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PSICOMOTRICIDADE NA CONCEPÇÃO NEUROEDUCACIONAL

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1 
 
SUMÁRIO 
1 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE ..................................................... 3 
2 O QUE É PSICOMOTRICIDADE ................................................................ 5 
3 A PSICOMOTRICIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR ..................................... 6 
4 QUAL A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA O 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL E PARA APRENDIZAGEM? .................................. 8 
5 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA ESCOLA E SEUS 
BENÉFICOS .............................................................................................................. 12 
6 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA EDUCAÇÃO INFANTIl
 .................................................................................................................. 17 
6.1 Determinante para a vida da criança .................................................. 17 
6.2 O desenvolvimento psicomotor na educação infantil ......................... 18 
6.3 O que acontece quando a psicomotricidade não é desenvolvida de 
maneira eficaz? ..................................................................................................... 18 
7 ELEMENTOS CONSTITUINTES DA PSICOMOTRICIDADE ................... 19 
7.1 ESQUEMA CORPORAL .................................................................... 21 
7.2 A organização do corpo no espaço .................................................... 23 
7.3 Dominância lateral .............................................................................. 24 
7.4 Equilíbrio ............................................................................................ 25 
7.5 A organização latero-espacial ............................................................ 26 
7.6 Diferença entre a lateralidade e o conhecimento "esquerda-direita" .. 26 
7.7 Orientação espacial ............................................................................ 27 
7.8 Orientação temporal ........................................................................... 27 
8 A COORDENAÇÃO DINÂMICA ................................................................ 28 
8.1 Estratégias psicomotoras e consequências educativas ..................... 28 
9 A EVOLUÇÃO PSICOMOTORA DA CRIANÇA ........................................ 29 
9.1 Evolução psicomotora até os três anos de idade ............................... 29 
 
 
 
 
2 
 
9.2 Características psicomotoras da criança de 0 a 3 anos ..................... 30 
9.3 Evolução psicomotora dos três aos seis anos .................................... 34 
9.4 A evolução da motricidade gráfica ..................................................... 35 
10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 37 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE1 
Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, 
mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, 
nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras. 
Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa a 
constatar-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado 
ou sem que a lesão esteja claramente localizada. 
 
 
Fonte: neurosaber.com.br 
São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica (apraxia). 
Portanto, o "esquema anátomo-clínico" que determinava para cada sintoma sua 
correspondente lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. É, 
justamente, a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique 
certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra 
psicomotricidade, no ano de 1870. 
As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a 
um enfoque eminentemente neurológico. 
 
1 Texto extraído do link: http://psicomotricidade.com.br/historico-da-psicomotricidade/ 
 
 
 
 
4 
 
A figura de Dupré, neuropsiquiatra, em 1909, é de fundamental importância 
para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade 
motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico. 
Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do movimento humano 
dando-lhe uma categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. 
Esta diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio 
ambiente e aos hábitos do indivíduo. 
Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame psicomotor 
para fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico. Em 1947, 
Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora, 
considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É ele quem 
delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o 
psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de 
outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia. 
Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma 
motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma 
postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica 
instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, 
maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. Para o psicomotricista, a 
criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo externo e nas ações 
do Outro (mãe e substitutos) sobre ela. 
A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese 
do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da 
representação de si. O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na 
integração somatopsíquica, consequente de fatores diversos, seja na origem do 
processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de disfunções 
orgânicas e/ou psíquicas. 
A patologia psicomotora é, portanto, uma patologia do continente psíquico, dos 
distúrbios da representação de si cuja sintomatologia pode se apresentar no somático 
e/ou no psíquico. 
 
 
 
 
5 
 
2 O QUE É PSICOMOTRICIDADE 
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através 
do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está 
relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições 
cognitivas, afetivas e orgânicas. 
É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o 
afeto. 
 
 
Fonte: www.clinicaoficinadocorpo.com.br 
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de 
movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito 
cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.” 
(Associação Brasileira de Psicomotricidade) 
“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que 
inclui as interações cognitivas, sensório-motoras e psíquicas na 
compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do 
movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de 
conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que 
permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano 
com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo 
dos objetos e outros sujeitos.” (Costa,2002) 
“Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano e suas 
relações com o corpo, a Psicomotricidade é uma ciência encruzilhada... que utiliza as 
 
 
 
 
6 
 
aquisições de numerosas ciências constituídas (biologia, psicologia, psicanálise, 
sociologia, linguística...) Em sua prática empenha-se em deslocar a problemática 
cartesiana e reformular as relações entre alma e corpo: O homem é seu corpo e NÃO 
- O homem e seu corpo”. (Jean-Claude Coste, 1981) 
A psicomotricidade pode também serdefinida como o campo transdisciplinar 
que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o 
psiquismo e a motricidade. 
Baseada numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de 
forma integrada as funções cognitivas, sócio emocionais, simbólicas, psicolinguísticas 
e motoras, promovendo a capacidade de ser e agir num contexto psicossocial. A 
psicomotricidade possui as linhas de atuação educativa, reeducativa, terapêutica, 
relacional, aquática e ramain. 
3 A PSICOMOTRICIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR2 
No cotidiano das salas de aula, professores buscam formas para tornar o 
ensino mais estimulante e, consequentemente, mais eficaz. 
Uma das alternativas encontradas pelos profissionais que lidam diretamente 
com a educação, em especial nas séries iniciais é a contribuição da Psicomotricidade, 
ciência que integra corpo e mente de maneira global, além de ser uma valiosa 
ferramenta a ser utilizada nas salas de aula. 
Aliada ao olhar lúdico direcionado para a aprendizagem, essa ciência ganha 
amplitude quando pensada sob o aspecto do desenvolvimento de potencialidades e 
habilidades motoras, afetivas, cognitivas e sociais. 
No caso específico da Psicomotricidade, a possibilidade de avanços na 
aprendizagem da leitura e da escrita é de extrema importância, pois os aspectos 
psicomotores necessários para tais aptidões vêm do desenvolvimento psicomotor de 
qualidade, como a lateralidade, coordenação visual e motora, noção de tempo e 
espaço, entre outras. 
Os professores podem se questionar a respeito dessas aprendizagens que 
normalmente são vistas como de responsabilidade das aulas de Educação Física, 
 
2 Texto extraído do link: http://universidadebrasil.edu.br/portal/a-psicomotricidade-no-ambito-
escolar/ 
 
 
 
 
7 
 
quando na verdade devem ser trabalhadas também do ponto de vista da sala de aula 
por meio de jogos, brincadeiras, jogos dramáticos, ou seja, o movimento precisa 
ganhar o seu espaço também dentro da sala de aula, sobretudo nas séries iniciais, 
pois é na instituição escolar onde as crianças passam o maior tempo. 
 
 
Fonte: blog.opovo.com.br 
A Educação Psicomotora visa o melhor desenvolvimento da criança através do 
movimento, levando em consideração suas funções psicomotoras, coordenações 
globais, lateralidade, equilíbrio e plena consciência do movimento. 
A ação motora deve ser prioridade e ser vivenciada pela ação corporal 
espontânea que vai ao encontro de uma pedagogia que permite a descoberta, a 
criatividade e a ação consciente sobre os fatos. 
Sendo o corpo, o principal canal de conhecimento e de leitura do mundo, o 
desenvolvimento psicomotor é o ponto de referência para que o professor saiba 
avaliar qualquer atraso na motricidade, que poderá comprometer todo o desempenho 
escolar da criança. 
Cabe salientar que uma atividade bem planejada e intencionada almeja não só 
o envolvimento do cérebro, mas dos músculos que se influenciam juntamente com a 
mente. Torna-se essencial o redirecionamento da prática educativa voltada para esse 
olhar de vincular o trabalho escolar ao movimento, envolvendo raciocínio e ações 
cognitivas, afetiva, sociais e motoras. 
 
 
 
 
8 
 
A Psicomotricidade está presente no brincar e quando a criança brinca, ela 
aprende, se desenvolve, cresce, se socializa, aprende a respeitar os limites, assimila 
e incorpora dados da própria cultura. 
Brincar é coisa séria, e por isso é importante o aprofundamento do papel de 
todos os elementos que compõem o brincar, de forma clara e consciente, devendo 
pais e educadores ser os mediadores das ações, participando ativamente do 
processo, pois o brincar auxilia no processo de aprendizagem e desenvolvimento da 
criança. 
Brincando, a criança gradativamente vai se apoderando do próprio corpo, 
conhecendo sua potencialidade, seus limites, se colocando adequadamente no 
espaço que a circula, descobrindo esse espaço, os elementos que o compõe, conhece 
formas, cores, palavras, gestos, movimentos, constroem ações, descobre, inventa e 
criam outras. 
E este universo é rico no desenvolvimento da Psicomotricidade e, 
consequentemente no universo da 
Aprendizagem que acontece de forma mais fácil, interessante e eficaz. No 
entanto, caberá a cada profissional aprofundar-se ainda mais no assunto para que 
possa sentir-se maravilhado com as conquistas possibilitadas pela Psicomotricidade, 
pois “Valorizar e libertar o corpo seja ele social, cultural ou marginal é o que se 
pretende com um fazer pedagógico alicerçado pelo compromisso com o ato de educar 
(FREIRE, 1991)”. 
4 QUAL A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA O 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL E PARA APRENDIZAGEM?3 
Nos movimentos das crianças se articula toda sua afetividade, desejos e suas 
possibilidades de comunicação. O que é psicomotricidade? Sua definição. No 
princípio, a psicomotricidade era utilizada apenas na correção de alguma debilidade, 
dificuldade, ou deficiência ainda está em formação, já que à medida que avança e é 
aplicada, vai-se estendendo a distintos e variados campos. 
 
 
3 Texto extraído do link: http://www.inttegrare.com.br/novidades/noticia/57/qual-a-importancia-
da-psicomotricidade-para-o-desenvolvimento-infantil-e-para-aprendizagem 
 
 
 
 
9 
 
 
Fonte: www.estudecei.com.br 
Hoje, vai mais longe: a psicomotricidade ocupa um lugar importante no 
desenvolvimento infantil, sobretudo na primeira infância, em razão de que se 
reconhece que existe uma grande interdependência entre os desenvolvimentos 
motores, afetivos e intelectuais. A psicomotricidade é a ação do sistema nervoso 
central que cria uma consciência no ser humano sobre os movimentos que realiza 
através dos padrões motores, como a velocidade, o espaço e o tempo. 
A psicomotricidade, como estimulação aos movimentos da criança, tem como 
meta: 
 Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre o corpo 
e o exterior (o outro e as coisas). 
 Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos movimentos e 
da resposta corporal. 
 Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através 
de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários. 
 Fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas capacidades, 
através da ação criativa e da expressão da emoção. 
 Ampliar e valorizar a identidade própria e a autoestima dentro da pluralidade 
grupal. 
 Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser 
valioso, único e exclusivo. 
 Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos demais. 
 
 
 
 
10 
 
Considerando-se que na primeira infância existe uma forte correlação entre os 
desenvolvimentos motores e intelectuais, e de suma importância a estimulação do 
desenho infantil, que representa seu primeiro “tesouro” expressivo, que muito irá 
contribuir para o desenvolvimento infantil e consequentemente para a construção de 
sua linguagem / aprendizagem. 
O desenho é uma atividade espontânea e como tal, deve-se respeitá-la e 
considerá-la como a grande obra das crianças. Se a criança tem vontade de desenhar, 
anime-a sempre que o faça. O ideal seria que todas as crianças pudessem ter, desde 
cedo, algum contato com o lápis e o papel. Começarão com rabiscos e logo estarão 
desenhando formas mais reconhecíveis. Quanto mais a criança desenhar, ela se 
aperfeiçoará, e mais benefícios se notará no seu desenvolvimento. 
O desenho facilita e faz evoluir a criança na: 
- psicomotricidade fina; 
- aprendizagem (leitura e escrita); 
- confiança em si mesma; 
- exteriorização de suas emoções, sentimentos e sensações; 
- comunicação com os demais e consigo mesma 
- criatividade 
- formação da sua personalidade 
- maturidade psicológica 
A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e 
estruturação do esquema corporale tem como objetivo principal incentivar a prática 
do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, 
as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo 
em que vivem. Por isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e 
as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a Educação 
Infantil. 
 
 
 
 
 
11 
 
 
Fonte: babydicas.com.br 
A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um 
meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser 
natureza e o ser sociedade. A Psicomotricidade está associada à afetividade e à 
personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente. 
Vitor da Fonseca (1988) comenta que a "PSICOMOTRICIDADE" é atualmente 
concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação 
inteligível entre a criança e o meio. 
Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio corpo, 
formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da 
Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma 
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, 
localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em função 
de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento 
transforma-se em comportamento significante. É necessário que toda criança passe 
por todas as etapas para o desenvolvimento da linguagem. 
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação 
de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando 
oportunidade para que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre 
seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas 
como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a criança 
 
 
 
 
12 
 
desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a recreação deve realizar 
atividades considerando seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida 
proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam 
na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo. 
Segundo Barreto (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma 
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, 
da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança 
deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em 
consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A educação 
psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, 
perceptivas, afetivas e sócio motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa 
por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é 
capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca. 
Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo, que 
favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a 
melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade; tudo isso visando à formação 
da sua personalidade. 
5 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA ESCOLA E SEUS BENÉFICOS 
A infância atual para muitas crianças se faz com a tecnologia em brincadeiras, 
pouco espaço para brincar, pois a maioria das crianças são criadas em apartamentos 
e com os pais cada vez menos atuantes no processo de amadurecimento e 
desenvolvimento. Neste cenário, um dos desafios que o desenvolvimento infantil 
enfrenta, é a necessidade de preparar as bases e alicerces que serão determinantes 
na aquisição do desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo. 
 
 
 
 
13 
 
 
Fonte: www.escuelainfantilatlantico.blogsek.es 
A psicomotricidade é um instrumento facilitador e importante nesse processo, 
uma vez que, por meio de atividades corporais, trabalha-se a consciência corporal, a 
afetividade, maturação e cognição. Sabemos que a criança aprende através do 
movimento e que um movimento global bem estruturado vai promover um movimento 
fino, mais preciso e correto. Segundo Victor da Fonseca “a criança deve viver seu 
corpo através de uma motricidade não condicionada em que os grandes grupos 
musculares participem e preparem os pequenos grupos musculares, responsáveis por 
tarefas mais precisas e ajustadas. Antes de pegar no lápis, a criança já deve ter, em 
termos históricos, uma grande utilização da sua mão em contato com inúmeros 
objetos”. 
A educação psicomotora deve ser realizada diariamente nos colégios. O ideal 
é que as crianças realizam as aulas de psicomotricidade, desde o berçário, já que os 
padrões básicos da motricidade humana têm seu momento privilegiado de 
desenvolvimento, justamente até os 7 anos. 
Estes padrões são o fundamento da competência motora posterior. Além do 
mais, a organização dos movimentos integrados a esses padrões, assim como a 
estimulação sensorial que os acompanha, são elementos imprescindíveis para o 
processo de organização funcional neurológica. 
Os exercícios motores praticados desde a primeira infância estimulam a 
organização funcional dos neurônios, de modo que gerem outros circuitos, permitindo 
a assimilação de aprendizagens cada vez mais complexas. A geração de novas redes 
 
 
 
 
14 
 
neuronais, ou o aumento de sinapses nas redes já existentes, depende da variedade 
e da progressiva complexidade das atividades que sejam praticadas, na etapa em que 
é possível a geração de novas estruturas, ou seja, até os oito anos. 
O desenvolvimento motor é a raiz do desenvolvimento intelectual das crianças. 
A educação do movimento faz com que a criança tome consciência de si e do seu 
corpo, e do ambiente que vive. 
As aulas de psicomotricidade, desenvolvem-se através de estimulações em 
padrões psicomotores, que são: tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção corporal, 
noção espacial, estrutura espaço-temporal, praxia fina e praxia global. 
A atuação de um psicomotricista em uma instituição escolar é avaliar, prevenir 
e pesquisar como a criança se movimenta perante o outro, o meio que explora e, a 
partir daí estimulá-la para obter um bom processo de desenvolvimento motor, afetivo 
e cognitivo. 
De acordo com Oliveira (apud COSTA, 2011:27): “A educação psicomotora 
deve ser considerada como uma educação de base na pré-escola. Ela condiciona 
todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu 
corpo, da lateralidade, a situação no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir 
habilidades de coordenação de seus gestos e movimentos”. 
Sempre que se fala em Psicomotricidade o primeiro pensamento que vem à 
mente relaciona-se com a capacidade que o ser humano tem para executar um 
movimento e, por conseguinte, o desenvolvimento do corpo, muitas vezes associada 
à prática do desporto e da Educação Física. 
Mas, na realidade, a Psicomotricidade é uma ciência que está relacionada ao 
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas 
e orgânicas, sendo, deste modo, sustentada por três conhecimentos básicos: o 
movimento, o intelecto e o afeto. 
A psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da 
motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um 
instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa. 
A educação psicomotora é fundamental na vida da criança, e está refletida no 
histórico de vida do sujeito, podendo observar-se a PARTIR daí, o desenvolvimento 
da criança, o seu relacionamento com o mundo, a sua interação com as pessoas, a 
 
 
 
 
15 
 
forma como pensa e como atua, expressando as suas sensações e sentimentos, e 
utilizando o corpo como instrumento rico e significativo para a comunicação. 
Este trabalho inicia-se na Educação Infantil, ondeas crianças ainda se 
encontram em fase de experimentações corporais, onde iniciam as descobertas 
espaciais, temporais e tónicas. 
Todas as atividades devem trabalhar as bases psicomotoras, sendo estas: a 
tonicidade, a noção do corpo, a equilibração, a lateralidade, a estruturação 
espaciotemporal, a praxia global e a praxia fina. Estas devem ser inseridas e 
integradas de acordo com a faixa etária. 
 
 
Fonte: www.escolapaulofreire.com.br 
O desenvolvimento dos fatores psicomotores, permite à criança uma melhoria 
da postura, da dissociação dos movimentos, da coordenação global dos movimentos, 
da motricidade fina, do ritmo discriminação táctil, visual e auditivo, da integração das 
estruturas espaciais e temporais, do aumento da capacidade de atenção e 
concentração. 
A educação psicomotora deve incidir, essencialmente, para crianças até 
aproximadamente os 7/8 anos de idade, sendo um período fundamental do 
desenvolvimento infantil, no qual a criança tem necessidade de agir e experimentar 
para adquirir o conhecimento, favorecendo a maturação psicológica por meio da 
motricidade, do agir e do brincar, que são a base do desenvolvimento do pensamento. 
 
 
 
 
16 
 
A Psicomotricidade nas Dificuldades de Aprendizagem pode trabalhar os 
seguintes fatores, com os seus objetivos: 
 Tonicidade: relaxação ativa e passiva; 
 Equilibração: equilíbrio estático e dinâmico; 
 Noção do corpo: conhecimento do próprio corpo e do corpo de outrem; noções 
espaciais do próprio corpo e do de outrem; interiorização da imagem corporal; 
coordenação, caligrafia, leitura harmoniosa, gestual, ritmo de leitura (frase, 
palavra), imitação, entre outros; 
 
 
Fonte: www.colegiologosofico.com.br 
 Lateralidade: identificação da dominância lateral; reconhecimento da direita e 
da esquerda; ordenação espacial, direção gráfica, ordem das letras e dos 
números; discriminação visual; estruturação espaciotemporal; noções 
espaciais e temporais; estruturação rítmica; perceção visual e auditiva; 
identificação de ruídos e sons; identificação e combinação de letras e números 
(modalidades visuais, auditivas e cinestésicas); noções de esquerda e direita, 
alto e baixo (b / p; n / u; ou / on), dentro e fora (espaço para escrita: 
progressão/grandeza, classificação/seriação, orientação/cálculos); 
 Praxia global e fina: perturbações do grafismo (motora fina); manipulação / 
preensão. 
 
 
 
 
17 
 
No que se refere à aprendizagem da leitura e da escrita, as relações existentes, 
entre estas e o aumento do potencial psicomotor da criança proporcionam condições 
favoráveis às aprendizagens escolares. 
A aprendizagem da escrita é especialmente, um processo de relação 
preceptivo-motora, pois os sinais gráficos devem ser transcritos para o papel de forma 
organizada, seguindo o tempo e o espaço. 
Pode-se concluir, portanto, que as contribuições da psicomotricidade na 
aquisição da pré-escrita estão relacionadas com o domínio do gesto, com a 
estruturação espacial e a orientação temporal que são os três fundamentos básicos 
da escrita, os quais supõem: uma direção gráfica (escrevemos horizontalmente da 
esquerda para a direita); noções de cima e baixo (n e u); de esquerda e direita e de 
oblíquas e curvas (g); e noção de antes e depois. 
A realização de exercícios de pré-escrita e de grafismo são necessários para a 
aprendizagem das letras e dos números, com a finalidade de permitir à criança atingir 
o domínio do gesto e do instrumento, a perceção e a compreensão da imagem a 
reproduzir. Esses exercícios são desenvolvidos através de atividades puramente 
motoras ou de grafismo. 
6 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Dentre vários estudos, a psicomotricidade é conceituada como uma ação de 
finalidade pedagógica e psicológica a utilizar os parâmetros da educação física com a 
intenção de melhorar o comportamento da criança com seu corpo. Há quem defina a 
psicomotricidade como uma ciência que estuda o indivíduo por meio de seu 
movimento e a interação social. 
6.1 Determinante para a vida da criança 
Em meio a tantos conceitos, um ponto converge para o consenso: a importância 
da psicomotricidade para que a criança tenha noção do seu corpo, do espaço e de 
como o ato da criança, quando está no processo de aprendizagem, precisa interagir 
com outros coleguinhas. Para isso, ela necessita estabelecer comunicação, que não 
se dá apenas pela forma oral, mas pelos gestos também. 
 
 
 
 
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Fonte: escolaespaconatural.com.br 
6.2 O desenvolvimento psicomotor na educação infantil 
É indispensável que a escola trabalhe esse lado com os pequenos, pois é a 
partir disso que as crianças podem elaborar melhor seus movimentos e tudo que se 
refere ao que está em volta, inclusive. 
Na sala de aula, fatores como a lateralidade, organização e noção espacial; 
esquema corporal e até mesmo a estruturação espacial devem ser trabalhadas em 
prol do aluno. 
6.3 O que acontece quando a psicomotricidade não é desenvolvida de maneira 
eficaz? 
É inegável que a falta de um acompanhamento da psicomotricidade acarreta 
consequências danosas ao desenvolvimento da criança. Um dos casos que podem 
ser notados é a lateralidade pouco trabalhada no aluno. Isso pode causar problemas 
de ordem espacial, por exemplo. 
A utilização dos termos direita e esquerda fica prejudicada. O pequeno 
apresenta certa dificuldade para acompanhar a direção gráfica de leitura e escrita. 
Outro problema é o fato de a criança encontrar obstáculos quanto ao entendimento 
 
 
 
 
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na distinção de letras específicas como ‘p’ e ‘b’, entre vários transtornos que podem 
aparecer no período pré-escolar. 
Muitas pessoas pensam equivocadamente que a psicomotricidade esteja 
relacionada somente ao movimento, mas não é isso. Um estudo definiu muito bem 
qual o valor de todo esse processo, no qual diz que “a motricidade é a faculdade de 
realizar movimentos e a psicomotricidade é a educação de movimentos que procura 
melhor utilização das capacidades psíquicas”. Ou seja, o ato de movimentar-se está 
diretamente ligado ao aspecto mental. 
7 ELEMENTOS CONSTITUINTES DA PSICOMOTRICIDADE 
A Psicomotricidade preocupa-se com o desenvolvimento neuromuscular que, 
mais tarde, subsidiará a motricidade e por consequência, a execução de tarefas 
motoras e cognitivas bem-sucedidas. 
Dentro do estudo da psicomotricidade temos como elementos constituintes o 
esquema corporal, representa a imagem que a criança tem de seu próprio corpo. 
Estuda o surgimento de alguns distúrbios como a asquematia que é a perda da 
percepção topológica do corpo, parasquematia que é a confusão de diferentes regiões 
do corpo ou a representação de partes que não existem. 
O esquema postural para a psicomotricidade é a imagem tridimensional do 
nosso corpo e a imagem do corpo humano é a imagem do nosso próprio corpo que 
formamos em nosso espírito, que por outras palavras é o modo como o nosso corpo 
se apresenta a nós mesmos. 
A psicomotricidade interessa-se pelo movimento que certo comportamento 
tônico subentende, quanto pela relação à diminuição do tono trará a descontração 
muscular. 
 
 
 
 
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Fonte: www.colegiointerviva.com.br 
As manifestações emocionais que implicam a problemática da emoção, pois 
toda e qualquer emoção tem sua origem no domínio postural, por exemplo, como para 
uma criança de 6 anos receber um grito de um adulto, fará com que ocorra um 
aumento da tensão, por conseguinte desencadeará reações emocionais que são 
traduzidas como mal-estar ou como sentir-se meio mole, sem coordenação nas 
pernas. 
A comunicação é uma função essencial na reeducação psicomotora, uma vez 
que a psicomotricidade leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano, do 
corpo, da gestualidade, ela resiste a ser uma educação mecânica do corpo. 
Assim, graças a linguagem, o homem vive num mundo de significações, os 
gestos querem dizer alguma coisa, ocorpo tem um sentido que ele pode sempre 
interpretar e traduzir. 
Existem os comportamentos inatos que a criança manifesta, pois variadas 
formas desde o seu nascimento, por exemplo, o grito pode ser interpretado como dor 
que pode também não ser de sofrimento. Por exemplo, bocejo, espirro, salivação que 
são manifestações primitivas, também de emoções que devem ser orientadas e 
educadas no sentido de controle das próprias modalidades do meio-familiar e social 
da criança. 
Por entender que o corpo traduz os nossos desejos, e que o desenvolvimento 
psicomotor da criança é de fundamental importância, para que possamos nos inserir 
 
 
 
 
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no meio ao qual pertencemos, de acordo com nossas potencialidades e destrezas, 
apresentaremos os elementos constituintes da psicomotricidade que colaboram para 
o desenvolvimento integral da criança. 
7.1 ESQUEMA CORPORAL 
Conhecer as partes do corpo, suas funções e interações com ele mesmo e com 
o meio que o cerca é de fundamental importância na construção do esquema corporal 
e no desenvolvimento normal no âmbito motor, social e afetivo da criança para que 
suas ações futuras sejam orientadas com sucesso. 
O esquema corporal pode ser definido como “uma intuição de conjunto ou um 
conhecimento imediato que temos de nosso corpo estático ou em movimento, na 
relação de suas diferentes partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e 
com os objetos que o circundam” (FONSECA, 2008). 
Podemos dizer que o esquema corporal é um elemento básico indispensável 
para a formação da personalidade da criança, uma vez que é a representação da 
imagem que a criança tem de seu próprio corpo. A criança se sentirá bem na medida 
em seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que pode utilizá-lo não 
somente para movimentar-se, mas também para agir. 
Fica nítido para o professor diagnosticar a criança que se encontra com seu 
esquema corporal mal constituído, ela não coordena bem os movimentos, sua grafia 
é “feia”, na leitura não demonstra harmonia, o que significa dizer que não segue o 
ritmo da leitura ou então, simplesmente, para no meio de uma palavra. 
Segundo De Meur (1989), uma criança que domina o seu corpo sente-se à 
vontade em explorar seu potencial, pois demonstra desenvoltura e eficácia para 
realizar as tarefas que lhes são ofertadas, o que lhe proporciona bem estar, tornando 
fáceis e equilibrados seus contatos com os outros. Fazendo com que os desafios não 
sejam vistos apenas como dificuldades, mas como uma forma de demonstrar suas 
habilidades e potencialidades. 
 
 
 
 
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Fonte: www.colegiointerviva.com.br 
O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação 
física e psicológica da criança. Nesse sentido, pode-se considerá-lo como sendo a 
representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu 
próprio corpo. 
A importância em se trabalhar com o esquema corporal persiste no fato de que 
quando a criança conhece seu corpo, seus limites, potencialidades e dificuldades, 
reconhece e sabe que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se, mas também 
para agir, expressar-se, comunicar-se com o mundo que o cerca, sem medos e 
frustrações. Portanto, para auxiliar no desenvolvimento do esquema corporal da 
criança devemos considerar: 
a) Domínio Corporal 
Referimo-nos a capacidade da criança apresentar domínio e controle sobre 
suas ações corporais. Por exemplo, uma criança corre durante o recreio e choca-se, 
constantemente, contra seus companheiros. A tendência dessa criança é que em 
pouco tempo não se sentirá à vontade em continuar no jogo, na brincadeira. Logo, 
não ousará mais correr por não dominar bem seu corpo. 
b) Conhecimento Corporal 
Conhecer seu corpo e suas dimensões. Imagine a seguinte situação: uma 
criança quer passar por baixo de um banco, mas, esquecendo-se de dobrar as pernas, 
acaba batendo as nádegas contra o banco. Possivelmente essa criança ainda não 
 
 
 
 
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conhece o seu corpo enquanto objeto que ocupa lugar no espaço, e o quão espaço 
se faz necessário para deslocar-se ou realizar uma determinada ação. 
c) Passagem para a Ação 
A criança não transfere líquidos de uma vasilha para outra para brincar? Mas, 
então por que ela entorna um copo de limonada para beber? 
A explicação é simples, a ação motora, o gesto motor, possivelmente, ainda 
não foi transferida de uma ação para outra. 
Nesse sentido, é por meio do desenvolvimento do esquema corporal e de seus 
constituintes que possibilitamos que a criança se sinta bem disposta e capaz de situar 
seu corpo em relação aos outros, aos objetos que a cercam e, portanto, terá condições 
para transpor suas descobertas, pois a tendência é que ela, progressivamente, 
localizará os objetos, as pessoas, os acontecimentos em relação a si, depois entre 
eles. 
7.2 A organização do corpo no espaço 
Referimo-nos aqui a capacidade de movimentar o próprio corpo de forma 
integrada, dentro de um ambiente contendo obstáculos, desviando, locomovendo-se 
ou passando por eles. 
Movimentos simples como o rastejar, engatinhar, e andar propiciam a criança 
o desenvolvimento das primeiras noções espaciais: perto, longe, dentro, fora. 
Descobrir e ter a noção de em cima, embaixo, acima, para a criança implica em 
dizer que ela está apresentando um desenvolvimento integral de suas ações. 
Para De Meur (1989), os problemas relacionados à orientação temporal e 
espacial, como por exemplo, com a noção “antes-depois”, acarretam, principalmente, 
confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldade em 
reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a análise gramatical 
um quebra-cabeça para ela. 
Uma má organização espacial ou temporal poderá, por exemplo, acarretar 
fracasso na matemática, uma vez que para calcular a criança deve ter pontos de 
referência, colocar os números corretamente, possuir noção de “fileira”, de “coluna”; 
deve conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas. 
 
 
 
 
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Diante de problemas de percepção espacial, uma criança não é capaz de 
distinguir, por exemplo, um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso não 
perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não se distingue bem o alto e o 
baixo, confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”, ou seja, não consegue 
perceber, no abstrato, as questões que não lhe foram supridas no concreto. 
Portanto, para trabalharmos com a organização do corpo no espaço devemos 
considerar a estruturação espacial, que nada mais é do que a orientação, a 
estruturação do mundo exterior referindo-se ao eu referencial, depois a outros objetos 
ou pessoas em posição estática ou em movimento. 
É nesse sentido, a tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em 
um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às 
pessoas e coisas, pode ser considerado a tomada de consciência da situação das 
coisas entre si, ou ainda a possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o 
mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar ou de 
movimentá-las. 
Resumindo, o esquema corporal é a tomada de consciência, pela criança, de 
possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e de expressar-se. 
7.3 Dominância lateral 
A dominância lateral é uma característica que buscamos perceber desde a mais 
tenra idade, mas essa se refere muito mais do que escolher a mão (direita ou 
esquerda) para escrever ou comer, refere-se ao esquema do espaço interno do 
indivíduo, que o capacita a utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço do que 
outro, em atividades que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria 
funcional. 
O que significa dizer que a definição da lateralidade ocorre à medida que a 
criança se desenvolve e, portanto, a lateralidade na criança não deve ser estimulada 
até que nãotenha sido definida, ou seja, quando a criança é forçada a usar um lado 
do corpo torna-se prejudicial para a lateralidade. 
 
 
 
 
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Fonte: d8vlg9z1oftyc.cloudfront.net 
Quem nunca ouviu histórias de pais e mães, ou até mesmo de professores que 
forçavam a criança a segurar o lápis ou o copo com a mão direita. Isso porque, 
achavam errado, talvez por fatores culturais, escrever com a mão esquerda. Forçavam 
a criança a utilizar a mão direita para tal ação, isso sim é errado, os pais devem 
favorecer a escolha feita pelas crianças. 
Isto porque hoje sabemos que não existe certo ou errado, e que a própria 
criança tem sua preferência, sua dominância lateral, portanto, temos apenas que 
possibilitar a criança a desenvolver suas habilidades, mas as escolhas devem ser 
feitas por ela. 
No início da idade escolar ainda prevalece a bilateralidade na criança, mas se 
ela ainda apresentar a tendência para o sinistrismo e os pais tentarem fazer algo para 
que a frustre, possivelmente essa criança poderá apresentar danos na sua 
motricidade, possibilitando o surgimento de possíveis problemas de aprendizagem. 
7.4 Equilíbrio 
Referimo-nos aqui a função em que os indivíduos mantêm sua estabilidade 
corporal durante os movimentos e quando em estado de imobilidade. 
Fonseca (2009) e Rosa Neto (2002) mencionam que obter um bom equilíbrio é 
essencial para a conquista da locomoção e a independência dos membros superiores. 
 
 
 
 
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A dificuldade em equilibrar-se produz estados de ansiedade e insegurança, pois 
a criança não consegue manter um estado estático ou de movimento e isto atrapalha 
a relação entre equilíbrio físico e psíquico. 
Pick e Vayer (1985) afirmam que, na presença de algum distúrbio do equilíbrio, 
pode-se observar uma indisponibilidade imediata dos movimentos, desequilíbrio 
corporal global, marcha não harmoniosa, tensões musculares locais, desalinhamentos 
anatômicos e imprevisibilidade de atitudes. 
Socialmente, a criança pode apresentar tendência à inibição ou desejo de 
esconder, e falta de confiança em si mesmo. Nesse sentido, podemos dizer que o 
equilíbrio não se resume, exclusivamente, a uma atitude referente ao tônus muscular, 
mas que afeta psicologicamente a criança em suas relações sociais. 
7.5 A organização latero-espacial 
Durante o crescimento, naturalmente, se define uma dominância lateral na 
criança, resultando na tendência de ter maiores destrezas e habilidades de um lado 
de seu corpo (poderá ser mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo) em 
relação ao outro, isso ocorre porque mesmo a lateralidade correspondendo a dados 
neurológicos, também é influenciada por certos hábitos sociais. 
7.6 Diferença entre a lateralidade e o conhecimento "esquerda-direita" 
Não devemos confundir lateralidade (dominância de um lado em relação ao 
outro, a nível de força e da precisão) e conhecimento "esquerda-direita" (domínio dos 
termos "esquerda" e "direita"). 
O conhecimento "esquerda-direita" decorre da noção de dominância lateral. É 
entendido como sendo a generalização, da percepção do eixo corporal, a tudo que 
cerca a criança. Esse conhecimento será mais facilmente apreendido quanto mais 
acentuado e homogêneo for a lateralidade da criança. Com efeito, se a criança 
percebe que trabalha naturalmente "com aquela mão", guardará sem dificuldade que 
"aquela mão" é à esquerda ou à direita (FONSECA, 2008). 
Por essa razão não basta amarrar um lacinho ou fitinha na mão da criança e 
dizer-lhe que essa é a mão direita se essa não for realmente trabalhada, estimulada, 
 
 
 
 
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ela precisa conhecer a terminologia como também dominar e distinguir direita de 
esquerda. 
Lembramos que por volta dos 6 anos, a criança tem conhecimento do lado 
direito e esquerdo do seu corpo. Aos 7 anos reconhece a posição relativa entre dois 
objetos. Com 8 anos reconhece o lado direito e esquerdo em outra pessoa. Quando 
chega aos 9 anos consegue imitar movimentos realizados por outras pessoas com o 
mesmo lado do corpo no qual a pessoa realiza o movimento, isto é, transpõe o lado 
da pessoa para o seu. Aos 10 anos reproduz movimentos de figuras esquematizadas 
e com 11 anos consegue identificar a posição relativa entre 3 objetos (FONSECA, 
2008). 
Ressaltamos que esse processo ocorre gradativamente, e depende de cada 
criança, de cada momento e dos estímulos que a ela são proporcionados. 
7.7 Orientação espacial 
Quando a criança domina os diversos termos espaciais, ensinamos a orientar-
se, isto é, permitimos e oferecemos situações nas quais ela pode virar-se, ir para 
frente, para trás, para a direita, para a esquerda, para o alto. Pode experimentar 
situações para poder ficar em fila, enfim, executar movimentos diversos em espaços 
delimitados ou não, contendo obstáculos ou não. 
7.8 Orientação temporal 
A estruturação temporal é a capacidade de a criança situar-se e depende do 
entendimento e compreensão de fatores, como por exemplo: 
a) sucessão dos acontecimentos: antes, após, durante; 
b) noções de tempo longo: uma hora, um minuto, por exemplo, para uma 
criança de três anos, três minutos podem parecer uma eternidade, enquanto para uma 
criança de 10 anos, esse tempo já representa mais essa eternidade e passa muito, 
entende que é algo rápido; 
c) noções de ritmo: regular, irregular (aceleração, freada); 
d) noções de cadência: rápida, lenta (diferença entre a corrida e o andar); 
 
 
 
 
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e) noção de renovação cíclica de certos períodos: os dias da semana, os 
meses, as estações. Por exemplo, é comum vermos uma criança de 3 anos chegar 
na escola, na segunda feira, e contar para a professora que “amanhã” ela foi na casa 
da vovó. Mas, na verdade, ela está se referindo a um acontecido que já ocorreu no 
domingo, no dia anterior. 
f) noção de envelhecimento: do caráter irreversível do tempo: “já passou... não 
se pode mais revivê-lo”, “você tem cinco anos... vai indo para os seus seis anos... 
quatro anos, já passaram”. 
As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes, bem difíceis de serem 
adquiridas por nossas crianças, por isso faz-se necessário estar constantemente 
estimulando a responder a essas ações. 
8 A COORDENAÇÃO DINÂMICA 
A coordenação dinâmica geral da criança, um bom domínio do corpo suprindo 
a ansiedade habitual, diminui as tensões trazendo um controle satisfatório e a 
confiança com relação ao próprio corpo. 
Com relação à coordenação dinâmica das mãos, Le Boulch (1982) diz que a 
habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da coordenação global. 
Reveste muita importância nas praxias, no grafismo, ao qual se deve dar uma atenção 
em particular. 
A criança, quando apresenta algum distúrbio no desenvolvimento da 
coordenação (tanto global como da dinâmica das mãos), poderá apresentar 
dificuldades escolares, como a disgrafia que ultrapassa linhas e margens do caderno, 
pode ter dificuldades na apreensão de dedos e nos gestos. 
8.1 Estratégias psicomotoras e consequências educativas 
Para uma ação interventiva, coerente as atividades, devem relacionar-se a 
aspectos que são sempre uma constante na psicomotricidade. 
São eles: 
 Qualidade física: força, flexibilidade, agilidade, velocidade, coordenação 
motora, equilíbrio, noções de espaço e tempo e lateralidade. 
 
 
 
 
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 Aspecto afetivo e social: socialização, organização, disciplina, 
responsabilidade, coragem e solidariedade. 
 Características cognitivas: capacidade de análise e desenvolvimento de 
memória. 
9 A EVOLUÇÃO PSICOMOTORA DA CRIANÇA 
9.1 Evolução psicomotora até os três anos de idade 
O bebê, ao nascer, tem seu primeiro contato com o mundo a partir de seu corpo, 
seu choro, seus movimentos, traduzem suas necessidades, desejos e angústias. A 
mãe reconhece o seu choro, é comum ouvir uma mãe que ao deixar a criança em 
meio a outras distinguirem se é o seu bebê que está chorando, isso ocorre porque se 
firmamlaços de afetividade e a expressão gestual é a comunicação da criança com o 
mundo que a rodeia. 
No olhar de Fonseca (2008, p. 126) sustentado por Morin, o ser humano é o 
único animal que se pode considerar psicomotor, por ser auto e eco-organizado no 
corpo e no cérebro, por ser criado em uma dimensão cultural, na qual a comunicação 
não verbal é um componente básico. 
A criança se constrói por inteiro e de forma integrada, a totalidade do mundo 
em que vive. A psicomotricidade, então, é a possibilidade de colaborarmos com esse 
processo, por meio de uma educação que se paute no movimento. 
De acordo com Le Boulch (1987, p. 15), o objetivo central da educação pelo 
movimento é “contribuir ao desenvolvimento psicomotor da criança”. Nesse sentido, 
podemos dizer que a psicomotricidade trata também das questões de uma educação, 
por meio do movimento no qual busca melhorar concomitantemente a utilização das 
capacidades psíquicas da criança. Acatando esses preceitos, nesta unidade 
apresentaremos as principais características psicomotoras das crianças, do 
nascimento até os seis anos de idade e, posteriormente, trataremos de relacionar esse 
desenvolvimento ao desenvolvimento do grafismo pela criança. 
 
 
 
 
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9.2 Características psicomotoras da criança de 0 a 3 anos 
Para Fonseca (2008, p. 23), a atividade do bebê está, essencialmente, voltada 
para as sensações internas, e essa interação sensorial, decorrente de sua relação 
com o adulto e com as experiências que o rodeiam e o envolvem se transformaram 
em sensações afetivas que serão expressas, posteriormente, por meio do movimento 
e da motricidade da criança. 
De acordo com Wallon (1962), a criança ao nascer se expressa por meio dos 
deslocamentos exógenos (maturação tônica e sinergética), suas informações são 
interoceptivas. 
Wallon afirma, ainda, que o desenvolvimento se processa a partir do Estágio 
impulsivo – impulsivo expressivo emocional (0 – 3 meses). Dependência total em 
relação à família; o bebê apresenta descargas ineficientes de energia muscular 
através de espasmos, movimentos desorganizados. 
• Estágio emocional – (3 – 9 meses) A emoção é o meio de comunicação do 
bebê. É o período da relação afetiva mais contundente, desempenhando papel 
importante para a comunicação. 
• Estágio sensitivo-motor – (1 - 3 anos) A criança descobre o mundo dos objetos 
e com o simbolismo, ela transforma esse objeto em uma imaginação. Surge a marcha, 
a imitação e a linguagem são ampliadas. 
• Estágio projetivo - (faixa etária aproximada não definida pelo autor) A criança 
age sobre o objeto, projetando-se nas coisas para se perceber. 
Piaget entende que a criança, até o primeiro mês de vida, possui ações 
instintivas e reflexas. Não apresenta nenhuma noção entre sujeito e objeto. A partir 
de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para 
assimilar o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo, por exemplo, 
são construídos pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem 
representação ou pensamento. O pensar e agir estão estritamente ligados entre si. 
Os objetos só podem ser reconhecidos na medida em que o indivíduo pode lidar com 
os mesmos, agindo. 
A partir dos 2 aos 18 meses começa a apresentar as primeiras percepções 
organizadas, começa a manipular objetos. E quando chega por volto de 8-9 meses já 
ocorre a diferenciação entre os fins e os meios. Quando chega nos 11-12 meses 
 
 
 
 
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apresenta uma boa coordenação de esquemas secundários, domina a locomoção, 
explora os objetos, por isso as tentativas de subir na mesa, tentar alcançar objetos 
que estão no alto. Começa as tentativas intencionais, e passa a diferenciar os fins e 
os meios de interagir. 
Já dos 18-24 meses começa a apresentar, segundo Piaget, uma coordenação 
de ações que já exigem uma sequência espaço-temporal, possui uma inteligência 
prática, o gesto é utilizado como pré-linguagem, e agora o sujeito passa a tornar-se 
um objeto no meio dos outros. 
Para Wallon (1962) dos 2 aos 3 anos, a criança passa a apresentar como 
características as informações provenientes de dados proprioceptivos, expressa 
deslocamentos autógenos, ou seja, domina a locomoção e a preensão. 
Para Piaget (1964), nessa fase, a partir dos 2 anos, a criança torna-se pré-
operacional, o que significa dizer que ela tem já uma coordenação perceptivo-motora, 
e interessa-se demasiadamente pelas operações concretas. 
Le Boulch vai além e afirma que a criança apresenta fases distintas para seu 
desenvolvimento, o autor considera que esse só ocorre a partir de etapas 
provenientes do desenvolvimento do esquema corporal, são elas: corpo submisso (0 
a 2 meses); corpo vivido (2 meses a 3 anos); corpo descoberto ou percebido (3 a 6 
anos) e corpo representado (6 a 12 anos). 
Na primeira etapa, a criança começa desenvolver sua imagem do corpo, que 
tem seu início por um lado com conteúdos fantasmáticos e do outro com uma imagem 
figurativa, sendo ainda imprecisa, e vai amadurecendo com o tempo, por meio da 
confrontação com o real. 
Logo em seguida, aparece a etapa da imagem do corpo e da estruturação 
espaço-temporal, na qual começa a acontecer a descentralização da criança e o início 
das representações mentais dos eixos, aqui a criança começa a ter noções de 
esquerda e direita, de acima e abaixo e de diante e atrás. E de reconhecimento de 
figuras geométricas, ocorrendo por meio da exploração dos objetos pelo estudo dos 
movimentos visuais. 
Na última etapa, que é do ajustamento global ao ajustamento com 
representação mental, a criança está enriquecendo o seu esquema corporal e, por 
isso, começa a ter condições de modificar os elementos de um movimento em 
automatismos bem estabilizados, tornando-se capaz de tomar certa distância em 
 
 
 
 
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relação ao objeto prático do movimento para voltar sua atenção perceptiva sobre as 
modalidades da ação, desenvolvendo, dessa maneira, sua percepção sinestésica. 
Nesse sentido, o explorar o ambiente para a criança é uma constante 
necessidade, pois isso a levará a entender e a expressar suas necessidades. Esse 
meio favorece para a criança firmar-se enquanto uma unidade afetiva e expressiva. 
Le Boulch, (2001, p.88) afirma ainda que a criança de três anos, que tem se 
beneficiado de um ambiente humano afetivo, tende a se confrontar com o mundo dos 
objetos com sucesso. 
A criança quando chega aos três anos apresenta características bastante 
distintas, se seu desenvolvimento ocorreu de forma significativa, a tendência é que 
ela tenha um deslocamento autônomo/seguro, um equilíbrio assegurado. E seus 
braços e pernas já devem apresentar uma coordenação habilidosa, bem como suas 
habilidades óculo manuais também devem estar já controladas. 
Suas mudanças são observáveis, já bebe a água no copo, sem derrubar, 
consegue segurar o talher entre o polegar e o indicador, começa a se vestir sozinho e 
começa a se prontificar para ajudar nas tarefas, pois desperta para a necessidade de 
explorar ainda mais suas potencialidades. 
Portanto, vale lembrar que até por volta dos 3 anos, os interesses da criança 
estão centrados no mundo exterior, principalmente, no aspecto práxico do movimento, 
pois nesse momento não há mudanças significativas, o aprendizado por insight é 
dominante. A evolução dos seus gestos incide no ajustamento de sua postura, 
beneficiando-se de uma regulação tônica muito 
Mesmo não sendo da área da Psicomotricidade, Gallaheu e Ozumn (2003) 
também apresentam contribuições bastante significativas, quanto ao desenvolvimento 
motor, conforme estágios, considerar que na 1ª fase, chamada de motora reflexiva, 
em que os reflexos são a base para as fases posteriores, divide-se em: 
a) Estágio de codificação: aqui as atividades motoras são involuntárias, do 
período fetal até, aproximadamente, o 4º mês. Os centros cerebrais 
inferiores são mais desenvolvidos do queo córtex motor; servem de meios 
primários pelos quais o bebê é capaz de reunir informações, buscar 
alimento e encontrar proteção ao longo do movimento. 
Por exemplo, a criança descobre que toda vez que ela chora a mãe lhe tira do 
berço e a coloca no colo. 
 
 
 
 
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b) Estágio de decodificação. Nesse momento, aproximadamente no 4º mês de 
vida, as habilidade de informações começam a ser processadas, o 
desenvolvimento dos centros cerebrais inferiores inibe muitos reflexos. Tem 
início a substituição da atividade sensório-motora por habilidade motora-
perceptiva, que envolvem o processamento de estímulos sensoriais com 
informações armazenadas e não apenas reações aos estímulos. 
Nesse momento, temos, então, a utilização dos reflexos primitivos, que são os 
agrupadores de informações, os mecanismos de sobrevivência e os reflexos 
posturais, que podem ser entendidos como os equipamentos de testes neuromotores 
para mecanismos estabilizadores, locomotores e manipulativos. 
Já na 2ª fase, também conhecida como fase dos movimentos rudimentares, 
encontramos as primeiras formas de movimentos voluntários, podemos observar essa 
característica do nascimento até, aproximadamente, 2 anos de idade. A maturação 
sequencial que ocorre, nessa fase, varia de criança para criança, dependente de 
fatores biológicos, ambientais e da tarefa, o que significa dizer que cada criança tem 
seu tempo próprio para aprender e para se desenvolver. 
Compõem essa fase os movimentos voluntários, especialmente os movimentos 
estabilizadores, cuja função pode ser observada quando o bebê busca o controle da 
cabeça, pescoço e músculos do tronco. Os movimentos manipulativos, referentes ao 
ato de alcançar, agarrar e soltar. E movimentos locomotores, próprios da criança como 
o arrastar, engatinhar e caminhar. 
Na 3ª fase dos movimentos fundamentais, observamos que a criança começa 
a se envolver com a exploração e experimentação das capacidades motoras de seu 
Corpo. Busca experiência motora, especialmente, os movimentos estabilizadores, 
manipulativos e locomotores, primeiro isoladamente e depois de modo combinado. 
Nesse momento, devemos oportunizar tarefas que levem a criança desenvolver 
seus movimentos fundamentais, como o correr, pular (locomotores), arremessar e 
apanhar (manipulativos), andar com firmeza e o equilíbrio num pé só (estabilizadores). 
Gallaheu e Ozumn (2003) especificam que a criança, então, desenvolve seus 
movimentos fundamentais a partir dos estágios inicial, elementar e maduro. No inicial 
ocorrem as primeiras tentativas de desempenhar uma habilidade fundamental restrita, 
mas ainda faz uso exagerado do corpo, com ritmo e coordenação ainda deficiente. No 
estágio elementar dos movimentos fundamentais, a criança já envolve maior controle 
 
 
 
 
34 
 
e melhor coordenação rítmica dos movimentos, começa o aprimoramento das 
estruturas espaciais e temporais, por volta dos 3 anos, o que lhe dará suporte para 
entrar no estágio maduro dos movimentos fundamentais, no qual a criança irá 
desempenhar-se mecanicamente de forma eficiente, coordenado e controlado, isso 
deve ocorrer por volta dos 5 ou 6 anos de idade. 
9.3 Evolução psicomotora dos três aos seis anos 
Podemos observar que a criança, dos 3 aos 6 anos, está vivendo um momento 
cujo período é refletido em mudanças na sua estruturação espaço-temporal e no seu 
esquema corporal. 
Surge, nesse contexto, a ruptura do eu (individual), passando a ser valorizado 
o eu social. O outro começa a existir para ela, e a emoção, nesse contexto, torna-se 
papel essencial, faz parte do seu desenvolvimento. 
Para Fonseca (2008), nesse momento, a emoção ainda, é quase sempre o 
detonador da ação, pois esse período constitui-se por dois meios paralelos do plano 
afetivo, um refere-se à estruturação do espaço que permite a passagem do espaço 
topológico para o espaço euclidiano; e o outro, refere-se à percepção das diferentes 
partes do corpo e estruturação do esquema corporal, ou seja, é um período de 
constantes mudanças para a criança. O corpo para a criança, nesse momento, é um 
corpo que se comunica por meio da gestualidade e da mímica. 
A partir dos três aos seis anos de idade, a criança ainda está num período 
transitório, tanto na estruturação espaço temporal quanto na estruturação do esquema 
corporal. 
Para Piaget, a partir dos 3 anos, a criança entra no estágio pré-operacional, 
caracterizado pela inteligência intuitiva, sua assimilação ocorre por meio das ações, e 
entre 3-4 anos ocorre o início da interiorização. A preferência da criança, nesse 
estágio, são os jogos e imitação em diferido, diverte-se e interessa-se por jogos de 
imaginação. 
Aos 4 anos, a criança está consciente de suas atitudes, entra na fase da 
comédia, ou seja, multiplica sua expressão, interage com o outro de forma constante. 
 
 
 
 
35 
 
A partir desse momento, a criança já começa a pensar em coisas para além 
dos espaços espaciais e temporais do movimento, começa a apresentar as noções 
de passado e futuro, e suas regulações tendem a ser representativas. 
O fim deste período será mostrado pela possibilidade de uma relação coerente 
entre as estruturas perceptivas, graças à representação mental. 
9.4 A evolução da motricidade gráfica 
Quem nunca viu uma mãe ficando muito brava, por chegar à sala e ver que seu 
lindo sofá de couro, ou sua parede que acabara de ser pintada, está toda “rabiscada”. 
E ao perguntar para a criança quem foi o responsável ela, simplesmente, vira e diz: 
“fiz um desenho”. 
A partir dos 2 anos, isso é bem comum, e muito saudável para o 
desenvolvimento infantil, claro que não precisamos deixá-la rabiscar todas as paredes 
da casa, mas devemos instigá-la a exercitar suas habilidades. Isso porque ao falarmos 
do desenvolvimento da criança devemos lembrar que o desenho e, por consequência, 
o grafismo, são elementos de extrema relevância para a criança, pois a evolução de 
seus desenhos depende de sua percepção (PILLAR, 1996). 
Os esquemas visuais postos em jogo no desejo estão coordenados pela 
conduta motora e as propriedades do campo visual. Neste campo, são evidentes os 
problemas encontrados no motor e no perceptivo. Estes dois planos não podem estar 
separados, mas podem seguir em ritmos diferentes, prevalecendo em determinada 
hora da evolução da capacidade de estruturação. 
No começo, a dificuldade de expressão gráfica predomina mais na área motora 
que na percepção, dando a impressão que a execução trai a intenção. Piaget 
considerava que a expressão mais elementar do grafismo da criança é o resultado do 
vaivém contínuo sobre o papel e este jogo rítmico de movimento diferencia as 
primeiras formas. 
Portanto, o grafismo pode ser considerado como um ato impulsivo, que, a partir 
dos dois anos e meio, o controle visual vai exercer mais precisamente o progresso do 
grafismo, na medida em que as coordenações motoras se desenvolvem 
paralelamente. É aí que o controle distal se torna proximal e permite a miniteirização 
de traçados. 
 
 
 
 
36 
 
Vale lembrar que para que esse processo ocorra de forma significativa faz-se 
necessário que se estejam já desenvolvidos a dominância lateral, a lateralidade 
espontânea inata e a organização da prevalência e atividade práxica. 
 
 
 
 
 
37 
 
10 BIBLIOGRAFIA 
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