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Apostila Psic Desenv Rel Soc Af

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PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS 
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO, 
RELAÇÕES SOCIOAFETIVAS, DINÂMICA DAS 
RELAÇÕES FAMILIARES E AS IMPLICAÇÕES NA 
SAÚDE MENTAL 
 
 
 
 
Profa. Me. Heloisa De Lucca Nobre Coppola 
Prof. Me. Edna Barberato Genghini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COPPOLA, Heloisa de Lucca Nobre 
GENGHINI, Edna Barberato 
 
 
Psicologia do Desenvolvimento, Relações socioafetivas, 
Dinâmica das Relações Familiares e as Implicações na Saúde 
Mental (livro-texto) / Heloisa de Lucca Nobre Coppola; Edna 
Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu 
UNIP, 2019. 
 
122 p. il. 
 
 
1. Psicologia do desenvolvimento. 2. Família. 3. Saúde 
Mental e Emocional. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. 
Psicologia do Desenvolvimento, Relações socioafetivas, 
Dinâmica das Relações Familiares e as Implicações na 
Saúde Mental. 
 
 
3 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO, RELAÇÕES SOCIOAFETIVAS, 
DINÂMICA DAS RELAÇÕES FAMILIARES E AS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE 
MENTAL 
 
 
Apresentação do professor-autor 
HELOISA DE LUCCA NOBRE COPPOLA, psicóloga clínica desde 2001. 
Formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com especialização em 
Terapia Cognitivo Comportamental em 2004 pelo extinto Instituto Pieron. 
Especialista em Terapia Familiar e Orientação de Casal na abordagem Sistêmica 
pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP em 2013. Conclusão do Mestrado 
em 2019 pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP. Inicia neste mesmo ano, 
2019, carreira acadêmica na UNIP – Universidade Paulista com essa disciplina 
apresentada no curso por EaD. Psicopedagogia e Neurociências. 
 
 
Professora Colaboradora: 
EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. 
Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três 
cursos ao nível de Pós Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA 
INSTITUCIONAL, DOCÊNCIA PARA O ENSINO SUPERIOR e em FORMAÇÃO EM 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, pela UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP/EaD, 
onde também atua como Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É 
Diretora e Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA LTDA. 
ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica - Faculdades 
Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela 
Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela 
Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade 
Guarulhos (2002) e pós-graduação Lato Sensu em Formação em Educação a 
Distância pela UNIP - Universidade Paulista (2011). É autora e coautora de livros 
Textos para os cursos de Pós Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia 
Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância 
da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: Neurociências - Educação Inclusiva - 
Psicopedagogia Clínica e Institucional - Formação e Gestão em Educação a 
Distância - Formação de Docentes para o Ensino Superior. 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 05 
Unidade I: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 07 
1.1 Contribuições da teoria psicanalítica de Sigmund Freud 14 
1.2 Contribuições de Lev Semenovich Vygotsky 22 
1.3 Contribuições da teoria de Jean Piaget 30 
 
Unidade II: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO: INTERFACES ENTRE 
A PSICANÁLISE E A PSICOPEDAGOGIA 41 
2.1 Habilidades genuínas entre o brincar e o saber 55 
 
Unidade III: RELAÇÕES SOCIOAFETIVAS 64 
3.1. As relações socioafetivas e os profissionais de psicologia escolar e da educação
 68 
3.2. As relações socioafetivas e a educação 76 
 
Unidade IV: DINÂMICA DAS RELAÇÕES FAMILIARES 86 
4.1 A dinâmica das relações familiares, as implicações na saúde mental e no 
aprendizado 89 
4.2. As mudanças no ciclo vital familiar e as dificuldades de aprendizagem 
interligadas ao contexto social e familiar 103 
 
REFERÊNCIAS 119 
 
 
 
5 
 
INTRODUÇÃO 
 
O desenvolvimento das competências intelectuais, afetivas e sociais é tema 
de estudo há muito tempo na história da psicologia, psicopedagogia e neurociências. 
Diferentes conceitos são introduzidos e desenvolvidos ao longo dos anos, 
possibilitando diferentes visões a respeito de uma mesma questão. No entanto, 
grande parte dos estudiosos mostram concordância com Jean-Jackes Rousseau: 
 
A natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. 
Se quisermos perverter essa ordem, produziremos frutos temporãos, que 
não estarão maduros e nem terão sabor, e não tardarão em se corromper; 
teremos jovens doutores e velhas crianças. A infância tem maneiras de ver, 
de pensar e de sentir que lhe são próprias. (ROUSSEAU, apud PINHEIRO, 
p. 01, 2010) 
 
A história mostra que o conceito de “infância” nem sempre foi entendido como 
hoje em dia; não havia uma clara diferença entre o adulto e a criança. A criança foi 
considerada por muito tempo um mini adulto. Dela eram cobrados compromissos e 
posturas que ultrapassavam sua capacidade biológica e emocional. Isso tudo se 
aplica também ao adolescente; este é um sujeito em desenvolvimento, embora, vê-
se nele um ser com aparência biológica completa, pois tem características de adulto 
ele está em transição e seu processo cognitivo/afetivo ainda não amadureceu, “a 
criança e o adolescente são seres que estão por vir a ser (PINHEIRO, p. 01, 2010) ”. 
Observando-se o contexto acima se faz necessário então, compreender de 
que forma esta nova visão vem transformando as relações entre a sociedade e a 
criança. Diversos autores se empenharam em compreendê-las e estabelecer as 
competências e responsabilidades de cada ator, seja a do estado, da família ou da 
sociedade através da educação, saúde, abrigo e proteção. 
Os autores que mais se destacaram ao longo dos anos embasaram-se nas 
propostas da Psicologia do Desenvolvimento Humano que procura descrever tão 
completa e exata quanto possível as funções bio/sócio/psicológicas das crianças: 
suas reações motoras, emocionais, intelectuais e sociais. Os autores que mais se 
destacaram foram Henri Wallon, Jean Piaget, Lev Vygotsky e Sigmund Freud. 
Fundamentalmente estes autores observaram que deve ser respeitada a 
tríade: Biológico, Emocional e Social. Nessa nova disciplina acrescentaremos a 
Família como um catalizador importante na formação de um indivíduo a fim de 
viabilizar o desenvolvimento adequado, o que certamente levará a uma condição 
estrutural necessária para o desenvolvimento cognitivo. 
Naturalmente, diversos outros autores atuaram e vem atuando nesta 
intrincada busca, pode-se citar Burrhus Frederic Skinner e Albert Bandura mais 
Josi Carvalho
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contemporaneamente como os principais autores que tratam do desenvolvimento 
sob o ponto de vista da escola cognitivo comportamental. 
A família, por sua vez, é o elemento catalizador que fornecerá as condições 
adequadas para o desenvolvimento de sua prole tanto na relação com a escola 
quanto na busca do profissional psicopedagogo. 
Sendo assim, conhecer o pensamento dos autores citados e qual a influência 
da família no processo de aprendizagem é fundamental para que o psicopedagogo 
possa agregar à sua formação todas as facetas que envolvem seu cliente, a escola 
e a família a qual pertence. 
No capítulo I apresentaremos os principais teóricos que servem de referência 
para o estudo do desenvolvimento infantil e suas etapas. 
No capítulo II discutiremos o desenvolvimento cognitivo e afetivo e de que 
forma a psicanálise e a psicopedagogia podem contribuir com o trabalho do 
educador em especial o psicopedagogo que poderá assim lançar mão de 
referenciais teóricos que o ajude a orientar o encaminhamento correto tanto no que 
concerne ao aluno,o profissional, a família e a escola. 
No capítulo III conversaremos sobre as relações afetivas, integrando-as com 
a aquisição do conhecimento e os elementos que envolvem a relação professor – 
aluno. 
No capítulo IV falaremos sobre a família como um sistema facilitador ou 
dificultador do desenvolvimento de seus membros, apresentaremos as dificuldades 
que a envolvem, o ciclo vital à qual pertence, sua dinâmica e os agentes estressores 
que podem estar presentes no dia a dia. 
Sendo assim, espero que aproveitem o conteúdo e ao passarem pelas 
unidades tentem imaginar os conceitos e as teorias inseridos na dinâmica do 
psicopedagogo. Avante! 
 
 
 
 
 
7 
1. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
 
Olá, aluno(a)! 
Bem-vindo(a) à unidade 1 da disciplina Psicologia do Desenvolvimento, 
relações sócio afetivas, dinâmica das relações familiares e as implicações na saúde 
mental! Nessa unidade vamos percorrer todas as esferas do desenvolvimento, no 
âmbito cognitivo, psicossocial e da formação da personalidade. 
 
“A natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. 
Se quisermos perverter essa ordem, produziremos frutos temporãos, que 
não estarão maduros e nem terão sabor, e não tardarão em se corromper; 
teremos jovens doutores e velhas crianças. A infância tem maneiras de ver, 
de pensar e de sentir que lhe são próprias” (JEAN-JACKES ROUSSEAU) 
 
 
A Psicologia do Desenvolvimento é um ramo da Psicologia cujo objetivo é 
compreender de que forma o sujeito desenvolve sua estrutura psíquica, sua 
personalidade, suas relações afetivas, racionais, cognitivas e suas interações 
sociais. Os psicólogos do desenvolvimento buscam compreender as diversas 
possibilidades de formação do sujeito desde sua fecundação até a vida adulta. 
O desenvolvimento de um indivíduo percorre por toda sua vida, até seus 
últimos dias e em cada etapa estabelece e/ou fortalece suas estruturas de 
personalidade que possibilitarão criar ou recriar suas relações com o mundo em que 
viverá. 
Pinheiro (2010) cita que a psicologia do desenvolvimento se ocupa de todos 
os aspectos do desenvolvimento. Acrescenta aos aspectos cognitivos e emocionais, 
os aspectos sociais e morais da evolução da personalidade humana. 
Sendo uma ciência especializada no campo do desenvolvimento humano, 
este segmento da psicologia terá como função demonstrar que o sujeito se 
desenvolve em um contexto histórico. É preciso ter claro o que ocorreu no passado 
e que relações possa ter com o presente. Nesse contexto, fecundação, gestação, 
aquisições hereditárias, questões neurofisiológicas, experiências que levam à 
aprendizagem, fatores sociais e culturais que incluem a família, são relevantes e 
determinantes para seu progresso. 
A integração total do sujeito ao seu meio de convívio é que vai criar pontes de 
contato com o mundo em que vive e com ele possa lidar na vida adulta. Seu 
desenvolvimento se estabelecerá de forma a permitir-lhe superar as frustrações de 
acordo com o que lhe foi transmitido, do ambiente em que se submeteu desde a 
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fecundação, nos momentos de formação de sua personalidade e no desenrolar de 
sua vida. 
Em 1984 Luborsky (apud Santos, 2011) desenvolveu um método 
operacionalizado para identificar a forma como as pessoas se relacionam. Os 
estudos sugeriram que as pessoas demonstravam um modelo central de 
relacionamento, um script ou esquema próprio para cada indivíduo e que tem grande 
influência no modo como estabelecem seus relacionamentos interpessoais. 
 
Figura 1: Etapas do desenvolvimento humano 
 
Fonte da imagem: https://www.google.com/search?q=imagens+psicologia+do+desenvolvimento& 
tbm=isch&source=univ&sa=X&ved=2ahUKEwiSztX3KDiAhUMHrkGHU9RCYsQsAR6BAgJEAE&biw=
1366&bih=625#imgrc=Mkq-R-92iIDq-M: 
 
Percebam que assim como a figura ilustra, o ser humano está em constante 
desenvolvimento e evolução, do instante que é concebido até o final de sua vida. 
Nas páginas seguintes você verá que esse desenvolvimento pode ser dividido em 
etapas que caracterizam as conquistas em cada uma das fases. 
No âmbito da psicologia do desenvolvimento os profissionais encontrarão 
estudos dos aspectos cognitivos, por exemplo: 
 Mudanças nos processos de pensamento, memória e capacidades 
para a linguagem; 
 Desenvolvimento físico e motricidade, onde verificará mudanças na 
altura, peso, aquisição de habilidades motoras, etc.; 
 Desenvolvimento dos aspectos sensoriais que recebem informações 
da visão, audição, tato e paladar. Os sentidos citados são 
fundamentais no desenvolvimento da linguagem como forma 
Josi Carvalho
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imprescindível para estabelecer, adquirir e desenvolver conceitos, 
aprender e apreender novos conhecimentos: trocar dando e 
recebendo; moral onde se estabelecerão princípios norteadores de 
ações sociais; ética e padrões de relacionamento; psicossexual onde 
as questões com seu próprio sexo, o sexo oposto; os tabus, crenças e 
seu papel na preservação da espécie servirão como norteadores para 
a formação da família e da sociedade. 
 No âmbito do comportamento social que terá como determinante sua 
personalidade, as possibilidades de alterações no autoconceito, 
identidade de gênero e relacionamentos interpessoais, etc. e o 
emocional cuja capacidade dá ao indivíduo a possibilidade de 
estabelecer vínculos com seus pares e com o ambiente. 
 
Você acha que o bebê ao nascer, é como uma folha em branco? 
Dentre as ideias correntes nos meios não acadêmicos há a que pensa o 
sujeito como uma tábula rasa ao nascer. Como o bebê é totalmente dependente no 
aspecto de sua formação, isto é, depende do adulto para receber cuidados no que 
diz respeito às necessidades fisiológicas e se desenvolve a partir dos vínculos que 
estabelece com os pais, têm-se que ele é um ser reativo, não tendo vontade própria. 
Esta imagem muitas vezes perpassa apenas o nascimento tornando-se regra de 
conduta para a formação do indivíduo. 
 
Partindo de uma perspectiva psicogenética, a teoria de desenvolvimento de 
Wallon assume que o desenvolvimento da pessoa se faz a partir da 
interação do potencial genético, típico da espécie, e uma grande variedade 
de fatores ambientais. O foco da teoria é essa interação da criança com o 
meio, uma relação complementar entre os fatores orgânicos e 
socioculturais. (MAHONEY & ALMEIDA, 2005, p. 16) 
 
A interação do nascimento à morte deve ser levada em conta quando se fala 
em desenvolvimento, isto se aplicando também às questões da aprendizagem, do 
desenvolvimento cognitivo. 
A pessoa deve ser vista em seu conjunto de forma holística, o que se torna 
um grande problema para àqueles que não destinam um olhar e não desenvolvem 
uma postura com aspectos técnico científico, permitindo-se a uma visão do seu 
próprio referencial não embasadas em informações apropriadas e muitas vezes 
distorcidas. 
Josi Carvalho
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A dependência que se tratou no parágrafo anterior é mais um processo onde 
o sujeito receptor, bebê ou não, está se apropriando das entregas feitas pelo outro, 
que pode ser o provedor, o comunicador ou o meio e adequando-a àquilo que já 
desenvolveu. 
As vertentes psicológicas diferem-se e complementam-se acerca do 
desenvolvimento e aquisição de aprendizagem e Borges (1987) faz uma 
comparação entre as referências da área. 
O autor citado acima considera que para Piaget, o conhecimento do sujeito 
acerca dos objetos não é adquirido passivamente mercê de uma mera gravação de 
informações, mas sim construído através da interação entre esse sujeito e esses 
objetos. 
Para Freud, a questão do desenvolvimento ocorrea partir do seu conceito de 
evolução da libido; esta se processa no desenvolvimento dos estágios oral, anal e 
fálico seguindo-se o estágio de latência que precede o período genital na 
adolescência (BORGES, 1987) estes estágios para Freud é que vão estabelecer a 
forma que o sujeito vai se relacionar com seu objeto de desejo, por exemplo a mãe. 
Borges (1987) verifica que o desenvolvimento humano para Wallon é 
descontínuo e se realiza à custa de crises, conflitos e antagonismos ele aponta a 
existência de duas leis que regem esta evolução: a lei da alternância e a da 
sucessão da preponderância funcional. Wallon, diferentemente de Freud, entende 
que existem seis estádios na personalidade da criança: impulsividade motora, 
emocional, sensório-motor e projetivo, personalismo, categorial e da puberdade. 
Com esta concepção há que se compreender que não existem seres vazios 
ou seja, o sujeito já nasce com alguma predisposição, visto que desde sua 
fecundação está recebendo uma enorme carga de informação pois para manter 
contato com seu objeto de desejo necessita de uma certa capacidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 2: O desenvolvimento gestacional 
 
Fonte da imagem: https://www.google.com/search?q=curiosidade+sobre+o+desenvolvimento+ 
fetal&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjPk8e2hKHiAhX6H7kGHRcbB9UQ_UIDigB&biw=
1366&bih=625#imgrc=g_2cFpY0H3yXoM: 
 
 
 Como dissemos acima o desenvolvimento inicia-se ainda na fase fetal e 
desde o momento de sua concepção já é possível perceber sinais de aprendizagem. 
Por isso, numa entrevista anamnese, investigar as condições da gestação, se o(a) 
filho(a) foi desejado(a), esperado(a), é fundamental, para formar a linha do tempo 
do(a) cliente – aluno(a). 
Papalia, Olds e Feldman (2009) ilustrou em uma tabela os principais pontos 
de do desenvolvimento humano considerando a idade, o desenvolvimento cognitivo 
e psicossocial. 
 
 
Figura 3 - Etapas do Desenvolvimento Cognitivo e Psicossocial: 
 
FAIXA ETÁRIA 
 
 
DESENVOLVIMENTO 
COGNITIVO 
 
DESENVOLVIMENTO 
PSICOSSOCIAL 
 
Período Pré-natal 
(concepção ao nascimento) 
 
As capacidades de aprender e 
lembrar estão presentes durante a 
etapa fetal. 
 
O feto responde à voz da mãe e 
desenvolve preferência por ela. 
 
 
Primeira Infância 
(nascimento aos 3 anos) 
 As capacidades de aprender e 
lembrar estão presentes, 
mesmo nas primeiras 
semanas; 
 O uso de símbolos e a 
capacidade de resolver 
problemas desenvolvem-se ao 
final do segundo ano de vida; 
 Desenvolvimento do apego 
a pais e a outras pessoas; 
 Desenvolvimento da 
autoconsciência; 
 Ocorre uma mudança da 
dependência para a 
autonomia; 
 Aumenta o interesse por 
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 A compreensão e o uso da 
linguagem desenvolvem-se 
rapidamente. 
outras crianças. 
 
 
 
Segunda Infância 
(3 aos 6 anos) 
 O pensamento é egocêntrico, 
mas a compreensão do ponto 
de vista das outras pessoas 
aumenta gradualmente; 
 A imaturidade cognitiva leva a 
algumas ideias ilógicas sobre 
o mundo; 
 A memória e a linguagem se 
aperfeiçoam; 
 A inteligência torna-se mais 
previsível. 
 O autoconceito e a 
compreensão das emoções 
tornam-se mais complexos; 
a auto-estima é global; 
 Aumentam a independência, 
a iniciativa, o autocontrole e 
os cuidados consigo 
mesmo; 
 Desenvolve-se a identidade 
de gênero; 
 O brincar torna-se mais 
imaginativo, mais complexo 
e mais social; 
 Altruísmo, agressão e 
temores são comuns; 
 A família ainda é o foco da 
vida social, mas as outras 
crianças tornam-se mais 
importantes; 
 Frequentar a educação 
infantil é comum. 
 
 
 
 
Terceira Infância 
(6 aos 11 anos) 
 O egocentrismo diminui; 
 As crianças começam a 
pensar com lógica, mas de 
maneira concreta; 
 As habilidades de memória 
e linguagem aumentam; 
 Os desenvolvimentos 
cognitivos permitem que as 
crianças beneficiem-se com 
a educação escolar; 
 Algumas crianças 
apresentam necessidades e 
talentos educacionais 
especiais. 
 O autoconceito torna-se 
mais complexo, 
influenciando a auto-
estima; 
 A co-regulação reflete a 
transferência gradual de 
controle dos pais para a 
criança; 
 Os amigos assumem 
importância central. 
 
 
 
 
Adolescência 
(11 aos 20 anos) 
 Desenvolve-se a 
capacidade de pensar em 
termos abstratos e utilizar o 
raciocínio científico; 
 O pensamento imaturo 
persiste em algumas 
atitudes e em alguns 
comportamentos; 
 A educação se concentra 
na preparação para a 
faculdade ou para a vida 
profissional. 
 
 Busca de identidade, 
incluindo a identidade 
sexual; 
 Relacionamentos com os 
pais são, em geral, bons; 
 Os grupos de amigos 
ajudam a desenvolver e 
testar o autoconceito, 
mas também podem 
exercer uma influência 
anti-social; 
 Os traços e estilos de 
personalidade tornam-se 
relativamente estáveis, 
mas as mudanças na 
personalidade podem ser 
influenciadas pelas 
etapas e pelos eventos 
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de vida; 
 Tomam-se decisões 
sobre os relacionamentos 
íntimos e os estilos de 
vida pessoais. 
 
 
Jovem Adulto 
(20 aos 40 anos) 
 As capacidades cognitivas 
e os julgamentos morais 
assumem maior 
complexidade; 
 Escolhas educacionais e 
profissionais são feitas. 
 Os traços e estilos de 
personalidade tornam-se 
relativamente estáveis, 
mas as mudanças na 
personalidade podem ser 
influenciadas pelas 
etapas e pelos eventos 
de vida; 
 Tomam-se decisões 
sobre os relacionamentos 
íntimos e os estilos de 
vida pessoais; 
 Maior probabilidade de 
casamento e filhos. 
 
 
 
Meia-idade 
(40 aos 65 anos ) 
 Máximo desenvolvimento 
da capacidade cognitivo; 
 O senso de identidade 
continua se desenvolvendo; 
 Capacidades de resolução 
de problemas práticos são 
acentuadas; 
 O rendimento criativo pode 
diminuir, mas melhorar em 
qualidade; 
 Para alguns, o êxito na 
carreira e o sucesso 
financeiro alcançam o 
máximo; para outros, 
podem ocorrer esgotamento 
total ou mudança 
profissional. 
 O senso de identidade 
continua se 
desenvolvendo; 
 A dupla responsabilidade 
de cuidar dos filhos e dos 
pais idosos pode causar 
estresse; 
 A saída dos filhos deixa o 
ninho vazio. 
 
 
Terceira Idade 
(65 anos em diante) 
 A maioria das pessoas 
estão mentalmente em 
alerta. 
 Diminuição do potencial 
cognitivo com prejuízo da 
memória, concentração, 
atenção e memória para 
algumas pessoas. Com isso 
surgem as ideias capazes 
de promover a 
compensação. 
 A aposentadoria pode 
oferecer novas opções 
para a utilização do 
tempo; 
 Convivência com o luto 
causado pela morte de 
pessoas próximas e 
possibilidade da finitude 
da vida; 
 Os relacionamentos com 
a família e com os amigos 
íntimos podem oferecer 
apoio importante; 
 A busca de significado na 
vida assume importância 
central. 
Josi Carvalho
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(Tabela adaptada - PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2009) 
 
A partir desse quadro, podemos entender que o desenvolvimento humano é 
contínuo desde a concepção até a morte de um indivíduo. O estudo do 
desenvolvimento ao tentar agrupar as mudanças que ocorrem ao longo desse 
processo chamado vida aponta para os elementos comuns em cada faixa etária. 
Nesse sentido, essas informações intercalam com outras áreas da psicologia, da 
medicina e da sociologia. 
Freud, Piaget, Vygotsky e outros, continuam sendo a base fundamental para 
se compreender o desenvolvimento individual. Atravésde diferentes olhares, eles 
conseguiram demonstrar como este intrincado processo se estabelece desde o 
nascimento. Alguns pontos comuns são encontrados e devem ser levados em conta 
por exemplo o fato de considerarem a necessidade do desenvolvimento Bio Psico 
Social e levar o leitor/pesquisador a compreender que há uma interdependência 
entre eles, ou seja, sem um não ocorrerá de forma organizada o outro, como será 
apresentado a seguir. 
 
 
1.1 Contribuições da teoria psicanalítica de Sigmund Freud 
 
“A inteligência é o único meio que possuímos para 
dominar nossos instintos” 
Sigmund Freud 
 
Para a psicanálise, o desenvolvimento infantil está ligado a: carinho, afeto, à 
modalidade de relacionamento, ou seja, a significações (QUADROS, 2009), que é 
denominado libido. O sujeito abstrai seu objeto de desejo (pessoas, coisas, ideias) e 
ao entrar em contato sensorial com ele lhe dá um significado, uma importância, um 
valor. Esse significado é próprio de cada indivíduo, pois seu referencial interno será 
o determinante desta relação. 
Para efeito didático pode-se entender que Freud e outros psicanalistas viam 
as ações dos indivíduos sobre três aspectos o da satisfação psíquica (um evento 
psicológico), o da satisfação fisiológica (alimento, abrigo, etc.) e o do 
relacionamento. Quando por exemplo o bebê suga o seio materno ele satisfaz sob o 
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ponto de vista pediátrico suas necessidades básicas –fome-, ao mesmo tempo 
através de uma forma própria está se satisfazendo de afeto, carinho e o introjetando 
o que contribuirá para a formação da afetividade e de uma personalidade sadia. 
Assim o médico verificará as quantidades de mamadas enquanto o psicanalista a 
forma como esta se estabelece (QUADROS, 2009). 
Conforme vimos na aula, para Freud os primeiros anos de vida são de grande 
importância, pois, segundo o que preceitua é na infância que se estrutura a psique 
humana o que levou estudiosos da psicologia do desenvolvimento concentrar seus 
estudos na infância e adolescência. 
 
 
Figura 4: Freud e as etapas do desenvolvimento psicossexual: 
 
 
Fonte: própria autora 
 
 
Vê-se na psicanálise clássica, que o estágio genital encerra o ciclo do 
desenvolvimento da personalidade; não se incluía o desenvolvimento após a 
puberdade “apenas sob o ponto de vista de processo, a sexualidade adulta é uma 
continuidade da sexualidade infantil” (QUADROS, 2009, pg. 77). 
Freud não teve a preocupação efetiva de determinar estágios do 
desenvolvimento, eles podem, entretanto, ser identificados pelo caráter dominante 
de cada fase e não seguem uma cronologia claramente definida, sempre haverá 
uma interpenetração das etapas. 
Oral: 
0 a 12/18 meses
(Boca)
Anal: 
12/18 meses a 3 anos
(Ânus)
Fálico: 
3 a 6 anos
(Órgãos Genitais)
Latência: 
6 a 11 anos
(Nenhuma)
Genital: 
após a puberdade
(Órgãos Genitais)
Josi Carvalho
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Através das tabelas abaixo (Figura 2, 3 e 4) podemos ilustrar os principais 
momentos do desenvolvimento infantil que seguem a evolução da libido, proposto 
por Freud e representados pelas fases: oral, anal, fálica, fase de latência e genital 
(adulta). 
 
 
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Figura 5: Fases do desenvolvimento segundo a psicanálise – Fase Oral 
 
FASES 
 
DEFINIÇÕES 
 
Fase Oral: 
 Primário (0 aos 6 
meses); 
 Secundário 
(aparecimento da 
dentição) a partir do 
sexto mês; 
 
Compreende o início da vida, a sexualidade do 
sujeito, ou sua sensibilidade, necessidade de 
prazer, seu impulso à vida, fonte de conhecimento e 
incorporação. 
 
 
Fonte da fase Oral 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objeto da fase Oral 
 
 
 
 
 
Finalidade Pulsional 
 A zona bucal é a região onde predomina a 
excitação e pode ser entendida como: Complexo 
aerodigestivo, incluindo o trato gastrointestinal, 
os órgãos de fonação e da linguagem, os dos 
sentidos (cavidades que tem relação direta com 
o mundo exterior); 
 A pele com a função superficial (tato) ou 
profundas – sensações proprioceptivas - não há 
para o bebê distinções, é o momento em que o 
“prazer sexual está ligado a excitação da 
cavidade bucal e dos lábios, fornecendo 
significações eletivas pelas quais se exprime e 
se organiza a relação de objeto por exemplo o 
amor com a mãe. (BORGES, 1987). 
 
O seio ou tudo aquilo que se refere a ele ou o 
substitui. Observa-se que o seio tem uma amplitude 
maior, braços, voz, músculos, o leite. Aqui o seio é 
substituto do cordão umbilical e estabelece outra 
realidade para o bebê o da descontinuidade. Para o 
bebê o seio imprime a fantasia de restituição do 
vínculo perdido e simbiose biológica (Quadros 
2009). 
 
O leite, para subsistência (pulsão de 
autoconservação) e o da satisfação de 
relacionamento (pulsão psíquica). 
 
 
 
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Figura 6: Fases do desenvolvimento segundo a psicanálise – Fase Anal 
 
FASES 
 
DEFINIÇÕES 
 
Fase Anal: 
Entre os 2 e os 4 anos de 
idade. 
 
 
Fonte da fase Anal 
 
 
 
Objeto da fase Anal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A criança presta atenção ao controle fisiológico, 
pois isto se torna uma nova fonte de prazer e uma 
autodescoberta; aprende a controlar os esfíncteres 
anais e a bexiga. É um momento de autodomínio e 
socialização, passa a receber elogios por sua 
conquista, além do afastamento gradativo dos pais 
como uma espécie de liberdade, andar sozinha, 
correr, comer sozinha etc. 
A região anal está em evidência nessa faixa etária. 
A criança adquire o controle motor geral, 
desenvolve sensações de domínio, prazer na 
expulsão ou retenção. Nesta fase a criança passa a 
ter uma relação com o mundo exterior através da 
eliminação de produtos não digeríveis, são 
conteúdos internos sendo exteriorizados. 
O objeto desta fase é mais difícil de ser distinguido, 
pois, é uma complementação ou continuidade da 
fase oral. Não existirá uma sem o desenvolvimento 
da outra. Embora a mãe continue sendo o objeto 
privilegiado da criança ela agora é vista por inteiro e 
a criança desenvolve a percepção do todo, 
movimentos de braço e perna o que lhe dá a visão 
espacial. Os elogios e o controle tomam forma mais 
concreta. 
A expulsão do bolo fecal tem um significado muito 
próprio, visto que a criança passa a exercer o 
controle, a musculatura esfincteriana desenvolvida 
permite que ela decida pela expulsão ou não. 
Simbolicamente ela passa a exercer o controle 
sobre a vida ao mesmo tempo que desenvolve 
fantasias do tipo: ser despojado do conteúdo 
corporal, ser arrancado, ser violentado e sobretudo 
esvaziado uma vez que seu contato com o mundo 
exterior via bolo fecal se dá pela sua expulsão. 
Passa de uma visão centrípeta (para si) para uma 
visão centrífuga (exteriorização). 
 
 
 
 
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Finalidade Pulsional da Fase 
Anal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tem duas finalidades a fase expulsiva e a retentiva. 
Na primeira (via fisiológica) a criança vivencia o 
prazer com sensações boas na zona ano retal após 
a eliminação das fezes há aqui uma conotação de 
prazer erótico. Se verifica, também, a via social, há 
um interesse da criança no controle e nas funções 
evacuatórias levando-a a correlacionar com o puxar, 
empurrar, fazer esforço, libertar-se da tensão. E 
finalmente a via contingente, que se apresenta com 
a introdução de medicamentos (supositórios), 
medição de temperatura e a lavagem constante. Há 
aqui o momento que se começa a exigir da criança 
novas posturas ensinando-a a ser educado, a se 
limpar a reter. 
Na segunda, a fase retentiva, o prazer surge no ato 
de reter as fezes: o sentimento de poder, de 
propriedade privada, deposse, de onipotência e 
superestimação narcísica estão associados a esta 
fase. 
 
 
 
20 
Figura 7: Fases do desenvolvimento segundo a psicanálise – Fase Fálica 
 
FASES 
 
DEFINIÇÕES 
 
Fase Fálica: 
Por volta dos 3 anos de 
idade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta fase, a criança integra as outras fases que 
passam a fazer parte da estrutura psicossexual. É 
marcada pela unificação das pulsões sexuais 
parciais sob o primado dos órgãos genitais. 
Para a psicanálise o que conta é o órgão genital 
masculino, pois ele é o único que existe. 
A menina se frustra por não tê-lo e o menino pelo 
medo de perdê-lo (castração). 
Aqui surge o que Freud denomina complexo de 
Édipo1 – desejo simbólico pela mãe por parte do 
menino. 
Os complexos que nunca serão resolvidos, são 
recalcados na infância, por volta dos 6, 7 anos de 
idade. As pulsões desta fase, que são parciais, vão 
se organizando em torno da área genital até a 
puberdade onde se tornam definitivas e permitem o 
encontro sexual pela escolha do objeto de afeto 
para a qual as pulsões convergirão. 
Fonte: Quadros, E. A. Psicologia do Desenvolvimento Humano. Curitiba, 2009 
 
 
 
 
Você consegue pensar a respeito da repercussão na vida de um indivíduo 
que não faz as passagens das fases descritas por Freud? O que aconteceria se uma 
 
1 O Complexo de Édipo é uma relação estabelecida por Freud com a mitologia grega. Édipo, na mitologia apaixona-se e casa-
se com sua mãe, após matar o pai, o desejo impossível. Simbolicamente ele compreende que o menino repete com a mãe este 
comportamento e busca excluir o pai que é um concorrente direto. O menino, que possui o órgão genital masculino, teme a 
castração por parte do pai, enquanto a menina busca o órgão genital masculino por não o possuir. O complexo é recalcado na 
infância porque falar, pensar e agir desta forma não é permitido pelo superego, permanecendo fora da consciência. 
(QUADROS, 2009). 
 
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situação inesperada rompesse com as etapas, ou algum conflito criasse uma 
situação adversa para a criança? 
Para Freud, a não resolução da exigência pertinente a cada etapa, gera no 
indivíduo uma fixação àquela fase. Na psicanálise a fixação refere-se a um apego 
permanente da libido a um estágio inicial e mais primitivo do desenvolvimento, ou 
ainda, um forte apego a pessoas ou coisas. 
As fixações podem ser manifestadas por meio dos seguintes 
comportamentos: 
 
 
Fases 
 
Comportamentos 
 
 
Fase Oral 
 
Fixação: Agressividade verbal, impaciência, uso de 
substâncias destrutivas na adolescência e/ou fase adulta 
(alimentação compulsiva, cigarro, drogas, álcool etc.). 
 
 
Fase Anal 
 
Fixação: avareza, obsessão e compulsividade para a 
organização ou desordem, crueldade e violência 
destrutiva. 
 
 
 
 
Fase Fálica 
 
Fixação: Preocupação, no caso de homens, com a 
afirmação da masculinidade; no caso da mulher, 
sentimentos de inferioridade com relação aos homens. 
Em ambos os casos, a não superação, implica na 
vivência da sexualidade com sentimento de culpa. Uma 
aparente desinibição do comportamento sexual pode 
simbolizar o medo do sexo. 
 
 
Latência 
Genital 
 
Não há fixações. 
 
 
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Os conceitos advindos da psicanálise sofrem constantes críticas em função 
do seu determinismo e do contexto social atual. No entanto, há que se ressaltar que 
contribuem para a compreensão do desenvolvimento da personalidade humana e 
todos os estudos e teorias tiveram início a partir da psicanálise. Pinheiro (2010) 
ressalta que a teoria de Freud aponta para os conceitos de energia psíquica e 
fatores inconscientes de comportamento. 
Os impulsos básicos da teoria freudiana são: pulsão de vida, de morte e de 
agressão. Para Freud a estrutura da personalidade pode ser dividida em consciente, 
pré-consciente e inconsciente, que mais tarde foram trocados pelo conceito 
dinâmico de id, ego e superego. O id, representa as forças biológicas, instintivas; o 
ego representa o princípio da realidade e o superego é a representação das forças 
repressivas da sociedade e da cultura à qual estamos inseridos. 
A evolução psíquica se dá através da evolução da libido, representada pelas 
fases: oral (fonte de prazer é a zona oral do corpo, cuja característica principal da 
fase é a dependência emocional); anal (caracterizada pela retenção); fálica (fase 
que surgem os complexos de Édipo, caracterizada pelo exibicionismo); período de 
latência (a pulsão sexual é canalizada para a aprendizagem); fase genital (alvo ideal 
do desenvolvimento humano). 
Sendo assim, compreender o desenvolvimento humano a partir dos conceitos 
psicanalíticos não é tarefa simples. Apresentamos de maneira sucinta as principais 
ideias de forma resumida a fim de apresentar os princípios norteadores dessa linha 
teórica. 
 
 
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É relevante para os profissionais da saúde e educação estabelecer ao menos 
esse contato ainda que superficial com suas propostas ainda tão atuais. Para os 
alunos que se interessarem poderão aprofundar-se nos estudos através de obras 
como sua biografia, suas obras completas e seus discípulos que complementaram 
suas ideias e ampliaram os conceitos da psicanálise. 
 
Figura 8: Sigmund Freud 
 
 
 
1.2 Contribuições de Lev Semenovich Vygotsky 
 
“O saber que não vem da experiência não é realmente saber”. 
Lev Vygotsky 
 
 
Vygotsky foi um psicólogo nascido em 1896 na Bielorrússia, sua teoria 
preconiza que as relações sociais assumem um papel de destaque e foi base 
para as correntes pedagógicas chamada de socioconstrutivismo ou 
sociointeracionismo. 
Fonte da imagem: 
https://www.google.com/search?biw=1366&bih=625
&tbm=isch&sa=1&ei=WUbfXOvTFoyk5OUP3t62mA
w&q=frases+de+freud+ 
sobre+o+desenvolvimento&oq=frases+de+freud+so
bre+o+desenvolvimento&gs_l=img.3...119742.23499
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 A teoria de Vygotsky traz para a compreensão do desenvolvimento humano e 
para a aprendizagem é que o homem é um ser social formado dentro de um 
ambiente cultural historicamente definido (Rosa, 2012). 
Vygotsky foi o primeiro psicólogo da modernidade a sugerir que os sujeitos 
estão imersos em mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de 
cada pessoa e as funções psicológicas são um produto de atividade cerebral. 
 
Vygosty entendia que o funcionamento psicológico do ser humano deve ser 
compreendido como resultado de uma articulação entre campos biológicos, 
que definem a herança da espécie no âmbito orgânico propriamente dito e 
campos do desenvolvimento, cuja existência efetiva depende 
fundamentalmente dos modos de organização da vida social dos indivíduos. 
(ALVES, VIEIRA, FAITÃO, SIGNOR & ZAMONNER, 2010, p. 245) 
 
Diferenciando-se de autores consagrados como Freud e Piaget, embora estes 
autores também considerem o ambiente, Vygotsky aponta o meio histórico/cultural 
como elementos essenciais no desenvolvimento da criança. Sua teoria encontra no 
desenvolvimento biológico sustentação quando defende a ideia que a maturação 
das regiões neocorticais são profundamente importantes pois determinam a 
capacidade do sujeito para receber a informação da vida social. 
 
[...] na progressiva maturação das áreas neocorticais e na criação de 
conexões que as ligam com as primitivas áreas subcorticais,as funções 
biológicas vão sendo cada vez mais comandadas pelas novas áreas 
corticais; ao mesmo tempo que as funções culturais vão se constituindo. 
Vygotski está chamando a atenção ao fato, fundamental no 
desenvolvimento, da existência de uma estreita relação entre, de um lado, a 
maturação das estruturas do cérebro e a multiplicação das conexões entre 
as áreas primitivas e as novas e, de outro lado, a transformação das 
funções elementares ou biológicas e a constituição das funções superiores 
ou culturais. Em outros termos, ele está apontando no sentido de que existe 
no desenvolvimento infantil uma espécie do que poderíamos chamar, de 
forma metafórica, de “encontro das águas dos dois rios que integram a vida 
humana: a natureza e a cultura”. (PINO, 2005 apud ALVES et all, 2010, p. 
245) 
 
 
 
 
Deve-se, portanto compreender que sua teoria, embora se baseie nas 
relações entre o homem biológico (desenvolvimento das áreas neocorticais) e a 
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constituição das funções culturais ela tem a preocupação de ressaltar a importância 
da significação que o sujeito vai elaborando nesta relação “a atividade neuronal 
superior dos seres humanos não é, como já foi uma vez considerada, simplesmente 
uma “atividade nervosa superior”, mas sim uma atividade nervosa superior que 
interiorizou significados sociais derivados da atividade cultural dos seres humanos 
mediados por signos” (ALVES et al, 2011, pag. 246). 
Neste contexto é que se define o homem e se pode falar de desenvolvimento 
humano. Para se desenvolver o sujeito precisa se apropriar daquilo que está posto 
no meio em que vive, angariar as informações e processá-las de forma a dar sentido 
e, neste processo se inclui as emoções. “Nesse ínterim ganha relevo o fato de que 
tornar-se um humano implica apropriar-se do que é humano (ALVES et al, 2011, p. 
246)”. De posse da informação contida no meio o homem transforma a natureza 
dando então um significado próprio a ela e que possa vir a representar algo que seja 
compreendido, aceito e utilizado por ele. 
Ao explicar os significados Vygotsky lança mão dos artefatos técnicos, 
demonstrando que diferentemente das demais espécies os instrumentos 
desenvolvidos pelo homem já nascem com uma função própria para ela. Um martelo 
tem a característica própria para seu uso. 
 
A invenção e o uso de signos como meios auxiliares para a solução de um 
dado problema psicológico (lembrar, comparar coisas, relatar, escolher, etc.) 
é análoga à invenção e uso de instrumentos, só que agora no campo 
psicológico. O signo age como um instrumento da atividade psicológica de 
maneira análoga ao papel de um instrumento no trabalho. (VYGOTSKY, 
1994, apud ALVES et al, 2011, p. 247). 
 
 
Com isso, aluno, você poderá deduzir que para Vygotsky, os signos são 
fundamentais e seu papel é o de mediador entre o sujeito e o objeto. Observe-se 
então que a criança é ativa e tem capacidade de dar significado para tudo aquilo que 
recebe e não podemos entende-la como uma tábula rasa e sem nenhuma 
possibilidade de interferir nos processos de seu desenvolvimento ou em sua história. 
 
Num sentido amplo, a mediação é toda a intervenção de um terceiro 
elemento que possibilita a interação entre os termos de uma relação”, ou 
seja, para que seja humano os objetos de desejo do indivíduo, considerados 
como um terceiro elemento da relação – homem, signo, objeto-, recebem 
deste um significado, passando a ter uma representatividade, um grau de 
importância que somente funções cognitivas superiores podem exercitar e 
que são propriedades exclusivamente humanas, isto é, o signo é uma 
função que humaniza o objeto seja ele qual for, “se traduz sobretudo pela 
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via da palavra, da linguagem, e tem efeito de constituinte do funcionamento 
cognitivo humano (PINO, 1991 apud ALVES et al, 2011, p. 248). 
 
 
A criança para Vygotsky é receptiva e fomentadora de transformações, tem 
capacidades que vão se desenvolvendo a medida de sua maturidade biológica e do 
seu acesso ao processo histórico social, que ela vai usar significando os objetos. Ela 
toma o que a ela se apresenta no meio cultural, apropria-se dos artefatos 
disponíveis em sua cultura e aprende a partir daí. 
 
Desde o primeiro instante de vida a conduta da criança começa a se 
estruturar em vista de uma situação social de desenvolvimento que 
circunstancia o processo através do qual ela vai se apropriar dos artefatos 
materiais e simbólicos presentes no seu grupo cultural. Trata-se de um ente 
histórico concreto, que vive, elabora, experimenta e significa desde o lugar 
que ocupa na trama de relações sociais mais amplas que, por sua vez, 
demarcam as possibilidades para relações sociais mais restritas no âmbito 
familiar e microgenético (ALVES et al, 2011, p. 248). 
 
 
De acordo com Vygotsky, o processo de falar e de pensar podem parecer 
elementos idênticos na vida adulta. No entanto são dois processos 
interdependentes, que não apresentam a mesma origem e se desenvolvem em 
momentos diferentes. 
Segundo Rosa (2011), o desenvolvimento da fala é representativo e 
demonstra a evolução da criança com características próprias que convergem para 
a mesma trajetória num determinado momento. O pensamento processa as 
informações recebidas, dando significado a eles e a fala é um meio para atingir o 
pensamento. 
Para a criança em seus primeiros estágios a palavra ainda não é 
compreendida em sua totalidade, ou seja, o poder simbólico da palavra não foi 
totalmente desenvolvido. O objeto que está sendo descrito ou falado para a criança 
não substitui como para o adulto o objeto, somente mais tarde isto vai sendo 
incorporado e o significados das coisas vão sendo apropriados por ela. 
 
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Vygotsky sequencia o desenvolvimento nas seguintes etapas: (apud ROSA, 
2011, p. 5) 
 
1. No seu desenvolvimento ontogenético, o pensamento e a fala têm 
raízes diferentes. 
2. Podemos, com certeza, estabelecer, no desenvolvimento da fala da 
criança, um estágio pré-intelectual; e no desenvolvimento de seu 
pensamento, um estágio pré-linguístico. 
3. A uma certa altura, essas linhas se encontram; consequentemente, o 
pensamento torna-se verbal e a fala racional. 
(ROSA, 2011, p. 5) 
 
Rosa (2011) resume que o desenvolvimento da fala para Vygotsky não 
acontece de forma abrupta na criança. Para atingir estes estágios, ela vivencia um 
processo de maturação físico e psíquico que obedece à seguinte sequência: 
 
1. Natural ou primitivo - este é o estágio característico da fala pré-
intelectual. 
2. Psicologia ingênua (correspondendo a uma Física ingênua) - esta é a 
fase da inteligência prática (relacionada à manipulação de objetos). 
Neste período temos a capacidade de manipular os termos: porque, 
quando, se, mas, etc. Porém, esse domínio é operacional, não havendo 
ainda uma apropriação das funções lógicas (causais, temporais, 
condicionais, etc.) ligadas a estes termos. 
3. Operações externas - esta fase corresponde à fase egocêntrica 
piagetiana. 
4. Crescimento interior - nesta fase há um deslocamento para dentro da 
fala, com o aparecimento, na sua etapa final, da fala interior. Esta tem 
uma função completamente diferente da fala externa: a sua função é 
uma função planificadora. Este é o ponto em que aparece o pensamento 
verbal. Este processo é um processo sócio histórico por excelência. 
Fonte: https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-
gratis/Rapaz-pensando-em-
quest%C3%A3o/70001.html 
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(ROSA, 2011, p. 5) 
 
 
A palavra, para Vygotsky, é o caminho para que o sujeito possa se 
desenvolver e mais ainda possa sobreviver. Sua dependência do outro é 
minimizada pelo processo comunicacional que se estabelece pela linguagem. “É na 
concreticidade da vida que se originam as palavras e as razões de ser dessas 
palavras. E são elas que vão, grávidas da complexidade da teia humana, 
constituindo cada sujeito no percurso do seu desenvolvimento como humano” 
(ALVES et al, 2011, p. 250). 
O acesso da criança ao mundo se dá, portanto, pelas palavras cujo poder de 
transformar-se em símbolos dando significado aos objetos é uma competência 
humana e humanizadora da sociedade. 
 
 
 
E o brincar? Como o brincar pode contribuir para o desenvolvimento infantil já 
que todas as crianças brincam? 
O brincar é sinônimo de fazer no caso da criança. O fazer é uma das mais 
importantes ações para o aprendizado seja na infância ou na vida adulta. Na 
infância o brincar é uma das mais importantes vias de acesso da criança em 
direção a abstração do significado do objeto. 
 
Dê um grande valor à capacidade da criança de brincar. Se uma criança 
brinca há lugar para um sintoma ou dois, e se ela gosta de brincar tanto 
sozinha quanto com outras crianças não há problemas graves em 
funcionamento. Se ao brincar ela tem prazer em usar uma rica imaginação 
(que Winnicott mais ou menos igualava a ser inteligente), e se, além disso, 
ela também gosta de jogos que depende da percepção exata da realidade 
extrema, você pode se considerar feliz, mesmo que a criança em questão 
molhe acama, gagueja, seja temperamental, tenha ataques de mau humor 
ou de depressão. O brincar mostra que essa criança é capaz de, dado um 
ambiente razoavelmente bom e estável, desenvolver um modo de vida 
pessoal e ,eventualmente, de tornar-se um ser humano total, desejado 
graças a isso, e bem vindo pelo mundo em torno. (WINNICOTT, apud 
NEWMAN, 2003). 
 
 
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Da mesma forma pode-se afirmar que o fazer na fase adulta também permite 
o desenvolvimento do indivíduo é claro que em outras esferas, mas, o trabalho, o 
lazer, os estudos possibilitam a continuidade da aquisição dos símbolos e de novos 
significados assim como da ressignificação dos objetos. 
Ao utilizar os artefatos do meio para brincar, seja uma roda que transforma no 
volante do carro, uma boneca que se torna criança ou uma espiga de milho 
(situação encontrada no interior) para se tornar uma boneca a criança está lidando 
com seu espaço cultural e se transformando como pessoa. 
 
Um conteúdo, parafraseando Freire, de experiência feito. Tecido desde o 
lugar social ocupado pelo sujeito que brinca na trama através da qual se 
tece como pessoa. Conhecer e analisar esse conteúdo da atividade 
principal da criança é a chave para a mediação pedagógica comprometida 
com o desenvolvimento, tanto de funções psicológicas superiores quanto de 
modos de comportamento, de personalidade. Expressão cunhada por Paulo 
Freire para referir-se aos saberes construídos na experiência sócio-cultural 
dos sujeitos (ALVES et al, 2011, p. 251). 
 
 
Estará, então, a criança imersa em uma série de informações construídas 
pelas palavras que darão sentido aos objetos, estará ela imersa em afazeres e cada 
uma destas questões são vistas não pela concretude pura da situação, mas pelo 
significado. Uma palavra não expressa ou descreve somente um objeto ela está 
eivada de conteúdos, bons, ruins, belos, feios, importantes ou não, agradáveis ou 
desagradáveis. 
Não basta que o profissional da educação tente uma interação com a criança 
ou com o educando em qualquer idade, se, não houver uma atenção especial para o 
conteúdo cognitivo e psicológico abstraído por ele. Por exemplo, o ensino de 
matemática somente terá efeito se os números tiverem adquirido um significado, em 
outras palavras, somente se houver um conteúdo histórico/social e um 
desenvolvimento bio/psíquico adequado o sujeito abstraíra o significado daquilo que 
se quer ensinar, nunca, porém, terá o mesmo significado que tem para o educador, 
especialmente no grau de importância, pois cada sujeito atuará de acordo com seu 
referencial. 
 
 
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Define-se assim, o papel da educação da infância pautada pela abordagem 
histórico-cultural. Conhecer a linguagem, o conteúdo da linguagem presente 
na brincadeira e fazer desse conteúdo instrumento de intervenção 
pedagógica que, por sua vez, se fará pela mediação simbólica 
deliberadamente organizada pela prática educativa atenta aos modos de 
pensar revelados na fala infantil. [...] é apenas pela análise do conteúdo da 
atividade da criança que podemos compreender a formação de seu 
psiquismo e de sua personalidade, e acima de tudo, o papel da educação 
em seu desenvolvimento. (MARTINS, 2006, apud ALVES et al, 2011, p. 
253). 
 
O desenvolvimento da criança se dá com o apoio e participação efetiva do 
outro, por meio da linguagem e dos sinais que darão significado aos objetos é 
imprudência imaginar ser possível transferir pura e simplesmente conteúdos que 
estão em sua cabeça para a do educando para Vygotsky, por exemplo. Isto leva a 
um ponto importante para este autor, a formação dos conceitos que são abstrações 
que trazem uma série de informações (abstratas e concretas) e dão a visão clara do 
objeto de estudo em pauta. 
Os estudos desenvolvidos por Vygotsky mostraram é apenas na adolescência 
que os conceitos, dado o grau de complexidade, passam ser desenvolvidos no 
indivíduo. Antes disto pode-se dizer que o sujeito consegue fazer classificações que 
começam a se desenvolver em uma fase que foi por ele denominada: 
1) Fase I - amontoado ou agregação desorganizada; 
2) Fase II - pensamentos complexos; 
3) Fase III - pensamento conceitual. 
 
Nossa investigação mostrou que um conceito se forma não pela interação 
das associações, mas mediante uma operação intelectual em que todas as 
funções mentais elementares participam de uma combinação específica. 
Essa operação é dirigida pelo uso das palavras como o meio para centrar 
ativamente a atenção, abstrair determinados traços, sintetizá-los e 
simbolizá-los por meio de um signo. Os processos que levam à formação 
dos conceitos evoluem ao longo de duas linhas principais. A primeira é a 
formação dos complexos: a criança agrupa diversos objetos “um nome de 
família” comum; esse processo passa por vários estágios. A segunda linha 
de desenvolvimento é a formação de “conceitos potenciais”, baseados no 
isolamento de certos atributos comuns. Em ambos os casos, o emprego da 
palavra é parte integrante dos processos de desenvolvimento, e a palavra 
conserva a sua função diretiva na formação dos conceitos verdadeiros, aos 
quais esses processos conduzem. (VYGOTSKY, apud ROSA, 2011, p. 9) 
 
 
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Uma das preocupações de Vygotsky foi que sua teoria possibilitasse 
compreender as formas de aprendizagem, ele chama de aprendizagem ou conceito 
cientifico o qual necessita de um aparato formal para ser aplicado por exemplo a 
escola e o aprendizado espontâneo ou cotidiano que é adquirido informalmente. 
 Para melhor compreender a diferença entre ambas ele desenvolve o conceito 
de Zona Desenvolvimento Real (ZDR), são as funções psíquicas e habilidades já 
desenvolvidas e que estão sob o domínio do sujeito e a outra é a Zona de 
Desenvolvimento Proximal (ZDP) que são aquelas habilidades que possibilitam o 
sujeito atingir os objetivos, porém sob assistência ou orientação de um adulto ou 
uma pessoa experiente. 
 
Propomos que um aspecto essencial do aprendizado é o fato de ele criar 
uma zona de desenvolvimento proximal; ou seja, o aprendizado desperta 
vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar 
somente quando a criançainterage com pessoas em seu ambiente e 
quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados, 
esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento 
independente da criança. (VYGOTSKY apud ROSA, 2011, p. 12). 
 
Na medida em que vai dando significado aos objetos (pessoas, coisas, 
fatos...) a criança vai introjetando de forma simbólica o mundo exterior tendo assim 
condições de conviver com ele mesmo quando sentir-se frustrada. Sua contribuição 
apresentada aqui resumidamente tem o objetivo de introduzir o profissional da 
educação em uma conceituação teórica de altíssimo valor, pois, não se baseia em 
suposições mas sim em observações e desenvolvimento cientifico, possibilitando um 
novo olhar para a criança, o adolescente e o adulto especialmente em situação de 
aprendizagem. 
 
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Figura 8: Vygotsky 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte da imagem: https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-teorico-do-ensino-como-processo-
social. 
 
 
1.3 Contribuições da teoria de Jean Piaget 
 
“A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser 
humano". 
Jean Piaget 
 
Jean Piaget foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, nascido em 1896, 
mesmo ano de Vygotsky. 
A teoria piagetiana é uma das mais discutidas e conhecidas, ocupa um lugar 
de destaque nos meios acadêmicos, sendo citada em todos os cursos universitário e 
de pós-graduação nas áreas da educação. Jean Piaget formulou sua teoria através 
da observação do desenvolvimento de seus filhos, para explicar questões 
epistemológica, ou seja, compreender como os sujeitos evoluem de um estágio do 
conhecimento para outro superior. A transmissão de conhecimentos é uma 
possibilidade limitada. Não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não 
tem maturidade de absorver. 
 
Um dos grandes temas da epistemologia é saber como se passa de um 
estado de menor conhecimento para um estado de maior conhecimento, de 
um conhecimento de menor valor para um conhecimento de maior valor. 
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Esse problema, que seduziu o jovem Piaget como seduz a todos os que se 
envolvem nessa área, pode ser compreendido com base nas formulações 
do filósofo Immanuel Kant (VINÍCIUS, 2008, p.1). 
 
Para entender a teoria de Piaget, vamos sintetizar os seus principais 
conceitos, a fim de facilitar a ordenação de suas ideias. 
Sabemos que as crianças não aprendem igualmente. Os estágios descritos 
por ele são mutáveis e o sujeito necessita de certas condições para dar segmento 
ao processo de aprendizagem. O desenvolvimento motor, os estímulos externos e o 
desenvolvimento psíquico foram considerados em suas observações. 
 
 
Figura 9 - Principais Pressupostos da Teoria Piagetiana. 
 
CONCEITOS 
 
DEFINIÇÕES 
 
1. Conhecimento e 
apropriação do objeto; 
O conhecimento do objeto é construído a partir da 
interação entre o sujeito e o objeto e não é 
adquirido passivamente mercê de uma mera 
gravação de informações. 
 
 
2. Interação sujeito - objeto 
 
 
A interação sujeito - objeto (foco do estudo do 
construtivismo genético) é constituída por um 
conjunto de assimilações e acomodações, sendo 
considerados aqui tanto o sentido biológico como 
o intelectual. Assimilação consiste na integração 
dos elementos externos do objeto aos esquemas 
e estruturas pré-existentes no organismo. 
Acomodação consiste nas modificações 
introduzidas nesses esquemas , nas estruturas 
resultantes do processo de assimilação dos 
elementos externos. 
 
3. Assimilação e 
acomodação 
Processos interdependentes e é a partir dos 
sucessivos equilíbrios estabelecidos que o 
desenvolvimento intelectual é entendido. 
 
 
 
 
 
4. Estágios do 
desenvolvimento 
Para Piaget a inteligência se desenvolve da 
seguinte forma: 
a) ordem constante na evolução dos estágios; 
b) construção progressiva das estruturas, 
integrando-se às antecedentes; 
c) construção de uma estrutura de conjunto, 
caracterizada por leis de totalidade que permitem 
a determinação de todas as operações 
abrangidas por essa estrutura; 
d) inclusão de um nível de preparação e um nível 
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de acabamento da estrutura; 
d) existência, em cada estágio, de processos de 
formação de formas de equilíbrio final 
correspondendo a estrutura de conjunto. 
 
5. Equilibração e auto-
regulação 
Processo representado pelos estágios: 
a) Sensório motor com seis sub estágios (Figura 
6); 
b) Preparação e organização da inteligência 
operatória concreta com cinco sub estágios 
(Figura 6); 
c) Inteligência operatória formal com dois sub 
estádios (Figura 6). 
Fonte: Adaptado de Borges, Ana M. Introdução à Psicologia do Desenvolvimento. Jornal de 
Psicologia, Porto-PT 1987. 
 
 
De acordo com Borges (1987) nem toda criança acompanha os estágios 
rigorosamente da forma que Piaget nos apresenta. Cada uma apresenta diferenças 
individuais e do contexto social à qual está inserida. 
Se pudéssemos formular uma viagem iniciada na época da construção da 
teoria de Piaget até os dias atuais mostraria que contribuição da educação, os 
processos de comunicação, o avanço da medicina e da psicologia permitem que a 
criança conquiste muito mais rapidamente alguns estágios considerados por Piaget 
do que em sua época. Por isso, deve-se levar em conta os avanços propostos pelas 
diversas ciências que intervêm diretamente na formação da personalidade infantil. 
 
Deste modo, as crianças poderão, em qualquer idade, funcionar 
diferentemente nas mesmas áreas, e, consequente, no adulto o sistema 
cognitivo será pouco homogêneo. Nesta linha, talvez seja mais adequado 
falar em sequências e em estruturas verticais no crescimento cognitivo 
humano. (BORGES, 1987, p. 37). 
 
Figura 10: Estágios na teoria de Piaget 
 
IDADE 
 
 
ESTÁGIOS 
 
CONCEITO 
 
 
 
 
1 a 2 anos 
 
 
 
 
 
Sensório-Motor 
Piaget usa a expressão "a passagem do caos ao cosmo" 
para descrever esse estágio. A criança nasce em um 
universo para ela caótico, habitado por objetos 
evanescentes (que desapareceriam uma vez fora do campo 
da percepção), com tempo e espaço subjetivamente 
sentidos, e causalidade reduzida ao poder das ações, em 
uma forma de onipotência" (id ibid). No recém-nascido, 
portanto, as funções mentais limitam-se ao exercício dos 
aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que 
circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os 
movimentos (como a sucção, o movimento dos olhos, por 
exemplo). 
 
35 
 
 
 
 
2 a 7 anos 
 
 
 
 
Pré-Operatório 
Para Piaget, a linguagem é a função simbólica e semiótica 
adquirida que marca a passagem do período sensório-motor 
para o pré-operatório. Não se pode atribuir à linguagem a 
origem da lógica, uma vez que a inteligência é anterior e 
constitui o núcleo do pensamento racional. A linguagem é 
considerada como uma condição necessária mas não 
suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de 
reorganização da ação cognitiva que não é dado pela 
linguagem. Sendo assim, a linguagem depende do 
desenvolvimento da inteligência. A criança não concebe 
uma realidade da qual não faça parte, devido à ausência de 
esquemas conceituais e da lógica. 
 
 
 
 
7 a 11 anos 
 
 
 
 
Operações 
Concretas 
Emerge a capacidade da criança de estabelecer relações e 
coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem) 
e de integrá-los de modo lógico e coerente. A criança passa 
a interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar 
operações mentalmente e não mais apenas através de 
ações físicas típicas da inteligência sensório-motor. 
Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma 
coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações 
executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos 
ou situações passíveisde serem manipuladas ou 
imaginadas de forma concreta. Além disso, a criança ainda 
não havia adquirido a capacidade de reversibilidade. 
 
11 anos em 
diante 
 
Operações 
Formais 
Nesta fase, a criança adquire autonomia através da 
ampliação das capacidades conquistadas na fase anterior; já 
consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela 
é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através 
deles executar operações mentais dentro de princípios da 
lógica formal. A criança adquire capacidade de criticar os 
sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute 
valores morais de seus pais e constrói os seus próprios. 
Fonte: Márcia Regina Terra. O desenvolvimento Humano na Teoria de Piaget. 
 
Outras considerações devem ser feitas sobre os conceitos traduzidos por sua 
teoria. A noção de Assimilação e Acomodação garante a estabilidade de estruturas 
cognitivas para poder ser reconhecido um outro estágio (BORGES, 1987). Embora 
Piaget não tenha negado, na sua teoria não considerou o processo motivacional e 
as relações afetivas que envolvem a relação sujeito – objeto. 
 
 
Faz-se necessário que o educador ou o profissional que está ligado à 
educação observe as diferenças individuais, os recursos externos disponibilizados 
para as crianças e quais as aptidões acionadas pela criança para que atinja o 
próximo. 
 
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A assimilação é o processo no qual o indivíduo inicia ao conhecer o objeto 
através dos referenciais cognitivos nomeados de esquemas cognitivos, que já 
possui, mesmo que esses não sejam suficientes para um total entendimento. 
 A acomodação para Piaget é a forma como o sujeito mantém a relação com o 
objeto. Ocorre somente a partir do momento em que ele desenvolveu e se apropriou 
de esquemas cognitivos, estes esquemas serão então modificados pelo acesso, 
esforço e por adquirir novos conhecimentos ou conhecer o novo. 
Na sequência, permite ou possibilita que a criança migre para os estágios 
seguintes, mais complexos. Não acontece o conhecimento propriamente dito se não 
houver um processo que envolva o sujeito e levo-o a se apropriar do objeto a partir 
de seus referenciais, os quais também serão alterados isto cria um processo uma 
dialética que faz o sujeito crescer, se desenvolver e acessar categorias mais 
complexas. 
Com estes pressupostos Piaget lança o desafio aos educadores o de tornar a 
busca pelo objeto algo dinâmico, criativo e transformador, não haverá 
desenvolvimento se não houver situações desafiadoras que leve o educando a 
busca do conhecimento como um agente ativo e não simplesmente recebê-la 
gratuitamente como um mero expectador sem possibilidade de ação. 
Os estímulos à busca desta dinâmica devem ser iniciada e oportunizada pelos 
pais e escola por meio dos profissionais que dela fazem parte. Piaget acredita na 
construção do conhecimento, apropriar-se dele é fazê-lo de forma ativa e nunca 
passivamente. 
 
 
 
Aluno, você deve ter percebido que para Piaget a construção do 
conhecimento é também uma forma de criar uma escola transformadora, seja nos 
aspectos educacionais propriamente ditos como nas ações culturais, políticas e 
sociais. Ser transformador tem um amplo significado é acima de tudo preparar o 
indivíduo para o mundo que ele deverá não somente aceitar passivamente, mas, 
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transformar em um mundo sempre melhor. Nesta visão não é papel da escola 
ensinar esta ou aquela disciplina, mas, o homem em sua totalidade. 
Piaget também pode ser compreendido como o epistemólogo que elaborou 
instrumentos teóricos para incentivar a luta dos educadores, e de todos os cidadãos, 
por uma sociedade e uma escola mais justas e igualitárias. Nesta direção, suas 
ideias tornam-se um legado para todos os que acreditam na possibilidade de uma 
educação escolar transformadora, que propicie liberdade de pensamento e ação 
para todas as crianças e jovens, e contribua para a construção de um novo mundo 
no futuro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme vimos na aula Piaget e Vygotsky apresentam diferenças sutis. A 
seguir você encontrará o quadro dessas diferenças para complementar o raciocínio 
desenvolvido até agora: 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-
gratis/Rapaz-pensando-em-
quest%C3%A3o/70001.html 
VOCÊ SABIA? 
 
Dentro da psicologia do desenvolvimento existem 
teorias que divergem e complementam-se entre si. 
Podemos dividi-las em: 
 
Teoria Psicanalista: Sigmund Freud; 
Teoria Psicanalista Culturalista: Eric Erikson 
Perspectiva etológica: J. Bowlby 
Teoria cognitivo-desenvolvimental: Piaget 
Perspectiva sócio-cognitiva: Vygotsky 
Modelo bioecológico: Bronfrenbrenner 
 
Esses são apenas alguns representantes e suas 
respectivas linhas teóricas. Existem outros. Para 
conhecer todos esses estudiosos exigiria um 
estudo mais aprofundado de uma disciplina para 
falar de suas ideias e aplicabilidade. 
 
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Figura 11: Diferenças na teoria de Vygotsky e Piaget no desenvolvimento 
Vygotsky Piaget 
O desenvolvimento cognitivo se dá através 
de um processo de apropriação da 
experiência histórica e cultural durante a vida 
toda. 
O desenvolvimento cognitivo e afetivo se dá 
através dos estágios sequenciais: 
• Sensório Motor: 0 a 2 anos 
• Pré Operatório: 2 a 7 anos 
• Operatório Completo: 7 a 11 anos 
• Operatório Formal: 11 a 15 anos ou mais 
Vygotsky Piaget 
O desenvolvimento cognitivo se dá através de 
um processo de apropriação da experiência 
histórica e cultural durante a vida toda. 
O desenvolvimento cognitivo e afetivo se dá 
através dos estágios sequenciais: 
• Sensório Motor: 0 a 2 anos 
• Pré Operatório: 2 a 7 anos 
• Operatório Completo: 7 a 11 anos 
• Operatório Formal: 11 a 15 anos ou mais 
Vygotsky Piaget 
• Desenvolvimento e aprendizagem são 
processos que ocorrem simultaneamente, são 
interdependentes e recíprocos; 
• A linguagem é a chave para o homem 
acessar os eventos e objetos; 
• O professor é o mediador do processo de 
ensino- aprendizagem e deve conhecer a 
base de conhecimento de seus alunos; 
precisa planejar o processo de aprendizagem 
a fim de atingir o potencial do aluno, 
construindo o conhecimento. 
• O professor não deve abrir mão da reflexão 
sobre sua prática pedagógica e precisa 
encorajar o aluno assumir a responsabilidade 
por sua própria aprendizagem 
• A aprendizagem depende do desenvolvimento 
cognitivo, afetivo e dos seus estágios; 
• O homem tem acesso direto aos objetos e eventos. 
• O professor precisa pensar e desenvolver situações 
de aprendizagem que sejam equivalentes ao estágio 
de desenvolvimento cognitivo no qual o aluno se 
encontra e representem, ao mesmo tempo, um 
desafio a eles. 
Fonte: elaborado pela autora. 
 
 
Na sequência você encontrará sugestões de atividades para que você possa 
colocar em prática o conhecimento assimilado e acomodado. 
 
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Leitura complementar: 
 Psicologia do Desenvolvimento: uma perspectiva histórica 
Autora: Márcia Elia da Mota Universidade Federal de Juiz de Fora 
Disponível em: 
http://fernandavaz.pbworks.com/w/file/fetch/98954976/Artigo%20aula%201.pd
f. Acessado em 29/04/2019. 
 
 Psicologia do desenvolvimento (vol.1) teorias do desenvolvimento conceitos 
fundamentais. 
Autora: Clara Regina Rappaport 
Disponível em: https://feapsico2012.files.wordpress.com/2016/11/piaget.pdf. 
Acessado em 29/04/2019 
 
 
 
 Atividade de Aplicação 
 
 A cinematografia pode favorecer a exemplificaçãodo conteúdo aprendido. 
Sugiro os seguintes filmes e em cada um deles 
 Reconheçam as fases do desenvolvimento descrita pelos principais autores 
estudados nesse capítulo; 
 Reflita se a intervenção oferecida ajudou no desenvolvimento do aluno em 
questão; 
 Se você fosse montar um plano de ação, baseado no conteúdo aprendido 
nesse capítulo, qual seria? 
 
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Sugestão de filme: 
 O Enigma de Kaspar Hauser. Drama, Alemanha Ocidental, 1974 110 min. 
Tema: violência, relações sociais, psicologia do desenvolvimento 
Sinopse: A partir de uma abordagem histórico-cultural em Psicologia, este 
trabalho analisa o percurso de desenvolvimento de Kaspar Hauser, um 
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personagem real e enigmático que, quando encontrado em Nuremberg, em 
1928, com supostamente 15 anos, não sabia falar, nem andar e não se 
comportava como humano. Até hoje o seu enigma persiste: apesar de muitas 
hipóteses e suspeitas, não se descobriu sua origem. Apoiando-se em estudos 
de Vygotsky e Luria, que indicam que a percepção depende, sobretudo, da 
práxis social, necessária para gestar o referencial cultural de apreensão da 
realidade, a autora analisa como se articulam linguagem e pensamento no 
desenvolvimento cognitivo de Kaspar Hauser e como ele concebe o mundo 
que o cerca, tendo sido privado dos filtros e estereótipos culturais que 
condicionam a percepção e o conhecimento. 
 
 
 
 
Chegamos ao final da Unidade 1. Até aqui você viu, os três principais autores 
Freud, Vygotsky e Piaget possibilitaram por suas pesquisas a geração de três 
importantes teorias que até os dias de hoje influenciam a psicologia do 
desenvolvimento, a pedagogia e a psicopedagogia. Com exceção de Vygotsky é 
importante lembrar que os autores não estavam preocupados com as questões 
pedagógicas, ou seja, eles não desenvolveram uma teoria pedagógica; tinham o 
interesse de verificar como o sujeito evolui quando estabelece relações com o 
mundo exterior. 
Os autores embora com olhares diferentes e eventualmente objetivos, 
enfatizaram a necessidade de se observar o desenvolvimento biológico, o 
psicológico e as ofertas do meio ambiente, com isto, esclarecem-nos de que forma 
as competências sociais e cognitivas se estabelecem, isto é, o sujeito somente 
demonstrará sua competência através de ações e para isto deve ter adquirido 
habilidades que dependem de sua maturidade biológica de seu desenvolvimento 
psicológico – afetividade, emocionais- que lhe permitam uma boa relação com o 
objeto que está disponível no meio ambiente – pessoas e coisas- que ele vai 
abstraindo e conceituando, vai interpretando e introjetando. 
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 Diversos outros autores poderiam ser discutidos, são escolas diferentes com 
olhares próprios, optou-se, no entanto, por estes três autores por serem eles 
considerados de suma importância para o estudo da pedagogia. 
Para você que está trilhando o caminho da psicopedagogia, lidar com o 
processo de desenvolvimento fará parte do dia a dia e com isso pretendeu-se 
mostrar aqui que não será factível atingir determinados objetivos cognitivos se não 
forem levados em consideração as variáveis afetivas, cognitivas, familiares, sociais e 
biológicas em todo ciclo da vida. 
As diferentes teorias apresentadas podem ser utilizadas por você de forma 
complementar ou simplesmente oferecer base à novas construções que serão 
encontradas por vocês na caminhada profissional. Reforçamos que é de extrema 
importância compreender que a multidisciplinaridade deve ser foco de interesse de 
todo profissional seja com a psicologia, medicina, biologia, antropologia, sociologia e 
educação, dentre outras. 
Espero que você tenha aproveitado o conteúdo, busque a complementação 
através das leituras sugeridas, exercite assistindo os filmes e respondendo a 
atividade reflexiva. 
Pronto para a próxima etapa? 
Então vamos lá... Avante! 
 
 
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2. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO: INTERFACES 
ENTRE A PSICANÁLISE E A PSICOPEDAGOGIA 
 
Olá aluno(a), seja bem-vindo à segunda unidade! 
Aqui trataremos da união do desenvolvimento cognitivo e afetivo, inserindo-os 
no ponto de encontro da psicanálise com a psicopedagogia. 
Na Unidade 1 aprendemos que a criança e o adolescente que chega na 
escola é um indivíduo, ainda em formação composto de aspectos biológicos, 
psicológicos e sociais. 
 
Figura 12: Interfaces entre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor 
 
 
 
Fonte da imagem: https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&ved=2ahUKEwiljaqcm6riAhXlKrkGHVXbDbcQjRx6BAg 
BEAU&url=http%3A%2F%2Fpedagogiaeeducacao-blog.blogspot.com%2F2018%2F05%2Fdocumentario-desenvolvimento-afetivo-
e.html&psig=AOvVaw25GZ4OJDSbZ67OVigJg3c&ust=1558445262964224 
 
 
Como vemos na figura acima, os aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores 
estão todos interligados. Intermediando e interferindo esse desenvolvimento, 
encontramos as dificuldades de aprendizagem e os sintomas que envolvem o 
processo de não aprendizagem ou de outro tipo de diagnóstico. 
Esse aspecto tem sido um dos grandes desafios que insistem em perpetuar, 
ganhando maior visibilidade nos dias atuais. Dizer que a criança tem “problema de 
aprendizagem” é muitas vezes transferir para um único ator a responsabilidade de 
um conjunto de situações sendo a maioria delas a própria criança. 
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Problemas de aprendizagem tem sido o nome encontrado por profissionais 
de várias áreas para tentar falar do que não corresponde ao esperado no 
processo de aprendizagem. Cada campo de saber define o problema de 
aprendizagem de um modo particular (MAIA, MEDEIROS & FONTES, 2012, 
p.44) 
 
Associar o “problema” à criança reforça os preconceitos e marcas que podem 
inviabilizar a aprendizagem, por desistência dos envolvidos – criança, família, escola 
e sociedade. 
 
Tais práticas e processos produzem nos alunos atitudes e comportamentos 
que são comumente tomados como 'indisciplina', 'desajustamento', 'distúrbio 
emocional', 'hiperatividade', 'apatia', 'disfunção cerebral mínima', 
'agressividade', 'deficiência mental leve' e tantos outros rótulos caros a 
professores e psicólogos. (PATTO, 1997, p. 1) 
 
O

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