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AULA CURSO : DIREITO DISCIPLINA: Direito Administrativo I PERÍODO: 6º PROFESSOR : RACHEL TAVORA DE CASTRO QUEIROZ AULA REFERÊNCIA - DIA: 26/03/2020 TEMA DA AULA: Unidade II – Administração Indireta- Entidades com Personalidade Jurídica de Direito Público – parte I. Orientações Em caso de dúvidas, contatos via Whatsapp : (31) 988132003 Ou email: racheltqueiroz@yahoo.com.br Leia a aula e depois assista aos vídeos pelo Youtube. Links para o Youtube: INTRODUÇÃO Olá! Continuaremos o estudo da nossa discipl ina. Estamos trabalhando, nessa segunda unidade, a Organização do Estado. Já vimos que a Administração Pública se divide em Administração Publica Direta composta dos órgãos públicos, e Administração pública Indireta compostas de entidades descentralizadas. Iremos, nessa aula, começar a análise destas entidades. Bons estudos! OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao f inal desta aula, você deverá ser capaz de: Identif icar o que vem a ser Autarquia. Compreender as entidades da Administração publica com personalidade jurídica de Direito Público. Entender a forma e o objetivo de criação destas entidades . Reconhecer as características desta espécie de entidade. mailto:racheltqueiroz@yahoo.com.br APRESENTAÇÃO Como vimos nas aulas anteriores, Organização administrativa é o capítulo do Direito Administrativo que estuda a estrutura interna da Administração Pública, os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem. No âmbito federal, o tema é disciplinado pelo Decreto-Lei n. 200/67 que dispõe sobre a organização da Administração Pública Federal. Para cumprir suas competências constitucionais, a Administração dispõe de duas técnicas diferentes: a desconcentração e a descentralização. A compreensão desses dois institutos é fundamental para analisar a organização interna da Administração Pública. Na desconcentração as atribuições são repartidas entre órgãos públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica (o ente político previsto na Constituição), mantendo a vinculação hierárquica. Órgão público é um núcleo de competências estatais sem personalidade jurídica própria. A desconcentração ocorre na estrutura da Administração Pública Direta. Compõem a Administração Direta A união, os Estados, o DF e os municípios, e cada um desses entes políticos vai ter vários órgãos públicos subordinados hierarquicamente a ele, através da desconcentração administrativa. Exemplos de desconcentração são os Ministérios da União, as Secretarias estaduais e municipais, as delegacias de polícia. A descentralização, nos termos do art. 6º, do Decreto-Lei n. 200/67, tem natureza Jurídica de princípio fundamental da organização administrativa. O conjunto de pessoas jurídicas autônomas (entidades) criadas pelo Estado recebe o nome de Administração Pública Indireta ou Descentralizada. Administração Indireta é o conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas à Administração Direta, têm a competência para o exercício, de forma descentralizada, de atividades administrativas. A Administração Indireta se compõe de várias espécies de entidades algumas dessas entidades apresentam personalidade jurídica de Direito Público outras personalidade jurídica de Direito Privado. A natureza jurídica de direito público ou de direito privado determina diversas características jurídicas especiais, definindo qual o regime jurídico aplicável. São pessoas de direito público: autarquias, fundações públicas e associações públicas. Possuem personalidade de direito privado: empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações governamentais. Pessoas jurídicas da Administração Indireta De direito público De direito privado Autarquias Empresas públicas Fundações públicas Sociedades de economia mista Associações públicas Fundações governamentais Vamos estudar cada uma dessas entidades que compõem a Administração Pública Indireta e, na aula de hoje, vamos iniciar o estudo das entidades que possuem personalidade Jurídica de Direito Público. - Entidades da Administração Indireta em espécie: a) Autarquias Conceito Doutrinário Pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Pública Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas de administração pública. Conceito legislativo Art. 5.º, inciso I do Decreto Lei 200/67 - serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Características a)São pessoas jurídicas de direito público. b)São criadas e extintas por leis específicas c)Dotadas de autonomia gerencial, orçamentária e patrimonial sujeitas apenas a um controle finalístico: supervisão de tutela. c)Nunca exercem atividade econômica (art. 5.º I do Dec. Lei 200/67) d)São imunes a impostos por força do art. 150 § 2.º da CF/88 e)Seus bens são públicos (art. 98 do Código Civil 2002) os bens pertencentes às autarquias são revestidos dos atributos da impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade. f)Praticam atos administrativos, portanto seus atos são dotados de presunção de legitimidade, exigibilidade, imperatividade e auto executoriedade. g)Celebram contratos administrativos: obedecem o regime privilegiado da Lei 8666/93. h)O regime normal de contratação de seus agentes é o estatutário i)Possuem as prerrogativas excepcionais da fazenda pública j)Responsabilidade objetiva e direta: respondem objetivamente, sem necessidade de comprovação de culpa ou dolo pelos agentes e a própria entidade deve ser acionada. k)Sofrem controle do Tribunal de Contas. l)Estão sujeitos à vedação de acumulação de cargos e funções públicas previsto na CF/88. A CF 88 proíbe a acumulação remunerada de cargos ou empregos públicos, e prevê um rol taxativo de casos excepcionais em que a acumulação é permitida se houver compatibilidade de horários e observado o limite de dois cargos: - dois cargos de professor (art. 37, XVI, a) – um cargo de professor e um técnico ou cientifico (art. 37, XVI, b) - dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde (art. 37, XVI, c.) m)Realizam licitação para compras e contratações . n)Seus dirigentes ocupam cargos em comissão de livre provimento e nomeação. Espécies de Autarquias: a) autarquias administrativas ou de serviço: regime jurídico ordinário dessa pessoa jurídica (comuns) Ex: lNSS autarquia previdenciária: Instituto Nacional do Seguro Social IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis INCRA, Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária b) autarquias de regime especial: possui peculiaridades normativas que as diferenciam das comuns, como uma mais acentuada autonomia. Esta categoria possui duas classificações: b.1) strictu sensu: autarquias de regime especial propriamente ditas. Ex.:Sudam – Superintendência do desenvolvimento da Amazônia. Sudene – Superintendencia do desenvolvimento do Nordeste. Banco Central do Brasil – BACEN- autarquia administrativa e financeira Universidade Públicas; b.2) Agências Reguladoras- autarquias de controle Ex.: Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL *Agências Reguladoras – São autarquias de regime especial. Sua função é regular a prestação de serviços públicos e organizar e fiscalizar esses serviços a serem prestados por concessionárias ou permissionárias, com o objetivogarantir o direito do usuário ao serviço público de qualidade. Não há muitas diferenças em relação à tradicional autarquia, a não ser uma maior autonomia financeira e administrativa, além de seus diretores serem eleitos para mandato por tempo determinado. O nascimento das agências reguladoras decorreu do processo de privatização de serviços públicos e reformas do Estado, promovido no Brasil em época recente, principalmente na década de 90. O Estado transferiu ao setor privado determinadas atividades até então por ele diretamente exercidas, tais como os serviços de telecomunicações e de fornecimento de energia elétrica. Entretanto, apesar da sua retirada da prestação direta desses serviços, não teria o Estado como se furtar a continuar neles intervindo, por meio de sua regulação e fiscalização. Para tanto, instituiu as agências reguladoras. Foram necessárias as seguintes emendas constitucionais para possibilitar as privatizações e a criação das agencias reguladoras: Emendas Constitucionais: EC n.º 5 de 15-8-95 - decretou o fim da exclusividade da prestação direta pelos Estados Membros dos serviços locais de Gás canalizado. EC n.º 6 de 15-8-95 – extinção do tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional, especialmente quanto à pesquisa e a lavra de recursos minerais e ao aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica. EC n.º 8 de 15-8-95 – determinou o fim da exclusividade estatal na prestação de serviços de comunicação. EC n.º 9 de 9-11-95 – determinou a quebra do monopólio estatal das atividades de pesquisa, lavra, refino, importação, exportação e transporte de petróleo, gás natural e hidrocarbonetos. Obs.: as emendas 8 e 9 acrescentaram dispositivos determinando a criação de “órgãos reguladores” dos sertores de telecomunicação e do petróleo, alterando o art. 21, XI da CF e o art. 177, § 2.º, inciso III da CF, portanto são consideradas Marco Histórico introdutor das Agências Reguladoras Brasileiras. Natureza Jurídica: as Agências Reguladoras são Autarquias de Regime Especial Características: possuem todas as características das autarquias comuns, com as seguintes peculiaridades: 1) Dirigentes estáveis – ao contrário das autarquias comuns, em que os dirigentes ocupam cargos em comissão de livre nomeação pelo Poder Executivo, os dirigentes das Agências Reguladoras são protegidos contra o desligamento imotivado (art. 9.º da Lei 9986/00). A perda do cargo só pode ocorrer: a) por encerramento do mandato; b) por renúncia; c) por sentença judicial transitada em julgado. Isto ocorre para permitir ao dirigente exercer tecnicamente suas funções sem influência política. 2) Mandatos fixos- permanecem na função por prazo determinado, desligando automaticamente após o encerramento do mandato. que pode variar; a) 3 anos ANVISA e ANS; b) 4 anos: ANEEL, ANP, ANA, ANTT, Antaq e Ancine; c) 5 anos: Anatel. 3) Quarentena: período de 4 meses contados da exoneração ou término do mandato durante o qual o ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência. (art. 8.º da Lei 9986/200) 4) Características da quarentena brasileira: a)temporária: dura 4 meses; b) remunerada: o ex-dirigente continua fazendo jus ao salário; c) setorial: aplica-se apenas ao mercado especifico regulado pela agencia em que o ex-dirigente trabalhava; d) finalidade de evitar a captura: que é a contratação do ex-dirigente por empresas privadas para defesa de interesses contrários ao interesse público. Classificação das Agências Reguladoras: 1- Quanto à origem: Federais, Estaduais, Distritais ou Municipais. 2- Quanto à atividade preponderante: Apesar das agências reguladoras terem surgido no universo administrativo brasileiro em função do processo de privatização de serviços públicos acima mencionado, existem atualmente entidades dessa natureza atuando em outros setores, regulando e fiscalizando a exploração de bens públicos, de atividades econômicas, ou mesmo de serviços de interesse público que sempre foram prestados por particulares, independente do processo de desestatização ocorrido na década passada. a) Agências de serviços públicos propriamente ditos: fiscalização e disciplina da prestação de serviços públicos executados por empresas particulares. Ex.: é o caso da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), criada pela Lei 9.427/96, e da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), criada pela Lei 9.472/ 97; ANTT, - agencia Nacional dos transportes terrestres (rodoviário e ferroviario) Antaq- agencia nacional dos transportes aquaviarios Anac- agencia nacional de aviação civil b) Agências de Polícia: fiscalização sobre o exercício de atividades econômicas. Ex.: ANS Agencia nacional de saúd suplementar - e ANVISA- agencia nacional de vigilância sanitaria c) atividades de fomento: promover o desenvolvimento de setores. Ex.: Agência Nacional de Cinema (ANCINE), criada pela MP 2.281-1/2001, alterada pela Lei nº 10.454, de 2002; d) controle sobre o uso de um bem público, gestão e controle sobre o uso de bens públicos. Ex. Agência Nacional de Águas (ANA), criada pela Lei 9.984, de 2000. 3 – Quanto à previsão Constitucional a) Com referência constitucional – Aneel e ANP b) Sem referência Constitucional – todas as demais 4 – quanto ao momento de criação a) Agências de Primeira Geração(1996-1999): foram instituídas logo após o processo de privatizações, assumindo a função de gerir e fiscalizar setores abertos à iniciativa privada. Ex.: Anatel, Aneel e ANP.(agência nacional do Petroleo) b) Agências de segunda geração(2000-2004) a segunda geração de agencias brasileira não possui vinculação direta com a onda de privatizações, sendo caracterizadas pela diversificação nos setores de atuação, como poder de polícia e fomento. Ex.: ANS, ANA, Anvisa, ANTT, Antaq e Ancine; c) Agências de terceira geração(2005 a 2007): o surgimento da Anac (agência nacional da aviação civil) permitiu a identificação de uma terceira onda envolvendo a criação de agências reguladoras pluripotenciárias que exercem sobre o setor regulado simultaneamente poder de polícia, fomento e tarefas típicas de poder concedente. Poder normativo das agências reguladoras São legalmente dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando os respectivos setores de atuação. O Poder normativo das agências reguladoras se condiciona ao cumprimento do principio da legalidade uma vez que os atos normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferioridade em relação à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico, portanto: Possuem os seguintes limites: a) Não podem contrariar regras fixadas na legislação ou tratar de temas que não foram objeto de lei anterior; b) É vedada a edição, pelas agências, de atos administrativos gerais e abstratos. DICA DO PROFESSOR Atualmente o Brasil passa por uma fase de declínio das agências reguladoras, decorrente de fragilidades que a concepção tecnicista neoliberal imprimiu à atuação de tais entidades, e do surgimento de crises nos setores objeto de atuação de algumas agências, especialmente no segmento da aviação civil, desgastou a formula de dirigentes estáveis e mandatos fixos. Observa-se uma preferência atual pelo modelo das superintendências que preserva algumas características das agencias mas permite ao Presidente da República exonerar imotivadamente membros da Diretoria Colegiada. Ex.: Superintendencia nacional de Previdencia complementar Previc – não é agencia reguladora, é autarquia especial stricto sensu8 EXERCÍCIOS 1-Qual a natureza das atividades prestadas pelas Autarquias? 2-O que são Autarquias de Regime especial? 3-Autarquias podem ter objetivos comercias, de intervenção na atividade econômica? NA PRÁTICA A prova da Procuradoria do Estado de São Paulo/2005 considerou CORRETA a assert iva: “Por autarquia de regime especial entende-se aquela que desfruta de maior grau de independência administrativa em relação à Administração Direta, nos termos da lei”. Fonte: Manual de dire ito Administrativo - Alexandre Mazza. 10 SAIBA + Para saber mais sobre , leia o artigo disponibi l izado em: https://www.politize.com.br/autarquias-o-que-sao/ INFOGRAFICO https://www.politize.com.br/autarquias-o-que-sao/ REFERÊNCIAS MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 34.ª edição. São Paulo: Malheiros, 2008. PESTANA, Marcio. Direito Administrativo Brasileiro. 4. ed. São Paulo: Elsevier, 2008. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella de. Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999. Lei do Processo Administrativo. Brasília,DF, Jan. 1999.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9784.htm . Acesso em: 30 set. 2018. MAZZA, Alexandre. Direito Administrativo. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MAZZA, Alexandre; NICHOLAS, Paulo. Administrativo # na Prática. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 26. Ed. São Paulo: Malheiros, 2009. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente, Direito Administrativo Descomplicado. 24.ed. São Paulo:Método, 2016. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2009. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 3.ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.503-1997?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9784.htm
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