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NEUROCIÊNCIA, EDUCAÇÃO E O COMPORTAMENTO Professora: Me. Patrícia Rodrigues da Silva Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Projeto Gráfico Thayla Guimarães Design Educacional Marcus Vinicius Almeida da Silva Machado Design Gráfico Bruna Stefane Martins Marconato Ilustração Bruno Cezar Pardinho DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; SILVA, Patrícia Rodrigues da; Neurodidática. Patrícia Rodrigues da Silva; Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 35 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Neurodidática. 2. Neurociência. 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 370 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 sumário 09| NEUROCIÊNCIA, EDUCAÇÃO E DIDÁTICA 15| ASPECTOS DO COMPORTAMENTO SOCIAL 21| PROCESSOS E MANIFESTAÇÕES DO COMPORTAMENTO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender a relação proposta entre neurociência, educação e didática. • Conhecer aspectos do comportamento social e as suas influências no de- senvolvimento da criança. • Conjecturar sobre os processos e manifestações do comportamento, com ênfase para: a atenção, a percepção, a memória e a aprendizagem. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Neurociência, educação e didática • Aspectos do comportamento social • Processos e manifestações do comportamento NEUROCIÊNCIA, EDUCAÇÃO E O COMPORTAMENTO INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), bem-vindo(a)! Vamos discutir neste momento do nosso estudo sobre a relação percebida e pos- sibilitada entre a neurociência, a educação e a didática. Notaremos que a neurociência, por meio de seus estudos sobre o funcionamento do cérebro, pode oferecer ricas informações que ao serem utilizadas por professo- res, pedagogos e demais profissionais a educação, podem levar ao desenvolvimento e aprimoramento de estratégias de ensino-aprendizagem que estejam alinhadas as reais necessidades de nossos alunos. Veremos que a neurodidática é ainda uma linha de estudos nova, mas, o seu sur- gimento está alinhado com o propósito maior de focar a aprendizagem do aluno, se constituindo em uma possibilidade de pedagogos, psicopedagogos e professo- res se utilizarem das bases neurocientíficas para o planejamento e desenvolvimento de suas aulas. Considerando o processo de desenvolvimento da criança, estudaremos os as- pectos do comportamento social. Este momento de nosso encontro possibilitará a reflexão acerca dos cenários nos quais as crianças estão e são inseridas e, em como muitas características manifestadas por elas servem de sinal para a percepção de comportamentos que podem acompanha-la ao longo de toda a sua vida. Pós-Universo 7 Em uma abordagem diagnóstica, os estudos sobre o comportamento social, podem auxiliar o pedagogo, o professor, o psicopedagogo na detecção de síndro- mes e transtornos de comportamento, como o TDAH, por exemplo. Embora não seja o foco do nosso estudo, falaremos, mesmo que brevemente sobre como a neuro- ciência pode auxiliar o professor a trabalhar adequadamente com as crianças com TDAH, ajudando-as em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Falaremos ainda sobre alguns processos e manifestações de comportamento e a sua relação com a aprendizagem. Trataremos assim sobre a atenção e a percepção, e, sobre a memória e o processo de aprendizagem. Veremos que o cérebro, enquanto sistema aberto para o processo de aprendizagem, precisa ser estudado, compreendi- do e explorado. E que essa é uma grande possibilidade de estudo e desenvolvimento do conhecimento para nós professores. Boa leitura! Pós-Universo 8 Pós-Universo 9 NEUROCIÊNCIA, EDUCAÇÃO E DIDÁTICA Neste momento, caro(a) aluno(a), vamos tratar da transposição percebida entre a neurociência, a educação e a didática em si. Enquanto pesquisadora da área da neurociência, posso assegurar que as suas características principais podem ser interpretadas nas mais diversas frentes, ofere- cendo subsídios para o entendimento de diferentes vertentes e áreas de estudos nos dias de hoje. Como viemos tratando em nossas discussões, percebemos que a neurociência vem sendo objeto de estudo no campo da educação. Cada vez mais, pedagogos, coordenadores, professores e demais profissionais que atuam em escolas, em univer- sidades, têm desenvolvido pesquisas e se aprofundamento neste campo, em busca de características e especificidades que deem respaldo para melhor desenvolvimen- to dos processos de ensino e aprendizagem. Nosso intuito a partir de agora é compreender as características da neurociência e a sua interdisciplinaridade com a educação e a didática. Vamos lá! A relação neurociência-educação Léo (2010, p. 9), nos diz que “a neurociência dá um gancho para a pesquisa educa- cional e sua aplicação em sala de aula, para tanto é mister desvendar trilhas e unir o fio condutor na prática da educação”. Podemos assegurar que por meio do conhe- cimento da neurociência, temos a possibilidade de identificar as reais necessidades dos alunos, fazendo com que a aprendizagem se torne mais significativa. Notamos assim, que a neurociência favorece a aprendizagem na medida em que o professor, o pedagogo, compreendem o funcionamento do cérebro no que diz respeito a construção do conhecimento e, consequentemente o entendimento da aprendizagem. Considerando o cotidiano escolar, temos a chance ainda acompanhar a evolução e comportamento do alunado que manifestam por exemplo, problemas de ordem afetiva, emocional, como também cognitiva. Pós-Universo 10 O termo neurodidática, foi criado na década de 1980 pelo professor de didática da matemática Gerhard Preiss, na Alemanha, mas foi nos anos 1990 que um outro professor, doutor em pedagogia Gerhard Friedrich, adaptou o conceito para tratar de questões amplas na área de educação. Os estudos sobre neurodidática são vistos como uma possibilidade de a neuro- ciência ajudar professores e pedagogos a desenvolver melhores estratégias didáticas e assim, melhorar a aprendizagem. Friedrich e Preiss (2003) salientam que a neurociên- cia oferece base científica para o desenvolvimento de teorias didáticas modernas, ou seja, cria-se a possibilidade de “configuração” do aprendizado considerando a melhor maneira que o cérebro é capaz de aprender. Maria de Fátima Léo (2010) salienta que a neurociência permite lucubrar sobre os fatores que impedem a criança de aprender, desvendando caminhos concernentes a aquisição de conhecimento. Assim, notamos nessa linha de estudos da educação a possibilidade de explorar e detalhar sobre a percepção, as emoções, a aprendiza- gem e a memória. Tais elementos se mostram significativos, dentro da perspectiva em que estamos trabalhando em nosso estudo, a neurociência cognitiva. A autora ainda ressalta: “ A psicopedagogia respaldada na neurociência pode trazer ao aluno uma melhor aprendizagem e, portanto, melhor qualidade de vida, visto que o olhar do professor abarca a criança como ser único, portadora de um currí- culo que nada mais é que toda a sua bagagem vivida em seus poucos anos de vida atulhados de traumas de ordem física ou emocional, aprendizados, sentimentos, sofrimentos, dores, exclusões, afeições, etc (LÉO, 2010 ,p. 9). Que reflexãomais rica, não é mesmo?! Notamos a partir da concepção da autora que a neurociência oferece um gancho à educação propiciando aprimorar as práti- cas pedagógicas aplicadas no cotidiano de sala de aula, de modo que mesmo diante das dificuldades das mais diversas ordens vivenciadas a cada dia, possamos tratar o aluno em uma perspectiva de individualidade. Pós-Universo 11 Aí está o nosso viés com a didática caro(a) aluno(a). Ao desenvolvermos e empre- garmos práticas pedagógicas tendo como base para a sua elaboração as características de funcionamento do cérebro e o processo cognitivo do aluno, podemos dizer que estamos tratando da neurodidática. Ou seja, o professor planeja, prepara, organiza e materializa a sua aula tendo como cerne principal os elementos trazidos pela neuro- ciência, buscando formas mais direcionadas para ensinar, com o fim de potencializar os resultados da aprendizagem, identificando o aluno como ser único e dotado de características únicas, próprias. A função do professor é potencializar os cérebros na sala de aula. Aliás, no olhar neurocientífico, os atrasados não existem, não existem pessoas que não aprendem. O que existe são cérebros com ritmos neuronais, desejos e experiências diferentes e que recebem os mesmos estímulos/ informações / conteúdos ao mesmo tempo e coletivamente na sala de aula. Fonte: Relvas (2016, p.1) Disponível em: http://www.martarelvas.com.br/rj/rio-de-janeiro/tijuca/mar- ta-relvas-palestrante/neurociencia-na-aprendizagem Acesso em 25/03/2017. reflita Podemos dizer, por meio das reflexões de autores que pesquisam a neurociência na perspectiva da educação, que ela se encontra entrelaçada nos saberes. Na con- cepção de Léo (2010), a função da neurociência é mais do que mapear o cérebro, envolve o desvendar meandros de seu funcionamento, possibilitando o acompa- nhamento das dinâmicas complexas que levam a observações e diagnósticos sobre diferentes segmentos que implicam na aquisição do conhecimento e desenvolvi- mento da aprendizagem. Complementando as nossas discussões, Rocha e Rocha (2000) destacam que atualmente o desenvolvimento de técnicas para o estudo da atividade cerebral em crianças, adolescentes e adultos no momento em que desenvolvem atividades cog- nitivas, têm permitido investigações mais precisas acerca dos circuitos neuronais durante o seu funcionamento, e, consequentemente das capacidades intelectuais humanas, tais como, a linguagem, a criatividade, o raciocínio. http://www.martarelvas.com.br/rj/rio-de-janeiro/tijuca/marta-relvas-palestrante/neurociencia-na-aprendizagem http://www.martarelvas.com.br/rj/rio-de-janeiro/tijuca/marta-relvas-palestrante/neurociencia-na-aprendizagem Pós-Universo 12 Sob essa perspectiva caro(a) aluno(a), torna-se fundamental que o educador, seja ele na figura do professor, do pedagogo ou outro, se põe a superar as dificuldades de aprendizagem do aluno por meio da descoberta e emprego de práticas peda- gógicas que o leve a aprender, quebrando paradigmas e refutando os conceitos “do não aprender”. Parte-se para isso da premissa de que todo ser humano é um sujeito cerebral, tornando-se assim, apto e capaz da edificação dos saberes. Mietto (2012, p.2) nos aponta que: Podemos compreender desta forma que o uso de estratégias adequadas em um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará, consequentemente, alterações na quantidade e qualidade destas conexões sinápticas, afetando assim o funcio- namento cerebral de forma positiva e permanente com resultados extremamente satisfatórios. Estudos na área neurocientífica, centrados no manejo do aluno em sala de aula, vem nos esclarecer que a aprendizagem ocorre quando dois ou mais sistemas fun- cionam de forma inter-relacionada. Assim, podemos entender, por exemplo, como é valioso aliar a música e os jogos em atividades escolares, pois há a possibilidade de se trabalhar simultaneamente mais de um sistema: o auditivo, o visual e até mesmo o sistema tátil (a música possibilitando dramatizações). Assim, educação e neurociência revelam possibilidades empíricas e teóricas para estudos sobre o indivíduo, por meio do entendimento sobre o funcionamento de sua mente, de seu cérebro, e a compreensão de seu processo de aprendizagem. No Brasil, apontam Batista, Santiago Jr e Santos (2015), as discussões a respeito das rela- ções entre neurociência e educação ainda ensaia seus primeiros passos. Algo bem diferentes em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. Mais um grande motivo para explorarmos ainda mais esta intersecção, caro(a) aluno(a)! A neuroeducação representa a possibilidade de repensar o papel do edu- cador e também do sistema educacional. Fonte: elaborado pela autora. reflita Pós-Universo 13 Nos voltemos a estudar sobre o tempo, desenvolver pesquisas de ordem empíri- ca e teórica, e com isso enriquecer o acervo sobre o assunto. Afinal, estamos tratando aqui da possibilidade de colaborar para o desenvolvimento de práticas pedagógi- cas que respeitem e estejam alinhadas a forma como o cérebro do aluno funciona. Pesquisa realizada em uma escola pública da rede municipal da cidade de Manaus, localizada na Zona Centro-Oeste, que atende exclusivamente a modalidade de ensino da Educação Infantil. O sujeito da pesquisa foi consti- tuído por 06 (seis) professoras de turmas de educação infantil, e observação semanal das atividades pedagógicas por 06 meses de 14 (catorze) crianças de uma turma do segundo período. Professores conhecimentos em neu- rociência obtinham melhores resultados e utilizavam algumas estratégias cognitivas em suas práticas, tais como: contação de histórias, conhecimen- tos prévios da criança, feedback, atenção e prática. Alguns brinquedos eram utilizados por uma das professoras em sala de aula no decorrer de sua prática pedagógica: dominó de cores, blocos lógicos, quebra-cabeça, alfa- beto móvel, desenho e leitura de história. Fonte: Batista, Santiago Jr e Santos (2015). fatos e dados Pós-Universo 14 Pós-Universo 15 ASPECTOS DO COMPORTAMENTO SOCIAL Na sala de aula professor nota que o aluno apresenta problemas na aprendizagem. O aluno se mostra desinteressado no conteúdo, nas atividades propostas. O profes- sor observa que o aluno se isola dos demais colegas no intervalo e em atividades que promovem a interação. O aluno começa a faltar. O professor se atenta e começa a sua investigação. Os problemas podem ser decorrentes não de fatores físicos, mas sim, afetivos e emocionais. É necessário identificar os fatores desencadeadores para que a tratativa seja adequada. A situação apresentada nos revela elementos do comportamento individual, em suas perspectivas social e emocional. Mas, o que seria o comportamento social? Vamos compreender as suas características. Características do comportamento social Sabemos que a vida em sociedade é algo inerente ao ser humano. Quando nos pro- pomos a estudar e compreender o comportamento, não podemos deixar de lado o ambiente social em que ele ocorre, e, principalmente os comportamentos resultan- tes da interação entre os indivíduos, ou seja, a interação social. Braghirolli et al (2014) explicitam que a interação social se caracteriza por ser um processo decorrente da relação entre dois ou mais indivíduos, de modo que, a ação de um deles, é ao mesmo tempo a resposta ao estímulo de outro ou outrem. Percebemos assim, que neste processo ação de um é, simultaneamente, um resul- tado e uma causa das ações do outro. Pós-Universo 16 A interação social modifica o comportamento do indivíduo. E, em sala de aula isso não é diferente, pois alunos e professores estão em contato social e influenciando-se mutuamente e continuamente. Fonte: Adaptado de BUSCA Escolar (2017). Disponível em: http://www.buscaescolar.com/sociologia/interacao-social/ Acesso em 31/03/2017. reflita Quando falamos no comportamento social, estamos tratando caro(a) aluno(a) dos denominados comportamentosinterpessoais, que podem ser manifestados das mais diversas formas. Braghirolli et al (2014) destacam algumas formas de manifestação: movimentos físicos como um abraço, um soco, uma expressão facial; ou, palavras proferidas pela fala ou pela escrita. “ “O comportamento humano se dá em um ambiente social, é decorrência dele, ao mesmo tempo que o determina” (BRAGHIROLLI et al (2014, p. 68). Assim, salientam os autores, que o comportamento interpessoal não se dá unica- mente quando os indivíduos estão juntos. Por exemplo, quando a criança em sua casa se apronta para o primeiro dia de aula e para reencontrar a pro- fessora e os coleguinhas, oferece um comportamento interpessoal, pois, se comporta como referência a outras pessoas – professora e coleguinhas – na expectativa da interação. Quando esta mesma criança se irrita e joga sua bolsa no chão quando por algum motivo a mãe lhe informa que ela não irá a escola, ou então, ela se mostra com raiva dando um pontapé na porta do quarto quando chega da escola, ela expressa a sua frustração porque a expectativa, o encontro com a professora e coleguinhas não aconteceu como ela desejava. A criança está respondendo a estímulos de uma inte- ração que não ocorreu, ou então não aconteceu como ela esperava, caracterizando um comportamento interpessoal. http://www.buscaescolar.com/sociologia/interacao-social/ Pós-Universo 17 Sentimento de tristeza em função de perdas ou manifestações de raiva de- correntes de frustração são na maioria das vezes reações afetivas normais e passageiras e não requerem tratamento. Porém, dependendo da intensi- dade, da persistência e da presença de outros sintomas concomitantes, a tristeza e a irritabilidade podem ser indícios de quadros afetivos em crianças e adolescentes. A própria exclusão social da criança reflete na sua emoção na sala de aula, seja através da expressão ou no comportamento. Fonte: Comin (2010, p. 4). atenção Na sala de aula, um dos fatores de preocupação para professores e pedagogos que se caracterizam como comportamento social, são os problemas afetivos e de conduta. “ Alterações do humor com um forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade constituem quadros de mudanças repentinas do estado de ânimo que podem estar presentes nos transtornos afetivos. Provavelmente, por estarem em desenvolvimento, as crianças não têm capa- cidade para compreender o que acontece internamente e, com frequência, apresentam comportamento agressivo. As súbitas mudanças de comporta- mento na criança e no adolescente, não justificadas por fatores de estresses, são de extrema importância para o diagnóstico dos problemas afetivos e dos transtornos de conduta. Crianças, antes adequadas e adaptadas socialmente, passam a apresentar condutas irritáveis, destrutivas e agressivas, com a vio- lação de regras sociais anteriormente aceitas (COMIN, 2010, p. 3). Assim, o professor precisa se atentar aos comportamentos manifestados pelo aluno, e mais importante, “tratar” esse comportamento adequadamente, envolvendo pe- dagogos, psicopedagogo, pais, responsáveis neste processo. Esse envolvimento é fundamental, pois, é normal no curso de seu desenvolvimento as crianças esbarra- rem em dificuldades e exibir comportamentos considerados desajustados, como mentir e “matar” aula, se isolar em sala de aula, não conseguir se expressar (comuni- car). Mas como saber se estes comportamentos indicam patologias ou podem ser considerados normais? Pós-Universo 18 Comin (2010) nos aponta que é necessário verificar se os comportamentos mani- festados pela criança são esporádicos e de forma isolada ou se constituem síndromes – quando representa um desvio do padrão de comportamento esperado de crianças da mesma idade e sexo em determinada cultura –, isso permitirá diferenciar norma- lidade de psicopatologia. “ Do ponto de vista legal, comportamentos que transgridem a lei constituem delinquência. Do ponto de vista psicopedagógico e psiquiátrico, são atos antissociais mais abrangentes, e referem-se a comportamentos condena- dos pela sociedade. Analisar a influência que os problemas afetivos, sociais e de comportamento tem sobre o desenvolvimento e o processo de ensino- -aprendizagem do aluno, tendo em vista que esses fatores interferem para que a aprendizagem seja significativa e de qualidade (COMIN, 2010, p.2). Percebemos aqui caro(a) aluno(a) que os aspectos do comportamento social reper- cutem diretamente sobre a aprendizagem do aluno. Em um viés da neurociência, inferimos que o entendimento sobre o funcionamento do cérebro oferecerá sub- sídios ao educador para identificar e analisar as individualidades, e assim, atuar de forma pontual sobre o desencadeador do comportamento e na dificuldade da apren- dizagem da criança. Essa análise realizada pelo educador, precisa ser muito apurada e realizada dentro do contexto específico de cada indivíduo, observando o seu “redor”, os fatores fami- liares e demais contextos em que ele está inserido. Comin (2010) nos aponta que três vertentes devem ser observadas neste processo: afetiva, psicomotora e de ordem cognitiva. De que forma o psicopedagogo pode auxiliar o professor no processo de identificação dos problemas de comportamento social e na implantação de práticas pedagógicas que se voltem a solucioná-los? Fonte: elaborado pela autora. reflita Pós-Universo 19 A socialização, abordada como um processo por meio do qual o indivíduo adquire padrões de comportamento, que no geral são habituais e aceitáveis em seus grupos sociais (BRAGHIROLLI, 2014), permitirá que a criança aprenda a ser um membro do contexto em que está inserido, seja a escola, a família, os grupos sociais, etc. Este é um processo que ocorre durante toda a vida do ser humano, mas é na in- fância que ele se inicia repercutindo sobre os comportamentos do indivíduo, e em nosso viés de estudo, em sua aprendizagem. Braghirolli (2014, p. 69) diz que “a família se constitui no maior agente socializan- te, isto é, as experiencias da criança na família, particularmente com a mãe, são da maior importância para determinar seu comportamento em relação aos outros”. Ou seja, pais e familiares representam os primeiros agentes socializantes dos pequenos, seguidos da escola, professores e grupos sociais. Exemplo de Jogos de socialização Socializar Jogos de 2-3 anos 1. Nome: O Carrinho Tipo: Jogo Social. Cooperação, noções espaciais, coordenação psicomo- tora, os conceitos de velocidade Idade: 2 a 4 anos Materiais: um grande anel de plástico ou de vime para cada 2 crianças Desenvolvimento: Cada criança escolhe um parceiro e jogar com o anel como um carrinho com várias combinações, uma criança no interior e outro exterior, tanto dentro ou fora e se movendo mais lento ou mais rápido. 2. Nome: Para mim, para você Tipo: Jogo Social. Coordenação psicomotora, conceitos espaciais, a socia- lização de aprendizagem e partilha de propriedade Idade: 2 a 3 anos Materiais: uma bola grande e leve Desenvolvimento: Os participantes sentam no chão com as pernas abertas, chegando a entrar em contato com pés uns aos outros, criando assim um espaço fechado. Eles disparam a bola de um para o outro lado. Fonte: http://passosdopedagogo.blogspot.com.br/2012/03/jogos-de-so- cializacao.html saiba mais http://passosdopedagogo.blogspot.com.br/2012/03/jogos-de-socializacao.html http://passosdopedagogo.blogspot.com.br/2012/03/jogos-de-socializacao.html Pós-Universo 20 Destaco assim, caro(a) aluno(a) a importância de nos atentarmos aos fatores que levam a criança à dificuldades de se socializar, desencadeando problemas de condutas e compor- tamentos atípicos como o isolamento e a agressividade, por exemplo. Fazer a identificação dos fatores desencadeadores, envolvendo para isso família, escola e o contexto social, colabora para o diagnóstico assertivo e assim tratamento orientado adequadamente, evi- tando-se assim prejuízos maiores ao desenvolvimentoe aprendizagem da criança. Quando nos voltamos aos pequenos, considerando as crianças do seu nascimento até os 6,7 anos de vida, nos comprometemos com um processo de desenvolvimento acelerado que envolve: o corpo físico, movimentos corporais, coordenação motora e a socialização. O desenvolvimento sócio cognitivo da criança é um processo que deve ser estimulado pelo meio que a cerca, daí a importância de explorar o lúdico, as brincadeiras, os jogos. A criança nos primeiros anos de vida, aprende com o “seu redor”, e isso repercutirá durante toda a sua vida. Como vimos em outro momento de nosso estudo, a partir das abordagens de Piaget e Vygotsky, é necessário considerar perspectivas das teorias que nos auxiliem no desenvolvimento de práticas pedagógicas que se comprometam com este processo de desenvolvimento dos pequenos. Em um ambiente da educação infantil, por exemplo, é necessário que as crianças “con- vivam”, inclusive com crianças de idades diferentes (4-6 anos), que a criança brinque e se expresse, que ela se já estimulada pelo seu redor, formando assim a sua linguagem ima- ginativa, manifestada muitas vezes pela fantasia, ao mesmo tempo em que possibilita a integração social. No ambiente familiar é necessário que esse estímulo continue a acontecer. Que os familiares se envolvam com processo de desenvolvimento, dando atenção, estimulan- do a criança por meio de atividades criativas, lúdicas, artísticas. A convivência com pais e familiares insere a criança em um processo de absorção. Ela irá imitar, imaginar, admirar, manifestar sentimentos e, consequentemente aprender. Vemos assim que a postura adequada dos adultos com os quais a criança convive nesta fase inicial da sua vida, seja na escola, em casa ou no grupo social, se constitui em um pilar que sustentará o seu desenvolvimento cognitivo e social. É necessária atenção aos comportamentos manifestados, aos desvios de comportamento e, quando necessá- rio agir sobre eles adequadamente. E este é um grande desafio, principalmente para nós educadores, porque, além de termos este compromisso firmado com o desenvolvimento de nossos pequenos, pre- cisamos nos prontificar também a orientar pais e familiares no que diz respeito ao seu compromisso e impacto na formação da criança enquanto indivíduo e membro de um contexto social. Pós-Universo 21 PROCESSOS E MANIFESTAÇÕES DO COMPORTAMENTO Neste momento de nossas discussões caro(a) aluno(a), já podemos inferir que os comportamentos manifestados por nossos alunos repercutem diretamente em sua aprendizagem. Vale destacar ainda que, embora a sala de aula seja um ambiente heterogêneo em que o professor desenvolve ações e práticas coletivas, o comportamento se ca- racteriza como um fenômeno unitário e muito particular. Por esse motivo, precisamos estar atentos às manifestações de comportamento do cotidiano escolar. Vamos tratar sobre algumas delas! Atenção e Percepção na aprendizagem A atenção é elemento essencial para o processo de aprendizagem. Brandão (2001) nos afirma que toda atividade mental humana organizada, detém de algum grau de direção e de seletividade, e que, dentre os muitos estímulos que nos atingem, res- pondemos somente aos que são particularmente importantes, com base em nossos interesses, intenções ou tarefas imediatas. Imagine este processo básico em sala de aula. Teremos a atenção de nossos alunos na medida em que as práticas pedagógicas propostas despertarem o seu in- teresse. Eles precisam se sentir motivados a aprender, e este despertar está ligado ao que acontece no cérebro de nossas crianças. Este processo acontecerá na medida em que o aluno consiga se conectar a atividade, percebendo-a como importante, e alinhada aquilo que ele quer, aquilo que percebe como importante. Pós-Universo 22 Quando observamos as crianças brincando, especialmente os pequenos (2 a 4 anos), notamos que os seus interesses pelos brinquedos mudam constantemente. É muito comum, por exemplo, ao ver o coleguinha pegar um brinquedo a criança deixar o brinquedo que está em sua mão e desejar o do outro. Por que isso acontece? Podemos inferir sobre uma série de processos que desencadeiam este comportamen- to, mas, o impulso inicial aconteceu porque aquela situação “chamou a sua atenção”. O desenvolvimento da atenção é dividido em dois momentos conhe- cidos como: atenção involuntária e voluntária. A atenção involuntária é uma característica marcante nos primeiros anos de idade e guia-nos por toda a vida. É reconhecida facilmente quando se está realizando alguma atividade e ouve-se um barulho forte de uma batida de carro, automaticamente, a pessoa se dispersa, voltando-se para tal barulho; ou ainda, ao ouvir um forte estrondo de trovão. Assim, qualquer coisa que desperte a atenção não consciente, e sim por reflexos ou instinto é consi- derado uma atenção involuntária. A atenção voluntária ocorre por interesse do sujeito em determinado assunto, sendo dividida em: atenção seletiva, atenção alternada, atenção dividida. A atenção alternada refere-se à capacidade de substituir um estímulo por outro, uma pessoa está concentrada lendo um texto e atende ao telefo- ne, nesse momento, muda seu foco atencional, substituindo o estímulo da leitura para ter atenção à conversa telefônica. Fonte: CAMINHOS do Aprender (2011). Disponível em: http://www.caminhosdoaprender.com.br/a_atencao_e_a_ aprendizagem.html Acesso em 04/04/2017. saiba mais Conforme tratado por Brandão (2001), o indivíduo dentre os mais diversos compor- tamentos possíveis, escolhe aquele que o capacita a atingir um objetivo imediato ou realizar um ato necessário, ou seja, dentre todos os programas de ação que temos armazenados em nosso cérebro, escolhemos aquele que se mostra essencial ou ne- cessário para realizar as tarefas ou atividades mentais imediatas. http://www.caminhosdoaprender.com.br/a_atencao_e_a_aprendizagem.html http://www.caminhosdoaprender.com.br/a_atencao_e_a_aprendizagem.html Pós-Universo 23 “ O cérebro exerce um controle seletivo sobre todas as informações que chegam pelos canais sensoriais do organismo. Não se trata apenas de um processo passivo de armazenamento de todos os estímulos ambientais que recebe- mos, mas o SNC possui mecanismos que nos permitem dirigir nossa atenção para os estímulos que são relevantes para nós. Atenção é o nome dado ao caráter direcional e a seletividade dos processos mentais organizados. Esta atenção seletiva é um processo complexo, com vários componentes, como o alerta, a concentração, a seleção, a perscrutação e a exploração. Este pro- cesso envolve atividades cooperativas na formação reticular, sistema límbico e estruturas corticais e subcorticais associadas a função sensorial e motora. Através deste processo mantemo-nos vigilantes sobre o curso e o desenvol- vimento de nossas ações de acordo com os planejamentos preestabelecidos (BRANDÃO, 2001, p. 172). Complementando esta perspectiva, Lent (2010) nos aponta que há diferentes tipos de atenção: a atenção explícita ou aberta, que tende a ser automática; e, a atenção implícita ou oculta, que tende a ser estimulada por objetos e/ou elementos que estão ao redor do indivíduo, ou seja, uma operação voluntária. As características de cada uma delas serão explicitadas a seguir. a. Atenção explícita: os movimentos de atenção coincidem com a fixação visual, de modo que os movimentos do foco atencional são atrelados aos movimentos oculares. Por exemplo, quando o aluno faz uma leitura ele presta atenção às palavras que está lendo, isto é, aquelas que se posicio- nam em seu eixo visual. b. Atenção implícita: o foco da atenção não coincide com o olhar. Continuando o exemplo anterior, a criança pode estar com o olhar fixo no livro, mas, na verdade está prestando atenção com o que acontece ao seu redor. Quando falamos da percepção, Lent (2010) nos traz que trata da capacidade do indi- víduo associar as informações sensoriaisà e memória e cognição, formando conceitos e interpretações sobre ele mesmo e sobre o mundo. Assim os primeiros estágios da percepção estão atrelados a um processamento analítico que é realizado pelos siste- mas sensoriais, com o fim de extrair de cada objeto a suas características principais, que nada mais são que submodalidades sensoriais como cor, movimento, localiza- ção espacial, timbre, temperatura, etc. Pós-Universo 24 Lent (2010) salienta ainda que, neste processo as vias paralelas no SNC atuam de forma gradativa reconstruindo o objeto como um todo, para que assim ele possa ser memorizado ou reconhecido, fazendo com que o indivíduo oriente o seu compor- tamento em relação a ele. Observamos assim, caro(a) aluno(a), que tanto a atenção quanto a percepção in- fluenciam diretamente na aprendizagem do aluno, visto que incidem diretamente sobre o seu comportamento. Pensando em processo pedagógico e modelos di- dáticos, o professor precisa se apossar e materializar práticas e instrumentos pelos quais o aluno seja levado, conduzido a aprender. Vale ressaltar ainda a importância de discutir esses aspectos quando falamos do processo de desenvolvimento e for- mação dos pequenos, pois, chamar atenção da criança e despertar nela sensações que colaborem para a memória e cognição, representa um desafio que precisa ser transposto pelos professores. Aspectos para a observação da criança de 6 anos de idade na avalia- ção de sua prontidão para o aprendizado • Participação – No ritmo do dia a dia. Nas atividades propostas. Demora a mudar de atividade? • Conquistas – Os passos que a criança deu nos desafios propostos, nas ati- vidades do dia a dia. Aquisição da autonomia. • Alimentação – Quantidade. Restrições. Preferências. Mastigação. Digestão. • Hábitos – Higiene. Controle do esfíncter. Autonomia. • Atividades – Desenho. Pintura. Modelagem. Trabalhos manuais. Afazeres na sala. Arrumar e ajudar. Coordenação fina. Como participa em cada atividade? • Brincar dentro da sala – Preferências. Criatividade. Como brinca? Como se relaciona? Participação. • Brincar fora no pátio/parque - Preferências. Coordenação motora/corpo- ral. Agilidade. Amadurecimento sensorial. • Ouvir histórias – Fica tranquila? Consegue ouvir as histórias? Concentração. Entra nas imagens das histórias? Reconta? Memoriza? saiba mais Pós-Universo 25 • Linguagem – Sua expressão. Vocabulário. Pronúncia. Construção de frases. Voz nasal, oral? Retraída ou extrovertida? Recitar versos. Canta com facilida- de ou dificuldade? • Lado social – Poucos ou muitos amigos? Fixa-se numa criança? Relaciona- se com todos? Relacionamento com os professores e adultos. Retraída ou extrovertida? Humor. • Música – Canta? Memoriza as canções? Está atenta? Voz mais aguda ou grave? Gosta de cantar? Segura uma nota mais tempo no final de uma música? Começa a tornar-se consciente no domínio do ritmo? • Sexualidade – Acordada ou não? • Sono – Dificuldade para adormecer. Como vai dormir? Possui algum ritual para dormir? Choro. Pesadelo. Chega cansada ou bem desperta na escola? Enurese noturna. • Dentição – Quantos dentes nasceram? A segunda dentição. • Lateralidade – A tendência. Está definida a lateralidade? • Motricidade grossa – Jogar bola. Pular corda. Andar. Correr. Nadar. Varrer a sala. Guardar os brinquedos. Subir em árvores. Pisa na ponta do pé? O equilíbrio. Agilidade. • Motricidade fina – Como pega os lápis? Como segura os talheres? Como costura? Faz trabalhos manuais? Tem agilidade nas mãos e pés? • Geografia corpórea - A movimentação do corpo pelos ambientes. Tropeça? Sobe e desce com facilidade? Locomove-se sabendo a direção? Balança sozinha? Nadar. Andar de bicicleta. Pular corda. • Postura – Como se senta? Consegue pegar algo no alto? Como se posta à mesa para comer? Como pega algo do chão, se inclina ou se agacha? • Saúde – Doenças infantis. Gripes. Alergias. Visão. Audição. Alguma dificul- dade, limitação? • Constituição familiar – Pais separados ou não? Participação dos pais na vida familiar. Pontualidade e frequência da criança na escola. Relacionamento dos pais com a escola. Fonte: AMARANTE (2010, p. 3-4). saiba mais Pós-Universo 26 Memória no processo de aprendizagem Podemos dizer caro(a) aluno(a), que memória e aprendizagem são elementos imbri- cados que se constituem por meio de um conjunto de processos do comportamento do indivíduo. Assim, a memória está associada a aprendizagem, e vice-versa, não podendo ser concebidos como dicotômicas, mas sim, integradas. Bauer e Pathman (2008) nos dizem que a memória forma a base do sentimen- to de identidade de um indivíduo, orientando os seus pensamentos e decisões, e, influenciando em suas reações emocionais permitindo, ou não aprender. Ou seja, a memória é fundamental para o processo cognitivo e para a cognição. Relvas (2010, p. 63), nos traz que no cérebro – um sistema aberto de possiblidades – as aprendizagens perpassam de 3 (três) formas: intraneurossensorial, interneuros- sensorial, integrativa. a. Intraneurossensorial: aprendizagem específica interligada ao sistema sensorial. Se existir alguma estrutura comprometida, outras podem não apresentar disfunções, apesar de o cérebro funcionar em sua integridade. b. Interneurossensorial: (maior interesse dos educadores), é nela que se realizam muitas atividades integradas com a o fim de desenvolver poten- cialidades, trabalhando de forma concomitante com outros sistemas como: visuais, táteis e auditivos que são capazes de despertar a atenção do aluno. c. Integrativa: uma proposta de mediação dos sistemas visuais, táteis e audi- tivos. Realizar um planejamento com esses pré-requisitos representa uma forma de atuação saudável em que saúde e educação têm a possibilida- de de caminhar juntas. Sob essa perspectiva sobre a aprendizagem, Relvas (2010) salienta que a partir do momento em que o professor detiver o conhecimento sobre a modalidade de apren- dizagem de seu aluno, ele pode transformar-se em um facilitador, um mediador do processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, o aluno não é sobrecarregado com tarefa enfadonhas, e o seu cérebro preservado de possíveis sobrecargas que colaborem para a desintegração total da aprendizagem. Considerando estes pontos apresentados caro(a) aluno(a), vamos tratar sobre a memória. Pós-Universo 27 Brandão (2001) nos aponta que existem três fatores básicos no estabelecimento da aprendizagem e a memória, que são a aquisição, o armazenamento ou retenção e a evocação das informações. Estes fatores se constituem por meio de processos que, em conjunto, conferem ao indivíduo requisitos que permitem a sua adaptação ao meio em que vive. Assim, a memória diz respeito a retenção de conhecimento aprendido pelo indivíduo. “ A rapidez de ativação dos processos neurais envolvidos na aquisição de infor- mações, bem como a eficiência dos mecanismos subjacentes aos processos de armazenamento e recuperação das mesmas, pode ser a representação no cérebro do que denominamos inteligência [...] os mecanismos cerebrais da memória e aprendizagem estão também associados aos processos neurais responsáveis pela atenção, percepção, motivação, pensamento e outros pro- cessos neuropsicológicos, de forma que perturbações em qualquer um deles tendem a afetar, indiretamente, a aprendizagem e a memória (BRANDÃO, 2001, p. 109). Quando pensamos no processo de desenvolvimento de nossos pequenos a partir desta perspectiva para a aprendizagem e memória, notamos caro(a) aluno(a) que qualquer dispositivo – prática pedagógica – que ative erroneamente ou então deixe de ativar os processos neurais envolvidos na aquisição de informações, compromete os processos de busca e retenção, impactando diretamente na aprendizagem dessa criança. O conhecimento a respeito do cérebro humano, facilita o trabalho pedagó- gico e o de práticas de desenvolvimento da aprendizagem. Fonte: elaborado pela autora. reflita Ratificocaro(a) aluno(a) que as nossas discussões sobre a neurociência, a educação e a didática não se esgotam nessas linhas. Continue explorando sobre o assunto e enriquecendo a sua aprendizagem, pois, como dissemos em um outro momento, a relação neurociência e educação pode ser explorada nas mais diversas vertentes de pesquisa. Fica aí um novo desafio, por que não o superar? atividades de estudo 1. Foi estudado que percebemos que a neurociência vem sendo objeto de estudo no campo da educação. Cada vez mais, pedagogos, coordenadores, professores e demais profissionais que atuam em escolas, em universidades, têm desenvolvido pesquisas e se aprofundamento neste campo. Qual o intuito destes profissionais ao estudar os princípios da neurociência? Assinale a alternativa correta. I - Os pesquisadores buscam características e especificidades que deem respaldo para melhor desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem. II - Os pesquisadores buscam identificar as reais necessidades dos alunos, fazendo com que a aprendizagem se torne mais significativa. III - Os pesquisadores criam a possibilidade de acompanhar a evolução e comporta- mento do alunado, focando unicamente nos problemas de ordem afetiva. IV - Os pesquisadores buscam identificar os fatores que impedem a criança de apren- der, desvendando caminhos concernentes a aquisição de conhecimento. a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. atividades de estudo 2. Sabemos que o estudo e conhecimento do comportamento social do indivíduo oferece subsídios para o entendimento acerca do seu processo de desenvolvimento. Considerando o que foi estudado sobre o assunto marque V (verdadeiro) e F (falso) nas sentenças a seguir e assinale a alternativa correta. ( ) O aspecto mais importante da interação social é que ela modifica o comporta- mento dos indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelecem entre eles. ( ) O comportamento interpessoal é um desdobramento do comportamento social e se dá unicamente quando os indivíduos estão juntos. ( ) Na sala de aula, um dos fatores de preocupação para professores e pedagogos que se caracterizam como comportamento social, são os problemas afetivos e de conduta. ( ) É normal no curso de seu desenvolvimento as crianças esbarrarem em dificulda- des e exibir comportamentos considerados desajustados, como mentir e “matar” aula, se isolar em sala de aula, não conseguir se expressar. ( ) O entendimento sobre o funcionamento do cérebro oferecerá subsídios ao edu- cador para identificar e analisar as individualidades dos alunos. ( ) Por meio do entendimento do funcionamento do cérebro, o educador pode descartar o comportamento social como o desencadeador da dificuldade da aprendizagem da criança. a) V, F, V, V, V, F. b) V, F, F, V, V, F. c) V, F, V, V, F, F. d) F, F, V, V, F, V. e) F, V, V, V, F, V. atividades de estudo 3. Nas manifestações de comportamento, aprendemos que o cérebro exerce um con- trole seletivo sobre todas as informações que chegam pelos canais sensoriais do organismo. Considerando essas manifestações, analise as afirmações a seguir e assi- nale a alternativa correta. I - O SNC possui mecanismos que nos permitem dirigir nossa atenção para os estí- mulos que são relevantes para nós. II - Atenção é o nome dado ao caráter direcional e a seletividade dos processos mentais organizados. III - A percepção diz respeito a capacidade do indivíduo associar as informações sen- soriais à e memória e cognição, formando conceitos e interpretações sobre ele mesmo e sobre o mundo. IV - A memória forma a base do sentimento de identidade de um indivíduo, orientan- do os seus pensamentos e decisões, e, influenciando em suas reações emocionais permitindo, ou não aprender. a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. resumo Neste nosso encontro tivemos a possiblidade de estudar e compreender a relação proposta entre neurociência, educação e didática. Por meio das discussões realizadas, você aluno(a) teve a possiblidade de compreender um pouco mais sobre este universo que compõe a neurociência e a sua relação com a educação. Tenho certeza que muitas sinapses aconteceram durante os seus momentos de estudos, e que por meio delas você já pôde aprimorar e desenvolver estratégias de ensino para in- centivar e promover a aprendizagem de seus alunos. E este é o maior foco desta relação – neurociência, educação, didática – oferecer aos professores, pedagogos e psicopedago- gos a base para o desenvolvimento de ferramentas que realmente ajudem o nosso aluno a aprender, considerando as suas particularidades. Daí, vimos a necessidades de compreender momentos do desenvolvimento sócio cognitivo, por meio dos estudos sobre comportamentos social, por exemplo. Estudados a importância de os educadores conhecerem a importância dos estímulos externos no desenvolvimento da aprendizagem, salientando que o comportamento social caracteriza muito do proces- so de desenvolvimento da criança. Pudemos ainda conjecturar sobre os processos e manifestações do comportamento, com ênfase para: a atenção, a percepção, a memória e a aprendizagem. Vimos que estes ele- mentos estão diretamente ligados ao processo de aprendizagem, e cabe, a nós educadores estarmos atentos a “desvios” ou dificuldades apresentadas pelas crianças em seu proces- so de desenvolvimento. Fecho esta discussão com uma reflexão acerca dos pontos de estudo que foram propostos ao longo deste estudo: a neurociência se constitui em uma base de conhecimento acerca do funcionamento do cérebro humano, enquanto educadores, devemos conhecer os prin- cipais elementos desta base, conhece-la, explorá-la e realizar descobertas que podem se materializar por meio de práticas pedagógicas que fomentem a aprendizagem de nossas crianças. material complementar NA WEB Educação Infantil de qualidade na primeira infância (Anna Lucia Campos) Fundação Lemann Anna Lucia Campos, presidente da Asociación Educativa para el Desarrollo Humano e Diretora Geral da ONG Cerebrum, falou sobre a importância dos estímulos do nascimento até os 8 anos de idade na educação das crianças. Web: < https://www.youtube.com/watch?v=0EMFNPHwRbU&t=15s> ____________________________________________________________________________ NOTA 10 Primeira Infância - Episódio 01 A série Nota 10 -- Primeira Infância, composta por cinco programas, foi desenvol- vida em parceria pela FMCSV e o canal Futura, e traz de forma leve e dinâmica conhecimentos científicos sobre a importância do cuidado com as crianças de zero a três anos de idade. O primeiro episódio trata do desenvolvimento infantil e mostra como as experiências e os es- tímulos que o bebê vivencia desde a fase intrauterina influenciam a formação de seu cérebro, afetando diretamente a saúde física e emocional, o comportamento, a motricidade e a capaci- dade de aprendizagem. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=6GLB1uK-TZ4&list=PLvfZHqGPp_MsNM54Hztjj0TCYOsO7KSBV> referências AMARANTE, M. C. Desenvolvimento da criança de 6/7 anos de idade-Prontidão escolar. Fórum Sul Mineiro, 2010. Disponível em: http://www.ded.ufla.br/forumsulmineiro/imagens/artigo_maria_ chantal.2010-07-07_14-37-48.pdf BAUER, P. J.; PATHMAN, T. Memória e desenvolvimento inicial do cérebro. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância. Dez, 2008. Disponível em: http://www. enciclopedia-crianca.com/sites/default/files/textes-experts/pt-pt/2432/memoria-e-desenvolvi- mento-inicial-do-cerebro.pdfAcesso em 04/04/2017. BATISTA, E. C.; SANTIAGO Jr., C. O.; SANTOS, I. B. Neurociência e Educação Infantil. Campina Grande, Vol. 1 Ed. 4, ISSN 2316-1086, Realize editora, 2015. Disponível em: http://editorarealize. com.br/revistas/fiped/trabalhos/TRABALHO_EV050_MD1_SA12_ID828_23102015192910.pdf Acesso em 03/04/2017. BRAGHIROLLI, E. M. et al. Psicologia Geral. Petrópolis: Vozes, 2014. BRANDÃO, M. L. Psicofisiologia: as bases fisiológicas do comportamento. São Paulo: Atheneu, 2001. COMIN, M. T. S. Problemas afetivos e de condutas em sala de aula. REI – Rev. de Educação do IDEAU. 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L . S. A importância da neurociência na educação. Neuropsicopedagogia em sala de aula. 2012. Disponível em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/04/ importancia-da-neurociencia-na-educacao.html Acesso em 03/04/2017. RELVAS, M. P. Estudos da Neurociência aplicada à aprendizagem. 2016. Disponível em: http:// www.martarelvas.com.br/rj/rio-de-janeiro/tijuca/marta-relvas-palestrante/neurociencia-na-apren- dizagem Acesso em 24/03/2017. RELVAS, M. P. Neurociência e educação: potencialidades dos gêneros humanos na sala de aula. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010. ROCHA, A. F.; ROCHA, M. T. O cérebro: um breve relato de sua função. 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