Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS DISCIPLINA: CONTROLE E GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PROFESSOR (A): JOSÉ MARIA CORREIA DA COSTA RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE NÉCTAR E SUCO EM PÓ DE LARANJA Luana Jucá Ripardo Gomes 359329 Natielle Lourraine de Castro 349246 Thais Siqueira de Sousa Pereira 353454 Fortaleza 2019 1. INTRODUÇÃO 1.1 Objetivo da prática A aula prática teve como objetivo caracterizar néctares comerciais em relação ao teor de sólidos solúveis, acidez titulável, pH e vitamina C, comparando os resultados encontrados com os valores estabelecidos pela legislação vigente. Caracterizou-se pó de preparo para refresco em relação a umidade, atividade de água e higroscopicidade. 2. METODOLOGIA 2.1 Sólidos solúveis totais (SST) O procedimento consistiu em verificar através dos refratômetros de bancada e portátil o valor do ºBrix da amostra de néctar de laranja para verificar se estava condizente com o estabelecido em legislação. 2.1.1 Refratômetro de bancada Para a análise utilizando o refratômetro de bancada, colocou-se a amostra de néctar sobre o cristal do refratômetro, em seguida ajustou-se o campo de visão do equipamento até que a fronteira claro-escuro ficasse nítida e assim na parte inferior do campo fosse realizada a leitura do º Brix da amostra de néctar de laranja. A leitura da amostra foi realizada em triplicata, e entre cada leitura foi iniciado o processo de ajuste do foco do campo claro-escuro do equipamento a fim de evitar erros de leitura devido ao erro no ajuste do foco. Esse equipamento é mais preciso e tem uma faixa de leitura mais ampla que o portátil. Figura 1: fronteira claro-escuro do refratômetro de bancada Fonte: manual de instruções refratômetro ABBE MODELO RTA-100, 2016. 2.1.2 Refratômetro portátil digital A leitura do refratômetro portátil é realizada de forma bem mais simples do que no procedimento anterior. O equipamento é calibrado utilizando água destilada, onde é colocada uma alíquota no cristal do equipamento e pressionado o botão de leitura. Após a leitura da alíquota de água destilada, procedeu-se a leitura da amostra de néctar de laranja. A amostra foi colocada sobre o cristal do refratômetro e realizada a leitura. Esse procedimento também foi realizado em triplicata a fim de se conseguir uma média do valor de ºBrix para a amostra de néctar e assim comparar com a legislação vigente. Além disso, entre cada leitura foi realizada a limpeza com água destilada. Vale salientar que esse equipamento é menos preciso nos valores encontrados e a sua faixa de leitura é mais curta. Figura 2: refratômetro portátil digital. Figura 3: refratômetro de bancada. Fonte: site da empresa Prolab, 2019. Fonte: site MedicalExpo. 2.2 Acidez total titulável O procedimento consistiu em determinar a acidez do néctar de laranja através da titulação com NaOH levando em consideração diversos valores para substituição na fórmula abaixo: Cálculo do teor de acidez (g de ácido cítrico/ 100g de solução) (1), Onde: F ácido: fator do ácido cítrico (0,06404); F NaOH:fator da solução de NaOH; V NaOH: volume da solução de NaOH gasto na titulação; P: peso da amostra usada na titulação; A análise foi realizada da seguinte forma: foi pesado cerca de 1g de amostra de néctar de laranja em um erlenmeyer, em seguida adicionou-se 50 ml de água e foi realizada agitação até a homogeneização onde 2 gotas de indicador fenolftaleína foi adicionado. Com a amostra pronta, foi realizada a titulação utilizando NaOH 0,9464 M como titulante até o ponto de viragem de cor do indicador para róseo. A análise foi realizada em triplicata. Os valores obtidos de volume de NaOH gasto foram anotados para posterior cálculo da porcentagem de acidez da amostra e comparação com o estabelecido pela legislação vigente. 2.3 pH Há dois tipos de métodos de análise de pH: colorimétricos - que usam fitas de pH e indicadores que alteram a sua coloração de acordo com a concentração - e eletrométricos, que utilizam aparelhos como potenciômetros que dão uma determinação direta e precisa do valor de pH da amostra. O equipamento utilizado para análise foi o pHmetro modelo Q4000A, da marca QUIMIS. Foram realizadas três leituras da amostra onde mergulhou-se o eletrodo diretamente na amostra de néctar de laranja e foram realizadas as leituras. Após cada leitura o eletrodo foi limpo utilizando água destilada e seco com uso de papel cuidadosamente para não danificar o eletrodo do pHmetro. Os valores obtidos nas três leituras foram anotados. Figura 4: pHmetro. Figura 5: fitas colorimétricas. Fonte: site Gehaka. Fonte: site PHLAB. 2.4 Vitamina C Para a análise de vitamina C na amostra de néctar, pesou-se em balança analítica cerca de 2g em um béquer e adicionou-se uma pequena quantidade de ácido oxálico e o béquer foi coberto com papel alumínio. O conteúdo foi transferido para um balão volumétrico de 100 ml e completado com ácido oxálico 0,5%. Uma alíquota de 5 ml dessa solução foi transferida para um erlenmeyer onde foram adicionados 45 ml de água destilada e titulado com DFI 0,02% (solução de Timann) até mudança de cor. O volume gasto do titulante foi anotado para ser utilizado na fórmula a seguir a fim de obtermos a quantidade de vitamina C na amostra de néctar de laranja. A análise foi realizada em triplicata. (2), Onde: f: fator da solução de Tilmann (DFI) V: volume de solução de Tilmann gasto (ml); m: massa de amostra (g); a: alíquota (volume de amostra retirada do balão-ml); v: volume do balão volumétrico; 2.5 Umidade Para a análise de umidade pesou-se cerca de 1g da amostra de pó de suco de laranja e espalhou-se na placa de forma uniforme. O peso da placa foi anotado para acompanhamento da diminuição do peso da amostra ao longo do tempo estabelecido. O processo de acompanhamento da diminuição do peso foi acompanhado pelos monitores do laboratório e os valores obtidos foram repassados. A análise foi feita em triplicata. 2.6 Atividade de água Para a análise de água, foi colocada em uma cápsula específica do equipamento Aqualab 4TE, uma quantidade de amostra que cobrisse todo o fundo no recipiente, em seguida a cápsula foi colocada no equipamento e procedeu-se à leitura da atividade de água. Após alguns minutos um sinal sonoro foi emitido e o valor lido foi anotado. A temperatura do local era de cerca de 25ºC. Figura 6: Aqualab 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como não há instruções normativas de padrão e qualidade para néctar e suco em pó de laranja, analisamos os resultados comparando com pesquisas já realizadas com o produto. 3.1. Sólidos solúveis totais Essa análise também foi feita em triplicata, em que foi feita uma média aritmética dos valores obtidos no refratômetro, em °Brix, e o resultado foi apresentado na Tabela 1 com as médias obtidas dos valores do refratômetro portátil e do refratômetro de bancada, respectivamente. Os valores de sólidos solúveis do suco em pó, encontrados no refratômetro portátil e de bancada, encontram-se na apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Teor de sólidos solúveis em refratômetro portátil e de bancada. Sólidos Solúveis Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Refratômetro portátil 6,9 7,0 6,9 Refratômetro de bancada 7,3 7,5 7,5 3.2. Acidez total titulável Depois de feito os devidos cálculos, seguindo a Equação 1, e calculada a média aritmética dos valores da triplicata, obteve-se o valor 0,44% de acidez. Em um estudo da variação da concentração de vitamina C, ºBrix e acidez em néctar em néctar de laranja em embalagens cartonadas, o néctar de laranja apresentou como condições iniciais 0,47% de acidez. Em outro estudo realizado em Paraíba, 2013, para análise das características físico-químicas desucos de frutas industrializados, foi encontrado para o néctar de laranja o teor de acidez de 0,53% Sendo assim, obtivemos resultados também semelhantes. Na Tabela 2 é possível verificar os valores referentes à Acidez Total Titulável dos sucos analisados. Tabela 2. Valores da Acidez Total Titulável (ATT) Leitura Acidez % Néctar analisado 0,44 Néctar marca A 0,47 Néctar marca B 0,53 Para o processamento industrial de néctar é importante o teor elevado de acidez titulável, pois diminui a necessidade de adição de acidificantes e propicia segurança alimentar dificultando o desenvolvimento de leveduras (LIMA et al., 2002). No entanto, bebidas com acidez elevada podem comprometer a saúde de consumidores se consumida com frequência, Millward et al. (1994) constatou alta incidência de erosão dental em uma população com idade entre 4 e 16,5 anos e correlacionou este resultado ao alto consumo de sucos industrializados de frutas. 3.3. pH Foram aferidos o pH de três amostras do néctar de laranja e feito uma média aritmética obtendo-se o valor de 3,7. A legislação não estabelece valores de pH para o alimento estudado. Segundo JAY, 1973 e LEWIS, 1993, sucos cítricos de frutas tem um pH inferior a 3,7, ou seja, são considerado muito ácidos, sendo um limite em que a maioria dos microrganismos não sobrevivem. Em outro estudo feito em São Paulo, 2012, para análise química de diferentes marcas de néctares e suco de laranja, foram analisados dois néctares de marcas diferentes. O pH do néctar de laranja apresentou resultados semelhantes. Tabela 3. pH pH Néctar analisado 3,7 Néctar marca A 3,61 Néctar marca B 3,72 Então a bebida analisada mostrou um pH desejável para sucos de frutas, podendo ser considerada segura microbiologicamente. 3.4. Vitamina C Após feita a análise, foram realizados cálculos de acordo com a Equação 2 e depois foi feita uma média aritmética com os valores obtidos, para encontrar a quantidade de ácido ascórbico presente na bebida. Conforme apresentado na Tabela 4 a média obtida foi de 9,425 mg/100g-1 de vitamina C. Tabela 4: Vitamina C Leitura Vitamina C (mg.100g-1) Néctar analisado 9,425 3.5. Umidade Utilizado o preparo sólido para refresco de laranja, fez-se a análise em triplicada conforme mostra a tabela 6. Calculou-se a média aritmética dos valores obtidos pelo equipamento, chegando a uma umidade de 1,3% no produto. Também não foi encontrada na legislação valores desejáveis para este parâmetro. Porém, acredita-se, que a umidade está dentro de um limite seguro, já que este tipo de produto é obtido por desidratação, para conseguir essa baixa umidade e evitar o crescimento microbiano, sem necessitar de refrigeração. Deve-se ser observados, no entanto, condições de armazenamento para que o produto não venha a ganhar umidade do meio. Tabela 5: Umidade Amostra Peso inicial Peso final Umidade 1 1,005 0,991 1,41 2 1,004 0,990 1,24 3 1,003 0,990 1,25 3.6. Atividade de água Nesta análise utilizou-se preparo sólido para refresco de laranja e foi feito apenas um teste, no qual o equipamento constatou uma atividade de água (Aw) conforme a tabela 6, que foi de 0,4185. Não foi encontrado na legislação limites para essa análise, mas segundo JAY e LEWIS (1973 e 1993) e outras literaturas de microbiologia estabelecem uma atividade de água inferior a 0,6 como sendo ótima, já que os microrganismos crescem em diferentes taxas de Aw, sendo essa taxa não ideal para nenhum tipo de crescimento microbiano. Portanto, o preparado sólido estava dentro de um limite seguro dentro da microbiologia de alimentos. Tabela 6: Atividade de água. Amostra Atividade de água Preparo sólido de laranja 0,4185 4. CONCLUSÃO Os parâmetros analisados, não apresentam padrão de identidade e qualidade estabelecidos, devido não haver instruções normativas para néctar e suco em pó de laranja, sendo necessário a padronização pelos órgãos competentes para que se garanta a qualidade do produto final para o consumidor. Em relação a Aw de acordo com JAY e LEWIS (1973 e 1993) e outras literaturas de microbiologia o preparo sólido pode ser considerado seguro. Também está em conformidade com a umidade ideal e segura, já que o mesmo é obtido por desidratação. Para análise do pH ,como não existe determinações específicas da legislação, segundo JAY, 1973 e LEWIS, 1993 o suco tropical de caju está com valores um pouco acima do ideal. Desse modo não se fazem necessárias correções de controle higiênico-sanitárias ou do processo. Diante de tudo que foi exposto, podemos concluir que o Controle de Qualidade das amostras analisadas é importante para a padronização do produto em seus aspectos físico- químicos, microbiológicos e sensoriais de modo que forneça ao consumidor um produto que seja seguro e que atenda as suas expectativas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cardoso, A. M. R; Santos, A.M.S.; Almeida, F.W. B.; Albuquerque, T.P; Xavier, A. F. C.; Cavalcanti, A.L. Características físico-químicas de sucos de frutas industrializados: estudo in vitro. Odonto, Paraíba, v.21, n.41-42, p.9-17, 2013. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/Odonto/article/viewFile/3862/4190: Acesso em: 09 Out. 2019. LIMA, E. D. P. A.; LIMA, C. A. A.; ALDRIGUE, M. L.; GONDIM, P. J. S.; Caracterização física e química dos frutos da umbu-cajazeira (Spondias spp) em cinco estádios de maturação, da polpa congelada e néctar. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal-SP, v. 24, n. 2, p. 338-343, 2002. MILLWARD, A.; SHAW, L.; SMITH, A. J.; RIPPIN, J. W.; HARRINGTON, E. The distribution and severity of tooth wear and the relationship between erosion and dietary constituents in a group of children. International Journal of Paediatric Dentistry, v.4, n.3, p.151-157, 1994. de Oliveira, Telma Lucia; Olivo, José Eduardo; Ferreira, Lívia Rosas Variação da concentração de vitamina C, ºBrix e acidez em néctar de laranja em embalagens cartonadas Acta Scientiarum. Technology, vol. 29, núm. 2, 2007, pp. 125-129 Universidade Estadual de Maringá Maringá, Brasil. Venâncio AA, Martins OA. Análise química de diferentes marcas de néctares e suco de laranja comercializada na cidade de Cerqueira César – São Paulo. Revista Eletrônica de Educação e Ciência (REEC) 2012; 2(3):45-50. https://www.prolab.com.br/produtos/equipamentos-para-laboratorio/refratometros/refratometro-digital-0-85-brix/ https://www.prolab.com.br/produtos/equipamentos-para-laboratorio/refratometros/refratometro-de-bancada-abbe/ https://biblioteca.ufc.br/wp-content/uploads/2015/08/guia-normalizacao-trabalhos-ufc-2013.pdf
Compartilhar