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“Epidemiologia geral das doenças transmissíveis” Profª Giovana Lemos Introdução As doenças transmissíveis causam mortes e ainda afligem milhões de pessoas nos países em desenvolvimento. Doença pode ser definida: “desajustamento ou uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto”. A doença Doença Infecciosa: segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (1983), é a “doença, clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resultante de uma infecção”. Doença não-infecciosas: são todas aquelas não resultantes de infecção: doença coronariana, diabetes e outras. Também são conhecidas como não transmissíveis. Sob aspecto de duração: Crônicas – que se desenrolam a longo prazo; Agudas – de curta duração; Etiologia Agudas Crônicas Infecciosas Doenças infecciosas agudas: tétano, raiva, difteria, sarampo, gripe. Doenças infecciosas crônicas: tuberculose, calazar, hanseníase, doença de chagas. Não-infecciosas Doença não-infecciosa aguda: envenenamento por picada de cobra. Doenças não-infecciosas crônicas: diabetes, doença coronariana, cirrose devida ao álcool. A doença Infecção: segundo a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS, 1983) é a penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal. Infecção não é sinônimo de doença infecciosa (pode ocorrer infecção sem doença) A doença Doença contagiosa: doenças infecciosas no qual seu agente etiológico atinge o sadio através do contato direto desses com os indivíduos infectados. Ex: doenças sexualmente transmissíveis TODA DOENÇA CONTAGIOSA É INFECCIOSA Doença transmissível: Doença cujo agente etiológico é vivo e é transmissível. O organismo parasitante pode migrar do parasitado para o sadio, havendo ou não uma fase intermediária de desenvolvimento no ambiente. A doença A maioria das infecciosas está associada à pobreza e ao subdesenvolvimento. Medidas de caráter permanente são mais efetivas do que medidas de controle das doenças Doenças podem ser manifestas ou inaparentes Doenças Quarentenáveis: são aquelas que podem levar à restrição durante o período máximo de incubação a fim de evitar a propagação da doença. Ex.: peste pneumônica, cólera e febre amarela. Doenças de isolamento: exigem a segregação dos indivíduos doentes durante o período de transmissibilidade da doença, para evitar a transmissão direta ou indireta. Ex.: Tuberculose (uso adequado de máscaras); Difteria (uso de luvas, máscara, gorro e capote); gripe A - H1N1(isolamento do paciente) A doença Período de Incubação: é o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais e sintomas da doença. Período de transmissibilidade: período no qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de uma pessoa infectada a outra. A doença Componentes da doença infecciosa (transmissível) Bioagentes patogênicos Hospedeiro Ambiente Vetor Os bioagentes patogênicos Bioagente: agente vivo Patogênico: capacidade de gerar doença Agente infeccioso: é um ser vivo, vírico, bacteriano, fúngico, protozoário ou helmíntico, que pode ser introduzido em outro ser vivo e se desenvolver ou multiplicar, gerando uma doença As propriedades dos bioagentes mais importantes são: Infectividade: é à capacidade que têm certos organismos de penetrar e de se desenvolver ou de se multiplicar no novo hospedeiro, ocasionando infecção. Ex: vírus da gripe X fungos (baixa infectividade) Patogenicidade: é a qualidade que tem um agente infeccioso de, uma vez instalado no organismo do homem e de outros animais, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentre os hospedeiros infectados (sarampo X poliomielite) Patogenicidade = Casos de doença x 100 nº total de infectados Virulência: é a capacidade de um bioagente produzir casos graves ou fatais. Virulência = Casos graves ou fatais x 100 Total de casos de doença Ex: Raiva – todo caso é fatal Sarampo – alta infectividade e patogenicidade, mas baixa virulência Está associada às propriedades bioquímicas do agente e à sua capacidade de multiplicação no organismo parasitado (crianças subnutridas oferecem margem à gravidade da doença) A virulência pode ser avaliada através dos coeficientes de letalidade ou de gravidade Dose infectante: é a quantidade do agente etiológico necessária para iniciar uma infecção. Varia de acordo com a virulência do bioagente e com a resistência do acometido Poder invasivo: é a capacidade que tem o parasita de se difundir, através de tecidos, órgãos, e sistemas anatomofisiológicos do hospedeiro Imunogenicidade: poder imunogênico = é a capacidade que tem o bioagente para induzir imunidade no hospedeiro. Hospedeiro: é todo indivíduo, pessoa ou animal, penetrados por bioagentes patogênicos, que concede subsistência a estes, permitindo-lhes seu desenvolvimento ou multiplicação (oposto: espécie refratária – inviabiliza o bioagente patogênico) O hospedeiro suscetível Indivíduo suscetível ou infectável: é a pessoa ou animal sujeitos a uma infecção. Indivíduo resistente: é aquele que, por via de algum mecanismo natural ou através de imunização artificial, tornou-se capaz de impedir o desenvolvimento. O hospedeiro suscetível Termos mais usados na epidemiologia das doenças transmissíveis: Resistência Suscetibilidade Imunidade As relações do hospedeiro com o bioagente patogênico podem ser descritas pelas categorias: Resistência: é o sistema defesa com o qual o organismo impede a difusão ou a multiplicação de agentes infecciosos. Está associada ao estado de nutrição, integridade da pele e mucosas, fatores genéticos, estresse, etc Resistência natural: tem caráter inespecífico. É a capacidade de resistir à doença independente de anticorpos ou de reação específica dos tecidos. Resulta de fatores intrínsecos do hospedeiro, anatômicos ou fisiológicos, genética ou adquirida Suscetibilidade: não possui resistência a determinado agente patogênico e pode contrair a doença. Imunidade: é o estado de resistência, associado à presença de anticorpos que possuem ação específica sobre o microorganismo responsável por determinada doença infecciosa. Indivíduo imune: possui anticorpos protetores específicos ou imunidade celular. O ambiente nas doenças transmissíveis O ambiente pode ser visto como o reservatório de bioagentes. “Reservatório de agentes infecciosos é o ser humano ou animal, planta, solo ou matéria inanimada, em que um agente infeccioso normalmente vive e se multiplica em condições de dependência primordial para a sobrevivência e no qual se reproduz de modo a poder ser transmitido a um hospedeiro suscetível” (OPAS, 1983) O ambiente nas doenças transmissíveis A função do reservatório é central no ciclo biológico de manutenção das doenças infecciosas, pois através dele o agente mantém a sua vitalidade e se perpetua. O principal reservatório vivo de doença humana é o corpo humano em si, os portadores. Portadores: são todos aqueles que, embora estejam eliminando o agente, não apresentam sintomas clínicos no momento que estão sendo examinados. Portadores convalescentes: são os que já apresentaram os sintomas clínicos. Portadores incubados: são os que ainda vão desenvolver a doença. Portadores sãos ou assintomáticos: são os que nunca apresentaram quaisquer sintomas (* importantes pois continuam difundindo o agente etiológico / INFECÇÃO PODE ESTAR INAPARENTE) Tipos de portadores Reservatórios animais As doenças que ocorrem em animais selvagens e domésticos e podem ser transmitidos aos seres humanos são denominadas zoonoses (ex: raiva, peste bulbônica, leptospirose, salmonelose, toxoplasmose, tênia) A transmissão: contato direto com animais infectados ou por detritos de animais; pela contaminação dos alimentos e água, pelo consumo de produtos animais infectados ou por insetos vetoresReservatórios inanimados Principais: solo e água Solo: abriga patógenos como os fungos, que causas micoses e o Clostridium tetani, que causa o tétano. Água: quando contaminada por fezes de seres humanos e outros animais é reservatório para patógenos, especialmente os responsáveis pelas doenças gastrointestinais. Efeito Iceberg: uma pequena porção de casos clínicos em relação à elevada proporção de infecções inaparentes de determinadas doenças distribuídos ao nível da coletividade. (por exemplo, nas epidemias de meningite, difteria os portadores são detectados somente por exames sorológicos) O “ICEBERG” DST SINTOMÁTICOS ASSINTOMÁTICOS Vetores Geralmente os vetores das doenças são formados por insetos (ex: mosquito), mas também pode incluir seres humanos (ex: vendedores de drogas), assim como objetos (ex: seringas contaminadas) Para ser considerado como um transmissor de doença, o vetor deve estar ligado ao agente, ao ambiente e ao hospedeiro. Tipos de vetores Vetores mecânicos: agem apenas como transportadores de agentes infecciosos; os parasitas não se multiplicam nem sofrem modificações insetos que caminham ou voam e carregam o agente através de suas patas; moscas e baratas (transporte interno e externo) Tipos de vetores Vetores biológicos: os microorganismos desenvolvem uma fase do seu ciclo vital antes de serem disseminados no ambiente Insetos anofelinos como vetor da malária (A malária ou paludismo é uma doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles) Transmissão: É levar ou fazer passar algo de um ponto a outro. O quê? De onde? Para onde? Por que meios? Transmissão horizontal é a transferência de um patógeno de um animal infectado para um animal sadio, independente do relacionamento, de parentesco dos indivíduos. Transmissão vertical é a transferência de um patógeno de um dos pais, geralmente a mãe, para a prole através da reprodução. Vias de transmissão * * Vias de transmissão Vetores (ex. lepstospirose) Contato Direto Indireto Por gotículas Por veículo * * Transmissão por contato direto Também conhecida como transmissão pessoa a pessoa Transmissão direta de um agente por contato físico entre sua fonte e um hospedeiro suscetível; nenhum objeto intermediário está envolvido Formas mais comuns: toque, beijo e relação sexual Exs: doenças virais do trato respiratório (resfriado comum e influenza), DST (sífilis, gonorréia e herpes genital), sarampo (o contágio acontece através de secreções de gotículas de saliva, tosse ou espirro) Transmissão por contato indireto O agente da doença é transmitido de seu reservatório a um hospedeiro suscetível por meio de um objeto inanimado = fômite Fômites: tecidos, lenços, toalhas, roupas de cama, fraldas, copos, seringas contaminadas Transmissão por gotículas Os agentes da doença são disseminados em núcleos de gotículas que percorrem distâncias curtas (menos de 1 m) As gotículas são eliminadas no ar pela tosse, espirro, risada Exs: pneumonia, coqueluche (tosse comprida), influenza 20 mil gotículas podem ser produzidas em um espirro!!! Transmissão por veículo (água, alimentos ou ar) Água: por água contaminada com esgoto não tratado ou tratado de forma inadequada Exs: * Cólera - bactéria em forma de vírgula ou bastonete que se multiplica rapidamente no intestino humano produzindo uma potente toxina que provoca diarréia intensa. Ela afeta apenas os seres humanos e a sua transmissão é diretamente dos dejetos fecais de doentes por ingestão oral, principalmente em água contaminada * Leptospirose – urina de animal (bovinos, suínos, eqüinos, cães, roedores e animais selvagens) que são ingeridos ou entram em contato com membranas mucosas ou com fissuras ou rachaduras da pele. Transmissão por veículo (água, alimentos ou ar) Alimentos: os patógenos são transmitidos nos alimentos mal cozidos, mal refrigerados ou preparados em condições pouco higiênicas - Causam intoxicação alimentar e a teníase (solitária / verme – fica no intestino delgado do adulto) Ar: núcleos de gotículas no pó; percorrem mais de 1 metro do reservatório ao hospedeiro (exs estafilococos ou estreptococos) Pele (rota: tegumentar) Mucosas Vias Aéreas (rota inalatória) Via Oral (rota oral-fecal) CONGÊNITA (transplacentária) IATROGÊNICA (instrumentos contaminados, agulhas, ou vacinas). Portas de entrada das doenças transmissíveis * * Infecção e Doença Instalação com sucesso no hospedeiro infecção Causa doença Não Causa doença Infecção acompanhada de manifestação clinica DT= período de incubação A bactéria vence as defesas do organismo não vence as defesas do organismo * * Prevenção das doenças infecciosas Educação Nutrição adequada Higiene e condições de vida Saneamento básico - esgosto e água potável Imunização Controle de surtos e epidemias - diagnóstico rápido e correto - controle transmissão - população de risco * * Bibliografia Epidemiologia e saúde Rouquayrol e Almeida Filho Microbiologia Tortora, Funke e Case
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