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11 DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR Liliam dos Santos Prof. André Ricardo Gonçalves Dias Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Licenciatura em Pedagogia (PED 1652) – Estágio III 27/11/19 RESUMO O presente artigo objetiva compreender o papel da gestão escolar, os desafios que os gestores enfrentam no processo da gestão democrática do ensino e a relação da comunidade escolar na participação do projeto político pedagógico. O trabalho busca mostrar os desafios dessa gestão dentro do contexto educacional, o papel do gestor direcionado a uma escola pública e o funcionamento da escola no âmbito dos relacionamentos, para isso foi necessário realizar pesquisas bibliográficas, sites, observações e entrevistas. Busca-se propiciar um novo olhar sobre os fatores que necessitam ser refletidos pelo gestor e pela comunidade escolar envolvida, destaca que o envolvimento de todos no processo educativo é a base para o desenvolvimento e fortalecimento da educação e que o gestor é importante nesta construção. Conforme o estudo mostra, podemos compreender que o gestor escolar é um líder, que deve compartilhar suas ações e ideias com a comunidade escolar referentes à melhoria da escola. Palavras-chave: Escola. Gestão Escolar. Gestor. 1 INTRODUÇÃO Este artigo refere-se ao estágio supervisionado em Gestão Educacional do curso de Pedagogia, tem como área de concentração as metodologias do ensino, por ser uma área complexa que envolve o pensamento de diversos teóricos. O tema é Desafios da Gestão Escolar, que teve por objetivo observar e compreender como funciona a gestão escolar em uma escola pública, questões democráticas, funcionamento da instituição, relação com os professores, funcionários, comunidade e alunos. O mesmo envolve refletirmos sobre a relação entre a prática e a teoria, bem como as dificuldades e desafios durante este processo, buscando entender as funções de um gestor no sistema educacional de uma instituição de ensino. As observações do estágio de gestão educacional, foram feitas em uma escola municipal de Novo Hamburgo que atualmente possui 133 alunos, distribuídos em meio turno e turno integral. A mesma caracteriza-se por uma instituição de educação infantil da faixa etária de 0 a 3 anos, com prédio de alvenaria, com espaços nas laterais e frente para as crianças brincarem, possui uma brinquedoteca na entrada e uma pracinha nos fundos, com salas de aula, secretaria, sala de professores, refeitório, cozinha, lavanderia e banheiros, a escola não possui acessibilidade para pessoas com necessidades especiais. Neste trabalho iremos nos ater sobre o que é gestão escolar, democracia na escola, sobre o projeto político pedagógico, as características e funções de um gestor escolar e os desafios da gestão escolar. 2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA O presente artigo refere-se ao estágio em Gestão Educacional, tem como área de concentração as metodologias do ensino, por ser uma área ampla que envolve vários temas e a reflexão de diversos teóricos. Desafios da Gestão Escolar, este tem por objetivo compreender a constituição da equipe gestora escolar, conhecer as ações e competências do gestor no cotidiano escolar. A educação é um dos principais alicerces de nossa sociedade. Com isso em mente, pode-se imaginar a grande responsabilidade que envolve as tarefas relacionadas à gestão escolar. Gestão Escolar é um tipo de modelo educacional elaborado pelas instituições de ensino, que busca promover a organização, mobilização e a união de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais das instituições de ensino, orientados para a promover uma consistente melhoria do ensino aos estudantes, ou seja, buscar qualidade no ensino aos discentes. O termo gestão escolar, não é apenas um termo didático para se diferenciar da expressão administração escolar, pois ele foi construído para desenvolver a ideia de uma escola aberta, democrática, participativa em que todos os atores possam fazer parte da história dessa nova escola. A gestão escolar constitui uma dimensão importantíssima da educação, uma vez que, por meio dela, se observa a escola e os problemas educacionais globalmente e se busca, pela visão estratégica e as ações interligadas, abranger, tal como uma rede, os problemas que, de fato, funcionam e se mantêm em rede. (LUCK, 2009, p.24) O foco da gestão escolar é a orientação para resultados, a busca pela liderança, motivação da equipe para alcançar os objetivos, ênfase na qualidade do currículo e parceria dos pais, comunidade e da sociedade, procurando com isso melhorar a organização da escola para atingir um ensino de qualidade. Temos na gestão escolar seis pilares que centralizam, a autonomia administrativa, financeira, pedagógica, a otimização de tempo, processos nas instituições de ensino regular e cursos. A gestão escolar aborda questões concretas da rotina educacional e busca garantir que as instituições de ensino tenham as condições necessárias para cumprir seu papel principal: ensinar com qualidade e formar cidadãos com as competências e habilidades indispensáveis para sua vida pessoal e profissional. A gestão escolar diz respeito à organização das unidades educacionais, das escolas, nos remetendo, assim, à “abrangência dos estabelecimentos de ensino”, conforme Vieira (2007, p. 61). A gestão é a atividade pela qual são impulsionados meios e procedimentos para se chegar aos objetivos da organização, envolvendo os aspectos gerenciais e técnicos-administrativos; ou seja, é a atividade que põe em ação o sistema organizacional, no caso de uma escola. No artigo 12 da Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996) destaca as principais atribuições da gestão escolar nas unidades de ensino: Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei; IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas. XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. O gestor sendo responsável em garantir a organização e o desenvolvimento da escola deve seguir as legislações de acordo com suas atribuições. É importante que o mesmo conheça a dimensão do conjunto organizacional de uma instituição. 2.1 GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA De acordo com suas características culturais é que a sociedade cria sua própria forma de educação. Neste ponto de vista percebemos que a educação está ligada ao passado e o futuro das mais diversas gerações que integram sua comunidade escolar. Na educação a gestão democrática é tarefa de todos, deve começar na família, no governo e na sociedade, mas para que isso aconteça é preciso a participação, a atitude de todos os atores que estão inseridos no processo da educativo. Pensar sobre a função social da escola é arquitetar as mudanças necessárias para acompanhar a evolução da sociedade. Este é o viés que a escola precisa seguir na busca de oportunidades e de instrumentos de participação, sendo estas ações para construiruma gestão democrática. A gestão democrática implica a efetivação de novos processos de organização e gestão baseados em uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e participativos de decisão. Nesse sentido, a participação constitui uma das bandeiras fundamentais a serem implementadas pelos diferentes atores que constroem o cotidiano escolar. (MEC, 2004, p. 15) A gestão democrática é contra a concepção do autoritarismo, todos devem participar a fim de estimular os integrantes a terem a oportunidade de exporem e expressarem suas ideias, ela valoriza a participação da comunidade escolar na construção coletiva das metas e do funcionamento da escola. Para uma gestão democrática e participativa são necessários três pontos importantes: a descentralização, participação e transparência. O primeiro ponto se refere a administração, as decisões, ações que devem ser elaboradas e executadas de forma não hierarquizada; no segundo, todos os envolvidos no cotidiano escolar devem participar da gestão, professores, estudantes, funcionários, pais ou responsáveis. Uma gestão transparente é quando a unidade escolar tomar qualquer decisão ou ação tem que ser de conhecimento de todos. O gestor precisa caracterizar-se um líder onde deve comunicar, esclarecer, perguntar, e incumbir responsabilidades entre os que participam da comunidade escolar. 2.1.1 Projeto Político Pedagógico Gestão escolar é o ato de administrar a dinâmica cultural da escola, de acordo com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de seu projeto político pedagógico e compromissado com os princípios da democracia. O Projeto Político Pedagógico é um instrumento que norteia a organização do trabalho da escola, nele os objetivos da instituição estão traçados. Criado na perspectiva da sociedade, da educação e da escola, ele aponta uma direção, um sentido específico para um compromisso estabelecido coletivamente. O projeto político pedagógico ocupa um papel central na construção de processos de participação e, portanto, na implementação de uma gestão democrática. Envolver os diversos segmentos na elaboração e no acompanhamento do projeto pedagógico constitui um grande desafio para a construção da gestão democrática e participativa. (MEC, 2004, p.24) O Projeto Político Pedagógico precisa ser construído na base da coletividade, na parceria com a comunidade, onde as pessoas irão contribuir e exercer seus papéis como sujeitos atuantes e participativos nos acontecimentos da escola e da sociedade. Quando há interação da equipe escolar e comunidade, o trabalho da escola torna-se mais produtivo, se todos ajudarem a realizar os objetivos em parceria, será possível identificar quais as necessidades e anseios dos alunos, da equipe escolar e dos pais. Construir, executar e avaliar o projeto político pedagógico é trabalho da unidade escolar que excede o âmbito das relações interpessoais, tornando-se “realisticamente situada nas estruturas e funções específicas da escola, nos recursos e limites que o singularizam, envolvendo ações continuada em prazos distintos” (MARQUES, 1990, p.22). Através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 que podemos encontrar subsídio para a escola na elaboração da sua proposta pedagógica. Segundo os artigos 12, 13 e 14 da LDBEN, a escola tem autonomia para fazer e cumprir sua proposta pedagógica, contando com a participação dos profissionais da educação. O Projeto Político Pedagógico deve considerar a questão de um ensino de qualidade, o que significa estar sempre inovando, tanto na organização do trabalho pedagógico, quanto na gestão desempenhada pelos interessados. Visando uma educação integral, planeja-se que o discente seja educado para enfrentar os desafios que a vida lhe apresentará, ou que o mesmo perceba a ligação entre os saberes acadêmicos, os problemas sócios naturais, políticos e culturais. Apesar de muitas escolas se basearem em normas gerais da educação, cada uma terá seu PPP diferente, conforme suas necessidades e princípios específicos. 3 O GESTOR ESCOLAR Ser um gestor, é ser um gerador de ideias, orientador e principalmente um líder cooperativo, que é capaz de trazer novas possibilidades para a organização do sistema educativo; é deixar de lado a condição de poder absoluto para compartilhar as ações de decisões coletivas. Ainda sendo que pela organização do âmbito de trabalho, o gestor também precisa ser um indivíduo encarregado de fazer mudanças sempre que for preciso, atento as necessidades da unidade escolar e dos colaboradores. Mudanças sociais, econômicas, tecnológicas, políticas e governamentais podem provocar mudanças rápidas tanto no ambiente interno como externo, que influenciarão as habilidades e necessidades organizacionais. Tudo pode ficar obsoleto em pouco tempo, o que justifica também o retreinamento de empregados. (LERNER, 2002, p.42) Portanto, o planejamento e as organizações das ações que permeiam a escola são de encargo do gestor. Através do planejamento o gestor determina as metas e as ações que serão necessárias para a execução dos objetivos propostos, mas para isso requer a participação da equipe pedagógica. Este profissional responsável pela escola, precisa ter conhecimento da legislação educacional, zelar pelos recursos financeiros e da prestação de contas em relação dos mesmos, além de organizar, motivar, liderar e incumbir responsabilidades aos que fazem parte da equipe escolar. Um gestor não pode restringir-se apenas às questões administrativas, mas deve atuar na instituição nos aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais. Ele é a peça fundamental para o funcionamento da escola, nos aspectos administrativos, legais e pedagógicos. É do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido e controlando todos os recursos para tal. Devido sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência (tanto positiva, como negativa) sobre todos os setores pessoais da escola. (LUCK, 2004, p.32) A forma que o diretor dirige a escola refletirá nas características de sua gestão, que poderá ser individualista, autoritária ou democrática. Conforme afirma LOPES (2013, p.41) dentre das características fundamentais do gestor pode-se destacar a capacidade de exercer uma liderança democrática e ser capaz de incumbir as tarefas à sua equipe. O gestor escolar, deve promover junto com sua equipe no âmbito escolar, aprendizagens e formação de qualidade para os alunos e zelar pela escola como um todo. 3.1 DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR É na escola que podemos oferecer uma educação de qualidade a todos, nela é que se formam indivíduos críticos, que buscam exercer sua cidadania. Cabe a instituição a função de contribuir para o desenvolvimento das potencialidades do sujeito. Mas isso não é tarefa simples, envolve a família, gestores e professores que estejam motivados e dispostos em fazer a diferença. O âmbito escolar necessita de democracia, todos envolvidos devem participar das decisões de forma consciente, para isso é preciso vontade, determinação, trabalho em equipe, o que irá promover o sucesso da escola. De acordo com Libâneo (2008, p.105), “a participação consiste em um meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, que se centram na qualidade dos procedimentos metodológicos de ensino e aprendizagem”. Um dos maiores desafios da gestão escolar é manter os professores motivados e reconhecidos com a docência. A motivação, é algo essencial para o desenvolvimento do ser humano, pois sem ela é muito mais difícil cumprir algumas tarefas e de trabalhar. Motivação refere-se: É um termo que se divide em dois fatores, um que extrínseco e o outro que intrínseco ao “ser”. Fator é aquilo que contribui para um resultado, logo, o fator intrínseco contribui para a satisfação de uma necessidade psicológica ou fisiológica. Enquantoque, o outro fator da motivação que extrínseco ao indivíduo, contribui para a realização de um desejo por exemplo. (ALVES, 2013, p.15). Um docente motivado será produtivo e assim poderá motivar seus alunos no processo de ensino e aprendizagem. Outro, desafio é saber administrar os diversos saberes e fazeres para que todos possam trabalhar juntos na construção de uma educação qualificada. Na escola os gestores destacam essa sua responsabilidade à medida que administram processos com intuito de desenvolver as múltiplas e diferentes personalidades. Administrar uma instituição com a finalidade de garantir uma educação de qualidade é fazer com que a gestão seja democrática é o papel fundamental do gestor escolar. É o que nos diz o artigo 14 da LDB-9394/96: Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática de ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais de educação na elaboração do projeto político pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Parece fácil, mas para desempenhar esse papel, o gestor escolar enfrenta muitos desafios que vão muito além de executar e fazer cumprir as leis e regulamentos, fazer com que as crianças compareçam à escola com regularidade e que tenham um aprendizado significativo; criar estratégias inovadoras de ensino para auxiliar no desenvolvimento dos alunos; estimular constantemente os professores na formação continuada, criar ações democráticas para a participação dos pais na escola. Muitos desafios existem no cotidiano de um gestor, como manter o ambiente escolar organizado, a gestão financeira, ter um olhar atento para os materiais e recursos usados na escola a partir de métodos sustentáveis, enfim, requer estar atento ao que acontece internamente e externamente na unidade escolar e acima de tudo atuar como um líder responsável. 4 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO O estágio de gestão educacional foi concluído em uma escola municipal, foram trinta e nove horas entre observações e entrevistas, que contribuíram para minha graduação em pedagogia. No primeiro dia do estágio, participei de um planejamento coletivo da escola no qual foram tratados de diversos assuntos, foram dados avisos gerais para professores, estagiários, colaboradores da cozinha e limpeza. Foram pautados assuntos sobre o funcionamento geral da escola, horários de almoço, merenda, de intervalos, assuntos e mudanças sobre o projeto político pedagógico da escola cujo este precisará ser entregue com novas reformulações no mês de novembro. Neste dia a escola teve uma palestra e treino de primeiros socorros, para todos da equipe escolar, receberam orientações sobre como agir em casos onde as crianças e bebês sofram algum tipo de acidente, ou apresentem algum sintoma atípico, orientações sobre engasgamentos, além de questões envolvendo queimaduras, machucados e cortes. Nos dias seguintes observou-se o funcionamento da escola como um todo, o trabalho dos funcionários, professores e equipe gestora. Acompanhei e observei como a diretora e a coordenadora pedagógica conduziam suas atividades na secretaria. Percebeu-se que as mesmas se preocupam com o bom andamento da instituição e sempre que é necessário, cumprem tarefas fora da secretaria, como por exemplo substituição de professores ou estagiárias, atividades pertinentes da secretária quando a mesma não está na escola, pois ela trabalha na escola somente vinte horas. Em uma das conversas que tive com a coordenadora, ela disse que as vezes se sente sobrecarregada por várias atribuições do cotidiano e principalmente no final do ano. Percebe-se que ela algumas vezes, precisa cumprir tarefas que não são próprias de sua função, o que acaba interferindo um pouco em suas atividades pedagógicas. A diretora exerce inúmeras funções administrativas e burocráticas, como compra de materiais, contratações de prestação de serviços para a escola, como limpeza da caixa d’água, dedetizações, consertos, controle do ponto dos colaboradores, entre outras tarefas. Segundo a gestora, uma das dificuldades frente à administração da escola é a burocracia, apesar da unidade escolar ter autonomia para organização financeira, a administração está ligada a mantenedora que é o município, na opinião dela, referente as questões financeiras são engessadas e com muitas regras. Por exemplo para compras ou serviços precisa se ter três orçamentos e optar pelo de valor mais baixo, não importa se a qualidade do serviço ou produto seja inferior e umas das ordens de compra tem que ser de loja física, ou seja não pode comprar tudo pela internet. Apesar das múltiplas tarefas e pouco tempo que sobra para aproximação da equipe docente, a gestora sempre que possível procura dar uma atenção especial aos professores, principalmente quando percebe que algum deles não está bem, ou seja, com algum problema de trabalho ou pessoal. Constatei que esta atenção, deveria ser dada também a outros colaboradores da instituição, pois alguns reclamam do jeito que são tratados na escola pela coordenadora e pela diretora, pois independente de ser professor ou não todos fazem parte da comunidade escolar, todos devem ser tratados da mesma forma para que se sintam motivados a trabalhar no âmbito escolar. Conforme Vergara (2010, p. 42), “motivação é uma força, uma energia que nos impulsiona na direção de alguma coisa [...] ela nos é, absolutamente, intrínseca, isto é, está dentro de nós, nasce de nossas necessidades interiores. ” Dentro da escola a diretora e a coordenadora devem incentivar, estimular cada um a realizar da melhor forma seu trabalho, mas infelizmente nesta escola, ocorre isso de vez em quando, talvez por falta de tempo, atenção ou interesse de ambas. Além destes comentários de minhas observações do cotidiano da instituição, a essência que norteou a integralidade do estágio, foi a investigação de como se efetiva o trabalho coletivo em uma unidade escolar e o ponto de vista ou opinião da comunidade escolar com relação ao conceito de trabalho coletivo. 5 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (considerações finais) Este artigo tem como objetivo apresentar as principais reflexões da vivência de estágio de gestão educacional, no qual se orientou nas concepções e desafios da equipe gestora escolar. Partiu-se de pesquisas com relação ao tema abordado, de como se dá a gestão escolar, o que é gestão democrática, a comunidade escolar, além das observações e entrevistas feitas. Foi possível constatar que o trabalho da equipe diretiva não se limita ao exercício de atividades isoladas, é um oficio variado que exige responsabilidade, competência e comprometimento. Os momentos coletivos ocorrem por meio da formação continuada e da hora atividade, pelo que percebi o trabalho coletivo não se efetiva como deveria ser, devido à dificuldade de reunir todos os profissionais da escola em um mesmo espaço e tempo, pois o espaço físico da sala dos professores é pequeno. O espaço escolar poderia ser maior, incluindo mais salas e ambientes de recreações, pois isso implica na qualidade do trabalho dos docentes de oferecer melhores condições para aprendizagens e o brincar das crianças. No dia do planejamento coletivo, constatei que o destaque apontado na modificação do projeto politico pedagógico é a cooperação de todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino aprendizagem tendo em vista favorecer uma prática democrática e participativa, também visando sempre desenvolvimento infantil. Cientes de cuidar do meio ambiente, a instituição preocupa-se em conscientizar pais, comunidade, professores e funcionários com propostas de descarte de óleo de cozinha usado, plástico, separação de lixo seco e orgânico, a mesma oferece propostas de educação ambiental envolvendo as crianças.A escola possui atendimento especial para alunos de inclusão uma vez por semana, através de psicopedagoga que vem até a escola, a mesma costuma observar as crianças em suas salas e presta apoio aos docentes, familiase orientando estagiárias que apoiam os alunos de inclusão. Todos os anos a instituição recebe uma palestra com instruções de primeiros socorros ministrada pelo enfermeiro Adriano Saraiva Pinto, especialista em urgência e emergência, instrutor e membro da Guarda Municipal. A realização do estágio me proporcionou aprender mais sobre a prática pedagógica, mostrou-me como o gestor precisa ser um líder democrático, que saiba como agir e resolver com ética determinadas situações e problemas que surgem no cotidiano escolar. E o trabalho da coordenadora pedagógica precisa ser ministrado também com ética e empatia com toda a comunidade escolar. Conclui-se que muitas são as posições com relação ao conceito e importância de trabalhar em coletividade no âmbito escolar, é possível perceber que estes conceitos precisam ser questionados pela equipe pedagógica em consolidação com a equipe gestora por meio planejamentos coletivos no qual tem por objetivo o bom funcionamento da escola, destacando pontos positivos e negativos da instituição, buscando desenvolver harmonia entre toda a comunidade escolar, para que a mesma seja acolhedora e ofereça as crianças aprendizagens de qualidade, focalizando a expressão das multiplas linguagens. Compreendi que através do estágio de gestão educacional podemos ampliar nosso raciocínio, espírito crítico e ter uma noção de como é desafiador o trabalho da equipe gestora em manter um bom funcionamento de uma escola, cumprindo com seus deveres para com a sociedade. REFERÊNCIAS ALVES. S. Motivação no Contexto Escolar: Novos Olhares. 2013. 54 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) Faculdade Capixaba da Serra, Serra, 2013. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares: conselho escolar, gestão democrática da educação e escolha do diretor. Brasília/DF, 2004. ______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases as Educação Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf. Acesso 01/10/2019 LERNER, W. Competência é essencial na administração. São Paulo: Global, 2002. LIBÂNEO, J. C; OLIVEIRA, J. F; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: politicas, estrutura e organização. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2009. LUCK, Heloisa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009. ______, Heloisa. Ação Integrada: administração, supervisão e orientação educacional. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. VEGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração.12. ed. São Paulo: Atlas, 2010.