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PSICOLOGIA COMUNITÁRIA Aula 4 e 5 – Psicologia Comunitária, cultura e consciência Professora: Natália Rodrigues email: natalia.mrodrigues@hotmail.com Psicologia Comunitária, cultura e consciência • De modo geral, os trabalhos em Psicologia Comunitária focalizam: – Consciência: trabalho de conscientização, ou seja, desvelamento, para o sujeito, dos determinantes de sua condição de vida; – Cultura: descrição de práticas específicas de determinadas populações e dos significados compartilhados pelos membros do grupo em relação a sua prática. • A problemática do convívio e do diálogo em grupos de diferentes inserções socioculturais e com histórias diversas ocupa lugar de destaque entre as preocupações de psicólogos que atuam em comunidades; • As publicações da área divulgam estudos em que é analisada a psicossociologia de diferentes grupos e caracterizados por similaridades em termos de classe ou lugar social, gênero e etnia, em interação com a sociedade inclusiva. • Os conceitos utilizados para descrever essas interações decorrem das principais teorias utilizadas em psicologia social: cognitiva, representações sociais e interacionismo. Cognição social • Enfatizam o estudo da consciência e exploram o efeito do pensamento e da interpretação dos sujeitos sobre a atividade social; • Inspirados na Gestalt, estes teóricos se interessam especialmente pelo modo como os processos mentais internos às pessoas impõem formas ao mundo externo. • Nesse sentido, acreditam que a percepção dos eventos é a principal variável que influencia a conduta do sujeito social. Abordagem sociointeracionista • O conhecimento se constrói na interação social. • Vygostky é o principal representante dessa abordagem. Para ele, o conhecimento seria social antes de ser individual, e os artefatos criados pela atividade humano, bem como a linguagem, seriam os principais mediadores no processo de internalização da cultura. • Para os sociointeracionistas, os seres humanos vivem em um ambiente em constante transformação, pois os artefatos culturais e a linguagem são transformados pela própria atividade dos grupos humanos em interação; • Cada artefato cultural contém, além de sua forma física, o código de condutas e de interações que o tornou possível, e que condiciona a ação das novas gerações que o utilizam. Representações sociais • Estuda a maneira como as representações sociais são hegemônicas em determinada formação social; • A ênfase será o estudo do aspecto social, isto é, interindividual, das representações; • A construção da representação deixa de ser individual, e passa a ser uma função simbólica do grupo social em seu conjunto. A interpretação da cultura como empreendimento intersubjetivo • O campo de estudo delimitado pela psicologia social aplicado ao estudo e intervenção em comunidades é constituído pela análise da cultura; • O conceito de cultura refere-se, precisamente, a este conjunto de significados compartilhados que orientam a conduta dos indivíduos. • Estes significados, se por um lado apresentam as características de homogeneidade e a duração, tendo em vista suas origens na tradição e na história do grupo, são também questionados pelo movimento de construção de novas práticas, que por sua vez, na interação, produzem novos significados. • A psicologia social trabalha com conceitos que permitem trabalhar as relações culturais em situações de diálogo, contribuindo para desenvolver a capacidade de análise de novas interpretações. • Esta é precisamente a situação na qual se encontram muitos dos trabalhos comunitários com os quais se envolvem os psicólogos sociais. • E assim se movimenta o estudo psicossociológico dos grupos multiculturais: de uma abordagem centrada no indivíduo passamos à história do grupo social como fonte de representações que os indivíduos se fazem uns com os outros, para chegar a uma abordagem em que a própria análise das representações se torna um empreendimento intersubjetivo. • A interpretação dos sujeitos imersos na cultura é resultante de um processo de reflexão no qual a análise focaliza precisamente os diferentes pontos de vista envolvidos na definição da situação. • Para a psicologia social comunitária, estas contribuições são relevantes, na medida em que apontam para os aspectos cruciais do processo de conscientização: a cultura, como construção intersubjetiva de significado, e o diálogo, como contexto para a problematização e reconstrução cultural. Relações comunitárias • As relações sociais são elementos definidores de grupos; • “Se quiser saber se há um grupo, ou não, veja se há relações ou não. Se quiser saber de que tipo é o grupo, veja qual o tipo de relações... Se quiser mudar, transformar um grupo, comece por transformar as relações existentes nesse grupo.” • Ao conceituar grupo a partir das relações, deve lembrar do enfoque dinâmico, e ao mesmo tempo, aberto, que é assumido, na análise e discussão dos grupos. • Relações de dominação: – Poder – capacidade de uma pessoa ou de um grupo, para executar uma ação qualquer, ou para desempenhar qualquer prática. Nesse sentido, todas as pessoas têm algum poder, na medida que podem fazer alguma coisa. – Dominação: relação entre pessoas e/ou grupos, através do qual uma das partes expropria, rouba, apodera-se do poder, de outras. Dominação, portanto, é uma relação assimétrica, desigual, injusta. • As ideologias podem servir para criar ou sustentar relações tanto justas, éticas, como também relações assimétricas, desiguais, injustas que chamamos de relações de dominação; • A ideologia vai criando significados, sentidos, definições de determinadas realidades. Esses significados e sentidos têm sempre uma conotação de valor, positivo ou negativo. • Formas de dominação: – Dominação econômica – Dominação política – Dominação cultural: • Racismo; • Patriarcalismo; • Institucionalismo. REFERÊNCIA CAMPOS, Regina Helena de Freitas (org.). Psicologia social comunitária: da solidariedade à autonomia. Rio de Janeiro/ Petrópolis, Vozes, 1996.
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