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Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 1 SUMÁRIO CAPÍTULO 2 ORÇAMENTO ________________________________________________ 2 2.1 CONCEITO E OBJETIVOS ______________________________________________ 2 2.2 VANTAGENS _________________________________________________________ 3 2.3 DESVANTAGENS ______________________________________________________ 3 2.4 TIPOS DE ORÇAMENTO _______________________________________________ 4 2.4.1 Orçamento Empresarial _______________________________________________ 4 2.4.2 Orçamento Contínuo __________________________________________________ 5 2.4.3 Orçamento de Base Zero - OBZ _________________________________________ 5 2.4.4 Orçamento Flexível ___________________________________________________ 6 2.4.5 Orçamento por Atividades ______________________________________________ 7 2.4.6 Orçamento Perpétuo __________________________________________________ 8 2.4.7 Beyond Budgeting - BB ________________________________________________ 9 2.5 PEÇAS ORÇAMENTÁRIAS _____________________________________________ 12 2.6 QUESTÕES PARA REFLEXÃO __________________________________________ 13 Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 2 CAPÍTULO 2 ORÇAMENTO 2.1 CONCEITO E OBJETIVOS De alguma maneira, formal ou informalmente, todos precisam planejar a utilização do tempo e o fluxo de recursos. Do estudante à grande organização multinacional. O estudante deve planejar como utilizar seu tempo com disciplinas, estudo, estágio remunerado ou não, lazer. Deve também, estimar as fontes de recursos para pagar a universidade, livros e xerox etc. Já as grandes organizações devem planejar as atividades de venda e produção dos seus produtos e serviços, recursos financeiros, entre outros aspectos. Ou seja, todos podem se beneficiar planejando suas atividades com o auxílio do orçamento. Buscando uma definição simples, poder-se-ia conceituar orçamento como um plano que resulta da mescla de aspectos físicos e monetários, financeiros e não financeiros, tangíveis e intangíveis. Este processo, de preferência deve estar alinhado ao planejamento estratégico (discutido no Capítulo 1), como uma quantificação em nível operacional dos objetivos. Kenski (1973), descreve que os orçamentos são a expressão quantitativa de um plano de ação e de um apoio à coordenação do planejamento, execução e controle. Horngren, Foster e Datar (2000), definem orçamento como sendo a expressão quantitativa de um plano de ação futuro da administração para determinado período. Ele pode abranger aspectos financeiros e não-financeiros destes planos e funciona como um projeto que norteará as ações da organização. Assim, para Welsch (1973), o orçamento é um plano administrativo abrangendo todas as fases das operações para um período futuro definido. Conforme a Figura 1.1 (capítulo 1), o orçamento faz parte de um processo maior, que inicia com o desenvolvimento do planejamento estratégico da organização. Este processo é finalizado com definição das atividades necessárias a sua operacionalização, o que gera um plano de metas e recursos. Este plano orienta a execução e pode então ser comparado com o realizado, visando analisar os desvios e implementar as medidas de adequação. Os processos de planejamento e controle equiparam-se a um sistema que permeia todos os níveis de gestão, integrando aspectos funcionais e operacionais, não se restringindo à área de controladoria, mas buscando a participação de todas as áreas da organização. As medidas devem ser atribuídas aos responsáveis pela sua execução, podendo incluir as etapas de controle. Esta atribuição pode ocorrer de várias formas, ou seja, o centro responsável pode ser um departamento, atividade, tarefa ou variável base zero, entre outros. Horngren, Foster e Datar (2000) destacam como características gerais de organizações adequadamente gerenciadas quanto ao aspecto orçamentário os seguintes pontos: o desempenho da organização é planejado como um todo, com aplicação do mesmo modelo para as subunidades; são fixados parâmetros de referência na forma de conjuntos de expectativas a serem comparados com os resultados reais alcançados; constante avaliação do rumo das estratégias, com abertura para ações corretivas, se necessárias; e, na constatação de feedback discrepante do planejado, faz-se o replanejamento das ações por meio das medidas corretivas. Os objetivos do orçamento, conforme discutido no capítulo 1, devem estar alinhados com os definidos no planejamento em nível estratégico e tático. Além disso, devem estar relacionados ao ciclo administrativo: planejamento, execução e controle. Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 3 No planejamento, o orçamento pode materializar os objetivos sob a forma de valor. Na execução, o orçamento contribui para orientar as ações e decisões, visando assegurar a eficácia da organização e o comando que vai possibilitar a difusão dos planos. Isto serve para coordenar os diversos centros de responsabilidade da organização, motivando e avaliando os colaboradores. O orçamento pode também contribuir na avaliação de desempenho, sendo suas medidas comparadas com o realizado. Assim, ele fornece as medidas para avaliar o resultado global da organização e o desempenho dos diferentes centros de responsabilidade por meio da análise e identificação dos desvios e em caso de necessidade, a elaboração das medidas de adequação. O orçamento geral deve reunir as projeções relativas às peças de todas as unidades da organização. Com isto, ele permite a projeção das vendas, compra de materiais, necessidades de mão-de-obra e investimentos, com abrangência para as decisões de impacto, tanto operacional quanto financeiro. Esta elaboração, como todo instrumento de gestão, apresenta vantagens e oportunidades de melhoria, dependendo da aplicação prática. 2.2 VANTAGENS O ato de planejar traz embutida a incerteza, assim dependendo da qualidade deste planejamento, as possibilidades de êxito se ampliam. Logo, as vantagens potenciais deste processo para a organização, também aumentam. Elas podem ser maiores ou menores dependendo do tipo de processo orçamentário, das formas de implementação, tipo e tamanho da organização, competências do quadro gerencial, entre outros aspectos. Acerca dos benefícios advindos de um orçamento bem conduzido, podem-se assinalar como mais significativos os seguintes: auxilia no planejamento da organização, com a definição das medidas de desempenho e recursos operacionais; serve de instrumento de participação, comunicação e orientação das atividades; auxilia na resolução de problemas de interdependências da organização, já que seu desenvolvimento ocorre de forma seqüencial, perpassando os centros de responsabilidade ou áreas de interesse individuais; permite detectar com maior precisão os pontos fortes e fracos da organização, possibilitando implementar estratégias para a melhoria do desempenho; possibilita atuar no aprimoramento dos aspectos organizacionais como, nível de autoridade, eficiência, eficácia, economia e responsabilidade etc; pode gerar economia de recursos como, materiais e mão-de-obra etc; suas metas podem ser utilizadas como base para a remuneração variável e; suas metas servem de parâmetro para o controle do desempenho, permitindo a análise dos desvios e a geração de medidas de melhoria. Com isto, constata-se que os argumentos a favor da criação e manutenção de um adequado sistema orçamentário integrado são bastante robustos. Entretanto, conhecer aquelas que são apontadas pelos pesquisadores e críticos como sendo vulnerabilidades e oportunidades de reflexão e melhoria, também é importante para o sucesso desse processo. 2.3 DESVANTAGENS À exemplo do ocorre com as vantagens, as desvantagens tambémpodem ser decorrentes da forma de aplicação do processo orçamentário. Como limitações do sistema orçamentário, podem-se assinalar as seguintes: Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 4 o descolamento entre o planejado e o realizado, seja em termos numéricos ou apenas de intervalo de tempo para sua obtenção, atrapalham o processo de previsão de gastos e receitas, bem como a implementação de estratégias; a dificuldade de considerar aspectos ambientais, tais como variações de clientes, concorrência, mudanças de legislação e variações econômicas; o período de tempo demasiado longo também reduz a precisão das estimativas, o que exige revisões constantes; visão fortemente pautada nos aspectos financeiros levando muitas vezes a perda do foco e a “brigas” internas por recursos que, não raras vezes resultam em atitudes antiéticas ou em desmotivação. Há outros aspectos como estimativa das medidas pautadas fortemente em dados históricos, imposição de cortes gerais, lapso de tempo grande entre a previsão e a comparação com o realizado bem como, falta de flexibilidade do processo que não permite grandes ajustes depois de implementado gerando assim, baixa capacidade adaptativa às mudanças ambientais. Como já tratado, o orçamento deve permitir a prática gerencial flexível e dinâmica e, portanto adequada às necessidades da organização, atendendo às especificidades em relação ao nível de detalhamento, complexidade e agilidade das informações prestadas, mantendo-se sempre o mais próximo possível da realidade da organização e do mercado. De modo geral, as práticas utilizadas pelo orçamento são direcionadas ao planejamento e controle de vendas, custos de fabricação, despesas, caixa e de investimento, podendo ser subdividas em novas modalidades, de acordo com o grau de necessidade e detalhamento pretendido pela organização. Tais peças serão tratadas nos próximos capítulos. Antes faz-se necessário lançar um olhar sobre os principais tipos de orçamentos, suas idéias centrais, características, vantagens e limitações. 2.4 TIPOS DE ORÇAMENTO Como existe uma grande variedade de organizações, com amplo leque de setores de atuação e atividades, naturalmente haverá também um conjunto de métodos distintos de orçamento mais ou menos adequado às peculiaridades de cada negócio. Este tópico se destina a apresentar os principais tipos de orçamentos discutidos na literatura e os aspectos centrais que os caracterizam. 2.4.1 Orçamento Empresarial As práticas de planejamento e controle fazem parte do cotidiano da maioria das organizações, especialmente as de grande porte, visto que sua complexidade requer métodos específicos para dimensionar os custos e despesas de manutenção de seus vários departamentos e indicar sua saúde financeira como um todo. O orçamento, embora tenha sua origem na esfera pública como ferramenta de controle governamental, começou a ser usado no mundo corporativo no início do século XX, ganhando popularidade nas décadas de 50 e 60, quando sua prática tornou-se rotineira em grandes organizações. No orçamento empresarial os recursos são projetados de acordo com os processos básicos executados pela organização para produzir um produto ou prestar um serviço como, compras, vendas, finanças, produção, recursos humanos, administração, entre outros. Sob esse enfoque, geralmente ele tem como linha central a estimativa dos recursos necessários e disponíveis a partir da estrutura organizacional. Isto orienta as organizações a adaptar-se às necessidades especificas, com grau de detalhamento e periodicidade que auxiliem os centros de responsabilidade a planejar e controlar as compras, vendas e gastos com operações. Neste Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 5 caso, o gestor tem à sua disposição uma série de peças para avaliar e dimensionar o fluxo de recursos da organização. Neste modelo, os recursos são projetados de acordo com a estrutura departamental ou centro de responsabilidade da organização, ou seja, as peças orçamentárias dividem-se em: operacionais: vendas, compras, fabricação, distribuição e administração e, financeiras: fluxo de caixa, investimentos, projeção da Demonstração do Resultado – DR e da Demonstração de Posição Financeira – DPF também conhecido como Balanço Patrimonial - BP. O Quadro 2.1 apresenta as principais diferenças entre o orçamento empresarial e os demais tipos. De um modo geral, as práticas utilizadas pelo orçamento empresarial são direcionadas ao planejamento e controle de vendas, custos de fabricação, despesas, caixa e de investimento, podendo ser subdividas em novas modalidades, de acordo com o grau de necessidade de detalhamento pretendido pela organização. Tais peças serão tratadas detalhadamente nos próximos capítulos. 2.4.2 Orçamento Contínuo Embora a forma de planejamento orçamentário mais comum seja a anual, este pode ser um período de tempo demasiado longo para muitas organizações, especialmente aquelas inseridas em cenários dinâmicos como as do setor de tecnologia. Assim, o orçamento contínuo vem ganhando espaço junto às organizações, por permitir maior maleabilidade e revisão de objetivos e metas. Embora tenha um intervalo de 12 meses como período padrão, sua base pode ser móvel, o que significa que ao fim de um período, acrescenta-se outro. Por exemplo, ao encerrar o mês de janeiro de X1, acrescenta-se janeiro de X2, fazendo com que o novo horizonte do planejamento seja de fevereiro de X1 a janeiro de X2. Resumindo, no orçamento contínuo ocorre a renovação do período concluído e acréscimo do mesmo período no futuro. Na sua forma tradicional, esse tipo de orçamento estima recursos para um, dois ou três meses, considerando o ano como período base, mediante o abandono do período encerrado e a adição de um novo. Já na atual conjuntura essa forma pode ser utilizada para refinar as medidas, estimando o orçamento para um período anual e fazendo revisões e reprojeções em períodos menores que podem ser de um mês, trimestre ou semestre. O orçamento contínuo oferece como vantagens básicas a agilidade de orçar em períodos de tempo menores, a incorporação de novas variáveis e o resultado mais detalhado e, conseqüentemente, mais próximo da realidade. Isto permite mais realismo nas estimativas, uma vez que trabalha com prazos curtos e gera maior flexibilidade para o gerenciamento dos recursos. Por outro lado, por demandar a participação das diversas áreas da organização, a variável humana exerce um papel central. Logo, a qualificação, comprometimento e responsabilidade destas pessoas são cruciais para o êxito deste tipo de orçamento. Este processo talvez não seja o mais adequado para organizações que atuam em mercados estáveis ou com ciclos de produto longos. Nestes casos, outros tipos de orçamento podem ser mais recomendáveis. 2.4.3 Orçamento de Base Zero O orçamento de base zero - OBZ teve sua origem em 1960 no Departamento de Agricultura dos EUA. Em empresas privadas, sua primeira implementação ocorreu em 1970, na Texas Instruments. Entre as principais características está a não perpetuação das deficiências do plano anterior, cuja elaboração não toma o período precedente como ponto de partida, requerendo que todas as atividades em projeção sejam devidamente justificadas e quantificadas antes da Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 6 distribuição de recursos. A projeção dos recursos é baseada em pacotes de decisão da estaca zero, com justificativa e priorização (o que e quando gastar) para todos os gastos. Pyhrr (1976) define o orçamento de base zero como sendo um processo funcional de planejamento e controle operacional, no qual cada gestor deve justificar detalhadamente suas solicitações de dotações orçamentárias, a partir do ponto zero, para serem analisadase avaliadas sistematicamente e classificadas por ordem de importância em diferentes etapas operacionais. Os objetivos do orçamento base zero são apresentados por Carvalho (2002), onde destaca: i - análise de todos os processos organizacionais partindo de uma base zero; ii - alinhamento dos objetivos e metas das unidades de negócio com o planejamento da organização; iii - alocação de recursos segundo os fatores-chave da organização; iv - aprovação de níveis de gastos, além de desenvolvimento participativo e fornecimento de subsídios e informações úteis para a gestão. Nesta prática orçamentária, o gestor deve explicar de modo minucioso as solicitações de recursos, incluindo custos, finalidades, benefícios para a organização, conseqüências gerais e formas de controle. O OBZ pode ser dividido em pacote de base zero (PBZ), núcleo de base zero (NBZ) e variável base zero (VBZ). O Pacote de Base Zero – PBZ, segundo Pyhrr (1981), é um documento que identifica e descreve uma atividade específica de modo a que o gestor possa: (1) avaliá-la e priorizá-la em relação a outras atividades que concorram para a obtenção de recursos imediatos e (2) decidir aprová-la ou rejeitá-la. Para exemplificar o pacote pode-se utilizar: pacote aluguéis, pacote utilidades, pacote pessoal e pacote fretes, entre outros. Já a Variável Base Zero - VBZ é a menor unidade de acumulação dos gastos, como a conta contábil que registra o consumo dos recursos. Pode-se utilizar como exemplo a conta “cartuchos para impressora”, “canetas”, “papel”, entre outros. O Núcleo de Base Zero - NBZ é a junção de várias VBZ por apresentarem natureza de gasto semelhante e, assim, facilitar o controle pelo responsável. Por exemplo, as VBZ citadas anteriormente podem ser classificadas na NBZ “material de escritório”. As principais vantagens deste método referem-se a: i - orçamentação partindo das necessidades efetivas da organização para então projetar os recursos visando atendê-la; ii - a busca pela melhoria contínua; iii - minimização das estruturas; e, iv - foco na produtividade e maior envolvimento das pessoas. Isto conduz a flexibilização do processo, o que permite sua implementação em qualquer organização, além de minimizar a alocação de recursos em projetos que já estejam concluídos. As atividades normalmente podem ser controladas por meio das relações de contribuição para o resultado global do negócio. Isto demonstra que o OBZ pode ser implementado em qualquer organização com ou sem fins lucrativos, em atividades industriais, comerciais e de serviços. Zimmerman (2000) acredita que o OBZ é interessante para empresas com grande rotação de empregados e mudanças substanciais nas estratégias e clima de muita incerteza. Em contrapartida, exige maior tempo de elaboração, bem como maior nível burocrático nas decisões. Assim, entre as principais desvantagens pode-se destacar o aspecto burocrático, com muitos papéis e inúmeros controles. Outro tipo de proposição orçamentária versa sobre o orçamento flexível. Suas principais características serão apresentadas na seqüência. 2.4.4 Orçamento Flexível As bases do método foram lançadas no início de 1970, na Alemanha, por Kilger e Plaut, conhecidas como GrenzPlanKostenrechnung ou GPK. O sistema incorpora dois princípios básicos: os centros de responsabilidade com o planejamento e controle e o cálculo do custo por objeto e a nítida separação entre custos fixos e variáveis. Esses princípios formam a base do Flexible PlanKostenrechnung ou orçamento flexível. Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 7 O orçamento flexível aplica-se aos casos em que os custos variam de acordo com o nível de atividade da organização. Assim, se o nível de atividade for distinto do previsto, os valores orçados serão ajustados ao nível real, para então fazer a análise comparativa. Com isso o orçamento flexível demanda conhecimento adequado dos padrões de comportamento dos custos, separando-os em variáveis e fixos. Isto requer a determinação dos valores unitários de vendas e custos, que vão possibilitar antes da realização do controle, o ajuste dos valores globais. Isto porque as variações do orçamento podem ser decorrentes de erros no planejamento, registro ou execução. Na execução, por exemplo, os desvios podem ocorrer em razão de variações em quantidades e preços, entre outros fatores. Quanto à elaboração do orçamento flexível, Horngren, Foster e Datar (2000) estabelecem cinco etapas de implementação, na seguinte ordem: i - fixação do preço orçado por unidade vendida, dos custos variáveis e fixos orçados; ii - determinação do volume real das medidas de receita; iii - determinação do orçamento flexível da receita com base na receita orçada e no número de medidas da receita; iv - determinação da quantidade de medidas na alocação de custos; e, por fim, v - elaboração de um orçamento flexível dos custos, considerando os custos variáveis e fixos orçados e a quantidade real das medidas de custo. Neste sentido, Lunkes (2007) alerta que o importante no orçamento flexível é a possibilidade de identificar a origem das diferenças, que podem ser fruto de variação do preço e volume etc., ou foram causadas por eficiência ou ineficiência no uso dos materiais, mão-de- obra, entre outros recursos. Para tomar decisões acertadas, é preciso ter clareza das causas dessas variações, para então implementar ações pontuais e efetivas. Em suma, o orçamento flexível facilita a identificação das causas dos desvios, com possibilidade de atribuição de responsabilidade. Isto permite que a organização tenha maior controle sobre as variações de vendas e produção, adequando as projeções ao nível real de atividade, tornando-a mais preparada para fazer frente às mudanças do ambiente. Quando há necessidade de um orçamento detalhado por atividade, entra em cena a proposição do orçamento por atividades. Este tema será estudado no tópico seguinte. 2.4.5 Orçamento por Atividades O orçamento por atividades foi proposto por volta dos anos 80. Primeiro nos meios acadêmicos e depois com aplicações práticas. De acordo com Lunkes (2007), ele foi adotado pelas organizações por oferecer três vantagens básicas em relação a outros modelos: i - aumentar a compreensão acerca da dinâmica dos custos; ii - fundamentar as ações e decisões; e, iii - auxiliar no planejamento e controle. O princípio básico do orçamento por atividades é a projeção das necessidades de trabalho em termos de atividades para execução dos processos e, conseqüentemente dos recursos nas atividades com o uso de direcionadores de custos. Assim, o orçamento por atividades mantém o foco sobre os custos das ações que agregam valor aos produtos e serviços, unindo os custos indiretos em torno de atividades homogêneas centrais, o que permite aos gestores estabelecerem relações de causa e efeito para sua identificação. O orçamento baseado em atividades é um plano quantitativo e financeiro que direciona a organização a focalizar atividades e recursos visando atingir objetivos estratégicos. É a expressão do plano esperado, refletindo a previsão dos direcionadores e atividades necessárias para atender o volume dos objetos de custo. A compreensão do funcionamento do orçamento por atividades requer o entendimento dos conceitos de alguns de seus fundamentos básicos. Entre eles, destaque para os recursos que constituem os gastos necessários a concretização do negócio, referindo-se nesse caso mais especificamente as entradas do sistema. Já o processo é o conjunto de atividades interdependentes cuja relação culmina num resultado. As atividades referem-se à utilização de tempo e recursos da organização na direção de seus objetivos, cuja análise descreve as operações do negócio e reduz a complexidade da estrutura organizacional, Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 8 decompondo-a em partes menores,ou seja, são unidades de trabalho. Os direcionadores de custos tratam das relações entre consumo de tempo e recursos e desempenho das atividades. No primeiro momento, o orçamento por atividades determina a demanda, os produtos e a capacidade de atendê-los, por meio de direcionadores de receita. Posteriormente, serão determinadas as atividades necessárias para atender à demanda projetada, mediante direcionadores de custo. Por último, serão determinados os recursos necessários para suprir as atividades projetadas por meio de direcionadores de recursos. Como as atividades se referem ao uso de tempo e recursos, as organizações devem relacionar seu orçamento com seu mix de produtos e serviços a fim de não apenas contabilizar gastos realizados, mas determinar expectativas de gastos para períodos regulares. A implementação do orçamento por atividades, segundo Bleeker (2001), requer uma série de passos: i - determinação da demanda para cada produto ou serviço, com o máximo de informações relativas à clientela e produção; ii - identificação da taxa de consumo da atividade por objeto de custo, o que inclui a mensuração dos valores de cada direcionador de atividade; iii - previsão da demanda de atividades organizacionais; iv - identificação da taxa de consumo dos recursos, considerando o grau de eficiência em gastos diretos e indiretos relativos a cada atividade; v - multiplicação do total das atividades pela taxa de recursos consumidos, determinando deste modo o montante de recursos suficientes à satisfação da demanda; vi - conversão do total de recursos requeridos com o montante de recursos empregados, identificando “gargalos” que limitam a capacidade total de produção da organização e; vii – projeção de recursos necessários ao atendimento da demanda estimada dos objetos de custo. Como principais vantagens do orçamento por atividades, Horngren, Foster e Datar (2000) relacionam o alto grau de realismo, com maior precisão em relação aos custos e aos recursos necessários, uma vinculação mais clara entre custos e responsabilidades funcionais e identificação de desperdícios, eliminação de atividades que não agregam valor, redução de tempo ou recursos necessários a cada atividade, identificação de atividades menos onerosas, priorização de atividades, justificativa quanto à utilização de recursos, acompanhamento dos benefícios e avaliação contínua do desempenho (KAPLAN e COOPER, 1998). 2.4.6 Orçamento Perpétuo O orçamento perpétuo tem como pano de fundo a lógica que une relações de causa e efeito entre eventos e processos, considerando desempenhos individuais e globais no sucesso da organização. Este procedimento permite a atualização dos procedimentos relativos aos eventos-chave, padroniza relatórios para sua descrição e utiliza dados atuais para sua validação. Horngren, Foster e Datar (2000) descrevem que ao adotar a relação causa e efeito, os gestores podem identificar a variável que mais consome recursos. Com isto, passam a ter uma importante ferramenta para auxiliá-los a predizer o futuro. Para tanto, eles devem saber o que acontecerá se não forem tomadas as medidas para preveni-lo, visão esta, potencializada com o uso da relação causa e efeito. A previsão dos gastos a serem alocados às peças orçamentárias é feita no orçamento perpétuo na seqüência lógica dos acontecimentos dos eventos. O evento chave dispara os demais, definindo o montante de trabalho ou o desempenho da atividade e, conseqüentemente, o montante de recursos a serem empregados. Desta maneira, a variação dos eventos chave provocará variações nas previsões orçamentárias, dando a organização grande maleabilidade e aumento no grau de realismo que favorece a implementação de padrões, pois uma visão geral sobre a natureza das causas permite uma maior compreensão dos seus efeitos, favorecendo o entendimento dos processos. Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 9 A visão estratégica permite a avaliação das condições correntes e, conseqüentemente, das relações entre ganhos e desempenho, que definirá os recursos orçamentários, cuja implementação deve ser acompanhada pelo monitoramento das condições previstas considerando possíveis mudanças nos eventos chave. Tais condições permitem o acompanhamento da relação entre carga de trabalho prevista e o impacto no desempenho, abrindo oportunidade para correções da análise de custos de capitais e de atividades operacionais, seguida pela monitoração dos alvos estratégicos, que determinam a visão estratégica, e assim por diante, em um novo ciclo (BRIMSON, 1999). Como principais pontos fortes do orçamento perpétuo pode-se destacar a alteração e atualização do orçamento de acordo com mudanças nos eventos chave; a compreensão das relações entre os eventos chave e as medidas orçamentárias; aproveitamento das oportunidades; gerenciamento das capacidades, identificando excessos e carências; diminuição dos custos e aumento da produtividade; flexibilidade do processo e maior envolvimento dos colaboradores. 2.4.7 Beyond Budgeting O Beyond Budgeting – BB pode ser traduzido como “além do orçamento”. Ele foi desenvolvido por meio de um fórum de empresas denominado Beyond Budgeting Round Table (BBRT), em 1998. Apesar de ser tratado na literatura como um tipo de orçamento, ele na verdade vai além do orçamento tradicional, pois surgiu com a reunião de organizações não satisfeitas com os resultados e suportes à gestão alcançados pelos tipos tradicionais. O BB permite a adoção de um modo de gestão mais descentralizado. Em lugar de uma hierarquia e liderança centralizada, ele habilita a tomada de decisões e o senso de responsabilidade sobre o resultado previamente fixado. Assim, ele se propõe a criar um ambiente de trabalho auto-gerenciado e uma cultura baseada na responsabilidade. Conseqüentemente, isso traz maior motivação, produtividade e melhor atendimento das necessidades dos clientes etc. Os vários casos estudados mostram que os princípios deste modelo podem ser aplicados de diferentes formas. Isto faz com que as organizações não tenham mais um processo formal e centralizado de orçamento. As unidades de responsabilidade baseadas em medidas de desempenho estabelecidos pela controladoria ou outra área desenvolvem orçamentos simplificados e descentralizados. Este modelo incorpora os principais avanços da literatura em termos de instrumentos de gestão como, empowerment, descentralização, aplicação do Balanced Scorecard, Gerenciamento de valor e por atividades, entre outros. Desta forma, o BB visa proporcionar rapidez e eficiência no trato de eventuais mudanças de cenários, atendendo aos anseios dos diversos públicos com os quais interage. No beyond budgeting, os recursos são estimados de forma descentralizada e flexível, guiado por um conjunto de doze princípios básicos, que abrangem regras de liderança e gerenciamento de desempenho. Nesta tarefa, os princípios e valores norteadores das ações na organização devem ficar bem definidos e compreendidos por todos os colaboradores. Ou seja, as regras do jogo devem estar claras e inteligíveis. Todos devem saber que a iniciativa responsável e alinhada não só é permitida como, desejada. Por outro lado, a postura passiva e meramente reativa tende a ser reprimida e penalizada. Devem ser definidas também as fronteiras de aspectos como: autoridade e responsabilidade de quem delega e dos delegados; estruturas material, humana, financeira e de logística, necessárias para lograr êxito nesta nova filosofia de gestão; existência de sistemas de planejamento, mensuração, controle e avaliação do desempenho associados aos sistemas de motivação e recompensa. Em suma, trata-se da forma mais atual e ampliada dos tipos de orçamento e com a expectativa de geração de resultados mais elaborados e consistentes. Porém, sua Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr,10 operacionalização requer diversas mudanças nas organizações. Mudanças estas, nem sempre fáceis e rapidamente implementáveis. O Quadro 2.1 apresenta resumidamente as principais características e diferenças entre os tipos de orçamento apresentados. Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 11 Evento Tipo de Orçamento Empresarial Contínuo Base Zero Flexível Atividades Perpétuo Beyond Budgeting Estima recursos nos processos básicos, podendo ter como base a estrutura organizacional e os valores de anos anteriores. Estima recursos com renovação do período concluído e acréscimo do mesmo período no futuro. Estima recursos em pacotes de decisão de acordo com as necessidades, da estaca zero, com justificativa e priorização. Estima recursos para vários níveis de atividade, ajustando-as a atividade real para então realizar a análise comparativa. Estima recursos em termos de atividades necessárias, com utilização dos direcionadores de custo. Estima recursos com base na relação causa e efeito. Estima recursos de forma descentralizada e flexível, guiado por um conjunto de princípios. Horizonte de Tempo Ciclo anual Ciclos menores (contínuos) Geralmente ciclo anual, podendo apresentar atualizações. Ciclo anual Geralmente ciclo anual Ciclos menores (ocorrência de eventos-chave) Ciclos menores (contínuos) Principais Vantagens Focaliza-se em recursos necessários para atender a demanda. Planificação das atividades da organização. A redução de custos tende a ser feita de forma gradual. Possibilidade de inclusão de variáveis durante o ciclo. Elaboração de orçamentos com maior precisão. Tende a eliminar a ineficácias do passado. Focaliza a redução de gastos. Necessidade de justificar o porque da utilização dos recursos e sua priorização. Possibilidade de cobrar responsabilidade pelas variações. Projeta recursos necessários ao atendimento daquele nível de atividade. Possibilidade de determinar o equilíbrio financeiro. Sincroniza processos, atividades e objetos de custo. Projeta recursos necessários ao atendimento dos objetos de custos. Alto grau de realismo Eliminação de atividades que não agregam valor Projeta recursos necessários ao atendimento do cliente. Autoriza os gestores a utilizar os recursos conforme a carga de trabalho. Tende a localiza as causas dos problemas. Melhor atendimento das necessidades dos clientes Auxilia na descentralização da tomada de decisão Principais Limitações Perpetua ineficiências de anos anteriores. Freqüentemente inclui cortes iniciais arbitrários feitos pela alta administração, baseado em porcentagem fixa. Perpetua ineficiências de anos anteriores. Tende a ser extremamente burocrático. Maior de tempo de elaboração. Maior necessidade de entendimento dos custos (fixos e variáveis). Alto grau de complexidade na sua elaboração. Necessidade de software sofisticado. Alto grau de dificuldade de estabelecer a relação causa-efeito. Possibilidade de perda do controle Necessidade de maior capacidade de gestão e motivação dos colaboradores Tipo de Controle Ideal – real Ideal-real Ideal-real Real - real Ideal-real Ideal-real Ideal - ideal Quadro 2.1 Principais características e diferenças entre os tipos de orçamentos Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 12 2.5 PEÇAS ORÇAMENTÁRIAS Habitualmente, após elaborado o planejamento de longo prazo da organização, evolui-se para o estágio seguinte, que consiste em buscar quantificar estes planos, tanto em quantidades físicas quanto em unidades monetárias. Trata-se do processo de elaboração do sistema orçamentário. Na seqüência, são apresentadas rapidamente, as principais peças de um sistema orçamentário. Elas são projetadas de forma encadeada e seqüencial, porém, não necessariamente, terão que estar presentes em todos os sistemas, como também podem existir outros desdobramentos, de acordo com a estrutura e complexidade da organização. As peças orçamentárias são os centros de atribuição de resultado, tais como vendas, produção, compras e administração, que permitem ao gestor planejar e controlar os processos básicos da organização. Elas possuem utilidades e peculiaridades locais e passam a atingir sua plenitude quando elaboradas de forma sistêmica, permitindo o planejamento integrado das necessidades e desempenhos esperados dos gestores responsáveis pela sua execução. As peças estão interligadas em uma relação de causa e efeito, o que requer informações uma das outras, em maior ou menor escala. A Figura 2.1 apresenta as principais interações entre as várias peças, permitindo ao gestor desenvolver uma visão abrangente da dinâmica de sua elaboração. Figura 2.1 Peças básicas de um sistema orçamentário Fonte: elaborada pelos autores Orçamento de Vendas Orçamento de Produção Orçamento dos Custos de Produção Orçamento de Matérias-Primas Orçamento de Mão-de-Obra Direta Orçamento dos Custos Indiretos de Fabricação Projeção da Demonstração do Resultado Projeção da Demonstração de Posição Financeira ou Balanço Patrimonial Orçamento de Investimentos Orçamento de Caixa Orçamento das Contas a Receber Orçamento de Estoques Orçamento de Empréstimos Financiamentos Orçamento das Despesas Operacionais Orçamento das Despesas de Vendas e de P&D Orçamento das Despesas Administrativas Orçamento das Despesas Financeiras Orçamento dos Impostos s/Vendas Orçamento das Contas a Pagar Definições Estratégicas Material desenvolvido pelos Professores: Darci Schnorrenberger, Dr, Rogério João Lunkes, Dr, 13 Conforme Figura 2.1, constata-se que existe um grau de interelação em grande parte das peças, algumas em maior e outras de menor intensidade. Entretanto, o importante neste caso está em entender a organização como um sistema vivo e dinâmico, onde o desempenho de uma área afeta o de outra. Somente depois de alcançado este entendimento, é que os gestores responsáveis, tanto pela elaboração, execução, análise e controle, estão em condições de efetivamente darem suporte ou tomarem decisões. 2.6 QUESTÕES PARA REFLEXÃO a) O que vem a ser um orçamento? b) O que um orçamento deve permitir? c) Quais as condições necessárias para implementar um ciclo orçamentário? d) Quais são as principais vantagens do orçamento? e) Quais são as possíveis desvantagens do orçamento? f) Quais são os tipos de orçamento existentes? Qual a idéia central de cada um deles? g) Qual é o melhor tipo de orçamento? h) Quais são as peças que compõe o sistema orçamentário?
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