade humana, uma espécie de engenharia aplicada à administração. (Idalberto Chiavenato) PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E68 Dividia o trabalho, tornando-o repetitivo e contínuo, baseado, principalmente, nos princípios da produtividade, da intensificação e da economicidade, em que Silva (2008, p. 120) explica-nos: o princípio da produtividade recomenda o máximo de produção den- tro de um período determinado (com distribuição do ganho para o empregador, para o empregado e para o consumidor, pela redução de custos que se transforma em redução de preços); O princípio da intensificação consiste em aumentar a velocidade rota- tória do capital circulante, visando pouca imobilização dele e grande rapidez em sua recuperação (o capital de giro é obtido dos próprios consumidores); O princípio da economicidade refere-se a reduzir ao mínimo o volume de matéria-prima em curso de transformação (uma vez que o “tempo é a expressão da energia humana e o estoque representa trabalho huma- no armazenado”). Uma das principais contribuições de Henry Ford para a administração de empresas, sem sombra de dúvida, foi a linha de montagem em série, que permitiu a produção em massa. Ford teve como inspiração os processos de produção desenvolvidos por Oliver Evans, em 1738, Eli Whitney, em 1798, Elihu Root trabalhando para Samuel Colt, em 1849. Evans desenvolveu a esteira transportadora que foi aprimorada em 1860 para carregar de maneira automatizada vagões de trens de carga com grãos. Whitney, ao receber uma encomenda de 10000 mosquetes (armas pareci- das com rifle), em 1798, construiu máquinas para padronizar as peças das armas de maneira a simplificar sua montagem, aumentando, assim, a ve- locidade da produção. Root, que trabalhava para Samuel Colt, aumentou a velocidade de produção das armas Colt de seis tiros, dividindo sua produção em etapas e criando máquinas para otimizar cada uma dessas etapas do processo de produção. Fonte: adaptado de Needham e Dransfield (1994, p. 421). A Teoria da Administração Científica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 69 Utilizando-se desses princípios, Ford conseguiu otimizar sua eficácia produtiva de maneira significativa. Silva (2008) destaca o tempo de diminuição da produ- ção de um automóvel, de aproximadamente, 12 horas para 84 minutos. Com sua filosofia de produção em massa, preços baixos, altos salá- rios e organização eficiente do trabalho, destacando-se aí a rapidez de fabricação, Henry Ford apresentou ao mundo o maiorexemplo de administração eficiente e individual que a história conhece (SILVA, 2008, p. 121). Apesar dos grandes avanços que os estudos da administração científica imple- mentados por Taylor e seus seguidores conseguiram, eles também foram alvos de críticas, principalmente por destacar o fato de a administração científica lidar somente com aspectos mecânicos, desconsiderando os aspectos humanos da produção. Silva (2008, p. 122) aponta as críticas ao sistema de Taylor resumindo em dois grupos: 1. Mecanização: desestimula a iniciativa pessoal do operário, tornando- -o ‘parte da máquina’, não considerando os seus aspectos psicossociais; 2. Esgotamento físico: resultado frequente da ânsia do operário em rea- lizar mais do que o previsto, para aumentar seu pagamento. Como consequência, esse sistema tende a: ■ Especializar demasiadamente a produção do operário, tornando-o apên- dice da máquina. ■ Destruir a iniciativa própria e, de algum modo, o relacionamento interpessoal. ■ Atomizar o trabalho em demasia, minimizando as aptidões dos operários. Mesmo com críticas, é preciso ressaltar a importância de Taylor como o precur- sor dos estudos avançados da administração e da transformação organizacional que ele proporcionou, possibilitando que outros estudiosos dessem continuidade em seus estudos e aprimorassem pontos em suas teorias, de modo a perdurar com o desenvolvimento das teorias administrativas. PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E70 A TEORIA ADMINISTRATIVA Henry Fayol, ao lado de Taylor, foi um dos mais proeminentes estudiosos da administração. A maioria de suas propostas é utilizada ainda hoje, por isso ele é considerado o pai da administração moderna. Maximiamo (2009, p. 38) relata que Fayol chegou a diretor-geral de uma empresa de mineração em 1888. A empresa estava à beira da falência, mas quando Fayol se aposentou, em 1918, sua situação financeira era sólida. Esse resultado ele atribuiu a seu sistema de administração, uma ideia que se dividia em três partes principais: 1. A administração é uma função distinta das demais funções, como finanças, produção e distribuição. 2. A administração é um processo de planejamento, organização, co- mando, coordenação e controle [...]. 3. O sistema da administração pode ser ensinado e aprendido. Fayol foi o primeiro a dividir a teoria administrativa em elementos, ou seja, para ele toda organização possui seis funções fundamentais, apresentadas por Silva (2008, p. 134): 1. Atividades técnicas: relacionadas com a transformação e produção de bens (produtos e serviços); 2. Atividades comerciais: relacionadas com as transações de compra, venda e permuta; 3. Atividades financeiras: relacionadas com a captação e bom uso do capital; A Teoria Administrativa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 71 4. Atividades contábeis: relacionadas com os controles e registros das despesas organizacionais (como inventários, balanços, custos e es- tatísticas); 5. Atividades de segurança: relacionadas com a preservação e proteção das pessoas e dos bens; 6. Atividades administrativas: relacionadas com a integração de todas as operações da organização; as atividades administrativas coorde- nam e sincronizam as atividades anteriores, tendo, portanto, inter- ferência / influência sobre elas. Para Fayol, a função administrativa é a mais importante e deve ser dividida em: previsão, organização, comando, coordenação e controle, detalhados por Silva (2008, p. 135): Previsão: tentativa de avaliar o futuro por meio de um plano e fazer provi- sões para realizar esse plano (essa função deu origem à função de planeja- mento). A previsão comporta três aspectos: projeção (o futuro é uma con- tinuação do passado); predição (o futuro não é continuação do passado, por fatores fora do controle da empresa); e planejamento (o futuro não é continuação do passado, mas por fatores sob controle da empresa). Organização: mobilização dos recursos humanos e materiais para transformar o plano em ação. Comando: estabelecimento de orientações para os empregados e ob- tenção das coisas feitas. Coordenação: obtenção da unificação e harmonia de todas as ativida- des e esforços. Controle: verificação de que as coisas aconteçam em conformidade com as regras estabelecidas e expressas pelo comando. Esta função evoluiu e, atualmente, é conhecida como PODC (Planejamento, Organização, Direção e Controle), sendo um dos conceitos teóricos mais impor- tantes da administração. A Teoria da Administração, para Fayol, também conta com 14 princípios gerais e, segundo Silva (2008 p.136), “são ainda considerados, por grande parte dos administradores, úteis na prática administrativa contemporânea”. Escritos em 1916, são apontados por Silva (2008, p. 136): 1. Divisão de trabalho: Fayol propôs a especialização do trabalho como a melhor maneira de usar os recursos humanos da organização. PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E72 2. Autoridade e responsabilidade: a autoridade é “o direito de dar ordens e o poder para a exata obediência”. A responsabilidade en- volve ser confiável e, desse modo, está naturalmente associada à autoridade. 3. Disciplina: significa a necessidade de esforço comum dos traba- lhadores, de maneira ordenada; punições, entretanto, deveriam ser aplicadas criteriosamente. 4. Unidade de comando: os trabalhadores deveriam receber ordens de um ‘gerente’ somente. 5. Unidade de direção: a organização deve se mover em uma direção e um objetivo comum. 6. Subordinação do interesse individual ao interesse geral: os interes- ses de uma pessoa (ou grupo) não deveriam prevalecer sobre os interesses da organização. 7. Remuneração de pessoal: o pagamento deveria ser justo – não ex- plorativo – e recompensar o bom desempenho. 8. Centralização: Os graus de centralização/descentralização adota- dos dependem de cada organização específica na qual o ‘gerente’ está trabalhando. 9. Cadeia escalar: respeito a autoridade correspondente à posição hie- rárquica. 10. Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar. 11. Equidade: todos os empregados deveriam ser tratados o mais ‘igualmente’ possível. 12. Estabilidade do pessoal no cargo: a retenção dos trabalhadores mais produtivos deveria ser alta prioridade da administração. 13. Iniciativa: os administradores deveriam encorajar a iniciativa do trabalhador. 14. Espírito de equipe: os administradores deveriam enfatizar a har- monia e a boa vontade geral entre os empregados. Fayol (1916 apud SILVA, 2008, p.137) afirma que “não existe nada rígido ou absoluto quando se trata de problemas de administração; é tudo uma questão de proporção”. A Teoria da Burocracia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 73 A TEORIA DA BUROCRACIA Considerada por muitos como o grande vilão da organização, a burocracia é essencial para a administração das empresas. Silva (2008, p.146) coloca que “a burocracia como forma de organização das atividades humanas é muito antiga; entretanto, como teoria desenvolvida, com objetivos específicos, só surgiu com Max Weber”. O surgimento da teoria da burocracia para a administração deu-se por volta dos anos 40 e, conforme Chiavenato (1993, p. 410-411), em função, principal- mente, dos seguintes aspectos: a) Afragilidade e parcialidade tanto da teoria clássica como da teoria das relações humanas, ambas oponentes e contraditórias ente si, mas sem possibilitarem uma abordagem global, integrada e envolvente dos problemas organizacionais. Ambas revelam dois pontos de vista extre- mistas e incompletos sobre a organização, gerando a necessidade de um enfoque mais amplo e completo, tanto da estrutura como dos par- ticipantes da organização. b) Tornou-se necessário um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como o comportamen- to dos membros dela participantes, e aplicável não-somente à fábrica, mas a todas as formas de organização humana e principalmente às empresas. Fayol mostrou que melhor gestão não é meramente uma questão de me- lhorar o resultado do trabalho e o planejamento das unidades subordinadas da organização, é, acima de tudo, uma questão de estudo e treinamento mais profundo em questões administrativas para aqueles que estão no topo da organização. Fonte: Urwik (1937, p. 129). PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E74 c) O crescente tamanho e complexidade das empresas passou a exigir modelos organizacionais mais bem definidos. Alguns historiadores ve- rificaram que a ‘indústria em grande escala depende da sua organiza- ção, da administração e do grande número de pessoas com diferentes habilidades. Milhares de homens e mulheres devem ser colocados em diferentes setores de produção e em diferentes níveis hierárquicos: os engenheiros e administradores no alto da pirâmide e os operários na base. Devem executar tarefas específicas, devem ser dirigidos e contro- lados’ [...]. d) O ressurgimento da Sociologia da Burocracia, a partir da descoberta dos trabalhos de Max Weber, o seu criado. Segundo essa teoria, um ho- mem pode ser pago para agir e se comportar de certa maneira preesta- belecida, a qual lhe deve ser explicada com exatidão, muito minuciosa- mente e em hipótese alguma permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho. A Sociologia da Burocracia propôs um modelo de organização e os administradores não tardaram em tentar aplicá-lo na prática em suas empresas. A partir daí, surge a Teoria da Burocracia na Administração. Max Weber criou aquilo que ele julgava ser a burocracia ideal. Silva (2008) lembra que os estudos de Weber tinham como objetivo criar uma estrutura estável para a organização, utilizando-se de hierarquia com regras bem definidas. O mesmo autor explica que, originalmente, a burocracia tinha as seguintes características: 1. Divisão de trabalho. 2. Hierarquia de autoridade. 3. Racionalidade. 4. Regras e padrões. 5. Compromisso profissional. 6. Registros escritos. 7. Impessoalidade (SILVA, 2008, p. 147). A burocracia, com essas características, faz com que a organização responda com consequências previsíveis em seu funcionamento sempre em busca da maior efi- ciência. Entretanto esta previsibilidade burocrática leva à ineficiência. A Teoria da Burocracia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 75 O próprio Weber notou a fragilidade da estrutura burocrática, que en- frenta um dilema típico: de um lado, existem pressões constantes de forças exteriores para encorajar o burocrata a seguir outras normas diferentes das da organização e, de outro lado, o compromisso dos su- bordinados com as regras burocráticas tende a se enfraquecer grada- tivamente. A organização, para ser eficiente, exige um tipo especial de legitimidade, racionalidade, disciplina e limitação de alcance (CHIA- VENATO, 1993, p. 429). Estudando com mais profundidade estas imprevisibilidades, Merton (1968 apud CHIAVENATO, 1993, p. 431) “deu o nome de disfunções da burocracia, para designar as anomalias de funcionamento responsáveis pelo sentido pejorativo que o termo burocracia adquiriu junto aos leigos no assunto”. Basicamente, as disfunções da burocracia são: 1. Internalização das regras e exagerado apego aos regulamentos. 2. Excesso de formalismo e de papelório. 3. Resistência a mudanças. 4. Despersonalização do relacionamento. 5. Categorização como base do processo decisorial. 6. Superconformidade às rotinas e procedimentos. 7. Exibição de sinais de autoridade. 8. Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público. Mesmo com os problemas que a burocracia pode acarretar em uma organização, é preciso que fique claro ser praticamente impossível administrar organizações a partir de um determinado tamanho, tendo em vista a complexidade que a estru- tura organizacional vai adquirindo com o decorrer do tempo. Chiavenato (1993, p. 462) conclui que “apesar de todas as limitações e restrições, a burocracia é tal- vez uma das melhores alternativas de organização, provavelmente muito superior a várias outras alternativas tentadas no decorrer do século XX”. PERSPECTIVA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E76 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, trouxemos para você, caro(a) aluno(a), elementos que nos leva- ram a discutir a evolução histórica da Teoria da Administração. Vimos, também, que a administração de empresas surgiu juntamente com as indústrias, na época da revolução industrial, e seus conceitos teóricos têm evoluído desde então. A primeira abordagem de conceitos teóricos da administração ficou conhe- cida como escola clássica da administração, e seu principal estudioso foi Taylor, no qual tratou da importância do tempo e movimento no processo de produ- ção, além de outros conceitos. Na sequência, apresentamos a teoria administrativa, abordando os concei- tos teóricos de seu principal representante, Henry Fayol. Sua contribuição foi desenvolver os princípios básicos da administração que, hoje, são conhecidos como PODC e utilizados em todo e qualquer processo de administração, além da importância da departamentalização e dos 14 princípios da administração. Por fim, discutimos a teoria da burocracia, na qual foi possível verificar que uma empresa sem burocracia terá muitas dificuldades em sua organização diá- ria. Entretanto nosso maior desafio deu-se com a desmistificação da burocracia, e procuramos mostrar que o problema não é a burocracia, mas o excesso desta. Assim, encerramos a Unidade II, com as teorias da administração, que pro- curam resolver os problemas que surgiam, principalmente na estrutura das organizações, como, a produção ou a na falta de departamentos organizacio- nais e regras de funcionamento. Na Unidade III, você será apresentado à escola das relações humanas e estu- dará o comportamento das pessoas na organização, aspecto deixado de lado pelas demais teorias vistas até o momento. 77 1. A revolução industrial contribuiu com transformações sociais que motivaram a necessidade de se estudar melhores práticas administrativas. Explique o con- texto social da época e o porquê da necessidade de se estudar as organizações. 2. Charles Chaplin, renomado comediante norte-americano, encenou o filme chamado Tempos Modernos. Assista aos primeiros 19 minutos e 50 segundos desse filme, disponível em: <https://youtu.be/3tL3E5fIZis> e aponte elemen- tos da Teoria da Administração Científica de Taylor que foi possível identificar no mesmo. 3. Henri Ford transformou a fabricação de automóveis incorporando a linha de montagem móvel. Tal condição de manufatura persiste até os dias de hoje com uma pequena diferença. Identifique qual é a diferença na linha de montagem dos dias atuais. 4. É sabido que nenhuma empresa consegue seradministrada sem o mínimo de burocracia, entretanto o excesso de burocracia causa o que ficou conhecido como disfunções da burocracia. Diante dessa informação, aponte quais são as disfunções da burocracia. 5. Os princípios da administração, conhecidos como P.O.D.C., surgiram durante a evolução das teorias clássicas da administração e foram sendo aprimoradas até os dias de hoje. Diante desta informação, explique quem foi o estudioso que criou esses princípios da administração e do que tratavam antes de evoluírem ao conhecido P.O.D.C. 78 Prática x Teoria, por que as pessoas confundem? Somente no final do século XIX, com a Revolução Industrial e com o conhecimento cien- tífico já em considerável desenvolvimento, que se percebe a administração como ciên- cia passível de conceitos teóricos aplicáveis, em situações semelhantes, de maneira a proporcionar resultados parecidos. Quando falamos de teoria, é preciso entender que esta nada mais é do que um conhe- cimento empírico que foi sistematizado e divulgado por meios formais, de maneira a seguir determinada metodologia em sua aplicação. Assim, quando ouvir alguém afirmar que, na prática, resultados são bem diferentes daquilo que se vê na teoria, retruque, pois a prática nada mais é do que a teoria escrita. Por que se fala tanto na diferença da prática e da teoria? Porque, principalmente nas teorias em ciências humanas, existe uma variável muito importante: o meio ambiente onde o ser humano se encontra. Este, dotado de livre arbítrio faz com que o ambiente esteja em constante transformação, portanto, para que se alcance resultados parecidos na aplicação de teorias humanas, no nosso caso, teorias da administração, é necessá- rio que se façam ajustes na aplicação dos conceitos teóricos, levando em consideração o contexto em que as pessoas ou empresas se encontram. Veja bem, estamos falando de ajustes na aplicação dos conceitos. Por exemplo, a teoria da motivação fala que as pessoas são movidas para satisfazer suas necessidades, entretanto as pessoas possuem necessidades diferentes. Ao aplicar esse conceito teórico, deve-se encontrar qual é a necessidade que move cada pessoa. O conceito permanece o mesmo, o que muda é o tipo de necessidade, que não pode ser generalizado. Ao entender essa regra de ajuste de contexto na aplicação de modelos teóricos, princi- palmente com a administração, fica fácil perceber porque podemos considerá-la a admi- nistração uma ciência que se mantém atual mesmo passado um período de quase 100 anos desde sua primeira aplicação. As empresas mudaram nesse período, certamente que sim. Só que a mudança ocorreu na tecnologia e não nos conceitos da administração. Ford implementou um processo de produção em série com a linha de montagem. A teo- ria científica da Administração proposta por Taylor adotava a especialização do operário, ou seja, cada funcionário deveria, em uma divisão de tarefas, ser responsável por apenas uma atividade, na qual pudesse desenvolver da melhor maneira possível. Ford não mu- dou esse conceito, ele simplesmente o aprimorou. Como? Com a linha de montagem em série, o trabalho vai até o trabalhador, fato este que proporcionou um ganho de produção fantástico. Utilizando a maneira de Taylor, ou seja, o trabalhador deve se dirigir ao trabalho, Ford conseguia fabricar um carro em 12h. Com seu ajuste na aplicação do conceito teórico de Taylor, divisão do trabalho e especialização do trabalhador, passou a fabricar um carro em, aproximadamente, 84 minutos. Faça as contas. 79 Outras teorias da administração surgiram nesse período de cem anos para tentar solu- cionar problemas que teorias antecessoras não podiam explicar. A Escola Clássica da Administração com suas diversas teorias resolviam questões estruturais da empresa, mas não conseguiam explicar a relação existente entre comportamento das pessoas e eficiência, pelo contrário, nem faziam menção a isso. Foi necessário, somente com as Teorias de Relações Humanas, que fatores comportamentais começassem a ser relacio- nados aos setores estruturais das empresas, como a produção, por exemplo. No entanto as teorias das relações humanas não se sobrepõem às teorias clássicas da administração, ao contrário, elas se complementam, e assim por diante. Podemos dizer que se esgotou tudo aquilo que poderia ser criado em termos de teorias da administração? Provavelmente não, até porque o avanço tecnológico proporciona novas maneiras de se executar o trabalho, e, com isso, pode-se desenvolver conceitos teóricos que possam ser replicados para as demais empresas, como a possibilidade de se trabalhar em casa, utilizando as facilidades atuais que existem com a utilização da Internet. Quem sabe você não será o próximo a desenvolver uma nova teoria da admi- nistração? Fonte: o autor. MATERIAL COMPLEMENTAR Germinal Ano: 1993 Sinopse: durante o Século XIX, os trabalhadores franceses eram explorados pela aristocracia burguesa, que dava condições miseráveis para seus empregados. Em uma cidade francesa, os mineradores de uma grande mineradora decidem realizar uma greve e se rebelam contra seus chefes, causando o caos. Comentário: ligando o fi lme ao conteúdo abordado: o fi lme Germinal retrata o contexto social na época da revolução industrial. A importância desse fi lme para o estudo das teorias da administração é entender a situação em que as teorias da escola clássica da administração surgiram. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. São Paulo: Makron, 1993. MAXIMIANO, A. C. A. Fundamentos de Administração - Manual Compacto Para Cursos de Formação Tecnológica e Sequenciais. São Paulo: Atlas, 2009. NEEDHAM, D. DRANSFIELD, R. Business Studies. Cheltenham - UK: McGraw-Hill Book, 1994. SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008. 81 GABARITO 1. O contexto no qual se deu a Revolução Industrial foi marcado por uma intensa desigualdade social, pois os trabalhadores tinham extensas jornadas de traba- lho extenuantes e nenhuma qualidade de vida o que comprometia o rendimen- to dos mesmos. Esta situação desencadeou a necessidade de estudar melhores práticas no processo de produção que favorecessem a eficiência e eficácia do processo produtivo. 2. Ao assistir o referido trecho do filme Tempos Modernos, é possível perceber di- versas referências aos elementos da Teoria da Administração Científica de Taylor tais como: A percepção de que o homem é uma extensão da máquina. A figura do supervisor. O trabalho repetitivo. A especialização do trabalhador. Os problemas causados pela excessiva repetição do trabalho. 3. Atualmente, a grande diferença no processo produtivo simplesmente é a auto- matização do trabalho, ou seja, o processo é praticamente o mesmo, tendo sido, apenas, substituído por robôs. 4. Basicamente, as disfunções da burocracia são: 1. Internalização das regras e exagerado apego aos regulamentos. 2. Excesso de formalismo e de papelório. 3. Resistência a mudanças. 4. Despersonalização do relacionamento. 5. Categorização como base do processo decisorial. 6. Superconformidade às rotinas e aos procedimentos. 7. Exibição de sinais de autoridade. 8. Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público. GABARITO GABARITO 83 5. Para Fayol, a função administrativa é a mais importante e deve ser dividida em: previsão, organização, comando, coordenação e controle, detalhados por Silva (2008, p. 135): • Previsão: tentativa de avaliar o futuro por meio de um plano e fazer provisões para realizá-lo (essa função deu origem à função de planejamento). A previsão comporta três aspectos: projeção (o futuro é uma continuação do passado); predição (o futuro não é continuação do passado, por fatores fora do controle da empresa); e planejamento(o futuro não é continuação do passado, mas por fatores sob controle da empresa). • Organização: mobilização dos recursos humanos e materiais para transformar o plano em ação. • Comando: estabelecimento de orientações para os empregados e obtenção das coisas feitas. • Coordenação: obtenção da unificação e harmonia de todas as atividades e es- forços. • Controle: verificação de que as coisas aconteçam em conformidade com as regras estabelecidas e expressas pelo comando. U N ID A D E III Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Discutir as teorias de transição. ■ Conceituar a Escola das Relações Humanas. ■ Apresentar a experiência de Hawthorne. ■ Discutir a respeito da Escola Comportamentalista. ■ Estudar a Teoria Estruturalista. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ As Teorias de Transição ■ A Escola das Relações Humanas ■ A Experiência de Hawthorne ■ A Escola Comportamentalista ■ A Teoria Estruturalista INTRODUÇÃO Como já vimos nas unidades anteriores, as teorias da Administração têm sur- gido numa sequência em que cada uma delas vem para tentar sanar problemas que as teorias predecessoras não conseguiram sanar. A Teoria da Administração Científica tentou apresentar soluções para os problemas encontrados na área da produção. A Teoria da Administrativa trouxe os princípios gerais da administra- ção e a departamentalização. A Teoria da Burocracia ateve-se às regras para o bom funcionamento da organização. Todas essas teorias têm em comum o fato de se aterem à estrutura organizacional, no entanto não foram capazes de resolverem todos os problemas que impediam as organizações de serem eficientes e eficazes. A partir desta percepção, alguns estudiosos começaram a se dar conta de que empresas são formadas por pessoas, e que estas não podem ser consideradas como extensões das máquinas. Assim, começaram a estudar o comportamento das pessoas dentro da empresa e como isso afetava o desempenho da organiza- ção. Surge, a partir desses estudos, a abordagem humanística da administração. Nesta unidade, abordaremos os aspectos humanísticos com ênfase na admi- nistração. Damos início com as teorias de transição, que sugerem a possibilidade de haver influência do comportamento humano nas organizações. Na sequência, a Teoria das Relações Humanas em que Elton Mayo desenvolve um estudo que ficou conhecido como experiência de Hawthorne, em que é apresentado fortes argu- mentos da influência das relações comportamentais e sociais no desempenho das empresas. Em seguida, apresentaremos a Teoria da Escola Comportamentalista, que observa os aspectos motivacionais, buscando entender os mecanismos que levam as pessoas a se dedicarem ao trabalho na organização e como motivá-las. Por fim, trazemos a Teoria Estruturalista, que vem desconstruir todas as teorias anteriores, tentando reescrever os conceitos até então estudados, apresentando novas abordagens teóricas. Espero que esta unidade contribua com seus estudos. Sucesso! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 87 PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E88 AS TEORIAS DE TRANSIÇÃO Como você deve ter percebido, no momento, os estudiosos da administração têm mantido sua atenção às questões estruturais da organização. Taylor e Ford focaram na produção, Fayol e Weber focaram na estrutura organizacional, ou seja, nenhum deles se aprofundou em questões humanas. Dois estudiosos, Mary Parker Follet e Chester Barnard foram os primei- ros a perceberem a existência da correlação entre a eficiência organizacional e o comportamento humano. Para eles, era importante que a administração levasse em consideração os desejos motivacionais do indivíduo no grupo. O que Mary Parker percebeu antes dos demais estudiosos, de que o ser humano tem necessidade de convívio social e, principalmente, ser aceito pelo grupo do qual faz parte, tanto que, em 1920, segundo Silva (2008), ela apresentou a tese de que “só poderia encontrar o verdadeiro homem na organização do grupo onde suas potencialidades individuais permaneçam até que elas sejam libera- das pela vida do grupo”. Follet (apud SILVA, 2008) percebeu, também, que os problemas enfrentados pelos gerentes das grandes empresas eram muito parecidos com os dos adminis- tradores públicos: poder, controle, participação e conflito. Dessa forma, para ela, o objetivo da administração é conseguir integrar as pessoas com a coordenação de suas atividades uma vez que a coordenação era o núcleo central da adminis- tração e Mary Parker Follet (apud SILVA, 2008, p. 173) expõe isso por meio de quatro princípios: As Teorias de Transição Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 89 1. Coordenação pelo contato direto entre os diversos níveis na orga- nização; 2. Coordenação do processo de planejamento, que deve envolver os participantes desde o início do processo; 3. Coordenação pelos relacionamentos recíprocos, em que todas as partes influenciam e são influenciadas por outros; 4. Coordenação como um processo contínuo, que não deve ter fim, como função administrativa nas organizações. Outro ponto que merece destaque é a Lei da Situação, também pensada por Follet. Segundo Silva (2008, p. 173), para ela, a situação concreta é que governa as ordens a serem dadas e a atenção que as pessoas darão a essas ordens”, ou seja, é necessário que se afaste os elementos subjetivos, como vontade pessoal do chefe, de modo que a própria situação determine o que é certo ou errado. Esse tipo de controle passa a responsabilidade para o grupo que, de acordo com a teoria de Follet, é o que tem o poder de decisão sobre como tratar as ordens recebidas da gerência. Essa forma de atuação sugere substi- tuir a coerção pela “co-ação”, de modo a mudar os conceitos de autori- dade e de poder desenvolvendo o “poder com” em vez do “poder sobre. Silva (2008, p. 174) resume os aspectos relevantes da filosofia de Mary Parker Follet em: • A redução do conflito, por meio de uma integração de interesses; • A obediência à lei da situação, para a integração do trabalho; • A elaboração de processos psicológicos básicos, para a integração dos indivíduos no grupo de trabalho. Assim como Mary Parker Follet, Chester Barnard também se inspirou para os seus estudos da administração, levando em consideração aspectos do compor- tamento humano. Segundo Silva (2008, p. 176), “Barnard desenvolveu estudos e teorias de organização cujo propósito era estimular o exame da natureza dos sistemas cooperativos”. Para Barnard, de acordo com Silva (2008, p. 176), “a orga- nização influencia as pessoas por meio do controle exercido por seus executivos, modificando seus comportamentos; [...] Se a cooperação resultar em processo, a meta será alcançada”. PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E90 O que Barnard sugere é relacionar eficiência/eficácia com o alcance de obje- tivos pessoais/organizacionais, ou seja, um sistema formal de cooperação requer um objetivo ou um propósito; se a cooperação resultar em processo, a meta será alcançada e o sistema será eficaz. O conceito de eficiência é diferente; eficiência cooperativa é o resul-tado das eficiências individuais, desde que a cooperação seja dirigida somente para satisfazer ‘motivos individuais’ (SILVA, 2008, p. 176). Para que você possa entender melhor, quando o indivíduo alcança objetivos pes- soais, ele está sendo eficiente, ao passo que o mesmo indivíduo torna-se eficaz quando alcança os objetivos organizacionais. Finalmente, [...] tanto Follet como Barnard buscavam desenvolver os meios para integrar as pessoas e as organizações. Follet focalizou mais as pessoas e como elas podiam direcionar seus esforços para os objetivos; Barnard estudou tanto a parte formal quanto a informal das organizações (SIL- VA, 2008, p. 179). A ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS Como vimos, anteriormente, os estudiosos da administração vinham se preo- cupando apenas com o processo de produção dentro das organizações. Apesar de todos os esforços despendidos, os administradores continuavam enfrentando dificuldades em melhorar a eficiência e eficácia organizacional. As teorias exis- tentes não estavam conseguindo sanar todos os problemas. Por causa disso, algumas teorias começaram a relacionar o comportamento humano com a produtividade. Mary Parker Follet e Chester Barnard foram os primeiros a ten- tarem esta abordagem. No mesmo período, surge o que ficou conhecido como a Psicologia Industrial, uma tentativa de suprir as lacunas deixadas por Taylor em suas teorias da Administração Científica. Silva (2008) relata que a psicolo- gia industrial foi desenvolvida por Hugo Munsterberg, que procurou combinar A Experiência de Hawthorne Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 91 as habilidades dos novos empregados com as demandas de trabalho da organi- zação. Em resumo, a psicologia do trabalho da época apoiava-se em dois fatores: 1. Análise e adaptação do trabalhador ao trabalho, em que os estudos predominantes eram sobre processo de seleção do pessoal, métodos de aprendizagem do trabalho e fadiga/acidentes no trabalho; 2. Análise e adaptação do trabalho ao trabalhador, em que os temas predominantes eram sobre o estudo da motivação da liderança e os relacionamentos interpessoais nas empresas (SILVA, 2008, p. 185). Munsterberg destaca-se por ter sido o primeiro a pensar a eficiência e eficácia da administração científica com foco no indivíduo e nos benefícios sociais obti- dos por meio da aplicação do método científico. Depois de Munsterberg, muitos outros estudiosos apareceram. A EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE Nenhuma outra experiência relacionada à administração, no início do século XX, teve tanto destaque quanto a experiência de Hawthorne. Maximiano (2009, p. 44) destaca o fato dessa experiência ter sido um dos eventos mais importantes na histó- ria do enfoque comportamental na administração, pois revelou “a importância do grupo sobre o desempenho dos indivíduos e deu a partida para os estudos sistemá- ticos sobre o sistema social das organizações”. O mesmo autor continua apontando que a Experiência de Hawthorne “demonstrou que o principal fator determinante da produtividade era o comportamento dos funcionários” (MAXIMIANO, 2009, p. 44). A colaboração na sociedade industrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos do pro- gresso humano. (Elton Mayo) PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E92 As conclusões que a experiência de Hawthorne proporcionou foi perceber cla- ramente a relação existente entre produção e integração social, em que o nível de produção é determinado por normas sociais e expectativas do grupo. Por conta disso, o comportamento social dos empregados ajusta-se aos padrões do grupo para não sofrer punições sociais, como ser excluído das festinhas na casa dos colegas de trabalho. A teoria das Relações Humanas só se consolidou como uma teoria da admi- nistração após a realização de um amplo trabalho de pesquisa na empresa Western Eletric, dividido em quatro fases: A 1ª fase da experiência de Hawthorne comprovou a preponderância do fa- tor psicológico sobre o fator fisiológico: a eficiência dos operários é afetada por condições psicológicas. A 2ª fase da experiência concluiu que as moças gostavam de trabalhar por- que era divertido e a supervisão permitia trabalhar com liberdade e menor ansiedade, favorecendo a formação de uma equipe que desenvolveu obje- tivos comuns. Na 3ª fase da experiência de Hawthorne, os pesquisadores se afastaram do objetivo inicial de verificar as condições físicas de trabalho e passaram a se fixar no estudo das relações humanas no trabalho. A 4ª fase da experiência de Hawthorne permitiu o estudo das relações entre a organização informal dos empregados e a organização formal da fábrica. Fonte: adaptado de Chiavenato (2003). É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de compe- tência e eficiência e não sua capacidade de executar movimentos eficientes dentro do tempo estabelecido. (Elton Mayo) A Experiência de Hawthorne Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 93 Sem sombra de dúvidas, a escola das relações humanas foi um avanço signifi- cativo para os estudos da administração, entretanto, como tudo na vida, essa teoria também recebeu críticas que Silva (2008, p.196-197) apresenta-nos: 1. Validade científica: muitas das conclusões não são sustentadas por adequada evidência científica. 2. Miopia dos enfoques: [...] a. Falta de foco adequado no trabalho: muita ênfase nos relaciona- mentos interpessoais e nos grupos informais; b. Negligência da dimensão da satisfação do trabalho: excesso de motivação econômica para controlar o comportamento humano; c. Pesquisas das relações humanas concernentes a operários: os níveis gerenciais não podem ser delineados em termos de com- portamento, mesmo de forma simples, com base nesses estudos. 3. Super Preocupação com a felicidade: os estudos de Hawthorne su- geriam que ‘empregados felizes serão empregados produtivos’. Essa relação entre felicidade e satisfação no trabalho é infeliz, porque re- presenta uma visão simplista da natureza do homem. 4. Mal entendido do sentido de participação: alguns dos estudiosos pós-Hawthorne viam a participação como um lubrificante que re- duziria a resistência à autoridade formal e levaria os trabalhadores ao alcance das metas organizacionais. 5. Visão da decisão de grupo: mesmo com a evidência da pesquisa sobre a superioridade da decisão individual; o indivíduo não quer perder sua identidade ou não quer ser identificado só pelo grupo. 6. Geração de conflitos: a teoria falhou em reconhecer o conflito como uma força criativa na sociedade; os estudiosos acreditavam que o conflito era ruim e deveria ser minimizado. [...] o conflito existe e, se adequadamente tratado, pode trazer ajustes e resultados mais eficazes. 7. Anti-individualismo: o movimento das relações humanas é anti-in- dividualista. Aqui, a disciplina do chefe é simplesmente substituí- da pela disciplina do grupo, forçando o indivíduo a sacrificar seus valores pessoais e atitudes na sufocante conformidade aos padrões grupais. PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E94 A ESCOLA COMPORTAMENTALISTA Elton Mayo abriu caminho para o estudo do comportamento humano na admi- nistração das empresas. A partir de então, diversos estudiosos passaram a se dedicar em tentarcompreender os resultados administrativos por uma pers- pectiva comportamental. O que Mayo descobriu, e que foi aceito por todos os estudiosos das teorias administrativas, foi a existência dos grupos informais. Nesse mesmo caminho, Kurt Lewin alia a psicologia com a administração de empresas e passa a estudar o comportamento dos pequenos grupos organiza- cionais. Silva (2008) afirma que o núcleo central da teoria de Lewin enfatiza a coesão grupal, padrões grupais, motivação, participação, processo decisório, pro- dutividade, tensões, estilos de liderança etc. Outro aspecto importante do estudo do comportamento humano tem relação com a motivação. Silva (2008, p. 203) explica que a “motivação é alguma força direcionada dentro dos indivíduos, pela qual eles tentam alcançar uma meta, a fim de preencher uma necessidade ou expectativa”. T. R. Mitchel (1982 apud SILVA, 2008, p. 204) identificou quatro caracterís- ticas específicas para definir motivação: A motivação é definida como um fenômeno individual: cada pessoa é única, e todas as teorias maiores assim o consideram; A Escola Comportamentalista Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 95 A motivação é descrita, geralmente, como intencional: considera-se que esteja sob o controle do trabalhador, e comportamentos que são influenciados pela motivação são vistos como escolhas de ação; A motivação é multifacetada: os fatores de maior importância são: (1) o que mantém as pessoas ativas (estímulo) e (2) a força de um indivíduo para adotar o comportamento desejado (escolha do comportamento); O propósito das teorias de motivação é predizer o comportamento: a motivação não é comportamento em si, e não é desempenho; motiva- ção se refere à ação e às forças internas e externas que influenciam a escolha de ação de um indivíduo. Perceba, na Figura 1, que a motivação é um ciclo que se inicia no item 1, com a insatisfação individual por alguma necessidade não atendida, e segue pelos itens 2, 3, 4, 5 e 6, com ações na tentativa de resolver a situação identificada em 1. Ao contrário do que você possa pensar, o ciclo não tem fim. A maioria das pessoas sempre terá necessidades a serem satisfeitas, então, ao encerrar um ciclo, um novo se inicia, e mais, é possível que mais de uma necessidade ocorra simulta- neamente, portanto, vários ciclos motivacionais irão acontecer simultaneamente. 1 2 3 45 6 Necessidade individual não satisfeita Procura das alternativas Escolha da alternativa para alcança o satisfator da necessidade Tomada de ação para o alcance do satisfator da necessidadeReavaliação da situação O indivíduo continua não motivado a satisfazer a necessidade deste modo Figura 1 - O ciclo da motivação Fonte: Silva (2008, p. 206). Das diversas teorias de motivação existentes, uma das mais conhecidas é a teoria da hierarquia das necessidades, de Maslow. Esta teoria propõe que os indivíduos terão seus comportamentos direcionados a suprir suas necessidades mais ime- diatas priorizadas, conforme a Figura 2. PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E96 Fisiológicas Segurança Sociais Estima Necessidades de sobrevivência(básica) Necessidades de Motivação (crescimento) Autorrealização Figura 2 - A hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Silva (2008, p. 211). A motivação das pessoas dá-se conforme cada uma das necessidades é suprida, ou seja, para Maslow, as pessoas vivem para satisfazer suas necessidades mais ime- diatas. Conforme vão sendo realizadas, Maslow acredita na existência de uma hierarquia, de maneira que a satisfação de uma necessidade é o ponto de partida para iniciar a satisfação por uma nova que venha na sequência. A partir de Maslow, outras teorias surgiram, entretanto o núcleo se mantém muito parecido com algumas variações, as quais podemos verificar na Figura 3: Teoria da hierarquia das necessidades (Maslow) As necessidades devem ser alcançadas em ordem hieráquica Necessidades não satisfeitas podem estar em qualquer nível ao mesmo tempo Fatores de manutenção (higiene) não motivarão os empregados As necessidades de motivação são desenvolvidas por meio da experiência Autorrealização Estima Sociais Segurança Fisiológicas Realização e poder Realização e poder Associação(a�liação) Não classi�cadas Não classi�cadas Motivador Motivador Manutenção Manutenção Manutenção Crescimento Crescimento Relacionamento Existência Existência Teoria ERC (Alderfer) Teoria dos dois fatores (Herzberg) Teoria das necessi- dades adquiridas (McClelland) Figura 3 - Uma comparação das quatro teorias de conteúdo de motivação Fonte: Silva (2008, p. 220). A Escola Comportamentalista Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 97 Bastante importante na escola comportamentalista são as Teorias X e Y de McGregor. Nessas teorias, McGregor (1960 apud SILVA, 2008, p. 232) afirma que “toda decisão administrativa tem consequências sobre o comportamento dos indivíduos. A administração bem-sucedida depende – não só, mas bastante - da capacidade para predizer e controlar o comportamento humano”. Basicamente, as Teorias X e Y tratam dos extremos do comportamento humano, como podemos ver no Quadro 1: Quadro 1 - As características das Teorias X e Y Centrada na produção Autocrática Controle externo Centrada no empregado Democrática Controle interno Supervisão próxima, com comportamento diretivo. Ênfase no controle, na coreção e na punição As pessoas são preguiçosas, têm falta de ambição, precisam ser conduzidas e têm baixo nível de motivação As pessoas, por natureza, gostam do trabalho, querem fazer o melhor e são motivadas pelo autocontrole e autodesenvolvimento. Ênfase no crescimento, na autonomia e na recompensa. Supervisão ampla, com comportamento de apoio. TEORIA X TEORIA Y Papel Gerencial Enfoque Principal Natureza Humana Fonte: Silva (2008, p. 234). Em resumo, a Teoria X supõe que o homem seja, por natureza, indolente, não se interessa pelo trabalho, não tem ambição, desgosta da responsabilidade e prefere ser dirigido. Já a Teoria Y contrapõe a Teoria X, dizendo que o indivíduo não é, por natureza, preguiçoso e não confiável. A importância dessas teorias é o fato de que, conhecendo as pessoas que tra- balham na organização, é possível tentar classificá-las em uma das duas teorias e, assim, propor um modelo de gestão específico. PERSPECTIVA HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E98 A TEORIA ESTRUTURALISTA O estruturalismo é uma teoria que surge para contestar as escolas da adminis- tração científica e das relações humanas. Seu principal representante é Amitai Etzioni, que julgou as teorias até então elaboradas sobre a administração como sendo insatisfatórias. Silva (2008) aponta que Etzioni tentava, por meio do estruturalismo, reconhecer que os fenômenos organizacionais interligam-se, interpenetram e interagem de tal modo que qualquer modificação ocorrida em uma parte da organização afetaria todas as outras partes. A administração estruturalista pode ser caracterizada pelos seguintes elementos: • A organização é concebida como um sistema social aberto e delibe- radamente construído; • Os conflitos são considerados inevitáveise até muitas vezes desejá- veis, no que se refere às relações empresa-empregado; • Os incentivos mistos são recomendados para a motivação dos fun- cionários, em lugar de recompensas materiais (dinheiro) somente, como fonte única de estimulação; • O sentido de ‘homem organizacional’ em contraposição ao ‘homem administrativo’, do comportamentalismo, ao ‘homem social’, da di- nâmica de grupo, e ao ‘homem econômico’, da administração cien- tífica, de Taylor; • São visados ‘resultados máximos’, à semelhança da Escola Clássica e em oposição ao comportamentalismo, que visa resultados satisfató- rios (SILVA, 2008, p. 261). Etzioni foi mais um estudioso que tentou estabelecer melhores maneiras de se administrar as organizações, para tanto, ele considera as organizações como agrupamentos coletivos de pessoas que se estabelecem em buscas de objetivos comuns. Isto é, todos os integrantes da organização precisam buscar os objeti- vos da organização, caso contrário, esta deixará de existir. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 99 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, abordamos a evolução dos estudos da Administração, desde seus primeiros passos a partir dos primórdios da civiliza- ção humana até as teorias modernas da administração. As teorias foram surgindo em uma sequência em que, no primeiro momento, a preocupação central era com a produção, ou seja, o “chão de fábrica”. Entretanto os pesquisadores percebe- ram que, além da produção, a empresa também é constituída por outros setores com a mesma importância, e foi justamente aí que a Teoria da Administrativa manteve seu foco. Mesmo assim, essa teoria não conseguiu resolver todos os pro- blemas e, na tentativa de complementá-la, estabeleceu-se a Teoria da Burocracia. Alguns pesquisadores foram se dando conta, em relação ao comportamento das pessoas na organização. Para tanto, temos as teorias de Transição e das Relações Humanas, que sugerem correlações entre comportamento e produtivi- dade. A Escola Comportamentalista passa a focar seus estudos no comportamento do ser humano dentro da organização e desenvolve estudos específicos voltados à motivação, à liderança e ao poder. Por fim, caro(a) aluno(a), a Teoria Estruturalista surge com novas ideias colocando em debate tudo o que se havia estudado até então, oferecendo uma nova perspectiva de como administrar as organizações de maneira mais eficiente e eficaz. O importante a ser destacado é o fato de todas as teorias terem contri- buído com o desenvolvimento da administração, pois, como pudemos ver, cada teoria que surgia complementava uma lacuna existente em teorias anteriores. Espero que tenha sido proveitoso para você, caro(a) acadêmico(a), ter estu- dado esta unidade, e que eu possa ter contribuído com o seu desenvolvimento intelectual. Sucesso e até a próxima unidade. 100 1. Ao perceber que as teorias clássicas não eram suficientes para responder todas as questões que surgiam nas organizações, dois estudiosos, Mary Parker Follet e Chester Barnard, elaboraram alguns conceitos que ficaram conhecidos como Teorias de Transição. Assim, com base no enfoque dado por essa teoria, analise as sentenças a seguir: I. Para Mary Parker Follet a redução do conflito deveria ocorrer como conse- quência de uma integração de interesses. II. A integração do trabalho deveria ser consequência da obediência à lei da situação. III. A empresa deveria incentivar a elaboração de processos psicológicos bási- cos como forma de integrar os indivíduos em seus grupos de trabalho. IV. Chester Barnard explica que a redução do conflito na empresa se daria por meio da obrigatoriedade da participação dos indivíduos em grupos de te- rapia. Assinale a alternativa correta: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II e IV, apenas. 101 2. O estruturalismo é uma teoria que surge para contestar as escolas da Adminis- tração Científica e das Relações Humanas. Seu principal representante é Amitai Etzioni, que julgou as teorias, até então elaboradas sobre a administração in- satisfatórias. O estudioso tentava, por meio do estruturalismo, reconhecer que os fenômenos organizacionais interligam-se, interpenetram e interagem de tal modo que qualquer modificação ocorrida em uma parte da organização afeta- ria todas as outras partes. Diante disso, marque V no que for verdadeiro e F no que for falso a respeito dos elementos da Teoria Estruturalista. ( ) A organização é concebida como um sistema social fechado e delibera- damente construído. ( ) Os incentivos financeiros são recomendados para motivação dos funcio- nários como fonte única de estimulação. ( ) Os incentivos financeiros são recomendados para motivação dos funcio- nários como fonte complementar de estimulação. ( ) A organização é concebida como um sistema social aberto e indelibera- damente construído. Assinale a alternativa correta: a) V, V, F, F. b) F, F, V, V. c) V, V, F, V. d) V, V, V, F. e) F, F, V, F. 3. Os estudos da motivação são um outro aspecto de importância a respeito do comportamento humano. Quando bem direcionada, a força da motivação di- reciona os indivíduos na busca de satisfazer suas necessidades. Assim, assinale a alternativa correta a respeito da motivação. a) A motivação é definida como um fenômeno individual que recebe influên- cia do comportamento do grupo. b) A motivação é descrita, geralmente, como intencional. c) A motivação é intencional e está sob controle do empregador. d) O propósito das teorias de motivação é predizer os interesses e necessida- des do grupo. e) A motivação refere-se à ação e às forças internas e externas que influenciam a escolha de ação de um grupo. 102 4. A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow é uma das mais conhecidas teorias de motivação. Diante dessa informação, enumere corretamente as ne- cessidades com a ordem de satisfação. ( ) Estima. ( ) Sociais. ( ) Fisiológicas. ( ) Autorrealização. ( ) Segurança. Assinale a alternativa com a sequência correta: a) 1, 2, 3, 4, 5. b) 5, 4, 3, 2, 1. c) 4, 3, 1, 5, 2. d) 2, 1, 5, 1, 4. e) 3, 5, 2, 4, 1. 5. A teoria X e Y de McGregor diz que toda decisão administrativa tem consequ- ências sobre o comportamento dos indivíduos de modo que o sucesso organi- zacional depende, inclusive, da capacidade de predizer e controlar o compor- tamento humano. Assim, analise as asserções a seguir: I. A teoria Y supõe que o homem seja, por natureza, indolente, não se interessa pelo trabalho, não tem ambição, desgosta da responsabilidade e prefere ser dirigido. PORQUE II. A teoria X supõe que o homem não seja, por natureza, mas que se interesse pelo trabalho, não tem ambição, desgosta da responsabilidade e prefere ser dirigido. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa cor- reta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justifica- tiva correta da I. c) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 103 Teorias comportamentais e motivacionais: como agradar a todos Qualquer pessoa que trabalhe com público dirá que lidar com gente é uma das coisas mais difíceis de se fazer. Por que isso acontece? Simples. Cada pessoa é um indivíduo di- ferente, com desejos diferentes, aspirações diferentes, gostos diferentes etc. Assim, não existeuma maneira nem mesmo uma fórmula que consiga ser utilizada e possa atender às exigências e às necessidades de todas as pessoas da mesma maneira. Diversas teorias de comportamento e motivação foram criadas, buscando resolver, ou, pelo menos, compreender, o funcionamento dos indivíduos. O que se pode perceber após estudar essas teorias é o fato de não existir nenhuma que tenha conseguido es- gotar o assunto e oferecer a solução para generalizar a individualidade, ao contrário, cada teoria comportamental acaba complementando as demais, apresentando pontos de vistas e comportamentos que não foram percebidos anteriormente. A única certeza que se tem é: as pessoas são diferentes em muitos aspectos, mas, quando o indivíduo se encontra em grupo, há uma tendência de se comportar de forma homogênea, com pe- quenas alterações, por exemplo: um time de futebol busca vencer o campeonato, todos têm o mesmo desejo e farão tudo que for possível para que isso aconteça (necessidade de grupo agindo de forma generalizada). Para motivar ainda mais os jogadores, é ofere- cido um prêmio em dinheiro. Isso só terá resultado conforme a necessidade individual. Mesmo em uma sociedade capitalista na qual se prega o consumo, nem todas as pesso- as são movidas pelo dinheiro como principal força motivadora. Muitas pessoas não são motivadas pelo acúmulo de riqueza (necessidades individuais), mas o que acontece quando essas pessoas se inserem em um ambiente onde poder e riqueza se misturam (comportamento em grupo), como os setores do governo de um país, estado ou cidade? O que é possível perceber é uma contaminação do desejo do grupo. Agora, isso acontece porque ele é formado por uma maioria que tem necessida- de individual muito parecida (acumular riqueza) e, como o ser humano é, em essência, um ser social que busca a vida em grupo, a pessoa que não tem o acúmulo de riqueza como principal necessidade pode: ignorar, deixar-se levar pelo grupo e procurar acu- mular riqueza, ou lutar contra e ser isolada do grupo. Esta última situação pode levar a pessoa a ter diversos problemas psicológicos e de saúde, caso ela não tenha um suporte emocional equilibrado. É por isso que mudar o comportamento do grupo é muito difícil, pois, ao se sentir ameaçado, o grupo isola o ameaçador. Assim, entender o comportamento do grupo pode ser uma forma mais interessante para buscar ferramentas motivacionais na empresa, porque, mesmo não agradando a todos, agradar a maioria acaba sendo sempre a estratégia que causa menos problema, mas também não será a melhor estratégia. A melhor, sem sombra de dúvida, é agradar ao grupo e ao indivíduo ao mesmo tempo. Como fazer isso? Descubra, e eu garanto que você, no mínimo, será indicado para ganhar o próximo prêmio Nobel. Fonte: o autor. MATERIAL COMPLEMENTAR Teorias da Administração Reinaldo Oliveira da Silva Editora: Prentice Hall Brasil Sinopse: o professor Reinaldo O. da Silva desenvolveu uma descrição das teorias administrativas e de seus principais pensadores, facilitando aos estudantes o entendimento do contexto em que os conceitos foram desenvolvidos e sua aplicação prática. Apresentando os fundamentos das diversas abordagens teóricas da administração – desde as abordagens das civilizações antigas até as práticas mais recentes – Teorias da Administração apresenta novos estudos de casos, que permitem ao aluno relacionar os conceitos estudados com a realidade empresarial de hoje. Ilustrado com fi guras e quadros, que ajudam a fi xar o conteúdo, o livro traz, ainda, sugestões de links da Internet, para que o leitor aprofunde seu conhecimento, e um site de apoio com recursos adicionais para estudantes e professores. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangen- te da moderna administração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. ______. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. MAXIMIANO, A. C. A. Fundamentos de Administração - Manual Compacto Para Cursos de Formação Tecnológica e Sequenciais. São Paulo: Atlas, 2009. SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008. 105 GABARITOGABARITO 1. D. 2. E. 3. B. 4. C. 5. E. U N ID A D E IV Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Discutir a Teoria de Sistemas. ■ Conceituar a Teoria Contingencial. ■ Apresentar conceitos referentes ao desenvolvimento organizacional. ■ Discutir sobre os elementos essenciais da cultura e do clima organizacional. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ A Teoria de Sistemas ■ A Teoria Contingencial ■ O Desenvolvimento Organizacional ■ Cultura e Clima Organizacional INTRODUÇÃO As Teorias da Administração têm evoluído no sentido de resolver problemas das organizações, partindo da estrutura, da necessidade de regras até o comporta- mento das pessoas nas empresas e a necessidade de motivá-las. Agora, trataremos das modernas teorias que surgem com aspectos no intuito de continuar tentando resolver questões administrativas em busca da eficiência e da eficácia dos pro- cessos organizacionais. Nesta Unidade IV, iniciaremos abordando a Teoria de Sistemas, que trata da organização como uma entidade constituída por diversas partes interdependen- tes e inter-relacionadas de maneira que todas essas partes, que na verdade são os departamentos das empresas, devem trabalhar em busca de alcançar metas depar- tamentais, contribuindo para que a empresa alcance seus objetivos principais. Na sequência, falaremos da Teoria Contingencial, que estabelece a prática de se tratar situações diferentes com abordagens diferentes, ou seja, para a Teoria Contingencial, não é possível resolver os problemas das empresas com soluções iguais: antes de qualquer aplicação teórica, faz-se necessário contextualizar a rea- lidade na qual a organização está inserida. Continuando nesta unidade, trataremos do Desenvolvimento Organizacional, teoria esta que estabelece a necessidade de se enxergar a empresa como um pro- cesso sistemático de mudanças que devem ocorrer na medida em que a empresa vai amadurecendo, de modo a se manter a eficácia na solução dos problemas. Por fim, abordaremos a cultura e Cultura Organizacional, mostrando o quanto os valores individuais e da sociedade influenciam nas organizações e suas admi- nistrações. Ficará evidente para você que, no mundo conectado pela internet como vivemos hoje, a cultura tem papel fundamental no sucesso das empresas. Esta unidade é muito importante para o seu estudo, e espero que possa ser bastante proveitosa para você. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 109 PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E110 A TEORIA DOS SISTEMAS A origem da Teoria Geral dos Sistemas remete ao século XX, mais precisamente ao ano de 1940, quando o biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy conduziu estudos, conforme Silva (2008), a respeito do metabolismo, estados estáveis, cres- cimento e sistemas abertos, por meio de conceitos encontrados na química-física, cinemática e termodinâmica. Seu objetivo era justamente olhar os problemas por uma perspectiva holística, ou seja, sob um ponto de vista mais amplo, de modo a englobar todos os aspectos que pudessem contribuir com o desenvolvimento do problema em questão, ou seja, tratar o problema como um sistema. Bertalanffy (1975) defendia a ideia de que não somente os aspectos geraisdas diferentes ciências são iguais, como as próprias leis específicas de cada uma delas podem ser utilizadas de forma sinérgica pelas outras. A partir des- sa tese, Bertalanffy (1975) desenvolveu a Teoria Geral dos Sistemas, cujos principais pressupostos são: • Há uma tendência geral no sentido da integração das várias ciências, na- turais e sociais. • Esta integração parece se centralizar em uma Teoria Geral dos Sistemas. • Esta teoria pode ser um importante meio para alcançar uma teoria exata nos campos não físicos da ciência. • Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente o universo das ciências individuais, esta teoria aproxima-nos da meta da unidade da ciência. • Isto pode conduzir à integração, muito necessária na educação científica. Fonte: Bertalanffy (1975 apud FERREIRA, 2002, p. 58). A Teoria dos Sistemas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 111 Alguns pesquisadores perceberam que era possível aproveitar a teoria dos sistemas para responder alguns problemas que apareciam na organização. Assim, Silva (2008) diz que a abordagem para as organizações cresce, em parte, pelos trabalhos dos biólogos, mas foram E. J. Miller e A. K. Rice (1967) que correlacionam as organizações industriais e comerciais ao organismo biológico. Ferreira et al. (2002) complementam Silva apontando os pesquisa- dores Johnson, Kast e Rosenzweig (1972) como os primeiros a defender que a integração da Teoria dos Sistemas à Teoria Administrativa levaria a um apri- moramento da administração. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS), que deriva do pensamento sistêmico, deixa perceptível a importância deste para a Psicologia, a Sociologia, a Economia e muitas outras ciências. No entanto sua denominação, quando aplicada às organizações, é Teoria dos Sistemas. Silva (2008) lembra que, na época do sur- gimento da TGS, logo após a Segunda Guerra Mundial, o mundo apresentava uma visão atomística, ou seja, para entender um problema bastava dividi-lo em partes distintas e analisar seus conteúdos, separadamente. O mesmo autor com- plementa que os teóricos de sistemas buscavam explicar a organização como um todo, ou seja, apesar das diversas partes possíveis de serem divisíveis, era necessário entendê-las em conformidade com o todo. Dessa forma, Maximiano (2009) define sistemas como um todo complexo ou organizado, um conjunto de partes ou elementos que formam um todo unitário ou complexo. Para o autor, qualquer entendimento da ideia de sistemas compreende: • Um conjunto de entidades chamadas partes, elementos ou compo- nentes. • Alguma espécie de relação ou interação das partes. • A visão de uma entidade nova e distinta, criada por essa relação, e que se revela quando se olha o conjunto (MAXIMIANO, 2009, p. 47). Silva (2008, p. 320) define sistemas “como um conjunto de elementos interagen- tes e interdependentes relacionados cada um ao seu ambiente de modo a formar um todo organizado”. Fica claro, a partir de agora, que o mundo começa a mudar sua concepção, deixando de lado visão atomística para visão holística, como mostra o Quadro 1: PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E112 Quadro 1 - Diferenças entre as concepções atomística e holística CONCEPÇÃO DO MUNDO Dimensão Atomística Holística Orientação Uma entidade pode ser entendida somente em termos de suas partes. Uma entidade pode ser comple- tamente entendida somente em termos da organização de suas partes e das partes em si. Organização da ciência Crescente diferenciação. Unificação das disciplinas cien- tíficas altamente diferenciadas. Orientação em direção à causalidade Estrita causalidade: a entidade é passiva. Admissão de comportamento emergente. Relacionamento observador com o fenômeno observado Independente. Não necessariamente independente. Fonte: Silva (2008, p. 319). A Teoria dos Sistemas procura, de certa maneira, responder todas as outras teorias, ou seja, sua ideia era tentar substituir as demais de modo a facilitar o entendimento do mundo. Boulding (apud SILVA, 2008, p. 322) afirma que, mais do que essa ideia de tentar entender o mundo por meio de uma única teoria, a TGS tinha como propósito estabelecer um meio adequado e justo entre ‘o espe- cífico, que não tem significação, e o geral, que não tem conteúdo’. Para tanto, Boulding descreveu uma hierarquia de sistemas com nove níveis, que pode ser visualizada por completo na Quadro 2: Quadro 2 - Níveis de sistemas por Boulding 1. Sistemas de estrutura estática: os de níves mais básicos, também chamados de níveis de armação (estruturação, como anatomia do universo); 2. Sistemas dinâmicos simples: aqueles que já incorporam necessariamente movimentos predeterminados (como os mecanismos de relógios); 3. Sistemas cibernéticos: os que se caracterizam por mecanismos automáticos de controle do feedback (como os termostatos); 4. Sistemas abertos: que são estruturas automantidas, nível em que começa a diferenciação entre vida e não-vida(como células orgânicas); 5. Sistemas genético-sociais: aqueles tipificados pelas plantas, que apresentam divisão de trabalho entre as partes, células etc.; A Teoria dos Sistemas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 113 6. Sistemas animais: caracterizados pelo aumento, pela mobilidade, pelo com- portamento teleológico e pela autoconsciência; 7. Sistemas humanos: os individuos considerados sistemas, como autoconsci- ência e habilidade para usar a linguagem e os simbolismos em seu processo de comunicação; 8. Sistemas sociais: também chamados sistemas de organizações humanas, com a consideração do conteúdo e o significado das mensagens, natureza e as dimensões dos sistemas de valores, a transcição de imagens em registros históricos, as simbolizações da arte, música e poesia, e a complexa gama de emoções humanas; 9. Sistemas transcendentais: aqueles últimos absolutos, inevitáveis e irreconhe- cíveis, que também apresentam estrutura e relacionamento sistemáticos. Fonte: Silva (2008, p. 322). Dos níveis de sistemas apresentados na figura anterior, o item 4 (sistemas aber- tos) é aquele que merece destaque quanto à correlação com organizações. Silva (2008, p. 322-323) define como características dos sistemas abertos: 1. O ciclo de eventos: toda organização se engaja em um ciclo de eventos que envolve a ‘importação’, a transformação e a ‘exportação’ de energia (entradas, transformação e saídas). 2. Entropia negativa: significa que um sistema aberto, para sobreviver ou crescer, deve absorver mais energia do que liberar, o que normalmente não ocorre nas organizações. 3. O processamento da informação: os sistemas devem ter processos de codificação que selecionem as informações entrantes. As organizações não podem processar todas as informações disponíveis em seu ambiente, uma vez que a quantidade de processamento é limitada. 4. O crescimento e a manutenção: o sistema aberto está em contínua intera- ção com seu ambiente e alcança um ‘estado estável’ ou ‘equilíbrio dinâmico’. O balanceamento ao longo do tempo das tendências de crescimento e de manutenção serve para manter o caráter básico do sistema. 5. Equifinalidade: é a característica que define que um sistema aberto pode alcançar o mesmo estado final a partir de diferentes condições iniciais e por meio de uma variedade de caminhos. PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃOReprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E114 O livro A psicologia social das organizações, escrito por Daniel Katz e Robert Kahn, na década de 60, segundo Silva (2008), defende a Teoria de Sistemas Abertos, nos estudos organizacionais. Nesta obra, ainda segundo os autores, Katz e Kahn apresentaram primeira visão das organizações sobre uma perspectiva social cuja abordagem enfatizava dois aspectos dos padrões de comportamento social: com- portamento dependente de outras partes e abertura de insumos ambientais, de modo que as organizações estejam continuamente em um “estado de fluxo”. Esta ideia pode ser melhor visualizada na figura a seguir. AMBIENTE RETROALIMENTAÇÃO Estágio de insumo Estágio de conversão Estágio de produto A organização obtém insumos do seu ambiente Vendas de produtos permitem que a organização obtenha novos fornecedores de insumos A organização transforma insumos e adiciona valores a eles A organização libera produtos para o seu ambiente Matérias-primas Capital e recursos Recursos humanos Maquinários Computadores Habilidades humanas Bens Serviços Figura 1 - A organização como um sistema aberto Fonte: Silva (2008, p. 326). A empresa pode ser considerada um ser vivo, pois há entradas nas quais se ingere recursos e os transforma em produtos e serviços, de modo que suas saídas são um processo de transformação necessário a vida, ou seja, a con- tinuação da empresa. Fonte: adaptado de Chiavenato (2007, p. 374). A Teoria Contingencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 115 Apesar de tentar apresentar uma teoria que pudesse solucionar todos os pro- blemas da organização, a TGS sofreu, como todas as outras teorias, algumas críticas às suas abordagens. Dentre elas destacamos Ferreira (2002), que afirma ser uma das mais severas críticas à abordagem sistêmica na administração, o fato desta dar uma excessiva ênfase científica no tratamento dos problemas organi- zacionais. O autor continua explicando que, mesmo ao apresentar semelhanças com um sistema biológico, o sistema administrativo possui características pró- prias às associações entre as relações internas da empresa e as que ocorrem na natureza e devem ser consideradas dentro de limites claros. A TEORIA CONTINGENCIAL Na tentativa de aplicar os principais conceitos das diversas teorias de admi- nistração, Silva (2008) lembra que estas tentativas ocorrem na década de 1970 e contribuíram para a criação da abordagem contingencial da organização. Ferreira (2002) destaca que os precursores desta teoria foram os pesquisa- dores Joan Woodward, Alfred Chandler, Tom Burns e G. M. Staler. Em suas pesquisas, eles perceberam que, apesar de as organizações utilizarem métodos eficientes, em certas situações, não conseguiam obter os mesmos resultados quando da utilização em outras condições, chegando à conclusão geral de que os resultados eram diferentes porque o contexto era diferente. Ferreira (2002, p. 101) complementa que, por este motivo, esta teoria tem o nome de “contingencial, ou seja, baseada no conceito da incerteza de que algo pode ou não ocorrer”. Silva (2008, p. 333) define, assim, “a teoria da contingência estabelece que situações diferentes exigem práticas diferentes [...] para resolver os proble- mas das organizações”. PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E116 Com esta definição, fica claro que a teoria da contingência é um desenvol- vimento da Teoria de Sistemas e, nas palavras de Silva (2008, p. 332), “vai a um estágio posterior no relacionamento com o ambiente e outras variáveis para estruturas específicas de organização”. Ferreira (2002, p. 101) complementa o autor afirmando que a teoria da contingência enfatiza que não há nada absoluto nas orga- nizações ou na teoria administrativa; tudo é relativo, tudo depende. A abordagem contingencial explica que existe uma relação funcional en- tre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização. As variáveis am- bientais são as variáveis independentes, enquanto as técnicas adminis- trativas são as variáveis dependentes, dentro de uma relação funcional. Porém, não há uma causalidade direta, visto que a administração de um negócio é ativa. O que se caracteriza nesta relação funcional, na verdade, é uma relação causal do tipo se-então. Ou seja, as ações admi- nistrativas são contingentes das características situacionais para alcan- çar os resultados organizacionais. O que Ferreira (2002) explica anteriormente pode ser mais bem visualizado na figura a seguir: n nSe (Fatores sistuacionais, como tamanho, tecnologia, ambiente) (Variáveis na estrutura organizacional e nos sistemas de gerenciamento) Então Figura 2 - A relação de contingência se-então Fonte: Silva (2008, p. 332). Os teóricos precursores da Teoria da Contingência, conforme Silva (2008, p. 333), concordam que não existe um único modo melhor de estruturar as orga- nizações, que a estrutura deveria variar de acordo com determinadas condições tecnológicas além do modo como os administradores escolhem a hierarquia organizacional, o sistema de controle e a maneira de motivar seus funcionários. A Teoria Contingencial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 117 Tudo isso é uma contingência do ambiente organizacional e pode melhor ser visualizado na figura a seguir: Caracteristicas do ambiente Não existe um modo melhor de organizar; a estrutura depende do ambiente no qual a organização opera. Determinam o projeto da estrutura de uma organização e os sistemas de controle Organizações em ambientes estáveis escolhem uma estrutura mecanicista Organizações em ambientes mutantes escolhem uma estrutura orgânica Figura 3 - A teoria das contingências do projeto organizacional Fonte: Silva (2008, p. 333). Como todas as outras teorias da administração, a contingencial também rece- beu críticas, conforme Silva (2008, p. 357): 1. Relacionamento casual: refere-se ao relacionamento entre estrutura como uma variável interveniente e desempenho como uma variável dependente. 2. Desempenho organizacional: em muitos estudos contingenciais, o desempenho não tem boa precisão em sua avaliação. 3. Variáveis independentes: as organizações podem ser capazes de in- fluenciar o ambiente por meio de pressão política da propaganda ou de políticas da qualidade. Entretanto, as organizações não podem exercer controle sobre todas as variáveis do ambiente. 4. Contingências múltiplas: diferentes contingências podem resultar na necessidade de diferentes padrões de estrutura para as organi- zações, como estruturas orgânicas ou estruturas mais burocráticas. 5. Mudança planejada: as organizações falham na ênfase das conse- quências não previstas da mudança planejada. 6. Fatores de poder: a estrutura organizacional é determinada, tam- bém por ‘fatores de poder’, como os controles externos (oriundos do governo), a necessidade de poder dos vários membros dirigentes, a cultura da organização e o poder das normas sociais. 7. Velocidade da mudança organizacional: deve haver uma mudança significativa nos fatores contingenciais prevalecentes para que a or- ganização responda a mudança. PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E118 Apesar dessas críticas, é importante entender que as organizações estão inseridas em um ambiente dinâmico, consequentemente sofrendo alterações constantes. Assim, é preciso estar atento a este fato de modo a evitar diversos problemas que possam surgir na empresa como um todo. O DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL Um dos grandes, senão o maior, paradoxos da Administração é a necessidade de as organizações serem eficientes, eficazes e satisfazerem as necessidades de seus stakeholders de modo a manter sua motivação em alta. É justamente a partir desse desafio que surge a teoria do Desenvolvimento Organizacional. Chiavenato (2002, p. 177) afirma que o Desenvolvimento Organizacional “não se trata de uma teo- ria administrativa propriamente dita, mas de um movimento envolvendo vários autores preocupados em aplicar as ciências do comportamento na Administração”. Para o mesmo autor, as origens do Desenvolvimento Organizacional são conse- quências de diversos fatores, a saber: 1. A dificuldade de operacionalizar e aplicar os conceitos das teorias admi- nistrativas, cada qual trazendo uma abordagem diferente. 2. Os estudos sobre a motivação humana demonstraram a necessidade de uma nova abordagem da administração baseada na dinâmica motivacional. “A abordagem contingencial é eclética e integrativa, absorvendo os concei- tos das diversas teorias administrativas no sentido de alargar horizontes e mostrar que nada é absoluto”. (Idalberto Chiavenato) O Desenvolvimento Organizacional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 119 3. O treinamento da sensitividade (ou educação em laboratório) por meio de T-Groups foi o primeiro esforço para melhorar o comportamento de grupo. 4. Leland Bradford, considerado o precursor do DO, juntamente com alguns psicólogos do National Training Laboratory. 5. A maior invenção do final do século XX foi a inovação. Ela passou a mudar a vida da sociedade, das organizações, do homem e da sua visão do mundo. 6. Aumento do tamanho das organizações, fazendo com que o volume das suas atividades não fosse suficiente para sustentar o crescimento. 7. Diversificação e complexidade da tecnologia, exigindo integração entre atividades e pessoas especializadas e de competências diferentes. 8. Mudanças no comportamento administrativo devido a novos conceitos: de homem (homem ultra simplificado), de poder baseado na colaboração e na razão, de valores organizacionais, baseado em ideais humanísticos democráticos. 9. A fusão de duas tendências no estudo das organizações: estrutura e com- portamento humano nas organizações, ou seja, estrutura e processo. 10. O DO começou com os conflitos interpessoais, depois com pequenos grupos, passando à administração pública e, posteriormente, a todos os tipos de organizações humanas (indústrias, empresas de serviços, orga- nizações militares etc.), recebendo modelos, procedimentos e métodos de diagnóstico de situação e de ação, bem como técnicas de diagnóstico e tratamento. 11. Os modelos de DO baseiam-se em quatro variáveis básicas: ambiente, organização, grupo e indivíduo. Conhecendo, então, tudo aquilo que favoreceu e precedeu o surgimento do Desenvolvimento Organizacional, podemos, agora, definir o conceito do mesmo que, para Silva (2008, p. 365), estabelece: o desenvolvimento organizacional é um processo sistemático, adminis- trado e planejado de mudança de cultura, sistemas e comportamentos de uma organização, a fim de melhorar a eficácia na solução dos pro- blemas e no alcance dos objetivos organizacionais. PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E120 Este conceito pode ficar mais claro se observarmos a figura a seguir: Situação atual Mudançaplanejada Situação desejada Figura 4 - O conceito de DO Fonte: Silva (2008, p. 365). Desenvolver a organização remete às empresas a exercer um processo de modifi- cações culturais e estruturais de forma que, conforme Silva (2008), ela se habilite permanentemente a diagnosticar, planejar e implementar essas modificações. Conforme a figura anterior, o Desenvolvimento Organizacional é um processo de mudança planejada, visando a alcançar determinada condição. É preciso estar atento para o fato de que a mudança planejada, mesmo envolvendo subsistemas técnicos e administrativos, está focada no comportamental, e que os estudiosos do DO focam sua total atenção, de tal modo que os objetivos de seus esforços em implementar o DO são: • Aumentar o nível de apoio e confiança entre os membros da orga- nização; • Criar um ambiente em que a autoridade de um cargo seja aumenta- da por especialização e conhecimento; • Aumentar o nível de responsabilidade pessoal e grupal em planeja- mento e implementação de ações; • Melhorar a comunicação entre os membros da organização (SILVA, 2008, p. 366). Outro ponto importante que merece destaque é o fato do DO ser feito sob medida, ou seja, é necessária a realização de uma análise organizacional tendo em vista a necessidade de se trabalhar pontos específicos em cada organização, uma vez que cada empresa possui um contexto diferente. Assim, Silva (2008) recomenda que seja utilizado o modelo de mudança proposto por Lewin: diagnóstico, inter- venção e acompanhamento, apresentado na Figura 5: O Desenvolvimento Organizacional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 121 Feedback Diagnóstico Fase de descongelamento Fase de mudança Fase de recongelamento Intervenção Acompanhamento Figura 5 - Modelo de mudança de Lewin Fonte: Silva (2008, p. 371). Conforme é possível observar na Figura 6, o modelo de mudança de Lewin recomenda que, durante o diagnóstico, seja realizado o que ele chama de des- congelamento. Esse processo é muito importante, pois tendo em vista o fato de estar se deparando com mudança comportamental, um dos principais fatores impeditivos ao sucesso desta abordagem é o fato de, na maioria das vezes, exis- tir intensa resistência à mudança. Assim, a fase de descongelamento nada mais é do que conscientizar as pessoas que participarão do processo de diagnóstico da importância do trabalho que está por se realizar. Feito isso, então, é possível partir para o levantamento dos dados e a interpretação dos mesmos nesta fase. Na sequência, inicia-se a fase de mudança que Lewin chama de Intervenção. Essa fase trata de colocar em prática as modificações que se perceberam ser neces- sárias na etapa anterior. Por fim, inicia-se a fase de recongelamento na etapa de acompanhamento, o que se faz por acompanhar o processo de mudança de modo a manter as mudanças positivas e reanalisar as mudanças que não obtiveram sucesso. A figura, a seguir, explica, detalhadamente, a fase de recongelamento da etapa de acompanhamento: Criatividade é o desenvolvimento de respostas novas e únicas a problemas ou oportunidades do momento. (Idalberto Chiavenato) PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E122 Avaliação Altamente objetivaAltamente subjetiva Avaliação pelos participantes Avaliação pelo agente de mudança e/ ou pela alta administração Comparação das realiza- ções com os objetivos predetermi- nados do programa Comparação dos dados “antes” e “depois” Comparação dos dados “antes e ”depois” como o grupo de controle1 2 3 4 5 Figura 6 - Etapa de acompanhamento – fase do recongelamento Fonte: Silva (2008, p. 377). Perceba que a principal etapa deste processo de mudança é a fase de descon- gelamento, uma vez que, caso não seja bem realizada, todo o processo estará comprometido, principalmente por estarmos lidando com questões compor- tamentais que, como dissemos, são avessas às mudanças e, inevitavelmente, as pessoas que participam de tal sabotarão o processo, não por maldade, mas por receio e insegurança em deixar sua zona de conforto. CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL Como dissemos quando abordamos Desenvolvimento Organizacional, um dos fatores mais complexos está relacionado ao comportamento dos colaboradores e sua inevitável resistência à mudança quando de um processo de reorganiza- ção da empresa. É preciso entender que muito dessa resistência é fruto de uma cultura na qual as pessoas acomodam-se em suas rotinas e temem qualquer situ- ação nova que lhe seja apresentada. Este medo está relacionado com o fato de o novo ser algo desconhecido. Cultura e Clima Organizacional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 123 O responsável por grande parte destes problemas é justamente a cultura orga- nizacional, entretanto, para entendermos isto, é necessário, antes, tratarmos da cultura em seu aspecto geral. Laraia (2009, p. 53) afirma que uma das primeiras preocupações dos estudiosos com relação à cultura refere-se a sua origem. Em outras palavras, como o homem adquiriu este processo extrassomático que o diferenciou de todos os animais e lhe deu um lugar privilegiado no planeta? O próprio autor responde-nos oferecendo duas explicações que se acreditava serem responsáveis pela formação cultural do ser humano: o determinismo bio- lógico e o determinismo geográfico. A primeira referia-se ao fato de a cultura do ser humano estar relacionada com questões biológicas transmitidas por seus antepassados – o que hoje conhecemos como transferência genética. Entretanto, logo esta teoria “caiu por terra” quando se percebeu que existiam muitos aspec- tos além da genética que contribuíam para o desenvolvimento da cultura das pessoas. A segunda teoria, o determinismo geográfico, creditava à influência do meio a responsabilidade pelo desenvolvimento cultural das pessoas. Essa teo- ria também perdeu sua validade com o passar do tempo. Assim, Laraia (2009, p. 25) explica-nos que no final do século XVIII e no princípio do seguinte, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Ambos os termos foram sintetizados por Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês Culture, que ‘tomado em seu amplo sentido etnográfico, é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costu- mes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade’. Com essa definição, Tylor abrangia, em uma só palavra, todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos. O que podemos tirar desta explicação, com base em Laraia (2009, p. 25), é que nossa definição de cultura é “todo conhecimento, crenças, arte, moral, leis, cos- tumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E124 Agora que conseguimos entender o que é cultura, precisamos explicar o que vem a ser cultura organizacional. Silva (2008, p. 384) define cultura organiza- cional “como o sistema de valores, crenças, normas e hábitos compartilhados que rege a interação dos elementos de uma organização”. Perceba que fica claro que a cultura organizacional reflete justamente aspectos da cultura das pessoas. Sendo assim, nada mais justo do que intuir que a cultura de uma empresa será moldada na cultura da figura principal de uma organização: o dono do negócio, o presidente, ou aquela pessoa que exerce maior influência sobre os demais. A Figura 8 pode esclarecer melhor como observamos a cultura de uma organização: Histórias: contos sobre eventos conduzindos aos valores centrais. Valores: crenças sobre o modo certo de comportamento. Símbolos: linguagem e outros aspectos conduzindo aos valores centrais. Heróis: pessoas( do passado e do presente) que mostram valores centrais. Ritos e rituais: celebração de heróis e evento mostrando valores contrais. Núcleo da cultura Figura 7 - Aspectos da Cultura Organizacional Fonte: Silva (2008, p. 386). Veja, você, que a figura anterior confirma o que dissemos sobre o fato de a cultura da organização referir-se ao líder da organização, uma vez que todos os aspectos ali apresentados, na maioria das vezes, dizem respeito justamente ao dono da orga- nização ou seu líder maior. Como estamos falando de Cultura Organizacional, muitos podem se perguntar o que viria a ser Clima Organizacional. Bem, o clima de uma organização nada mais é do que a maneira como as pessoas percebem a mesma. Silva (2008, p. 387) define como “a atmosfera psicológica, resultante dos comportamentos, dos modelos de gestão e das políticas empresariais, refle- tida nos relacionamentos interpessoais”. Cultura e Clima Organizacional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 125 Dá para mudar o Clima Organizacional? Sim. Para isso, Silva (2008, p. 388) recomenda que a organização tenha capacidade inovadora com as seguintes características: Adaptabilidade: resolver problemas com reação rápida e flexível às exigências mutáveis e inconstantes do meio ambiente; Senso de identidade: conhecer e compreender o passado e o presente, bem como compreender e compartilhar os objetivos da organização por todos os seus participantes; Perspectiva exata do meio ambiente: diagnosticar e compreender o meio ambiente; Integração entre os participantes: a organização se comporta como um todo orgânico. O importante em tudo o que vimos até agora é entender que o Clima Organizacional tem papel fundamental no resultado das empresas. Portanto, é recomendável estar atento a qualquer situação que possa interferir no clima da organização. Quando estudamos as teorias da psicologia aplicada à administração, é possível que seja feita uma comparação entre nosso fracasso com o de nossos colegas, e essa condição permite-nos buscar equilíbrio junto aos demais. Por exemplo, quando você percebe que o seu esforço-recompensa foi pior que dos demais parceiros de trabalho, a sua inveja, em vez de o desmotivar, pode ser o elemento motivador que você estava precisando. Muitas vezes, a inveja, a voracidade, a avidez e a rivalidade podem ser o gatilhos que disparam a necessidade de vencer no ambiente empresarial. Assim, invejar o resultado dos colegas pode, sim, ser algo bom para ajudá- -lo subir pelos próprios méritos. Fonte: adaptado de Ceconello (2012, on-line)1. PERSPECTIVA MODERNA DA ADMINISTRAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E126 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), fizemos um passeio pelas modernas Teorias da Administração. É importante ressaltar que, diferentemente da unidade anterior, esta unidade trata de teorias que focam a organizaçãocomo um todo, colocando os funcionários em primeiro plano e reconhecendo sua responsabilidade no sucesso organizacional. Vimos com a Teoria de Sistemas que as empresas não estão sozinhas e, muito menos, isoladas. Isso faz com que sofram interferências quando ocorrem as varia- ções no ambiente externo. Além disso, você aprendeu que as organizações são um conjunto de departamentos interdependentes e interrelacionados, ou seja, possuem tarefas e funções específicas. No entanto o seu desempenho depende e afeta o desempenho dos demais setores. Portanto, para que a empresa tenha sucesso, é muito importante que todos os departamentos sejam eficientes e efi- cazes na condução de sua gestão. A Teoria Contingencial procurou desconstruir as teorias anteriores. De modo geral, o que ela propõe é a importância de se analisar o contexto no qual as empresas estejam inseridas. Em outras palavras, não basta apenas aplicar as ferramentas de gestão que estão dando certo em outras organizações, é necessá- rio que seja feito uma análise contextual da organização e adequar as ferramentas à realidade de cada empresa. Isto é, não existe uma receita pronta que possa ser utilizada por todas as empresas. Na continuação desta unidade, você viu a importância que é para a empresa investir no Desenvolvimento Organizacional e promover desenvolvimento de seus colaboradores. Para que a empresa cresça, faz-se necessário investir em cur- sos e treinamentos. Por último, falamos sobre cultura e cultura organizacional que nada mais são do que os valores da organização. Por isso, a importância de buscar pro- fissionais que estejam alinhados com a cultura da empresa para diminuir as dificuldades na gestão. Espero que tenha gostado e, principalmente, aprendido muito com esta uni- dade. Sucesso em sua jornada. Bons estudos! 127 1. A teoria dos sistemas deriva do pensamento sistêmico, e sua importância dá-se justamente na necessidade de pensar a empresa como um conjunto de partes inter-relacionadas e interdependentes. Diante desta afirmação, assinale a alter- nativa correta com relação a Teoria dos Sistemas: a) Para entender uma empresa, basta entender o funcionamento de seus de- partamentos. b) Sem o entendimento do relacionamento entre os departamentos de uma organização, é praticamente impossível entender o funcionamento de uma empresa. c) O relacionamento entre os departamentos de uma organização dá-se de maneira independente. d) A Teoria dos Sistemas tem como propósito estabelecer um meio adequado e justo entre “o geral, que não tem significação, e o específico, que não tem conteúdo”. e) O Sistema Aberto está em contínua interação com seu ambiente de modo a alcançar um “estado instável”. 128 2. Com o passar dos anos e a aplicação das diversas teorias da administração, alguns estudiosos se deram conta que nem sempre soluções implementadas pelas empresas alcançavam resultados similares. Joan Woodward, Alfred Chan- dler, Tom Burns e G. M. Staler perceberam, em suas pesquisas, que, apesar de as organizações utilizarem métodos eficientes, em certas situações, não conse- guiam obter os mesmos resultados. Diante desta informação, analise as asser- ções a seguir e a relação proposta entre elas: I. Um dos preceitos da Teoria da Contingência implica necessidade que as or- ganizações têm de analisar seu contexto antes de aplicar ferramentas or- ganizacionais, mesmo que estas já tenham provado sua eficácia em outras organizações. PORQUE II. Sem levar em consideração o contexto organizacional, as empresas têm grande chance de fracassar na aplicação de soluções, mesmo que estas já te- nham sido testadas, tendo em vista que cada organização, mesmo atuando nos mesmos mercados, têm realidades diferentes. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa correta da I. c) A asserção I é proposição falsa, e a II é proposição verdadeira. d) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa. e) As asserções I e II são proposições falsas. 129 3. Os teóricos precursores da Teoria da Contingência, conforme Silva (2008, p. 333), concordam que não existe um único modo melhor de estruturar as organizações, que a estrutura deveria variar de acordo com determinadas condições tecnológicas além do modo como os administradores escolhem a hierarquia organizacional, o sistema de controle e a maneira de motivar seus funcionários. Assim, marque V no que for verdadeiro e F no que for falso nas afirmações a seguir: ( ) O Relacionamento Casual refere-se ao relacionamento entre estrutura como uma variável interveniente e desempenho como uma variável de- pendente. ( ) O Desempenho Organizacional, em muitos estudos contingenciais, tem boa precisão em sua avaliação. ( ) As Variáveis Independentes não podem ser capazes de influenciar o am- biente por meio de pressão política da propaganda ou de políticas da qualidade. ( ) As Contingências Múltiplas podem resultar na necessidade de diferentes padrões de estrutura para as organizações. ( ) A Mudança Planejada, nas organizações, tende a falhar quando não en- fatiza suas consequências. Assinale a alternativa correta: a) V, F, F, V, V. b) F, V, V, F, F. c) V, V, V, F, F. d) F, F, F, V, V. e) V, F, V, F, V. 130 4. Muitos empresários justificam como motivo a falta de investimentos em treina- mento de seus funcionários a possibilidade deste deixar a empresa logo após participar de programas de desenvolvimento organizacional. No entanto dei- xar de treinar os funcionários pode ter consequências muito piores que o risco de perder o funcionário após os treinamentos. Assim, sobre desenvolvimento organizacional, analise as afirmativas: I. O Desenvolvimento Organizacional é uma ferramenta de controle na comu- nicação entre os membros da organização. II. Desenvolvimento Organizacional é um processo de mudança planejada, visando a alcançar determinada condição. III. O Desenvolvimento Organizacional contribui para aumentar o nível de apoio e confiança entre os membros da organização. IV. O desenvolvimento organizacional é um processo sistemático, administra- do e planejado de mudança de cultura a fim de melhorar a eficácia no alcan- ce dos objetivos organizacionais. É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II e III, apenas d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 131 5. Uma definição para Clima Organizacional é apresentada por Silva (2008, p. 387) como sendo “a atmosfera psicológica, resultante dos comportamentos, dos modelos de gestão e das políticas empresariais, refletida nos relacionamentos interpessoais”. Com base nesta informação, analise as afirmativas sobre a possi- bilidade de mudar o Clima Organizacional: I. Para mudar o clima de uma organização, é necessário que a empresa possa resolver problemas com reação rápida e flexível às exigências mutáveis e inconstantes do meio ambiente. II. Conhecer e compreender o passado e o presente, bem como compreender e compartilhar os objetivos da organização por todos os seus participantes é uma maneira de proporcionar a mudança organizacional. III. Ter uma perspectiva exata do meio ambiente é indiferente na condução de mudanças de clima organizacional. IV. A organização comporta-se como um todo orgânico e a integração entre os participantes é uma maneira de dificultar mudanças de cultura organi- zacional. É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II e III, apenas d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 132 Aprendendo a cultura da Disney Em algum momento você jáse deparou com algum produto ou serviço da Walt Disney, como um desenho, filme, animação, umbrinquedo, livro ou revista. Mas, talvez, o parque temático Disneylândia seja o serviço mais conhecido. A Walt Disney é um conglomerado de empresas que surgiu a partir da Disneylândia, atua em diversos segmentos e tem uma cultura organizacional própria. Para manter sua cultura organizacional, a Walt Disney investe em um setor específico na empresa, que tem como função trabalhar o desenvolvimento pessoal. Esse depar- tamento da Disney realiza programas de desenvolvimento para todos os funcionários. Sua missão é criar e aplicar programas e serviços educacionais de qualidade que te- nham como objetivo desenvolver tanto o lado profissional quanto o pessoal dos fun- cionários, de modo a manter a imagem da Disney, sua cultura organizacional e sua história, criar oportunidades de sinergia e auxiliar na melhora da moral e da motivação dos funcionários. Esses programas de desenvolvimento da Disney têm como base dois cursos: Bem-vindo à Disney – Ato I e Bem-vindo à Disney – Ato II. O primeiro curso (Bem-vindo à Disney – Ato I) é um programa de treinamento com sete horas de duração que tem como função, basicamente, orientar os novos funcionários, apresentando-lhes a organização, suas tra- dições, atividades de negócios e metas para o futuro. O segundo curso (Bem-vindo à Disney – Ato II) atua na integridade dos funcionários. Tem duração de quatro horas, e seu foco está nos padrões de conduta dos negócios e no respeito, que, para a Disney, é a chave de seu sucesso. A Disney ainda oferece outros programas de treinamento com ênfase em planejamento, administração do tempo, redação, estilo comportamental e comunicação. Por exemplo, um dos treinamentos oferecidos pela Disney para seus colaboradores chama-se: “Qual o seu estilo de comportamento?”. Com duração de quatro horas e, entre outras coisas, estuda o perfil de personalidade de cada participante para ajudar seus colaboradores a melhor compreender a si mesmo e a seus colegas de trabalho. Este tipo de treinamento ajuda os funcionários na identificação de maneiras para ser bem-sucedido utilizando diferentes estilos de trabalho e minimizando os conflitos entre as pessoas. Participando deste curso, você também descobre melhores maneiras de trabalhar com diversos tipos de estilos comportamentais, além de se tornar mais eficaz no ambiente de trabalho. Fonte: adaptado de Robbins (2002, p. 507). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Teoria Geral da Administração – Vol. 2 Idalberto Chiavenato Editora: Campus – Grupo Elsevier Sinopse: a Era da Informação está trazendo novos desafi os para as organizações e, sobretudo, para a administração. Nunca, como agora, a teoria administrativa se tornou tão imprescindível para o sucesso do administrador e das organizações. A constante necessidade de inovação e renovação, a busca da fl exibilidade para proporcionar mudança e transformação, a adoção de novas ideias e conceitos são, hoje, aspectos essenciais para o sucesso organizacional. Por isso, neste livro, o autor procura ensinar o futuro profi ssional de administração a pensar e, sobretudo, a raciocinar a partir de uma bagagem de conceitos e ideias que são ferramentas de trabalho. REFERÊNCIAS BERTALANFFY, L. Teoria Geral dos Sistemas. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1975. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. ______. Teoria geral da administração. v. 2. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. FERREIRA, A. A. et al. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias. Evolução e tendência da moderna administração de empresas. São Paulo: Thomson Learning, 2002. LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Fundamentos de Administração - Manual Compacto Para Cursos de Formação Tecnológica e Sequenciais. São Paulo: Atlas, 2009. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: <http://super.abril.com.br/comportamento/inveja>. Acesso em: 20 jul. 2018. GABARITO 135 1. B. 2. B. 3. A. 4. D. 5. C. GABARITO U N ID A D E V Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Objetivos de Aprendizagem ■ Refletir sobre a Administração por Objetivos. ■ Apontar elementos da Administração Estratégica. ■ Tratar da Administração Participativa. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ A Administração por Objetivos (APO) ■ A Administração Estratégica ■ A Administração Participativa INTRODUÇÃO Nesta unidade, estudaremos alguns temas com foco em questões estratégicas, pois, como você poderá perceber, por mais que se estude o funcionamento das organizações e o comportamento dos funcionários nelas, todas essas teorias apresentadas até o momento precisam de ferramentas que as façam trabalhar em sincronismo. A administração estratégica engloba algumas dessas ferra- mentas que contribuem para que a empresa possa alcançar bons desempenhos organizacionais. Iniciaremos com o conceito de Administração por Objetivos, que mostra para os gestores a necessidade da definição de objetivos organizacionais claros, além da importância do envolvimento de todos os elementos da empresa em busca desses objetivos. Na continuidade, apresentaremos os conceitos de Administração Estratégica, que nada mais é do que um complemento à Administração por Objetivos, uma vez que não basta apenas a definição de objetivos, é preciso encontrar o melhor caminho para que se possa alcançá-los. Assim, a Administração Estratégica traz elementos que auxiliam a organização não só em como definir seus objetivos, mas como preparar toda organização para alcançá-los, encontrando os melho- res caminhos (estratégias) para isso. Finalizamos com a Administração Participativa como uma estratégia com certo viés motivacional, em que envolve os funcionários nas tomadas de decisões organizacionais e, muitas vezes, com participação nos lucros. Essa é uma ferra- menta bastante interessante, mas que, como veremos, não deve ser utilizada por qualquer empresa ou em determinados perfis de funcionários, pois nem toda empresa tem pessoas que estão interessadas na participação decisória da orga- nização, pelo contrário, muitas vezes, os funcionários querem apenas receber seu salário todo mês, sem dor de cabeça. Mais uma vez, faço votos que esta unidade possa encerrar o livro, contri- buindo com seu aprendizado e, principalmente, seu desenvolvimento profissional e pessoal. Bom trabalho! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 139 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E140 ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS (APO) Peter Drucker foi tido como um dos maiores pensadores da Administração do mundo contemporâneo e foi justamente ele que, conforme Ferreira (2002), ao publicar o livro A Prática da Administração de Empresas, em 1954, deu início àquilo que viria a ser conhecido como a Administração por Objetivos. O que Peter Drucker (1954 apud FERREIRA, 2002, p. 107) propunha era “basicamente que a empresa deveria se preocupar menos com os fins e mais com as atividades que são desenvolvidas para atingi-los”. Ferreira (2002, p. 107) discorre sobre os pressupostos da Administração por Objetivos como sendo: 1. Mudanças Ambientais. 2. Definição dos objetivos. 3. Criaçãode oportunidades. 4. Desenvolvimento pessoal. 5. Descentralização administrativa. 6. Multiplicidade de objetivos. 7. Autocontrole. 8. Autoridade e Liderança. Administração por Objetivos (APO) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 141 Algo comum a todas as organizações é o fato de elas terem metas e objeti- vos a serem alcançados. Silva (2008, p. 393) afirma que a Administração por Objetivos é uma abordagem para resolver as diferenças nas percepções das metas. O autor complementa a definição citando Thomas G. Cummings e Christopher G. Worley: a administração por Objetivos pode ser definida como um estilo ou sistema de administração que relaciona as metas organizacionais com o desempenho e desenvolvimento individual, por meio do envolvimento de todos os níveis administrativos (SILVA, 2008, p. 393). Ao observar a Figura 1, é possível esclarecer o funcionamento do processo da Administração por Objetivos. Deve-se destacar a ênfase em resultados e, quando esses são alcançados, recompensas com promoções, prêmios e outros benefí- cios convenientes. Estabelecimento de metas e objetivos organizacionais Desenvolvimento do plano de ação, de maneira colaborativa Revisão dos objetivos/ planos Reuniões Recursos Feedback Alteração dos planos Avaliação de desempenho Figura 1 - O processo de Administração por Objetivos Fonte: Silva (2008, p. 395). Perceba que todo o processo da APO tem início no estabelecimento das metas e dos objetivos organizacionais. É importante que esses objetivos tenham carac- terísticas desafiadoras, mas que sejam justos e consistentes, ou seja, que sejam capazes de serem alcançados para não desmotivar a equipe. Um ponto importante é que os objetivos precisam estar por escrito, para que possam ser acompanhados. INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E142 O segundo ponto do processo da APO é o desenvolvimento do plano de ação, ou seja, coloca-se em ação os trabalhos que foram definidos no primeiro passo do processo da APO. Na fase de revisão periódica, acontecerá o monito- ramento do desempenho, com reuniões em intervalos, normalmente, de três, seis e nove meses para acompanhar se será possível alcançar os objetivos defini- dos no início de todo o processo, ou se devem ser alterados. Por último, ocorre a avaliação de desempenho, que nada mais é do que uma verificação após cada período de tempo estabelecido para o alcance das metas/ objetivos, de modo a medir aquilo que foi alcançado em relação aos objetivos ou metas que foram determinados. Utilizar a APO é uma oportunidade para que a organização crie maior nível de contribuição dos funcionários, além de prover, por parte da administração, mais responsabilidade a eles. Outros pontos vantajosos da APO, como aponta Silva (2013, p. 406), merecem destaque, como: • Concentração de atenção nas principais áreas de eficácia organiza- cional. • Identificação do progresso de áreas-problema que possam interferir no alcance dos objetivos. • Uma melhora no controle da informação e dos padrões de desem- penho. • Proporciona uma estrutura organizacional dinâmica, com respon- sabilidades bem especificadas. • Busca por melhoria contínua nos resultados. • Identificação das necessidades de treinamento, em que, por conta disso, proporciona um ambiente de crescimento pessoal e de auto- disciplina. • Ajuda a melhorar os sistemas de avaliação e cria procedimentos mais justos de planos de recompensa e promoção. • Melhora a comunicação e os relacionamentos interpessoais e, com isso, encoraja a motivação para o aperfeiçoamento do desempenho individual. Administração por Objetivos (APO) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 143 É preciso estar atento ao fato de que, em caso de interesse em implementar a APO, é importante entender que esses programas requerem considerável tempo e esforços em sua aplicação para que a implementação ocorra com sucesso. Outro ponto muito importante é que esses programas sejam realizados com apoio e atenção da alta administração da organização. Silva (2013, p. 407) apresenta o que é necessário para que um programa de APO seja bem-sucedido: • Comprometimento e apoio da alta administração. • Cuidadosa atenção no estabelecimento das tarefas-chave, das figu- ras-alvo e dos padrões de desempenho. • Definição adequada e realista de objetivos que sejam lucrativos para a organização, alcançáveis e mensuráveis. • Participação verdadeira de todos os níveis nos objetivos acordados e espírito de equipe no trabalho. • Evitar excessivo trabalho burocrático e manutenção do entusiasmo do sistema. Caso essas recomendações não sejam seguidas, com certeza, esse tipo de pro- grama falhará. Apesar de uma conotação moderna e fortes evidências de que objetivos e metas contribuem significativamente com o desempenho do funcio- nário, a Administração por Objetivos recebeu algumas críticas, as quais Silva (2008, p. 397) apresenta-nos como: • As metas quantitativas encorajam os funcionários a concentrarem seus esforços na quantidade da produção, e não na qualidade; • As metas específicas de produção são tratadas como teto, e não como piso (ou seja, ao serem atingidas, para-se o processo); • As metas específicas limitam o potencial das provas, por dissuadi- rem seus esforços de melhoria constante; • As metas quantitativas permitem práticas questionáveis e desones- tas, como vendas falsas e entregas que não foram pedidas. Das críticas recebidas, a que mais se destaca é em relação aos conflitos que podem surgir entre os objetivos individuais e organizacionais. Por conta disso, é neces- sário que o processo de APO esteja relacionado com esquemas sofisticados de INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E144 avaliação de desempenho e escalas de reprimenda. Assim, para funcionar na prá- tica, a APO precisa estar amparada por esquemas de avaliação de desempenho eficientes. Silva (2013, p. 408) expõe alguns dos problemas mais comuns ineren- tes a qualquer processo de APO que tenha como base esquemas de avaliação: • O fenômeno “taxa de objetivos”: quando recompensas são baseadas na avaliação de desempenho dos funcionários, ocorre uma racio- nalização econômica desses funcionários de maneira que se tente estabelecer objetivos no nível mais baixo possível para maximizar a probabilidade de alcançá-los. • A falta de comparabilidade dos padrões de desempenho. É impos- sível comparar níveis de dificuldade entre objetivos, uma vez que o alcance deles se dá muito mais pela habilidade de cada um do que por critérios de equidade. • A estruturação da avaliação de desempenho provoca mais a preocu- pação individual do que a do grupo no alcance dos objetivos. • Ênfase também nas realizações de curto prazo, tendo em vista que os resultados das avaliações de desempenho normalmente ocorrem em períodos anuais, o que pode trazer prejuízos à organização que também depende de objetivos de curto prazo. • Substituição da discrição de controle por mensuração, de maneira a evitar que as avaliações de desempenho possam ficar sob o controle dos caprichos dos avaliadores. • A inutilidade como um preditor para decisões de promoção, uma vez que as avaliações de desempenho só podem ser utilizadas como ferramentas de análise para promoção caso asatividades do cargo pretendido sejam similares as atividades do cargo de nível inferior. • A síndrome do gargalo: os objetivos devem ser estabelecidos para cada unidade de trabalho, no período anual de operação, e devem ser alcançados a um mesmo tempo; isso cria um tremendo estran- gulamento nas atividades dos gerentes e supervisores. Como é possível perceber, se bem utilizada, a APO pode trazer bons benefícios para as organizações. No entanto a decisão por utilizar esse tipo de ferramenta estratégica precisa ser muito bem analisada, pois, como foi apresentado, mui- tos problemas surgirão caso a empresa não tenha total controle sobre a maneira de aplicar a APO. Administração Estratégica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 145 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA A gestão de um negócio envolve tomada de decisões estratégicas que afetarão diretamente o rumo da organização, tanto de maneira positiva quanto negativa. Em meados da década de 60, a estratégia, conforme Ferreira (2002, p. 115), pas- sou a ocupar espaço significativo no mundo empresarial. Entretanto é a partir da década de 80 que o enfoque do Planejamento Estratégico ganha amplitude, profundidade e complexidade, dando origem à Administração Estratégica que, segundo Fischmann (1987 apud FERREIRA, 2002, p. 115-116), tem como objetivo máximo o desenvolvimento dos valores da corpo- ração, sua capacitação gerencial, suas responsabilidades como organi- zação inserida na sociedade e seus sistemas administrativos que interli- gam o processo de tomada de decisão estratégica, tática e operacional, em todos os níveis hierárquicos, tanto entre os diversos negócios quan- to entre as diferentes linhas de autoridade funcional. A Administração por Objetivos utiliza os objetivos traçados como base de uma visão global da gestão, a Administração Estratégica se interessa pelo papel dos objetivos nas decisões estratégicas. (Ricardo A. L. Albuquerque e Mirian A. M. Struett) INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E146 Adotar a Administração Estratégica exige alguns desafios que precisam ser sobre- pujados. Ferreira (2002, p. 118) destaca três desafios: 1. Convencer a gerência a pensar em termos estratégicos, fazendo com que não apenas questione o que deve persistir na organização, mas também o que deve ser alterado. 2. Garantir a resposta organizacional, ou seja, desenvolver formas de acompanhamento e controle do estabelecimento e implantação das etapas envolvidas no processo de administração estratégica. 3. Enfrentar o ambiente. Além dos desafios e oportunidades que a em- presa encontra no ambiente, deve também considerar a multiplici- dade de agentes que o compõem: consumidores, clientes em geral, políticos, organizações sem fins lucrativos, órgãos representativos do governo etc. A empresa que decide adotar a Administração Estratégica como diferencial na gestão de sua organização deve, obrigatoriamente, estabelecer a cultura da realização do Planejamento Estratégico, ferramenta que a empresa utiliza para conhecer o contexto ambiental no qual a organização está inserida. Para tanto, é necessário conhecer seu ambiente interno, em que destacará seus Pontos Fortes e Pontos Fracos, e seu ambiente externo, dando ênfase para Ameaças e Oportunidades. A metodologia mais utilizada na concepção dessa análise é conhecida como Análise SWOT ou, em português, Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças). Após aplicar a Análise SWOT ou FOFA, a organização tem parâmetros para iniciar seu planejamento estratégico. Oliveira (2012) considera como os prin- cipais pontos a constarem do plano: desenvolver a Visão, a Missão e os Valores organizacionais; definir objetivos e metas para a empresa; estabelecer estratégias de modo a otimizar os pontos fortes, aproveitar as oportunidades, desenvol- ver os pontos fracos, tornando-os fortes, e eliminar as ameaças. Tudo isso será posto no documento, no Planejamento Estratégico, de modo a direcionar os rumos da organização. Administração Participativa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 147 ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA Cada vez mais, colaboradores vêm buscando se inteirar dos processos organiza- cionais. Também, já está mais do que comprovado que quanto mais informações os funcionários têm sobre a empresa como um todo, mais eficiente torna-se o pro- cesso nas empresas. Isso tem sido uma evolução da Administração que começou com Taylor, determinando a figura do supervisor, pois, para ele, os funcionários eram indolentes por natureza. Atualmente, estamos vivendo momentos de Administração Participativa que, em poucas palavras, significa envolver funcionários nos processos de tomada de decisões. Esse tipo de gestão precisa ser utilizado com cautela, conforme nos afirma Chiavenatto (2004, p. 406): a administração participativa tem sido utilizada como a panacéia do baixo moral e da baixa produtividade. Mas ela nem sempre é adequada para toda e qualquer organização ou unidade de trabalho. Para que ela funcione, deve haver um tempo adequado para participar, os assuntos que os funcionários tratam devem ser relevantes aos seus próprios in- teresses, os funcionários devem ter capacidade (inteligência, conheci- mentos técnicos, habilidades de comunicação) para participar das de- cisões e a cultura organizacional deve ser suficiente democrática para apoiar e incentivar o envolvimento das pessoas. Bonome (2009) define Administração Participativa como uma filosofia de gestão que exige do processo organizacional que a tomada de decisões seja feita de forma que os recursos e responsabilidades necessários sejam estendidos até o nível hie- rárquico mais apropriado. Podemos perceber, com isso, que esse tipo de gestão organizacional trata-se muito mais de uma filosofia ou política administrativa, de modo a buscar o aprimoramento da satisfação e da motivação no trabalho. INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E148 Utilizar a Administração Participativa é uma tentativa de, conforme Bonome (2009, p. 73), alcançar: • Maior competitividade. • Redução de conflitos através da cooperação; satisfação das pessoas. • Utilização de todo o potencial das pessoas. • Redução da alienação. • Cultura democrática. • Equilíbrio dos interesses dos vários envolvidos. • Responsabilidades sociais da empresa. Em 2015, na ProdConf - o único evento brasileiro sobre gestão de produtos de software -, Clóvis Bojikian, ex-diretor de RH da SEMCO contou como aju- dou Ricardo Semler a implementar Gestão Participativa em sua empresa na década de 80. Conforme ele conta, o primeiro exemplo do funcionamento da Gestão Participativa aconteceu para resolver problemas do refeitório. Os funcionários reclamavam bastante sobre a comida. O RH mudou sua pos- tura e, em vez de tentar resolver os problemas pontualmente, começou a sugerir aos funcionários que estavam reclamando se juntarem e buscarem a solução junto à cozinha. E, assim, foram surgindo os pequenos grupos de trabalho que debatiam seus problemas e buscavam soluções em conjunto. O processo decisório estava, agora, na mão dos grupos que estivessem inte- ressados em algum problema. Para saber mais sobre isso, acesse: <http://www.caroli.org/gestao-participa- tivo-na-semco/>. Fonte: adaptado de Caroli ([2018], online)1. Administração ParticipativaRe pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 149 Existem algumas maneiras de se trabalhar com Administração Participativa dentro da organização, sendo: equipes autogeridas, participação na direção e partici- pação nos resultados. Bonome (2009, p. 74) explica cada uma dessas maneiras: Equipes autogeridas – interação dos integrantes do grupo e interação com outros grupos para resolver problemas e tomar decisões. Participação na direção – participar institucionalmente da estrutura de poder da organização, em órgãos e proporção variável. Visa esta- belecer bases de cooperação e harmonia entre sindicatos e empresas. Participação nos resultados – a participação nos resultados fecha o círculo do mecanismo de recompensa: se as pessoas participam dos problemas e decisões, também devem de alguma maneira beneficiar-se dos resultados de seus esforços. A implantação da administração participativa pressupõe mudanças em três dimensões da organização: Comportamental, Estrutural e Interfaces: Comportamental – é a forma de administrar as pessoas – autoritário, impositivo, indiferente, paternalista para cooperação mútua, liderança, autonomia e responsabilidade. Estrutural – redesenho das estruturas. A estrutura deve estimular as pessoas à participação. Interfaces – a administração é compartilhada pelos funcionários, clientes, fornecedores e outras interfaces (RICCA, 2007, p. 35). Por fim, é preciso entender que o modelo de Gestão Participativa necessita de um amadurecimento cultural por parte dos gestores e funcionários da organiza- ção e, como sabemos, sempre que comportamentos e cultura estão envolvidos, os processos de mudança são mais complexos. INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E150 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), fizemos um passeio pelas teorias com foco em objetivos e estratégias organizacionais. É importante ressaltar que, diferente da unidade ante- rior, esta tratou de teorias que focam a organização como um todo, colocam os funcionários em primeiro plano na organização, percebendo sua maior responsa- bilidade no sucesso organizacional. Estudamos como a Teoria de Administração por Objetivos está mais preocupada com o processo a ser realizado para alcançar metas e objetivos definidos e na importância disso para o sucesso organizacional. Na sequência, vem a Teoria da Administração Estratégica, a qual pode ser considerada um complemento da APO, uma vez que sua principal preocupação é analisar a empresa, para que, assim, possam ser definidos objetivos e, então, pensar nas estratégias para alcançá-los. Para tanto, a principal ferramenta a ser utilizada é a análise SWOT ou FOFA, uma matriz de análise correlacional entre Forças e Fraquezas que se encontram internamente na empresa e o impacto que essas sofreram das Ameaças e das Oportunidades encontradas no ambiente externo à organização. Por fim, tomamos contato com a Teoria da Administração Participativa, que procura implementar ferramentas que possam envolver os funcionários nos pro- cessos decisoriais da empresa. Apesar de uma teoria interessante, se bem aplicada, pode alcançar resultados promissores, a Administração Participativa exige certos cuidados em sua aplicação, pois, como vimos, é necessário que exista uma cul- tura organizacional propícia para sua aplicação, sob o risco de fracassar e, ainda por cima, colocar a empresa toda em perigo. Caro(a) aluno(a), esse foi o conteúdo estudado nesta unidade. Sinceramente, espero poder ter contribuído com seu amadurecimento, tanto pessoal como pro- fissional. Sucesso em sua jornada! 151 1. Ao elaborar o planejamento estratégico na organização, é fundamental que seja realizado a partir do diagnóstico organizacional. A esse respeito, analise as afirmações a seguir: I. Definir a missão ou negócio da empresa é irrelevante na elaboração do pla- nejamento estratégico. II. É necessário realizar uma análise global da empresa, considerando, inclusi- ve, o ambiente no qual está inserida. III. A análise SWOT ou matriz FOFA é uma ferramenta que permite aos gestores identificar Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças, essencial para ela- boração do planejamento estratégico. IV. A definição de objetivos, estratégias e maneiras para implementação das estratégias é a etapa final do diagnóstico organizacional. É correto o que se afirma em: a) I e II. b) I, II e III. c) I, II e IV. d) II, III e IV. e) III e IV. 152 2. O papel dos objetivos no planejamento é de fundamental importância. Sobre a definição de objetivos que contribuam para o sucesso organizacional, avalie as asserções seguintes e a relação proposta entre elas: I. Os objetivos determinarão e direcionarão os caminhos que a organização deverá seguir para obter sucesso, assim a flexibilidade para mudar os objeti- vos também deve ser pensada, PORQUE II. Ao definir os objetivos, o contexto no qual a organização está inserida deve ser considerado, pois, se o contexto muda, a empresa deve rever seus obje- tivos. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é justificativa correta da I. c) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa. d) A asserção I é proposição falsa, e a II é proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 153 3. A implantação da administração participativa pressupõe mudanças em três dimensões da organização: Comportamental, Estrutural e Interfaces. Diante disso, aanalise as afirmativas: I. A forma de administrar as pessoas é uma dimensão comportamental. II. A dimensão comportamental deve estimular as pessoas à participação. III. A dimensão estrutural deve estimular as pessoas à participação. IV. A dimensão da interface refere-se à maneira como a administração é com- partilhada pelos funcionários, clientes, fornecedores. Estão corretas apenas: a) I e II. b) I, II e III. c) I, III e IV. d) II, III e IV. e) III e IV. 154 4. Utilizar a APO é uma oportunidade para que a organização crie um maior nível de contribuição dos funcionários, além de prover, por parte da administração, mais responsabilidade a eles. Com essa informação, analise as seguintes asser- ções a respeito das vantagens que a APO oferece à organização que pretende implementar essa forma de gestão. I. A APO melhora a concentração de atenção nas principais áreas de eficácia organizacional. PORQUE II. A Identificação do progresso de áreas-problema que possam interferir no alcance dos objetivos fica evidente quando se utiliza a APO. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é justificativa correta da I. c) A asserção I é proposição falsa, e a II é proposição verdadeira. d) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa. e) As asserções I e II são proposições verdadeiras. 155 5. Para trabalhar com a Administração Participativa dentro da organização, é im- portante que a organização esteja preparada para atuar com: equipes auto- geridas, participação na direção e participação nos resultados. Frente a essa afirmação, analise as sentenças a seguir: I. As equipes autogeridas estão relacionadas com a interação dos integrantes do grupo e interação com outros grupos para resolver problemas e tomar decisões.II. Participar da direção é estabelecer bases de cooperação e harmonia entre sindicatos e empresas. III. Se as pessoas participam dos problemas e decisões, também devem, de al- guma maneira, beneficiar-se dos resultados de seus esforços. Essa é a base da participação nos resultados. IV. Participar, institucionalmente, da estrutura de poder da organização é o mesmo que manter equipes autogeridas. Estão corretas apenas: a) I e II. b) I, II e III. c) I, III e IV. d) II, III e IV. e) III e IV. 156 Autoajuda: teorias da Administração aplicadas de maneira engraçada Qual é o seu maior desejo? O que você espera alcançar na sua vida? Quais são seus objetivos pessoais? Segundo o livro O Segredo, basta pensar positivo e visualizar seus desejos mentalmente para que você consiga alcançar tudo aquilo que quiser. Esse livro foi campeão de vendas, durante um bom tempo, nos Estados Unidos e no Brasil. A partir daí, surgiram vídeos, documentários, cursos etc. para ensinar o que a autora do livro chama de “A Lei da Atração”. Publicações de autoajuda têm um mercado certo no Brasil. Normalmente, as pessoas se iniciam como palestrantes, depois vêm os livros e, por fim, vídeos. E muita gente conso- me este tipo de material na tentativa de encontrar a fórmula para o sucesso. O que muita gente não sabe é que toda publicação e palestra de autoajuda utiliza-se de conceitos da administração estratégica. Principalmente as palestras motivacionais, que explicam o caminho certo para as conquistas na vida, têm, todas elas, em seu conteúdo, ferra- mentas utilizadas pelas empresas para definir metas e objetivos organizacionais. O que muda são as brincadeiras para divertir a plateia. Não podemos desmerecer estes indivíduos que perceberam a possibilidade de vender cursos de planejamento estratégico de maneira lúdica, no entanto você que está consu- mindo esta mercadoria precisa saber que a autoajuda com foco em conquistas pessoais nada mais é do que uma aula ou um curso de planejamento estratégico. Existe um farto material nas livrarias disponíveis nas prateleiras das disciplinas de Administração. O que os palestrantes falam sobre o caminho para alcançar seus desejos: é necessário a visualização daquilo que se quer, nos detalhes mais precisos possíveis. Veja definição de objetivos, apresentada por Chiavenato e Sapiro (2003, p. 250): “a administração por objetivos é um estilo de administração que enfatiza o estabelecimento do conjunto de objetivos tangíveis verificáveis e mensuráveis”. Qual a diferença entre essa definição e as recomendações de palestrantes? Não tem piadinha. Portanto, acredite, você pode conseguir tudo o que deseja, mas dependerá do seu es- forço e empenho. Não existe mágica, existe atitude, força de vontade e muito trabalho. Autoajuda resolve, às vezes, mas recomendo investir seu tempo em cursos e treinamen- tos mais técnicos e específicos, mesmo que estes não tenham as piadinhas divertidas. Fonte: o autor. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Fábrica de loucuras Ano: 1986 Sinopse: quando uma fábrica de automóveis localizada em uma pequena cidade americana é fechada, um pânico generalizado toma conta do lugar, pois a maioria dos habitantes trabalha na fábrica. Até que um funcionário (Michael Keaton) vai até Tóquio na tentativa de convencer os japoneses a assumirem a fábrica. Eles concordam com a proposta, mas como os métodos de trabalho oriental e ocidental são bem distintos, um choque cultural se torna inevitável. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, R. A. L.; STRUETT, M. A. M. Conceitos da administração e ética em- presarial. Maringá: Unicesumar, 2014. BONOME, J. B. V. Teoria Geral da Administração. Curitiba: IESDE Brasil, 2009. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. FERREIRA, A. A. et al. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias. Evolução e tendência da moderna administração de empresas. São Paulo: Thomson Learning, 2002. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologias e práticas. São Paulo: Atlas, 2012. RICCA, D. Sucessão na Empresa Familiar: Conflitos e Soluções. São Paulo: CIA Edi- tora, 2007. SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008. ______. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2013. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: <http://www.caroli.org/gestao-participativo-na-semco/>. Acesso em: 23 jul. 2018. REFERÊNCIAS GABARITO 159 1. D. 2. D. 3. C. 4. E. 5. B. GABARITO CONCLUSÃO Prezado(a) estudante, chegamos ao final do nosso livro. Logo no início, levamos você à reflexão sobre a importância da Administração e por que você deveria co- nhecê-la e estudá-la. A compreensão sobre o Processo Administrativo e as etapas de Planejamento, Organização, Direção e Controle foi fundamental para o entendi- mento quanto ao desempenho do Administrador, uma vez que essas funções repre- sentam o cerne da função do Administrador e o caminho para a eficiência e eficácia individual e organizacional. Na Unidade I, você obteve uma visão geral da Administração, preparando-se para compreender os conhecimentos acerca da Evolução da Administração no tempo. Nas unidades posteriores, você trilhou o caminho e conheceu a magnífica evolução dos estudos da Administração, desde seus primeiros passos, a partir dos primórdios da civilização humana, até os dias atuais. Em pouco mais de 100 anos de estudo da Administração, diversas teorias tentam explicar a melhor maneira de Administrar. A maioria das teorias não conseguiu equalizar todos os problemas levantados no contexto organizacional, mas a Ad- ministração e seus pesquisadores nunca perderam o foco, sempre motivados para complementar e reforçar os fatores que não haviam sido contemplados nas teorias antecessoras e buscando, continuamente, desenvolvê-las. Grande parte das teorias foca a organização como um todo, por isso, “Administrar” é sempre um grande desafio, de maneira que precisamos, sempre, de ferramentas inovadoras para o auxílio da gestão da organização. Algumas vezes, será necessário tomar a decisão e mudar todo o processo, pois, como aprendemos sobre os conceitos de desenvolvimento organizacional, existem maneiras pelas quais podemos aprender a aprender, e é sempre necessário desen- volver o conhecimento, pois as realidades organizacionais mudam. As mudanças fazem parte da nova administração, a era digital, por exemplo, mostrou que as orga- nizações precisam se preparar para essas mudanças. Professor Ricardo CONCLUSÃO