Buscar

Sistema somatossensorial TUT 02 MOD 08

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Objetivos 
1) Diferenciar o tato protopático do tato epicrítico. 
2) Definir o sistema somatossensorial, descrevendo os receptores sensoriais somáticos. 
3) Descrever as vias sensoriais para transmissão dos sinais somáticos até o SNC, diferenciando o sistema da coluna 
dorsal-lemnisco medial e o sistema anterolateral. 
4) Correlacionar as sensações de tato, pressão e vibração. 
5) Relacionar a perda de sensibilidade e de movimento com o nível da lesão medular, enumerando as 
consequências biopsicossociais. 
6) Diferenciar os termos consciente e inconsciente. 
7) Identificar os métodos de avaliação dos níveis de consciência (Glasgow, Jouvet). 
_____________________________________________________________________________________ 
1) Diferenciar o tato protopático do tato epicrítico. REFERÊNCIA: Cem bilhões de neurônios. 
A somestesia não é uma modalidade sensorial uniforme, mas sim constituída por várias submodalidades, dentre as 
quais as mais importantes são as seguintes: o tato, que corresponde à percepção das características dos objetos que 
tocam a pele; a propriocepção, que consiste na capacidade de distinguir a posição estática e dinâmica do corpo e suas 
partes; a termossensibilidade, que nos permite perceber a temperatura dos objetos e do ar que nos envolve; e a dor, 
que é a capacidade de identificar estímulos muito fortes, potenciais ou reais causadores de lesões nos nossos tecidos. 
→ TATO 
Receptores e neurônios primários no corpo e na cabeça: A figura mostra a grande diversidade dos receptores táteis 
existentes na pele e no interior do 
organismo: essa característica contribui 
bastante para a ampla capacidade de 
percepção tátil de que somos capazes. 
Como todos esses receptores são 
especializações das extremidades das 
fibras nervosas sensoriais, estas se 
agrupam em nervos que se dirigem ao 
SNC. Quando situados abaixo da 
cabeça, penetram no SNC através das 
raízes dorsais da medula. Os receptores 
localizados na cabeça, por sua vez, 
ligam-se a fibras que compõem alguns 
dos nervos cranianos, sobretudo o nervo 
trigêmeo A (nervo craniano V), que 
penetra no SNC diretamente no tronco encefálico. 
Medula: A organização segmentar da medula (Figura 7.3A), derivada de sua origem embriológica peculiar, também 
segmentada, faz com que cada par de raízes dorsais – uma de cada lado - contenha as fibras originadas de uma área 
restrita da superfície corporal. 
Acompanhando a coluna vertebral, a medula 
possui 30 segmentos divididos em quatro grupos: 
cervical (com oito segmentos, abreviados Cl a C8), 
torácico (TI a T12), lombar (LI a L5) e sacro (Sl a 
S5). Todos esses segmentos se organizam de modo 
semelhante (Figura 7.3C): no centro da medula, 
formando uma estrutura parecida com a letra H, 
encontram-se os corpos dos neurônios que 
recebem as informações somestésicas, além de 
muitos outros que desempenham outras funções. O 
H medular representa, portanto, a substância 
cinzenta. Em volta dele está a substância branca, 
onde se concentram milhões de fibras nervosas - 
algumas ascendentes, que nos interessam mais de 
perto neste capítulo, outras descendentes, que 
serão estudadas no Capítulo 12. 
 
As fibras táteis que se comunicam com os núcleos da coluna dorsal e com o núcleo principal do trigêmeo constituem o 
sistema exteroceptivo, enquanto as que trafegam pela coluna anterolateral e as que terminam no núcleo espinhal do 
trigêmeo fazem parte do sistema interoceptivo, junto com as fibras da sensibilidade térmica e dolorosa, e aquelas que 
conduzem outras formas de sensibilidade corporal. Quer dizer, existem dois tatos, um "tato fino" e um "tato grosseiro". 
É fácil compreender o primeiro, mas não tanto o segundo. O tato fino (epicrítico, na nomenclatura clássica) é o que 
conhecemos intuitivamente de nossa experiência pessoal. Capacita-nos a reconhecer estímulos muito suaves e pequenos 
com grande precisão. O tato grosseiro (protopático) não é preciso, e pode ser um remanescente evolutivo das primeiras 
tentativas da natureza em estabelecer um sistema somestésico entre os mamíferos. Sua existência é comprovada pelos 
neurologistas, quando se defrontam com indivíduos portadores de lesões completas da coluna dorsal, e que ainda assim 
apresentam uma capacidade rudimentar de discriminação tátil. 
As grandes vias ascendentes do tato: Podemos localizar todos os neurónios táteis de segunda ordem (Figura 7.2): os 
exteroceptivos e parte dos proprioceptivos situam-se nos núcleos da coluna dorsal e no núcleo principal do trigémeo, 
ambos no tronco encefálico; os interoceptivos situam-se no como dorsal da medula e no núcleo espinhal do trigémeo. 
E muitos proprioceptivos - aqueles que participam diretamente do controle motor - ficam no cerebelo. Quase todos os 
neurónios táteis de segunda ordem projetam seus axónios para o tálamo contralatera1, onde estão as células de terceira 
ordem. Estas, por sua vez, projetam para as regiões somestésicas do córtex cerebral. 
 
O tato fino e o tato grosseiro permanecem separados até o tálamo, constituindo vias ascendentes distintas, e isso é 
verdade tanto para a sensibilidade do corpo como para a da cabeça. No caso do tato fino, as fibras que emergem dos 
núcleos da coluna dorsal cruzam para o lado oposto reunindo-se com as que derivam do núcleo principal do trigémeo. 
Os dois conjuntos permanecem lado a lado, 
formando um feixe achatado localizado perto do 
plano mediano do tronco encefálico, chamado 
lemnisco medial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O plano geral dos três subsistemas somestésicos é 
ligeiramente diferente um do outro, mudando em 
geral a posição do neurônio de segunda ordem em 
vermelho), e, portanto, o nível do cruzamento 
através da linha média. O neurônio primário é 
sempre ganglionar, mas as vias ascendentes 
diferem quanto ao seu trajeto na medula e acima 
dela. A propriocepção inconsciente é veiculada 
pelos feixes espinocerebelares, cujo trajeto é 
ipsolateral. 
Organização do sistema exteroceptivo. O SNC à direita 
mostra os planos de corte (números circulados) 
ilustrados à esquerda. Acompanhe o percurso da 
informação que se origina na pele do pé, da mão e do 
nariz, respectivamente, ascendendo através das vias 
espinhais (planos 1 a 3) e trigeminais até o bulbo 
(plano 4). No bulbo estão os neurónios de segunda 
ordem, cujos axónios cruzam e projetam ao tálamo 
(plano 5). No tálamo estão os neurónios de terceira 
ordem, que projetam ao córtex cerebral. 
O sistema epicrítico é responsável pela percepção do 
tato fino, da propriocepção consciente, propiciando 
uma somatotopia precisa, com campos receptores 
pequenos e unimodais, formados principalmente por 
mecanorreceptores ligados a fibras periféricas Ia, Ib e 
Aβ, ligando-se a neurônios de segunda ordem nos 
núcleos da coluna dorsal e núcleo principal do 
trigêmeo, utilizando feixes da coluna dorsal. 
 
O sistema protoprático é responsável pelo tato 
grosseiro, a termossensibilidade e a dor, com campos 
receptores grandes e polimodais, formados 
principalmente por mecanorreceptores, 
termorreceptores e quimiorreceptores, ligados a fibras 
Aδ e C, ligando-se a neurônios de segunda ordem nos 
cornos dorsais e núcleo espinal do trigêmeo, utilizando 
feixes da coluna ântero-lateral. 
 
As extremidades receptoras dos sistemas epicrítico e 
protoprático, onde os receptores sensoriais se 
localizam, são responsáveis pela transdução dos 
diferentes tipos estímulos em potenciais de ação. Estas 
extremidades formam especializações morfofuncionais, existindo pelo menos nove tipos de receptores da sensibilidade 
corporal: terminações livres, corpúsculos de Meissner, corpúsculos de Pacini, corpúsculos de Ruffini, Discos de 
Merkel, Bulbos de Krause, folículos pilosos, órgãos tendinosos de Golgi e fusos musculares. 
______________________________________________________________________________________________ 
 
2) Definir o sistema somatossensorial,descrevendo os receptores sensoriais somáticos. REFERÊNCIA: Tratado de Fisiologia GUYTON. 
As sensações somáticas correspondem aos mecanismos neurais responsáveis pela aquisição de informações sensoriais 
do que se passa em todo o corpo. Essas formas de sensação, por serem gerais, contrastam com os chamados sentidos 
especiais, que são especificamente a visão, a audição, a olfação, o paladar e o equilíbrio. 
Classificação dos sentidos somáticos: As sensações somáticas podem ser classificadas em três tipos fisiológicos: 
(1) as sensações somáticas mecanorreceptivas que incluem as sensações de tato e de posição do corpo, cujo estímulo 
é o deslocamento mecânico de algum tecido do corpo; 
(2) as sensações termorreceptivas que detectam frio e calor; 
(3) a sensação da dor que é ativada por fatores que lesionam os tecidos. 
As modalidades sensoriais táteis incluem as sensações de tato, pressão, vibração e cócegas, e as modalidades sensoriais 
relacionadas com posição corporal incluem as sensações de posição estática e de velocidade dos movimentos. 
Outras Classificações das Sensações Somáticas: As sensações somáticas são também frequentemente agrupadas em 
outras classes, como se segue: 
Sensações exterorreceptivas são as provenientes da superfície do corpo. 
Sensações proprioceptivas são as relacionadas ao estado físico do corpo, incluindo as sensações de posição, as 
sensações provenientes dos tendões e dos músculos, as sensações de pressão na sola do pé e até mesmo a sensação de 
equilíbrio (que é frequentemente considerada como sentido “especial”, e não modalidade sensorial somática). 
As sensações viscerais são as provenientes das vísceras; esse termo se refere usualmente às sensações provenientes 
dos órgãos internos. 
As sensações profundas são as provenientes dos tecidos profundos, tais como fáscias, músculos e ossos. Essas 
sensações incluem, principalmente, a pressão “profunda”, a dor e a vibração. 
Receptores táteis: Há pelo menos seis tipos completamente diferentes de receptores táteis, mas existem outros muito 
mais similares a eles. 
Suas características especiais são as seguintes: 
Primeira, algumas terminações nervosas livres, encontradas em toda a pele e em 
muitos outros tecidos, podem detectar tato e pressão. Por exemplo, mesmo 
contato leve com a córnea do olho que não contém outro tipo de terminação 
nervosa além das terminações nervosas livres pode mesmo assim desencadear 
sensações de tato e de pressão. 
Segunda, um receptor tátil com grande sensibilidade é o corpúsculo de Meissner, 
terminação de fibra nervosa sensorial mielinizada grossa (tipo Ab), alongada e 
encapsulada. Dentro da cápsula encontram-se muitos filamentos neurais 
ramificados. Esses corpúsculos estão na pele glabra e são particularmente 
abundantes nas pontas dos dedos, nos lábios e em outras áreas da pele onde a 
capacidade de discriminar localizações espaciais das sensações táteis está muito 
desenvolvida. Os corpúsculos de Meissner se adaptam em fração de segundo depois de serem estimulados, o que 
significa que são particularmente sensíveis ao movimento de objetos na superfície da pele, como também à vibração 
de baixa frequência. 
Terceira, as pontas dos dedos e outras áreas que contêm um grande número de corpúsculos de Meissner também contêm 
grande número de receptores táteis com terminação 
expandida, e um desses tipos são os discos de Merkel. A 
pele com pelos também contém número moderado de 
receptores com terminações expandidas, diferentes dos 
corpúsculos de Meissner. Esses receptores diferem dos 
corpúsculos de Meissner por transmitirem sinal 
inicialmente forte, mas que se adapta parcialmente e, em 
seguida, sinal mais fraco e contínuo que se adapta 
lentamente. Assim, eles são responsáveis por detectar os 
sinais mantidos, o que possibilita que seja percebido o 
toque contínuo dos objetos sobre a pele. Os discos de Merkel são frequentemente agrupados no órgão receptor chamado 
receptor em cúpula de Iggo, que se projeta contra a parte inferior do epitélio da pele, como mostrado também na Figura 
48-1. Essa projeção ascendente provoca protrusão externa nesse ponto do epitélio, criando, assim, uma cúpula e se 
constituindo em receptor extremamente sensível. Observe também que todo o conjunto dos discos de Merkel é inervado 
por uma só fibra nervosa mielinizada e grossa (tipo Ab). Esses receptores, juntamente com os corpúsculos de Meissner 
discutidos anteriormente, desempenham papéis extremamente importantes na localização das sensações táteis, em áreas 
específicas da superfície do corpo e na determinação da textura do estímulo. 
Quarta, o leve movimento de qualquer pelo do corpo estimula uma fibra nervosa conectada à base do pelo. Assim, 
cada pelo e sua fibra nervosa basal, chamada órgão terminal do pelo, são também receptores táteis. O receptor se adapta 
rapidamente e, assim como os corpúsculos de Meissner, detecta principalmente (a) o movimento de objetos na 
superfície do corpo; ou (b) o contato inicial do objeto com o corpo. 
Quinta, localizados nas camadas mais profundas da pele e também nos tecidos internos mais profundos estão muitas 
terminações de Ruffini que são terminações encapsuladas multirramificadas. 
 Essas terminações se adaptam muito lentamente e, portanto, são importantes para a sinalização dos 
estados contínuos de deformação dos tecidos, como os sinais de tato e de pressão intensos e 
prolongados. Elas também são encontradas nas cápsulas articulares e ajudam a sinalizar o grau de 
rotação articular. 
 
Sexta, os corpúsculos de Pacini, situam-se imediatamente abaixo da pele e, profundamente, nos tecidos das fáscias. 
Eles são estimulados apenas pela compressão local rápida dos tecidos, porque se adaptam em poucos centésimos de 
segundo. Dessa forma, eles são particularmente importantes para a detecção da vibração tecidual ou de outras alterações 
rápidas do estado mecânico dos tecidos. 
REFERÊNCIA: Apostila de fisiologia II – Prof. Silvia Nishida – UNESP. 
O sistema sensorial somático geral (ou sistema somatossensorial) é o responsável pelas experiências sensoriais 
detectadas nos órgãos sensoriais que não pertencem ao sentido especial. Enquanto, os receptores sensoriais dos sentidos 
especiais (visão, audição, gustação, olfação e equilíbrio) estão restritos à cabeça, os do sentido somático geral estão 
espalhados pelo corpo todo. O sentido somático geral do corpo (=somestesia) evoca as seguintes as modalidades 
perceptuais: 
Tato: Embora o tato, a pressão e a vibração sejam tratadas como sendo sensações diferentes, é evocado por 
mecanorreceptores da pele; 
Propriocepção: evocados pela estimulação de receptores mecânicos presentes dos músculos, tendões e articulações; 
Dor: sensação desconfortável evocada por receptores que detectam estímulos mecânicos e químicos muito intensos 
(ameaçam uma lesão) ou decorrentes de lesões teciduais em curso. 
Sensação térmica: eliciado por receptores térmico para o calor e frio. 
Os estímulos mecânicos que incidem 
sobre a pele são detectados por 
receptores cutâneos de dois tipos: 
1) terminações livres e 
2) receptores encapsulados 
(associados a tecidos conjuntivos). 
Ambos são componentes periféricos 
do próprio neurônio aferente primário 
da via sensorial. 
Mecanorreceptores da pele: A pele, protege o nosso corpo do ambiente externo funcionando como uma “capa” à prova 
de água. A queratina é uma das principais proteínas impermeabilizantes da pele, contida na camada de células mortas 
mais superficiais e evita a perda de líquido do nosso organismo. Além disso, a pele funciona como se fosse um 
refrigerador dissipando o calor excessivo através das glândulas sudoríparas, por meio da sudorese. As glândulas 
sebáceas produzem uma secreção oleosa lubrificante o que diminui a taxa de evaporação e, ainda, evita o crescimento 
de bactérias e fungos. A pele possui um tipo especial de células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos)que constituem 
a primeira fronteira de defesa contra invasores. Os melanócitos produzem pigmentos que absorvem os raios UVs. 
Finalmente, outra grande função da pele é a de funcionar como órgão sensorial detectando os estímulos oriundos do 
meio ambiente externo (pressão, calor/frio e estímulos que ameaçam ou causam lesões) e as interações físicas 
intermedeiam relações afetivas entre as pessoas. 
Há pele com pelos e sem (glaba, como na palma da mão, planta do pé e lábios). Na pele há quatro principais tipos de 
receptores encapsulados que estão adaptados para receber informações mecânicas (Corpúsculo de Meissner, 
Corpúsculos de Pacini, Discos de Merkel e Corpúsculos de Ruffini) e são coletivamente referidos de receptores de 
baixo limiar (muito sensíveis) aos estímulos mecânicos que incidem sobre a pele. Uma vez que a informação foi 
decodificada nos receptores periféricos, a transmissão da informação para o sistema nervoso central se dá rapidamente 
através de fibras mielinizadas. 
Costumamos chamar de “tato” a sensação evocada pela estimulação de receptores mais superficiais (epiderme); de 
“pressão” a estimulação dos mais profundos (derme) e de “vibração” quando são recrutados os receptores que detectam 
estímulos repetitivos e rápidos. Assim, para um mesmo estimulo mecânico cutâneo, os grupos de receptores respondem 
de maneira peculiar. A qualidade da informação mecânica (precisão) vai depender do tamanho do campo receptivo do 
receptor e da densidade. Isso significa que não possuímos a mesma sensação em toda superfície corporal. 
Tipos de receptores cutâneos: 
1) Terminações livres: não há especialização na região de transdução. Presentes em todas as partes do corpo, não só na 
pele. Detecta estímulos mecânicos grosseiros (tato protopático, dor e temperatura); 
2) Corpúsculo de Meissner: terminações encapsuladas. Presentes apenas na pele glabra, principalmente, nas pontas dos 
dedos, lábios e regiões de muita sensibilidade. Adaptam-se rapidamente e são especializados na detecção de 
movimentos de objetos sobre a pele. 
3) Discos de Merkel: acompanha a distribuição dos corpúsculos de Meissner. Os discos estão agrupados em uma cúpula 
(receptor em cúpula de Iggo) que se projeta para epiderme. São muito sensíveis e eficazes na localização de estímulos 
sobre a pele e na determinação de textura. 
4) Órgão terminal do pelo: que inerva a base do folículo piloso. Entra em atividade quando o pelo é inclinado e assim, 
detecta o contato inicial com o objeto, bem como o seu movimento sobre a pele. 
5) Órgãos terminais de Ruffini: situados na parte mais profunda da pele, também estão presentes nas regiões mais 
profundas do corpo (cápsulas articulares). Detectam forças de pressão sustentadas sobre a pele. 
6) Corpúsculos de Pacini: estão imediatamente abaixo da pele (e também nas fáscias). São receptores de adaptação 
rápida às deformações teciduais, portanto, ótimos detectores de vibração mecânica. Os corpúsculos de Pacini detectam 
vibração na faixa de 30 a 800 Hz, enquanto os de Meissner (adaptam mais lentamente), na faixa de 2 a 8 Hz. 
7) Receptores de cócegas e 
prurido: terminações livres 
específicas detectam cócegas e 
coceira, cuja sensação pode ser 
evocada apenas da superfície 
cutânea. As fibras aferentes são 
do tipo C. 
 
 
 
Transdução sensorial: Os 
estímulos mecânicos abrem canais iônicos mecano-dependentes, gerando PR graduados e excitatórios de baixa 
voltagem na região do terminal sensitivo. Se a despolarização atingir o limiar na zona de gatilho onde há canais de Na 
e K voltagem dependentes serão desencadeados os PA com frequências diretamente proporcionais ao estimulo. Os 
impulsos nervosos são conduzidos ao longo das fibras aferentes dos neurônios aferentes de primeira ordem até o SNC, 
seja através dos nervos espinhais ou cranianos, conforme a origem no corpo. 
Constantemente examinamos, ativamente, os objetos com as mãos para verificar suas características como textura, 
forma e peso. A pele proporciona ainda sensações agradáveis que uma leve brisa nos provoca ou de um cafuné 
carinhoso. As sensações mecânicas oriundas da pele dependem de como os diferentes receptores estão espalhados pelo 
corpo e como respondem aos estímulos. 
Como pesquisar sobre a sensibilidade dos 
mecanorreceptores da pele? Com um estimulador 
mecânico sendo aplicado na pele é possível medir as 
frequências dos PA desencadeados nas fibras aferentes 
correspondentes ao campo de inervação. Na palma da mão 
observa-se que os campos receptivos dos corpúsculos de 
Pacini são amplos e os de Meissner, bem pequenos. 
Aplicando-se estímulos que aumentam progressivamente 
de intensidade, depois se tornam constantes e, em seguida, 
são removidos, observa-se que os receptores de Pacini e de 
Meissner respondem apenas quando o estimulo está sendo 
aplicado e removido e durante a sustentação do 
estimulo, param de responder. Isto significa que a principal 
propriedade destes receptores é a de detectar a 
presença/ausência de estímulos ignorando os que se tornam 
constantes (receptores de adaptação rápida). Essa propriedade os qualifica como detectores precisos da frequência 
com que um estimulo mecânico é aplicado na pele. 
 
Já os de Merkel respondem melhor 
à taxa de variação com que o 
estimulo está sendo aplicado. 
Quando a intensidade do estimulo 
para de variar, a frequência dos PA 
diminui, ou seja, adaptam-se aos 
estímulos constantes, porém mais 
lentamente. Os de Ruffini, 
respondem tanto à aplicação como à manutenção do estimulo, quase sem nenhuma alteração na frequência dos PA. 
Estes receptores de adaptação mais lenta têm como propriedade, a detecção da duração e intensidade dos estímulos 
mecânicos sobre a pele. 
A faixa de frequência que melhor estimula os corpúsculos de Pacini está entre 200 a 300Hz; os de Meissner, em trono 
de 50Hz. Quando a frequência cai menos de 50 Hz, as terminações de Ruffini e Meissner evocam sensações de adejo. 
 
A pelagem de outros mamíferos forma uma camada de ar que serve como isolante térmico e lhes garante a identificação 
dos estímulos mecânicos que nela incide como a força e o sentido do vento. Nos seres humanos, os terminais nervosos 
dos folículos pilosos, apenas nos ajudam detectar delicados estímulos mecânicos que defletem a sua inclinação. 
Usamos a sensibilidade cutânea para examinar formas e texturas dos objetos, movendo a pele sobre eles. Se um objeto 
for colocado na palma da sua mão sem que possa manipulá-lo, terá dificuldade em dizer o que é, mas facilmente 
descobrirá as características tridimensionais, rigidez, textura, etc. Além disso o sentido cinestésico (sentido de 
movimento ou proprioceptivo) também participa da investigação sensorial, ao apertar o objeto com os dedos ou ao 
examinar o seu peso. Em outras palavras, o sistema motor também gera estímulos próprios ajudando a examinar o 
objeto. 
Discriminação de dois pontos: Com o uso de um compasso, é possível mapear a região da pele com maior e menor 
capacidade para discriminação entre dois pontos. Ao lado, a figura foi obtida 
a partir dos resultados da discriminação de dois pontos com diferentes 
distâncias. Nas costas, a resolução espacial é bastante pequena (42mm) ao 
contrário do dedo indicador e polegar (2,5mm). Quanto maior a capacidade 
de resolução espacial maior é a densidade de receptores com campos 
receptores pequenos. No cérebro, há uma representação somatotópica 
correspondente: uma maior a área cortical dedicada para o processamento da 
informação dessa região do corpo. 
A sensibilidade que nos permite qualificar precisamente as impressões 
mecânicas em relação ao local de estimulação é mediada pelo tato fino (ou 
epicrítico). Já a sensibilidade que cujos estímulos resultam numa sensação 
de tato grosseiro (ou protopático). 
Receptores térmicos: Coloque uma mão num recipiente de água gelada e depois de certo tempo, ocorrerá adaptação. 
Em seguida, coloque as duasmãos em um recipiente de água cuja temperatura seja ambiente (25ºC). Curiosamente, 
você sentirá calor na mão que estava na água gelada e frio na que foi molhada pela primeira vez! Por quê? 
Esse fenômeno se deve às propriedades dos receptores térmicos: 
a) há dois tipos de receptores: receptores de calor e receptores de frio, ambos são terminações livres 
b) detectam variações de centésimos de graus Celsius 
c) há mais receptores de frio do que de calor 
Podemos reconhecer graduações térmicas que vão do frio congelante (excessivo), gelado, frio, indiferente, morno, 
quente e muito quente (excessivo). Os receptores térmicos estão esparsamente espalhados pelo corpo. Quando amplas 
áreas são estimuladas, o sistema sensorial pode detectar variações de até 0,01ºC, mas uma região pequena de 1 cm2 
sofrer uma variação de 100 vezes maior é como se não tivesse acontecido nada. 
Os receptores de frio começam a apresentar 
aumento crescente de atividade próximo a 7ºC 
atingindo o máximo, a 25ºC (linha azul contínua). 
Se a temperatura continuar a aumentar, a atividade 
nervosa diminuirá até não mudar mais (em torno 
de 45ºC), mesmo que a temperatura continue a 
aumentar. Já os receptores de calor (linha 
vermelha pontilhada) começam a responder por 
volta dos 30ºC e atingem o máximo de atividade 
quando a 45ºC. Se a temperatura continuar a 
aumentar, a atividade diminuirá rapidamente e os 
receptores de dor para calor excessivo (linha vermelha contínua) anunciam o perigo iminente de uma possível 
queimadura. Nesse momento você afastará a mão do objeto agressor. Se a temperatura do objeto esfriar menos de 15ºC, 
os receptores de dor para o frio excessivo (linha azul pontilhada) é que entram em ação, agora anunciando o perigo de 
congelamento. 
A nossa capacidade de discriminação das graduações de sensações térmicas é devido a estimulação relativa e resultante 
dos dois tipos de receptores. 
Transdução sensorial: A figura abaixo compara os receptores de dor e de calor em função do aumento de energia 
térmica. O eletrodo está registrando a 
atividade nervosa do nervo mediano que 
contém ambas as fibras nervosas. Repare que 
à medida que há aumento de intensidade da 
energia térmica (ondas quadradas em 
vermelho) os receptores de calor aumentam a 
frequência dos PA, até chegar aos 45ºC. A 
partir daí, os receptores térmicos não decodificam mais os aumentos de intensidade, ao contrário dos receptores de dor, 
que ao contrário começam a disparar significativamente, anunciando, uma queimadura iminente (ou em curso). 
Receptores para a dor e a sensibilidade dolorosa: A dor evoca tanto uma experiência sensorial objetiva como também 
subjetiva. A segunda está associada à experiência emocional de desconforto variável podendo gerar ansiedade e 
depressão. Dependendo do tipo de dor, além da sensação em si, expressamos respostas comportamentais somáticas 
(vocalização, posição antálgica, reflexo de retirada, etc.), viscerais (alterações cárdio-circulatórias e respiratórias, 
sudorese, etc.) e psíquicas (alterações do humor, irritabilidade, ansiedade, depressão, etc.). Por outro lado, a intensidade 
com que a dor é percebida varia com a idade, experiência e estado motivacional. Trata-se de uma percepção que anuncia 
uma lesão tecidual devido a estímulos muito intensos ou pela ocorrência de lesões teciduais reais (inflamação, por 
exemplo). Apesar de evocar uma sensação desconfortável, ela tem imenso valor biológico, pois afasta o indivíduo do 
agente nocivo e a experiência faz com que ele o evite quando o estímulo for novamente reapresentado. Quando ocorre 
uma lesão tecidual a dor é um sintoma de urgência e deve ser tratada juntamente com a sua causa. 
É importante assinalar que dor é a sensação evocada e que nocicepcão é o conjunto de respostas neurais que evocam 
a primeira. Os nociceptores (transdutores sensoriais dos estímulos dolorosos) são todos, terminações livres. 
Há duas teorias que tentam explicar o mecanismo da transdução nociceptiva: 
 1) Teoria da especificidade: a sensibilidade nociceptiva seria processada como qualquer outra modalidade 
somestésica, possuindo transdutores próprios e linhas rotuladas, porém respondendo a estímulos de alta intensidade de 
natureza térmica, mecânica ou química. 
 2) Teoria do padrão da dor: um mesmo nociceptor responderia a vários estímulos potencialmente lesivos, 
comportando-se polimodalmente. 
 Denominamos as dores em geral de algias; hiperalgesia e hipoalgesia para o aumento e diminuição da percepção 
nociceptiva; analgesia quando a sensibilidade é suprimida. 
Origens da sensibilidade dolorosa: Há receptores que são sensíveis à adenosina trifosfato (ATP) produzida nos 
processos metabólicos da célula. Quando o suprimento de sangue é interrompido em determinadas regiões (isquemia) 
as moléculas de ATP são liberadas para fora da célula e estimula os terminais nervosos causando dor. 
1.Pele: Há dois tipos de sensações dolorosas que se originam da pele: 
 Dor rápida (em agulhada) mediada por fibras aferentes primárias mielínicas do tipo A bem localizada quanto à 
intensidade e a natureza do estimulo, são provocadas por estímulos intensos de pressão e calor. 
 Dor lenta (difusa e em queimação) mediadas fibras aferentes primárias amielinicos do tipo C de difícil localização e 
caracterização quanto a sua natureza e geralmente decorrente de lesões teciduais (queimaduras, inflamações). 
 2. Tecidos profundos. Mediada por fibras do tipo C, igualmente difusas e lentas (câimbras musculares) 
 3. Vísceras. Mediadas por fibras do tipo C, igualmente difusas e lentas (cólicas) Os nociceptores da dor rápida 
respondem com limiares elevados aos estímulos de pressão e calor intenso. A sensação desaparece com a remoção do 
estímulo, sem efeitos residuais. A dor lenta está sempre acompanhada lesão tecidual e persiste após a remoção do 
estímulo que o causou. Geralmente é acompanhada de reações autonômicas e emocionais. Veremos que as duas 
qualidades de dor possuem substratos neuroanatômicos distintos. 
Propriorecpetores: A propriocepção é uma modalidade sensorial resultante da estimulação de mecanorreceptores 
situados nos músculos esqueléticos (fusos musculares), tendões (órgãos tendinosos de Golgi), articulações, aponeuroses 
e tecido conjuntivo mais profundo. Segundo Sherrington o sentido proprioceptivo é o “nosso sentido secreto, nosso 
sexto sentido”. 
De fato, o principal contingente de informações proprioceptivas é projetado no cerebelo que opera em nível 
inconsciente. O neurologista contemporâneo Sacks, conceitua a propriocepção como “o continuo, mas inconsciente 
fluxo sensorial das partes moveis do corpo (músculos, tendões e articulações) por meio do qual a posição e tônus destas 
são continuamente monitorados e ajustados, porem de um modo que se mantém oculto de nós por ser automático e 
inconsciente”. 
No entanto, ainda que de forma relativamente grosseira percebemos continuamente a posição e o movimento do corpo 
(cinestesia) e quando um paciente apresenta perda da sensibilidade proprioceptiva ele relata como se a área afetada 
ficasse “desencarnada” ou então inexistente. 
A propriocepção combinada com o sentido do tato proporciona-nos a capacidade de manipular e reconhecer os objetos 
tridimensionalmente sem o auxílio da visão, ou seja, a estereognosia. Assim, quando enfiamos a mão no bolso, graças 
a combinação do sentido cutâneo e proprioceptivo podemos discriminar, uma chave, duas moedas, pedaços de papel, 
etc. Por ora, estudaremos apenas a via da propriocepção consciente que faz parte do sentido somestésico. Os 
mecanismos de transdução e as funções dos proprioceptores serão estudados no capitulo de Controle da Motricidade 
Somática. 
Transmissão dos sinais táteis nas fibras nervosas periféricas: Quase todos os receptores sensoriais especializados, 
tais como os corpúsculos de Meissner, os receptores em cúpula de Iggo, os receptores dos pelos, os corpúsculosde 
Pacini e as terminações nervosas de Ruffini, transmitem seus sinais por fibras nervosas do tipo Aβ, que são 
mielinizadas e apresentam uma velocidade de condução bastante alta (30-70m/s). Ao contrário, os receptores táteis 
que são terminações nervosas livres transmitem sinais principalmente por intermédio de fibras mielinizadas do tipo Aδ, 
que conduzem a velocidades muito mais baixas. (5-30m/s) 
Estas mesmas terminações nervosas livres também enviam sinais através de fibras amielínicas do tipo C – com 
velocidades muito baixas em relação às outras (2m/s) – para a medula espinhal e parte inferior do tronco cerebral, 
provavelmente transmitindo sensação de cócegas. (comichão) 
Assim, os tipos mais críticos de sinais sensoriais, tais como aqueles que ajudam a determinar a localização mais precisa 
na pele, as mínimas graduações de intensidade, ou as alterações rápidas na intensidade do sinal sensorial, são todos 
transmitidos através das fibras de condução mais rápida. Ao contrário, os sinais mais grosseiros, tais como a pressão 
grosseira, o tato pouco localizado e, especialmente, a sensação de cócegas, são transmitidos por intermédio de fibras 
muito finas e muito mais lentas, que requerem menos espaço no feixe de fibras nervosas do que as fibras rápidas. 
Detecção da vibração: todos os receptores táteis estão envolvidos na detecção da vibração, embora diferentes 
receptores detectem diferentes frequências de vibração. Receptores que se adaptam mais rapidamente aos sinais 
sensoriais recebidos detectam melhor as vibrações, porque respondem de modo extremamente rápido a deformações 
mínimas e rápidas dos tecidos. Um exemplo de receptor de adaptação rápida é o corpúsculo de Pacini. Vibrações de 
baixa frequência, ao contrário, estimulam outros receptores táteis, especialmente os corpúsculos de Meissner, que se 
adaptam menos rapidamente. 
Cócegas e Prurido: Existem terminações nervosas livres mecanorreceptivas muito sensíveis e de adaptação rápida que 
desencadeiam apenas as sensações de cócegas e prurido. Além disso, essas terminações são encontradas quase 
exclusivamente nas camadas mais superficiais da pele, único tecido que desencadeia tais sensações. Estas são 
transmitidas por fibras amielínicas do tipo C, semelhantes às que transmitem a dor contínua. 
A coceira, que tem o propósito de alertar-nos para estímulos superficiais leves, pode ser aliviada pelo coçar se isto 
remover o estímulo irritante ou se o coçar é forte o suficiente para desencadear a dor. Acredita-se que os sinais de dor 
suprimam os sinais da coceira na medula espinhal por inibição lateral. 
______________________________________________________________________________________________
3) Descrever as vias sensoriais para transmissão dos sinais somáticos até o SNC, diferenciando o sistema da coluna dorsal-lemnisco medial e 
o sistema anterolateral. REFERÊNCIA: Fisiologia – MARGARIDA AIRES. 
Organização geral da sensibilidade somática: A informação sensorial originada na periferia é conduzida à medula 
espinal ou tronco cerebral por intermédio de fibras aferentes que fazem parte dos nervos periféricos espinais ou 
cranianos. 
 
 
No caso dos nervos que se dirigem à medula espinal, as fibras aferentes chegam à medula pelas raízes dorsais. 
Uma área cutânea inervada por uma raiz dorsal é denominada dermátomo, sendo que dermátomos adjacentes 
superpõem-se parcialmente. Os dermátomos seguem um padrão topográfico bastante regular, sendo seus limites não 
tão bem definidos, devido à sua superposição. 
 
As fibras que compõem as raízes dorsais têm seus corpos celulares localizados no gânglio da raiz dorsal e penetram na 
medula pela sua margem dorsolateral: 
Enquanto fibras grossas conduzem sensibilidade 
tátil e proprioceptiva, fibras finas conduzem as 
sensibilidades térmica e dolorosa. O calibre de um 
axônio e a presença ou ausência da bainha de mielina 
estão intimamente relacionados à velocidade de 
propagação de um potencial de ação. Diferentes 
nomenclaturas são utilizadas na classificação de 
fibras nervosas, sempre baseadas na velocidade de 
condução. A classificação numérica é geralmente 
utilizada para as fibras aferentes originadas nos 
músculos, enquanto uma classificação alfabética é 
usualmente aplicada aos nervos cutâneos. 
A velocidade de condução do impulso em uma fibra 
nervosa é um aspecto importante da integração 
neural, já que o sistema nervoso, recebendo mais rapidamente uma informação sensorial, pode também agir mais 
rapidamente em resposta àquele estímulo. Depois de entrarem na medula espinal, as fibras aferentes primárias 
ramificam-se na substância branca, além de emitirem colaterais cujas terminações estabelecem conexões sinápticas na 
substância cinzenta. Axônios que conduzem diferentes submodalidades somestésicas projetam-se sobre diferentes 
regiões da medula espinal, exibindo um padrão diferenciado de conexões e trajetórias ascendentes ou descendentes. 
Fibras que conduzem a sensibilidade térmica ou dolorosa não se projetam sobre a substância cinzenta logo que chegam 
à medula, mas trafegam, por meio do trato de Lissauer, para alguns segmentos acima e abaixo do nível de entrada, 
terminando então nas porções do corno posterior da medula que constituem as lâminas I e II de Rexed. 
Fibras grossas, que conduzem a sensibilidade tátil e também a sensibilidade proprioceptiva muscular e articular, 
ascendem diretamente para o bulbo por meio da coluna dorsal, além de emitirem colaterais que penetram no corno 
posterior da medula e terminam nas lâminas mais profundas da substância cinzenta. Na medula espinal, as informações 
somestésicas são conduzidas por meio de dois grandes sistemas ascendentes: o sistema lemniscal e o sistema ântero-
Iateral. 
O sistema lemniscal, que ascende inicialmente pela coluna dorsal da medula espinal, está envolvido na condução de 
informações relativas à sensibilidade tátil e proprioceptiva. 
Já o sistema ântero-Iateral conduz informações primariamente relacionadas às sensibilidades dolorosa e térmica, além 
de alguma sensibilidade tátil. 
 
A coluna dorsal é constituída essencialmente pelos prolongamentos centrais de neurônios localizados nos gânglios das 
raízes dorsais, que ascendem em direção ao bulbo. Também estão presentes na coluna dorsal fibras ascendentes 
originadas em neurônios de segunda ordem localizados no corno posterior da medula espinal. Em sua porção mais 
superior podem-se distinguir dois componentes fazendo parte da coluna dorsal: os fascículos grácil e cuneiforme. O 
primeiro, localizado medialmente, contém fibras dos segmentos sacral, lombar e torácico, enquanto o fascículo 
cuneiforme ascende lateralmente composto por fibras provenientes de segmentos torácicos altos e cervicais. Esses 
fascículos terminam em núcleos homônimos localizados na porção caudal do bulbo. Os núcleos grácil e cuneiforme 
são denominados, em conjunto, núcleos da coluna dorsal. Fibras originadas nesses núcleos irão formar, após cruzarem 
a linha mediana, o lemnisco medial (por isso o nome "lemniscal" para este sistema ascendente), projetando-se então 
para o tálamo. 
O sistema ântero-Iateral está basicamente envolvido na condução das sensibilidades térmica e dolorosa, e em uma 
menor extensão também contribui na condução das sensibilidades tátil e proprioceptiva. Apresenta três principais 
componentes: os tratos espinotalâmico, espinorreticular e espinomesencefálico. As sensibilidades térmica e dolorosa, 
trazidas da periferia por fibras A e C, são conduzidas pelos tratos espinotalâmico e espinorreticular. Este último 
termina em neurônios da formação reticular bulbar e pontina, a qual processa e retransmite essa informação ao tálamo 
e outros núcleos diencefálicos. O trato espinomesencefálico projeta-se ao tecto do mesencéfalo, com terminações nos 
colículos superiores, e também à substância cinzenta periaquedutal mesencefálica, região envolvida no controle 
eferente dasensibilidade dolorosa, como veremos mais adiante. 
Principais diferenças: As principais diferenças entre os sistemas ântero-lateral e lemniscal são as seguintes: 
a) o sistema ântero-lateral origina-se de neurônios localizados na medula espinal, pós-sinápticos às fibras aferentes 
primárias, enquanto a maioria dos axônios constituindo a coluna dorsal (sistema lemniscal) é constituída por fibras 
aferentes primárias; 
b) o trajeto medular do sistema ântero-Iateral é contralateral à entrada das fibras aferentes primárias, cruzando a linha 
mediana ainda na medula, enquanto as fibras provenientes dos núcleos da coluna dorsal decussam no bulbo, sendo aí 
chamadas de fibras arqueadas internas; 
c) ao contrário das lemniscais, as projeções do sistema ântero-Iateral não são predominantemente talâmicas, mas 
terminam em várias regiões do tronco cerebral e também no hipotálamo; 
d) enquanto o lemnisco medial termina principalmente no núcleo ventral posterior do tálamo, as fibras do sistema 
ântero-Iateral projetam-se sobre três regiões talâmicas distintas: o núcleo ventro-póstero-lateral, os núcleos 
intralaminares e os núcleos posteriores. 
Neurônios do núcleo ventro-póstero-Iateral projetam-se exclusivamente às áreas corticais somatossensoriais. Já os 
núcleos intralaminares apresentam projeções mais difusas, incluindo áreas corticais e os núcleos da base, enquanto os 
núcleos posteriores projetam-se a regiões do lobo parietal externas à área somatossensorial primária. O sistema 
lemniscal e partes do sistema ântero-Iateral contribuem decisivamente para a percepção consciente de estímulos 
somestésicos, enquanto outros componentes das vias somatossensoriais ascendentes participam do controle motor, da 
manutenção do estado de alerta e da regulação de processos autonômicos. 
O córtex somatossensorial (ou somestésico), situado na porção anterior do lobo parietal, constitui-se de áreas 
citoarquitetonicamente distintas. O córtex somatossensorial primário (SI) localiza-se no giro pós-central, possuindo 
quatro áreas funcionais: as áreas 1, 2, 3a e 3b de Brodmann. 
 
 
Organização das áreas 
corticais somestésicas e do 
complexo ventrobasal do 
tálamo. A, localização do 
córtex somestésico primário 
(SI) no giro pós-central do 
lobo parietal. B, corte sagital 
do giro pós-central 
evidenciando suas subáreas 
(3a, 3b, I e 2) e respectivas 
aferências. C, principais 
projeções do tálamo ventro-
póstero-lateral para SI e deste 
para SII. 
 
 
 
As projeções talâmicas para SI são organizadas somatotopicamente e se originam principalmente do núcleo ventral 
posterior. O córtex somatossensorial secundário (SII), localizado na borda superior do sulco lateral, recebe projeções 
de SI e projeta-se sobre outras regiões corticais somatossensoriais da região insular. A porção posterior do lobo parietal, 
que também recebe aferências somestésicas, participa da integração de diferentes submodalidades somatossensoriais e 
também de outras modalidades além da somestésica, integração que é necessária a processos que levam à percepção e 
também à organização da motricidade. 
REFERÊNCIA: VANDER 
Após entrar no sistema nervoso central, as fibras do nervo aferente a partir dos receptores somáticos fazem sinapse nos 
neurônios que formam as vias ascendentes específicas, projetando primariamente para o córtex somatossensorial via 
tronco encefálico e tálamo. Elas também fazem sinapse em interneurônios que dão origem a vias ascendentes 
inespecíficas. Existem dois tipos principais de vias somatossensoriais a partir do corpo e estas vias são organizadas de 
forma diferente na medula espinal e no cérebro. A via anterolateral ascendente, também chamada de via 
espinotalâmica, faz sua primeira sinapse entre o neurônio receptor sensorial e um segundo neurônio localizado na 
substância cinzenta da medula espinal. Este segundo neurônio cruza imediatamente para o lado oposto da medula 
espinal e então ascende pela coluna anterolateral da medula espinal para o tálamo, onde faz sinapse em neurônios com 
projeções corticais. A via anterolateral processa informações sobre dor e temperatura. 
A segunda principal via para a sensação somática é a via da coluna dorsal. Esta, também, é nomeada para a seção da 
substância branca (as colunas dorsais da medula espinal) por meio da qual os neurônios receptores sensoriais se 
projetam. Na via da coluna dorsal, os neurônios sensoriais não cruzam nem fazem sinapse imediatamente ao entrarem 
na medula espinal. Eles, em vez disso, ascendem no mesmo lado da medula espinal e fazem a primeira sinapse no 
tronco encefálico. O neurônio secundário então cruza no tronco encefálico à medida que ascende. Como na via 
anterolateral, a segunda sinapse é no tálamo, a partir do qual as projeções são enviadas para o córtex somatossensorial. 
Observe que ambas as vias cruzam do lado por onde os neurônios aferentes entram no sistema nervoso central para o 
lado oposto na medula espinal (sistema anterolateral) ou no tronco encefálico (sistema da coluna dorsal). 
Consequentemente, as vias sensoriais a partir dos receptores somáticos no lado esquerdo do corpo terminam no córtex 
somatossensorial do hemisfério direito do cérebro. As informações somatossensoriais provenientes da cabeça e da face 
não chegam ao cérebro por essas duas vias da medula espinal; elas entram no tronco encefálico diretamente via nervos 
cranianos. 
No córtex somatossensorial, as extremidades dos axônios das vias somáticas específicas estão agrupadas de acordo 
com a localização periférica dos receptores que dão entrada às vias. As partes do corpo que são mais densamente 
inervadas – dedos, polegar e face – estão representadas pelas maiores áreas do córtex somatossensorial. Existem 
qualificações, entretanto, para esta imagem aparentemente precisa. Existe considerável sobreposição das representações 
das partes do corpo e os tamanhos das áreas podem mudar com a experiência sensorial. O fenômeno do membro 
fantasma descrito na primeira seção deste capítulo fornece um bom exemplo da natureza dinâmica do córtex 
somatossensorial. Estudos com amputados do membro superior mostram que as áreas corticais anteriormente 
responsáveis por um braço ou mão ausente são comumente “religadas” para responder a aportes sensoriais originários 
na face. À medida que o córtex somatossensorial sofre esta reorganização, um estímulo tátil na bochecha da pessoa 
pode ser percebido como um toque no seu braço ausente. 
 
 
Figura 7.21 A localização das terminações da via para diferentes partes do corpo no córtex somatossensorial, embora exista muita sobreposição 
entre as regiões corticais. A metade esquerda do corpo é representada no hemisfério direito do cérebro e a metade direita do corpo é representada 
no hemisfério esquerdo, que não é apresentado aqui. Os tamanhos das partes do corpo estão descritos grosseiramente em escala para a 
quantidade de área cortical dedicada para elas. 
REFERÊNCIA: GUYTON AND HALL 
 BASICAMENTE: Vias Sensoriais para a Transmissão dos Sinais Somáticos até o SNC 
Quase todas as informações sensoriais dos segmentos somáticos do corpo entram na medula espinhal através das raízes 
dorsais dos nervos espinhais. Entretanto, do ponto de entrada até o encéfalo, os sinais sensoriais são conduzidos através 
de uma de duas vias sensoriais alternativas: (1) o sistema da coluna dorsal-lemnisco medial (sistema epicrítico) ou 
(2) o sistema ântero-lateral (sistema protopático). Estes dois sistemas se juntam novamente, parcialmente, no tálamo. 
 SISTEMA EPICRÍTICO- COLUNA DORSA-LEMNISCO MEDIAL 
Transmite os sinais ascendentes até a medula oblonga principalmente pelas colunas dorsais da medula 
espinhal. Em seguida, depois que as vias fazem sinapse e cruzam para o lado oposto na medula oblonga, seguem pelo 
tronco cerebral até o tálamo através do lemnisco medial. 
• Fibras são grossas e mielinizadas e de rápida transmissão 
• Apresenta um alto grau de organizaçãoespacial das fibras nervosas, ou seja, as informações são transmitidas 
rapidamente e com alto grau de fidelidades temporal e espacial. Por exemplo, nas colunas dorsais da medula espinhal, 
fibras provenientes das partes inferiores do corpo têm posição mais central na medula, as provenientes de segmentos 
superiores, formam camadas que se sucedem lateralmente. No tálamo do mesmo jeito: extremidade inferior do corpo 
fica representada pelas porções mais laterais do complexo ventrobasal e a cabeça e a face, pelas áreas mediais do 
complexo. 
• Limitado aos tipos discriminativos de modalidades sensoriais mecanorreceptivas 
• Sensações táteis que requerem um alto grau de localização do estímulo; 
• Sensações táteis que requerem a transmissão de graduações finas da intensidade; 
• Sensações fásicas, tais como as sensibilidades vibratórias: os sinais vibratórios de alta frequência se originam nos 
corpúsculos de Pacini, na pele e nos tecidos mais profundos, porém os sinais de menor frequência podem também se 
originar nos corpúsculos de Meissner. 
• Sensações que sinalizam movimento contra a pele; 
• Sensações de posição das articulações; 
• Sensações de pressão relacionadas à grande discriminação das intensidades da pressão. 
• É importante na transmissão de informações sensoriais que se alternam rapidamente e repetidamente. 
Ao entrar na medula espinhal através das raízes dorsais dos nervos espinhais, as fibras mielinizadas grossas, trazendo 
informações dos mecanorreceptores especializados, dividem-se, quase imediatamente, para formar um ramo medial e 
um ramo lateral. O ramo medial dirige-se, em primeiro lugar, medialmente e, em seguida, para cima, na coluna dorsal, 
por todo o trajeto até o encéfalo. 
O ramo lateral entra no corno dorsal da substância cinzenta da medula espinhal e, em seguida, divide-se 
muitas vezes, dando origem aos terminais que fazem sinapse com neurônios locais nas porções intermediária e anterior 
da substância cinzenta. Estes neurônios locais, por sua vez, apresentam três funções: (1) a maior parte origina fibras 
que penetram nas colunas dorsais da medula espinhal e, então, ascendem até o encéfalo. (2) Muitas dessas fibras são 
muito curtas e terminam localmente na substância cinzenta da medula espinhal, e são responsáveis por desencadear os 
reflexos medulares locais. (3) Outras dão origem aos tratos espinocerebelares, em relação à função do cerebelo. 
As fibras nervosas que entram nas colunas dorsais seguem sem interrupção até a porção dorsal da medula 
oblonga, onde fazem sinapse com os núcleos da coluna dorsal (os núcleos grácil e cuneiforme). Destes núcleos se 
originam os neurônios de segunda ordem, os quais cruzam imediatamente para o lado oposto do tronco cerebral e 
ascendem através dos lemniscos mediais até o tálamo. Neste trajeto através do tronco cerebral, os lemniscos mediais 
recebem fibras adicionais provenientes dos núcleos sensoriais do nervo trigêmeo. 
Obs: Devido ao cruzamento dos lemniscos mediais no bulbo, o lado esquerdo do corpo está representado no lado direito 
do tálamo, e idem para o lado direito. No tálamo, as fibras do lemnisco medial terminam numa área de retransmissão 
sensorial talâmica, chamada de complexo ventrobasal. Deste, fibras nervosas de terceira ordem se projetam 
principalmente para o giro pós central do córtex cerebral, 
que é chamada de área somatossensorial primária (estas 
fibras também se projetam para uma área menor no córtex 
parietal lateral chamado de área somatossensorial 
secundária). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA PROTOPÁTICO – ANTEROLATERAL 
Aqui, as vias, imediatamente após entrarem na medula pelas raízes nervosas espinhais dorsais, fazem sinapse nos cornos 
dorsais da substância cinzenta medular, cruzando, em seguida, para o lado oposto na medula ascendente através das 
colunas anterior e lateral da medula espinhal. Elas terminam em todos os níveis do tronco cerebral e no tálamo. 
•Fibras mielinizadas, finas e de transmissão mais lenta. 
•Organização espacial muito menor, transmitindo informações mais lentamente e com menor fidelidade. 
•Apresenta uma capacidade de transmitir um amplo espectro de modalidades sensoriais como dor, calor, frio e as 
sensações táteis grosseiras 
•Dor; sensações térmicas; sensações de tato e pressão grosseiras (capazes apenas da localização grosseira na superfície 
do corpo e não discriminação); 
•Sensações de cócegas e prurido; 
•Sensações sexuais. 
Transmissão dos Sinais Sensoriais Menos Críticos na via Anterolateral 
A via anterolateral para a transmissão de sinais sensoriais da medula espinhal para o encéfalo, ao contrário da via da 
coluna dorsal, transmite sinais sensoriais que não necessitam de localização altamente discreta da fonte do sinal e não 
requerem a discriminação de graduações finais da 
intensidade. Estes tipos de sinais incluem dor, 
calor, frio, trato grosseiro, cócegas, prurido, e 
sensações sexuais. 
 
Anatomia da via anterolateral 
As fibras anterolaterais da medula espinhal se 
originam nas lâminas I, IV, V e VI do corno 
dorsal. Essas fibras cruzam imediatamente na 
comissura anterior da medula espinhal para as 
colunas brancas anteriores e laterais do lado 
oposto, onde ascendem em direção do encéfalo 
por intermédio dos tratos espinotalâmicos 
anterior e lateral. A terminação superior dos dois 
tratos espinotalâmicos ocorre principalmente em 
dois locais: (1) difusamente, nos núcleos 
reticulares do tronco cerebral e (2) em dois 
complexos nucleares diferente do tálamo, o 
complexo ventrobasal e os núcleos 
intralaminares. Em geral, os sinais táteis são 
transmitidos principalmente para o complexo ventrobasal, terminando em algum dos mesmos núcleos talâmicos, onde 
os sinais táteis da coluna dorsal terminam; daí, os sinais seguem para o córtex somatossensorial, junto com os das 
colunas dorsais. Sinais de dor terminam em sua maioria nos núcleos reticulares do tronco cerebral, de onde partem 
projeções para os núcleos intralaminares do tálamo, onde os sinais de dor são processados adicionalmente. 
SISTEMA TRIGEMINAL (face) 
O nervo trigêmeo, V par craniano, conduz a maior parte das informações somestésicas e proprioceptivas originadas na 
face, cavidade oral, conjuntiva e dura-máter, como também a inervação motora destinada à musculatura mastigatória. 
O nome ‘“trigêmeo” deriva de sua ramificação em três ramos principais: oftálmico, maxilar e mandibular. Os dois 
primeiros são exclusivamente sensoriais, enquanto o ramo mandibular conduz ambos os tipos de fibras, sensoriais e 
motoras. Os corpos celulares da maioria das fibras trigeminais encontram-se em um gânglio, localizado em uma 
cavidade do crânio, ventralmente à ponte, e denominado gânglio trigeminal, semilunar, ou de Gasser. 
Como exceção importante, os neurônios trigeminais que conduzem informação proprioceptiva estão localizados no 
interior do sistema nervoso central, constituindo um núcleo denominado núcleo mesencefálico do trigêmeo. O nervo 
trigêmeo conduz informações aferentes detectadas por mecanoceptores, termoceptores e nociceptores localizados na 
pele da face. Também é responsável pela condução das aferências somestésicas originadas na mucosa oral, dois terços 
anteriores da língua, parte da dura-máter, periodonto, polpa dentária e gengiva circundante. 
O complexo trigeminal é composto por quatro núcleos: o principal, mesencefálico e espinal são responsáveis pelo 
processamento de informações somestésicas e proprioceptivas, enquanto o núcleo motor do trigêmeo é responsável 
pela inervação motora da musculatura mastigatória (Figura 17.13). O núcleo espinal do trigêmeo apresenta três divisões 
(oral, interpolar e caudal), sendo contíguo, rostralmente, com o núcleo principal, e estendendo-se caudalmente até a 
medula cervical alta. Fibras trigeminais aferentes que conduzem a sensibilidade térmica e dolorosa descem pelo trato 
espinal do trigêmeo e terminam ipsilateralmenteno núcleo espinal. Sua subdivisão mais caudal recebe fibras 
nociceptivas provenientes da face, sendo essa uma projeção análoga à via espinotalâmica. A importante aferência 
nociceptiva originada na polpa dentária projeta-se bilateralmente ao núcleo espinal do trigêmeo. 
O núcleo principal do trigêmeo recebe projeções ipsilaterais de mecanoceptores da face e cavidade oral, sendo 
considerado o análogo trigeminal dos núcleos da coluna dorsal. Essas projeções conduzem informações táteis da face 
ao núcleo principal ipsilateral, dando origem também a uma ramificação descendente que alcança o núcleo espinal do 
trigêmeo, também ipsilateralmente. 
As informações proprioceptivas que partem da musculatura mastigatória, e mecanoceptivas originadas nas gengivas, 
projetam-se ao núcleo mesencefálico do trigêmeo majoritariamente por meio do ramo mandibular. Essas fibras 
aferentes primárias projetam-se, por sua vez, ao núcleo motor do trigêmeo, estabelecendo uma via que torna possível a 
realização de um reflexo similar ao reflexo de estiramento. O reflexo trigeminal constitui-se na contração da 
musculatura mastigatória em resposta à pressão nos dentes mandibulares ou abaixamento da mandíbula. Os 
motoneurônios trigeminais, localizados no núcleo motor do trigêmeo, inervam os músculos mastigatórios, 
essencialmente o masseter, o temporal e os pterigoides. Esse núcleo motor, além dos reflexos mediados por suas 
conexões com o núcleo mesencefálico, recebe projeções corticobulbares, tanto diretamente quanto por meio de 
interneurônios da formação reticular. 
Figura 17.13 ■ Organização do sistema trigeminal. Informações somestésicas são 
conduzidas por três ramos do nervo trigêmeo, V par craniano – oftálmico (Oft.), 
maxilar (Max.) e mandibular (Mand.) – aos núcleos principal e espinal do trigêmeo. 
Projeções ipsi- e contralaterais partem desses núcleos com destino ao núcleo 
ventroposteromedial (VPM) e núcleos posteriores (PO) do tálamo, partindo daí 
projeções para as áreas somatossensoriais primárias (SI) e secundárias (SII) do 
córtex cerebral. Aferências proprioceptivas da musculatura mastigatória projetam-
se ao núcleo mesencefálico do trigêmeo (Mes. V), conectando-se 
monossinapticamente a motoneurônios mastigatórios localizados no núcleo motor 
do trigêmeo (Motor V). 
 
 
 
 
Dos núcleos trigeminais, a informação sensorial alcança o tálamo por meio do lemnisco trigeminal, projetando-se ao 
núcleo ventroposteromedial (VPM) e núcleos talâmicos posteriores. Essa projeção talâmica das aferências trigeminais 
é somatotopicamente organizada, completando assim uma representação da superfície corporal sobre todo o tálamo 
ventral posterior. As projeções talâmicas são retransmitidas ao córtex somatossensorial (SI e SII), que apresenta uma 
extensa representação da face, dada a densa inervação dessa importante região. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: Silverthorn 
Vias somatossensoriais: 
 
 
_____________________________________________________________________________________________ 
4) Correlacionar as sensações de tato, pressão e vibração. REFERÊNCIA: Guyton And Hall 
Detecção e transmissão das sensações táteis 
Interrelações Entre as Sensações de Tato, de Pressão e de Vibração: Embora o tato, a pressão e a vibração sejam 
frequentemente classificados como sensações distintas, todas elas são detectadas pelos mesmos tipos de receptores. 
Existem três diferenças principais entre elas: 
(1)a sensibilidade tátil resulta geralmente da estimulação dos receptores para o tato na pele ou nos tecidos logo abaixo 
da pele; 
(2) a sensação de pressão resulta geralmente da deformação dos tecidos mais profundos; e 
(3) a sensação de vibração é resultado da ocorrência de sinais sensoriais repetitivos e rápidos, porém são usados alguns 
dos tipos de receptores para tato e pressão. 
______________________________________________________________________________________________ 
5) Relacionar a perda de sensibilidade e de movimento com o nível da lesão medular, enumerando as consequências biopsicossociais. 
REFERÊNCIA: AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE PESSOAS COM LESÃO MEDULAR: UTILIZAÇÃO DA ESCALA DE 
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL – MIF – Gelson Aguiar Silva – BASE SCIELO. 
A lesão medular acarreta mudanças radicais na vida da pessoa, devido às alterações na dinâmica corporal e 
transformações abruptas pelas quais ela, sua família e seu entorno social mais próximo passam. Isto os leva a adotar 
outro estilo de vida para se adequar à nova situação. São várias as alterações decorrentes, interferindo na eliminação 
vesical e intestinal, pele e tecidos moles, estruturas articulares, expressão da sexualidade, requisições nutricionais, além 
daquelas na vida afetiva e profissional e consequente produtividade de todos os envolvidos. Após sofrer lesão medular, 
a pessoa necessita (re)aprender desde as coisas mais simples como vestir-se, alimentar-se e banhar-se, até as mais 
complexas, tais como subir e descer escadas e, relacionar-se. Ações que antes ela realizava com facilidade e sem 
necessidade de qualquer reflexão, adquirem, após a lesão medular, outra qualidade, tornando seu cotidiano uma 
sucessão de obstáculos a serem vencidos. A lesão medular pode ser avaliada a partir do nível de comprometimento e 
escala de classificação. Quanto ao nível, ela pode resultar em tetraplegia, na qual há o comprometimento dos quatro 
membros, superiores e inferiores, e resulta de uma lesão cervical e a paraplegia, na qual há o comprometimento dos 
membros inferiores. A escala de classificação da American Spinal Injury Association (ASIA), padronizou a 
classificação da lesão medular para a avaliação da motricidade e sensibilidade, entre os limiares de A a E, sendo: ASIA 
A (lesão medular completa); ASIA B (lesão motora completa e sensitiva incompleta); ASIA C (lesão sensitiva e motora 
incompletas); e ASIA D (lesão incompleta com função motora preservada abaixo do nível da lesão). 
A reabilitação é a área responsável por possibilitar à pessoa o treino de novas habilidades que tornem possível o 
enfrentamento destes obstáculos cotidianos. Reabilitar é tornar alguém novamente habilitado de algo que foi perdido 
e, para tanto, é fundamental o trabalho de uma equipe multidisciplinar, envolvendo profissões das mais diversas áreas 
– humanas, biológicas e exatas.2 Na última década as pesquisas em lesão medular tem avançado em algumas frentes, 
em especial na reabilitação para a vida, possibilitando à pessoa com lesão medular qualidade de vida e o retorno às 
atividades realizadas antes de sua ocorrência, entre estas o trabalho, o lazer, a sexualidade e a independência na 
realização das atividades diárias. Também pesquisas experimentais apontam perspectivas a estas pessoas. Entre estas 
temos as com células tronco embrionárias, na tentativa de regeneração da medula espinhal e recuperação das funções 
sensitório motoras perdidas também com equipamentos chamados exoesqueletos, cuja função precípua é possibilitar a 
movimentação da pessoa sem o retorno da capacidade motora ou sensitória. 
A Escala de Medida de Independência Funcional (MIF) é um instrumento multidimensional que avalia o desempenho 
da pessoa nos domínios motor e cognitivo/social nos aspectos: alimentação, higiene pessoal, banho, vestir metade 
superior do corpo, vestir metade inferior do corpo, uso de vaso sanitário, controle da urina, controle das fezes, 
transferências para leito, cadeira, cadeira de rodas, transferência para vaso sanitário, transferências para banheira ou 
chuveiro, locomoção, locomoção em escadas, compreensão, expressão, interação social, resolução de problemas, e 
memória. Cada item varia em sete níveis com as respectivas mensurações, sendo, o nível sete o de independência total 
e o nível um, o de dependência total. Nos valores intermediários tem independência modificada (escore seis), 
dependência moderada com necessidade de supervisão ou preparação (escorecinco) ou com de auxílio direto (escores 
de um a quatro). No total da escala, uma pessoa sem qualquer deficiência alcança o escore de 126 pontos e aquela com 
dependência total o escore de 18 pontos. Quanto mais dependente, menor o escore. A MIF mede aquilo que a pessoa 
está realizando exatamente à época da avaliação. A avaliação funcional é realizada para que se possam avaliar os 
cuidados pessoais e o desempenho do indivíduo nas atividades da vida diária. 
REFERÊNCIA: TRAUMA RAQUIMEDULAR - Helton L. A. Defino. 
EPIDEMIOLOGIA: 
A lesão da medula espinhal (LME) ocorre em cerca de 15 a 20% das fraturas da coluna vertebral e a incidência desse 
tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países. Estima-se que, na Alemanha, ocorram anualmente dezessete 
(17) casos novos por milhão de habitantes, nos EUA, essa cifra varia de trinta e dois (32) a cinquenta e dois (52) casos 
novos anuais por milhão de habitantes e, no Brasil, cerca de quarenta (40) casos novos anuais por milhão de habitantes, 
perfazendo um total de seis (06) a oito (08) mil casos por ano. 
A lesão ocorre, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 a 40 anos. Acidentes 
automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as 
principais causas de traumatismo raquimedular (TRM) [que é uma lesão de qualquer causa externa na coluna vertebral, 
incluindo ou não a medula ou as raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos (cervical, dorsal, lombossacro)]. 
A localização anatômica da lesão está diretamente relacionada ao mecanismo de trauma e cerca de 2/3 das lesões 
medulares estão localizadas no segmento cervical. Lesões da medula na região torácica ocorrem em 10% das fraturas 
desse segmento e em 4% das fraturas da coluna toracolombar. 
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS: 
A coluna vertebral é formada por trinta e três (33) a trinta e quatro (34) vértebras (07 cervicais, 12 torácicas, 05 
lombares, 05 sacrais e 04 ou 05 coccígeas). O forame ou conduto vertebral é formado pela parede posterior do corpo 
vertebral e parede anterior do arco vertebral, e a superposição dos vários forames vertebrais forma o canal raquídeo, 
que aloja e protege a medula espinhal. A medula espinhal, nos adultos, possui cerca de 45 cm e estende-se desde a 
altura do atlas (C1) até a primeira ou segunda vértebra lombar. A medula espinhal afila-se para formar o cone medular, 
do qual se estende um filamento delicado, denominado de “filum terminale”, que se insere próximo ao primeiro 
segmento coccígeo. Na parte baixa do canal vertebral, descendem as raízes dos nervos espinhais caudais, que, 
juntamente com o “filum terminale”, formam a cauda equina, que tem o seu início no nível de T11 e termina, 
caudalmente, no nível do terceiro segmento sacral, ocupando sozinha o canal vertebral abaixo de L2. 
 A medula espinhal está dividida em segmentos e as raízes nervosas que emergem da medula no nível de cada segmento 
são designadas por algarismos que se referem ao nível de sua saída. Trinta e um pares de nervos espinhais originam-se 
da medula espinhal (08 cervicais, 12 torácicos, 05 lombares, 05 sacrais e 01 coccígeo). O primeiro par de nervo espinhal 
emerge entre o occipital e o atlas (C1), de modo que, na coluna cervical, o nervo emerge, cranialmente, junto a sua 
vértebra correspondente. Somente a partir do primeiro segmento torácico, o nervo espinhal emerge caudal à sua vértebra 
correspondente. Cada raiz nervosa recebe informações sensitivas de áreas da pele denominadas de dermátomos e, 
similarmente, cada raiz nervosa inerva um grupo de músculos denominados de miótomos. A localização do segmento 
da medula espinhal não está na mesma altura do segmento ósseo vertebral correspondente; como exemplo, observamos 
que o segmento medular C8 está localizado no nível entre C6- C7 e o segmento medular T12 no nível de T10. 
 
A medula espinhal é um grande condutor de impulsos nervosos sensitivos e motores entre o cérebro e as demais regiões 
do corpo. A medula espinhal possui tratos orientados longitudinalmente (substância branca) circundando áreas centrais 
(substância cinzenta) onde a maioria dos corpos celulares dos neurônios espinhais estão localizados. Ao corte 
transversal, a substância cinzenta apresenta a forma de H e pode ser subdividida em corno anterior, lateral e posterior. 
No corno anterior, estão localizados os corpos celulares dos neurônios motores e visceromotores (aferentes), no corno 
posterior os neurônios sensitivos (eferentes) e no corno lateral os neurônios do sistema simpático. As fibras motoras, 
oriundas do corno anterior, juntam-se às fibras sensitivas do corno posterior para formar o nervo espinhal. 
Os tratos da substância branca constituem vias nervosas ascendentes e descendentes, que conduzem impulsos nervosos 
em direção ao cérebro e de várias partes do cérebro para o resto do corpo (Figura 2). Os tratos mais importantes do 
ponto de vista clínico são os relatados a seguir. 
Trato espinotalâmico ventral – transmite impulsos relacionados ao tato. Possui origem na coluna posterior, cruza 
para o lado oposto na comissura anterior e ascende pelo funículo anterior até o tálamo. 
Trato espinotalâmico lateral - media os impulsos da sensibilidade dolorosa e da temperatura do lado 
contralateral. Possui, também, origem na coluna posterior, cruza para o lado oposto na comissura anterior e ascende 
pelo funículo lateral ao tálamo. Clinicamente, pode ser avaliado, beliscando-se a pele ou por meio de estímulo com 
objetos pontiagudos, como agulha ou alfinete. 
Trato espinocerebelar ventral e dorsal- relacionados à propriocepção, conduzem impulsos ao cerebelo por meio 
da medula espinhal. 
Fascículos grácil e cuneiforme – localizados na porção posterior da medula espinhal entre o sulco mediano posterior 
e sulco póstero-lateral, conduzem impulsos proprioceptivos, provenientes de músculos, tendões e articulações, 
impulsos táteis localização e discriminação, e sensações vibratórias, como as produzidas pelo cabo do diapasão 
colocado sobre um osso recoberto de pele. 
Trato corticoespinhal lateral e trato corticoespinhal ventral – as vias piramidais transmitem o impulso motor para 
os motoneurônios do corno anterior, por meio do trato corticoespinhal lateral, que cruza para o lado oposto no bulbo, e 
do trato corticoespinhal ventral, que desce sem cruzar para o lado oposto, na parte anterior da medula espinhal. 
Controlam a força motora e são testados por meio da contração voluntária ou contração involuntária mediante estímulo 
doloroso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FISIOPATOLOGIA: A transferência de energia cinética para a medula espinhal, o rompimento dos axônios, a lesão 
das células nervosas e a rotura dos vasos sanguíneos causam a lesão primária da medula espinhal, e, no estágio agudo 
da lesão (até 08 horas após o trauma), ocorre hemorragia e necrose da substância cinzenta, seguida de edema e 
hemorragia. Formam-se petéquias hemorrágicas na substância cinzenta, logo no primeiro minuto da LME, que se 
aglutinam dentro da primeira hora, resultando na necrose central hemorrágica, que pode estender-se para a substância 
branca nas 04 a 08 horas seguintes, como consequência de uma redução geral do fluxo sanguíneo no local da lesão. A 
seguir, células inflamatórias migram para o local da lesão, acompanhadas de proliferação de células da glia, e, no 
período de 01 a 04 semanas, ocorre a formação de tecido cicatricial e cistos no interior da medula espinhal. A redução 
do fluxo sanguíneo para o segmento lesado da medula espinhal pode ainda ser ocasionado por alteração do canal 
vertebral, hemorragia, edema ou redução da pressão sistêmica, que conduzem à lesão adicional, denominada de lesão 
secundária. Essa redução do fluxo sanguíneo pode provocar a morte das células e axônios que não foram inicialmente 
lesados. A separação física dos tratos da medula espinhal, geralmente,não ocorre nos traumatismos não penetrantes da 
medula espinhal, tendo sido observada separação física dos axônios somente em alguns casos de ferimento por arma 
de fogo. A separação dos axônios é um processo gradual, que ocorre no local da lesão, após alguns dias do traumatismo, 
sendo o resultado de uma série de eventos patológicos, relacionados à lesão da membrana celular e suas proteínas, e 
não da separação física imediata do axônio. A interrupção da condução do estímulo nervoso imediatamente após o 
trauma, provocado pela energia cinética da lesão, pode ser devida a uma despolarização imediata da membrana do 
axônio, associada à falha de sua repolarização, que ocasiona perda de potássio pelo axônio. A isquemia do sistema 
nervoso central é caracterizada por um grande influxo de cálcio para as células, e reações metabólicas, como falha das 
mitocôndrias e ativação das fosfolipases, proteases e adenosina trifosfatase ocorrem, e o resultado é a perda de energia 
e colapso da membrana celular, que também é mediado pela produção de radicais livres e ativação das fosfolipases e 
lipases. A impossibilidade da célula em converter completamente o oxigênio para dióxido de carbono e água, promove 
a formação de radicais livres, que resulta em peroxidação lipídica e subsequente falha da membrana celular. Esses 
eventos justificam a utilização da metilprednisolona nas primeiras 08 horas após o TRM, que é administrada com o 
objetivo de inibir a peroxidação lipídica. 
______________________________________________________________________________________________ 
6) Diferenciar os termos consciente e inconsciente. REFERÊNCIA: O inconsciente e a consciência: da psicanálise à neurociência- Carlos 
Eduardo Lyra – BASE SCIELO 
CONSCIÊNCIA: A consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como 
subjetividade (como o indivíduo instala a opinião sobre o que é dito), autoconsciência (consciência da consciência), 
sentiência (sentir sobre si mesmo e o ambiente), sapiência (capacidade de agir segundo um julgamento). É um assunto 
muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia, e ciência cognitiva. 
Alguns filósofos dividem consciência em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita (estado de 
estar ciente) e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência. 
Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela 
é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que 
perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte. 
A consciência é a faculdade de segundo momento – ninguém pode ter consciência de alguma coisa (objeto, processo 
ou situação) no primeiro contato com essa coisa; no máximo se pode referenciá-la com algum registro próximo, o que 
permite afirmar que a coisa é parecida com essa ou com aquela outra coisa, de domínio. 
António Damásio, em O Mistério da consciência, divide a consciência em dois tipos: consciência central e consciência 
ampliada. Inspirados na tese damasiana, entende-se que a faculdade em pauta é constituída com uma espécie de 
anatomia, que pode ser dividida, didaticamente, em três partes: 
1. Dimensão fonte - onde as coisas acontecem de fato, o aqui agora: o meu ato de escrever e dominar o ambiente e os 
equipamentos dos quais faço uso, o ato do internauta de ler, compreender a leitura e o ambiente que o envolve a todo 
os instantes, etc. Essa dimensão da consciência não retrocede muito ao passado e, da mesma forma, não avança para o 
futuro; ela se limita a registrar os atos presentes, com um espaço-tempo (passado/futuro) suficiente para que os 
momentos (presentes) tenham continuidade. 
2. Dimensão processual - amplitude de sistema que abriga expectativas, perspectivas, planos e qualquer registros mental 
em aberto; aquelas questões que causam ruídos e impulsionam o ser humano à busca de soluções. Essa amplitude de 
consciência permite observar questões do passado e investigar também um pouco do futuro. 
3. Dimensão ampla - região de sistema que, sem ser um dispositivo de memória, alberga os conhecimentos e 
experiências que uma pessoa incorpora na existência. Todo os conhecimentos do passado e experimentações pela qual 
o ser atravessou na vida: uma antiga profissão que não se tem mais qualquer habilidade para exercer, guarda registros 
importantes que servirão como experiência em outras práticas. Qual dimensão processual, essa amplitude da 
consciência permite examinar o passado e avançar no futuro - tudo dentro de limites impostos pelo próprio 
desenvolvimento mental do indivíduo. 
Além da anatomia de constituição, listada acima, a consciência humana também guarda alguns estados: 
Condições de consciência (vigília normal, vigília alterada e sono com sonhos), modos de consciência (passivo, ativo e 
ausente) e focos de consciência (central, periférico e distante). 
*Vigília e sono: a vigília é o estado fisiológico de consciência enquanto que o sono é o estado fisiológico de não 
consciência. Porém, não existe um limite bem definido entre ambos, visto que há um estado limítrofe, denominado 
sonolência (consciência muito superficial/relaxada), que corresponde ao estado de consciência muito leve. 
*Consciência residual: estado que permite ao indivíduo manter, ainda que de forma sutil, consciência sobre o meio 
ambiente, que lhe permite realizar certos atos, como o caso de acordar antes do despertador. 
*Consciência onírica: o indivíduo experimenta durante o sono, visto que sonho é, de certa forma, a vivência de uma 
realidade paralela, a dos sentimentos ou fobias próprias do indivíduo. 
Obs.: o ciclo sono-vigília tem periodicidade endógena de cerca de 25 horas, mas, habitualmente, acompanha o ciclo 
dia-noite. Tal fixação pode ser alterada quando o indivíduo está isolado do meio ambiente, ou por mudanças de fusos 
horários (Jet lag). 
Sono: é um estado fisiológico especial que ocorre de maneira cíclica e não homogênea (etapas). A reatividade a 
estímulos auditivos, visuais, tácteis e dolorosos é reduzida ou abolida em relação à vigília, particularmente em fases de 
sono profundo, sendo necessário o aumento da intensidade do estímulo para trazer o indivíduo de volta à vigília, o que 
nem sempre é observado, mesmo sob estimulação intensa, particularmente nas crianças. 
Etapas do sono: A caracterização das fases do sono pode ser feita com base em 3 variáveis fisiológicas que 
compreendem o EEG (eletroencefalograma), o EOG (eletro oculograma) e o eletromiograma (EMG) submentoniano. 
Através delas são caracterizados 2 padrões fundamentais de sono: sem movimentos oculares rápidos (NREM) e com 
movimentos oculares rápidos (REM). 
*Sono NREM (Não-REM): O sono NREM é composto por 4 etapas em grau crescente de profundidade, os estágios 
I, II, III e IV. No sono NREM, há relaxamento muscular comparativamente à vigília, porém, mantém-se sempre alguma 
tonicidade basal. O EEG exibe aumento progressivo de ondas lentas, conforme se avança do estágio I para o estágio 
IV do sono NREM. 
Entre as características gerais do sono NREM, pode-se destacar: relaxamento muscular com manutenção do tônus; 
progressiva redução de movimentos corporais; aumento progressivo de ondas lentas no EEG (20-50% de ondas delta 
em sono III, >50% em sono IV); ausência de movimentos oculares rápidos; respiração e ECG regulares. 
*Sono REM: recebe também as denominações de sono paradoxal e de sono dessincronizado. Apesar de ser um estágio 
profundo no tocante à dificuldade de se despertar o indivíduo nesta fase, exibe padrão eletrencefalográfico que se 
assemelha ao da vigília com olhos abertos, ou mesmo do sono NREM superficial (estágio I), sendo este um dos seus 
aparentes paradoxos. Encontram-se nesta fase as chamadas ondas em dente de serra, atividade rítmica

Outros materiais