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Bioquímica de Lipídios

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Prévia do material em texto

Bioquímica dos 
Alimentos
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Anderson Sena Barnabe
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Bioquímica de Lipídios
• Introdução;
• Ácidos Graxos;
• Triacilgliceróis;
• Fosfolipídios.
• Dar base sobre o conhecimento técnico a respeito das características dos lipídios, 
suas funções no organismo e composição de alimentos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Bioquímica de Lipídios
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Introdução
Os lipídios constituem, juntamente com os carboidratos e proteínas, outra 
classe de substâncias consideradas como alimento. 
Seus representantes são compostos bastante heterogêneos, das mais variadas 
funções químicas, que se caracterizam pela insolubilidade em água e solubilidade 
em solventes orgânicos (éter, acetona, álcool, clorofórmio, entre outros). Essa na-
tureza hidrofóbica é consequência da natureza química da molécula, que possui 
extensas cadeias de carbono e hidrogênio, lembrando muito os hidrocarbonetos. 
São considerados os mais energéticos dos alimentos devido a essas cadeias 
hidrocarbonetadas, apresentando o átomo de carbono em estágio bastante re-
duzido, isto é, com baixo número de oxidação, devido ao baixo teor de oxigênio 
na molécula.
Exercem diversas funções biológicas, como componentes de membranas, iso-
lantes térmicos, reservas de energia, e são constituintes de vitaminas e hormônios.
Do ponto de vista estrutural, os lipídios constituem as membranas de permeabi-
lidade diferencial como a membrana citoplasmática e as membranas que revestem 
as organelas e outras entidades de atividades bioquímicas especializadas (como o 
retículo endoplasmático, o sistema lamelar dos cloroplastos, entre outros).
Classificação
Segundo Murray e colaboradores (2012), os lipídios podem ser classificados prin-
cipalmente como simples, complexos, os precursores e derivados.
1. Lipídios simples: São ésteres de ácidos graxos com vários alcoóis.
a. Gorduras:
São ésteres de ácidos graxos com glicerol. A gordura no estado líquido é 
conhecida como óleo.
b. Ceras:
São ésteres de ácidos graxos com álcoois mono-hidroxílicos.
2. Lipídios Complexos: São ésteres de ácidos contendo outros grupos além de 
um álcool e de um ácido graxo.
a. Fosfolipídios:
São lipídios que contêm, além de ácidos graxos e um álcool, um resíduo de 
ácido fosfórico. Frequentemente, têm bases nitrogenadas e outros substituin-
tes, por exemplo, nos glicerofosfolipídios, o álcool é o glicerol, e nos esfingo-
fosfolipídios, o álcool é a esfingosina.
8
9
b. Glicolipídios (glicoesfigolipídios):
São lipídios que contêm um ácido graxo, esfingosina e carboidrato. 
c. Outros lipídios complexos:
São lipídios, tais como sulfolipídios e aminolipídios. As lipoproteínas também 
podem ser enquadradas nesta categoria.
De acordo com sua formação, podem ser classificados como demonstrado abaixo 
(Figura 1):
Lípideos de
armazenamento
Lípideos de membrana
Fosfolipídeos Glicolipídeos
Glicerolipídeos
Gl
ice
ro
l
Gl
ice
ro
l
AG
AG
AG
AG AG AG
Mono ou
oligossacarídiocolinaálcool PO4PO4AG
Es
�n
go
sin
a
Es
�n
go
sin
a
Triacilgliceróis Es�ngolipídeosEs�ngolipídeos
Figura 1 – Principais Lipídios de Membrana
Fonte: Adaptada de Nelson e Cox, 2014
Ácidos Graxos
São ácidos carboxílicos que apresentam um radical R de natureza graxa ou apolar: 
R-COOH, onde R deve se apresentar com mais de 4 átomos de carbono em estágio 
reduzido. De um modo geral, aumentando-se o número de átomos de carbono na 
molécula, aumenta-se o ponto de fusão do ácido graxo (até 8 átomos de carbono os 
ácidos carboxílicos são líquidos; com 1 e 2 átomos de C, são voláteis).
A presença da dupla ligação na cadeia do ácido graxo diminui o ponto de fusão 
do mesmo.
São classificados em ácidos graxos saturados, estes contêm apenas ligações sim-
ples entre os átomos da cadeia carbônica, e ácidos graxos insaturados que contêm 
algumas ligações duplas entre os átomos de carbono.
A nomenclatura pode ser dada de acordo com a posição de C1, na qual este é 
o mais distante do grupo carboxila (Tabela 1).
9
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Tabela 1– Alguns ácidos graxos de ocorrência natural
Símbolo numérico Estrutura Nome comum
Ácidos Graxos Saturados
12:0 CH3(CH2)10COOH Ácido láurico
14:0 CH3(CH2)12COOH Ácido mirístico
16:0 CH3(CH2)14COOH Ácido palmítico
18:0 CH3(CH2)16COOH Ácido esteárico
20:0 CH3(CH2)18COOH Ácido araquídico
22:0 CH3(CH2)20COOH Ácido beênico
24:0 CH3(CH2)22COOH Ácido lignocérico
Ácidos Graxos Insaturados
16:1∆9 CH3(CH2)5 CH=CH(CH2)7COOH Ácido palmitoleico
18:1∆9 CH3(CH2)7 CH=CH(CH2)7COOH Ácido oleico
18:2∆9,12 CH3(CH2)4 CH=CHCH2CH=CH(CH2)7COOH Ácido linoleico
18:3∆9,12,15 CH3(CH2-CH=CH)3(CH2)7COOH Ácido α-linolênico
20:4∆5,8,11,14 CH3(CH2)3-(CH2-CH=CH)4-(CH2)3COOH Ácido araquidônio
Fonte: Motta (2011, p.122)
Quanto à propriedade de solubilidade, estes são insolúveis em água e solúveis no 
éter, clorofórmio e benzeno (solvente das gorduras).
Os óleos de origem vegetal são triglicerídios que apresentam elevada proporção 
de ácidos graxos poli-insaturados, que possuem baixo ponto de fusão, conferindo a 
esses triglicerídios o estado líquido em temperatura ambiente (20-25°C). Já as gor-
duras de origem animal, se apresentam no estado sólido em temperatura ambiente 
pelo fato de haver predominância de ácidos graxos saturados. 
Uma dieta rica em óleos vegetais é aconselhável às pessoas com distúrbios cardio-
vasculares, possuidoras de elevados teores de colesterol no sangue. Tais problemas 
são manifestados pela arteriosclerose (endurecimento das artérias) e/ou aterosclero-
se (diminuição da luz arterial).
A margarina, obtida pela hidrogenação catalítica dos óleos vegetais com a 
finalidade de dar a eles a consistência sólida da manteiga, não se constitui num 
substituto adequado desta, quando se pretende evitar os inconvenientes da gordura 
animal. Isto porque a característica desejável dos óleos vegetais (presença de ácidos 
graxos poli-insaturados) é alterada quando se efetua a hidrogenação dos mesmos 
para se obter um produto de maior ponto de fusão.
10
11
Triacilgliceróis
São triésteres de glicerol com ácidos graxos;diferindo-se pela posição dos três 
resíduos de ácidos graxos.
As gorduras e óleos de plantas e animais são formados por misturas de triacil-
gliceróis. São responsáveis por quase 95% da gordura dietética (gordura ingerida 
na alimentação).
Quanto à saturação, dividem-se em saturados, compostos sem ligação dupla, exem-
plos: manteiga, gordura, banha, bacon, pele de aves e leite integral; e insaturados, que 
se dividem em monoinsaturados, compostos com uma ligação dupla, e poli-insaturado, 
que apresentam mais de uma ligação dupla. De gorduras insaturadas monoinsatura-
dos, temos: óleos de oliva, canola, abacate e semente de gergelim; e poli-insaturados 
são os óleos vegetais (girassol, milho, soja, algodão), óleos de peixe e em oleaginosas 
(castanha, amêndoa).
Os ácidos graxos essenciais são poli-insaturados não sintetizados pelas células 
do organismo e são adquiridos por meio da alimentação. Neste grupo, está o ácido 
linolênico, ômega-3, encontrado em peixes e o ácido linoleico, ômega-6, encontra-
do em óleos vegetais como o de girassol, milho, soja, algodão. 
Abaixo, observamos as moléculas de triglicerídeos e sua composição (Figura 2). 
Triglicerídeos
Saturada
Glicerina 3 ácidos graxos+
Monoinsaturada
Poli-insaturada
o
o
o
o
o
o
o
oCH2 - 
CH2 - 
CH2 - 
CH2 - 
CH - 
CH - 
CH2 - 
CH2 - 
CH - 
o
o
o
o
o
o
o
o
o
o
Figura 2 – Estrutura dos triglicerídeos saturados (gorduras),
monoinsaturados e poli-insaturados (óleos)
Fonte: Adaptado de Motta, 2011
11
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Todos os ácidos graxos saturados são sintetizados no organismo a partir da 
acetil-CoA. Entretanto, os ácidos graxos poli-insaturados são exclusivos dos ve-
getais, sendo que o ácido linoleico e o linolênico são considerados essenciais aos 
seres humanos por serem precursores dos eicosanoides e serem responsáveis pela 
fluidez da membrana. O ácido araquidônico torna-se essencial quando há a carên-
cia dietética do ácido linoleico, que é utilizado em sua síntese.
Fosfolipídios
Os fosfolipídios são ésteres derivados dos ácidos fosfatídicos, que são compostos 
contendo glicerol, dois ácidos graxos e um grupo fosfato, e podem ser divididos 
em duas categorias: fosfoglicerídeos e fosfoesfingosídeos, dependendo de o álcool 
ser glicerol ou esfingosina, respectivamente. São componentes das membranas 
biológicas. Constituídos por uma mistura de ésteres de ácidos graxos, ácido fosfóri-
co e álcool. Apresentam moléculas anfifílicas constituídas pelo grupo fosfato que é 
polar e uma cauda constituída pelas cadeias de ácidos graxos apolar ou hidrofóbi-
ca. As cabeças polares podem ser um aglomerado de etanolamina, uma serina ou 
inositol. Estrutura de um fosfolipídio (Figura 3).
Figura 3- Estrutura de um fosfolipídio
Fonte: Adaptado de Motta, 2012
Os fosfoglicerídeos diferem principalmente no composto específico ligado ao 
grupo fosfato; se o grupo é a base nitrogenada denominada colina, temos as leciti-
nas; se for a etanolamina ou serina, temos as cefalinas.
12
13
Nos glicerosfosfolipídios e alguns esfingolipídios, um grupo-cabeça polar está 
ligado á porção hidrofóbica por uma ligação fosfodiéster; esses são os fosfolipídios. 
Outros esfingolipídios não têm fosfato, mas podem ter um açúcar simples ou um 
oligossacarídeo complexo nas suas extremidades polares; esses são os glicolipídios.
Quando colocados em solução aquosa, os fosfolipídios podem se arranjar em três 
diferentes estruturas: micela, lipossomo e bicamada fosfolipídica (Figura 4). Além de a 
água ser uma molécula polar, ela também atravessa a membrana, por ser uma substância 
essencial para qualquer tipo de vida.
Liposoma Liposoma
Figura 4 – Disposição das moléculas de fosfolipídios em meio aquoso 
Fonte: Adaptado de Murray et al., 2014
Um fosfolipídio importante é a fosfatidilcolina, também chamado de leciti-
na. A fosfatidilcolina é uma mistura de diésteres do ácido fosfórico. Sua fun-
ção é derivada de um diacilglicerol, enquanto que a outra é uma unidade colina 
[-OCH2CH2N + (CH3)3].
Estudos em animais demonstraram que uma dieta deficiente em colina promove 
a carcinogênese hepática. A doença começa com o acúmulo de lípides hepáticos, 
porque a lecitina é necessária para a síntese de proteínas de muito baixa densidade 
(VLDL), a mais importante via de saída dos triglicérides hepáticos. De fato, o fígado 
gorduroso é um dos sinais clássicos da deficiência de colina em animais. Essa condi-
ção também pode resultar da terapia com metotrexato e é revertida pela suplemen-
tação de colina (CANTY & ZEISEL, 1994).
13
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Na deficiência contínua de colina, o fígado gorduroso é seguido por necrose celular 
e fibrose tissular e progride para cirrose e carcinoma. A deficiência de colina pode re-
sultar em câncer hepático, mesmo na ausência de exposição a agentes carcinógenos. 
Estudos sugerem que a lecitina pode também reduzir o risco de doença cardiovas-
cular pela diminuição de gorduras poli-insaturadas, inibindo a absorção de coleste-
rol, aumentando a excreção de colesterol e/ou ácidos biliares e favorecendo o perfil 
das lipoproteínas (POLICHETTI et al., 2000).
Finalmente, a colina é um componente do plasmalógeno, um fosfolípide en-
contrado em altos níveis no sarcolema, a membrana celular do músculo cardíaco. 
A sequela da isquemia miocárdica aguda pode ser resultante da quebra do plasma-
lógeno durante um ataque isquêmico.
Oaminoálcool é a esfingosina. A fitoesfingosina é encontrada nos esfingo-
lipídios das plantas. As moléculas mais simples desse grupo são as ceramidas, 
resultantes de ácidos graxos ligados ao grupo amino (−NH2) no C2 da esfingo-
sina. As ceramidas são precursoras das esfingomielinas e glicoesfingolipídios.
Esfingomielina
O grupo álcool primário da ceramida é esterificado ao grupo fosfórico da fosfo-
colina ou fosfoetanolamina. A esfingomielina é encontrada na maioria das mem-
branas plasmáticas das células animais. Como o nome sugere, a esfingomielina 
é encontrada em grande quantidade na bainha de mielina que reveste e isola os 
axônios em alguns neurônios. As suas propriedades isolantes facilitam a rápida 
transmissão dos impulsos nervosos.
Glicoesfingolipídios
As ceramidas são também precursoras dos glicoesfingolipídios (ou glicolipí-
dios). Nesses compostos, os monossacarídeos, dissacarídeos e os oligossacaríde-
os estão ligados por ligação O−glicosídica. Os glicoesfingolipídios não possuem 
grupos fosfato e são não iônicos. As classes mais importantes dos gliceroesfin-
golipídios são os cerebrosídeos, os sulfatídeos e os gangliosídeos. 
Glicerolipídios
São derivados do glicerol que contém fosfato na sua estrutura. O glicerofosfo-
lipídio mais simples é o ácido fosfatídico, composto por uma molécula de glicerol 
esterificada a dois ácidos graxos nos carbonos 1 e 2, e a ácido fosfórico no car-
bono 3. O fosfatidato, além de ser encontrado como um componente menor de 
membranas celulares, atua como intermediário da síntese de triacilgliceróis e dos 
outros glicerofosfolipídios.
14
15
Glicolipídios 
São macromoléculas amplamente distribuídas nos seres vivos, sendo comu-
mente encontrados na parte externa das membranas celulares, tais como a 
membrana citoplasmática, mitocondrial, do retículo endotelial e dos cloroplastos 
(MENDES, et al., 2006).
O termo glicolipídio designa compostos com uma ou mais unidades monossa-
carídicas, unidas através de ligações glicosídicas a uma molécula hidrofóbica, como 
acilglicerol ou ceramida (base esfingóide acilada), entre outras.
Isoprenoides 
Os isoprenoides são um vasto grupo de biomoléculas que contém unidades 
estruturais repetidas de cinco carbonos conhecidas como unidades de isoprenos. 
Estes são sintetizados a partir do isopentenil pirofosfato formado do acetil−CoA.
Os isoprenoides consistem de terpenos e esteroides. Os terpenos são um enor-
me grupo de substâncias encontradas em óleos essenciais das plantas. Os esteroi-
des são derivados do anel hidrocarbonado do colesterol. 
Terpenos
Os terpenossão classificados de acordo com o número de resíduos de isopre-
no que contêm (Figura 5). 
CH2 CH2CHC
CH3
Figura 5 – Isopreno
Fonte: Adaptado Horton, 2008
Os monoterpenos são compostos de duas unidades de isopreno (10 átomos 
de carbono). O geraniol é um monoterpeno encontrado no óleo de gerânio. 
Terpenos que contêm três isoprenoides (15 carbonos) são denominados ses-
quiterpenos. Farnesene, um importante constituinte do óleo de citronela (uma 
substância usada em sabões e perfumes), é um sesquiterpeno. 
Fitol, um álcool vegetal, é um exemplo de diterpenos, moléculas compostas de 
quatro unidades de isoprenos. O esqualeno, encontrado em grande quantidade no 
óleo de fígado de tubarões, azeite de oliva e levedura, é um exemplo de triterpe-
nos. Esqualeno é um intermediário da síntese do esteroide. 
15
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Os carotenoides, o pigmento laranja encontrado em muitas plantas, são tetrater-
penos (moléculas compostas de oito unidades de isopreno). Os carotenos são mem-
bros hidrocarbonados desse grupo. 
Os politerpenos são moléculas de elevado peso molecular compostas de centenas 
ou milhares de unidades de isopreno. A borracha natural é um politerpeno composto 
de 3.000-6.000 unidades de isopreno. 
Várias biomoléculas importantes são formadas por componentes não terpenos 
ligados a grupos isoprenoides. Exemplos incluem vitamina E (α-tocoferol), ubiqui-
nona, vitamina K e algumas citocinas.
Esteroides
São complexos derivados dos triterpenos encontrados em células eucarió-
ticas e em algumas bactérias. Cada esteroide é composto de quatro anéis não 
planares fusionados, três com seis carbonos, e um com cinco. Distinguem-se os 
esteroides pela localização de ligações duplas carbono-carbono e vários substi-
tuintes (exemplo, grupos hidroxil, carbonil e alquila) (MOTTA, 2011).
Eles atuam, nos organismos, como hormônios e são secretados pelas gônadas e 
córtex adrenal. Exemplos de esteroides: hormônios sexuais, os corticosteroides (pro-
duzidos pela glândula suprarrenal), o colesterol, sais biliares e vitamina D. 
O colesterol é um álcool policíclico de cadeia longa, considerado um esteroide, 
encontrado em membranas celulares e transportado no plasma sanguíneo dos ani-
mais. Sintetizado pelo fígado, é o principal esterol sintetizado no tecido animal.
O colesterol é composto por 27 átomos de carbono, todos provenientes da cetil-
-coenzima A. É uma molécula anfipática que possui uma cabeça polar, constituída 
pelo grupo hidroxila em C-3 e um corpo não polar, constituído pelos quatro anéis 
do núcleo esteroide e pela cadeia alifática lateral ligada em C-17. Caracteriza-se 
por ser uma molécula hidrofóbica, bastante solúvel em solventes não polares. 
O colesterol existente nos tecidos e no plasma sanguíneo pode se apresentar sob 
a sua forma livre (Figura 6), ou sob a forma de ésteres de colesterol, uma forma ainda 
mais hidrofóbica, que resulta da sua combinação com um ácido graxo de cadeia longa. 
Figura 6 – Colesterol em sua forma livre
Fonte: Motta, 2011
16
17
O colesterol é uma substância complexa que apresenta inúmeras funções no 
organismo, porém, ocorrendo problemas no seu metabolismo, pode acarretar 
aumento em sua concentração no sangue e, consequentemente, doenças coro-
narianas como arteriosclerose, além de causar hipertensão arterial, problemas 
de diabete mellitus e formação de cálculos biliares. Segundo Ludke & Lopez 
(1999), os fatores de risco mais importantes são: sexo masculino, idade avança-
da, hipertensão, fumo, diabetes, baixa atividade física, alto consumo de gordura 
e colesterol e, principalmente, o histórico familiar (genética). Este último fator é 
considerado o principal, devido aos fatores de risco nas pessoas com tendência 
à hipercolesterolemia serem mais proeminentes, obrigando esses indivíduos a se-
rem cautelosos na sua alimentação. Por isso, o uso de alimentos com altos níveis 
de colesterol tem sido condenado pela maioria dos médicos.
O colesterol é transportado no plasma na forma de lipoproteínas. Estas são 
agregados de macromoléculas como triagliceróis (TG) e ésteres de colesterol 
envolvidos por uma camada de fosfolipídios, proteínas e colesterol livre, ou 
seja, as lipoproteínas possuem um centro hidrofóbico, mas no seu exterior, são 
hidrossolúveis. Podemos observar as lipoproteínas em estrutura de micelas, 
mostrada na figura 7.
 
Figura 7 – Lipoproteínas
Fonte: Adapatado de ulvireha.fidanci.org
As lipoproteínas são classificadas de acordo com a sua densidade: 
• Quilomícrons: Transportam os lipídios da dieta por meio da linfa e sangue 
do intestino para o tecido muscular (para obtenção de energia por oxidação) 
e adiposo (para armazenamento). Os quilomícrons estão presentes no sangue 
somente após a refeição. Os quilomícrons remanescentes ricos em colesterol 
- que já perderam a maioria de seu triacilgliceróis pela ação da lipoproteína−li-
pase capilar – são captados pelo fígado por endocitose. 
17
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
• Lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) são sintetizadas no fígado. 
Transportam triacilgliceróis e colesterol endógenos para os tecidos extra-hepá-
ticos. No transporte das VLDL através do organismo, os triacilgliceróis são hi-
drolisados progressivamente pela lipoproteína−lipase até ácidos graxos livres e 
glicerol. Alguns ácidos graxos livres retornam à circulação, ligados à albumina, 
porém, a maior parte é transportada para o interior das células. Eventualmen-
te, as VLDL remanescentes triacilglicerol−depletados são captadas pelo fígado 
ou convertidas em lipoproteínas de densidade baixa. A VLDL é precursora da 
IDL (lipoproteína de densidade intermediária), que por sua vez é precursora da 
LDL (MOTTA, 2011).
• A lipoproteína de baixa densidade (LDL- low density lipoprotein), remoção de 
LDL da circulação, é mediada por receptores LDL (sítios específicos de ligação) 
encontrados tanto no fígado como em tecidos extra-hepáticos. Um complexo for-
mado entre a LDL e o receptor celular entra na célula por endocitose. As lípases 
dos lisossomos e proteases degradam as LDL. O colesterol liberado é incorporado 
nas membranas celulares ou armazenado como ésteres de colesteril. A deficiência 
de receptores celulares para as LDL desenvolve hipercolesterolemia familiar, na 
qual o colesterol acumula no sangue e é depositado na pele e artéria, este pode se 
depositar nas artérias e provocar o seu entupimento (placa de ateroma) causando, 
posteriormente, Aterosclerose (link a seguir).
Aterosclerose Arterial – http://bit.ly/2IqG4UM
Ex
pl
or
• A lipoproteína de alta densidade (HDL - high density lipoprotein) retira o ex-
cesso de colesterol para fora das artérias, impedindo o seu depósito e diminuin-
do a formação da placa de ateroma. Na superfície hepática, a HDL se liga ao 
receptor SR-B1 e transfere o colesterol e os ésteres de colesterol para o interior 
do hepatócito. A partícula de HDL com menor conteúdo de lipídios retorna 
ao plasma. No fígado, o colesterol pode ser convertido em sais biliares, que 
são excretados na vesícula. O risco de aterosclerose (depósito de colesterol nas 
artérias) diminui com a elevação dos níveis de HDL e aumenta com a elevação 
da concentração das LDL (MOTTA, 2011).
A síntese endógena de colesterol ocorre em nível de fígado e intestino (cerca de 
70% do total do colesterol sintetizado no organismo), sendo que os tecidos extra-
-hepáticos contribuem com uma fração menor. E o colesterol exógeno é proveniente 
da dieta (Figura 8).
18
19
Fígado
Figura 8 – Síntese Colesterol
Fonte: Adaptado de Kasper, 2016
19
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Bioquímica
MOTTA, V. T. Bioquímica. 2. ed., Rio de Janeiro: Medbook, 2011.
Harper Bioquímica Ilustrada
MURRAY, R. K. et al., Harper Bioquímica Ilustrada. 29. ed., Rio de janeiro: Atheneu, 2012.
Princípios de Bioquímica de Lehninger
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