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Teoria da Comunicação 
Aula 17 
Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 17: Escola latino-americana de comunicação — 
contemporaneidade 
 
 
Objetivo: Apresentar uma evolução do pensamento latino-americano sobre as 
comunicações, passando pelas décadas de 1970, 1980 e 1990. Apresentar os dois 
maiores expoentes do pensamento contemporâneo latino-americano sobre 
comunicações: Jesús Martín-Barbero e Néstor García Canclini. 
 
 
Evolução histórica 
 
Estudos de comunicação latino-americana — anos 1970 
 
Nos anos 1970, a América Latina, de maneira geral, vivia um momento em 
que viam militâncias populares; organização de sindicatos; organizações de base; 
criação de formas alternativas na comunicação popular e ideologias socialistas. 
Os projetos políticos, mais que propostas teóricas, mobilizaram 
pesquisadores e frutificaram junto a setores organizados da sociedade. O receptor 
deixava de ser identificado como a massa amorfa e uniforme, passiva e manipulável, 
passando a ocupar o lugar do dominado — o trabalhador organizado, a feminista, o 
militante, cujas apropriações expressavam um receptor crítico. As novas 
modalidades de pesquisa eram o estudo da comunicação popular/pesquisa-
ação/pesquisa, participativa/pesquisa, militante. 
 
Estudos de comunicação latino-americana — anos 1980 
 
Há novas perspectivas sobre as políticas públicas/nacionais de comunicação, 
reatualizando a questão da dependência e ampliando o tema, com a questão da 
tecnologia e da democracia, havia um projeto de intervenção na comunicação 
pública desde o Estado. 
 
A comunicação popular e alternativa amplia a noção de comunicação para 
além da indústria cultural, havia um projeto de intervenção cultural desde os 
movimentos sociais. 
 
Estudos de comunicação latino-americana — anos 1990 
 
Os anos 1990 vivem um momento em que as questões da globalização e 
mundialização estão em evidência. Assim, ideologia e dependência deixam de ser 
categorias fundamentais para os estudos em comunicação latino-americanos nesse 
momento. 
A mediação e hibridação assumem um papel de destaque, já que permitem 
repensar a relação do popular com o massivo, da comunicação com os movimentos 
sociais, do receptor com o meio e todas as relações de mediação feitas pelas 
estruturas socioculturais. 
 
Jesús Martín-Barbero e Néstor García Canclini 
 
Os aportes de Jesús Martín-Barbero, através de sua Teoria das Mediações 
(1987), foram pioneiros no pensamento latino-americano, sobretudo na forma de 
conceber o receptor como um sujeito “ativo” que se “apropria” da cultura de massas 
e com seus códigos culturais que ressignificam as mensagens a partir do seu 
contexto social e cultural, em um processo que não só se produz no momento da 
percepção da mensagem, mas que envolve as etapas da produção, da circulação e 
da recepção, atravessadas por diversas mediações. 
O movimento crítico que se originou a partir de Martín-Barbero levou os 
estudos da recepção a estabelecer distâncias fundamentais com os enfoques 
funcionalistas da escola norte-americana, com os enfoques semióticos e inclusive 
com os da escola de Frankfurt. Nessa separação, aproximam o sujeito com seu 
mundo de vida, com seu contexto real e com seu entorno cotidiano, abordando os 
problemas da cultura popular na sua relação com a cultura de massas. 
 
 
 
 
Em 1990, o mexicano Néstor García Canclini aprofunda a proposta com sua 
teoria sobre os processos de “hibridação cultural”, na qual rompe com as visões 
dualistas utilizadas para explicar a relação das classes subordinadas com a cultura 
massiva e tenta explicar os processos de sedução que os meios e suas mensagens 
exercem sobre os receptores. 
O conceito de “negociação” proposto por Habermas, com anterioridade, serve 
para ajudar a visualizar quais são as possibilidades reais dos usuários para 
subverter a cultura de massa, que leva Canclini a propor, a partir da antropologia, o 
conceito de “culturas híbridas”, estreitamente ligado ao conceito do sociólogo 
francês Pierre Bourdieu, de “consumo cultural” como espaço de produção de sentido 
atravessado por relações de poder. 
A particularidade da visão latino-americana e o deslocamento teórico 
enquanto processos de significação se devem à noção de “mestiçagem”, destacada 
por Martín-Barbero e Canclini, que insistem na relação híbrida que tem lugar quando 
as culturas populares da região, em seu encontro com a cultura de massa, 
desenvolvem relações tanto de resistência como de submissão frente a ela; mas 
deve também aos conceitos antropológicos de “frentes culturais” e “campos 
culturais”, entendidos como os espaços a partir dos quais as classes subalternas 
constroem sua vida cotidiana por meio de processos simbólicos atravessados por 
múltiplas mediações. 
Do mesmo modo, Martín-Barbero retoma a corrente da recepção crítica, ao 
reelaborar o conceito de “mediação simbólica”, mas não midiática, a partir do mundo 
do vivido; ajudando a que as teorias das “apropriações críticas” se voltem mais 
concretas e procurando respostas ao forte impacto da cultura de massas nas 
populações latino-americanas. 
 
 
Vale a pena conferir 
 
1. Acesse o link a seguir e leia mais a respeito da Escola Latino-Americana de 
Comunicação, num interessante artigo escrito pelo Prof. Dr. Luis C. Martino, Doutor 
em Sociologia pela Sorbonne Universidade Paris V e professor do departamento de 
comunicação da Universidade de Brasília. Disponível em: 
<http://www.alaic.net/portal/revista/r6/art_09.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2013. 
 
REFERÊNCIAS 
 
CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da 
modernidade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. 
 
HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C.; FRANÇA, Vera Veiga (Org.). Teorias da 
Comunicação: conceitos, escolas e tendências. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. 
 
MARQUES DE MELO, José. Teoria da Comunicação: paradigmas latino-
americanos. Rio de Janeiro: Vozes, 1998. 
 
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Ofício de cartógrafo: travessias latino-americanas da 
comunicação na cultura. São Paulo: Edições Loyola, 2004. 
 
MATTELART, Armand e M. Histórias das teorias da comunicação. São Paulo: 
Loyola, 1999. 
 
POLISTCHUCK, Ilana; TRINTA, Aluízio Ramos. Teorias da Comunicação: o 
pensamento e a prática da comunicação social. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

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