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___________________________________________________________________________
Plano de Aula 1 Introdução ao Direito de Família
 Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, 5º vol., p. 03/34.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 01/19.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, vol. V, p. 01/47.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 01/16.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 17/37.
1 - Definição
Direito de Família constitui o complexo de normas que regulam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, a união estável, as relações entre pais e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos complementares da tutela e curatela.
2 - Conteúdo
O Código Civil de 2002 destinou o Livro IV da Parte Especial ao Direito de Família, dividindo-o da seguinte maneira:
Título I (Direito pessoal): casamento e relações de parentesco;
Título II (Direito patrimonial): regime de bens entre os cônjuges, alimentos e bem de família;
Título III: União estável;
Título IV: Tutela, curatela e tomada de decisão apoiada.
3 - A família
O casamento ainda é o centro gravitador do direito de família, embora as uniões sem casamento tenham recebido parcela importante dos julgados dos tribunais nas últimas décadas, o que se refletiu decididamente na legislação.
Desse modo, importa considerar a família em um conceito amplo, como parentesco, ou seja, o conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar. Nesse sentido, compreende os ascendentes, descendentes e colaterais do cônjuge, que se denominam parentes por afinidade ou afins. Nessa compreensão inclui-se o cônjuge, que não é considerado parente. Em conceito restrito, família compreende somente o núcleo formado por pais e filhos que vivem sob o poder familiar. A CF (art. 226, § 4º), nesse particular, estendeu sua tutela inclusive para a entidade familiar formada por apenas um dos pais e seus descendentes, a denominada família monoparental.
Em suma, o vocábulo família, lato sensu, abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoção. Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os afins.
4 - Princípios do Direito de Família
A atual Carta Magna delineou uma diferente ordem estrutural ou organizacional ao Direito de Família, introduzindo novos rumos e novas indagações. Emergem os seguintes princípios, afastando de vez as antigas e injustificáveis discriminações:
a) Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana: decorrente do disposto no art. 1º, III, da Constituição Federal, tal princípio constitui a base da comunidade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros. O Direito de Família é o mais humano de todos os ramos do direito e, em razão disso, é que se torna imperativo pensar o Direito de Família na contemporaneidade com a ajuda e pelo ângulo dos Direitos Humanos.
b) Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros: o patriarcalismo não mais se coaduna com a época atual. Segundo a CF (art. 226, § 5º), “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”, disposição que se encontra também no Código Civil (arts. 1567 e 1568).
c) Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos: consubstanciado no art. 227, § 6º da CF, que estatui que “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação” (vide também CC, art. 1596).
d) Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar: dispõe o art. 226, § 7º da CF que o planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. Trata-se de responsabilidade de ambos os genitores, cônjuges ou companheiros (no CC, vide art. 1565, § 2º).
e) Princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição: o fundamento básico do casamento e do companheirismo é a afeição entre os cônjuges ou conviventes e a necessidade de que perdure completa comunhão de vida. A ruptura da união estável, a separação judicial e o divórcio são uma decorrência da extinção da affectio.
f) Princípio da liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar: consiste no livre poder de constituir uma vida familiar por meio de casamento ou união estável, sem qualquer imposição ou restrição de pessoa jurídica de direito público ou privado (CC, art. 1513), abrangendo também a livre decisão do casal no planejamento familiar (CC, art. 1565), a livre aquisição e administração do patrimônio familiar (CC, arts. 1642 e 1643), a opção pelo regime de bens mais conveniente (CC, art. 1639) e a liberdade de escolha pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa da prole (CC, art. 1634).
5 - Natureza jurídica da família
Defendeu-se, no passado, que a família constituía uma pessoa jurídica, tendo em vista ser ela detentora de direitos extrapatrimoniais (nome, poder familiar etc.) e de direitos patrimoniais (propriedade de bem de família, sepulcros etc.).
Todavia, a família não pode ser considerada pessoa jurídica, pois falta-lhe aptidão e capacidade para usufruir direitos e contrair obrigações. Os pretensos direitos imateriais a ela ligados (nome, poder familiar, defesa da memória dos mortos etc.), nada mais são do que direitos subjetivos de cada membro da família. Esta a opinião de Venosa, para quem a família nunca é titular de direitos, pois os titulares serão sempre seus membros individualmente considerados, preferindo denominá-la de grupo com personificação anômala.
A doutrina majoritária conceitua família como instituição, tratando-se de uma coletividade humana subordinada à autoridade e condutas sociais. Uma instituição deve ser compreendida como uma forma regular, formal e definida de realizar uma atividade. Nesse sentido, a família é uma união associativa de pessoas, sendo uma instituição da qual se vale a sociedade para regular a procriação e educação dos filhos.
Quanto ao Direito de Família, é ramo do direito privado, apesar de sofrer intervenção estatal devido à importância social da família. É o ramo do direito civil menos individualista, dado o reduzido e limitado papel da vontade, eis que a maioria das suas normas é cogente, de ordem pública, e suas instituições jurídicas são direitos-deveres.
PLANO DE AULA nº 02
Noções gerais sobre o casamento
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, 5º vol., p. 39/54.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 21/31.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, vol. V, p. 49/73.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 17/29.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 39/53.
1 – Conceito
Casamento é a união do homem e da mulher (????) para o estabelecimento de uma plena comunidade de vida. Para Silvio Rodrigues, casamento é o contrato de direito de família que tem por fim promover a união do homem e da mulher, de conformidade com a lei, a fim de regularem suas relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem mútua assistência.
CC português de 1996, art. 1.577: Casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termosdas disposições deste Código.
Referida definição, até então aceita por toda a doutrina, tende a ser alterada após a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, em outubro/2011, admitindo o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (4ª Turma, REsp. nº 1183378/RS).
2 – Natureza jurídica
Contrato: o matrimônio é um contrato civil, regido pelas normas comuns a todos os contratos, ultimando-se e aperfeiçoando-se apenas pelo simples consentimento dos nubentes, que há de ser recíproco e manifesto por sinais exteriores.
Contrato de direito de família (ou contrato especial ou sui generis): o casamento amolda-se à noção de negócio jurídico bilateral, pois possui as características de um acordo de vontades que busca efeitos jurídicos. Desse modo, por extensão, o conceito de negócio jurídico bilateral de direito de família é uma especificação do conceito contrato. O casamento não se resume a um rol de direitos e obrigações de cunho patrimonial ou econômico. Embora envolva esse teor em muitos aspectos, prevalecem os elevados interesses pessoais e morais que o impregnam. O fator determinante de sua celebração é a affectio maritalis, ou o amor que une os esposos.
Instituição: o casamento apresenta uma conceituação institucional, pois faz com que os cônjuges adiram a uma estrutura jurídica cogente predisposta. A concepção institucionalista vê no matrimônio um estado em que os nubentes ingressam. O casamento é tido como uma grande instituição social, refletindo uma situação jurídica que surge da vontade dos contraentes, mas cujas normas, efeitos e forma encontram-se preestabelecidos pela lei. Uma vez aderido ao estado matrimonial, a vontade dos nubentes é impotente, sendo automáticos os efeitos da instituição por serem de ordem pública ou cogentes as normas que a regem, portanto iniludíveis por simples acordo dos cônjuges.
Contrato e instituição: o casamento é um ato complexo, sendo ao mesmo tempo contrato (na formação) e instituição (no conteúdo). Trata-se de uma teoria eclética, que considera o casamento como contrato em sua formação (casamento-fonte ou casamento-ato), por se originar do acordo de vontades, e instituição em sua duração (casamento-estado), pela interferência do Poder Público e pelo caráter inalterável de seus efeitos.
3 – Características
a) Ato pessoal: cabe unicamente aos nubentes manifestar sua vontade. A liberdade de escolher outra pessoa é elemento natural do ato nupcial.
b) Ato solene: a lei reveste o casamento de uma série de formalidades perante autoridade do Estado que são de sua própria essência para garantir a publicidade e validade ao ato.
c) As normas que o regulamentam são de ordem pública: o casamento é constituído de um conjunto de normas imperativas, que não podem ser derrogadas por convenções particulares. Não é dado aos nubentes discutir com o celebrante o conteúdo e a extensão dos seus direitos e deveres, nem impor regras sobre a dissolução do vínculo ou reconhecimento de filho.
d) União exclusiva: a fidelidade conjugal é exigida por lei e é da essência do casamento, não podendo ser afastado o dever de fidelidade recíproca mediante pacto antenupcial ou convenção posterior ao matrimônio. (?e o poliamorismo?)
4 – Finalidades
A principal finalidade (?) é estabelecer uma comunhão plena de vida, impulsionada pelo amor e afeição existente entre o casal e baseada na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.
Os demais objetivos, embora também importantes, são secundários (?): procriação, educação dos filhos, satisfação sexual, atribuição do nome de um dos cônjuges ao outro e o de ambos aos filhos, legalização de estados de fato etc..
5 – Promessa de casamento (ou esponsais)
Denomina-se esponsais o compromisso matrimonial contraído entre duas pessoas, geralmente entendido como noivado. Trata-se de uma promessa de casamento e, para alguns, de um negócio preliminar.
Não há qualquer obrigação legal de se cumprirem os esponsais e muito menos autorização normativa para propor qualquer ação para cobrança de multas contratuais em caso de inexecução. Nada há que obrigue um promitente a respeitar seu comprometimento matrimonial, mas a grande maioria dos civilistas entende que a promessa esponsalícia pode acarretar responsabilidade extracontratual, dando lugar a uma ação de indenização por ruptura injustificada.
6 – Corretagem matrimonial
É a atividade de pessoas naturais ou jurídicas que se dedicam à aproximação de casais para fins de casamento, realizada pelas comumente denominadas agências matrimoniais. Não há proibição legal para tal negócio, embora alguns entendam que a atividade não é moral. A finalidade da negociação pode ser unicamente a mera aproximação, fazendo o corretor jus ao preço, à comissão, independentemente da realização do casamento, ou então pode ser acertado o pagamento apenas na hipótese de ocorrer efetivamente o matrimônio.
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O contrato de casamento (1743, William Hogarth)
1. O conde Squander: de peruca e com aspecto pomposo: o conde Squander está pedindo uma soma substancial para aceitar a filha do comerciante na aristocracia. A natureza autoindulgente do conde é apresentada no seu pé enfaixado, atingido pela gota, conhecida como "a doença do homem rico".
2. O comerciante da cidade: no centro da composição, vestindo um casaco vermelho vivo, o rico pai da noiva examina o contrato de casamento.
3. O noivo: o visconde parece mais interessado em admirar seu próprio reflexo no espelho do que em olhar a sua noiva. Ele é retratado vestindo a última moda francesa e, como o pai, leva uma vida de gastos.
4. A noiva: é retratada em vestimentas simples e ouve com atenção o que seu advogado cochicha em seu ouvido.
O Casamento Desigual (por vezes denominada O Contrato de Casamento) é uma pintura a óleo sobre madeira, executada por Quentin Matsys, usualmente datada entre 1525 e 1530.
A obra aborda um tema recorrente da crítica social na história da arte: o casamento por motivos econômicos entre pessoas de idades diferentes.
Enquanto é acariciada pelo jovem cônjuge, a velha senhora lhe estende a aliança com a mão direita, ao mesmo tempo em que, sobre a mesa, abre-lhe sua bolsa, afagada pela mão esquerda do rapaz.
O tom de escárnio, hipocrisia e tolice é acentuado pelos traços caricaturais dos personagens e, em particular, pela figura à esquerda do rapaz, representada no ato ambíguo de colocar numa caixa o colar que se estende sobre a mesa.
Pintura de Casamento (Selói Peters)(?)
Os Amantes (1928, René Magritte)
O tecido impede o contato dos dois amantes, frustrando, quem sabe, um beijo.
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, 5º vol., p. 67/87.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 32/41 e 51/80.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, vol. V, p. 73/96.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 31/54.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 83/101.
1 – Introdução
O CC/2002 inovou ao tratar, em capítulo próprio, da capacidade para o casamento, que deve ser demonstrada no processo de habilitação, fixando em 16 anos a idade mínima, denominada idade núbil, tanto para o homem quanto para a mulher. Ordenando a matéria, o novo CC tratou separadamente da capacidade nos arts. 1.517 a 1.520, dos impedimentos nos arts. 1.521 e 1.522, e das causas suspensivas nos arts. 1.523 e 1.524.
No CC/1916, as atuais causas suspensivas eram chamadas de impedimentos não dirimentes (ou proibitivos ou meramente impedientes), eis que não tinham o condão de desfazer o casamento e apenas impunham sanções aos noivos. Os impedimentos relativamente dirimentes no CC/1916 são tratados no diploma de 2002 como causas de anulação do casamento (arts. 1.550 e ss.). Só são chamados de impedimentos,atualmente, os que o CC/1916 tratava como impedimentos dirimentes absolutos e que ensejavam a nulidade do casamento.
2 – Capacidade para o casamento
O CC/2002 exige que o homem e a mulher tenham 16 anos de idade e exibam autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil (art. 1.517), permitindo o suprimento do consentimento quando a denegação for injusta (art. 1.519). Em nenhuma hipótese será permitido o casamento de quem não atingiu a idade núbil (art. 1.520).
3 – Impedimentos
São circunstâncias, expressamente especificadas na lei (CC, art. 1.521), que impossibilitam a realização de determinado matrimônio.
Impedimento não se confunde com incapacidade, pois o primeiro é meramente circunstancial e está ligado à noção de legitimação, enquanto a segunda é geral. Ex.: o ascendente não tem legitimidade para casar com o descendente, mas pode casar-se com outra pessoa, pois tem capacidade para tal. A pessoa impedida de casar não está incapacitada de fazê-lo, como regra geral: não pode apenas contrair casamento com certas pessoas.
4 – Causas suspensivas
São determinadas circunstâncias ou situações (CC, art. 1.523) capazes de suspender a realização do casamento, se argüidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazê-lo, mas que não provocam, quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade. O casamento é apenas considerado irregular, tornando, porém, obrigatório o regime da separação de bens (CC, art. 1.641, I), como sanção imposta ao infrator.
PLANO DE AULA nº 04
CASAMENTO
Habilitação, celebração e provas
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, 5º vol., p. 88/119.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 41/50 e 81/104.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, vol. V, p. 98/126.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 55/101.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 80/82 e 103/119.
1 – Habilitação (CC, arts. 1.525 a 1.532)
O processo de habilitação para o casamento objetiva verificar a inexistência de impedimentos e de causas suspensivas e demonstrar que os nubentes estão em condições de convolar núpcias, evitando, assim, a realização de casamento com infração às normas jurídicas vigentes.
Devem os noivos, então, demonstrar que estão legalmente habilitados para o ato nupcial, por meio de processo que corre perante o Oficial de Registro Civil do domicílio dos noivos.
2 – Celebração do casamento (CC, arts. 1.533 a 1.542)
Depois de processada a habilitação, com a publicação dos editais, consideram-se os nubentes em condições de se casarem. A lei institui uma série de formalidades, dando um caráter extremamente solene ao ato em face da importância que lhe é atribuída.
Dentre as formalidades mais importantes, sobressaem aquelas concernentes à liberdade e integridade do consentimento e à publicidade do ato, de modo a não poder passar despercebido, o que se alcança pela celebração pública. Com isto, objetiva-se dar a importância que merece o casamento, que, além de unir duas pessoas, muda o estado civil das mesmas, a situação patrimonial e a capacidade jurídica na vida civil.
3 – Casamento religioso com efeitos civis (CC, arts. 1.515 e 1.516)
O casamento é um ato civil, mas é perfeitamente possível que os nubentes se casem no religioso, atribuindo-lhe efeitos civis. Assim, o casamento religioso terá efeito civil se, observados os impedimentos, as causas suspensivas, a capacidade matrimonial e as prescrições da lei, assim o requerer o celebrante ou qualquer interessado, contanto que o ato seja inscrito no registro público. A prévia habilitação não é absolutamente necessária.
4 – Provas do casamento (CC, arts. 1.543 a 1.547)
A celebração do casamento é provada pela certidão do registro. Em princípio, ninguém pode alegar estado de casado sem essa prova. No entanto, o registro não é essencial, pois mesmo em sua ausência o casamento pode ser provado. O registro, por qualquer razão, pode ter sido perdido ou mesmo não ter sido lavrado. Nessas premissas, aceitam-se provas pelos meios admitidos em direito para justificar a perda ou a falta do documento.
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PLANO DE AULA nº 05
Inexistência e invalidade do casamento
Bibliografia: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, 5º vol., p. 55/59 e 219/244. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 124/163. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, vol. V, p. 127/159. RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 103/165. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 80/82 e 121/152.
1 – Introdução
A denominação “Da invalidade do casamento” utilizada pelo CC/2002 abrange a nulidade e a anulabilidade do matrimônio, ou seja, a nulidade absoluta e a relativa. É empregada para designar o casamento realizado com um defeito que impede a formação de vínculo matrimonial válido.
Parte da doutrina inclui, todavia, no gênero “casamento inválido” o casamento inexistente, distinguindo, pois, três espécies: casamento inexistente, nulo e anulável.
Outros preferem afirmar que o plano da existência antecede o da validade. Antes de verificar se o casamento é válido, faz-se mister averiguar se existe. Existindo, pode ser válido ou inválido.
2 – Casamento inexistente
Para que o casamento exista,é necessária a presença dos elementos denominados essenciais ou estruturais: diferença de sexo (????), consentimento e celebração na forma da lei.
Será inexistente o casamento, por ex.: se o matrimônio ocorrer entre duas pessoas do mesmo sexo; se duas pessoas se declararem casadas redigindo um instrumento particular; se o ato nupcial se der perante um simples particular, que se apresenta sob a falsa condição de juiz, cientes os noivos ou não preenchidos os requisitos das exceções legais; se um dos nubentes conservar-se indiferente à indagação do juiz; se a celebração se efetiva apesar de ter havido declaração negativa de um dos noivos. Atenção: o casamento será inexistente diante da ausência absoluta de consenso. Será nulo ou anulável o matrimônio se se tratar de declaração de vontade defeituosa ou emanada de pessoa incapaz de consentir, permanente ou eventualmente.
Impõe consignar que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deverá deixar de ser considerado inexistente. Isso porque a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em outubro/2011, admitiu o casamento civil homoafetivo, sob o argumento de que a dignidade da pessoa humana, consagrada pela Constituição, não é aumentada nem diminuída em razão do uso da sexualidade, e que a orientação sexual não pode servir de pretexto para excluir famílias da proteção jurídica representada pelo casamento (REsp. nº 1183378/RS).
3 – Casamento nulo
A nulidade do casamento se caracteriza quando ele for contraído por infringência de um dos impedimentos previstos no art. 1.521 (CC, 1.548).
No casamento, não há nulidade sem texto, ou seja, as nulidades são apenas as descritas pela lei.
Quando o casamento é nulo, a ação adequada é a declaratória de nulidade, que pode ser proposta a qualquer tempo, pois não prescreve.
4 – Casamento anulável
As anulabilidades, previstas nos arts. 1.550, 1.556 e 1.558 do CC, são todas sanáveis, o que não ocorre com as nulidades.
A anulabilidade reclama a propositura de ação anulatória, a qual, assim como a ação declaratória de nulidade, trata-se de ação de estado e versa sobre direitos indisponíveis. Em conseqüência disso; a) é obrigatória a intervenção do Ministério Público, como fiscal da lei (CPC/2015, art.176); b) não se operam os efeitos da revelia (CPC/2015, art. 345, II), não se presumindo verdadeiros os fatos não contestados; c) não existe o ônus da impugnação especificada (CPC/2015, art. 341), não se presumindo verdadeiros os fatos não impugnados especificamente.
O prazo para a propositura de ação anulatória é decadencial (CC, art. 1.560).
5 – Casamento putativo
Conforme se depreende do art. 1.561 do CC, o casamento putativo é aquele que, embora anulável ou mesmo nulo, foi contraído de boa-fé por um ou por ambos os cônjuges. Boa-fé, no caso, significa ignorância da existência de vícios e de impedimentos à união conjugal.
PLANO DE AULA nº 06
Efeitos jurídicos do casamento
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 124/149.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 164/184.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, vol. V, p. 161/184.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 167/207.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 154/179.
1 – Introdução
Os efeitos produzidos pelo casamento são numerosos e complexos e possuem natureza social, pessoal e patrimonial. O status de casado acarreta uma nova série de atribuições legais, esboçando um complexo de princípios atinentes à vida social e gerando direitos e deveres entre os cônjuges e entre estes e os filhos, inclusive de ordem patrimonial.
2 – Efeitos sociais
O casamento gera conseqüências que alcançam toda a sociedade: a constituição da família matrimonial (CF, art. 226, §§ 1º e 2º; CC, art. 1.565, caput), a liberdade de planejamento familiar (CF, art. 226, § 7º; CC, art. 1.565, § 2º), o estabelecimento do vínculo de afinidade entre cada consorte e os parentes do outro (CC, art. 1.595, §§ 1º e 2º), a emancipação do cônjuge menor de idade (CC, art. 5º, p.u., II), a presunção de concepção dos filhos na constância do casamento (CC, arts. 1.597 e 1.598) e a aquisição do status de casado (CC, art. 1.565).
3 – Efeitos pessoais
O principal efeito pessoal do casamento consiste no estabelecimento de uma “comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges” (CC, art. 1.511).
Vide CC, arts. 1.566 e 1.567.
4 – Efeitos patrimoniais
O casamento também gera para os consortes conseqüências e vínculos econômicos, consubstanciados no regime de bens, no usufruto dos bens dos filhos durante o poder familiar, no bem de família legal, no direito sucessório etc..
Os efeitos patrimoniais do casamento serão objeto de estudo mais adiante, observada a ordem dos assuntos no Código Civil.
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PLANO DE AULA nº 07
Dissolução da sociedade e do vínculo conjugal
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 244/344.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 185/262.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol. V, p. 247/305.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 221/392.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 181/233.
1 – Introdução
Sociedade conjugal e casamento são diferentes. Sociedade conjugal é o complexo de direitos e obrigações que formam a vida em comum dos cônjuges. O casamento cria a família matrimonial. A separação judicial, por exemplo, põe fim à sociedade conjugal, perdurando o vínculo matrimonial, que impede um novo casamento do separado. O divórcio, por sua vez, libera para novo casamento, na medida em que põe fim ao casamento civil e aos efeitos civis do casamento religioso.
2 – Causas terminativas
O art. 1.571 do CC estabelece que a sociedade conjugal termina: I - pela morte de um dos cônjuges; II - pela nulidade ou anulação do casamento; III - pela separação judicial; e IV - pelo divórcio.
O casamento válido, ou seja, o vínculo matrimonial, somente é dissolvido pelo divórcio e pela morte de um dos cônjuges (CC, art. 1.571, § 1º). O inválido (nulidade ou anulação do casamento) também rompe o vínculo matrimonial.
3 – Morte de um dos cônjuges
A morte a que se refere o art. 1.571 do CC, no inciso I e no § 1º, primeira parte, como causa terminativa da sociedade conjugal e de dissolução do vínculo matrimonial é a morte real.
O cônjuge supérstite é autorizado a contrair novas núpcias, respeitado, quanto à mulher, o prazo do art. 1.523, II do CC, exigido para evitar a turbatio sanguinis.
O CC/2002, porém, incluiu entre as causas de dissolução a morte presumida do ausente (art. 1.571, § 1º, parte final), que se configura “nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva” (CC, art. 6º, 2ª parte, c/c arts. 7º, 37 e 38).
4 – Nulidade ou anulação do casamento
A nulidade e a anulação do casamento rompem o vínculo matrimonial, extinguindo a sociedade conjugal e permitindo que os cônjuges se casem novamente.
As causas de nulidade e anulabilidade do casamento já foram objeto de estudo (vide plano de aula nº 05: inexistência e invalidade do casamento).
5 – A Emenda Constitucional nº 66/2010
A Emenda Constitucional nº 66, de 13/07/2010, alterou o artigo 226, § 6º, da Carta Magna, fazendo nele constar que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, ou seja, retirando do texto constitucional a necessidade de prévia separação judicial por mais de um ano ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.
Em razão dessa alteração, discute-se na doutrina a extinção ou não do instituto da separação judicial. Há quem entenda que a mencionada alteração da Constituição Federal não só tornou inócua a separação judicial, mas também a extinguiu definitivamente do ordenamento jurídico nacional.
6 – Separação judicial
Existem duas formas de se efetivar a separação judicial: a consensual e a litigiosa.
Estabelece o CC que a separação judicial por mútuo consentimento é possível somente se os cônjuges forem casados por mais de um ano (ATENÇÃO ALUNOS: vide EC 66/2010) e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada a convenção (art. 1.574). A homologação é dispensada quando a separação consensual é realizada através de escritura pública (CPC/2015, art. 733).
Por outro lado, qualquer dos cônjuges pode propor ação de separação judicial litigiosa, imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. A separação litigiosa também pode ser pedida se um dos cônjuges provar a ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. Além disso, pode ainda pedir a separação judicial quando o outro cônjuge estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne insuportável a continuação da vida em comum e desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável (CC, art. 1.572 e §§).
(Leia os arts. 1.572 a 1.578 do CC, a Lei nº 6.515/77 e os arts. 731 a 733 do CPC/2015)
7 – Divórcio
É a dissolução do casamento válido, que se opera mediante sentença judicial ou escritura pública (CPC/2015, art. 733), habilitando as pessoas divorciadas a contrair novas núpcias.
Conforme o Código Civil, decorrido 1 (um) ano (ATENÇÃO ALUNOS: vide EC 66/2010) do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio (CC, art. 1.580).
O divórcio também poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada separação de fato por mais de 2 (dois) anos (CC, art. 1.580, § 2º). (ATENÇÃO ALUNOS: vide EC 66/2010)(Leia os arts. 1.579 a 1.582 do CC, a Lei nº 6.515/77 e os arts. 731 a 733 do CPC/2015)
8 – Proteção da pessoa dos filhos
Destinou o CC/2002 um capítulo especial à proteção da pessoa dos filhos. Em face dos conflitos dos pais, procurou o legislador proteger os filhos também nos processos de rompimento da sociedade conjugal, até mesmo porque o status de filho não deixa de existir com a separação judicial ou com o divórcio.
A necessidade de decidir com quem ficará a guarda dos filhos é uma das conseqüências do término da sociedade conjugal, valendo lembrar que se discute a guarda apenas dos filhos que estão sujeitos ao poder familiar, ou seja, dos filhos menores (CC, art. 1.630). Se a guarda é exercida por um dos pais, dá-se o nome de guarda unilateral (ou exclusiva); se exercida por ambos os pais, chama-se guarda compartilhada.
Além disso, outras decisões devem ser tomadas em relação aos filhos, tais como as que fixam a prestação de alimentos e o horário de visitas.
(Leia os arts. 1.583 a 1.590 do CC)
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PLANO DE AULA nº 08
Regime de bens no casamento
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 149/196.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 381/435.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol. V, p. 185/245.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 617/692.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, vol. VI, p. 353/389.
1 – Introdução
Ao se estudar os efeitos jurídicos do casamento, fez-se menção aos efeitos patrimoniais, esclarecendo-se que o matrimônio também gera para os consortes conseqüências e vínculos econômicos (vide plano de aula nº 06). Cumpre, portanto, que se organizem essas relações patrimoniais entre o casal, as quais se traduzem no regime de bens.
Desse modo, o regime de bens entre os cônjuges compreende uma das conseqüências jurídicas do casamento. A essência das relações econômicas entre casados reside, efetivamente, nos regimes de bens, que constituem princípios jurídicos que disciplinam essas relações entre os consortes.
2 – Princípios
Três são os princípios fundamentais a que se subordina a organização do regime matrimonial de bens:
- Princípio da variedade de regime de bens: a norma não impõe um só regime matrimonial aos nubentes, oferecendo-lhes quatro tipos diferentes: o da comunhão universal; o da comunhão parcial; o da separação; e o da participação final nos aqüestos.
- Princípio da liberdade dos pactos antenupciais: é decorrente do princípio anterior, pois permite-se aos nubentes a livre escolha do regime que lhes convier, para regulamentar os interesses econômicos advindos do ato nupcial. Os cônjuges não estão adstritos à adoção de um dos regimes mencionados, tal como definidos na lei, podendo combiná-los para a formação de um regime misto ou especial. (vide arts. 1.639 e 1.640, p.u. do CC)
- Princípio da mutabilidade justificada do regime adotado: o regime de bens, que era inalterável no CC/1916, pode hoje ser modificado mediante decisão judicial, a requerimento de ambos os consortes, acatando-se as razões por eles apresentadas no pedido (CC, art. 1.639, § 2º).
Disposições gerais dos regimes de bens entre os cônjuges: leia os arts. 1.639 a 1.652 do CC.
3 – Pacto antenupcial
A escolha do regime de bens é feita no pacto antenupcial. Se este não for feito, ou for nulo ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial (CC, art. 1.640). É por isso que o regime da comunhão parcial de bens é também chamado de regime legal ou supletivo, pois a lei supre o silêncio das partes.
Pacto antenupcial é um contrato solene e condicional, por meio do qual os nubentes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre ambos, após o casamento. Solene porque será nulo se não for feito por escritura pública. E condicional porque só terá eficácia se o casamento se realizar, ou seja, caducará, sem qualquer intervenção judicial, se o matrimônio não se efetivar, ou se um dos nubentes vier a falecer ou se contrair matrimônio com outra pessoa.
Sobre pacto antenupcial, vide CC, arts. 1.653 a 1.657.
4 – Regime da comunhão parcial
É da essência desse regime que os bens que cada um dos cônjuges trouxer para o casamento permanecerão como de sua propriedade exclusiva. Os que forem adquiridos na constância do casamento constituem bens comuns, isto é, forma patrimônio pertencente ao marido e à mulher, indiscriminadamente.
Bens incomunicáveis (excluídos da comunhão): CC, arts. 1.659 e 1.661.
Bens comunicáveis (entram na comunhão): CC, art. 1.660.
Leia os arts. 1.658 a 1.666 do CC.
5 – Regime da comunhão universal
Neste regime comunicam-se os bens móveis e imóveis que cada um dos cônjuges traz para a sociedade conjugal e bem assim os adquiridos na constância do casamento, tornando-se os cônjuges meeiros em todos os bens do casal, mesmo que somente um deles os haja trazido e adquirido. Comunicam-se igualmente as dívidas.
Bens excluídos da comunhão: CC, art. 1.668.
Leia os arts. 1.667 a 1.671 do CC.
6 – Regime da participação final nos aqüestos
Trata-se de um regime híbrido, pois durante o casamento aplicam-se as regras da separação total e, após a sua dissolução, as da comunhão parcial. Por esse regime, cada cônjuge possui patrimônio próprio e tem direito, quando da dissolução da sociedade conjugal, à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
É, na realidade, um regime de separação de bens, enquanto durar a sociedade conjugal, tendo cada cônjuge a exclusiva administração de seu patrimônio pessoal, integrado pelos que possuía ao casar e pelos que adquirir a qualquer título na constância do casamento. Somente após a dissolução da sociedade conjugal serão apurados os bens de cada cônjuge, cabendo a cada um deles a metade dos adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
É considerado ideal para as pessoas que exercem atividades empresárias, pela liberdade que confere aos cônjuges de administrar livremente, na constância da sociedade conjugal, o seu patrimônio próprio, sem afastar a participação nos aqüestos por ocasião da dissolução da aludida sociedade.
Leia os arts. 1.672 a 1.686 do CC.
7 – Regime da separação de bens
O regime da separação de bens pode resultar de estipulação em pacto antenupcial (separação convencional) ou pode ser imposto aos cônjuges (separação legal ou obrigatória).
As hipóteses em que é obrigatório o regime da separação de bens no casamento estão especificadas no art. 1.641 do CC. Por se tratar de regime imposto por lei, não há necessidade de pacto antenupcial.
No regime da separação de bens, cada cônjuge conserva a plena propriedade, a integral administração e a fruição de seus próprios bens, podendo aliená-los e gravá-los de ônus real livremente, sejam móveis ou imóveis.
Leia os arts. 1.687 e 1.688 do CC.
PLANO DE AULA nº 09
UNIÃO ESTÁVEL
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 353/406.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 530/571.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol. V, p. 531/553.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 885/924.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, vol. VI, p. 385/396.
1 – Conceito
É a união de pessoas livres, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituir família (CC, art. 1.723).
2 – Requisitos
a) Convivência more uxorio: é indispensável uma comunhão de vidas, no sentido material e imaterial,em situação similar à de pessoas casadas. Envolve a mútua assistência material, moral e espiritual, a troca e soma de interesses da vida em conjunto, atenção e gestos de carinho, enfim, a somatória de componentes materiais e espirituais que alicerçam as relações afetivas inerentes à entidade familiar.
b) Affectio maritalis: é o ânimo ou objetivo de constituir família. Trata-se de elemento subjetivo essencial apara a configuração da união estável. É absolutamente indispensável que haja entre os conviventes, além do afeto, o elemento espiritual caracterizado pelo ânimo, a intenção, o firme propósito de constituir uma família.
c) Notoriedade: a convivência deve ser pública, não podendo a união permanecer em sigilo, em segredo, desconhecida no meio social. Os companheiros devem se apresentar à coletividade como se fossem casados, pois as relações clandestinas não constituem união estável.
d) Estabilidade ou duração prolongada: embora a lei não estabeleça um prazo determinado de duração para a configuração da entidade familiar, a estabilidade da relação é indispensável, devendo ser duradouro o relacionamento dos companheiros. Deverá o juiz, em cada caso concreto, verificar se a união perdura por tempo suficiente para o reconhecimento da estabilidade familiar, lembrando que dificilmente um relacionamento afetivo será público, contínuo e duradouro se não for prolongado, se não tiver algum tempo, o tempo razoável para indicar que está constituída uma entidade familiar.
e) Continuidade: além de pública e duradoura, a convivência deve ser também contínua, sem interrupções. É claro que desavenças e desentendimentos ocorrem com todos os casais, durante o namoro, o noivado, o casamento ou o companheirismo, seguidos, muitas vezes, de uma breve ruptura do relacionamento e posterior reconciliação. Todavia, se o rompimento for sério, perdurando por tempo que denote efetiva quebra de vida em comum, então se estará rompendo o elo próprio de uma união estável.
f) Inexistência de impedimentos matrimoniais: O § 1º do art. 1.723 do CC veda a constituição da união estável se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521, ressalvado o inciso VI, que proíbe o casamento das pessoas casadas, se houver separação judicial ou de fato. Por outro lado, não impedem a caracterização da união estável as causas suspensivas do art. 1.523 do CC.
g) Relação monogâmica: não se admite que pessoa casada, não separada de fato, venha a constituir união estável, nem que aquela que convive com um companheiro venha a constituir outra união estável. Admite-se, todavia, a existência de uniões estáveis sucessivas. (??e a união estável putativa?? e o poliamorismo??)
Observação: Importante ressaltar que a diversidade de sexos até recentemente era relacionada como requisito à configuração da união estável. Tanto a Constituição Federal (art. 226, § 3º) quanto o Código Civil (art. 1.723) são bastante claros ao consignar que a união estável que pode ser reconhecida como entidade familiar é apenas aquela havida entre um homem e uma mulher. Embora se trate de questão muito polêmica e que com freqüência é levada ao Poder Judiciário, a diversidade de sexos sempre foi admitida como um requisito indispensável para a caracterização da união estável. A união entre pessoas do mesmo sexo, também denominada de união homoafetiva ou união homossexual, segundo os tribunais, configurava simples sociedade de fato, entre sócios, e assim deveriam ser tratadas as relações dela decorrentes. Todavia, o Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida em maio/2011, permitiu a aplicação do artigo 1.723 do Código Civil às uniões homoafetivas (ADI nº 4.277), motivo pelo qual a diversidade de sexos deve deixar de figurar como requisito da união estável.
3 – Direitos e deveres dos companheiros
Estabelece o art. 1.524 do CC que as relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
Além desses direitos-deveres de cunho pessoal e de natureza patrimonial mencionados, destacam-se também o direito à meação (CC, art. 1.725) e à herança (CC, art. 1.790).
4 – Contrato de convivência entre companheiros
Contrato de convivência é o instrumento pelo qual os sujeitos de uma união estável promovem regulamentações quanto aos reflexos da relação por eles constituída.
O CC/2002 manteve a possibilidade de os companheiros celebrarem contrato escrito que disponha de forma contrária, afastando o regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725) e adotando, por exemplo, regime semelhante ao da comunhão universal ou da separação absoluta, ou estabelecendo novas regras.
Trata-se de contrato que não reclama forma preestabelecida ou já determinada para sua eficácia, embora se tenha como necessário seja escrito, e não apenas verbal.
Adverte-se, todavia, que o contrato de convivência não possui força para criar a união estável.
5 – Conversão da união estável em casamento
Estabelece o art. 1.726 do CC que a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Exige-se, pois, pedido ao juiz e assento no Registro Civil. Em vez de recorrer ao Judiciário, mais fácil será simplesmente casar, com observância das formalidades exigidas para a celebração do casamento civil, ainda mais levando-se em conta que a conversão não produz efeitos pretéritos, valendo apenas a partir da data em que se realizar o ato de seu registro.
De qualquer maneira, devem ser exigidas todas as providências que o CC prevê para a habilitação ao casamento.
O disposto no art. 1.726 do CC desatende o comando do art. 226, § 3º da CF de que deve a lei facilitar a conversão da união estável em casamento, isto é, estabelecer modos mais ágeis de se alcançar semelhante propósito.
6 – União estável x Concubinato
Dispõe o art. 1.727 do CC que as relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Assim, pretendeu o legislador distinguir a união estável do concubinato antigamente denominado de “impuro”, que é aquele, por exemplo, adulterino, incestuoso ou desleal, como respectivamente o de um homem casado que tenha, paralelamente ao seu lar, outro relacionamento de fato; o de um pai com sua filha; e o de alguém que já vive em união estável.
7 – As leis nºs 8.971/94 e 9.278/96 / Direito intertemporal
Estas foram as duas primeiras normas editadas para a regulamentação do art. 226, § 3º da CF.
O CC/2002 revogou tacitamente essas leis, embora haja entendimento de que alguns dispositivos seus ainda continuam em vigor, como o art. 7º, p. único, da Lei nº 9.278/96 (direito real de habitação). Nessa linha o Enunciado nº 117 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na I Jornada de Direito Civil realizada em Brasília sem set/2002: “O direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei nº 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1.831, informado pelo art. 6º, caput, da CF/88”.
Ressalta-se, por fim, que os Tribunais vinham se manifestando, orientados pelo STF, no sentido de que, quando da dissolução da união estável, aplica-se, às relações patrimoniais, o ordenamento normativo da época da aquisição. Esta orientação deve permanecer, ou seja, somente incidirá o art. 1.725 do CC às uniões estáveis estabelecidas na vigência do CC/2002.
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PLANO DE AULA nº 10
PARENTESCO E FILIAÇÃO
 Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 409/478.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 263/327.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol. V, p. 307/383.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 393/505.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, vol. VI, p. 197/252.
1.Do parentesco em geral
1.1 Definição
Parentesco é a relação vinculatória existente não só entre pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre um cônjuge e os parentes do outro e entre adotante e adotado,
1.2 Espécies
a) Natural ou consangüíneo: é o vínculo entre pessoas descendentes de um mesmo tronco ancestral, em linha reta ou colateral, portanto ligadas umas às outras pelo mesmo sangue. Por ex.: pai e filho, dois irmãos, dois primos etc.
b) Afim: é o vínculo que se cria por determinação legal (CC, art. 1.595), estabelecido entre um consorte ou companheiro e os parentes consangüíneos do outro nos limites da lei, desde que decorra de matrimônio válido e união estável. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro (CC, art. 1.595, § 1°). A afinidade é um vínculo pessoal, razão pela qual os afins de um cônjuge e de outro não são afins entre si; logo, não há afinidade entre os parentes de um cônjuge ou convivente e os parentes do outro (ex.: não há afinidade entre concunhados). Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável (CC, art. 1.592, § 2°).
c) Civil: é o que resulta de outra origem, como a inseminação artificial e a adoção, estabelecendo um vínculo entre adotante e adotado (CC, art. 1.593).
1.3 Contagem de graus
Para apreender a contagem de graus, mister se faz separar o parentesco em linha reta do parentesco em linha colateral ou transversal.
Parentesco em linha reta: é o que se estabelece entre as pessoas que estão uma para com as outras na relação de ascendentes e descendentes (CC, art. 1.591). Assim, são parentes na linha reta ascendente o pai, o avô, o bisavô etc; são parentes na linha reta descendente o filho, o neto, o bisneto etc.
A contagem de graus de parentesco em linha reta se dá pelo número de gerações. Assim, uma pessoa é parente em primeiro grau de seu pai, em segundo de seu avô e em terceiro de seu bisavô.
Parentesco em linha colateral ou transversal: é o liame que liga as pessoas que provêm de um só tronco comum, sem descenderem umas das outras. O NCC limitou tal parentesco ao quarto grau (art. 1.592).
Para a contagem de graus em linha transversal também se recorre às gerações. Sobe-se do parente que se tem em vista até o ascendente comum, descendo-se, depois, ao outro parente; cada geração corresponde a um grau. Ex.: você é parente colateral em terceiro grau do seu tio e em segundo grau do seu irmão; primos são parentes colaterais em quarto grau.
2. Filiação
2.1 Definição
É a relação de parentesco, em primeiro grau e em linha reta, que liga uma pessoa àquelas que a geraram, ou a receberam como se tivessem gerado.
A CF/88 (art. 227, § 6º) estabeleceu absoluta igualdade entre todos os filhos, não admitindo mais a retrógrada distinção entre filiação legítima e ilegítima, segundo os pais fossem casados ou não, e adotiva. Hoje todos são apenas filhos, uns havidos fora do casamento, outros em sua constância, mas todos com iguais direitos e qualificações (CC, art. 1.596).
2.2 Presunção legal de paternidade
Baseado no que normal ou comumente acontece, presume o legislador que o filho da mulher casada foi fecundado por seu marido. Tal presunção visa preservar a segurança e a paz familiar.
Leia os arts. 1.597 a 1.602 do CC.
2.3 Prova da filiação
A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrado no Registro Civil (CC, art. 1.603).
Outros meios de prova: CC, art. 1.605.
3. Reconhecimento dos filhos
Os filhos de pais casados não precisam ser reconhecidos, pois a paternidade, pelo sistema do CC, decorre do casamento dos pais. Se estes são casados e, por desídia ou outra razão, não providenciam o registro do filho, assegura-se a este a ação de prova da filiação (CC, art. 1.606).
O filho havido fora do casamento, porém, não é beneficiado pela presunção legal de paternidade que favorece aqueles. Embora entre ele e seu pai exista o vínculo biológico, falta o vínculo jurídico de parentesco, que só surge com o reconhecimento. Se tal ato não se realiza voluntariamente, assegura-se ao filho o reconhecimento judicial por meio da ação de investigação de paternidade.
Reconhecimento voluntário: CC, arts. 1.609 e ss.
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PLANO DE AULA nº 11
ADOÇÃO
Bibliografia: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 483/509. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 328/356. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol. V, p. 385/413. RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 531/598. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, vol. VI, p. 253/283.
1. Definição 
Adoção é o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha.
O Código Civil de 2002 abordava o tema nos artigos 1.618 a 1.629. Com a edição da Lei nº 12.010/2009, denominada Lei Nacional de Adoção, foi alterada a redação dos artigos 1.618 e 1.619, revogando-se os artigos 1.620 a 1.629. Desse modo, o artigo 1.618 do Código Civil dispõe que a adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei nº 8.069/90). Por sua vez, o artigo 1.619 do CC, com a nova redação, passou a prescrever que a adoção de maiores de 18 anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais do ECA. Assim, embora o artigo 40 do ECA estabeleça que o adotando deve contar com no máximo 18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes, na realidade tanto a adoção de menores quanto a de maiores de 18 anos regula-se pelo disposto no ECA, especialmente diante do prescrito no artigo 1.619 do Código Civil.
2. Requisitos
a) idade mínima do adotante: podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil, valendo lembrar que não podem figurar como adotantes os ascendentes e os irmãos do adotando (ECA, art. 42, caput e § 1º);
b) diferença mínima de idade entre adotante e adotado: o adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando (ECA, art. 42, § 3º);
c) consentimento dos pais do adotando: a adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando, que será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar (ECA, art. 45, caput e § 1º);
d) consentimento do adotando: em se tratando de adotando maior de 12 anos de idade, será também necessário o seu consentimento (ECA, art. 45, § 2º);
e) real benefício para o adotando: a adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos (ECA, art. 43);
f) vínculo matrimonial ou convivencial e estabilidade familiar: em se tratando de adoção conjunta (por marido e mulher ou por companheiros), é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família (ECA, art. 42, § 2º);
g) estágio de convivência: a adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso, podendo ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo (ECA, art. 46, caput e §§ 1º ao 4º);
h) acordo sobre guarda e regime de visitas: os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contantoque acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. Nesses casos, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada (ECA, art. 42, §§ 4º e 5º);
i) prestação de contas: enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado (ECA, art. 44);
j) processo judicial: o vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão (ECA, art. 47, caput).
3. Efeitos
Em regra, a adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva. A exceção ocorre quando a adoção for deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença, caso em que a sentença terá força retroativa à data do óbito (ECA, art. 47, § 7º c/c art. 42, § 6º).
A adoção gera efeitos tanto de ordem pessoal (nome, parentesco e poder familiar) quanto patrimonial (alimentos e direito hereditário).
Dispõe o ECA que a adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais (art. 41).
A sentença judicial que constitui o vínculo da adoção deve ser inscrita no registro civil mediante mandado, fazendo-se consignar o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes, sendo que o mandado judicial será arquivado e cancelará o registro original do adotado. A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência, ressaltando-se que nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões (ECA, art. 47, §§ 1º a 4º).
Observa-se, assim, que o parentesco é uma das principais conseqüências da adoção, pois esta cria vínculo de filiação entre o adotado e o adotante, ao mesmo tempo em que extingue o vínculo que o adotado possuía com seus pais e parentes de sangue. A relação que o adotado tinha com sua antiga família deve ser levada em conta apenas para fins de impedimentos para o casamento (CC, art. 1.521).
Merece destacar que a extinção do vínculo do adotado com seus pais e parentes de sangue comporta exceção. Com efeito, se um dos cônjuges ou companheiros adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou companheiro do adotante e os respectivos parentes (ECA, art. 41, § 1º).
De qualquer maneira, se a adoção gera o vínculo de filiação, também tem como resultado a sujeição do adotado ao poder familiar, que é transferido dos pais biológicos para os adotantes. A adoção extingue o poder familiar dos pais de sangue (CC, art. 1.635, IV) e, consequentemente, transmite para os adotantes todos os direitos e deveres que lhes são inerentes (CC, art. 1.634). Nem mesmo a morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais naturais (ECA, art. 49).
Outro efeito pessoal relevante diz respeito ao nome, eis que a sentença confere ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, pode determinar ainda a modificação do prenome. Se a modificação de prenome for requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando (ECA, art. 47, §§ 5º e 6º).
Por fim, mister lembrar que a Constituição Federal estatui que os filhos havidos por adoção terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação (art. 227, § 6º). Em razão disso e da relação de parentesco gerada pela adoção, importa ressaltar, quanto aos efeitos patrimoniais, que são devidos alimentos reciprocamente entre adotante e adotado (CC, art. 1.694 e ss.) e que o filho adotivo possui os mesmos direitos sucessórios que os demais filhos naturais do adotante.
No que diz respeito ao direito hereditário, a igualdade de condições do adotado é confirmada pelo ECA, que dispõe ser recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária (art. 40, § 2º).
Além disso, os adotantes, enquanto no exercício do poder familiar, passam a ser usufrutuários e administradores dos bens do filho adotado (CC, art. 1.689, I e II).
4 Adoção internacional
Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no artigo 2º da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1/99, e promulgada pelo Decreto nº 3.087/99 (ECA, art. 51).
Estabelece o ECA que devem ser criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção, devendo existir cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados (art. 50, §§ 5º e 6º).
Também prevê o ECA que a adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil (art. 50, § 10º).
A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados; e III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto (ECA, art. 51, § 1º).
Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro (ECA, art. 51, § 2º).
PLANO DE AULA nº 12
PODER FAMILIAR
Bibliografia:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 514/531.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 357/379.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol. V, p. 415/439.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 599/615.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, vol. VI, p. 285/302.
1. Conceito
O poder familiar consiste num conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção dos filhos (CC, art. 1.630).
O poder familiar resulta de uma necessidade natural, ou seja, desde o nascimento, na infância e em certa fase da vida, o ser humano necessita de cuidados especiais, seja porque ainda não atingiu a maioridade, seja por não conseguir exprimir a sua vontade. Ele precisa de quem o eduque, o crie, ampare e defenda, guarde e cuide de seus interesses, sejam financeiros, sejam morais.
2. Simultaneidade do poder familiar
Na constância do casamento e da união estável, sendo os consortes ou conviventes plenamente capazes, o poder familiar será exercido em igualdade de condições, simultaneamentepor ambos os pais, que têm poder decisório na direção da família, atendendo ao interesse dos filhos (CC, arts. 1.511 e 1.567). Na falta ou impedimento de um deles, por ter sido suspenso ou destituído do munus público (CC, arts. 1.635, V, 1.637 e 1.638) ou por não poder, em razão de superveniência de incapacidade mental, manifestar sua vontade, o outro passará a exercer com exclusividade o poder familiar (CC, art. 1.631). No caso de falecimento de um dos cônjuges, o poder familiar competirá ao consorte sobrevivente, mesmo que venha a convolar novas núpcias (CC, art. 1.588).
3. Divergência entre os pais
Qualquer deles terá o direito de recorrer à autoridade judiciária para solucionar a divergência. O juiz decidirá preservando sempre o interesse da prole (CC, art. 1.631, p.u.).
4. Titularidade e exercício do poder familiar nos casos de separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável
Estando os pais separados judicialmente, divorciados, ou tendo rompido a união estável, as suas relações com os filhos, relativamente à titularidade do poder familiar, não se alterarão, mas aquele que ficar com a guarda dos filhos menores do casal dele terá o exercício. Perceba que o outro não deixa de ser titular conjunto do poder familiar, uma vez que se discordar de algo poderá recorrer ao magistrado para solucionar o problema, e, ainda, terá o direito de visitar a prole (CC, 1.632).
5. Poder familiar e reconhecimento do filho menor
Se o menor for reconhecido por ambos os genitores, ficará sob o poder familiar de ambos.
Se o pai não reconhecer filho menor, este ficará sob o poder familiar materno, e, se, porventura não for reconhecido por nenhum dos pais, ou, ainda, se a mãe for desconhecida ou incapaz de exercer o poder familiar, por estar sob interdição ou por ter sido dele suspensa ou destituída, nomear-se-á tutor ao menor (CC, art. 1.633).
6. Do exercício do poder familiar (direitos e deveres dos pais)
De acordo com o artigo 1.634 do CC, compete a ambos os pais, quanto aos filhos, qualquer que seja a sua situação conjugal:
I - dirigir-lhes a criação e a educação (formação moral e suprimento material);
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município;
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
7. Casos de extinção do poder familiar (CC, art. 1.635)
I - pela morte de ambos os pais ou do filho;
II - emancipação (CC, art. 5º, p.u.), uma vez que se equiparará a maior;
III - pela maioridade, que então terá a plenitude dos direitos civis;
IV - pela adoção, pois o poder familiar dos pais naturais transferir-se-á para o adotante;
V - por decisão judicial que decreta perda do poder familiar, nas hipóteses do art. 1.638 do CC.
8. Pleno exercício do poder familiar por bínubo
Aquele que, tendo filho menor de relacionamento anterior, vier a convolar novas núpcias (ou estabelecer união estável), não perderá relativamente a esse filho os direitos inerentes ao poder familiar. O bínubo terá a exclusividade do poder familiar, exercendo-o sozinho, sem interferência de seu novo cônjuge ou companheiro (CC, art. 1.636).
9. Suspensão do poder familiar
É uma sanção que visa preservar os interesses do filho menor. São motivos determinantes da suspensão: a) abuso do poder por pai ou mãe; b) falta aos deveres maternos ou paternos; c) dilapidação dos bens do filho; d) condenação paterna ou materna por sentença irrecorrível por crime cuja pena exceda a dois anos de prisão (CC, art. 1.637).
Nada obsta que haja o retorno materno ou paterno ao exercício do poder familiar, uma vez desaparecida a causa que originou a suspensão.
A suspensão será decretada pelo juiz, mediante requerimento de algum parente do menor ou do MP. A suspensão será automática na hipótese da condenação por crime (CC, art.1.637, p.u.).
10. Perda do poder familiar (CC, art. 1.638)
É uma sanção, em regra, permanente. Por ser medida imperativa abrange toda a prole e não somente um ou alguns dos filhos.
Hipóteses - Sempre que o pai ou a mãe:
- castigar imoderadamente o filho;
- deixar o filho em abandono;
- praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
- incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637 do CC.
11. A “Lei da Palmada”
Trata-se da Lei nº 13.010, de 26/06/2014, que, dentre outras disposições, inseriu o art. 18-A no ECA, estabelecendo que a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Considera-se: I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize (art. 18-A, p.u.).
A mesma norma inseriu o art. 18-B no ECA, dispondo que os responsáveis estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V - advertência.
Tais medidas serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, que será obrigatoriamente comunicado dos casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente, sem prejuízo de outras providências legais.
PLANO DE AULA nº 13
ALIMENTOS
Bibliografia: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, 5º vol., p. 535/571. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. VI, p. 440/508. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, vol. V, p. 493/529. RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 713/854. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, vol. VI, p. 337/364.
1. Conceito
Alimentos são prestações que visam atender às necessidades vitais, atuais ou futuras, de quem não pode provê-las por si. O dever de prestar alimentos funda-se na solidariedade humana e econômica que deve existir entre os membros da família ou os parentes.
2. Finalidade e proporcionalidade
Garantir ao alimentando os meios de subsistência compatíveis com sua condição social, levando-se em conta, no momento de fixá-los, tanto as necessidades do reclamante, quanto os recursos da pessoa obrigada (CC, art. 1.694 e seu § 1º). Imprescindível será que haja proporcionalidade na fixação dos alimentos entre as necessidades do alimentando e os recursos econômico-financeiros do alimentante, sendo que a equação desses dois fatores deverá ser feita, em cada caso concreto, levando-se em conta que a pensão alimentíciaserá concedida sempre ad necessitatem.
Esse dispositivo abrange também recursos para atender às necessidades de sua educação, principalmente se o credor de alimentos for menor (CC, 1.701, in fine), ou maior cursando ensino superior, exceto se possuir rendimento próprio suficiente.
O artigo 1.695 do CC reafirma explicitamente o princípio da proporcionalidade, ao determinar que são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
3. Reciprocidade
A obrigação de prestar alimentos é recíproca entre ascendentes, descendentes e colaterais até segundo grau, e ex-cônjuge ou ex-companheiro. Tais pessoas são, potencialmente, sujeitos ativo e passivo, pois quem pode ser credor também pode ser devedor. Tem-se, ainda, de acordo com o art. 229 da CF, que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Também o CC o faz expressamente, ao determinar, em seu art. 1.696 que o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. 
Vide ainda, art. 244 do CP (crime de abandono material).
4. Apuração de culpabilidade na fixação dos alimentos
Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia (CC, art.1.694 § 2º). Exemplos: vadiagem, dívida de jogo, gastos excessivos com viagens etc.
5. A obrigação alimentar quando ocorrer a falta de ascendentes
Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais (CC, art. 1.697). De acordo com o Estatuto do Idoso, excepcionalmente, a obrigação alimentar é solidária; logo, o alimentando poderá optar entre os prestadores (co-devedores solidários passivos) a quem demandar ou acionar a todos, e a dívida poderá ser exigida, por inteiro, de um ou de todos os coobrigados.
Observe que, de acordo com o art. 1.697 in fine, o dever de pagar pensão alimentícia não pode ultrapassar a linha colateral em segundo grau; logo, tio não deve alimentos a sobrinhos, nem primos devem-se reciprocamente; conseqüentemente, excluídos também os afins.
6. Impossibilidade econômica do devedor de alimentos e alimentos complementares
De acordo com o art. 1.698, se o parente mais próximo não puder suportar totalmente o encargo alimentício, possível será pleitear alimentos complementares de parentes de grau imediato. Não há solidariedade, pois, se, p. ex., o pai só puder arcar com 70% do quantum da pensão, o avô do alimentando contribuirá com 30%. A participação deste se dá em caráter complementar. O reclamante poderá investir contra o avô apenas se seu pai não tiver condições de suportar o encargo integralmente.
Este artigo trata ainda da ocorrência de pluralidade de obrigados, isto é, havendo vários obrigados do mesmo grau (pais, avós ou irmãos), nada obsta que se cumpra o dever alimentar por concurso entre parentes, contribuindo cada um com a quota proporcional aos seus recursos; mas se a ação de alimentos for intentada contra um deles, os demais poderão ser chamados pelo demandado, na contestação, a integrar a lide (CPC/2015, art. 130, III). Se de grau diverso (pai e avô, avô e irmão do alimentando), tal não se dará, pois só respondem conforme a ordem do art. 1.697 ou em caráter complementar (art. 1.698, 1ª parte).
7. Mutabilidade do quantum da pensão alimentícia
Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo (CC, art. 1.699).
Como a sentença condenatória de alimentos, no que atina ao quantum, não faz coisa julgada, todas as alterações necessárias, inclusive atualização monetária, são requeridas mediante ação ordinária de revisão ou de modificação aforada perante o mesmo juízo que anteriormente arbitrou a pensão alimentícia.
8. Transmissibilidade do dever de prestar alimentos
A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694 (CC, art. 1.700).
O credor de alimentos poderá exigi-los dos herdeiros do devedor, se este vier a falecer, porque a estes é transmitida a obrigação alimentar por ser dívida do espólio. Assim sendo, responderão tão-somente até as forças da herança (CC, art. 1.792) pelas prestações vencidas e não pagas (e as vincendas?).
9. Modos de satisfação de obrigação alimentar
O alimentante está autorizado, legalmente, a satisfazer seu dever de prestar alimentos de duas maneiras: fornecendo uma pensão pecuniária ao alimentado, efetuando depósitos periódicos em conta bancária ou judicial, ou dando-lhe, em sua própria casa, hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à educação, se o alimentando for menor (CC, art. 1.701). De acordo com o p.u. deste artigo, poderá o magistrado fixar a forma de cumprimento da prestação devida, se as circunstâncias o exigirem, p. ex., que um prédio fique inalienável para que, sendo alugado, os rendimentos fiquem com o alimentado.
10. Alimentos na separação judicial litigiosa
Se, na separação litigiosa, um dos cônjuges for declarado inocente, não tendo meios para prover sua subsistência, o outro deverá pagar-lhe a pensão alimentícia fixada pelo órgão judicante, na proporção dos seus recursos e das necessidades do ex-cônjuge credor, para viver de maneira compatível com a condição social que desfrutava durante o casamento (CC, art. 1.702).
Pelo art. 1.704 e p.u. do CC, se um dos cônjuges separados judicialmente, não declarado culpado, vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão fixada pelo juiz. Mas, caso tenha sido declarado culpado (violação de deveres matrimoniais), o juiz fixará o valor, levando em conta apenas o indispensável à sua sobrevivência, e ainda, obrigando o outro cônjuge, somente se o culpado não tiver parentes em condições de prestar os alimentos, nem aptidão para o trabalho.
11. Responsabilidade pela manutenção da prole em caso de separação judicial dos genitores
Os pais, separados judicialmente, deverão contribuir para a criação e educação dos filhos, na proporção dos seus recursos (CC, art. 1.703). Pouco importará a culpabilidade pela separação ou a circunstância de ser genitor-guardião ou genitor-visitante.
12. Direito de filho não reconhecido de pleitear alimentos
O filho havido fora do casamento, reconhecido ou não, poderá acionar o genitor, podendo o juiz (a pedido de qualquer das partes), determinar que a ação se processe em segredo de justiça (CC, art. 1.705). Se ainda não foi reconhecido, os alimentos poderão ser pleiteados em rito ordinário, cumulativamente com o pedido de reconhecimento de filiação. Se já foi reconhecido, a ação de alimentos seguirá o rito especial da Lei n. 5.478/68, por haver prova pré-constituída da relação de parentesco e do dever alimentar.
13. Alimentos provisionais
Dispõe o art. 1.706 do CC que os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual. Ocorre que o CPC/2015 não previu procedimento para os alimentos provisionais, fazendo menção apenas aos provisórios e definitivos (art. 531). Os alimentos provisionais (ou alimenta in litem ou ad litem) eram os concedidos em ação cautelar preparatória ou incidental (CPC/1973, art. 852), concomitantemente ou antes da ação de separação judicial, ou de anulação ou nulidade de casamento, ou de alimentos, para sustentar o suplicante, desde que não tivesse recursos para se manter, ou sua prole, na pendência da lide, e desde que comprovados o periculum in mora e o fumus boni juris, tendo, portanto, natureza antecipatória e cautelar.
14. Alimentos como direito irrenunciável
O direito aos alimentos é

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