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Organização Espacial

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Organização Espacial (espaço)
O espaço e um conceito psicomotor funcional extremamente importante, pois será em seu campo físico que o corpo se tornará presente ativo e poderá se organizar, estruturar e orientar. Por essa razão, muitos autores confundem essas três conotações e defendem parcialmente apenas uma delas; porém, somente a compreensão das três nomenclaturas permitirá sua completa apreensão.
Essa confusão se dá porque a noção não é algo simples: ela é elaborada e se diversifica progressivamente no decurso do desenvolvimento psicomotor da criança.
Para Vitor da Fonseca (1983) o caráter espacial é um dado essencial da consciência do eu e um polo de identidade do indivíduo em relação ao mundo. O aspecto espacial se encontra ligado as funções da memória.
Em suas definições, podemos citar alguns autores:
Falando-se primeiramente em estruturação espacial, é a tomada de consciência da situação das coisas entre si (Meur e Staes, 1989). Toda nossa percepção do mundo é uma percepção espacial na qual o corpo é o termo de referência. Trata-se, então, da diferenciação do eu corporal em relação ao mundo exterior, a partir do movimento do corpo, tornando-se referência pessoal no corpo, através do qual o sujeito poderá executar suas ações no campo dinâmico. A percepção espacial se estrutura, inicialmente, com referência ao próprio corpo (Ajuriaguerra, 1980). Sua percepção é egocêntrica e pessoal, fruto de uma experiência compreendida apenas pelo seu corpo do meio e através das referências visuais percebidas.
Lapierre e Aucouturier (1986) comentam que a estruturação espacial não se ensina nem se aprende, descobre-se. No entanto, é necessário que o processo educativo leve em conta a evolução da estrutura progressiva da noção de espaço afim de poder proporcionar os meios e motivações mais eficazes para ajudar essa descoberta, pois a primeira fase de sua estruturação é efetuada de forma inconsciente, penetrando através das vivências e memorizadas como cenas prazerosas ou desprazerosas. 
Contudo, a todo instante, a criança encontra-se em um espaço bem preciso e, a medida que vai dominando seus movimentos, lhe é solicitado que se situe em relação aos objetos (por ex.: está sentada em uma cadeira), que situe os objetos uns em relação aos outros (por ex.: o pincel está dentro do copo), que se organize em função do espaço de que dispõe (por ex.: a criança desenha um sol no canto superior da folha, uma casa no meio de uma árvore ao lado da casa). A estruturação espacial engloba então a organização através do esquema corporal e da experiência pessoal. A pessoa é sempre centro, e percebe os objetos e o meio em relação ao seu referencial. Depois apreende a orientação no espaço imediato, os trajetos complexos, a interpretação dos deslocamentos e gestos de outros, o cálculo das distâncias, a simbolização gráfica, por meio dos quais ela vai formando um sentido do espaço, agora consciente, se integrando ao seu eu corporal como um elemento a mais, para as suas conquistas. 
Nosso corpo, para levar a cabo a informação sobre as propriedades espaciais de seu meio, em nível sensorial e neurológico, possui dois sistemas receptores sensoriais:
a) um sistema visual, no qual os receptores visuais estão situados na retina do olho humano, traduzindo fundamentalmente uma informação relativa à superfície;
b) um sistema tátil-cinestésico, dispersado por todo o corpo e muito diferenciado, o qual proporciona três tipos de informação:
b.1) a postura do observador, através da posição relativa das diversas partes do corpo;
b.2) o desenvolvimento do observador ou de um de seus membros;
b.3) as superfícies físicas encontradas pelo observador e todas as suas prioridades: rigidez, resistência, pressão etc., assim como a velocidade dos deslocamentos do observador.
 Portanto, a estruturação espacial é parte integrante da nossa vida; aliás, é difícil dissociar os três elementos fundamentais da psicomotricidade: espaço/corpo/tempo, e quando operamos com toda essa dissociação, limitamo-nos a um aspecto bem preciso e restrito da realidade. Na visão de Moreira (1995, p. 78),
Captado como algo que não é etéreo, onde as coisas flutuam, o espaço é compreendido como força universal de conexão que o homem apreende através de seu corpo, elemento mediador a qual compete estabelecer a síntese perceptual do mundo, enquanto sujeito de sua própria subjetividade. [...] À percepção de espaço de imbrica, portanto, aquela de tempo.
A coincidência do espaço também representa uma preparação para aprender geografia e geometria e obter a visão do universo, isso na fase da representação mental objetivada, citada anteriormente por Piaget, quando se fala sobre o desenvolvimento infantil na ótica desse epistemólogo.
O exercício psicomotor em relação com o espaço terá por meta permitir ao sujeito tomar consciência dessas noções da maneira mais completa possível.
Referindo-se agora a organização espacial, e partindo da compreensão do eu corporal, para que a criança se organize, ela, quando explora o ambiente, percebe o meio e os objetos através dos canais exteroceptivos, promovidos pelos sentidos, bem como dos proprioceptivos, como a referência da amplitude e força impressa nos gestos para agarrar um objeto.
De acordo com Franco Navarro (1980), o espaço não é somente os deslocamentos, mas também se constitui parte do nosso pensamento, no qual se inserem os dados da experiência; nesse sentido, o espaço se converte em representativo simbólico. Quando a criança interage com o espaço, na brincadeira, inclui em seus referenciais mentais apercepção do espaço, compreensão do objeto e do lugar que seu corpo (e seu eu) e o objeto ocupa no espaço, relacionando pelo vivido a avaliação da distância, das dimensões, investindo primeiramente, tomando seu corpo como percepção (grandeza unidimensional), o corpo e o meio (grandeza bidimensional) e a seguir a percepção de si, do espaço e de suas possibilidades e dos objetos (grandeza tridimensional).
“Aquele que não é capaz de identificar o espaço dimensional que o cerca, não conseguirá se localizar, nem se fixar nesse mesmo espaço” (Velasco, 1994, p. 43).
O espaço deve ser organizado primeiro em relação com o próprio corpo, depois em relação ao outro e os objetos. Posteriormente, adquiridas estas noções, e em relação com a percepção temporal, desenvolver-se-ão os exercícios de observação da velocidade, duração etc. é importante não esquecer que as noções de peso, forma e volume se elaboram também por meio dos sistemas visual e tátil-cinestésico. Segundo Meur e Staes (1989) é a possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las. É ter a noção de direção (acima, abaixo, à frente, atrás, ao lado) e de distância (longe, perto, curto, comprido) em integração. 
· A partir do momento em que o indivíduo desenvolve a noção espacial, pode integrar seu corpo e o tempo nesse espaço, e vencer obstáculos e desafios os mais variados possíveis.
Aprender a localização de um objeto no espaço não é fácil, pois começa no início da vida e continua durante a idade adulta por meios das revisões de nossos conceitos espaciais. Assim, podemos compreender a dificuldade de uma criança em idade escolar para lidar com todas essas informações e conceitos. A sua construção ocorre à medida que a criança, através da ação pura, vai estabelecendo pouco a pouco os conceitos de forma, dimensões, relação de separação, ordem e continuidade entre elementos. Mais tarde, de acordo com a consolidação do esquema corporal, este se converte em ponto de apoio da organização de suas relações espaciais com as pessoas os objetos e as coisas. Assim a criança, já entre os 3 e 7 anos, atenta para as noções de orientação (direita/esquerda, acima/abaixo, frente/atrás), situação (dentro/fora, em fileira), grandeza (tamanho grande/pequeno, alto/baixo) e direção (aqui/ali, desde, até).
Quando a criança realiza o gesto para apanha este ou aquele objeto, ela direciona seus membros, seuolhar e seu corpo para cima, para baixo e assim por diante, e, percebendo esse espaço como uma distância, partindo de deu corporal. A partir daí, uma vez adquirida a noção de distância e de orientação do objeto em relação a si mesma, ela parte para a conquista dessas referências (distância, orientação do objeto) em relação ao meio, aos colegas que compartilham do espaço, e desde em relação aos outros. O eixo corporal ocupa um lugar importante na construção do espaço, determinando as noções de: em cima, embaixo, alto, baixo, direita, esquerda, direções oblíquas, à frente, atrás em diversas posições e posturas, ampliando a compreensão de seu lugar no espaço.
A partir da representação mental (imagem mental) do vivido, a criança começa a conseguir transpor, pouco a pouco, essas noções gerais para um plano mais específico e menor quando, por exemplo, desenha o que vivenciou em uma folha de papel. Esse plano mais específico é mais abstrato, pois exige a concentração e a memória da experiência vivida, acima de tudo.
Segundo Fischer (apud Bernardes, 1979), a orientação espacial é o primeiro passo para alcançar a abstração. Dessa forma, iniciamos a compreensão da terceira nomenclatura, a orientação espacial.
Segundo Ganong (1977), a orientação no espaço depende em grande parte da chegada de impulsos dos receptores vestibulares juntamente com as informações visuais, que também tem sua importância. As informações são também supridas por impulsos dos proprioceptores nas capsulas articulares, as quais fornecem dados sobre a posição relativa das várias partes do corpo, e impulsos dos exteroceptores cutâneos, especialmente os receptores do tato e da pressão.
A percepção do espaço constitui um requisito para a criança se encontrar em casa, na rua, na escola, nos campos ou florestas, em suas muitas situações de vida, e exige tanto capacidade motora quanto percepção espacial. O processo segue o mesmo apresentado na organização espacial, porém a organização subtenderá a capacidade de a criança já conseguir estabelecer essas relações, tendo então uma imagem corporal preestabelecida, experiências subjetivas e vivenciadas em bom número, o conhecimento das possibilidades de seu corpo (corporeidade) e boa coordenação e ação. Assim, a elaboração do espaço se deve essencialmente à coordenação dos movimentos e situações nesse sentido devem ser estimuladas.
Piaget foi um dos autores do desenvolvimento que estudou a evolução do espaço na criança, Nos primeiros meses de vida o espaço é muito restrito, limitando-se ao campo visual e as suas possibilidades motoras. Posteriormente, quando a criança começa a andar, seu espaço de ação se amplia e multiplicam-se suas possibilidades de experiência, aprendendo a deslocar-se no espaço, captar distâncias, direções e demais estruturas espaciais elementares, sempre em relação ao seu próprio corpo. Ao final do segundo ano já existe um espaço geral, que compreende todos os demais e que caracteriza as relações dos objetos entre si e os contem em sua totalidade, incluindo o próprio corpo, vendo-se aqui a estreita relação que existe entre o desenvolvimento e a inteligência sensório-motora propriamente dita.
Então algumas referências, sobre a conquista do ESPAÇO:
· Com 1 ano aprende a descolar-se no espaço, mas se confunde com o mesmo, imaginando ser capaz de explorá-lo sem limites. 
· Com 2 anos já reconhece um espaço geral, e percebe a presença dos objetos entre si, mas não tem a compreensão de sua relação, colocando sempre como referência sua visão parcializada de cada momento vivenciado.
· Com 3 anos tem noção do espaço imediato a sua vivência e ainda não tem noção do espaço tridimensional, mas já é capaz de construir sobre o espaço vivenciado com seu corpo.
· Com cerca de 4 anos estabelece os conceitos espaciais em relação a si, ao outro e aos objetos, aumentando significativamente seu vocabulário.
· Perto dos 5 anos começa a ter noção da terceira dimensão, reproduzindo formas, grandezas, movimentos, noções de orientação espacial (fila, fileira, frente a frente, costas contra costas, barriga para cima e para baixo), além da memória espacial.
· A partir dos 6 anos já capaz de representar bem o espaço graficamente, percebendo correlações viso-motoras mais apuradas e específicas, como perceber figuras idênticas, ditado de orientação espacial, medidas, trajetos etc.
· Com 7 anos consegue desenhar objetos e seguir linhas retas imaginárias sem modelo para acompanhar, reconhece direita e esquerda em relação a si e tem boa noção de seu eixo.
· Aos 8 anos começa a traduzir as referências de direita e esquerda em relação aos outros, percebendo a orientação desses colegas.
A carência espacial pode comprometer a aprendizagem da leitura (percepção óculo-motora, lateralidade, motricidade ocular e sucessão e progressão de letras orientadas).
PRÁTICA:
· execução de dobraduras: de uma folha em duas, em quatro, o chapéu, o barco, o avião de papel, jogar e observar qual foi mais longe, mais perto;
· comparações sobre a própria posição e a dos demais colegas;
· obedecer ordens: colocar as mãos em cima da carteira, os pés em baixo do banco; passar através de um arco, sobre o banco e etc.;
· crianças sentadas em círculo, uma delas sai da sala, as outras mudam de lugar e a criança que saiu deve reconhecer quem mudou e para onde;
· sala com obstáculos, percorrer determinado trajeto depois do professor; a seguir passar para o papel o trajeto feito;
· ditado de figura, através do posicionamento de linhas, sem nomear formas. Depois confrontar o desenho original do ditado; 
· brincadeira do “Vivo ou Morto”.

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