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1 PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO, RELAÇÕES SOCIOAFETIVAS, DINÂMICA DAS RELAÇÕES FAMILIARES E AS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL Profa. Me. Heloisa De Lucca Nobre Coppola Prof. Me. Edna Barberato Genghini COPPOLA, Heloisa de Lucca Nobre GENGHINI, Edna Barberato Psicologia do Desenvolvimento, Relações socioafetivas, Dinâmica das Relações Familiares e as Implicações na Saúde Mental (livro-texto) / Heloisa de Lucca Nobre Coppola; Edna Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 122 p. il. 1. Psicologia do desenvolvimento. 2. Família. 3. Saúde Mental e Emocional. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Psicologia do Desenvolvimento, Relações socioafetivas, Dinâmica das Relações Familiares e as Implicações na Saúde Mental. 3 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO, RELAÇÕES SOCIOAFETIVAS, DINÂMICA DAS RELAÇÕES FAMILIARES E AS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL Apresentação do professor-autor HELOISA DE LUCCA NOBRE COPPOLA, psicóloga clínica desde 2001. Formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com especialização em Terapia Cognitivo Comportamental em 2004 pelo extinto Instituto Pieron. Especialista em Terapia Familiar e Orientação de Casal na abordagem Sistêmica pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP em 2013. Conclusão do Mestrado em 2019 pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP. Inicia neste mesmo ano, 2019, carreira acadêmica na UNIP – Universidade Paulista com essa disciplina apresentada no curso por EaD. Psicopedagogia e Neurociências. Professora Colaboradora: EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três cursos ao nível de Pós Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL, DOCÊNCIA PARA O ENSINO SUPERIOR e em FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, pela UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP/EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA LTDA. ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica - Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós-graduação Lato Sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP - Universidade Paulista (2011). É autora e coautora de livros Textos para os cursos de Pós Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: Neurociências - Educação Inclusiva - Psicopedagogia Clínica e Institucional - Formação e Gestão em Educação a Distância - Formação de Docentes para o Ensino Superior. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 05 Unidade I: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 07 1.1 Contribuições da teoria psicanalítica de Sigmund Freud 14 1.2 Contribuições de Lev Semenovich Vygotsky 22 1.3 Contribuições da teoria de Jean Piaget 30 Unidade II: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO: INTERFACES ENTRE A PSICANÁLISE E A PSICOPEDAGOGIA 41 2.1 Habilidades genuínas entre o brincar e o saber 55 Unidade III: RELAÇÕES SOCIOAFETIVAS 64 3.1. As relações socioafetivas e os profissionais de psicologia escolar e da educação 68 3.2. As relações socioafetivas e a educação 76 Unidade IV: DINÂMICA DAS RELAÇÕES FAMILIARES 86 4.1 A dinâmica das relações familiares, as implicações na saúde mental e no aprendizado 89 4.2. As mudanças no ciclo vital familiar e as dificuldades de aprendizagem interligadas ao contexto social e familiar 103 REFERÊNCIAS 119 5 INTRODUÇÃO O desenvolvimento das competências intelectuais, afetivas e sociais é tema de estudo há muito tempo na história da psicologia, psicopedagogia e neurociências. Diferentes conceitos são introduzidos e desenvolvidos ao longo dos anos, possibilitando diferentes visões a respeito de uma mesma questão. No entanto, grande parte dos estudiosos mostram concordância com Jean-Jackes Rousseau: A natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. Se quisermos perverter essa ordem, produziremos frutos temporãos, que não estarão maduros e nem terão sabor, e não tardarão em se corromper; teremos jovens doutores e velhas crianças. A infância tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que lhe são próprias. (ROUSSEAU, apud PINHEIRO, p. 01, 2010) A história mostra que o conceito de “infância” nem sempre foi entendido como hoje em dia; não havia uma clara diferença entre o adulto e a criança. A criança foi considerada por muito tempo um mini adulto. Dela eram cobrados compromissos e posturas que ultrapassavam sua capacidade biológica e emocional. Isso tudo se aplica também ao adolescente; este é um sujeito em desenvolvimento, embora, vê- se nele um ser com aparência biológica completa, pois tem características de adulto ele está em transição e seu processo cognitivo/afetivo ainda não amadureceu, “a criança e o adolescente são seres que estão por vir a ser (PINHEIRO, p. 01, 2010) ”. Observando-se o contexto acima se faz necessário então, compreender de que forma esta nova visão vem transformando as relações entre a sociedade e a criança. Diversos autores se empenharam em compreendê-las e estabelecer as competências e responsabilidades de cada ator, seja a do estado, da família ou da sociedade através da educação, saúde, abrigo e proteção. Os autores que mais se destacaram ao longo dos anos embasaram-se nas propostas da Psicologia do Desenvolvimento Humano que procura descrever tão completa e exata quanto possível as funções bio/sócio/psicológicas das crianças: suas reações motoras, emocionais, intelectuais e sociais. Os autores que mais se destacaram foram Henri Wallon, Jean Piaget, Lev Vygotsky e Sigmund Freud. Fundamentalmente estes autores observaram que deve ser respeitada a tríade: Biológico, Emocional e Social. Nessa nova disciplina acrescentaremos a Família como um catalizador importante na formação de um indivíduo a fim de viabilizar o desenvolvimento adequado, o que certamente levará a uma condição estrutural necessária para o desenvolvimento cognitivo. Naturalmente, diversos outros autores atuaram e vem atuando nesta intrincada busca, pode-se citar Burrhus Frederic Skinner e Albert Bandura mais Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 6 contemporaneamente como os principais autores que tratam do desenvolvimento sob o ponto de vista da escola cognitivo comportamental. A família, por sua vez, é o elemento catalizador que fornecerá as condições adequadas para o desenvolvimento de sua prole tanto na relação com a escola quanto na busca do profissional psicopedagogo. Sendo assim, conhecer o pensamento dos autores citados e qual a influência da família no processo de aprendizagem é fundamental para que o psicopedagogo possa agregar à sua formação todas as facetas que envolvem seu cliente, a escola e a família a qual pertence. No capítulo I apresentaremos os principais teóricos que servem de referência para o estudo do desenvolvimento infantil e suas etapas. No capítulo II discutiremos o desenvolvimento cognitivo e afetivo e de que forma a psicanálise e a psicopedagogia podem contribuir com o trabalho do educador em especial o psicopedagogo que poderá assim lançar mão de referenciais teóricos que o ajude a orientar o encaminhamento correto tanto no que concerne ao aluno,o profissional, a família e a escola. No capítulo III conversaremos sobre as relações afetivas, integrando-as com a aquisição do conhecimento e os elementos que envolvem a relação professor – aluno. No capítulo IV falaremos sobre a família como um sistema facilitador ou dificultador do desenvolvimento de seus membros, apresentaremos as dificuldades que a envolvem, o ciclo vital à qual pertence, sua dinâmica e os agentes estressores que podem estar presentes no dia a dia. Sendo assim, espero que aproveitem o conteúdo e ao passarem pelas unidades tentem imaginar os conceitos e as teorias inseridos na dinâmica do psicopedagogo. Avante! 7 1. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Olá, aluno(a)! Bem-vindo(a) à unidade 1 da disciplina Psicologia do Desenvolvimento, relações sócio afetivas, dinâmica das relações familiares e as implicações na saúde mental! Nessa unidade vamos percorrer todas as esferas do desenvolvimento, no âmbito cognitivo, psicossocial e da formação da personalidade. “A natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. Se quisermos perverter essa ordem, produziremos frutos temporãos, que não estarão maduros e nem terão sabor, e não tardarão em se corromper; teremos jovens doutores e velhas crianças. A infância tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que lhe são próprias” (JEAN-JACKES ROUSSEAU) A Psicologia do Desenvolvimento é um ramo da Psicologia cujo objetivo é compreender de que forma o sujeito desenvolve sua estrutura psíquica, sua personalidade, suas relações afetivas, racionais, cognitivas e suas interações sociais. Os psicólogos do desenvolvimento buscam compreender as diversas possibilidades de formação do sujeito desde sua fecundação até a vida adulta. O desenvolvimento de um indivíduo percorre por toda sua vida, até seus últimos dias e em cada etapa estabelece e/ou fortalece suas estruturas de personalidade que possibilitarão criar ou recriar suas relações com o mundo em que viverá. Pinheiro (2010) cita que a psicologia do desenvolvimento se ocupa de todos os aspectos do desenvolvimento. Acrescenta aos aspectos cognitivos e emocionais, os aspectos sociais e morais da evolução da personalidade humana. Sendo uma ciência especializada no campo do desenvolvimento humano, este segmento da psicologia terá como função demonstrar que o sujeito se desenvolve em um contexto histórico. É preciso ter claro o que ocorreu no passado e que relações possa ter com o presente. Nesse contexto, fecundação, gestação, aquisições hereditárias, questões neurofisiológicas, experiências que levam à aprendizagem, fatores sociais e culturais que incluem a família, são relevantes e determinantes para seu progresso. A integração total do sujeito ao seu meio de convívio é que vai criar pontes de contato com o mundo em que vive e com ele possa lidar na vida adulta. Seu desenvolvimento se estabelecerá de forma a permitir-lhe superar as frustrações de acordo com o que lhe foi transmitido, do ambiente em que se submeteu desde a Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 8 fecundação, nos momentos de formação de sua personalidade e no desenrolar de sua vida. Em 1984 Luborsky (apud Santos, 2011) desenvolveu um método operacionalizado para identificar a forma como as pessoas se relacionam. Os estudos sugeriram que as pessoas demonstravam um modelo central de relacionamento, um script ou esquema próprio para cada indivíduo e que tem grande influência no modo como estabelecem seus relacionamentos interpessoais. Figura 1: Etapas do desenvolvimento humano Fonte da imagem: https://www.google.com/search?q=imagens+psicologia+do+desenvolvimento& tbm=isch&source=univ&sa=X&ved=2ahUKEwiSztX3KDiAhUMHrkGHU9RCYsQsAR6BAgJEAE&biw= 1366&bih=625#imgrc=Mkq-R-92iIDq-M: Percebam que assim como a figura ilustra, o ser humano está em constante desenvolvimento e evolução, do instante que é concebido até o final de sua vida. Nas páginas seguintes você verá que esse desenvolvimento pode ser dividido em etapas que caracterizam as conquistas em cada uma das fases. No âmbito da psicologia do desenvolvimento os profissionais encontrarão estudos dos aspectos cognitivos, por exemplo: Mudanças nos processos de pensamento, memória e capacidades para a linguagem; Desenvolvimento físico e motricidade, onde verificará mudanças na altura, peso, aquisição de habilidades motoras, etc.; Desenvolvimento dos aspectos sensoriais que recebem informações da visão, audição, tato e paladar. Os sentidos citados são fundamentais no desenvolvimento da linguagem como forma Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 9 imprescindível para estabelecer, adquirir e desenvolver conceitos, aprender e apreender novos conhecimentos: trocar dando e recebendo; moral onde se estabelecerão princípios norteadores de ações sociais; ética e padrões de relacionamento; psicossexual onde as questões com seu próprio sexo, o sexo oposto; os tabus, crenças e seu papel na preservação da espécie servirão como norteadores para a formação da família e da sociedade. No âmbito do comportamento social que terá como determinante sua personalidade, as possibilidades de alterações no autoconceito, identidade de gênero e relacionamentos interpessoais, etc. e o emocional cuja capacidade dá ao indivíduo a possibilidade de estabelecer vínculos com seus pares e com o ambiente. Você acha que o bebê ao nascer, é como uma folha em branco? Dentre as ideias correntes nos meios não acadêmicos há a que pensa o sujeito como uma tábula rasa ao nascer. Como o bebê é totalmente dependente no aspecto de sua formação, isto é, depende do adulto para receber cuidados no que diz respeito às necessidades fisiológicas e se desenvolve a partir dos vínculos que estabelece com os pais, têm-se que ele é um ser reativo, não tendo vontade própria. Esta imagem muitas vezes perpassa apenas o nascimento tornando-se regra de conduta para a formação do indivíduo. Partindo de uma perspectiva psicogenética, a teoria de desenvolvimento de Wallon assume que o desenvolvimento da pessoa se faz a partir da interação do potencial genético, típico da espécie, e uma grande variedade de fatores ambientais. O foco da teoria é essa interação da criança com o meio, uma relação complementar entre os fatores orgânicos e socioculturais. (MAHONEY & ALMEIDA, 2005, p. 16) A interação do nascimento à morte deve ser levada em conta quando se fala em desenvolvimento, isto se aplicando também às questões da aprendizagem, do desenvolvimento cognitivo. A pessoa deve ser vista em seu conjunto de forma holística, o que se torna um grande problema para àqueles que não destinam um olhar e não desenvolvem uma postura com aspectos técnico científico, permitindo-se a uma visão do seu próprio referencial não embasadas em informações apropriadas e muitas vezes distorcidas. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 10 A dependência que se tratou no parágrafo anterior é mais um processo onde o sujeito receptor, bebê ou não, está se apropriando das entregas feitas pelo outro, que pode ser o provedor, o comunicador ou o meio e adequando-a àquilo que já desenvolveu. As vertentes psicológicas diferem-se e complementam-se acerca do desenvolvimento e aquisição de aprendizagem e Borges (1987) faz uma comparação entre as referências da área. O autor citado acima considera que para Piaget, o conhecimento do sujeito acerca dos objetos não é adquirido passivamente mercê de uma mera gravação de informações, mas sim construído através da interação entre esse sujeito e esses objetos. Para Freud, a questão do desenvolvimento ocorrea partir do seu conceito de evolução da libido; esta se processa no desenvolvimento dos estágios oral, anal e fálico seguindo-se o estágio de latência que precede o período genital na adolescência (BORGES, 1987) estes estágios para Freud é que vão estabelecer a forma que o sujeito vai se relacionar com seu objeto de desejo, por exemplo a mãe. Borges (1987) verifica que o desenvolvimento humano para Wallon é descontínuo e se realiza à custa de crises, conflitos e antagonismos ele aponta a existência de duas leis que regem esta evolução: a lei da alternância e a da sucessão da preponderância funcional. Wallon, diferentemente de Freud, entende que existem seis estádios na personalidade da criança: impulsividade motora, emocional, sensório-motor e projetivo, personalismo, categorial e da puberdade. Com esta concepção há que se compreender que não existem seres vazios ou seja, o sujeito já nasce com alguma predisposição, visto que desde sua fecundação está recebendo uma enorme carga de informação pois para manter contato com seu objeto de desejo necessita de uma certa capacidade. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 11 Figura 2: O desenvolvimento gestacional Fonte da imagem: https://www.google.com/search?q=curiosidade+sobre+o+desenvolvimento+ fetal&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjPk8e2hKHiAhX6H7kGHRcbB9UQ_UIDigB&biw= 1366&bih=625#imgrc=g_2cFpY0H3yXoM: Como dissemos acima o desenvolvimento inicia-se ainda na fase fetal e desde o momento de sua concepção já é possível perceber sinais de aprendizagem. Por isso, numa entrevista anamnese, investigar as condições da gestação, se o(a) filho(a) foi desejado(a), esperado(a), é fundamental, para formar a linha do tempo do(a) cliente – aluno(a). Papalia, Olds e Feldman (2009) ilustrou em uma tabela os principais pontos de do desenvolvimento humano considerando a idade, o desenvolvimento cognitivo e psicossocial. Figura 3 - Etapas do Desenvolvimento Cognitivo e Psicossocial: FAIXA ETÁRIA DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL Período Pré-natal (concepção ao nascimento) As capacidades de aprender e lembrar estão presentes durante a etapa fetal. O feto responde à voz da mãe e desenvolve preferência por ela. Primeira Infância (nascimento aos 3 anos) As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas; O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvem-se ao final do segundo ano de vida; Desenvolvimento do apego a pais e a outras pessoas; Desenvolvimento da autoconsciência; Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia; Aumenta o interesse por Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 12 A compreensão e o uso da linguagem desenvolvem-se rapidamente. outras crianças. Segunda Infância (3 aos 6 anos) O pensamento é egocêntrico, mas a compreensão do ponto de vista das outras pessoas aumenta gradualmente; A imaturidade cognitiva leva a algumas ideias ilógicas sobre o mundo; A memória e a linguagem se aperfeiçoam; A inteligência torna-se mais previsível. O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a auto-estima é global; Aumentam a independência, a iniciativa, o autocontrole e os cuidados consigo mesmo; Desenvolve-se a identidade de gênero; O brincar torna-se mais imaginativo, mais complexo e mais social; Altruísmo, agressão e temores são comuns; A família ainda é o foco da vida social, mas as outras crianças tornam-se mais importantes; Frequentar a educação infantil é comum. Terceira Infância (6 aos 11 anos) O egocentrismo diminui; As crianças começam a pensar com lógica, mas de maneira concreta; As habilidades de memória e linguagem aumentam; Os desenvolvimentos cognitivos permitem que as crianças beneficiem-se com a educação escolar; Algumas crianças apresentam necessidades e talentos educacionais especiais. O autoconceito torna-se mais complexo, influenciando a auto- estima; A co-regulação reflete a transferência gradual de controle dos pais para a criança; Os amigos assumem importância central. Adolescência (11 aos 20 anos) Desenvolve-se a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico; O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e em alguns comportamentos; A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a vida profissional. Busca de identidade, incluindo a identidade sexual; Relacionamentos com os pais são, em geral, bons; Os grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar o autoconceito, mas também podem exercer uma influência anti-social; Os traços e estilos de personalidade tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser influenciadas pelas etapas e pelos eventos Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 13 de vida; Tomam-se decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais. Jovem Adulto (20 aos 40 anos) As capacidades cognitivas e os julgamentos morais assumem maior complexidade; Escolhas educacionais e profissionais são feitas. Os traços e estilos de personalidade tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser influenciadas pelas etapas e pelos eventos de vida; Tomam-se decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais; Maior probabilidade de casamento e filhos. Meia-idade (40 aos 65 anos ) Máximo desenvolvimento da capacidade cognitivo; O senso de identidade continua se desenvolvendo; Capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas; O rendimento criativo pode diminuir, mas melhorar em qualidade; Para alguns, o êxito na carreira e o sucesso financeiro alcançam o máximo; para outros, podem ocorrer esgotamento total ou mudança profissional. O senso de identidade continua se desenvolvendo; A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse; A saída dos filhos deixa o ninho vazio. Terceira Idade (65 anos em diante) A maioria das pessoas estão mentalmente em alerta. Diminuição do potencial cognitivo com prejuízo da memória, concentração, atenção e memória para algumas pessoas. Com isso surgem as ideias capazes de promover a compensação. A aposentadoria pode oferecer novas opções para a utilização do tempo; Convivência com o luto causado pela morte de pessoas próximas e possibilidade da finitude da vida; Os relacionamentos com a família e com os amigos íntimos podem oferecer apoio importante; A busca de significado na vida assume importância central. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 14 (Tabela adaptada - PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2009) A partir desse quadro, podemos entender que o desenvolvimento humano é contínuo desde a concepção até a morte de um indivíduo. O estudo do desenvolvimento ao tentar agrupar as mudanças que ocorrem ao longo desse processo chamado vida aponta para os elementos comuns em cada faixa etária. Nesse sentido, essas informações intercalam com outras áreas da psicologia, da medicina e da sociologia. Freud, Piaget, Vygotsky e outros, continuam sendo a base fundamental para se compreender o desenvolvimento individual. Atravésde diferentes olhares, eles conseguiram demonstrar como este intrincado processo se estabelece desde o nascimento. Alguns pontos comuns são encontrados e devem ser levados em conta por exemplo o fato de considerarem a necessidade do desenvolvimento Bio Psico Social e levar o leitor/pesquisador a compreender que há uma interdependência entre eles, ou seja, sem um não ocorrerá de forma organizada o outro, como será apresentado a seguir. 1.1 Contribuições da teoria psicanalítica de Sigmund Freud “A inteligência é o único meio que possuímos para dominar nossos instintos” Sigmund Freud Para a psicanálise, o desenvolvimento infantil está ligado a: carinho, afeto, à modalidade de relacionamento, ou seja, a significações (QUADROS, 2009), que é denominado libido. O sujeito abstrai seu objeto de desejo (pessoas, coisas, ideias) e ao entrar em contato sensorial com ele lhe dá um significado, uma importância, um valor. Esse significado é próprio de cada indivíduo, pois seu referencial interno será o determinante desta relação. Para efeito didático pode-se entender que Freud e outros psicanalistas viam as ações dos indivíduos sobre três aspectos o da satisfação psíquica (um evento psicológico), o da satisfação fisiológica (alimento, abrigo, etc.) e o do relacionamento. Quando por exemplo o bebê suga o seio materno ele satisfaz sob o Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 15 ponto de vista pediátrico suas necessidades básicas –fome-, ao mesmo tempo através de uma forma própria está se satisfazendo de afeto, carinho e o introjetando o que contribuirá para a formação da afetividade e de uma personalidade sadia. Assim o médico verificará as quantidades de mamadas enquanto o psicanalista a forma como esta se estabelece (QUADROS, 2009). Conforme vimos na aula, para Freud os primeiros anos de vida são de grande importância, pois, segundo o que preceitua é na infância que se estrutura a psique humana o que levou estudiosos da psicologia do desenvolvimento concentrar seus estudos na infância e adolescência. Figura 4: Freud e as etapas do desenvolvimento psicossexual: Fonte: própria autora Vê-se na psicanálise clássica, que o estágio genital encerra o ciclo do desenvolvimento da personalidade; não se incluía o desenvolvimento após a puberdade “apenas sob o ponto de vista de processo, a sexualidade adulta é uma continuidade da sexualidade infantil” (QUADROS, 2009, pg. 77). Freud não teve a preocupação efetiva de determinar estágios do desenvolvimento, eles podem, entretanto, ser identificados pelo caráter dominante de cada fase e não seguem uma cronologia claramente definida, sempre haverá uma interpenetração das etapas. Oral: 0 a 12/18 meses (Boca) Anal: 12/18 meses a 3 anos (Ânus) Fálico: 3 a 6 anos (Órgãos Genitais) Latência: 6 a 11 anos (Nenhuma) Genital: após a puberdade (Órgãos Genitais) Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 16 Através das tabelas abaixo (Figura 2, 3 e 4) podemos ilustrar os principais momentos do desenvolvimento infantil que seguem a evolução da libido, proposto por Freud e representados pelas fases: oral, anal, fálica, fase de latência e genital (adulta). Josi Carvalho Highlight 17 Figura 5: Fases do desenvolvimento segundo a psicanálise – Fase Oral FASES DEFINIÇÕES Fase Oral: Primário (0 aos 6 meses); Secundário (aparecimento da dentição) a partir do sexto mês; Compreende o início da vida, a sexualidade do sujeito, ou sua sensibilidade, necessidade de prazer, seu impulso à vida, fonte de conhecimento e incorporação. Fonte da fase Oral Objeto da fase Oral Finalidade Pulsional A zona bucal é a região onde predomina a excitação e pode ser entendida como: Complexo aerodigestivo, incluindo o trato gastrointestinal, os órgãos de fonação e da linguagem, os dos sentidos (cavidades que tem relação direta com o mundo exterior); A pele com a função superficial (tato) ou profundas – sensações proprioceptivas - não há para o bebê distinções, é o momento em que o “prazer sexual está ligado a excitação da cavidade bucal e dos lábios, fornecendo significações eletivas pelas quais se exprime e se organiza a relação de objeto por exemplo o amor com a mãe. (BORGES, 1987). O seio ou tudo aquilo que se refere a ele ou o substitui. Observa-se que o seio tem uma amplitude maior, braços, voz, músculos, o leite. Aqui o seio é substituto do cordão umbilical e estabelece outra realidade para o bebê o da descontinuidade. Para o bebê o seio imprime a fantasia de restituição do vínculo perdido e simbiose biológica (Quadros 2009). O leite, para subsistência (pulsão de autoconservação) e o da satisfação de relacionamento (pulsão psíquica). Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 18 Figura 6: Fases do desenvolvimento segundo a psicanálise – Fase Anal FASES DEFINIÇÕES Fase Anal: Entre os 2 e os 4 anos de idade. Fonte da fase Anal Objeto da fase Anal A criança presta atenção ao controle fisiológico, pois isto se torna uma nova fonte de prazer e uma autodescoberta; aprende a controlar os esfíncteres anais e a bexiga. É um momento de autodomínio e socialização, passa a receber elogios por sua conquista, além do afastamento gradativo dos pais como uma espécie de liberdade, andar sozinha, correr, comer sozinha etc. A região anal está em evidência nessa faixa etária. A criança adquire o controle motor geral, desenvolve sensações de domínio, prazer na expulsão ou retenção. Nesta fase a criança passa a ter uma relação com o mundo exterior através da eliminação de produtos não digeríveis, são conteúdos internos sendo exteriorizados. O objeto desta fase é mais difícil de ser distinguido, pois, é uma complementação ou continuidade da fase oral. Não existirá uma sem o desenvolvimento da outra. Embora a mãe continue sendo o objeto privilegiado da criança ela agora é vista por inteiro e a criança desenvolve a percepção do todo, movimentos de braço e perna o que lhe dá a visão espacial. Os elogios e o controle tomam forma mais concreta. A expulsão do bolo fecal tem um significado muito próprio, visto que a criança passa a exercer o controle, a musculatura esfincteriana desenvolvida permite que ela decida pela expulsão ou não. Simbolicamente ela passa a exercer o controle sobre a vida ao mesmo tempo que desenvolve fantasias do tipo: ser despojado do conteúdo corporal, ser arrancado, ser violentado e sobretudo esvaziado uma vez que seu contato com o mundo exterior via bolo fecal se dá pela sua expulsão. Passa de uma visão centrípeta (para si) para uma visão centrífuga (exteriorização). 19 Finalidade Pulsional da Fase Anal Tem duas finalidades a fase expulsiva e a retentiva. Na primeira (via fisiológica) a criança vivencia o prazer com sensações boas na zona ano retal após a eliminação das fezes há aqui uma conotação de prazer erótico. Se verifica, também, a via social, há um interesse da criança no controle e nas funções evacuatórias levando-a a correlacionar com o puxar, empurrar, fazer esforço, libertar-se da tensão. E finalmente a via contingente, que se apresenta com a introdução de medicamentos (supositórios), medição de temperatura e a lavagem constante. Há aqui o momento que se começa a exigir da criança novas posturas ensinando-a a ser educado, a se limpar a reter. Na segunda, a fase retentiva, o prazer surge no ato de reter as fezes: o sentimento de poder, de propriedade privada, deposse, de onipotência e superestimação narcísica estão associados a esta fase. 20 Figura 7: Fases do desenvolvimento segundo a psicanálise – Fase Fálica FASES DEFINIÇÕES Fase Fálica: Por volta dos 3 anos de idade. Nesta fase, a criança integra as outras fases que passam a fazer parte da estrutura psicossexual. É marcada pela unificação das pulsões sexuais parciais sob o primado dos órgãos genitais. Para a psicanálise o que conta é o órgão genital masculino, pois ele é o único que existe. A menina se frustra por não tê-lo e o menino pelo medo de perdê-lo (castração). Aqui surge o que Freud denomina complexo de Édipo1 – desejo simbólico pela mãe por parte do menino. Os complexos que nunca serão resolvidos, são recalcados na infância, por volta dos 6, 7 anos de idade. As pulsões desta fase, que são parciais, vão se organizando em torno da área genital até a puberdade onde se tornam definitivas e permitem o encontro sexual pela escolha do objeto de afeto para a qual as pulsões convergirão. Fonte: Quadros, E. A. Psicologia do Desenvolvimento Humano. Curitiba, 2009 Você consegue pensar a respeito da repercussão na vida de um indivíduo que não faz as passagens das fases descritas por Freud? O que aconteceria se uma 1 O Complexo de Édipo é uma relação estabelecida por Freud com a mitologia grega. Édipo, na mitologia apaixona-se e casa- se com sua mãe, após matar o pai, o desejo impossível. Simbolicamente ele compreende que o menino repete com a mãe este comportamento e busca excluir o pai que é um concorrente direto. O menino, que possui o órgão genital masculino, teme a castração por parte do pai, enquanto a menina busca o órgão genital masculino por não o possuir. O complexo é recalcado na infância porque falar, pensar e agir desta forma não é permitido pelo superego, permanecendo fora da consciência. (QUADROS, 2009). Josi Carvalho Highlight 21 situação inesperada rompesse com as etapas, ou algum conflito criasse uma situação adversa para a criança? Para Freud, a não resolução da exigência pertinente a cada etapa, gera no indivíduo uma fixação àquela fase. Na psicanálise a fixação refere-se a um apego permanente da libido a um estágio inicial e mais primitivo do desenvolvimento, ou ainda, um forte apego a pessoas ou coisas. As fixações podem ser manifestadas por meio dos seguintes comportamentos: Fases Comportamentos Fase Oral Fixação: Agressividade verbal, impaciência, uso de substâncias destrutivas na adolescência e/ou fase adulta (alimentação compulsiva, cigarro, drogas, álcool etc.). Fase Anal Fixação: avareza, obsessão e compulsividade para a organização ou desordem, crueldade e violência destrutiva. Fase Fálica Fixação: Preocupação, no caso de homens, com a afirmação da masculinidade; no caso da mulher, sentimentos de inferioridade com relação aos homens. Em ambos os casos, a não superação, implica na vivência da sexualidade com sentimento de culpa. Uma aparente desinibição do comportamento sexual pode simbolizar o medo do sexo. Latência Genital Não há fixações. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 22 Os conceitos advindos da psicanálise sofrem constantes críticas em função do seu determinismo e do contexto social atual. No entanto, há que se ressaltar que contribuem para a compreensão do desenvolvimento da personalidade humana e todos os estudos e teorias tiveram início a partir da psicanálise. Pinheiro (2010) ressalta que a teoria de Freud aponta para os conceitos de energia psíquica e fatores inconscientes de comportamento. Os impulsos básicos da teoria freudiana são: pulsão de vida, de morte e de agressão. Para Freud a estrutura da personalidade pode ser dividida em consciente, pré-consciente e inconsciente, que mais tarde foram trocados pelo conceito dinâmico de id, ego e superego. O id, representa as forças biológicas, instintivas; o ego representa o princípio da realidade e o superego é a representação das forças repressivas da sociedade e da cultura à qual estamos inseridos. A evolução psíquica se dá através da evolução da libido, representada pelas fases: oral (fonte de prazer é a zona oral do corpo, cuja característica principal da fase é a dependência emocional); anal (caracterizada pela retenção); fálica (fase que surgem os complexos de Édipo, caracterizada pelo exibicionismo); período de latência (a pulsão sexual é canalizada para a aprendizagem); fase genital (alvo ideal do desenvolvimento humano). Sendo assim, compreender o desenvolvimento humano a partir dos conceitos psicanalíticos não é tarefa simples. Apresentamos de maneira sucinta as principais ideias de forma resumida a fim de apresentar os princípios norteadores dessa linha teórica. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 23 É relevante para os profissionais da saúde e educação estabelecer ao menos esse contato ainda que superficial com suas propostas ainda tão atuais. Para os alunos que se interessarem poderão aprofundar-se nos estudos através de obras como sua biografia, suas obras completas e seus discípulos que complementaram suas ideias e ampliaram os conceitos da psicanálise. Figura 8: Sigmund Freud 1.2 Contribuições de Lev Semenovich Vygotsky “O saber que não vem da experiência não é realmente saber”. Lev Vygotsky Vygotsky foi um psicólogo nascido em 1896 na Bielorrússia, sua teoria preconiza que as relações sociais assumem um papel de destaque e foi base para as correntes pedagógicas chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo. Fonte da imagem: https://www.google.com/search?biw=1366&bih=625 &tbm=isch&sa=1&ei=WUbfXOvTFoyk5OUP3t62mA w&q=frases+de+freud+ sobre+o+desenvolvimento&oq=frases+de+freud+so bre+o+desenvolvimento&gs_l=img.3...119742.23499 0..235625...4.0..0.363.6875.0j47j2j1......0....1..gws- wiz- img.....0..0i24j0i67j0.EYJnsGsUuTY#imgrc=L6W- FRsKGFCT6M: Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 24 A teoria de Vygotsky traz para a compreensão do desenvolvimento humano e para a aprendizagem é que o homem é um ser social formado dentro de um ambiente cultural historicamente definido (Rosa, 2012). Vygotsky foi o primeiro psicólogo da modernidade a sugerir que os sujeitos estão imersos em mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa e as funções psicológicas são um produto de atividade cerebral. Vygosty entendia que o funcionamento psicológico do ser humano deve ser compreendido como resultado de uma articulação entre campos biológicos, que definem a herança da espécie no âmbito orgânico propriamente dito e campos do desenvolvimento, cuja existência efetiva depende fundamentalmente dos modos de organização da vida social dos indivíduos. (ALVES, VIEIRA, FAITÃO, SIGNOR & ZAMONNER, 2010, p. 245) Diferenciando-se de autores consagrados como Freud e Piaget, embora estes autores também considerem o ambiente, Vygotsky aponta o meio histórico/cultural como elementos essenciais no desenvolvimento da criança. Sua teoria encontra no desenvolvimento biológico sustentação quando defende a ideia que a maturação das regiões neocorticais são profundamente importantes pois determinam a capacidade do sujeito para receber a informação da vida social. [...] na progressiva maturação das áreas neocorticais e na criação de conexões que as ligam com as primitivas áreas subcorticais,as funções biológicas vão sendo cada vez mais comandadas pelas novas áreas corticais; ao mesmo tempo que as funções culturais vão se constituindo. Vygotski está chamando a atenção ao fato, fundamental no desenvolvimento, da existência de uma estreita relação entre, de um lado, a maturação das estruturas do cérebro e a multiplicação das conexões entre as áreas primitivas e as novas e, de outro lado, a transformação das funções elementares ou biológicas e a constituição das funções superiores ou culturais. Em outros termos, ele está apontando no sentido de que existe no desenvolvimento infantil uma espécie do que poderíamos chamar, de forma metafórica, de “encontro das águas dos dois rios que integram a vida humana: a natureza e a cultura”. (PINO, 2005 apud ALVES et all, 2010, p. 245) Deve-se, portanto compreender que sua teoria, embora se baseie nas relações entre o homem biológico (desenvolvimento das áreas neocorticais) e a Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 25 constituição das funções culturais ela tem a preocupação de ressaltar a importância da significação que o sujeito vai elaborando nesta relação “a atividade neuronal superior dos seres humanos não é, como já foi uma vez considerada, simplesmente uma “atividade nervosa superior”, mas sim uma atividade nervosa superior que interiorizou significados sociais derivados da atividade cultural dos seres humanos mediados por signos” (ALVES et al, 2011, pag. 246). Neste contexto é que se define o homem e se pode falar de desenvolvimento humano. Para se desenvolver o sujeito precisa se apropriar daquilo que está posto no meio em que vive, angariar as informações e processá-las de forma a dar sentido e, neste processo se inclui as emoções. “Nesse ínterim ganha relevo o fato de que tornar-se um humano implica apropriar-se do que é humano (ALVES et al, 2011, p. 246)”. De posse da informação contida no meio o homem transforma a natureza dando então um significado próprio a ela e que possa vir a representar algo que seja compreendido, aceito e utilizado por ele. Ao explicar os significados Vygotsky lança mão dos artefatos técnicos, demonstrando que diferentemente das demais espécies os instrumentos desenvolvidos pelo homem já nascem com uma função própria para ela. Um martelo tem a característica própria para seu uso. A invenção e o uso de signos como meios auxiliares para a solução de um dado problema psicológico (lembrar, comparar coisas, relatar, escolher, etc.) é análoga à invenção e uso de instrumentos, só que agora no campo psicológico. O signo age como um instrumento da atividade psicológica de maneira análoga ao papel de um instrumento no trabalho. (VYGOTSKY, 1994, apud ALVES et al, 2011, p. 247). Com isso, aluno, você poderá deduzir que para Vygotsky, os signos são fundamentais e seu papel é o de mediador entre o sujeito e o objeto. Observe-se então que a criança é ativa e tem capacidade de dar significado para tudo aquilo que recebe e não podemos entende-la como uma tábula rasa e sem nenhuma possibilidade de interferir nos processos de seu desenvolvimento ou em sua história. Num sentido amplo, a mediação é toda a intervenção de um terceiro elemento que possibilita a interação entre os termos de uma relação”, ou seja, para que seja humano os objetos de desejo do indivíduo, considerados como um terceiro elemento da relação – homem, signo, objeto-, recebem deste um significado, passando a ter uma representatividade, um grau de importância que somente funções cognitivas superiores podem exercitar e que são propriedades exclusivamente humanas, isto é, o signo é uma função que humaniza o objeto seja ele qual for, “se traduz sobretudo pela Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 26 via da palavra, da linguagem, e tem efeito de constituinte do funcionamento cognitivo humano (PINO, 1991 apud ALVES et al, 2011, p. 248). A criança para Vygotsky é receptiva e fomentadora de transformações, tem capacidades que vão se desenvolvendo a medida de sua maturidade biológica e do seu acesso ao processo histórico social, que ela vai usar significando os objetos. Ela toma o que a ela se apresenta no meio cultural, apropria-se dos artefatos disponíveis em sua cultura e aprende a partir daí. Desde o primeiro instante de vida a conduta da criança começa a se estruturar em vista de uma situação social de desenvolvimento que circunstancia o processo através do qual ela vai se apropriar dos artefatos materiais e simbólicos presentes no seu grupo cultural. Trata-se de um ente histórico concreto, que vive, elabora, experimenta e significa desde o lugar que ocupa na trama de relações sociais mais amplas que, por sua vez, demarcam as possibilidades para relações sociais mais restritas no âmbito familiar e microgenético (ALVES et al, 2011, p. 248). De acordo com Vygotsky, o processo de falar e de pensar podem parecer elementos idênticos na vida adulta. No entanto são dois processos interdependentes, que não apresentam a mesma origem e se desenvolvem em momentos diferentes. Segundo Rosa (2011), o desenvolvimento da fala é representativo e demonstra a evolução da criança com características próprias que convergem para a mesma trajetória num determinado momento. O pensamento processa as informações recebidas, dando significado a eles e a fala é um meio para atingir o pensamento. Para a criança em seus primeiros estágios a palavra ainda não é compreendida em sua totalidade, ou seja, o poder simbólico da palavra não foi totalmente desenvolvido. O objeto que está sendo descrito ou falado para a criança não substitui como para o adulto o objeto, somente mais tarde isto vai sendo incorporado e o significados das coisas vão sendo apropriados por ela. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 27 Vygotsky sequencia o desenvolvimento nas seguintes etapas: (apud ROSA, 2011, p. 5) 1. No seu desenvolvimento ontogenético, o pensamento e a fala têm raízes diferentes. 2. Podemos, com certeza, estabelecer, no desenvolvimento da fala da criança, um estágio pré-intelectual; e no desenvolvimento de seu pensamento, um estágio pré-linguístico. 3. A uma certa altura, essas linhas se encontram; consequentemente, o pensamento torna-se verbal e a fala racional. (ROSA, 2011, p. 5) Rosa (2011) resume que o desenvolvimento da fala para Vygotsky não acontece de forma abrupta na criança. Para atingir estes estágios, ela vivencia um processo de maturação físico e psíquico que obedece à seguinte sequência: 1. Natural ou primitivo - este é o estágio característico da fala pré- intelectual. 2. Psicologia ingênua (correspondendo a uma Física ingênua) - esta é a fase da inteligência prática (relacionada à manipulação de objetos). Neste período temos a capacidade de manipular os termos: porque, quando, se, mas, etc. Porém, esse domínio é operacional, não havendo ainda uma apropriação das funções lógicas (causais, temporais, condicionais, etc.) ligadas a estes termos. 3. Operações externas - esta fase corresponde à fase egocêntrica piagetiana. 4. Crescimento interior - nesta fase há um deslocamento para dentro da fala, com o aparecimento, na sua etapa final, da fala interior. Esta tem uma função completamente diferente da fala externa: a sua função é uma função planificadora. Este é o ponto em que aparece o pensamento verbal. Este processo é um processo sócio histórico por excelência. Fonte: https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial- gratis/Rapaz-pensando-em- quest%C3%A3o/70001.html Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho HighlightJosi Carvalho Highlight 28 (ROSA, 2011, p. 5) A palavra, para Vygotsky, é o caminho para que o sujeito possa se desenvolver e mais ainda possa sobreviver. Sua dependência do outro é minimizada pelo processo comunicacional que se estabelece pela linguagem. “É na concreticidade da vida que se originam as palavras e as razões de ser dessas palavras. E são elas que vão, grávidas da complexidade da teia humana, constituindo cada sujeito no percurso do seu desenvolvimento como humano” (ALVES et al, 2011, p. 250). O acesso da criança ao mundo se dá, portanto, pelas palavras cujo poder de transformar-se em símbolos dando significado aos objetos é uma competência humana e humanizadora da sociedade. E o brincar? Como o brincar pode contribuir para o desenvolvimento infantil já que todas as crianças brincam? O brincar é sinônimo de fazer no caso da criança. O fazer é uma das mais importantes ações para o aprendizado seja na infância ou na vida adulta. Na infância o brincar é uma das mais importantes vias de acesso da criança em direção a abstração do significado do objeto. Dê um grande valor à capacidade da criança de brincar. Se uma criança brinca há lugar para um sintoma ou dois, e se ela gosta de brincar tanto sozinha quanto com outras crianças não há problemas graves em funcionamento. Se ao brincar ela tem prazer em usar uma rica imaginação (que Winnicott mais ou menos igualava a ser inteligente), e se, além disso, ela também gosta de jogos que depende da percepção exata da realidade extrema, você pode se considerar feliz, mesmo que a criança em questão molhe acama, gagueja, seja temperamental, tenha ataques de mau humor ou de depressão. O brincar mostra que essa criança é capaz de, dado um ambiente razoavelmente bom e estável, desenvolver um modo de vida pessoal e ,eventualmente, de tornar-se um ser humano total, desejado graças a isso, e bem vindo pelo mundo em torno. (WINNICOTT, apud NEWMAN, 2003). Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 29 Da mesma forma pode-se afirmar que o fazer na fase adulta também permite o desenvolvimento do indivíduo é claro que em outras esferas, mas, o trabalho, o lazer, os estudos possibilitam a continuidade da aquisição dos símbolos e de novos significados assim como da ressignificação dos objetos. Ao utilizar os artefatos do meio para brincar, seja uma roda que transforma no volante do carro, uma boneca que se torna criança ou uma espiga de milho (situação encontrada no interior) para se tornar uma boneca a criança está lidando com seu espaço cultural e se transformando como pessoa. Um conteúdo, parafraseando Freire, de experiência feito. Tecido desde o lugar social ocupado pelo sujeito que brinca na trama através da qual se tece como pessoa. Conhecer e analisar esse conteúdo da atividade principal da criança é a chave para a mediação pedagógica comprometida com o desenvolvimento, tanto de funções psicológicas superiores quanto de modos de comportamento, de personalidade. Expressão cunhada por Paulo Freire para referir-se aos saberes construídos na experiência sócio-cultural dos sujeitos (ALVES et al, 2011, p. 251). Estará, então, a criança imersa em uma série de informações construídas pelas palavras que darão sentido aos objetos, estará ela imersa em afazeres e cada uma destas questões são vistas não pela concretude pura da situação, mas pelo significado. Uma palavra não expressa ou descreve somente um objeto ela está eivada de conteúdos, bons, ruins, belos, feios, importantes ou não, agradáveis ou desagradáveis. Não basta que o profissional da educação tente uma interação com a criança ou com o educando em qualquer idade, se, não houver uma atenção especial para o conteúdo cognitivo e psicológico abstraído por ele. Por exemplo, o ensino de matemática somente terá efeito se os números tiverem adquirido um significado, em outras palavras, somente se houver um conteúdo histórico/social e um desenvolvimento bio/psíquico adequado o sujeito abstraíra o significado daquilo que se quer ensinar, nunca, porém, terá o mesmo significado que tem para o educador, especialmente no grau de importância, pois cada sujeito atuará de acordo com seu referencial. 30 Define-se assim, o papel da educação da infância pautada pela abordagem histórico-cultural. Conhecer a linguagem, o conteúdo da linguagem presente na brincadeira e fazer desse conteúdo instrumento de intervenção pedagógica que, por sua vez, se fará pela mediação simbólica deliberadamente organizada pela prática educativa atenta aos modos de pensar revelados na fala infantil. [...] é apenas pela análise do conteúdo da atividade da criança que podemos compreender a formação de seu psiquismo e de sua personalidade, e acima de tudo, o papel da educação em seu desenvolvimento. (MARTINS, 2006, apud ALVES et al, 2011, p. 253). O desenvolvimento da criança se dá com o apoio e participação efetiva do outro, por meio da linguagem e dos sinais que darão significado aos objetos é imprudência imaginar ser possível transferir pura e simplesmente conteúdos que estão em sua cabeça para a do educando para Vygotsky, por exemplo. Isto leva a um ponto importante para este autor, a formação dos conceitos que são abstrações que trazem uma série de informações (abstratas e concretas) e dão a visão clara do objeto de estudo em pauta. Os estudos desenvolvidos por Vygotsky mostraram é apenas na adolescência que os conceitos, dado o grau de complexidade, passam ser desenvolvidos no indivíduo. Antes disto pode-se dizer que o sujeito consegue fazer classificações que começam a se desenvolver em uma fase que foi por ele denominada: 1) Fase I - amontoado ou agregação desorganizada; 2) Fase II - pensamentos complexos; 3) Fase III - pensamento conceitual. Nossa investigação mostrou que um conceito se forma não pela interação das associações, mas mediante uma operação intelectual em que todas as funções mentais elementares participam de uma combinação específica. Essa operação é dirigida pelo uso das palavras como o meio para centrar ativamente a atenção, abstrair determinados traços, sintetizá-los e simbolizá-los por meio de um signo. Os processos que levam à formação dos conceitos evoluem ao longo de duas linhas principais. A primeira é a formação dos complexos: a criança agrupa diversos objetos “um nome de família” comum; esse processo passa por vários estágios. A segunda linha de desenvolvimento é a formação de “conceitos potenciais”, baseados no isolamento de certos atributos comuns. Em ambos os casos, o emprego da palavra é parte integrante dos processos de desenvolvimento, e a palavra conserva a sua função diretiva na formação dos conceitos verdadeiros, aos quais esses processos conduzem. (VYGOTSKY, apud ROSA, 2011, p. 9) Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 31 Uma das preocupações de Vygotsky foi que sua teoria possibilitasse compreender as formas de aprendizagem, ele chama de aprendizagem ou conceito cientifico o qual necessita de um aparato formal para ser aplicado por exemplo a escola e o aprendizado espontâneo ou cotidiano que é adquirido informalmente. Para melhor compreender a diferença entre ambas ele desenvolve o conceito de Zona Desenvolvimento Real (ZDR), são as funções psíquicas e habilidades já desenvolvidas e que estão sob o domínio do sujeito e a outra é a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que são aquelas habilidades que possibilitam o sujeito atingir os objetivos, porém sob assistência ou orientação de um adulto ou uma pessoa experiente. Propomos que um aspecto essencial do aprendizado é o fato de ele criar uma zona de desenvolvimento proximal; ou seja, o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criançainterage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança. (VYGOTSKY apud ROSA, 2011, p. 12). Na medida em que vai dando significado aos objetos (pessoas, coisas, fatos...) a criança vai introjetando de forma simbólica o mundo exterior tendo assim condições de conviver com ele mesmo quando sentir-se frustrada. Sua contribuição apresentada aqui resumidamente tem o objetivo de introduzir o profissional da educação em uma conceituação teórica de altíssimo valor, pois, não se baseia em suposições mas sim em observações e desenvolvimento cientifico, possibilitando um novo olhar para a criança, o adolescente e o adulto especialmente em situação de aprendizagem. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 32 Figura 8: Vygotsky Fonte da imagem: https://novaescola.org.br/conteudo/382/lev-vygotsky-o-teorico-do-ensino-como-processo- social. 1.3 Contribuições da teoria de Jean Piaget “A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser humano". Jean Piaget Jean Piaget foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, nascido em 1896, mesmo ano de Vygotsky. A teoria piagetiana é uma das mais discutidas e conhecidas, ocupa um lugar de destaque nos meios acadêmicos, sendo citada em todos os cursos universitário e de pós-graduação nas áreas da educação. Jean Piaget formulou sua teoria através da observação do desenvolvimento de seus filhos, para explicar questões epistemológica, ou seja, compreender como os sujeitos evoluem de um estágio do conhecimento para outro superior. A transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem maturidade de absorver. Um dos grandes temas da epistemologia é saber como se passa de um estado de menor conhecimento para um estado de maior conhecimento, de um conhecimento de menor valor para um conhecimento de maior valor. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 33 Esse problema, que seduziu o jovem Piaget como seduz a todos os que se envolvem nessa área, pode ser compreendido com base nas formulações do filósofo Immanuel Kant (VINÍCIUS, 2008, p.1). Para entender a teoria de Piaget, vamos sintetizar os seus principais conceitos, a fim de facilitar a ordenação de suas ideias. Sabemos que as crianças não aprendem igualmente. Os estágios descritos por ele são mutáveis e o sujeito necessita de certas condições para dar segmento ao processo de aprendizagem. O desenvolvimento motor, os estímulos externos e o desenvolvimento psíquico foram considerados em suas observações. Figura 9 - Principais Pressupostos da Teoria Piagetiana. CONCEITOS DEFINIÇÕES 1. Conhecimento e apropriação do objeto; O conhecimento do objeto é construído a partir da interação entre o sujeito e o objeto e não é adquirido passivamente mercê de uma mera gravação de informações. 2. Interação sujeito - objeto A interação sujeito - objeto (foco do estudo do construtivismo genético) é constituída por um conjunto de assimilações e acomodações, sendo considerados aqui tanto o sentido biológico como o intelectual. Assimilação consiste na integração dos elementos externos do objeto aos esquemas e estruturas pré-existentes no organismo. Acomodação consiste nas modificações introduzidas nesses esquemas , nas estruturas resultantes do processo de assimilação dos elementos externos. 3. Assimilação e acomodação Processos interdependentes e é a partir dos sucessivos equilíbrios estabelecidos que o desenvolvimento intelectual é entendido. 4. Estágios do desenvolvimento Para Piaget a inteligência se desenvolve da seguinte forma: a) ordem constante na evolução dos estágios; b) construção progressiva das estruturas, integrando-se às antecedentes; c) construção de uma estrutura de conjunto, caracterizada por leis de totalidade que permitem a determinação de todas as operações abrangidas por essa estrutura; d) inclusão de um nível de preparação e um nível Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 34 de acabamento da estrutura; d) existência, em cada estágio, de processos de formação de formas de equilíbrio final correspondendo a estrutura de conjunto. 5. Equilibração e auto- regulação Processo representado pelos estágios: a) Sensório motor com seis sub estágios (Figura 6); b) Preparação e organização da inteligência operatória concreta com cinco sub estágios (Figura 6); c) Inteligência operatória formal com dois sub estádios (Figura 6). Fonte: Adaptado de Borges, Ana M. Introdução à Psicologia do Desenvolvimento. Jornal de Psicologia, Porto-PT 1987. De acordo com Borges (1987) nem toda criança acompanha os estágios rigorosamente da forma que Piaget nos apresenta. Cada uma apresenta diferenças individuais e do contexto social à qual está inserida. Se pudéssemos formular uma viagem iniciada na época da construção da teoria de Piaget até os dias atuais mostraria que contribuição da educação, os processos de comunicação, o avanço da medicina e da psicologia permitem que a criança conquiste muito mais rapidamente alguns estágios considerados por Piaget do que em sua época. Por isso, deve-se levar em conta os avanços propostos pelas diversas ciências que intervêm diretamente na formação da personalidade infantil. Deste modo, as crianças poderão, em qualquer idade, funcionar diferentemente nas mesmas áreas, e, consequente, no adulto o sistema cognitivo será pouco homogêneo. Nesta linha, talvez seja mais adequado falar em sequências e em estruturas verticais no crescimento cognitivo humano. (BORGES, 1987, p. 37). Figura 10: Estágios na teoria de Piaget IDADE ESTÁGIOS CONCEITO 1 a 2 anos Sensório-Motor Piaget usa a expressão "a passagem do caos ao cosmo" para descrever esse estágio. A criança nasce em um universo para ela caótico, habitado por objetos evanescentes (que desapareceriam uma vez fora do campo da percepção), com tempo e espaço subjetivamente sentidos, e causalidade reduzida ao poder das ações, em uma forma de onipotência" (id ibid). No recém-nascido, portanto, as funções mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os movimentos (como a sucção, o movimento dos olhos, por exemplo). 35 2 a 7 anos Pré-Operatório Para Piaget, a linguagem é a função simbólica e semiótica adquirida que marca a passagem do período sensório-motor para o pré-operatório. Não se pode atribuir à linguagem a origem da lógica, uma vez que a inteligência é anterior e constitui o núcleo do pensamento racional. A linguagem é considerada como uma condição necessária mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é dado pela linguagem. Sendo assim, a linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. A criança não concebe uma realidade da qual não faça parte, devido à ausência de esquemas conceituais e da lógica. 7 a 11 anos Operações Concretas Emerge a capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem) e de integrá-los de modo lógico e coerente. A criança passa a interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório-motor. Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveisde serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. Além disso, a criança ainda não havia adquirido a capacidade de reversibilidade. 11 anos em diante Operações Formais Nesta fase, a criança adquire autonomia através da ampliação das capacidades conquistadas na fase anterior; já consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. A criança adquire capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios. Fonte: Márcia Regina Terra. O desenvolvimento Humano na Teoria de Piaget. Outras considerações devem ser feitas sobre os conceitos traduzidos por sua teoria. A noção de Assimilação e Acomodação garante a estabilidade de estruturas cognitivas para poder ser reconhecido um outro estágio (BORGES, 1987). Embora Piaget não tenha negado, na sua teoria não considerou o processo motivacional e as relações afetivas que envolvem a relação sujeito – objeto. Faz-se necessário que o educador ou o profissional que está ligado à educação observe as diferenças individuais, os recursos externos disponibilizados para as crianças e quais as aptidões acionadas pela criança para que atinja o próximo. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 36 A assimilação é o processo no qual o indivíduo inicia ao conhecer o objeto através dos referenciais cognitivos nomeados de esquemas cognitivos, que já possui, mesmo que esses não sejam suficientes para um total entendimento. A acomodação para Piaget é a forma como o sujeito mantém a relação com o objeto. Ocorre somente a partir do momento em que ele desenvolveu e se apropriou de esquemas cognitivos, estes esquemas serão então modificados pelo acesso, esforço e por adquirir novos conhecimentos ou conhecer o novo. Na sequência, permite ou possibilita que a criança migre para os estágios seguintes, mais complexos. Não acontece o conhecimento propriamente dito se não houver um processo que envolva o sujeito e levo-o a se apropriar do objeto a partir de seus referenciais, os quais também serão alterados isto cria um processo uma dialética que faz o sujeito crescer, se desenvolver e acessar categorias mais complexas. Com estes pressupostos Piaget lança o desafio aos educadores o de tornar a busca pelo objeto algo dinâmico, criativo e transformador, não haverá desenvolvimento se não houver situações desafiadoras que leve o educando a busca do conhecimento como um agente ativo e não simplesmente recebê-la gratuitamente como um mero expectador sem possibilidade de ação. Os estímulos à busca desta dinâmica devem ser iniciada e oportunizada pelos pais e escola por meio dos profissionais que dela fazem parte. Piaget acredita na construção do conhecimento, apropriar-se dele é fazê-lo de forma ativa e nunca passivamente. Aluno, você deve ter percebido que para Piaget a construção do conhecimento é também uma forma de criar uma escola transformadora, seja nos aspectos educacionais propriamente ditos como nas ações culturais, políticas e sociais. Ser transformador tem um amplo significado é acima de tudo preparar o indivíduo para o mundo que ele deverá não somente aceitar passivamente, mas, Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 37 transformar em um mundo sempre melhor. Nesta visão não é papel da escola ensinar esta ou aquela disciplina, mas, o homem em sua totalidade. Piaget também pode ser compreendido como o epistemólogo que elaborou instrumentos teóricos para incentivar a luta dos educadores, e de todos os cidadãos, por uma sociedade e uma escola mais justas e igualitárias. Nesta direção, suas ideias tornam-se um legado para todos os que acreditam na possibilidade de uma educação escolar transformadora, que propicie liberdade de pensamento e ação para todas as crianças e jovens, e contribua para a construção de um novo mundo no futuro. Conforme vimos na aula Piaget e Vygotsky apresentam diferenças sutis. A seguir você encontrará o quadro dessas diferenças para complementar o raciocínio desenvolvido até agora: Fonte: https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial- gratis/Rapaz-pensando-em- quest%C3%A3o/70001.html VOCÊ SABIA? Dentro da psicologia do desenvolvimento existem teorias que divergem e complementam-se entre si. Podemos dividi-las em: Teoria Psicanalista: Sigmund Freud; Teoria Psicanalista Culturalista: Eric Erikson Perspectiva etológica: J. Bowlby Teoria cognitivo-desenvolvimental: Piaget Perspectiva sócio-cognitiva: Vygotsky Modelo bioecológico: Bronfrenbrenner Esses são apenas alguns representantes e suas respectivas linhas teóricas. Existem outros. Para conhecer todos esses estudiosos exigiria um estudo mais aprofundado de uma disciplina para falar de suas ideias e aplicabilidade. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 38 Figura 11: Diferenças na teoria de Vygotsky e Piaget no desenvolvimento Vygotsky Piaget O desenvolvimento cognitivo se dá através de um processo de apropriação da experiência histórica e cultural durante a vida toda. O desenvolvimento cognitivo e afetivo se dá através dos estágios sequenciais: • Sensório Motor: 0 a 2 anos • Pré Operatório: 2 a 7 anos • Operatório Completo: 7 a 11 anos • Operatório Formal: 11 a 15 anos ou mais Vygotsky Piaget O desenvolvimento cognitivo se dá através de um processo de apropriação da experiência histórica e cultural durante a vida toda. O desenvolvimento cognitivo e afetivo se dá através dos estágios sequenciais: • Sensório Motor: 0 a 2 anos • Pré Operatório: 2 a 7 anos • Operatório Completo: 7 a 11 anos • Operatório Formal: 11 a 15 anos ou mais Vygotsky Piaget • Desenvolvimento e aprendizagem são processos que ocorrem simultaneamente, são interdependentes e recíprocos; • A linguagem é a chave para o homem acessar os eventos e objetos; • O professor é o mediador do processo de ensino- aprendizagem e deve conhecer a base de conhecimento de seus alunos; precisa planejar o processo de aprendizagem a fim de atingir o potencial do aluno, construindo o conhecimento. • O professor não deve abrir mão da reflexão sobre sua prática pedagógica e precisa encorajar o aluno assumir a responsabilidade por sua própria aprendizagem • A aprendizagem depende do desenvolvimento cognitivo, afetivo e dos seus estágios; • O homem tem acesso direto aos objetos e eventos. • O professor precisa pensar e desenvolver situações de aprendizagem que sejam equivalentes ao estágio de desenvolvimento cognitivo no qual o aluno se encontra e representem, ao mesmo tempo, um desafio a eles. Fonte: elaborado pela autora. Na sequência você encontrará sugestões de atividades para que você possa colocar em prática o conhecimento assimilado e acomodado. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 39 Leitura complementar: Psicologia do Desenvolvimento: uma perspectiva histórica Autora: Márcia Elia da Mota Universidade Federal de Juiz de Fora Disponível em: http://fernandavaz.pbworks.com/w/file/fetch/98954976/Artigo%20aula%201.pd f. Acessado em 29/04/2019. Psicologia do desenvolvimento (vol.1) teorias do desenvolvimento conceitos fundamentais. Autora: Clara Regina Rappaport Disponível em: https://feapsico2012.files.wordpress.com/2016/11/piaget.pdf. Acessado em 29/04/2019 Atividade de Aplicação A cinematografia pode favorecer a exemplificaçãodo conteúdo aprendido. Sugiro os seguintes filmes e em cada um deles Reconheçam as fases do desenvolvimento descrita pelos principais autores estudados nesse capítulo; Reflita se a intervenção oferecida ajudou no desenvolvimento do aluno em questão; Se você fosse montar um plano de ação, baseado no conteúdo aprendido nesse capítulo, qual seria? Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 40 ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Sugestão de filme: O Enigma de Kaspar Hauser. Drama, Alemanha Ocidental, 1974 110 min. Tema: violência, relações sociais, psicologia do desenvolvimento Sinopse: A partir de uma abordagem histórico-cultural em Psicologia, este trabalho analisa o percurso de desenvolvimento de Kaspar Hauser, um Josi Carvalho Highlight 41 personagem real e enigmático que, quando encontrado em Nuremberg, em 1928, com supostamente 15 anos, não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano. Até hoje o seu enigma persiste: apesar de muitas hipóteses e suspeitas, não se descobriu sua origem. Apoiando-se em estudos de Vygotsky e Luria, que indicam que a percepção depende, sobretudo, da práxis social, necessária para gestar o referencial cultural de apreensão da realidade, a autora analisa como se articulam linguagem e pensamento no desenvolvimento cognitivo de Kaspar Hauser e como ele concebe o mundo que o cerca, tendo sido privado dos filtros e estereótipos culturais que condicionam a percepção e o conhecimento. Chegamos ao final da Unidade 1. Até aqui você viu, os três principais autores Freud, Vygotsky e Piaget possibilitaram por suas pesquisas a geração de três importantes teorias que até os dias de hoje influenciam a psicologia do desenvolvimento, a pedagogia e a psicopedagogia. Com exceção de Vygotsky é importante lembrar que os autores não estavam preocupados com as questões pedagógicas, ou seja, eles não desenvolveram uma teoria pedagógica; tinham o interesse de verificar como o sujeito evolui quando estabelece relações com o mundo exterior. Os autores embora com olhares diferentes e eventualmente objetivos, enfatizaram a necessidade de se observar o desenvolvimento biológico, o psicológico e as ofertas do meio ambiente, com isto, esclarecem-nos de que forma as competências sociais e cognitivas se estabelecem, isto é, o sujeito somente demonstrará sua competência através de ações e para isto deve ter adquirido habilidades que dependem de sua maturidade biológica de seu desenvolvimento psicológico – afetividade, emocionais- que lhe permitam uma boa relação com o objeto que está disponível no meio ambiente – pessoas e coisas- que ele vai abstraindo e conceituando, vai interpretando e introjetando. Josi Carvalho Highlight 42 Diversos outros autores poderiam ser discutidos, são escolas diferentes com olhares próprios, optou-se, no entanto, por estes três autores por serem eles considerados de suma importância para o estudo da pedagogia. Para você que está trilhando o caminho da psicopedagogia, lidar com o processo de desenvolvimento fará parte do dia a dia e com isso pretendeu-se mostrar aqui que não será factível atingir determinados objetivos cognitivos se não forem levados em consideração as variáveis afetivas, cognitivas, familiares, sociais e biológicas em todo ciclo da vida. As diferentes teorias apresentadas podem ser utilizadas por você de forma complementar ou simplesmente oferecer base à novas construções que serão encontradas por vocês na caminhada profissional. Reforçamos que é de extrema importância compreender que a multidisciplinaridade deve ser foco de interesse de todo profissional seja com a psicologia, medicina, biologia, antropologia, sociologia e educação, dentre outras. Espero que você tenha aproveitado o conteúdo, busque a complementação através das leituras sugeridas, exercite assistindo os filmes e respondendo a atividade reflexiva. Pronto para a próxima etapa? Então vamos lá... Avante! Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 43 2. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO: INTERFACES ENTRE A PSICANÁLISE E A PSICOPEDAGOGIA Olá aluno(a), seja bem-vindo à segunda unidade! Aqui trataremos da união do desenvolvimento cognitivo e afetivo, inserindo-os no ponto de encontro da psicanálise com a psicopedagogia. Na Unidade 1 aprendemos que a criança e o adolescente que chega na escola é um indivíduo, ainda em formação composto de aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Figura 12: Interfaces entre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor Fonte da imagem: https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&ved=2ahUKEwiljaqcm6riAhXlKrkGHVXbDbcQjRx6BAg BEAU&url=http%3A%2F%2Fpedagogiaeeducacao-blog.blogspot.com%2F2018%2F05%2Fdocumentario-desenvolvimento-afetivo- e.html&psig=AOvVaw25GZ4OJDSbZ67OVigJg3c&ust=1558445262964224 Como vemos na figura acima, os aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores estão todos interligados. Intermediando e interferindo esse desenvolvimento, encontramos as dificuldades de aprendizagem e os sintomas que envolvem o processo de não aprendizagem ou de outro tipo de diagnóstico. Esse aspecto tem sido um dos grandes desafios que insistem em perpetuar, ganhando maior visibilidade nos dias atuais. Dizer que a criança tem “problema de aprendizagem” é muitas vezes transferir para um único ator a responsabilidade de um conjunto de situações sendo a maioria delas a própria criança. Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight Josi Carvalho Highlight 44 Problemas de aprendizagem tem sido o nome encontrado por profissionais de várias áreas para tentar falar do que não corresponde ao esperado no processo de aprendizagem. Cada campo de saber define o problema de aprendizagem de um modo particular (MAIA, MEDEIROS & FONTES, 2012, p.44) Associar o “problema” à criança reforça os preconceitos e marcas que podem inviabilizar a aprendizagem, por desistência dos envolvidos – criança, família, escola e sociedade. Tais práticas e processos produzem nos alunos atitudes e comportamentos que são comumente tomados como 'indisciplina', 'desajustamento', 'distúrbio emocional', 'hiperatividade', 'apatia', 'disfunção cerebral mínima', 'agressividade', 'deficiência mental leve' e tantos outros rótulos caros a professores e psicólogos. (PATTO, 1997, p. 1) O
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