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O currículo como área de estudo A construçao de planos de estudos e de programas de ensino nao é uma pratica recente. O estudo sistematico desta pratica é bastante recente. Schwab (1969) criticou a tendencia teoricizante do desenvolvimento curricular, ao propor que os especialistas desse dominio, em vez de perseguirem teorias e especulacoes, se dedicassem ao estudo das praticas curriculares quotidianas na escola, sobre as quais deve assentar, em ultima analise, o saber teorico. Segundo Goodlad et al. (1979) o curriculo abarca os seguintes ingredientes maiores: Aspectos substantivos: objectivos, conteudos, experiencias, organizacao e avaliaçao. Os socio-politicos: processos humanos de tomada de decisao sobre os elementos acima, nos quais certos valores, interesses, fins e meios educativos prevalecem sobre outros. Se refere aos processos de negociaçao socio-politica acerca do curriculo. Os tecnico-profissionais: operaçoes, metodologias e processos de elaboraçao, implementaçao e renovaçao do curriculo, analisam conhecimentos especializados, requisitos tecnicos e competencias necessarias para a construçao, execuçao e avaliaçao do curriculo. «A pratica curricular e o seu estudo complicam-se muito pelo facto de os aspectos substantivos (conteudos), socio-politicos e tecnico-profissionais nao serem entidades claramente separaveis ou identificaveis». No que se refere a perspectivas metodologicas (normativa) do desenvolvimento curricular, a prevelecente continua a ser a do planeamento sistematico e racional, segundo uma logica de relaçao «fins-meios»; a construçao do curriculo consiste na definiçao dos objectivos da acçao educativa e na subsequente determinacao dos meios conduncentes a tais fins (Tyler, 1950; Taba, 1962; Johnson, 1977) A perspectiva naturalista, baseia-se na descriçao do processo de desenvolvimento curricular tal como ocorre na realidade dos grupos e instituiçoes que elaboram e implementam planos e programas de ensino. Previlegia-se um modelo de deliberaçao em grupo, consistindo na decisao sobre problemas relevantes do curriculo, com base em casos concretos, mediante geraçao de soluçoes alternativas, a analise das suas consequencias, ponderaçao dos custos-beneficios e a selecçao da melhor soluçao. A perspectiva baseada na analise epistemologica (Schwab, 1969; 1973; 1983), acentua os aspectos praticos do processo de desenvolvimento curricular em vez das teorias sobre o curriculo. O desenvolvimento curricular exige o recurso a varias teorias para a interpretaçao das componentes curriculares comuns. O conceito de desenvolvimento curricular Em Geral se refere ao processo dinamico e continuo que engloba diferentes fases, desde a justificaçao do curriculo ate a sua avaliaçao e passando necessariamente pelos momentos de concepçao-elaboraçao e de implementaçao. Em sentido restrito, o desenvolvimento curricular identificar-se-ia apenas com a construçao (desenvolvimento) do plano curricular, tendo presente o contexto e justificaçao que o suportam, bem como as condiçoes da sua execuçao. Seguir-se-ia, depois, a fase de implementaçao e da avaliaçao. Essa acepçao restrita tende a acentuar a dicotomia entre o curriculo e o processo efectivo de ensino-aprendizagem. Porem a logica do desenvolvimento exige que se acentue a continuidade entre o plano curricular e a situacao de ensino-aprendizagem. Em sintese o desenvolvimento curricular incluiria os seguintes momentos maiores: a justificaçao e orientaçao do curriculo; a concepçao e elaboraçao do curriculo; a implementaçao curricular; a avaliaçao curricular. Os momentos sao circularmente independentes e pode-se em principio partir-se de qualquer deles para analisar e desenvolver o processo curricular. Sendo um processo em movimento, o desenvolvimento do curriculo nunca esta totalmente completo, qualquer que seja o ponto de partida que se tome, pelo que nao é crucial o ponto por onde se começa, embora se possa falar de uma sequencia natural de momentos temporais. As fases se interrelacionam, formando um sistema coerente. Concepçoes comuns de curriculo Elenco e sequencia de materias ou disciplinas propostas para todos os sistemas escolares, um ciclo de estudos, um nivel de escolaridade ou um curso, visando a graduaçao de alunos neste sistema, ciclo, nivel ou curso. O curriculo confunde-se com plano de estudos, consistindo este num conjunto estruturado de materias de ensino com peso relativo diverso. Outros identificam o curriculo com programas de ensino num determinado nivel ou area de estudo do sistema escolar. Outra concepçao vulgarizada refere o curriculo como conjunto estruturado de matérias e de programas de ensino num determinado nivel de escolaridade, ciclo ou dominio de estudos. Concepçoes tipicas «O conjunto de todas as experiencias que o aluno adquire, sob orientaçao da escola» (Foshay, 1962). « O curriculo engloba todas as experiências de aprendizagem proporcionadas na escola» (Saylor, 1966). «O curriculo é o modelo organizado do programa educacional da escola e descreve a materia, o metodo e a ordem do ensino – o que, como e quando se ensina» (Phenix, 1958). «O curriculo é uma serie estruturada de resultados de aprendizagem que se tem em vista. O curriculo prescreve (ou pelo menos, antecipa) os resultados do ensino; nao prescreve os meios » (Johnson, 1977). As definiçoes atras referidas salientam tres conceitos de curriculo como conjunto: a) objectivos ou resultados de aprendizagem a alcançar; b) materias ou conteudos a ensinar; c) experiencias ou processos de aprendizagem. O três conceitos podem integrar-se numa unica concepçao de corriculo: Plano estruturado de ensino-aprendizagem, englobando a proposta de objectivos, conteudos e processos.
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