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Paratireoide Anatomia e Histologia: São quatro pequenas glândulas, que têm peso total de cerca de 0,4 g. Localizam-se mais comumente nos polos superiores e inferiores da face dorsal da tireoide, geralmente na cápsula que reveste os lobos desta glândula. Cada paratireoide é envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo. A paratireoide é uma glândula cordonal. Há dois tipos de células na paratireoide: as principais e as oxífilas. As células principais predominam amplamente sobre as outras, têm forma poligonal, núcleo vesicular e citoplasma fracamente acidófilo (secretam o paratormônio). Na espécie humana as células oxífilas aparecem por volta dos 7 anos de idade e a partir daí aumentam progressivamente de número. São poligonais, maiores e mais claras que as células principais. Fisiologia: Resumindo: O PTH estimula a reabsorção óssea e a liberação de Ca2+ na circulação. No rim, promove a reabsorção de Ca2+ e a excreção de fosfato inorgânico na urina. Além disso, o PTH estimula a hidroxilação da 25-hidroxivitamina D na posição 1, levando à produção da forma ativa da vitamina D (calcitriol). A vitamina D aumenta a absorção intestinal do Ca2+ dietético e facilita a reabsorção renal do Ca2+ filtrado. No osso, ela aumenta a reabsorção óssea, com consequente aumento da liberação de Ca2+ na circulação. A calcitonina opõe-se aos efeitos do PTH pela inibição da reabsorção óssea e pelo aumento da excreção renal de Ca2+. Biossintese e transporte do PTH: O PTH é sintetizado na forma de pré-pró-peptídeo, que é rapidamente clivado, produzindo pró-PTH e, subsequentemente, a forma madura do PTH. A síntese e a liberação de PTH são contínuas, com cerca de 6 a 7 pulsos superpostos a cada hora. Ele é degradado pelo rim e pelo fígado em fragmentos aminoterminais (PTH 1-34) e carboxiterminais. Os fragmentos amino terminais representam cerca de 10% dos fragmentos circulantes de PTH. Os fragmentos carboxiterminais, que constituem 80% dos fragmentos circulantes de PTH, não têm atividade biológica e apresentam meia-vida mais longa. Regulação da liberação do PTH: O cálcio em altas concentrações suprime a secreção de PTH, enquanto baixos níveis estimulam a liberação do hormônio. A ocorrência de pequenas alterações nos níveis plasmáticos de Ca2+ é detectada pelo receptor paratireoidiano sensor de Ca2+. Uma redução aguda dos níveis circulantes de cálcio (hipocalcemia) desencadeia uma onda bifásica de liberação de PTH. O PTH pré-formado é liberado em poucos segundos, seguido de uma redução da degradação intracelular de PTH e de um aumento na liberação desse hormônio em algumas horas. Os níveis de fosfato também modulam a liberação de PTH, com aumento da liberação de PTH estimulada por fosfato. As concentrações de magnésio também modulam essa liberação. A forma ativa da vitamina D (1,25[OH]2D) também contribui para a modulação dos níveis de PTH ao reduzir a transcrição do gene desse hormônio. Receptor de Ca2+ da paratireoide: O sensor de Ca2+ é um receptor acoplado à proteína G, localizado sobre a membrana plasmática das células principais das paratireoides; é também encontrado nas células tubulares renais e nas células C da tireoide. A fosforilação e a ativação da fosfolipase A2 ativam a cascata do ácido araquidônico e aumentam a síntese dos leucotrienos. Os metabólitos ativos dos leucotrienos inibem a secreção de PTH. A inibição dessa secreção pelos níveis elevados de Ca2+ se deve a um aumento na degradação de hormônio pré-formado armazenado nos grânulos secretores. Os aminoácidos liberados durante a degradação do PTH formado no interior das células paratireoides são reutilizados na síntese de outras proteínas. A vitamina D inibe a liberação de PTH ao diminuir a expressão do gene desse hormônio. Na hipocalcemia, o receptor de Ca2+ das paratireoides não há restrição na secreção de PTH. A rápida secreção do PTH pré-formado é rapidamente seguida de aumento na estabilidade do mRNA do PTH e síntese de novo hormônio. Outros fatores que regulam a liberação de PTH: As elevações nos níveis plasmáticos de fosfato aumentam a secreção de PTH pela redução da atividade da fosfolipase A2 e pela formação de ácido araquidônico, removendo, assim, o efeito inibitório sobre a secreção de PTH. Já a hipofosfatemia diminui de o mRNA do PTH e os níveis plasmáticos desse hormônio. A liberação de PTH pode ser estimulada por uma diminuição moderada do Mg2+ plasmático. Entretanto, a presença de concentrações séricas muito baixas de Mg2+ induz um bloqueio paradoxal na liberação de PTH. Foi sugerido que o mecanismo desse efeito resulte da ativação das subunidades a das proteínas G do receptor sensor de cálcio, simulando a ativação do receptor e inibindo, dessa maneira, a secreção de PTH. Foi constatado que os agonistas adrenérgicos aumentam a liberação de PTH pelos receptores b-adrenérgicos presentes nas células paratireóideas. Orgãos -alvo e efeitos do PTH: A principal resposta fisiológica desencadeada pelo PTH consiste em elevação dos níveis plasmáticos de cálcio pelo aumento da reabsorção renal de Ca2+, mobilização do Ca2+ do osso e absorção intestinal. Foram identificados três tipos de receptor de PTH (PTHR1, PTHR2 e PTHR3), que consistem em receptores acoplados à proteína G. • O PTHR1 é expresso nos osteoblastos ósseos e no rim, onde se liga ao PTH e à proteína relacionada com o PTH (PTHrP). A PTHrP liga-se ao PTHR1 no osso e no rim, resultando em níveis plasmáticos elevados de Ca2+. Por conseguinte, o PTHR1 não apenas medeia os efeitos fisiológicos do PTH, como também desempenha importante papel nos efeitos fisiopatológicos da PTHrP. A ligação do PTH ao PTHR1 acoplado à proteína G dá início a uma cascata de processos intracelulares, principalmente por sinalização, pela subunidade a da proteína G estimuladora, levando a uma síntese aumentada de AMPc e à ativação da proteína-quinase A e fosforilação de proteínas-alvo nos resíduos de serina. No rim, o PTH estimula diretamente a reabsorção de Ca2+, a excreção de fosfato e a atividade da 1a-hidroxilase, a enzima responsável pela formação da forma ativa da vitamina D. A regulação da reabsorção de Ca2+ pelo PTH ocorre nos túbulos distais. No túbulo distal, a absorção de Ca2+ é regulada pelo PTH, pela vitamina D e pela calcitonina; também pode ser afetada por fármacos poupadores de Ca2+, como os diuréticos tiazídicos. O PTH estimula a inserção e a abertura do canal de Ca2+ apical, facilitando a entrada de Ca2+ no interior celular. No interior da célula epitelial tubular, o Ca2+ liga-se à calbindina-D28K e, a seguir, difunde-se através da membrana basolateral. A calbindina-D28K é uma proteína de ligação do cálcio dependente de vitamina D, encontrada no citosol das células que revestem a parte distal do néfron. O PTH diminui a reabsorção renal (e intestinal) de fosfato por diminuição na expressão dos cotransportadores de Na+/PO42– do tipo II. No osso, o PTH libera o cálcio das reservas disponíveis de imediato e em equilíbrio com o líquido extracelular (LEC). Subsequentemente, ele estimula a liberação de cálcio (e também a de fosfato) pela ativação da reabsorção óssea. Ele liga-se a receptores presentes nos osteoblastos, resultando em uma cascata de eventos que culminam na ativação dos osteoclastos e que resultam em rápida liberação de Ca2+ da matriz óssea no compartimento extracelular, onde ele entra na circulação sistêmica. O PTH também aumenta o número de osteoblastos, diminuindo sua apoptose e aumentando sua proliferação. Embora elevações crônicas do PTH resultem em reabsorção óssea, a administração intermitente desse hormônio estimula mais a formação do que a reabsorção óssea. Mecanismo de Reabsorção Óssea: O osso consiste em matriz extracelular, cuja fase orgânica é composta de colágeno do tipo I, proteoglicanos e proteínas não colagenosas. A fase inorgânica da matriz óssea é composta principalmentede hidroxiapatita de cálcio, que atua como reservatório dos íons de cálcio e fosfato. A remodelagem óssea envolve a remoção contínua de osso (reabsorção óssea) seguida de síntese de nova matriz óssea e mineralização subsequente (formação óssea). A atividade osteoclástica induzida pelo PTH é mediada indiretamente pela ativação dos osteoblastos. A reabsorção óssea pelos osteoclastos consiste em múltiplas etapas, incluindo o recrutamento e a diferenciação dos precursores dos osteoclastos em osteoclastos mononucleares (pré-osteoclastos), bem como a fusão desses pré- osteoclastos para formar osteoclastos multinucleados funcionais. A ligação do PTH aos osteoblastos desencadeia a síntese do FDO estimula a expressão dessa proteína de membrana nas células osteoblásticas. Esse ligante liga-se ao receptor de FDO expresso nos precursores hematopoiéticos dos osteoclastos e estimula sua diferenciação em osteoclastos funcionais. A ativação do RANKL aumenta a expressão de genes específicos, que levam à maturação dos osteoclastos. Quando um precursor dos osteoclastos entra em contato com um osteoblasto, a interação resultante entre RANK e RANKL estimula esse precursor a sofrer maturação em um osteoclasto totalmente diferenciado de reabsorção óssea. A osteoprotegerina é uma proteína secretada pelos osteoblastos, que atua como antagonista natural do RANKL e que, portanto, contribui na regulação da reabsorção óssea. Ela funciona como fator inibitório da osteoclastogênese e atua como proteína “chamariz” solúvel, que se liga ao RANKL, impedindo sua ligação ao RANK e, dessa maneira, inibindo efetivamente a maturação dos osteoclastos mediada pelo RANKL. O PTH e os glicocorticoides diminuem a produção de osteoprotegerina, enquanto os estrogênios aumentam sua expressão. A reabsorção óssea pelos osteoclastos envolve a fixação dessas células à superfície celular por proteínas, denominadas b-integrinas, gerando, assim, um microambiente extracelular isolado entre os osteoclastos e a superfície óssea que, na verdade, funciona como um lisossomo. As vesículas intracelulares ácidas fundem-se com a borda recortada da membrana celular voltada para a matriz do osso sob a qual ocorre a reabsorção óssea. A acidificação desse microambiente extracelular é mediada por H+-ATPases. A redução do pH (pH 4) no compartimento fechado favorece a dissolução da hidroxiapatita desse mineral e propicia condições ideais à ação das proteases lisossomais, incluindo a colagenase e as catepsinas secretadas pelos osteoclastos. Os produtos da degradação óssea (incluindo Ca2+ e fosfato) são transportados por endocitose pelo osteoclasto e liberados na superfície antirreabsortiva celular, por meio de um processo denominado transcitose (trânsito através da célula), a partir da qual alcançam a circulação sistêmica.
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