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Disciplina: Fundamentos da Epidemiologia Aula 6: Institucionalização e Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil e a Construção de Políticas Públicas de Saúde Apresentação Nessa aula, estudaremos a contextualização histórica e social do nosso país que privilegiou a construção de políticas públicas de saúde, do sistema único de saúde (SUS) e o estabelecimento da Epidemiologia como eixo fundamental de estudo de questões de saúde e práticas de saúde coletiva. Os elementos que privilegiaram a introdução da vigilância epidemiológica no Brasil também serão abordados. Serão abordadas as conjunturas históricas no Brasil que contribuíram para a evolução nos sistemas de saúde que culminaram com a construção do sistema único de saúde (SUS), destacando o movimento da Reforma Sanitária e a VIII Conferência Nacional de Saúde. Depois dessa longa viagem no tempo, será observada a transformação/modificação/evolução na forma de garantir a saúde da população brasileira. Objetivos Relacionar a evolução nos sistemas de saúde com as conjunturas históricas no Brasil; Identificar os elementos que privilegiam a introdução da vigilância epidemiológica no Brasil; Analisar o estabelecimento da Epidemiologia como eixo fundamental de estudo de questões de saúde e práticas de saúde coletiva; Descrever a contextualização histórica e social do nosso país que privilegiou a construção do sistema único de saúde (SUS); Relacionar o movimento da Reforma Sanitária com a construção do sistema único de saúde (SUS). Contextualização histórica e social As políticas públicas se expressam em leis, decretos, regulamentações e normas que são adotadas pelo Estado para proteger as condições econômicas e sociais que têm impacto significativo na saúde. O módulo I do CBVE (Curso básico de Vigilância Epidemiológica), oferecido pelo Ministério da Saúde faz uma retrospectiva histórica que inicia com o descobrimento do Brasil e culmina com os dias atuais, trazendo uma contextualização histórica e social do Brasil que privilegiou a construção de políticas públicas de saúde, o sistema único de saúde (SUS) e o estabelecimento da Epidemiologia como eixo fundamental de estudo de questões de saúde e práticas de saúde coletiva. Políticas públicas de saúde no território nacional. (Fonte: VoodooDot e Kazmin Aleksei / Shutterstock) Leitura Clique aqui <galeria/aula6/anexo/a06_02_01.pdf> para ter acesso ao material do CBVE – Curso Básico de Vigilância Epidemiológica e continuar seus estudos. Atividade 1. O filme Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à saúde <https://www.youtube.com/watch? v=f_TO0MPJgPk&t=40s> , propõe uma grande viagem ao tempo. Assista ao filme e depois escreva no espaço abaixo, a sua percepção sobre a modificação na forma de garantir a saúde da população brasileira. Políticas públicas de saúde no Brasil O Brasil é o único país do mundo que se refere a estratégias de uso da Epidemiologia na sua constituição (Constituição Federal – Artigos 196 a 200). Mães aguardam atendimento médico durante surto de zika. (Fonte: Carta Capital <https://www.cartacapital.com.br/revista/886/e- haja-mosquitos/bebes-com- microcefalia/@@images/bf40ffb0-48d9-42d2- 87e7-f9c866bce16c.jpeg> ) A competência do nosso Sistema Único de Saúde (SUS) na execução de ações de vigilância sanitária e epidemiológica, além de outras atribuições, resulta das peculiaridades de sua concepção, baseada na complexidade da dinâmica social e na aplicação de conhecimentos desenvolvidos a partir da nossa realidade de saúde, sendo, então, um modelo articulado com outros setores sociais públicos e privados, bem como com a sociedade civil. Evolução nos Sistemas de Saúde no Brasil A trajetória dos modelos de sistema de saúde no Brasil é determinada pelo tipo de economia e pela concepção de saúde vigente na sociedade no contexto histórico. Modelo Sanitarismo campanhista (Início do século até 1965) Economia: modelo agroexportador. Sistema de saúde: saneamento dos espaços de circulação de mercadorias, com erradicação de doenças que poderiam prejudicar a exportação. A concepção de saúde era fundamentada na teoria dos germes e relação entre agente - hospedeiro e doença. É importante destacar que esse modelo de saúde possuiu inspiração militarista, de combate a doenças em massa, forte concentração de decisões e estilo repressivo de intervenção sobre o individual e o social. Médico assistencial privatista (Até o final dos anos 1980) Economia: industrialização, grande deslocamento de massa operária para os centros urbanos. Sistema de saúde: o importante era atuar sobre o corpo do trabalhador, mantendo e restaurando sua capacidade produtiva. A concepção de saúde era fundamentada na teoria dos germes e relação entre agente - hospedeiro e doença. O modelo médico-assistencialista foi construído por uma deliberação política autoritária, com agentes previdenciários, onde o Governo era o grande patrocinador e produtor de serviços privados, criado na lógica do lucro. Com isso esse sistema mostrou-se ineficiente e desigual com consequências catastróficas para a saúde no país, dentre as quais destacam-se a desigualdade no acesso aos serviços, a inadequação à estrutura de necessidades da população; qualidade insatisfatória dos serviços, ausência de integralidade da atenção e excessiva centralização. Sistema Único de Saúde - SUS O que é o SUS? É o conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público, e de forma complementar pela iniciativa privada. Art. 4º Lei 8.080 Por que o sistema é único? Por ser um conjunto de unidades, serviços e ações que interagem com um mesmo propósito, organizando-se nas três esferas governamentais: Federal, Estadual e Municipal. Princípios ou características do SUS Universalidade O princípio da Universalidade está relacionado ao direito universal ao atendimento, ou seja, todas as pessoas têm o direito ao atendimento, independente da cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego ou renda, caracterizando a saúde como um direito de cidadania, ao ser definido pela Constituição Federal como um direito de todos e um dever do estado. Equidade O princípio da Equidade está relacionado à justiça, ou seja, todo o cidadão deverá ser atendido conforme as suas necessidades, objetivando-se diminuir as diferenças sociais, proporcionando um "atendimento desigual para necessidades desiguais", caracterizado como o princípio de justiça social. É importante destacar que equidade não é sinônimo de igualdade, pois apesar de todos terem direito de acesso aos serviços, independente de cor, raça ou religião e sem nenhum tipo de privilégio, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Integralidade da Assistência Os serviços de saúde devem funcionar atendendo o indivíduo como um ser humano integral. As ações de saúde devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo para prevenção e a cura. Regionalização e Hierarquização Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade crescente, dispostos em uma área geográfica delimitada e com definição da população a ser atendida. Resolutividade É a exigência que um indivíduo busca em um atendimento, ou seja, que o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentar e resolver o problema até o nível de sua complexidade. Descentralização Redistribuição das responsabilidades das ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo (municipal, estadual e federal). Controle Social Participação da população através das entidades representativas na formulação das políticas de saúde e do controle de sua execução, em todos os níveis de governo. Complementaridadedo Setor Privado A Constituição definiu que quando por insuficiência do setor público, poderá ser realizada contratação de serviços privados. Fundamentos da Epidemiologia Em 1990, as ações nacionais de vigilância epidemiológica e todo o seu acervo documental foram absorvidos pela recém-instituída Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Surgiu, então, a proposta de criação do Centro Nacional de Epidemiologia <http://www.ripsa.org.br/lis/resource/466#.WuDZ0G4vy00> (Cenepi), vinculado à Fundação Nacional de Saúde que promoveu o uso da Epidemiologia em todos os níveis do SUS e subsidiou a formulação e a implementação das políticas de saúde nacionais. O Cenepi desenvolveu trabalhos conjuntos com universidades e serviços de saúde, para o estabelecimento e para a consolidação dos seguintes sistemas: ▶ Sistemas de Informação em Saúde; ▶ Sistema Nacional de Mortalidade (SIM); ▶ Sistema Nacional de Nascidos Vivos (SISNAC); ▶ Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN); ▶ Constituição da Rede Nacional de Informação para a Saúde (RNIS); ▶ Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa), capacitação de recursos humanos e apoio à pesquisa. Nessa aula, pudemos observar a transformação/modificação/evolução na forma de garantir a saúde. No início do século XX, a saúde era um dever e uma obrigação da população. Práticas sanitárias eram impostas autoritariamente pelo Estado. Entretanto, no decorrer do século, através da luta popular, essa relação se inverteu. A saúde passou a ser considerada um direito do cidadão e um dever do Estado (Constituição de 1988). Dentro desse contexto, para a evolução plena da saúde pública no Brasil, é imprescindível que constantes atualizações sejam realizadas nas políticas públicas, pois, a reforma sanitária não foi realizada em sua totalidade. Portanto, devem ser desenvolvidas ações sustentáveis e articuladas que possibilitem iniciativas por parte do Estado que tornem o ambiente mais saudável, avançando dessa forma, em políticas de saúde e qualidade de vida. Referências ALMEIDA FILHO, Naomar de; BARRETO, Maurício Lima. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. ALMEIDA FILHO, Naomar de; ROUQUAYROL, Maria Zélia. Introdução à Epidemiologia. 4ª ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. ROUQUAYROL, Maria Zélia; ALMEIDA FILHO, Naomar de. Epidemiologia e saúde. 6ª ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2003. Próximos Passos Pesquisa epidemiológica no Brasil; Práticas acadêmicas e profissionais; Principais Centros de Pesquisa em Epidemiologia; Perspectivas para a Epidemiologia brasileira. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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