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19/11/2019 1 BIOQUÍMICA CLÍNICA FUNÇÃO RENAL Weslei G Correa INTRODUÇÃO • Os rins realizam uma grande variedade de funções para o organismo, sendo que a maioria delas é essencial para a vida. Algumas funções renais possuem conexões lógicas e necessárias entre elas. Outras aparentam ser totalmente independentes. A maioria envolve a combinação entre a excreção e a reabsorção renal de substâncias para fora e para dentro do organismo (produzindo um balanço entre entrada e saída). FUNÇÕES DO RIM • 1) Regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico. • 2) Excreção de restos metabólicos. • 3) Excreção de substâncias bioativas (hormônios e muitas substâncias estranhas, especialmente fármacos) que afetam a função do corpo. • 4) Regulação da pressão sangüínea arterial • 5) Regulação da produção de células vermelhas do sangue • 6) Regulação da produção de vitamina D FUNÇÕES DO RIM RESUMO • Eliminação de CATABÓLITOS • Regulação da HOMEOSTASIA – Regulação do balanço hídrico – Equilíbrio ácido-básico – Regulação da Glicemia • Secreção de HORMÔNIO • Mecanismo de: – Reabsorção – Secreção – Regulação – Excreção 19/11/2019 2 ANATOMIA RENAL • Os dois rins situam-se fora da cavidade peritoneal, junto à parede abdominal posterior, um de cada lado da coluna vertebral. Cada um dos dois rins é uma estrutura em forma de feijão. NEFRON • Cada rim contém aproximadamente 1 milhão de néfrons. Cada néfron apresenta um componente esférico filtrante, chamado de corpúsculo renal, e um túbulo estendendo-se a partir do corpúsculo renal. Esse corpúsculo renal é responsável pela etapa inicial na formação de urina: a separação de um filtrado do plasma livre de proteínas. • O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa pressão, que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que parte do plasma passe para a cápsula de Bowman, processo denominado filtração. Essas substâncias extravasadas para a cápsula de Bowman constituem o filtrado glomerular, que é semelhante, em composição química, ao plasma sanguíneo, com a diferença de que não possui proteínas, incapazes de atravessar os capilares glomerulares. 19/11/2019 3 PROCESSOS RENAIS BÁSICOS • As estruturas funcionais do rim são os néfrons e os túbulos coletores, para onde os néfrons drenam. • Filtração é o processo pelo qual água e solutos do sangue deixam o sistema vascular através da barreira de filtração e entram no espaço de Bowman. • Reabsorção é o processo de movimento de substâncias do lúmen, através da camada epitelial, para o interstício circundante. Na maioria dos casos, as substâncias reabsorvidas então se movem do interstício para os vasos sangüíneos circundantes; conseqüentemente o termo reabsorção implica um processo de dois passos: remoção do lúmen seguido por transporte para o sangue. • Excreção significa eliminação de substâncias do organismo (a substância está presente na urina final produzida pelos rins). RESUMO • O RIM TEM 3 FUNÇÕES BÁSICAS: – FUNÇÃO HOMEOSTÁTICA - manutenção do volume e composição do líquido extra-celular. – FUNÇÃO EXCRETORA - eliminação dos produtos finais do metabolismo celular. – FUNÇÃO ENDÓCRINA - secreção e modulação metabólica de alguns hormônios. FUNÇÃO ENDÓCRINA Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona • Quando o volume de sangue diminui ou o fluxo de sangue para o rim é reduzido, as células justaglomerulares nos rins, secretam renina na corrente sanguínea. • A renina converte o angiotensinogênio (proteína plasmática produzida pelo fígado) em angiotensina I • A ECA (enzima conversora de angiotensina), principalmente as presentes nos pulmões, converte angiotensina I no hormônio angiotensina II, que eleva a pressão arterial de duas maneiras. – 1) A angiotensina II é um vasocontritor potente. – 2) Estimula a secreção de aldosterona, que aumenta a reabsorção dos íons sódio e de água pelos rins. 19/11/2019 4 FISIOLOGIA RENAL - EXCRETORA • Formação de urina começa com a filtração glomerular, que é o fluxo de líquido filtrado dos capilares glomerulares para dentro da cápsula de Bowman. • O filtrado glomerular é muito parecido com o plasma sangüíneo. Entretanto, contém muito pouca (ou nenhuma) quantidade de proteínas. • As grandes proteínas plasmáticas, como a albumina e as globulinas, são virtualmente excluídas da filtração através da barreira de filtração. Proteínas de baixo peso molecular, como a maioria dos hormônios peptídeos, estão presentes no filtrado, mas a sua quantidade total é mínima se comparada com a quantidade de proteínas e o peso molecular no sangue. • Entre as substâncias livremente filtradas mais comuns estão os íons sódio, potássio, cloreto e bicarbonato; substâncias orgânicas neutras, como a glicose e a uréia; aminoácidos; e peptídeos como a insulina e o hormônio antidiurético (ADH). FISIOLOGIA RENAL • O volume de filtrado formado por unidade de tempo é conhecido como taxa e filtração glomerular (TFG). Num adulto jovem normal, a TFG é incrivelmente 180 L/dia. • Quando recordamos que a média total de volume de plasma em humanos é de aproximadamente 3 L, entendemos que o volume total do plasma é filtrado pelos rins algo em torno de 60 vezes por dia. A oportunidade de filtrar esse enorme volume de plasma permite aos rins excretar grandes quantidades de produtos residuais e regular os constituintes do meio interno com muita precisão. REABSORÇÃO E SECREÇÃO • Ocorrem no tubo proximal, alça de Henle, tubo distal e tubo colector • As substâncias passam para a rede capilar peritubular e; • Líquido final (urina) com características muito diferentes do plasma. • Mais reabsorção que secreção: 19/11/2019 5 FORMAÇÃO DA URINA • Ocorre com os três processos básicos da fisiologia renal. • Filtração glomerular • Reabsorção tubular • Secreção tubular URINA = (Filtrado glomerular + secreção tubular) – reabsorção tubular FORMAÇÃO DA URINA FUNÇÃO EXCRETORA Produtos indesejáveis do Metabolismo URÉIA CREATININA ÁCIDO ÚRICO ANÁLISE DA URINA • A uroanálise é o exame não invasivo mais importante para avaliar a função renal. Através deste exame pode-se diagnosticar uma patologia, monitorar o progresso desta patologia, acompanhar a eficácia do tratamento e constatar a cura. Este exame compreende três etapas: 1) Caracteres Gerais: corresponde a avaliação das propriedades físicas da urina. 2) Pesquisa dos Elementos Anormais: corresponde a pesquisa química feita na urina. 3) Sedimentoscopia: corresponde ao exame microscópio da urina. • É necessário que se conheçam alguns detalhes da função renal e da própria urina para que se proceda a uma correta avaliação deste fluído corporal. 19/11/2019 6 Composição da Urina • A urina é uma mistura complexa constituída por, aproximadamente, 96% de água e 4% de substâncias diversas provenientes da alimentação e do metabolismo normal. Ela é essencialmente uma solução de sais (NaCl e KCl) e uréia. • A composição varia de acordo com a dieta, estado nutricional, atividade física, metabolismo orgânico, função endócrina, estado geral do organismo e do estado da função renal. • Além da uréia, outras substâncias orgânicas são encontradas na urina, tais como, creatinina e ácido úrico. A uréia corresponde a metade das substâncias dissolvidas na urina e é o produto do metabolismo de proteínas e aminoácidos. A creatinina é o produto do metabolismo da creatina, proveniente do movimento da massa muscular, e sua excreção renal não é influenciada pela dieta. O ácido úrico é proveniente do metabolismo das purinas. • Outras substâncias inorgâncias: Na+, K+, Cl-, Ca2+, Mg2+, NH3 +, PO4 2- e SO4 2- Volume Urinário • O volume urinário excretado pelo organismo depende de vários fatores: – Ingestão de fluídos, perda de fluídos por fontes não renais, variações na excreção dohormônio anti-diurético e necessidade orgânica de excretar grandes quantidades de soluto, tais como glicose ou sais. – O débito urinário diário médio varia de 1200 a 1500 mL, entretanto são considerados normais os limites de 600 a 2000 mL, sendo eliminados em 24 horas. Coleta da amostra • Coletar uma amostra de urina corretamente é indispensável para a obtenção de um exame correto. É muito importante a instrução ao paciente sobre a maneira adequada de se proceder à coleta da amostra de urina. • Regras: – Frascos limpos – Identificação – Troca – Higienização – Jato Médio – Exames quantitativos = urina de 24 horas. Atenção para junção com o exame de urina rotina. CARACTERÍSTICAS GERAIS • A primeira etapa do exame de urina compreende a observação das seguintes propriedades físicas: 1) Cor 2) Aspecto 3) Cheiro 4) Densidade 19/11/2019 7 Cor • A cor normal da urina é o amarelo, resultado da eliminação de três pigmentos: – Urocromo (amarelo) – de maior concentração; – Uroeritrina (Vermelho); – Urobilina (Laranja). • O tom varia varia de acordo com a diluição ou concentração. • Variações da cor normal podem ser encontradas como resultado de condições patológicas ou da eliminação de corantes ou medicamentos. Cor • Incolor ou palha ou amarelo pálido: Sugere diluição da urina – Causas: Ingestão de líquidos, poliúria, diabetes, doenças renais com baixa capacidade de concentrar urina. • Amarelo escuro ou laranja: Concentração de urina – Causas: febre, desidratação, queimaduras, medicamentos e alimentação com excesso de carotenóides. • Vermelha ou rosa: Sugere presença de sangue ou pigmentos derivados do anel heme. – Causas: Presença de sangue, hemoglobina, drogas e medicamentos. Cor • Ambar: Sugere presença de bilirrubina. Urina com espuma amarela – Causas: Patologias do fígado. • Marron ou preta: Sugere presença de melanina. – Causas: Melanoma, oxidação das hemácias, envenamento com fenol, uso de metronidazol , etc. • Verde ou azul: Sugere a presença de corantes. – Causas: Uso de anti-sépticos com azul de metileno e outros medicamentos. 19/11/2019 8 Cor Causa Amarelo-citrina (pálida) Normal Incolor Urina muito diluída Amarela Acriflavina (fluorescência verde) Amarelo-alaranjada Urina concentrada (febre, desidratação), urobilina em excesso (sem espuma amarela), bilirrubina (espuma amarela) Amarelo-esverdeada Bilirrubina-biliverdina (espuma amarela) Amarelo-acastanhada Bilirrubina-biliverdina (marron-cerveja, espuma amarela) Vermelha Hemoglobina, eritrócitos e mioglobina (tira reagente para sangue positiva), porfirina, fuscina e anilina (corante), beterraba (amarela, se alcalina), sangue menstrual (coágulos e muco) Vermelho-púrpura Porfirinas Vermelho-acastanhada Eritrócitos, hemoglobina em repouso, metemoglobina, mioglobina (lesão muscular), bilifuscina (dipirrol) Marrom-preta Metemoglobina, ácido hogerntísico (alcalina), melanina Azul-esverdeada Indicam (infecções do intestino delgado), infecções por Pseudomonas, clorofila (refrescantes bucais) Aspecto • É o termo geral que se refere à transparência da amostra de urina. • O exame é executado visualmente, através da observação de uma amostra homogeneizada, em ambiente com boa iluminação. • A urina é normalmente transparente logo após a emissão e com o tempo ela se torna turva, devido a precipitação de cristais. • Outros elementos podem tornar a urina turva, tais como, bactérias, leucócitos, hemácias, cilindros e cristais. • A urina pode ser classificada quanto ao aspecto em: Transparente (límpida), Opaca ou turva e ligeiramente turva. • A presença de turbidez na urina está relacionado também com a presença de depósito. Aspecto Cheiro • A urina normal tem odor característico – “Sui generis” – devido a presença de certos ácidos voláteis, normalmente eliminados. • Odores anormais ocorrem devido a uma conservação ou armazenamento impróprios. Ao envelhecer a urina adquire odor forte de amoníaco devido a transformação bacteriana da uréia em amônia. • O cheiro pútrico indica a presença de infecção urinária • A urina com excesso de corpos cetônicos apresenta odor característico de acetona ou de frutas. Importante quando se trata de diabéticos. • Vários outros odores anormais podem ser encontrados, principalmente devido a alterações do metabolismo de aminoácidos, como na fenilcetonúria, quando a urina tem odor de rato e na doença da urina de xarope de bordo (deficiência da enzima desidrogenase de cetoácidos de cadeia ramificada, resultando em acúmulo dos aminoácidos leucina, isoleucina e valina), que apresenta odor de caramelo. 19/11/2019 9 Densidade • A densidade é a medida dos solutos dissolvidos na urina. Clinicamente esta medida é usada para se obter informações sobre o estado dos rins e o estado de hidratação do paciente. A densidade normal da urina situa-se entre 1,010 a 1,030. Ela pode ser medida através de aparelhos ou das tiras reagentes. • Urodensímetro: é um hidrômetro calibrado para medir a densidade da urina a uma dada temperatura (20ºC). Constituído por um tubo de vidro, adaptado a um peso, ligada a uma escala de densidade de 1,000 a 1,040. • A desvantagem deste aparelho é que ele requer grande volume de urina. Densidade • Refratômetro: Este aparelho determina a concentração das partículas dissolvidas na amostra, medindo o índice de refratividade. • Este índice corresponde à comparação entre a velocidade da luz no ar com a da luz em solução e, essa velocidade varia diretamente com o número de partículas em solução. • Vantagem de utilizar uma amostra mínima de urina - 2 gotas, simples e rápido. • Não há necessidade de correção de temperatura. • Calibração feita com água destilada (d=1,0) e solução salina a 5% (d=1,022). • Uso: Colocar duas gotas de urina sobre o prisma, tampar,focalizar o instrumento em local de boa iluminação e fazer a leitura na escala visual de densidade. Lavar o aparelho com água destilada a cada medida. Densidade • Tiras reagentes: Baseia-se na associação de uma substância chamada de polieletrólito (anidro metil, vinil éter-maléico) e um indicador (azul de bromotimol), que reagem na presença de solutos iônicos presentes na urina. • A medida que a densidade aumenta, o indicador muda de verde azulado até amarelo esverdeado. • A metodologia é mergulhar a tira na amostra de urina, escoar o excesso de líquido, aguardar 45 segundos e comparar a cor formada na área correspondente na tabela de cores padronizadas, geralmente no rótulo do frasco. TIRAS 19/11/2019 10 PESQUISA QUÍMICA • Esta etapa compreende a pesquisa de determinados elementos urinários. • Alguns analitos identificam as alterações referentes a doenças do trato urinário e outros são utilizados para identificar alterações metabólicas. • Na pesquisa química o material biológico a ser utilizado é a urina homogeneizada, sem centrifugação, sem adição de conservantes e testada na temperatura ambiente. Reação de pH • A medida da reação de pH na urina é utilizada para avaliar o equilíbrio ácido base do organismo. • A urina recém emitida tem um pH entre 5 e 6. Com o tempo em TA a uréia é transformada em amônia, por ação de bactérias, o que resulta em aumento do pH. Portanto, frequentemente, uma urina com reação alcalina pode indicar que ela foi mal armazenada ou manipulada após a coleta. Entretanto, uma amostra fresca, com pH alcalino pode indicar uma infecção urinária. • A determinação do pH auxilia na identificação de cristais que podem estar presentes no sedimento. • É importante saber que quando a urina tem pH alcalino e densidade inferior 1,010, alguns elementos do sedimento urináiro, como cilindros e células, podem ser rapidamente dissolvidos. Reação de pH SIGNIFICADO CLÍNICO: • Acidose urinária: Pode ser encontrada na inanição, diarréia grave, diabetes mellitus, doenças respiratórias,anormalidades na secreção e reabsorção de ácidos e bases pelos túbulos renais. Pessosaas que ingerem alimentos ricos em proteínas e carne, apresentam urina mais ácida. • Alcolose urinária: Pode ser econtrada na alcalise metabólica, após vômitos e na hiperventilação respiratória. As pessoas vegetarianas têm tendências a apresentar urina mais alcalina, devido ao bicarbonato formado por muitas frutas e vegetais. • É muitas vezes necessário o controle do pH urinário nos pacientes com infecções urinárias ou renais, com cálculos renais e durante a administração de determinadas drogas. Reação de pH • Principio da pesquisa: As tiras utilizam um sistema tripo indicador para medir o pH. • Vermelho de metila: pH entre 4,4 a 6,2 • Azul de bromotimol pH entre 6,0 a 7,6 • Fenolftaleína: 7,8 a 10,0 • Metolodogia: Mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso e aguardar 60 segundos. 19/11/2019 11 PROTEÍNAS SIGNIFICADO CLÍNICO: • A presença e a relativa concentração de proteínas na urina é, provavelmente a pesquisa mais indicativa para detectar e diagnosticar uma doença renal. • A presença de proteína na urina é denominada de proteinúria. Esta perda de proteína pode ser classificada como pré-renal, glomerular, tubular, de vias urinárias baixas e assintomática. • Com relação a quantidade ou grau de eliminação ela pode ser referida como: Grau de Proteinúria Gramas de proteínas excretadas por dia Leve Abaixo de 1 g / 24 horas Moderada De 1 a 3 ou 4 g/ 24 horas Grave Acima de 3 ou 4g / 24 horas PROTEÍNAS • Normalmente são excretadas na urina até 150 mg de proteínas por 24 horas. Assim dois fatores são responsáveis por um excesso de proteínas na urina: o aumento da permeabilidade do glomérulo e a diminuição da reabsorção tubular. • Um outro tipo de proteína que pode ser encontrada na urina é a proteína é a proteína de Tamm-Horsfall. Esta é uma mucoproteína, normalmente secretada pelas célula tubular e não encontrada no sangue. Ela é a proteína da matriz de vários cilindros. PROTEÍNAS TIPOS DE PROTEINÚRIA • PRÉ RENAL: Pode ser o resultado de desordens em outros órgãos que não os rins. • Essas desordens podem resultar em excessiva produção de proteínas de baixo peso molecular que serão filtradas pelos glomérulos. • Ex: Hemoglobina, mioglobina ou imunoglobinas. • Um exemplo de cadeias leves de imunoglobulinas na urina, no caso de mieloma múltiplo, é a chamada proteína de Bence Jones. • Outro mecanismo pré-renal de proteinúria é o aumento da pressão hidrostática renal, que provoca o aumento da pressão sanguínea e força a passagem de proteínas através da membrana glomerular. Ocorre na hipertensão arterial, na falha cardíaca congestiva e em outras doenças cardíacas. • Nestes casos a proteinúria é de grau moderado. PROTEÍNAS • GLOMERULAR: Neste caso a albuminúria é uma constante. Na lesão glomerular o ultrafiltrado conterá estas macromoléculas. O grau de proteinúria nestas lesões é grave e pode ter várias origens: Ex: Tóxicas, infecciosas, problemas vasculares e reações imunológicas. Glomerulonefrite aguda (lesão glomerular) e a síndrome nefrótica. • TUBULAR: A pequena quantidade de proteína que passa normalmente através do glomérulo é, em sua grande parte, reabsorvida pelos túbulos renais. Uma falha nesta reabsorção causará o aumento de excreção urinária. O grau de proteinúria nas lesões tubulares é leve ou moderada. • Exemplo de proteinúria tubular incluem a pielonefrite, a necrose tubular aguda, o rim policístico, as intoxicações por metais pesados e vitamina D, a hipocalemia, a doença de Wilson, a síndrome de Fanconi e as complicações pós transplante renal. 19/11/2019 12 PROTEÍNAS • VIAS URINÁRIAS BAIXAS: Uma proteinúria de grau leve é encontrada nas uretrites e cistites. Ela é devida a uma exudação através das mucosas. • ASSINTOMÁTICA: As proteinúrias assintomáticas são de grau leve e ocorrem transitoriamente em indivíduos normais. Elas podem ocorrer devido a exercício físico excessivo, após banho frio, após febre, má postura e na chamada proteinúria ortostática, que ocorre após a pessoa ficar muito tempo de pé, e desaparece após um tempo de repouso no leito. PROTEÍNAS TIPOS DE PESQUISA • Tiras Reagentes: Utiliza o indicador tetrabromofenol em pH3. Na ausência de proteínas ele é amarelo, quando as proteínas estão presentes ele muda para azul, com intensidade de cor diferente dependendo da concentração das mesmas. • Sensibilidade: Detecta níveis de 15 mg/dL na área de traços. • Metodologia: Mergulhar a tira na amostra de urina, retirar o excesso e aguardar 60 segundos e comparar a cor formada na área correspondente. Resultados Em mg/dL Negativo - Traços < 30 + 30 ++ 100 +++ 300 ++++ > 2000 • Interferentes: • Falso Positivo: detergentes, compostos de amônio quaternário, urina muito alcalina, clorexidina. • Falso negativo: Grande concentrações de sais, grande qtdes de proteínas não albumina. PROTEÍNAS Reagente de Robert • Princípio da pesquisa: pela ação conjunta de ácido forte, ácido nítrico, e um sal (sulfato de magnésio), sobre as proteínas presentes na urina, ocorre a formação de metaproteínas insolúveis, representadas por um anel branco que aparece na superfície de separação entre os dois líquidos (reagente e urina) • Resultado: Formação de anel indica a presença de proteínas na urina, a espessura varia conforme a concentração de proteína. GLICOSE • A glicose é filtrada no glomérulo e, em condições normais, sobre reabsorção praticamente total, nos túbulos proximais renais. • Em amostras de urina de indivíduos saudáveis se verifica glicosúria que varia de 1 a 15mg/dl que não é detectável. • Quando os níveis séricos de glicose excedem à aproximadamente 180mg/dl começa, geralmente, a ser detectada. • A glicosúria é verificada em pacientes com diabetes melito é, ainda, verificada com frequência em gestantes em consequência da diminuição do limiar renal de reabsorção proximal. A diminuição do limiar de reabsorção tubular é, também verificado em pacientes acometidos de síndrome de Fanconi e de intoxicação de metais pesados . 19/11/2019 13 GLICOSE TIPOS DE PESQUISA Tira reagente: • Princípio da pesquisa: a área de teste das tiras reagentes é impregnada de glicose oxidase, peroxidase, cromogênio e tampão, para produzir uma reação sequencial dupla: • O cromogênio (Indicador reduzido) pode ser a ortotolidina (complexo de iodeto de potássio e tetrametilbenzidina) e a cor formada varia de amarelo a marrom ou verde (a depender dos compostos do cromogênio). GLICOSE • Sensibilidade: o nível mínimo detectável é de 75 mg/dL. • Resultados: Resultados Em mg/dL Normal - Traços < 100 + 250 ++ 500 +++ 1000 ++++ > 2000 GLICOSE Interferentes: • Falso positivo: peróxidos, detergentes oxidantes e fitas oxidadas (expostas ao ar) • Falso negativo: ácido ascórbico, aspirina, corpos cetônicos, densidade alta com pH baixo e urina gelada (inibe a reação). GLICOSE REAGENTE DE BENEDICT: • Princípio da pesquisa: a glicose ou outra substância redutora, presente na amostra, provoca redução do sulfato de cobre (CuSO4), a óxido cuproso (Cu2O), na presença de calor e álcali. Resultados Cor Negativo Azul Traços Verde + Amarelo ++ Laranja +++ Vermelho tijolo 19/11/2019 14 GLICOSE Interferentes: A reação não é específico para glicose. Qualquer substância redutora presente na urina, pode produzir resultado. • Falso positivo: Galactose, frutose, pentoses, ácido úrico, ácido nalidíxico e cefalosporina. • Falso negativo: Contraste radiográfico CETONAS • Amostras de urina de indivíduos saudáveis não apresentam, em condições normais, presença de cetonas na urina. O que denominamos aqui como cetonas pode, também ser denominado de “corpos cetônicos“ e inclui três compostos: ácido acetoacético, o ácido beta-hidroxibutírico e acetona.• Estes compostos constituem produtos intermediários do catabolismo normal das gorduras, sendo integralmente convertidas em energia, dióxido de carbono e água, não sendo, portanto encontrados normalmente na urina. • Significado Clínico: Os corpos cetônicos são produtos normais do metabolismo das gorduras e são convertidos a dióxido de carbono e água. • Entretanto, quando grandes quantidades de gordura são metabolizadas em consequência do organismo se encontrar impossibilitado de utilizar carboidratos como a fonte principal de energia, grandes quantidades destes compostos, são encontrados na urina. • Condições: Diabetes, fome, inanição, dietas, febres, exercícios intensos e outros. CETONAS TIPOS DE PESQUISA Tiras reagentes: • Princípio da pesquisa: É baseado na reação de Legal. A determinação é semi- quantitativa e se fundamenta na reação ácido acetoacético com o nitroprussiato de sódio em meio alcalino e no desenvolvimento de cor violeta na área reagente, proporcional a quantidade presente na amostra. • Sensibilidade: Detecta níveis a partir de 5 a 10 mg/dL. Resultados Em mg/dL Negativo - Traços < 5 + 15 ++ 40 +++ 80 ++++ > 160 CETONAS • Interferentes: • Falso positivo: Substâncias coradas eliminadas pela urina (derivados de ftaleínas – bromossulftaleína, fenolsulfoftaleína, fenosulfoftaleína, fenilcetonas), urina com alta densidade, metabólitos da levodopa e compostos contendo grupos sulfidrila, como a acetilcisteína. • Falso negativo: Estocagem da urina. 19/11/2019 15 CETONAS REAGENTE DE ROTHERA • Princípio da pesquisa: Corpos cetônicos, em meio alcalino, formam um complexo de cor roxa com o nitroprussiato de sódio. • Em 1 ml de urina, adicionar o reagente de Rothera até saturação. A formação de uma cor roxa indica a presença de corpos cetônicos. BILIRRUBINA • A bilirrubina é encontrada normalmente em pequenas quantidades no sangue na forma não conjugada e conjugada. A bilirrubina conjugada é a bilirrubina que nos hepatócitos sofreu a adição de duas moléculas de ácido glicurônico formando a bilirrubina diglicuronídeo. Esta forma de bilirrubina (direta) apresenta maior solubilidade em água, é excretada, quase totalmente, para a luz do duodeno através do ducto biliar, onde o ácido glicurônico é removido pela ação bacteriana e a bilirrubina convertida em urobilinogênio, e este oxidado pela ação de bactérias da flora intestinal normal, a estercobilina, que tem coloração marrom, a qual é conferida às fezes. Em conseqüência de não se encontrar ligada à albumina a bilirrubina conjugada é filtrada através dos glomérulos, sendo, contudo, excretada através da urina quando os níveis séricos se encontram elevados. A bilirrubina não conjugada é insolúvel em água e é transportada no sangue ligada à albumina, não sendo, portanto, filtrada através dos glomérulos BILIRRUBINA • Significado clínico: é um sinal clínico de alterações da função hepática. Ela aparece na urina quando o limiar renal, de 1,5 mg/dL, é superado. • A bilirrubina quando eliminada altera a cor da urina para amarelo intenso ou âmbar. Nas hepatites, colestases e cirroses ocorre a excreção pela urina. TIPOS DE PESQUISA Tiras reagentes: • Princípio da pesquisa: Baseia na reação de Van den Bergh. Reação da bilirrubina com sal de diazônio diclorobenzeno em meio ácido que resulta em desenvolvimento de cor rosa proporcional a quantidade presente na amostra. • Sensibilidade: Detecta níveis a partir de 0,2 mg/dL. BILIRRUBINA Interferentes: • Falso positivo: Substâncias coradas derivadas de ftaleína, priridum, clorpromazina, clorexidina, indols. • Falso negativo: Estocagem da urina, principalmente exposta a luz, ácido ascórbico e nitrito em alta concentração. REAGENTE DE FOUCHET • Princípio da pesquisa: a bilirrubina presente na urina é precipitada pelo cloreto de bário e oxidada a biliverdina pelo cloreto de ferro III, formando uma cor verde característica. 19/11/2019 16 UROBILINOGÊNIO • Significado clínico: Pigmento biliar formado no intestino através da redução da bilirrubina conjugada pro enzimas bacterianas. Uma parte deste pigmento é absorvido pelas paredes intestinais e é eliminado pela urina. • A urina normal contém uma pequena quantidade de urobilonogênio, cerca de 1 mg/dL. Nas icterícias por bilirrubina indireta ocorre aumento da eliminação, como na anemia hemolítica. • Nas icterícias por bilirrubina direta a quantidade de urobilinogênio excretada na urina é diminuída, como nas colestases. • Nas doenças hepáticas, tais como hepatites viróticas ou tóxicas e cirrose o urobilinogênio é encontrado na urina. UROBILINOGÊNIO TIPOS DE PESQUISA Tiras Reagentes • Princípio da pesquisa: se baseia na reação de Ehrlich. A sua reação com sal de diazônio dimetoxibenzeno em meio ácido que resulta no desenvolvimento de cor vermelha proporcional a quantidade presente na amostra. • Sensibilidade: Detecta níveis a partir de 1 mg/dL. • Resultados: • Interferentes: Mesmo para bilirrubina Resultados Em mg/dL Normal < 1,0 + 2,0 ++ 4,0 +++ 8,0 SANGUE Significado Clínico: a pesquisa de sangue na urina, acompanhada da pesquisa da protenúria e do exame microscópico do sedimento urinário são utilizados para avaliar o estado funcional dos rins e do trato urinário. • Hematúria, que corresponde a presença de sangue na urina, indica hemorragia em qualquer região do SU. É imprescindível localizar o ponto de sangramento e a sua causa para diagnosticar e tratar o paciente. • Os reagentes químicos que pesquisam sangue na urina detectam hemácias íntegras, hemoglobina e mioglobina. As causas do aparecimento de cada um destes elementos pode ser, muitas vezes, distintas e indicam patologias diversas. – Hemácias: Sua presença pode ser devido a doenças ou disfunções renais, glomerulonefrite, hipertensão maligna, infeções, tumores, cálculos, hemorragias diversas, terapia com anticoagulantes, drogas tóxicas e exercício físico intenso. SANGUE – Hemoglobina: Pode ser detectada mesmo na ausência de hemácias. Uma das causas pode ser a destruição das hemácias por densidade urinária inferior a 1,010 ou pH alcalino. Outras causas: Hemólise intravascular, reações transfusionais, anemia hemolítica, hemoglobinúria paroxística noturna (anemia hemolítica adquirida, causada pela alteração da célula tronco hematopoética) entre outras. – Mioglogina: a mioglobinúria é rara mas é um importante achado que indica destruição de fibras musculares. Ex: Trauma muscular, convulsões, como prolongado e exercício físico intenso. 19/11/2019 17 SANGUE TIPOS DE PESQUISA • Tiras Reagentes: O método se baseia na atividade das peroxidades do anel heme. A prova que tem como reagentes a 3,3’, 5,5’ tetrametilbenzidina e dimetilhidroperoxihexano ou dihidroperoxi de diisopropilbenzeno resulta em coloração verde proporcional a quantidade de hemoglobina ou mioglobina presente na amostra. • Sensibilidade: A tira é mais sensível para detectar a hemoglobina do que hemácias integras. A hemoglobina é detectada a partir de 0,05 mg/dL. Interferentes: • Falso Positivo: Agentes oxidantes, peroxidades bacterianas e de vegetais, contaminação por fluxo menstrual • Falso negativo: Acido ascórbico, tratamento com captopril. SANGUE REAGENTE DE JOHANESSENN • Princípio da pesquisa: Reagente contendo fenolftaleína reduzida em meio alcalino. As peroxidases desdobram o peróxido de hidrogênio, produzindo a oxidação das fenolftaleína que, em meio alcalino, aparece com a cor rosa característica. NITRITO • A presença de nitrito em amostra de urina é decorrente da ação indireta de bactérias redutoras de nitrato a nitrito, o que inclui todas as entrerobactérias e a maioria das bactérias não fermentadoras, e alguns cocos Gram positivos. São redutoras de nitrato a nitrito e responsáveis pela maioria das infecções do trato urinário, por exemplo: Escherichia coli, Klebsiella sp, Serratiasp, Proteus sp, Enterobacter sp, Enterococcus sp e Estafilococo coagulase negativo. • Para que a pesquisa de nitrito apresente resultado positivo algumas condições são imprescindíveis: a) A presença de bactérias produtoras de enzimas redutoras de nitrato a nitrito; b) Presença do substrato (nitrato), cuja principal fonte são as carnes e c) Tempo de incubação do substrato na presença das enzimas redutoras de nitrato a nitrito. NITRITO • Além dos casos descritos anteriormente, a utilização de antibióticos ou antissépticos iniciada previamente a realização do exame de urina é importante causa de resultados falso negativos. • Para evitar estes resultados falso-negativos se recomenda conhecer: os hábitos alimentares dos pacientes e a medicação ingerida pelos mesmos e submetê-los a um tempo de quatro horas entre a micção para coleta de material e a micção anterior. • Tira Reagente: O método se baseia na reação de Griess. A reação que tem como reagentes a sulfanilamida ou o ácido p-arsanílico e a 3-hidroxi-1,2,3,4- tetrahidrobenzoquinilona. Nestas provas, o sal de diazônio formado pela reação do nitrito coma a sulfanilamida ou o ácido p-arsanílico reage com a 3- hidroxi-1,2,3,4-tetrahidrobenzoquinilona formando coloração rósea proporcional a quantidade de nitrito presente na amostra. A presença de coloração ligeiramente rósea é indicadora de infecção do trato urinário por enterobactérias. Resultado negativo: Incolor 19/11/2019 18 LEUCÓCITOS • Significado clínico: É utilizada para detectar a presença de infecções em todo o trato urinário. • Esse elemento é melhor detectado pelo exame microscópico. Porém muitas vezes, as células são lisadas ou destruídas na urina, não aparecendo no exame microscópico, somente na pesquisa química. • A urina normal contém até 5 leucócitos por campo. (aumento de400x). • Um aumento no número de leucócitos pode ser encontrado na glomérulo nefrite aguda, pielonefrite, litíase, cistite, uretrite e tumores. LEUCÓCITOS TIPOS DE PESQUISA • Tiras Reagentes: Se baseia na presença da enzima leucócito esterase presente nos grânulos azurófilos dos leucócitos. Esta enzima hidrolisa o éster do ácido indoxilcarbônico e produz indoxil. Este produto reage com um sal de diazônio produzindo cor púrpura proporcional à quantidade de esterase presente. • Resultados falsos positivos são verificados em amostras contaminadas com formaldeído (formalina) e pela presença de antibióticos contendo imipenem, meropenem ou ácido clavulânico. • Resultado falso negativo é verificado quando a amostra de urina contém glicose > 3g/dL e albumina >500mg/dL. Altas doses de tetraciclina, cefalexina e gentamicina, também, pode resultar em redução da intensidade da reação assim com grande concentração de bilirrubina ou nitrofurantoína. LEUCÓCITOS • Sensibilidade: Detecta de 5 a 15 leucócitos por campo na área de traços. Resultados Qde/L Negativo - + 10 a 25 ++ 75 +++ 500 ÁCIDO ASCÓRBICO • A presença de ácido ascórbico na urina pode interferir em vários testes químicos. • Assim, elevados níveis deste composto em amostras de urina pode interferir com vários dos testes possibilitados pelas tiras reagentes, os quais dependem de reações de oxidação com diazônio ou peroxidase (ex. glicose, bilirrubina, urobilinogênio, hemoglobina, nitrito e esterase de leucócitos. TIRAS REAGENTES • Princípio da pesquisa: A pesquisa de ácido ascórbico se baseia na reação deste com o azul de indofenol reduzindo-o a 2,6 dicloro-fenol-indofenol de cor laranja. Resultados Mg/dL + 10 ++ 25 +++ 50 19/11/2019 19 SEDIMENTOSCOPIA • O exame microscópico é a terceira e última etapa do exame de urina. A microscopia do sedimento urinário se constitui, historicamente, no procedimento laboratorial importante e mais utilizado, do exame de urina, no diagnóstico de doenças do trato urinário. Constitui na observação, identificação e quantificação do material insolúvel presente na mesma. • A meticulosidade no sedimento urinário deve ser constante, porque a maioria dos elementos do sedimento podem sofrer modificações no seu aspecto morfológico, devido a variações do pH, uso de medicamentos, decomposição bacteriana, má coleta da amostra, má conservação do material, frascos de coleta impróprios, etc. SEDIMENTOSCOPIA • Para que o resultado do exame microscópico reflita, verdadeiramente, as condições do trato urinário, todos os procedimentos que garantam a qualidade como os procedimentos de orientação e preparação do paciente, coleta, identificação e manipulação da amostra, análise da amostra, e expressão do resultado. Além disso, é importante que além de disporem de equipamentos adequados, os profissionais apresentem sólido conhecimento da morfologia das estruturas normais e anormais que podem ser encontradas no sedimento urinário, a relação existente entre as estruturas encontradas no exame microscópico com o exame físico e com o exame químico, bem como, o significado clínico de sua presença na amostra analisada. SEDIMENTOSCOPIA PREPARAÇÃO DA AMOSTRA E MICROSCOPIA • No caso do Brasil a NBR 15268 determina que o volume da alíquota é de 10 mililitros. • Conforme determina a NBR 15268, na preparação do sedimento urinário para observação entre lâmina e lamínula e cálculo para expressão dos resultados por mililitro de urina se deve seguir o procedimento conforme padronizado: 19/11/2019 20 SEDIMENTOSCOPIA SEDIMENTOSCOPIA a) homogeneizar a amostra de urina e transferir para um tubo de centrifugação 10 mL de urina; b) Centrifugar a 1500 a 2000 rotações por minuto durante 5 minutos; c) Retirar 9,8 mL do sobrenadante, cuidadosamente, para que o sedimento não ser ressuspendido, deixando no tubo 0,20 mililitros; d) Ressupender o sedimento; e) Transferir 20 microlitros do sedimento ressuspendido para uma lâmina de microscopia; colocar sobre o sedimento que se encontra na lâmina uma lamínula 22 X 22 mm; f) Examinar o sedimento por pelo menos dez campos microscópicos, bem distribuídos na lamínula; g) Para expressar o resultado por campo, examinar as células epiteliais e os cilindros do sedimento urinário em aumento de 100X e as hemácias e leucócitos em aumento de 400X; h) Calcular a média de cada elemento do sedimento contado e expressar o resultado como número de elementos por campo; SEDIMENTOSCOPIA i) Para expressar o resultado por mL examinar as células epiteliais e os cilindros do sedimento urinário em aumento de 100X e as hemácias e leucócitos em aumento de 400X; j) Calcular a média de cada elemento do sedimento contado; k) Multiplicar a média por 5.040 . Expressar o resultado como número de elementos por mililitro. Técnica não usual. • No aumento de 100x, usar pouca luminosidade e condensador baixo. • No aumento de 400x, usar maior luminosidade e condensador alto. SEDIMENTOSCOPIA MORFOLOGIA DAS ESTRUTURAS DO SEDIMENTO URINÁRIO • As estruturas do sedimento urinário podem pertencer ao que denominamos de organizado (biológico) ou inorganizado (químico). O sedimento organizado inclui células epiteliais escamosas (uretra), células de epitélio de transição (bexiga e ureter), células de epitélio tubular renal (túbulos contornados proximais,distais, alça de Henle), leucócitos, hemácias, bactérias, cilindros (com ou sem inclusões), leveduras, gotículas de gordura, espermatozóides e parasitas ou ovos de parasitas. 19/11/2019 21 SEDIMENTOSCOPIA • Entre as estruturas químicas, algumas podem ser observadas no sedimento urinário, sem contudo indicarem a ocorrência de qualquer patologia seja ela do trato urinário ou não (cristais de oxalato de cálcio, ácido úrico, urato de sadio, urato amorfo, fosfato amorfo, urato de amônia, fosfato amoníaco magnesiano ou fosfato triplo, carbonato de cálcio, fosfato de cálcio, etc.). • Entretanto, a presença de estruturas químicas anormais (cristais de bilirrubina, cistina, colesterol, leucina,tirosina) podem indicar patologias graves ou ainda serem de origem iatrogênica (cristais de aiclovir, ampicilina, ciprofloxaxina, indinavir, contraste radiográfico, sulfa, etc.). ELEMENTOS DO SEDIMENTO URINÁRIO HEMÁCIAS • As hemácias apresentam for discóide com diâmetro é de aproximadamente 7 μm, são células anucleadas e não apresentam inclusões citoplasmáticas . • A observação de diferentes ângulos permite a sua visualização sob diferentes formas. Depois da forma discóide a mais freqüentemente observada é a de duplo prato. A ausência de inclusões citoplasmáticas confere às hemácias aparência lisa. • Na microscopia de campo claro as hemácias podem ser confundidas com gotículas de gordura, ou óleo, bolhas de ar cristais ovais de oxalato de cálcio (monohidratado) e leveduras. • No exame microscópico do sedimento urinário podemos encontrar três tipos de hemácias: normais, fantasma e dismórficas. HEMÁCIAS • Em urinas hipotônicas podem ser observadas hemácias que apresentam diâmetro bem maior que 7 μm . • Quando a urina é hipertônica seu diâmetro geralmente é menor que o normal e sua forma muitas vezes é crenada devido à perda de água. • A localização ou definição das hematúrias de trato urinário superior como glomerulares e não glomerulares pode ser realizada através de análises não invasivas e de baixo custo, baseadas na morfologia das hemácias. • As hematúrias glomerulares podem ser distinguidas das não glomerulares não apenas através da verificação de proteinúria e cilindrúria, mas, também, por alterações na forma (dismórficas), na cor, no tamanho e no conteúdo de hemoglobina em parte das hemácias. Em decorrência do dismorfismo as hemácias podem apresentar forma de anel ou de donuts® (doughnut-like) com ou sem protusões vesiculares ou bolhas da membrana citoplasmática. 19/11/2019 22 HEMÁCIAS • As hematúrias não glomerulares, por sua vez, se caracterizaram pela presença, no sedimento urinário, de hemácias com forma e tamanho semelhantes ás encontradas no sangue (isomorfismo). • A utilização de um atlas urinário, mostrando os vários formatos que a hemácia pode adquirir ao atravessar a membrana glomerular deve ser uma prática rotineira. LEUCÓCITOS • Os leucócitos tem, aproximadamente 12 μm de diâmetro, seu citoplasma apresenta granulações finas e o núcleo é lobulado. • Os leucócitos observados no sedimento urinário são, geralmente, polimorfonucleares neutrófilos, mas, a verificação da presença de linfócitos, eosinófilos e monócitos também ocorre e é de grande importância no diagnóstico. Necessário a utilização de métodos de coloração para a diferenciação. • A observação de leucocitúria no exame microscópico do sedimento urinário constitui em indicação de ocorrência de patologia inflamatória do trato urinário ou mesmo do trato genital. • Nos processos infecciosos do trato urinário alto (pielonefrite) a leucocitúria observada é geralmente mais intensa que nas infecções do trato urinário baixo (cistite). Essa diferença é decorrente, pelo menos em parte, pelo fato de os rins serem órgãos, extremamente, mais vascularizados que a bexiga, pois a migração dos leucócitos para o espaço tubular ou para a bexiga ocorre por diapedese. LEUCÓCITOS • As pielonefrites são caracterizadas por se verificar, geralmente, além de leucocitúria, proteinúria moderada (++), bacteriúria e cilindrúria (cilindros granulosos, hialinos e leucocitários). Nas cistites, por sua vez, se verifica apenas leucocitúria variável e bacteriúria, podendo, eventualmente, se verificar leve proteinúria (traços). • A verificação da presença de eosínófilos no sedimento urinário se constitui em prova confirmatória, importante. da evidência clínica de nefrite intersticial aguda. As NIA podem ser induzidas por medicamentos, infecções renais, e processos auto imunes sistêmicos, mas pode, também, ser observada em amostras de pacientes submetidos a transplante de rins e de pâncreas que apresentam rejeição do órgão transplantado. • Nas NIA se verificam outras alterações no sedimento urinário como: proteinúria <1g/24 horas, leucocitúria, cilindrúria (cilindros leucocitários), hematúria, níveis séricos elevados de uréia e creatinina. LEUCÓCITOS • A presença de número elevado de células mononucleares no sedimento urinário, principalmente linfócitos, é verificada em pacientes nefrite lúpica e seu número apresenta elevada correlação com o índice de atividade da doença do Lupus eritematoso sistêmico. • Entretanto, a identificação de linfócitos e monócitos no exame microscópico do sedimento urinário em microscopia de campo claro ou mesmo em microscopia de contraste de fase é bastante difícil. Nestas modalidades de exame microscópico essas células são facilmente confundidas com hemácias. • As identificações de eosinófilos, linfócitos e monócitos no sedimento urinário são mais fáceis em um citocentrifugado é corado com corante de Wright ou Papanicolaou. 19/11/2019 23 CÉLULAS EPITELIAIS • As células epiteliais são encontradas em praticamente todas as amostras urinárias. São eliminadas na urina devido a descamação ou esfoliação normal. • O trato inferior sobre mais descamação porque é constituído de várias camadas de células. Nos túbulos renais, com apenas uma camada de células, a descamação é mais rara. • As células epiteliais encontradas no sedimento são de três diferentes tipos: Escamosas, transicionais e renais. • A identificação pode ser difícil mas é clinicamente significativa. CÉLULAS EPITELIAIS • CÉLULAS EPITELIAIS ESCAMOSAS: Oriundas da uretra e da vagina, são grandes com formato retangular ou arredondado, são facilmente identificadas no aumento de 100x. • CÉLULAS DO EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO: São denominadas de células uroteliais. São oriundas da pelve renal, ureteres e bexiga. Apresentam esféricas ou poliédricas. • CÉLULAS DO EPITÉLIO RENAL: As células dos epitélios tubulares renais são encontradas em pequena quantidade no sedimento urinário. Arredondadas, poliédricas, pouco alongadas ou ovóide. A presença de mais de 15 células por campo em 400x indica forte evidência de doença renal ativa ou lesão tubular. CILINDROS • São formações cilíndricas moldadas na luz dos túbulos renais. A presença no sedimento é um achado extremamente importante, pois indica doença intrínseca renal e propicia uma visão das condições existentes no interior do néfron. • Formação: são formados nos túbulos contornado distal e no tubo coletor devido a uma maior concentração e acidez urinária nestes locais. O principal componente dos cilindros é a proteína de Tamm-Horsfall, uma mucoproteína secretada pelas células tubulares. • Quando esta proteína se precipita dentro do túbulo renal ela pode aglutinar elementos presentes na luz tubular, como leucócitos, hemácias, células epiteliais, etc, e dar origem aos vários tipos de cilindros. • Algumas condições fisiológicas favorecem a formação dos cilindros, tais como, aumento da acidez urinária, redução do volume urinário entre outros. CILINDROS CILINDROS HIALINO: Os cilindros hialinos são formados quase exclusivamente de proteínas de Tamm Horsfall. • Seu aspecto é incolor e semitransparente devido ao baixo índice de refração, o que dificulta sobremaneira sua observação. • A presença de cilindros hialinos no sedimento urinário não indica, necessariamente, a ocorrência de patologia do trato urinário alto, podendo ser encontrado em pequeno número, em amostras de indivíduos saudáveis. • Cilindros hialinos podem ser encontrados em decorrência de glomerulonefrites, pielonefrites, insuficiência cardíaca congestiva, febre, desidratação, exposição ao frio intenso e exercícios intensos. A presença de cilindros hialinos não está, necessariamente associada à ocorrência de proteinúria. 19/11/2019 24 CILINDROS CILÍNDROS LEUCOCITÁRIOS: Os cilindros leucocitários apresentam a inclusão de leucócitos na matriz protéica em decorrência da presençadesses nos túbulos renais ou dutos coletores no momento de formação do cilindro. • A presença de cilindros leucocitários no sedimento urinário é associada à ocorrência de infecção do trato urinário alto/pielonefrite. Entretanto, podem, também, serem observados cilindros leucocitários no sedimento urinário de pacientes com glomerulonefrite (pouco frequente). • Os cilindros leucocitários não são encontrados em amostras de urina de indivíduos saudáveis. CILINDROS CILÍNDROS ERITROCITÁRIOS: Os cilindros eritrocitários ou hemáticos são um importante indicador de ocorrência de doença glomerular como verificado na glomerulonefrite aguda, infarto renal, na nefrite lúpica, por exemplo, mas podem ser encontrados em qualquer patologia em que se verifica lesão, principalmente, de glomérulo e capilares renais. • Constitui em indicador de elevada especificidade para o diagnóstico da ocorrência de glomerulonefrite. A Contudo, eventualmente o cilindro eritrocitário pode ser encontrado em amostras de pacientes sadios, após a participação de esportes de elevado impacto. CILINDROS CILÍNDROS EPITELIAIS: As células contidas nos cilindros epiteliais são de origem tubular renal. Esses cilindros são encontrados em amostra de urina de paciente com: necrose tubular aguda, nefrite intersticial aguda, eclampsia, síndrome nefrítica e rejeição de transplante, intoxicação por metais pesados, etilenoglicol e outras drogas. • A ocorrência de cilindros epiteliais está associada com proteinúria e com a presença cilindros granulosos. CILINDROS CILÍNDROS GRANULOSOS: Os cilindros granulosos podem apresentar granulações finas e grossas. Os grânulos que constituem parte do cilindro são restos de vários tipos de células. Podem ser observados cilindros granulosos, juntamente com cilindros hialinos, após períodos de estresse ou a prática de exercícios extenuantes. • Os grânulos podem ter origem não patológica ou patológica. • Os grânulos de origem não patológica são excretados, normalmente, em pequena quantidade pelas células tubulares renais, após o estresse e a realização de exercícios vigorosos. Os grânulos de origem patológica podem ser resultantes da desintegração de cilindros celulares e de células tubulares renais, ou ainda agregados protéicos filtrados pelos glomérulos. 19/11/2019 25 CILINDROS CILÍNDROS CÉREOS: Os cilindros céreos, ao contrário dos cilíndros hialinos, apresentam acentuada refringência, o que facilita em muito sua visualização ao microscópio. • Formados pela degeneração dos elementos granulares presentes no seu interior. Ele não é encontrado normalmente no sedimento urinário e a presença indica estase renal (obstrução dos néfrons). • A presença de cilindros céreos no sedimento urinário está relacionada com atrofia e ou dilatação tubular avançada associada com doenças renais em estágio avançado como ocorre no caso de inflamação e degeneração tubular, falência renal crônica e rejeição a transplante. • Conhecidos também como cilindros de insuficiência renal – indica prognóstico ruim. CILINDROS CILÍNDROS GORDUROSOS: formados por uma matriz protéica repleta de gotículas de gorduras ou de corpos graxos ovais. • A presença destes cilindros no sedimento urinários está relacionada com a ocorrência de distúrbios renais avançados em que se verifica lipidúria como, por exemplo, a síndrome nefrótico. Entretanto os cilindros gordurosos podem, também estar presentes no sedimento urinário de pacientes com diabetes melito e de pacientes com nefrose tóxica por envenenamento com polietilenoglicol ou mercúrio, por exemplo. CILINDROS CILÍNDROS MISTOS: Os cilindros observados podem apresentar duas ou mais características morfológicas distintas em decorrência de presença de mais de um tipo de inclusões. • Nesse caso é recomendado que o cilindro seja considerado de acordo com a inclusão predominante. CRISTAIS • Os cristais são encontrados com frequência no sedimento urinário e raramente tem significado clínico. • São formados pela precipitação de sais presentes na urina devido a variações do pH, da temperatura e da concentração urinária, o que afeta a sua solubilidade. • A identificação dos cristais deve ser feita para detectar a presença de alguns tipos que identificam distúrbios, tais como doenças hepáticas, erros inatos do metabolismo, litíase renal e algumas alterações metabólicas. • Para a identificação é importante conhecer o pH urinário, pois este determina o tipo de substância química precipitada. 19/11/2019 26 CRISTAIS – urina ácida • URATO AMORFO: Sem significado clínico. • ÁCIDO ÚRICO: A forma mais comum é a forma losangular. Aparecem em indivíduos normais e com gota. Em pacientes com leucemia e linfomas a excreção urinária destes cristais estará aumentada devido ao catabolismo aumentado de ácidos nucléicos. • URATO ÁCIDO DE SÓDIO: É um tipo raro de cristal. Apresenta como esferas arredondadas isoladas ou formando cachos com coloração amarelada. • OXALATO DE CÁLCIO: Muito comum, também encontrado em urinas alcalinas ou netras. CRISTAIS – urina alcalina • FOSFATO AMORFO: Apresentam como grânulos amorfos e incolores, podem ser confundidos com bactérias. • FOSFATO TRIPO: Cristal grande, incolor, bastante refrigente, tem a forma de prisma de seis ou quatro lados – conhecido como “tampa de caixão”. • BIURATO DE AMÔNIO: Raro. Apresenta-se como esferas com estriações radiais e espículas. Marrom • FOSFATO DE CÁLCIO: Raro. Em forma de cunha, forma rosetas e são incolores. • CARBONATO DE CÁLCIO: Raro. Minúsculas esferas incolores. CRISTAIS ANORMAIS • Aparecem na urina devido a defeitos metabólicos de várias origens e podem ser indicativos de patologias diversas, inclusive renais. • CISTINA: Encontrado em pacientes com cistinúria, uma alteração congênita do transporte de aminoácidos que afeta a cistina, arginina, lisina e ornitina. Somente o cristal de cistina é encontrado na urina. Os pacientes com cistinúria são sujeitos a formar grandes cálculos que podem provocar lesão renal. São incolores, hexagonais e refrigentes. • TIROSINA: Raro, mas em pacientes com doença hepática grave eles podem ser encontrados. Incolor e apresenta como finas agulhas na forma de rosetas. • LEUCINA: Extremamente raro. Associado a doença hepática grave e desordens do metabolismo de aminoácidos. Amarelo com formato esférico. • COLESTEROL: Raro, acompanha corpos graxos ovais e cilindros granuloso, indicando síndrome nefrótica. Placas retangulares incolores. MUCO • Material protéico produzido por células epiteliais ou constituído por mucoproteínas de baixo peso molecular que atravessam a membrana glomerular. • Aparência filamentosa. • Sua presença não tem significado clínico. • Relata-se: Ausente, escasso, moderado e muito aumentado. 19/11/2019 27 FLORA BACTERIANA • O trato urinário é normalmente estéril e a urina normal e recém emitida não deve conter bactérias. • Pode ocorrer contaminação na uretra ou vagina, quando da emissão da urina. • A bacteriúria encontrada na urina recente indica infecção. CONTAMINANTES OU ARTEFATOS • ESPERMATOZÓIDE: Por questões éticas não se deve citar a sua presença em urina de mulheres, a não ser quando há solicitação explícita de comprovação de abuso sexual. No homem, pode indicar espermatorréia, causa de infertilidade. • LEVEDURAS: Podem aparecer por contaminação vaginal, contaminação pela pele ou ar. • PARASITAS: O parasita encontrado com maior frequência é o Trichomonas vaginalis, devido a contaminação vaginal. Ovos ou larvas de parasitas podem ser vistos no sedimento urinário devido a contaminação fecal: Schistosoma, Enterobius, Stronguloides, etc. • DIVERSOS: Grânulos de amido, fibras vegetais,bolhas de ar, gotículas de gordura, fragmentos de vidro, grãos de polen, pêlos ...
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