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PSICOPATOLOGIA CONTEÚDO PARA AV1 - A avaliação do paciente A avaliação do paciente, em psicopatologia, é feita principalmente por meio da entrevista. A entrevista psicopatológica permite a realização dos dois principais aspectos da avaliação: 1. Anamnese – histórico dos sinais e dos sintomas que o paciente apresenta ao longo de sua vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim como de sua família e meio social. 2. Exame psíquico – exame do estado mental atual. Alguns dos aspectos considerados mais relevantes sobre a técnica de entrevista em psicopatologia: · Avaliação física; · Avaliação neurológica; · Psicodiagnóstico – testes de personalidade e rastreamentos para “organicidade”; · Exames complementares (laboratoriais, neurofisiológicos, neuroimagem) - As funções psíquicas elementares e suas alterações a) Consciência Consciência é o estado de estar desperto, vígil, lúcido. É a capacidade de o indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. · Alterações normais da consciência 1. Sono – estado especial da consciência, uma fase fisiológica normal e necessária. Existe o sono REM e o sono não-REM. 2. Sonho – fenômeno associado ao sono. · Alterações patológicas quantitativas da consciência: rebaixamento do nível da consciência 1. Obnubilação ou turvação da consciência – o paciente pode ficar sonolento, lento para compreender conceitos e ideias, com dificuldades de concentração e com o pensamento ligeiramente confuso. 2. Sopor – estado de turvação da consciência, o paciente se mostra evidentemente sonolento. É incapaz de qualquer ação espontânea. 3. Coma – é o grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência. Não é possível qualquer atividade voluntária consciente. · Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência 1. Delirium – síndrome confusional aguda (pensamento confuso, fala incongruente, agitação ou lentificação psicomotora, alucinações, etc.) · Alterações qualitativas da consciência 1. Transe – estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado. Porém há atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspenção parcial dos movimentos voluntários. 2. Experiência de quase morte (EQM) – é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, acidente automobilístico grave, entre outros, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas EQM. Ex.: ver a própria vida em retrospecto. b) Atenção É a direção da consciência, o estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto. · Anormalidades da atenção 1. Hipoprosexia – diminuição global da atenção. 2. Aprosexia – total abolição da capacidade de atenção. 3. Hiperprosexia – estado de atenção aumentada. 4. Distração – superconcentração em algo que faz com que o sujeito esqueça do restante a sua volta. 5. Distraibilidade – instabilidade da atenção. c) Orientação É a capacidade de reconhecer a si mesmo e o ambiente a sua volta. Essa capacidade integra a atenção, memória e percepção. · Orientação autopsíquica – orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Nome, idade, data de nascimento, profissão, etc. · Orientação alopsíquica – capacidade de orientar-se em relação ao mundo. Quanto ao espaço (orientação espacial): onde estou, o que faço aqui. Quanto ao tempo (orientação temporal): dia, mês, ano. · Alterações da orientação 1. Desorientação torporosa – ocorre por redução do nível da consciência. Há alteração da atenção, da concentração, da capacidade de percepção e retenção de estímulos ambientais. 2. Desorientação amnéstica – o indivíduo não consegue reter as informações ambientais básicas em sua memória. Perdendo a noção do fluir do tempo e do deslocamento no espaço. 3. Desorientação demencial – perda da memória de fixação, déficit de reconhecimento ambiental, perda e desorganização global das funções cognitivas. 4. Desorientação apática ou abúlica – ocorro por apatia ou desinteresse profundo. Marcante alteração de humor e da volição. 5. Desorientação delirante – indivíduos em profundo estado delirante, que tem convicção de que habitam outro tempo ou espaço. 6. Desorientação por déficit intelectual ou oligofrênica – ocorre em indivíduos com deficiência ou retardo mental moderado ou grave. Incapacidade ou dificuldade em compreender o ambiente e de reconhecer e interpretar as convenções sociais (horários, calendário, etc.) d) Sensopercepção A sensopercepção é a associação entre a sensação e a percepção. O elemento básico do processo de sensopercepção é a imagem perceptiva real. · Imagens representativas ou mnêmicas (revivescência de imagens sensoriais, sem que esteja presente o objeto original que as produziu.) 1. Imagem eidética (eidetismo) – é a evocação de uma imagem guardada na memória. 2. Pareidolias – são imagens visualizadas voluntariamente a partir de estímulos imprecisos do ambiente. Ex.: ver imagens nas nuvens. 3. Imaginação – é uma atividade psíquica, geralmente voluntária, que consiste na evocação de imagens percebidas no passado ou na criação de novas imagens. · Alterações quantitativas da sensopercepção 1. Hiperestesia – aumento global da intensidade perceptiva. 2. Hipoestesia – diminuição global da intensidade perceptiva. · Alterações qualitativas da sensopercepção 1. Ilusão – percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. 2. Alucinação – percepção de um objeto, sem que este esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo. · Tipos de alucinações 1. Alucinações auditivas – as simples são quando se ouve ruídos, estalos, cliques. As complexas são quando se ouve vozes. Comum na esquizofrenia e depressão grave. 2. Sonorização do pensamento – o paciente acredita que está ouvindo os próprios pensamentos. 3. Alucinações visuais – são visões nítidas que o paciente experimenta, sem a presença de estímulos visuais. As simples ocorrem quando o paciente vê cores, bolas e pontos brilhantes, comum em doenças oculares e na esquizofrenia. As complexas ocorrem quando o paciente vê figuras e imagens de pessoas, partes do corpo, entidades, objetos, animais ou crianças. Aparece em diversas psicoses. · Alucinações cenográficas – um tipo de alucinação visual, onde o paciente vê cenas completas. · Alucinações liliputiana – um tipo de alucinação visual, na qual o indivíduo vê cenas com personagens minúsculos. 4. Alucinações táteis – o paciente sente espetadas, choques ou insetos correndo sobre sua pele. Comum na esquizofrenia. 5. Alucinações olfativas ou gustativas – o paciente sente o odor de coisas podres, de cadáver, de fezes, etc. Ocorre na esquizofrenia e em crises epilépticas. 6. Alucinações cenestésicas – sensações incomuns e anormais em diferentes partes do corpo, como sentir o cérebro encolhendo. Comum na esquizofrenia. 7. Alucinações cinestésicas – sensações alteradas de movimentos do corpo, como sentir o corpo afundando. Comum na esquizofrenia. 8. Alucinações funcionais – desencadeadas por estímulos sensoriais. Ex.: alguns pacientes relatam que quando abrem o chuveiro ou a pia, começam a ouvir vozes. 9. Alucinações combinadas ou sinestesias – ocorrem alucinações de várias modalidades sensoriais (auditivas, visuais, táteis, etc.) ao mesmo tempo. 10. Alucinações extracampinas – o indivíduo vê imagens às suas costas ou atrás de uma parede. Acontece em psicoses. 11. Alucinação autoscópica – o indivíduo enxerga a si mesmo, vê seu corpo, como se estivesse fora dele. Aparece em quadros epilépticos e esquizofrênicos. 12. Alucinações hipnagógicas – ocorrem no momento em que o indivíduo está adormecendo. 13. Alucinações hipnopômpicas – ocorrem na fase em que o indivíduo está despertando. 14. Alucinose – o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. · Alucinose visual – mais comum em pacientes com intoxicações por substâncias alucinógenas. · Alucinose auditiva – comum em alcoólatras, em que indivíduos ouvem vozes que falam deles na terceira pessoa. · Alterações das imagens representativas 1. Pseudoalucinação – a voz ou imagem visual são pouco nítidas,de contornos imprecisos, sem vida e corporeidade. 2. Alucinação psíquica – imagens alucinatórias sem um verdadeiro caráter sensorial. Pacientes relatam ouvirem palavra sem som, vozes sem ruído. 3. Alucinação negativa – ausência de visão de objetos reais, presentes no campo visual. e) Memória A memória é a capacidade de registrar, manter e evocar as experiências e os fatos já ocorridos. · Alterações patológicas quantitativas da memória 1. Hipermnésias – as representações (elementos mnêmicos) afluem rapidamente. Ganhando em número, mas perdendo em clareza e precisão. 2. Amnésias (ou hipomnésias) – perda da memória · Amnésia anterógrada – o indivíduo não consegue mais fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral. · Amnésia retrógrada – o indivíduo perde a memória para fatos ocorridos antes do início da doença ou trauma. · Alterações patológicas qualitativas da memória 1. Ilusões mnêmicas – acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro de memória. 2. Alucinações mnêmicas – criações imaginativas com a aparência de lembranças ou reminiscências que não correspondem a qualquer elemento mnêmico, a qualquer lembrança verdadeira. · Fabulações ou confabulações – elementos da imaginação ou lembranças isoladas completam artificialmente as lacunas de memória, produzidas por déficit da memória de fixação. · Criptomnésias – falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as reconhece como lembranças, vivendo-as como uma descoberta. · Ectomnésia – recapitulação e revivescência intensa, abreviada e panorâmica, da existência, uma recordação condensada de muitos eventos passados, que ocorre em breve período. Ocorre em crises epilépticas e experiências quase-morte. · Lembrança obsessiva – surgimento espontâneo de imagens mnêmicas ou conteúdos ideativos do passado que, não podem ser repelidos voluntariamente pelo indivíduo. Ocorre em paciente com TOC. · Alterações do reconhecimento não-delirantes 1. Déjà-vu – o indivíduo tem a nítida impressão de que o que está vendo, ouvindo, pensando ou vivenciando no momento já foi experimentado no passado. 2. Jamais-vu – o doente, apesar de já ter passado por determinada experiência, tem a nítida sensação de que nunca a viu, ouviu, pensou ou viveu. f) Afetividade A afetividade compreende várias modalidades de vivências afetivas, como o humor, as emoções e os sentimentos. · Alterações patológicas da afetividade 1. Distimia – alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição como no sentido da exaltação. 2. Disforia – distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada. 3. Hipotimia – refere-se a base afetiva de todo transtorno depressivo. 4. Hipertimia – refere-se a humor patologicamente alterado no sentido da exaltação e da alegria. Base afetiva dos quadros maníacos. 5. Euforia ou alegria patológica – o humor morbidamente exagerado, estado de alegria intensa e desproporcional às circunstâncias. 6. Puerilidade – alteração do humor que se caracteriza pelo aspecto infantil, simplório, regredido. O indivíduo ri ou chora por motivos banais. 7. Moria – uma forma de alegria muito pueril, ingênua, boba. 8. Êxtase – uma sensação de dissolução do Eu no todo, de compartilhamento íntimo do estado afetivo interior com o mundo exterior. 9. Irritabilidade patológica – hiper-reatividade desagradável, hostil e agressiva a estímulos do meio exterior. · Ansiedade – estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável. Inclui manifestações somáticas, fisiológicas e psíquicas. · Angústia – sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão, sufocamento. Assemelha-se muito à ansiedade, mas tem conotação mais corporal e mais relacionada ao passado. · Medo – o medo patológico diferencia-se do medo normal por não ter causa objetiva ou base na realidade para provocar uma aflição desmedida. · Insegurança - A insegurança é um estado emocional que surge em situações que são percepcionadas como alarmante ou ameaçadora. Se a pessoa considerar que os seus recursos ou as suas competências não são suficientes para gerir e/ou ultrapassar a situação, é provável que se sinta insegura. Nesses casos a insegurança tem um efeito protetor. Mas em casos patológicos é provável que o pensamento seja dominado por crenças irracionais, que crescem em espiral e produzem um efeito bloqueador. · Alterações das emoções e dos sentimentos 1. Apatia – diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. O indivíduo não consegue sentir nada. 2. Paratimia ou inadequação do afeto – reação completamente incongruente a situações existenciais ou a determinados conteúdos ideativos, revelando desarmonia profunda da vida psíquica. 3. Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo – perda progressiva e patológica das vivências afetivas. 4. Embotamento afetivo e devastação afetiva – perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. Ao contrário da apatia, o embotamento é observável. 5. Sentimento de falta de sentimento – vivência de incapacidade para sentir emoções, experimentada de forma muito penosa pelo paciente. 6. Anedonia – incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da vida. 7. Indiferença afetiva – frieza e indiferença. 8. Labilidade afetiva e incontinência afetiva – ocorrem mudanças súbitas e imotivadas de humor, sentimentos ou emoções. O indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de um estado afetivo para outro. 9. Ambivalência afetiva – sentimentos opostos em relação a um mesmo estímulo ou objeto, sentimentos que ocorrem de modo simultâneo. Ex.: sentir amor e ódio por alguém. 10. Neotimia – sentimentos e experiências afetivas inteiramente novos vivenciados por pacientes em estado psicótico. 11. Medo – estado de progressiva insegurança e angústia, ante a impressão iminente de que sucederá algo que o indivíduo quer evitar. 12. Fobias – medos determinados, desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo real. 13. Pânico – reação de medo intenso relacionada geralmente ao perigo imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração. g) Vontade A vontade é uma dimensão complexa da vida mental, relacionada intimamente com as esferas instintiva, afetiva e intelectiva. · Alterações da vontade 1. Hipobulia/abulia – diminuição ou abolição da atividade volitiva. O indivíduo não tem vontade para nada. 2. Ataraxia – indiferença volitiva e afetiva desejada e buscada ativamente pelo indivíduo. 3. Ato impulsivo – abolição das fases de intenção, deliberação e decisão, por conta da intensidade dos desejos ou temores e da fragilidade das instâncias psicológicas. O indivíduo não percebe tais atos como inadequados. 4. Ato compulsivo – ação motora complexa que pode envolver atos como coçar-se, picar-se, e até atos como tomar banho e lavar as mãos repetidamente. Os atos são reconhecidos pelo indivíduo como indesejáveis e inadequados. · Tipos de impulsos e compulsões patológicas 1. Automutilação – é o impulso ou compulsão seguido de comportamento de autolesão voluntária. 2. Tricotilomania – ato de arrancar os cabelos (é um tipo de automutilação). 3. Frangofilia – impulso patológico de destruir objetos que circundam o indivíduo. 4. Piromania – impulso de atear fogo a objetos, prédios, lugares, etc. Ocorre principalmente em indivíduos com transtornos da personalidade. 5. Impulso ou ato suicida – desejo de morrer e desaparecer. Acontece principalmente em pacientes ansiosos e deprimidos. 6. Dipsomania – impulso ou compulsão periódica para ingestão de grandes quantidades de álcool. 7. Bulimia – impulso irresistível de ingerir rapidamente grande quantidade de alimentos. Após a ingestão o paciente induz vômitos ou toma laxantes 8. Potomania – compulsão de beber água ou outros líquidos sem que haja sede exagerada. 9. Polidipsia – o indivíduo sente sede exagerada. 10. Fetichismo – impulso e o desejo sexual concentrado em partes da vestimenta ou do corpo da pessoa desejada. 11. Exibicionismo – impulso de mostraros órgãos genitais, geralmente contra a vontade da pessoa que observa. 12. Voyeurismo – impulso de obter prazer pela observação visual de uma pessoa que está tendo relação sexual, que está nua ou se despindo. 13. Pedofilia – desejo sexual por crianças ou púberes do sexo oposto. 14. Pederastia – desejo sexual por crianças ou púberes do mesmo sexo. 15. Gerontofilia – desejo sexual por pessoas consideravelmente mais velhas que o indivíduo. 16. Zoofilia – desejo sexual dirigido a animais. 17. Necrofilia – desejo sexual dirigido a cadáveres. 18. Coprofilia – busca do prazer com o uso de excrementos no ato sexual. 19. Ninfomania – desejo sexual muito aumentado na mulher. 20. Satiríase – desejo sexual muito aumentado no homem. 21. Compulsão à masturbação – intensa necessidade de realizar atividade masturbatória. 22. Compulsão a utilizar roupas íntimas do sexo oposto (tais indivíduos não são necessariamente homossexuais ou transexuais). 23. Compulsão a utilizar clisteres 24. Poriomania – impulso e comportamento de andar a esmo (andar sem rumo). 25. Cleptomania – ato impulsivo ou compulsivo de roubar. 26. Shoplifting – uma forma de cleptomania caracterizada por pequenos furtos em supermercados e lojas de departamentos. 27. Jogo patológico – compulsão por jogos de azar, fazer apostas, especular com dinheiro. 28. Compulsão por comprar – necessidade de comprar objetos, roupas, livros, sem observar a utilidade, e sem ter necessidade ou poder utilizar tais objetos. 29. Compulsão por internet e videogames – dependência grave pela internet, jogos, salas de bate-papo, sites eróticos e de compras. 30. Negativismo – oposição do indivíduo às solicitações do meio ambiente. Verifica-se uma resistência automática e obstinada a todos os pedidos que a equipe médica ou a família faz ao paciente. · Negativismo ativo – o paciente faz o oposto ao solicitado. · Negativismo passivo – o paciente não faz nada quando solicitado. 31. Mutismo – uma forma de negativismo verbal. 32. Sitiofobia – recusa sistemática de alimentos, geralmente revelando negativismo profundo. 33. Obediência automática – o indivíduo obedece automaticamente, como um robô, às solicitações de pessoas. 34. Fenômenos em eco – o indivíduo repete de forma automática, durante a entrevista, os últimos atos do entrevistador. · Ecopraxia – repetição dos movimentos. · Ecolalia – repetição das palavras. · Ecomimia – atos mímicos. · Ecografia – escrita. 35. Automatismo – sintomas psicomotores (movimentos de lábios, língua e deglutição, etc.) associados à crise epiléptica. · Alterações da psicomotricidade 1. Agitação psicomotora – aceleração e exaltação de toda a atividade motora do indivíduo. 2. Lentificação psicomotora – lentificação de toda a atividade psíquica, toda a movimentação voluntária torna-se lenta, difícil. 3. Inibição psicomotora – estado acentuado e profundo de lentificação psicomotora, com ausência de respostas motoras adequadas, sem que haja paralisias ou déficit motor primário. 4. Estupor – perda de toda a atividade espontânea. 5. Catalepsia – acentuado exagero do tônus postural (ativação muscular que gera força contra o chão), com grande redução da mobilidade passiva dos vários segmentos corporais e com hipertonia muscular global. 6. Flexibilidade cerácea – o indivíduo, ou uma parte de seu corpo, é colocado pelo examinador em determinada posição e assim permanece, como se fosse feito de cera. 7. Cataplexia – perda abrupta do tônus muscular, geralmente acompanhada de queda ao chão. 8. Estereotipias motoras – repetições automáticas e uniformes de determinado ato motor complexo. O paciente repete o mesmo gesto várias vezes durando o dia. 9. Maneirismo – estereotipia motora caracterizada por movimentos bizarros e repetitivos. 10. Tiques – atos coordenados, repetitivos, resultantes de contrações súbitas, breves e intermitentes. 11. Transtorno de Tourette – tiques múltiplos, motores e/ou vocais. 12. Conversão – surgimento abrupto de sintomas físicos (paralisias, anestesias, parestesias, cegueira), de origem psicogênica. 13. Apragmatismo ou hipopragmatismo – dificuldade ou incapacidade de realizar condutas volitivas e psicomotoras minimamente complexas, como cuidar da higiene pessoal, limpar o quarto, etc. 14. Apraxia – impossibilidade ou dificuldade de realizar atos intencionais, gestos complexos, voluntários, conscientes. h) Pensamento · Tipos alterados de pensamento 1. Pensamento prolixo – o paciente não consegue chegar a qualquer conclusão sobre o tema de que está tratando, senão após muito tempo de esforço. · Tangencialidade – o paciente responde às perguntas sem saber discriminar o supérfluo do essencial, nunca chegando ao ponto central. · Circunstancialidade – o paciente rodando em volta do tema, sem entrar nas questões essenciais e decisivas. Entretanto, eventualmente ele alcança o objetivo de seu raciocínio. 2. Pensamento deficitário ou oligofrênico – um pensamento de estrutura pobre e rudimentar. O indivíduo tende ao raciocínio concreto; os conceitos são escassos e utilizados em sentido mais literal que abstrato ou metafórico. 3. Pensamento demencial – pensamento pobre, porém tal empobrecimento é desigual. 4. Pensamento confusional – ocorre devido à turvação da consciência, um pensamento incoerente que impede que o individuo aprenda de forma clara e precisa os estímulos ambientais. 5. Pensamento desagregado – pensamento radicalmente incoerente, no qual os conceitos de juízos não se articulam minimamente de forma lógica. O paciente se manifesta como uma mistura aleatória de palavras. 6. Pensamento obsessivo – ideias ou representações que se impõe à consciência de modo persistente e incontrolável. · Alterações do processo de pensar 1. Aceleração do pensamento – o pensamento flui de forma muito acelerada, uma ideia se sucedendo à outra rapidamente. 2. Lentificação do pensamento – o pensamento progride lentamente, de forma dificultosa. 3. Bloqueio ou interceptação do pensamento – bloqueio do pensamento quando o paciente, no meio de uma conversa, brusca e repentinamente interrompe seu pensamento, sem qualquer motivo aparente. 4. Roubo do pensamento – uma vivência, frequentemente associada ao bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente. · Conteúdo do pensamento Os principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos são: 1. Persecutórios; 2. Depreciativos; 3. Religiosos; 4. Sexuais; 5. De poder, riqueza, prestígio ou grandeza; 6. De ruína ou culpa; 7. Conteúdos hipocondríacos. i) Juízo de realidade O ajuizar é uma atividade humana por excelência. Por meio dos juízos o ser humano afirma a sua relação com o mundo, discerne a verdade do erro, assegura-se da existência ou não de um objeto perceptível, assim como distingue uma qualidade de outra. Ajuizar quer dizer julgar. As alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. A principal forma de juízo falso é o delírio.
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