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Apostila aquisição de linguagem

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AQUISIÇÃO E 
DESENVOLVIMENTO DA 
LINGUAGEM
PROF.A MA. DÉBORA CRISTINA PRZYBYSZ
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional: 
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1 - TEORIAS DE AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM ........................................................................................................ 5
1.1. CHOMSKY: A TEORIA INATISTA ......................................................................................................................... 7
1.2. SKINNER: TEORIA BEHAVIORISTA .................................................................................................................... 7
1.3. TEORIA INTERACIONISTA, CONSTRUTIVISMO E INTERACIONISMO SOCIAL: PIAGET E VYGOTSKY ...... 8
1.4. PARA ALÉM DAS TEORIAS ............................................................................................................................... 10
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 10
TEORIAS DE AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM
PROF.A MA. DÉBORA CRISTINA PRZYBYSZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA 
LINGUAGEM 
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A disciplina aquisição e desenvolvimento da linguagem abordará as principais teorias 
de aquisição de linguagem, aspectos do desenvolvimento típico, alterações mais comuns de 
linguagem na infância, desenvolvimento fonológico, estimulação de fala e linguagem, bem como 
avaliação e intervenção fonoaudiológica nas alterações de fala da criança. 
Nessa primeira unidade, serão discutidas as principais teorias de aquisição de linguagem, 
como a Teoria Inatista de Chomsky, a Teoria Behaviorista de Skinner, e as Teorias Interacionista, 
Construtivista e Interacionismo Social de Piaget e Vygotsky. 
Para que o futuro fonoaudiólogo possa intervir nas alterações de fala e linguagem, e 
conhecer as teorias de aquisição de linguagem, é fundamental visando uma atuação profissional 
integralizada.
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ENSINO A DISTÂNCIA
1 - TEORIAS DE AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM 
A fala acontece através da ação conjunta de diferentes órgãos. O sistema nervoso central 
atua como integrador das informações e é responsável pelas respostas a serem dadas a cada 
estímulo recebido. As palavras ditas pelo falante chegam aos receptores do ouvido em forma 
de ondas sonoras, que são transmitidas através das vias auditivas ao córtex cerebral, onde essas 
informações são interpretadas. Os centros da linguagem do cérebro são acionados, com intuito de 
formular a resposta, logo, esta chega às áreas motoras que coordenam os músculos do mecanismo 
da fala, que a produzem (MURDOCH, 1997).
Com relação a esses processos, Zorzi (2000) aponta:
Encontramos no curso da evolução do bebê uma série de acontecimentos que 
são indícios de um bom desenvolvimento. O controle da cabeça e do tronco, o 
engatinhar e a marcha, quando ocorrem dentro dos períodos normais, são bons 
indicadores de uma evolução que se processa favoravelmente. Porém, não são 
somente as conquistas motoras que sinalizam um desenvolvimento saudável. O 
melhor indicador evolutivo, pensando-se não somente em funções motoras mas 
considerando-se também as chamadas funções nervosas superiores, diz respeito 
ao aparecimento da linguagem. Longe de refletir simplesmente um processo 
maturacional neurológico, a conquista da linguagem manifesta capacidades 
comunicativas, sociais, afetivas e intelectuais significativamente evoluídas e 
complexas (ZORZI, 2002, p. 12). 
O cérebro humano é dividido em dois hemisférios, o direito e o esquerdo. A produção da 
linguagem acontece graças aos dois hemisférios, sendo que o hemisfério esquerdo é dominante 
no que tange a fala e linguagem, embora o hemisfério direito tenha sua participação. 
O hemisfério esquerdo é dominante no que diz respeito ao ritmo, significado verbal, 
sequenciação e relação entre os elementos. Esse hemisfério participa ainda dos aspectos de 
entonação, timbre e formação de conceitos. Enquanto o hemisfério direito domina a sintaxe 
de imagens visuais e participa da entonação, timbre e formação de conceitos. No hemisfério 
esquerdo temos a área de Broca que é responsável pela codificação da linguagem e a área de 
Wernick que processa a compreensão verbal (GODOY; SENNA, 2012). O quadro em sequência 
elucida tais funções.
Quadro 1 - Funções de linguagem dos hemisférios cerebrais. Fonte: A autora (2018).
Função da Linguagem
Ritmo
Entonação
Timbre
Significado Verbal
Formação de conceitos
Imagens visuais
Sequenciação
Relações entre os elementos
Hemisfério esquerdo
domina
participa
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Hemisfério direito
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participa
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domina
-
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Segundo propõe Lyons (1987), a linguagem é um sistema de comunicação utilizada para 
a interação social. De modo que linguagem é todo o tipo de comunicação em que se pode ser 
compreendido, sendo dividida em linguagem verbal (fala e escrita) e não verbal (linguagem 
corporal, expressões faciais, entre outros).
Desse modo, a linguagem é considerada a primeira forma de socialização da criança, 
utilizando-se da linguagem verbal ou não para isso. Sobre isso, Borges e Salomão (2003, p. 327) 
afirma que “A linguagem corresponde ainda a uma das habilidades especiais e significativas dos 
seres humanos, compreendida como um sistema de sinais de duas faces - significante e significado”.
O início da comunicação humana, acontece quando, antes mesmo de ter domínio da fala, 
o bebê ao precisar que suas necessidades básicas sejam atendidas, chora instintivamente. Esse 
choro é então interpretado pela mãe, que lhe atribui uma função comunicativa.Temática também discutida por Zorzi (2000):
A linguagem se constitui como uma forma de expressão que permite relações 
entre as pessoas. Significados que correspondem a conceitos, ideias, sentimentos 
ou experiências são expressos através de símbolos convencionais (as palavras), 
que são os significantes. A aquisição da linguagem insere-se no quadro de 
evolução do processo mais global de comunicação, que engloba símbolos verbais 
e não verbais (ZORZI, 2000, p. 12). 
Desde muito cedo, o bebê se comunica através de suas expressões faciais, do olhar, da 
risada e do choro. Aos poucos, as expressões faciais e o choro dão lugar aos balbucios e sons 
emitidos pelo bebê, que posteriormente passam a representar e significar, através dos sons 
silabados e de palavras curtas. Sendo assim, é esperado que o desenvolvimento da linguagem, 
aconteça de forma constante e contínua.
O desenvolvimento da linguagem e da fala, apesar de terem grande relação, propõe 
perspectivas diferentes. A linguagem é a capacidade da comunicação, onde compreendemos e 
somos compreendidos. Já na fala, através da linguagem oral, nos deparamos com um processo 
complexo, composto pela pragmática, que remete a nossa intenção comunicativa, a semântica, 
com o conteúdo, vocabulário e significado do que será falado, o sentido sintático, através da 
estruturação da oração, e ainda, no sentido fonético-fonológico, através da emissão dos sons, 
facilitando a emissão de fonemas.
Questionamentos sobre quais processos fisiológicos ocorrem na mente do indivíduo 
quando este está aprendendo a falar determinada língua, são perguntas que tem sido alvo de 
muitos estudos. Essas dúvidas têm um acervo de teorias e cada uma delas vem contribuindo para 
que a proposta em questão seja discutida e estudada de forma mais aprofundada.
O Inatismo, vertente defendida por Chomsky, se consolidou a partir da ideia de que o 
homem possui um conhecimento inato e é pré-destinado a desenvolver habilidades linguísticas. 
A concepção conhecida como Construtivismo, que se instaurou a partir dos trabalhos de 
Jean Piaget, por sua vez, afirma que o homem possui o potencial e que de forma repetitiva o 
conhecimento é desenvolvido. Não diferentemente destes, Vygotsky também se interessou pelos 
fatos relacionados a aquisição de fala e linguagem, elaborando sua vertente na concepção de 
que a linguagem é parte do alcance social. Tais construtos teóricos se caracterizam hoje como 
princípios fundadores de inúmeros estudos no âmbito da aquisição da fala e linguagem.
São variadas as teorias que buscam explicar a aquisição de linguagem, algumas com 
concepções racionalistas, empiristas ou cognitivistas e outras dialéticas. De modo que a seguir 
serão apresentadas as principais teorias dessas abordagens.
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1.1. Chomsky: A Teoria Inatista
Tratando-se da abordagem racionalista, Chomsky (1957), através da teoria inatista, afirma 
que a linguagem tem como origem, mecanismos inatos do indivíduo e que, nesse contexto, a fala 
da criança não poderia se desenvolver apenas por fontes externas como a fala do pai e da mãe 
com a criança. Mas sim, que a fala e linguagem seria desenvolvida exclusivamente graças aos 
fatores inatos (MAXIMILIANO, 2017).
Nesse contexto, Quadros (2007) afirma: “a proposição Chomskiana está pautada no 
inatismo e na ideia de que existe um dispositivo independente para a linguagem, exclusivo da 
espécie humana, de caráter altamente criativo” (QUADROS, 2007, p. 25).
Para Chomsky, o ser humano é dotado, desde o seu nascimento, de uma pré-disposição 
inata para o desenvolvimento de linguagem e que não é possível aprender a linguagem apenas 
através do condicionamento ou repetição. Esse autor defende que a linguagem é um conjunto de 
representações mentais comunicativas, sobre o que Quadros & Finger (2007) discorre:
[...] os seres humanos são, então, dotados de uma capacidade inata para a 
linguagem, e possuem um conhecimento sobre o sistema linguístico, chamado 
de “competência”. Isso explica como uma criança, exposta a tão poucos dados 
no seu ambiente, consegue desenvolver um sistema tão complexo em tão 
pouco tempo. Assim, a existência da GU, acionada por meio de um Dispositivo 
de Aquisição da Linguagem – DAL – nas primeiras versões da teoria, é o que 
desencadeia a competência linguística da criança (QUADROS & FINGER, 2007, 
p. 28).
Em síntese, para Chomsky, o processo de aquisição de linguagem, acontece por meio 
dos aspectos geneticamente determinados e pela experiência linguística da criança com o seu 
contexto de inserção. Isto é, apesar de defender que a linguagem é inata, Chomsky indica a 
presença da experienciação com o meio para o desenvolvimento da fala e da linguagem. De 
modo que o autor afirma: 
o que um professor ensina para uma criança fazendo com que as crianças 
descubram por elas mesmas por meio da curiosidade e da exploração, faz 
com que elas aprendam por elas mesmas de forma muito mais significativa e 
produtiva, do que o que a elas é passado de forma passiva (CHOMSKY, 1988, 
p.135).
1.2. Skinner: Teoria Behaviorista
Quanto a abordagem empirista, a perspectiva Behaviorista, comportamentalista, defendida 
por Skinner (1957) pressupõe que a fala e a linguagem são desenvolvidas em decorrência de um 
processo de imitação e repetição. Processo esse, passivo, em que a criança repete o que ouve 
do adulto, recebendo reforços positivos quando fala de forma correta. Nessa perspectiva, assim 
como na interacionista, que ainda discutiremos nessa unidade, a criança depende do meio e da 
relação com o outro para desenvolver sua fala e linguagem. 
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Nesse âmbito, é possível observar que no behaviorismo, não se acredita em habilidades 
ou estruturas inatas que interfiram ou sejam determinantes no processo de desenvolvimento de 
fala e linguagem: 
Os teóricos behavioristas rejeitam veementemente a existência de qualquer 
tipo de conhecimento inato, pois, segundo eles, o conhecimento – resultado 
do processo de aprendizagem – é produto da interação do organismo com o 
seu meio através de condicionamento estímulo-resposta-reforço (QUADROS & 
FINGER, 2007, p. 13).
Assim sendo, para a teoria behaviorista, o ser humano é um ser moldável pelo seu 
meio de inserção. Dessa forma, nessa abordagem teórica, o comportamento linguístico de uma 
criança é uma resposta à estimulação realizada por um fator externo: família, professor ou outros 
estímulos. (QUADROS & FINGER, 2007). 
Para os behavioristas “o ser humano, portanto, é concebido como uma espécie de ‘caixa 
preta’, cuja natureza interior não pode ser analisada ou sequer levada em consideração pela 
teoria psicológica” (QUADROS & FINGER, 2007, p. 9). Resumidamente, na teoria behaviorista, 
o desenvolvimento da fala e linguagem precisa do meio, do outro (pai, mãe, professor) e do 
processo de repetição para aprender e assimilar a fala. 
1.3. Teoria Interacionista, Construtivismo e Interacionismo 
Social: Piaget e Vygotsky
Na abordagem dialética, a teoria interacionista, afirma que é por meio da relação adulto/
criança, pai/filho, mãe/filho, professor/aluno que acontece o desenvolvimento da fala e da 
linguagem. Para os teóricos interacionistas, a interação social é essencial para o desenvolvimento 
de linguagem. De modo que o desenvolvimento de linguagem é caracterizado e marcado pela 
mediação entre a criança e o ambiente.
Nesse sentido, Sousa et al. (2011, p. 48) afirma: 
Como resposta às teorias inatistas, que pressupunham que o conhecimento 
se achava sedimentado no sujeito através da sua bagagem hereditária, surge o 
paradigma interacionista mostrando que o sujeito, ao interagir como meio, acaba 
construindo o próprio conhecimento, entre eles, o conhecimento linguístico.
Na perspectiva de Vygotsky, na interação com o outro, o bebê como sujeito biológico vai 
se tornando em sujeito sócio histórico. Para esse autor, as características individuais são moldadas 
pelos fatores externos e pelo meio de inserção da criança. Nesse processo, a mediação favorece o 
desenvolvimento de funções psicológicas superiores.
Ainda que o bebê apresente a intenção comunicativa desde os seus primeiros meses de 
vida, sabe-se que a relação adulto/criança é importante para propiciar o desenvolvimento de fala 
e linguagem. Buscando explicações para o desenvolvimento de linguagem através do contato da 
criança e sua interação com o meio social, a teoria interacionista vem como uma forte vertente 
teórica que busca justificar a influência do meio sobre o desenvolvimento de fala e linguagem. 
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Fato que foi discutido por Prates e Martins (2011):
Assim, o contato mãe-criança por meio do olhar e melodia da fala são pré-
requisitos para o desenvolvimento comunicativo. Além disso, a amamentação, 
além de ser um importante momento de trocas entre mãe e filho, assume 
destacado papel no desenvolvimento e maturação dos órgãos fonoarticulatórios, 
possibilitando, futuramente, a complexa tarefa de articulação dos sons da fala 
(PRATES & MARTINS, 2011, p. 55). 
A linha construtivista, por sua vez, segue os preceitos do psicólogo suíço Jean Piaget 
(1959), que estudou a linguagem como parte do desenvolvimento cognitivo. Para Piaget, o 
indivíduo nasce com uma potencialidade, que é dada pela capacidade de aprender. Para esse 
autor, o conhecimento é a transferência e assimilação de estruturas. Ou seja, cada estrutura 
(conhecimento ou estímulo do meio), ao ser assimilada pelo indivíduo, encontra de forma natural 
outras estruturas que já foram assimiladas anteriormente. Dessa maneira, o processo constante 
de assimilação e reorganização provoca o desenvolvimento cognitivo e linguístico do indivíduo.
Nesse viés, Piaget (1959), desde o início de suas pesquisas, buscou relacionar a linguagem 
e o pensamento. Entendendo que a formação do pensamento ocorre concomitantemente com 
o desenvolvimento da linguagem. Para esse autor, o desenvolvimento da linguagem acontece 
através do desenvolvimento da inteligência da criança, de modo em que no brincar simbólico a 
criança passa a sentir necessidade de se comunicar. O que é explanado no trecho a seguir: 
Sendo a linguagem para Piaget uma função do pensamento, seu trabalho trata 
das formas que ela assume e do papel que ela desempenha em cada um dos 
estágios do desenvolvimento do pensamento lógico. A fala da criança é, assim, 
enfocada a partir do processamento do pensamento (FONTANA E CRUZ, 1997, 
p. 89).
Para Jean Piaget, o ser humano constrói a linguagem como um ser ativo e não passivo, 
como em outras teorias do desenvolvimento de linguagem. Para esse autor, desde o nascimento, 
a criança possui instintivamente o desejo de aprender e se comunicar com o mundo. 
Nesse sentido, Piaget defende que o desenvolvimento cognitivo é de origem biológica, 
mas acredita que os atos biológicos são influenciados e adaptados pelo meio. Dessa forma, para 
Piaget o desenvolvimento cognitivo é uma adaptação.
Resumidamente, a concepção interacionista do desenvolvimento de fala e linguagem 
acredita que a interação entre o ser humano e o meio, gera a aquisição de conhecimentos, por 
meio de um processo gradativamente. Em síntese, na teoria interacionista, o aprendizado de 
linguagem é construído através da interação, dependendo tanto do indivíduo quanto do meio.
As teorias de aquisição de fala e linguagem são variadas, para conhecer mais so-
bre o tema, aprender sobre outras teorias que não foram citadas nesse material e 
conhecer sobre pesquisas no Brasil a respeito de aquisição de linguagem, o texto 
de Quadros & Finger (2007) poderá auxiliar. Texto disponível em: https://www.re-
searchgate.net/publication/268366651. 
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Sobre as teorias de aquisição de linguagem, ainda que os autores apresentem 
diferentes teorias e perspectivas, é importante questionar se a linguagem se de-
senvolveria apenas com os aspectos inatos e biológicos? E apenas com a inte-
ração social, sem ter a parte neurológica preservada, é possível desenvolver a 
linguagem?
Pensando assim, as teorias acabam se complementando em alguns aspectos, 
visto que apesar de ser necessário o aparato anatômico e aspectos neurológicos, 
a interação social, o contato com o meio, o processo de interação entre adulto/
criança, criança/criança é necessário e determinante nos aspectos de desenvolvi-
mento de fala e linguagem.
1.4. Para Além Das Teorias
Além das teorias de aquisição de fala e linguagem, atualmente sabemos que vários são os 
fatores necessários para o desenvolvimento de fala e linguagem conforme o esperado para cada 
idade/etapa do desenvolvimento. Zorzi (2002) é um dos estudiosos que se volta a essa temática, 
para ele, a estimulação, o tempo de desenvolvimento de cada criança, questões emocionais, de 
maturidade social, genéticas e de saúde, podem interferir o processo de aquisição de linguagem. 
Além disso, esse autor refere em diversos trechos de seus estudos a importância do brincar para 
o desenvolvimento de fala da criança. Sobre isso ele afirma:
O brincar simbólico desenvolve-se quando outros personagens em suas ações 
tornam-se mais variados e sistematizados. Na medida em que a criança atribui 
aos outros a mesma capacidade que ela possui, ocasiona uma descentralização 
do simbolismo em relação à ação própria. Contudo, deve-se considerar que o 
faz-de-conta desenvolve-se não só na afirmação do simbolismo, mas também 
em determinadas coordenações entre as ações. A rotina, antes representada de 
modo isolado, passa a combinar em sequências mais complexas e mais próximas 
das ações reais (ZORZI, 2002, p. 77).
Além de propiciar momentos de brincadeira simbólica, utilizar músicas, estimulação 
lúdica e gerar na criança a necessidade de se comunicar de forma verbal, é fundamental para o 
desenvolvimento de fala e linguagem. 
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nessa unidade aprendemos sobre as teorias de aquisição de fala e linguagem, onde 
estudamos as teorias inatista, behaviorista, interacionista e construtivista.
Aprendendo sobre as teorias, é importante refletir de que maneira acontece o processo de 
aquisição de fala e linguagem. Aparatos inatos são necessários e de igual forma, a interação com 
o meio e com o adulto. 
Para o fonoaudiólogo, profissional que lida diretamente com as questões de fala e 
linguagem, o conhecimento dessas vertentes teóricas é muito importante, visto que é por meio 
desse embasamento teórico que se direcionará o planejamento da terapia fonoaudiológica.
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 12
1 - DESENVOLVIMENTO DE FALA E LINGUAGEM ................................................................................................. 13
1.1. ESTIMULAÇÃO DE FALA E LINGUAGEM .......................................................................................................... 19
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 22
DESENVOLVIMENTO DE TÍPICO DE LINGUAGEM
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INTRODUÇÃO
A emissão dos primeiros sons, assim como das primeiras palavras, são momentos muito 
esperados pelos papais e mamães. Da mesma maneira que as teorias de aquisição de linguagem 
e os aspectos do desenvolvimento típico de linguagem vem sendo estudado a muitos anos e por 
profissionais das diversas áreas do conhecimento, como medicina, psicologia, fonoaudiologia, 
pedagogia, entre outros.
A linguagem é um sistema ordenado que viabiliza a comunicação de informações, ideias 
e sentimentos. Espera-se que o desenvolvimento da linguagem, aconteça de forma contínua, de 
modo que ao passar do tempo à criança vai evoluindo sua comunicação. Entretanto, para algumas 
crianças, em decorrência a vários fatores, esse processo pode sofrer alterações e prejuízos. Sendo 
que a Fonoaudiologia é fundamental para evitar problemas futuros que as alterações de linguagem 
podem causar. De modo que o diagnóstico e a intervenção fonoaudiológica precoce, possibilitam 
um prognóstico favorável ao paciente.
Nessa unidade será discutido o desenvolvimento típico de linguagem, tratando das 
perspectivas de Vygotsky e Piaget para esse processo, aprenderemos o que é esperado para o 
desenvolvimento de fala em cada idade, desenvolvimento fonético e fonológico, bem como 
orientações sobre estimulação de fala e linguagem na infância.
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1 - DESENVOLVIMENTO DE FALA E LINGUAGEM
A linguagem humana pode ser compreendida no âmbito compreensivo ou receptivo. De 
modo que em sequência serão explicadas as diferenças nesses aspectos.
Quanto a linguagem compreensiva, esta diz respeito à compreensão especificamente, 
de modo que a criança que tem a linguagem compreensiva preservada, será capaz de fazer 
juízo crítico, compreender recados, dramatizar histórias, interpretar e compreender histórias, 
compreender ordens simples e complexas, assim como executar ordens complexas com três 
ações ou mais. 
Com relação a linguagem expressiva, em um bom desenvolvimento de fala e linguagem, 
é esperado que a criança consiga estruturar frases completas com uso de verbos, completar 
verbalmente frases ou histórias, passar recados, nomear cores, conseguir se expressar verbalmente 
de modo que consiga ser totalmente compreendido pelo ouvinte, além de expressar-se verbalmente 
utilizando-se de conceitos adquiridos ao longo do seu desenvolvimento de fala e linguagem. 
Sobre a importância da fala e da linguagem, Luria (1986, p. 57) afirma:
A palavra não somente designa objetos do mundo externo, ações, traços e relações, 
mas também analisa e generaliza esses objetos. A palavra é o instrumento de 
análise da informação que o sujeito recebe do mundo externo. Se no início da 
vida da criança o significado da palavra possui um caráter afetivo, ao finalizar 
a idade pré-escolar e no começo da escolar, no significado da palavra já se 
encerram as impressões concretas sobre a experiência direta real e prática. Nas 
etapas posteriores começam a haver por trás das palavras sistemas complexos 
de enlaces e relações abstratas, e a palavra começa a introduzir o objeto em uma 
determinada categoria de sistemas conceituais hierarquicamente organizados.
Propriamente em relação as fases do desenvolvimento de linguagem, utilizaremos como 
base os estudos de Vygotsky e sequencialmente, de Piaget.
Para Vygotsky, es etapas de desenvolvimento de linguagem são:
- Fala social (0 a 3 anos): é a primeira fase do desenvolvimento de fala, durante esse 
período, a fala da criança vem associada a ações, de modo que ambas atividades fazem parte de 
uma mesma função psicológica. 
- Fala egocêntrica (3 aos 6 anos): é um estágio transitório de fala, em que a criança 
começa a utilizar a fala como uma expressão do pensamento. Nesse período a criança usa a fala 
no começo de suas ações, utilizando a fala como um auxílio nas ações da criança. 
- Função planejadora (a partir dos 6 anos): período de auto regulação na fala, período 
em que a criança passa a se tornar interna, apresentando controle de fala, pensamento e 
comportamento. Nesse momento, a fala é planejada, domina a ação e é utilizada para a expressão 
do pensamento. 
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Além disso, Vygotsky também elenca em seu estudo, etapas para o desenvolvimento das 
operações mentais:
- Estágio natural ou primitivo: período de fala pré-intelectual e pensamento pré-
verbal. Etapa do desenvolvimento marcada por choro, balbucios e sorrisos, isto é, de aspectos 
comunicativos que antecedem a fala.
- Estágio das experiências psicológicas ingênuas: período em que a criança passa 
a apresentar experiências psicológicas mesmo antes de ter consciência disso. Etapa em que a 
criança conjuga verbos, mesmo sem ter aprendido isso anteriormente.
- Estágio dos signos exteriores: esse período é uma consequência das experiências 
psicológicas ingênuas, onde a criança usa seu pensamento para executar/planejar as ações que 
deseja. 
- Estágio do crescimento interior: a criança interioriza seus pensamentos e fala.
Enquanto Piaget compreendendo a linguagem como uma forma de interação. Questão 
abordada por Lorandi (2011, p. 147):
De forma especial estão relacionados à aquisição da linguagem os períodos 
sensório-motor (do nascimento ao segundo ano de vida), em que se dá a noção 
de permanência do objeto, e pré-operatório (dos dois aos sete anos), em que 
inicia a função simbólica e representativa, importante para a aquisição da 
linguagem. Em seguida, a criança passaria pelos estágios: operatório concreto 
e de operações formais, sendo que cada um deles abrange determinadas etapas 
do desenvolvimento cognitivo pelas quais todo ser humano passa. Para esse 
teórico, a criança desenvolve a linguagem em seu contato com o meio em que 
vive, e a constrói assim como constrói qualquer conhecimento – por meio dos 
mecanismos de assimilação e acomodação.
De modo que Piaget definiu as etapas de desenvolvimento linguístico da seguinte forma:
- Sensório-motor (0 a 2 anos): período de associação entre função simbólica e ação 
motora. A criança cria consciência do próprio corpo e a fala é apresentada como ecolalia/
repetição.
- Período simbólico (2 aos 4 anos): etapa de fantasias, forte presença de simbolismo, a 
linguagem é utilizada como um monólogo e acontece a socialização da ação.
- Período intuitivo (4 aos 7 anos): período de busca constante por explicações, faz 
diversos questionamentos e separa fantasia da realidade. Nessa etapa a criança consegue manter 
diálogo. 
- Período operatório concreto (7 aos 11 anos): desenvolvimento do pensamento lógico, 
a criança interage em grupos, compreende regras e sua linguagem e fala são socializadas. 
- Período operatório abstrato (a partir dos 11 anos): desenvolvimento do pensamento 
hipotético-dedutivo e abstrato, a linguagem é usada em uma discussão e possibilita ao falante 
chegar a conclusões. 
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Ao observamos as etapas do desenvolvimento de fala e sequencialmente os estágios 
de desenvolvimento das operações mentais acima expostos, fica evidente que essas etapas do 
desenvolvimento estão relacionadas entre si, ou seja, a medida que a criança vai desenvolvendo 
sua fala, vai elaborando seu pensamento e funções psicológicas superiores. Ou seja, não é possível 
separar o desenvolvimento de fala e de pensamento. Tais conclusões, nos remetem aos estudos de 
Piaget, que relaciona constantemente linguagem e pensamento. 
O que Vygotsky enfatiza em seus escritos:
O estudo do pensamento e da linguagem é uma das áreas da psicologia emque 
é particularmente importante ter-se uma compreensão clara das relações inter-
funcionais existentes. Enquanto não compreendermos a inter-relação entre o 
pensamento e a palavra, não poderemos responder a nenhuma das questões 
mais específicas deste domínio, nem sequer levantá-las (VYGOTSKY, 2009, p. 
06).
Quanto ao desenvolvimento de fala e linguagem é possível observar que desde muito 
cedo a criança apresenta intenções comunicativas, o sorriso, o apontamento, o choro e o olhar, 
antecedem o desenvolvimento de fala, sendo esse período chamado de pré-verbal. Dessa maneira, 
a aquisição de fala e linguagem é uma consequência da necessidade da criança de se comunicar. 
Questões que ficam evidentes na afirmação de Schirmer (2005):
Muito antes de começar a falar, a criança está habilitada a usar o olhar, a expressão 
facial e o gesto para comunicar-se com os outros. Tem também capacidade 
para discriminar precocemente os sons da fala. A aprendizagem do código 
linguístico se baseia no conhecimento adquirido em relação a objetos, ações, 
locais, propriedades, etc. Resulta da interação complexa entre as capacidades 
biológicas inatas e a estimulação ambiental e evolui de acordo com a progressão 
do desenvolvimento neuropsicomotor (SCHIRMER et al., 2005, p. 96).
Para aprofundar mais o conhecimento a respeito do desenvolvimento de lingua-
gem, é indicada a leitura de VYGOTSKY. Lev Semynovitch. A construção do pen-
samento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Disponível em: https://
edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2477794/mod_resource/content/1/A%20cons-
trucao%20do%20pensamento%20e%20da%20linguagem.pdf.
O artigo “A influência do ambiente familiar e escolar na aquisição e no desenvol-
vimento da linguagem: revisão de literatura”, de Scopel et al., (2011) possibilitará 
uma reflexão a respeito da interação família/escola no desenvolvimento de fala 
e linguagem. Artigo disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2011nahe-
ad/33-11.pdf.
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Vídeo dia do Fonoaudiólogo – 2017, abordando as áreas de atuação da Fonoau-
diologia. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=pvcD9GWivmM
A seguir, será apresentado uma tabela com o que é esperado na fala da criança para cada 
idade, usando os parâmetros de Rigolet (1998), Zorzi (1999) e Mousinho (2008).
Tabela 1 - Desenvolvimento de fala. Fonte: a autora.
A partir dos 48 meses, trocas de fonemas devem ser observadas atentamente e é 
importante que a família procure um fonoaudiólogo para avaliar se existem trocas fora do 
esperado. Abordaremos essa temática de forma mais aprofundada nas próximas unidades dessa 
disciplina.
0 a 2 meses
3 a 8 meses
9 a 11 meses
11 a 12 meses
13 a 18 meses
19 a 24 meses
24 a 48 meses
Surgem os balbucios/vocalizações e sons guturais. A criança emite sons com o 
intuito de ser vista e receber reforço da mãe/família e discrimina sons familiares
Aumento na produção de sons, iniciam a produção de fonemas específicos. Nesse 
período, os sons/fonemas passam a ser emitidos pela criança. Etapa
de fala linguística, de modo que os primeiros fonemas a serem emitidos são o /p/, 
/b/, /m/
Etapa em que a criança passa a emitir combinações de sons para se referir a 
algo, combinando consoante e vogal. Período de pré-conversação, marcado pelas 
vocalizações e busca de resposta por parte do adulto
Emissão de palavras curtas, com troca de fonemas. Exemplo: “mama, papa”
A criança utiliza a fala de forma expressiva, com significação e já apresenta aumento 
de vocabulário. Nesse período a criança tem em média 10 a 20 palavras no seu 
vocabulário, mas ainda não emite todos os fonemas do português
Período de questionamento da criança, busca conhecer novas palavras, usa seu 
vocabulário para se comunicar, forma frases e responde a ordens.
 Nessa idade é esperado que a criança fale de 100 a 200 palavras
Criança mantém diálogo, produz frases e apresenta aumento de vocabulário. Até os 
4 anos, é esperado que a criança apresente fala fluente, de modo que nessa idade 
deve haver redução nas trocas fonológicas e sua fala deve ser totalmente inteligível
Idade e desenvolvimento de fala esperado
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Nesse sentido, Zorzi (2000) defende:
Informações a respeito das alterações da linguagem infantil devem estar ao 
alcance de todos os profissionais que trabalham com crianças a fim de que estes 
possam orientar e encaminhar as famílias cujos filhos, por algum motivo, não 
estejam conseguindo evoluir satisfatoriamente (ZORZI, 2000, p. 12).
Outro ponto importante, é que, como já mencionado, vários são os fatores que 
influenciam no desenvolvimento de fala e que cada criança possui suas características individuais 
e o seu tempo. Sendo assim, o desenvolvimento de fala e linguagem pode não seguir, de forma 
exata, as etapas esperadas para cada idade. Entretanto, é importante que o fonoaudiólogo tenha 
o conhecimento de cada etapa do desenvolvimento, para realizar uma avaliação detalhada do 
desenvolvimento de fala da criança. 
Conforme explana Scopel (2011): 
O desenvolvimento da linguagem depende não somente das condições biológicas 
inatas de cada indivíduo, como também sofre influência de fatores ambientais 
presentes nos meios em que as crianças estão inseridas, como por exemplo, a 
família e a escola (SCOPEL et al., 2011, p. 734)
Durante o período de desenvolvimento de fala e linguagem, vários aspectos podem 
influenciar, dentre eles fatores biológicos, psicológicos e sociais. Quanto aos fatores biológicos, 
a integridade do sistema nervoso central, desenvolvimento intelectual, integridade do sistema 
auditivo e integridade dos órgãos periféricos da fala, são fundamentais para o desenvolvimento 
adequado de fala e linguagem. Com relação aos fatores psicológicos, a ausência ou pouco vínculo 
afetivo entre mãe/família e criança e alterações de ordem psicológica podem trazem impactos 
negativos ao desenvolvimento de fala. Os fatores sociais também impactam nesse processo 
de desenvolvimento, uma vez que ambientes familiares desestruturados, sem estímulo de fala 
adequado influenciam negatividade esse processo.
A seguir, serão elencadas algumas estratégias que podem ser realizadas pela família da 
criança objetivando propiciar o desenvolvimento esperado de fala e linguagem:
- Propiciar à criança um ambiente tranquilo e rico em estímulos;
- Aproveitar a rotina diária para estabelecer diálogo com a criança;
- Interagir com a criança quando esta apresentar ou não intenção comunicativa;
- Dar reforço positivo às tentativas de fala da criança;
- Estimular aspectos cognitivos da linguagem;
- Evitar uso de gestos e buscar estimular a criança a se comunicar de forma verbal;
- Observar seu filho para identificar atividades que o interessem, para dessa forma 
direcionar a estimulação de fala e linguagem em casa;
- Estar sempre atento a qualquer alteração observada durante esse processo, buscando 
uma avaliação profissional o mais precocemente possível. 
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Sendo assim, para algumas crianças, adquirir esse sistema de sons é um grande desafio. 
Em alguns casos, isso acontece devido a criança ser portadora de alguma alteração neurológica, 
auditiva, autismo ou casos de lesões orgânicas nos órgãos fonoarticulatórios (língua, lábios, 
dentes, cavidade nasal, palato mole, palato duro, entre outros). Porém, há casos de crianças 
com problemas na fala que não estão ligados a nenhuma das condições aqui citadas, esses casos 
referem-se a desvios fonológicos.
Yavas (2001) indica em um de seus estudos que muitas crianças apresentam desordens na 
comunicação ou tem dificuldades no âmbito fonológico. Isto é, dificuldade quanto a organizaçãodos sons, escolha dos sons em sua sequência correta, na constituição de palavras ou até mesmo 
na utilização desse conhecimento.
Sobre os desvios no padrão de fala, é através do estudo da Fonologia, que se torna possível 
que fonoaudiólogos, por exemplo, trabalhem na solução ou amenização dos padrões alterados 
de fala.
Segundo Spíndola (2007), a Fonologia, em um sentido mais restrito é o estudo dos padrões 
de sons de uma língua, ou seja, é o estudo sistemático dos sons, entendendo a função desses sons 
em determinada língua, organização e classificação desses sons. Em um sentido mais amplo, a 
Fonologia refere-se ao estudo em todos os aspectos da fala, entendendo a percepção, produção, 
aspectos cognitivos e motores da fala.
Especificamente, quanto as idades esperadas para aquisição de cada fonema, utilizaremos 
como parâmetro Andrade et al. (2004), conforme imagem em sequência.
Tabela 2 - Fonemas por idade. Fonte: Andrade (2004).
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Para aprender mais a respeito de Fonética e Fonologia, o livro em sequência pos-
sibilitará novos aprendizados sobre tais temáticas. SILVA, Thais Cristófaro. 
Dicionário de Fonética e Fonologia. 1 ed., São Paulo: Contexto, 2011.
1.1. Estimulação De Fala E Linguagem
Desde o nascimento, a criança passa por diversas etapas no desenvolvimento global e 
assim como as outras áreas do desenvolvimento, a fala também precisa ser estimulada desde 
cedo.
Figura 5 - Desenvolvimento de fala e linguagem. Fonte: Fonoisabellabonzi (2018).
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Estimulações na musculatura orofacial da criança, influenciam no seu desenvolvimento 
de fala e por esse motivo, o aleitamento materno e sequencialmente a mastigação na introdução 
alimentar, são grandes aliados nesse processo de desenvolvimento.
Para a maior parte das crianças, o desenvolvimento de fala e linguagem acontece de 
forma contínua. Desde bebê, a criança vai se comunicando através do choro, das risadas e sua 
comunicação vai progredindo até emissão de fonemas, palavras e depois frases. Entretanto, em 
decorrência a diversas questões como alterações nas condições orgânicas, sensoriais, sociais, 
afetivas e cognitivas, o desenvolvimento de fala e linguagem poder ser prejudicado (ARDUINO-
MEIRELLES et al., 2006). 
Quanto a isso, Halpern (2002) afirma que as principais causas de alterações no 
desenvolvimento de fala e linguagem são consequências de Síndrome de Down, alterações 
neurológicas, alterações cognitivas, autismo, desnutrição e prematuridade.
Temática também abordada por Prates e Martins (2011):
Os distúrbios da comunicação constituem algumas das doenças infantis 
mais prevalentes, manifestando-se como atraso ou desenvolvimento atípico 
envolvendo componentes funcionais da audição, fala e/ou linguagem em níveis 
variados de gravidade. Na maioria das vezes esses distúrbios são percebidos 
pelos pais, que referem que a criança tem dificuldade para falar ou que não fala, 
é dificilmente compreendida, incapaz de dizer alguns sons corretamente ou que 
gagueja (PRATES & MARTINS, 2011, p. 54).
Nos casos em que há uma patologia associada, ou existe suspeita do atraso de fala, é 
importante que a criança passe por uma avaliação fonoaudiológica os mais cedo possível, 
objetivando identificar se existe a necessidade da estimulação de fala precoce. 
Nesse viés, Souza (2005, p. 427) indica:
As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde devem ser garantidas 
nos variados aspectos associados à comunicação humana em todo ciclo vital, 
uma vez que a comunicação humana abrange o falar, o ouvir, o ler, o escrever e os 
informes não verbais (expressões faciais, gestos, hesitações e o próprio silêncio. 
Sua qualidade é determinante para autoconfiança, felicidade e segurança, 
propiciando uma comunicação mais efetiva e fundamental para saúde do sujeito. 
A fonoaudiologia é fundamental para evitar problemas futuros que as alterações de 
linguagem podem causar. Por meio da terapia e diagnóstico precoce, é possível reverter os 
aspectos alterados, além de evitar que as demais etapas do desenvolvimento de linguagem sejam 
prejudicadas, como o desenvolvimento de leitura e escrita, por exemplo.
É factível observar que, ainda que seja possível constatar que o número de crianças com 
atraso no desenvolvimento de linguagem vem crescendo, a terapia fonoaudiológica precoce, em 
conjunto com a participação da família no tratamento da criança, possibilita um bom prognóstico 
ao paciente, evitando agravos da patologia.
Pesquisadores afirmam que crianças com atraso no desenvolvimento de linguagem 
podem vir a apresentar dificuldades fonológicas, morfológicas, de semântica e em vários outros 
aspectos. Por isso a importância do atendimento fonoaudiológico precoce.
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Com relação a importância do diagnóstico precoce, Prates e Martins (2011, p. 58) 
enfatizam:
As alterações no desenvolvimento da fala e da linguagem podem causar sérios 
problemas no desenvolvimento cognitivo e socioemocional na idade escolar 
ou adolescência. Estudos demonstram que a detecção de tais alterações aos 
dois a três anos reduz 30% a necessidade de acompanhamento terapêutico 
(fonoaudiologia, psicologia, educação especial, entre outros) aos oito anos de 
idade.
Nesse sentido, a estimulação de fala precoce é muito importante para a prevenção 
de alterações ou atrasos de fala, visto que nos primeiros anos de vida a plasticidade neural é 
mais suscetível a estimulação, esse período em que a criança é mais sensível à aquisição e 
desenvolvimento da linguagem deve ser aproveitado.
Os primeiros anos de vida têm sido considerados como o período crítico para o 
desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem. Etapa em que ocorre o processo de 
maturação do sistema nervoso central e a experienciação.
A linguagem verbal é fundamental para o desenvolvimento de outras habilidades. De tal 
forma, é importante que o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem seja observado 
com atenção pela família da criança.
Nos casos de atraso de fala ou outras alterações de linguagem, o fonoaudiólogo tem papel 
primordial na avaliação e reabilitação. A terapia precoce é primordial visando readequar o que 
está alterado e possibilitar o melhor prognóstico para a criança. Na intervenção precoce, são 
utilizadas diversas técnicas de abordagens terapêuticas, visando melhorias em sua comunicação.
O diagnóstico precoce permitirá que ocorra a intervenção o mais cedo possível, para 
aproveitar o período crítico de maturação e plasticidade funcional do sistema nervoso central, 
objetivando um prognóstico positivo para o desenvolvimento de fala e linguagem da criança.
A intervenção precoce acontece desde os primeiros dias de vida, até aproximadamente 4 
anos de vida e é importante que aconteça com uma equipe multidisciplinar, como fonoaudiologia, 
fisioterapia, psicologia, estimulação musical, terapia ocupacional, psicopedagogia, entre outras 
que se façam necessárias em cada caso específico.
As diretrizes educacionais brasileiras definem os processos de estimulação de fala como: 
Um conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais 
incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, nos seus primeiros 
anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno desenvolvimento no 
seu processo evolutivo (BRASIL, 1995, p. 11).
A família pode influenciar no desenvolvimento de fala e linguagem da criança? A 
postura da família, frente as intenções comunicativas da criança em casa, inter-
ferem ne sua forma de comunicação? Quando a criança aponta para um objeto 
e sua família busca, mesmo sem que a criança tenha dito algo de forma verbal, 
prejudicao desenvolvimento de fala?
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A leitura em sequência é indicada para conhecer mais a respeito do que as diretri-
zes educacionais brasileiras indicam quanto a estimulação precoce: 
BRASIL. Diretrizes educacionais sobre estimulação precoce. Secretaria de Educa-
ção Especial. Brasília: MEC, SEESP, 1995.
Tomando como base, os preceitos de Vygotsky (2009), entendemos que o processo 
de desenvolvimento de fala e linguagem, é influenciável pela família e escola, visto que tal 
desenvolvimento é construído no contato social. Desse modo, é importante que os pais sejam 
mediadores entre a criança e o mundo. A criança aprende através do ouvir e da imitação, de 
modo que os adultos/família são os espelhos da criança durante seu desenvolvimento global.
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa unidade, aprendemos a respeito do desenvolvimento típico esperado de fala e 
linguagem, bem como a aquisição fonológica. É importante observar, que o conhecimento do 
fonoaudiólogo sobre o processo de aquisição dos sons da fala e de suas etapas, bem como das 
teorias de aquisição de fala e linguagem, trabalhado anteriormente é de grande importância para 
a delimitação de um parâmetro de normalidade, que será o direcionamento central da avaliação 
fonoaudiológica clínica e sequencialmente da preparação da terapia fonoaudiológica, temática 
que ainda discutiremos nessa disciplina. 
Tomando por base que fonoaudiólogo é o profissional capacitado tanto para avaliação 
quando para reabilitação dos aspectos de fala e linguagem, os temas aqui abordados deverão 
acompanhá-lo durante toda sua carreira profissional, visando um atendimento integral aos seus 
pacientes. 
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 24
1 - DESVIO FONOLÓGICO ........................................................................................................................................ 27
1.1. AUTISMO ............................................................................................................................................................ 28
1.2. ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS ........................................................................................................................ 35
1.3. SÍNDROME DE DOWN ...................................................................................................................................... 35
1.4. GAGUEIRA .......................................................................................................................................................... 37
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 40
ALTERAÇÕES MAIS COMUNS DE FALA E 
LINGUAGEM NA INFÂNCIA
PROF.A MA. DÉBORA CRISTINA PRZYBYSZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA 
LINGUAGEM 
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INTRODUÇÃO
Conforme mencionado anteriormente nessa disciplina, em decorrência a vários fatores, 
muitas crianças acabam apresentando algum tipo de alteração de fala e linguagem. 
Desde o início da década 80, um grande número de pesquisas mostrou a grande demanda 
de patologias da comunicação, englobando alterações de fala, linguagem e audição. A partir desse 
pressuposto, deu-se a necessidade da inserção da Fonoaudiologia tanto nos serviços de Saúde 
Pública quanto em serviços privados, atuando na Atenção Primária, Secundária e Terciária, 
conforme o Conselho Regional de Fonoaudiologia – CREFONO (2005), No Sistema Único 
de Saúde - SUS, o fonoaudiólogo deve realizar intervenções específicas que são garantidas por 
lei, como o teste da orelhinha (exame de emissões otoacústicas), promoção da saúde vocal do 
professor, participação em atendimentos multidisciplinares na Atenção Primária, atenção ‘a 
saúde da pessoa portadora de deficiência, atenção ‘a saúde do trabalhador, assistência domiciliar, 
incentivo ao aleitamento materno, saúde do idoso e saúde na escola (CREFONO, 2005). 
Desde a inserção da Fonoaudiologia no Sistema Único de Saúde, entre as décadas de 70 
e 80, a prática fonoaudiológica foi marcada mais por ações reabilitadoras que de promoção e 
prevenção da saúde da população (MOREIRA; MOTA, 2009). Com base na Lei 6965 de 9/12/81, 
fica estabelecido que o Fonoaudiólogo é o profissional capacitado a desenvolver o trabalho de 
prevenção quanto à área de comunicação escrita e oral, voz e audição, pesquisando, prevenindo, 
diagnosticando, habilitando, reabilitando e aperfeiçoando os aspectos citados. Também, Almeida 
e Furtado (2009) e Almeida (2013) citaram que o SUS deve prestar serviço aos usuários dos 
serviços de saúde, acolhendo-os e tratando-os de forma integral, realizando atendimento clínico 
ampliado e garantindo meios necessários à saúde fonoaudiológica. 
Dessa forma, é relevante a realização de estudos que destaquem a importância das ações 
dos atendimentos fonoaudiológicos, pois de acordo com César e Maksud (2007), estes terão 
como frutos conhecimentos técnicos e científicos capazes de expandir seu domínio e atuação na 
área da Saúde Pública.
Especificamente, com relação ao que tange as questões do desenvolvimento de fala e 
linguagem, Souza (2005, p. 426) aponta:
A comunicação, objeto de estudo da Fonoaudiologia, vista como forma de 
integração social do indivíduo por meio das diversas modalidades da linguagem, 
merece importante atenção das ações de saúde pública, uma vez que possibilita 
ao indivíduo se colocar como agente transformador da sociedade e de sua 
realidade. 
Alterações auditivas, apraxia, autismo, gagueira, síndromes, desvios fonéticos, desvios 
fonológicos, alterações de ordem neurológica e alterações anatômicas podem causar prejuízos na 
fala e linguagem. Independente que qual a causa da alteração de fala e linguagem, é importante 
que os familiares procurem um fonoaudiólogo para realizar uma avaliação, buscando identificar 
a necessidade ou não de terapia. 
Quanto a etiologia de tais alterações, Prates e Martins (2011, p. 57) ponderam: “A 
etiologia dos distúrbios da comunicação pode envolver fatores orgânicos, intelectuais/cognitivos 
e emocionais (estrutura familiar relacional), ocorrendo, na maioria das vezes, inter-relação entre 
todos esses fatores”. 
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Figura 6 - Crianças e comunicação. Fonte: Conselho Federal de Fonoaudiologia (2018).
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Em relação ao atraso de fala, quando a criança aponta e sua família atende prontamente, a 
criança provavelmente demorará mais a desenvolver sua fala, uma vez que a criança compreende 
que através do apontamento conseguirá se comunicar, não entendendo, dessa forma, a necessidade 
de se comunicar de forma oral. Isto é, a criança precisa sentir necessidade de falar, se toda vez 
que ela apontar algo e a família responder ao seu pedido, seu desenvolvimento de fala pode ser 
prejudicado, levando a um atraso no desenvolvimento de fala.
Quando acontece o atraso de fala, várias habilidades linguísticas são alteradas, de modo que 
a criança poderá apresentar menor complexidade da linguagem, dificuldades no processamento 
fonológico, dificuldade na memória de curto prazo, menor extensão de vocabulário e em geral a 
linguagem expressiva acaba sendo mais comprometida do que a linguagem receptiva (ZERBETO 
et al., 2015).
Com relação as especificidades do atraso na fala, Zorzi (1993, p. 32) indica:
Vocabuláriorestrito, dificuldades em elaborar frases, uso pouco frequente 
da linguagem, dificuldades de compreensão, inabilidade para relatar fatos ou 
acontecimentos vivenciados; narrativa truncada e apoiada em gestos, fala 
ininteligível, geralmente acompanhada de distúrbios articulatórios.
Conforme Mota (2002), a linguagem humana é composta pela pragmática (a linguagem 
no contexto de seu uso), semântica (o sentido e significado de uma palavra), sintaxe (função e 
relação das palavras em uma frase), morfologia (palavras, sua formação e classificação), gramática 
(composto por regras sintáticas e morfológicas) e fonologia (sistema de fonemas de uma língua). 
Tema também abordado por Lorandi (2011, p. 150):
É possível estudar a aquisição de subsistemas gramaticais da língua, tais como o 
fonológico, o morfológico, o sintático, o lexical ou o semântico, a partir de uma 
concepção formal da linguagem. Sob esse prisma, ancoram-se os estudos no que 
já há descrito na língua sobre o subsistema em análise, observam-se dados da 
fala ou deduzem-se hipóteses a partir da intuição do linguista, e explicase, via 
teoria de aquisição da linguagem, como esse subsistema é adquirido pela criança.
Nesse sentido, Fonologia, é a ciência que estuda a formação de sílabas, morfemas, palavras 
e frases. Buscando compreender como é organizada e estabelecida a relação “mente e língua” 
durante o processo de comunicação. 
As alterações no padrão fonológico de fala, podem ser divididas em transtorno fonético 
e fonológico. Transtorno fonético ocorre em casos em que as alterações na emissão dos fonemas 
acontecem em decorrência a alterações anatômicas ou funcionais dos órgãos fonoarticulatórios, 
isto é, alterações na musculatura, como por exemplo, hipotonia, alterações de formação, 
macroglossia ou frênulo lingual encurtado. Tais alterações podem ter como etiologia alterações 
exclusivamente de motricidade orofacial ou alterações neurológicas, como é o caso da hipotonia 
e da macroglossia nos pacientes com Síndrome de Down, por exemplo. 
Sendo assim, as terapias de transtornos fonéticos e fonológicos são diferentes, de modo 
que no transtorno fonético, é necessário trabalhar os aspectos de motricidade orofacial, para 
sequencialmente trabalhar em específico as alterações de fala. A terapia de motricidade orofacial 
será abordada em outra disciplina, portanto, não trabalharemos sobre tal temática nesse momento.
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1 - DESVIO FONOLÓGICO
O transtorno fonológico é a alteração nos padrões fonológicos que ocorre na ausência de 
alterações anatômicas dos órgãos fonoarticulatórios ou de outra ordem. Desse modo, o transtorno 
fonológico é a dificuldade de usar o sistema fonológico de forma correta, fonemas e estruturas 
silábicas. No transtorno fonológico, a criança apresenta fala com substituições, omissões ou 
distorção de fonemas.
Conforme discutido anteriormente, a estrutura da linguagem compreende alguns 
sistemas, que são a pragmática, semântica, sintaxe, morfologia, gramática e fonologia. 
Yavas (2001) afirma que a maioria das crianças apresenta desordens na comunicação ou 
tem dificuldades no âmbito fonológico. Isto é, dificuldade quanto a organização dos sons, escolha 
dos sons em sua sequência correta, na constituição de palavras ou até mesmo na utilização desse 
conhecimento. Também sobre isso, Wertzner (2002) afirmou que, em geral, o diagnóstico das 
trocas fonológicas acontece na idade pré-escolar ou escolar.
Nesse viés, Schirmer (2005) aponta:
Acredita-se que as dificuldades de aprendizagem estejam intimamente 
relacionadas a história prévia de atraso na aquisição da linguagem. As dificuldades 
de linguagem referem-se a alterações no processo de desenvolvimento da 
expressão e recepção verbal e/ou escrita (SCHIRMER, et al., 2005, p. 95).
Ainda sobre isso, Scopel et al. (2011), indicam:
O adequado desenvolvimento da linguagem verbal é de grande importância 
para o início do processo de alfabetização, contribuindo para que ocorra uma 
boa comunicação escrita. O vocabulário e a fonologia adequados possibilitam 
um bom desempenho social da linguagem por meio de uma emissão eficiente e 
pronúncia correta (SCOPEL et al., 2011, p. 734 – 735).
Além disso, a consciência fonológica é muito importante para o desenvolvimento de fala 
e linguagem, visto que essa é a capacidade de segmentar as palavras em sua menor unidade, por 
isso muitas vezes o diagnóstico acontece em idade escolar. A consciência fonológica é composta 
por várias habilidades, entre elas o reconhecimento e produção de rimas, diferenciação de pares 
mínimos, habilidades de segmentação, subtração de fonemas, segmentação de palavras em sílabas. 
De modo que a consciência fonológica não é apenas importante para o bom desenvolvimento de 
fala, mas também é muito importante durante o processo de alfabetização e desenvolvimento.
Sobre isso, Nunes (2009, p. 2007) indica:
O papel da consciência fonológica sobre a aprendizagem da leitura e escrita é 
amplamente referenciado na literatura, assim como a importância no emprego 
de atividades de consciência fonológica de forma preventiva ou reabilitadora.
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Vários são os estudos que buscam investigar a etiologia das alterações fonológicas e 
já tem sido observado que existe relação entre o transtorno fonológico e questões biológicas, 
psicossociais e ambientais. Quanto a isso, Papp e Wertzner (2006) concluíram em seu estudo que 
o transtorno fonológico está associado ao histórico familiar da criança e ao reforço que a família 
faz na fala da criança, ou seja, se a criança tem um familiar com trocas fonológicas, sua chance de 
apresentar tal transtorno é maior que uma criança sem o mesmo histórico na família, assim como 
quando a família estimula ou reforça a fala infantilizada. 
Quando o uso dos processos fonológicos continua além da idade esperada, ou, apresentam 
processos não observados no desenvolvimento fonológico típico, ocorre o que chamamos de 
desvios fonológicos, que são os desvios na fala, na ausência de problemas orgânicos como 
deficiência auditiva, anormalidades anatômicas ou neurofisiológicas e para tratar tal alteração de 
fala, a terapia fonoaudiológica é primordial (GALEA & WERTZNER, 2005).
Além de alterações fonética e fonológica, algumas crianças apresentam atrasos na fala, 
que é o caso de pacientes autistas ou de outros transtornos globais do desenvolvimento. O atraso 
de fala também acontece em crianças que não tem nenhuma patologia associada. 
1.1. Autismo
Além de alterações fonética e fonológica, algumas crianças apresentam atrasos 
e outras dificuldades na fala, que é o caso de pacientes autistas ou de transtornos globais do 
desenvolvimento. Pensando assim, é importante lembrar que atraso de fala também acontece em 
crianças que não tem nenhuma patologia associada. 
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), também conhecido como Autismo, é um 
transtorno do desenvolvimento, que se caracteriza por alterações comportamentais, dificuldades 
de interação social e de comunicação, com prevalência cinco vezes maior em meninos, para cada 
um do sexo feminino (Fombonne, 2009; Rice, 2007).
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 70 milhões de 
pessoas sofrem com o autismo e uma em cada 88 crianças apresenta sintomas de autismo. 
O autismo pode ser definido como um transtorno neurobiológico, caracterizado por 
alterações no desenvolvimento global da criança.
Para o fonoaudiólogo, conhecer a respeito do que é o autismo, quais seus primeiros sinais 
e as possibilidades de tratamento, é fundamental para a atuação clínica.
O Transtorno do Espectro Autista provoca atrasos e desvios no desenvolvimentoglobal 
da criança, sendo que o diagnóstico precoce e logo, a intervenção de forma interdisciplinar, são 
de suma importância para o prognóstico favorável e qualidade de vida para o autista.
A estimulação de fala em casa, em conjunto com o modelo correto de fala, estimu-
la a criança a falar de forma adequada? Falar de forma infantilizada com a criança, 
deixa sua fala infantilizada?
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O indivíduo com autismo pode apresentar comprometimento na comunicação, 
comportamentos repetitivos e disfuncionais, assim como dificuldades no âmbito da interação 
social. Em alguns casos sintomas do autismo podem ser visualizados desde o nascimento da 
criança, de forma bem precoce, visto que em geral, os sintomas costumam ser evidentes antes dos 
3 anos de idade ou até aos 18 meses de vida. Enquanto em outros, os sintomas do autismo podem 
ser discretos e não identificados de forma precoce. 
Ainda existem diversos questionamentos a respeito da identificação do autismo, uma 
vez que o diagnóstico deve ser realizado através da observação clínica do paciente, assim como 
entrevista detalhada com os pais ou responsáveis. Além disso, escalas de triagem como ATA 
(Escala de Traços Autísticos) e M-CHAT (Modified Checklist Autism in Toodlers) podem auxiliar 
no processo diagnóstico.
Os profissionais envolvidos, pediatras, fonoaudiólogos, neuropediatras e psicólogos 
devem estar atentos aos primeiros sinais buscando por um diagnóstico o mais cedo possível. A 
avaliação multidisciplinar é o ponto diferencial no diagnóstico do autismo. É importante que 
todos os profissionais envolvidos compreendam a singularidade de cada criança, assim como 
conheça o contexto de inserção do paciente. Além disso, a ação conjunta entre profissionais da 
área da saúde, paciente, família e escola é imprescindível para um bom resultado da terapia. 
É importante enfatizar que cada criança é diferente, desse modo, os sintomas também 
podem ser distintos, variando de grau e intensidade. Assim como nem todas as crianças autistas 
apresentarão os mesmos sintomas.
Aspectos que requerem atenção:
- Comunicação: atraso ou não emissão de fala, dificuldade de compreensão de fala, não 
compreende metáforas, repetição de palavras ou frases (ecolalia) e ausência de contato visual 
durante a comunicação;
- Comportamento: brinca ou utiliza o brinquedo de forma fora do padrão, interesses 
atípicos ou excessivos, dificuldade em aceitar mudanças de rotina e realização de movimentos 
repetitivos/estereotipados;
- Interação social: dificuldade de se relacionar com crianças da mesma idade, prefere 
ficar isolado, dificuldade para compreender e aceitar ordens, ausência ou pouco contato visual;
- Alterações no âmbito sensorial: alterações nos aspectos de visão, audição, tato, olfato 
e paladar. Como sensibilidade excessiva para toques físicos, sons ou estímulos visuais, grande 
incômodo para cortar unhas ou cabelos, limiar de dor reduzido e preferência por tipos de 
consistências alimentares;
No Brasil, a pessoa com autismo se enquadra na Política Nacional de Proteção dos 
Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (Lei 12.764 de 27/12/12), de modo 
que o autista, para a lei, é considerado uma pessoa com deficiência. 
Quanto ao autismo, uma das áreas do desenvolvimento afetada por tal patologia, é a fala 
e linguagem, no âmbito da comunicação expressiva e receptiva. 
A algum tempo atrás, o autismo era subdividido em categorias, e uma dessas subdivisões 
era a Síndrome de Asperger. Atualmente, o autismo é definido por única classificação. O que 
também ficou evidente no DSM 5, em que o autismo, transtorno do espectro autista e Síndrome 
de Asperger, passaram a ser classificados com Transtorno do Espectro Autista – TEA e usar um 
único CID.
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Conforme relato dos pais de pacientes autistas, 75% a 88% das crianças com autismo já 
apresentavam sinais indicativos da patologia antes dos dois anos e de idade e 31% a 55%, antes de 
1 um ano (YOUNG, BREWER; PATTISON, 2003). 
Sendo assim, é muito importante estar atento aos primeiros sinais, ou sinais de alerta. 
Figura 7 - Características clínicas de crianças para TEA. Fonte: Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Outras 
Drogas/Dapes/SAS/MS.
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Estar atento aos sinais e características de risco é fundamental, visando o diagnóstico 
o quanto antes. O tratamento precoce é muito importante, pois objetiva melhorar as alterações 
de comunicação e comportamento, buscando melhorar a qualidade de vida do paciente autista. 
Visto que os sinais de autismo já podem ser observados antes dos 3 anos de idade, é possível 
buscar diagnóstico e intervenção precocemente.
A imagem em sequência mostra alguns dos primeiros sinais de autismo. 
Figura 8 - Primeiros sinais de autismo. Fonte: Diretrizes de Atenção à Reabilitação de pessoas com transtornos do 
espectro do autismo, Ministério da Saúde (2013).
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Nesse sentido, os principais sintomas são:
- Motores: realização de movimentos estereotipados, como correr de um lado para o 
outro, enfileirar brinquedos, observar objetos se aproximando excessivamente deles.
- Sensoriais: apresentar o hábito de cheirar ou lamber objetos, incômodo excessivo com 
barulhos do cotidiano (como liquidificador, ventilador, músicas), incômodo ou fixação por 
objetos luminosos, passar a mão repetidas vezes em um objeto ou em determinada parte do 
corpo. 
- Rotinas: apresenta grande irritação com mudanças de rotina, com dificuldade em 
aceitar mudanças na alimentação, querer assistir sempre o mesmo programa na televisão, dormir 
sempre do mesmo lado da cama, por exemplo. 
- Fala: repetição de palavras por meio de ecolalia, de modo que a criança repete o que lhe 
foi dito, inclusive na mesma entonação, podendo realizar a ecolalia de forma imediata ou tardia, 
bem como regressão no desenvolvimento de fala. 
- Expressividade: dificuldade em expressar emoções, demonstra pouco sentimento ou 
demonstra de forma exagerada, dificuldade em expressar seus desejos, insensibilidade a dor, 
apresentando choro excessivo ou ausência de choro em momentos de dor.
Em relação aos aspectos de linguagem alterados pelo autismo, Campelo (2009, p. 1) 
aponta:
As maiores dificuldades de linguagem enfrentadas por crianças com autismo são 
relacionadas aos aspectos pragmáticos e à estruturação de narrativas. Limitações 
de compreensão sobre como as pessoas usam a linguagem para obter algo e na 
interpretação de narrativas, impedem o sujeito autista de compreender, enunciar 
e manter uma conversação.
Quanto às principais alterações do autismo na vida do indivíduo, a dificuldade na 
interação social é apresentada como dificuldade em realizar contato visual, expressão facial e 
pouca demonstração de sentimentos e emoções. Quanto aos prejuízos no âmbito da comunicação, 
o autista apresenta dificuldade na comunicação expressiva e receptiva, dificuldade em manter 
diálogo e de se expressar através da fala. Já as alterações comportamentais são vistas pela 
dificuldade da criança com autismo em brincar de forma simbólica, repetição de comportamentos 
(se balançar, realizar movimentos repetitivos com as mãos, entre outros), grande interesse por 
rodas de carro ou asas de um avião, assim como riso ou choro inapropriado.
A etiologia do autismo tem sido alvo de diversos estudos, porém o que já se sabe é que 
fatores genéticos e hereditários podem ser determinantes, mas que fatores ambientais também 
podem influenciar no desenvolvimento de autismo.
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As diretrizes de atenção à Reabilitação da pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo 
(TEA), sugerem que a anamnese com os responsáveis pelo paciente, componha questionamentos 
a respeito de aspectos qualitativos da comunicação, linguagem e interação social, atenção 
compartilhada, comportamentos de apego, afetividade, brincadeira, comportamentos repetitivos 
e estereotipados, sensibilidade sensorial e problemas de comportamento. Além disso, as diretrizes 
apontam que a observação do paciente é muito importante para o diagnóstico e tratamento, 
de forma que deve ser observada a atenção compartilhada, busca de assistência, responsividade 
social, sorriso, outras expressões afetivas identificáveis pelo observador, linguagem, relação com 
objetos, brincadeiras e atividades, brincadeira funcional, brincadeira simbólica, atividade gráfica, 
movimentos estereotipados do corpo e aspectos sensoriais (BRASIL, 2013).
O diagnóstico é realizado através de observação e testes comportamentais, sendo analisados 
os sintomas de comportamento apresentados pela criança com suspeita de autismo. O ideal é que 
o diagnóstico seja dado por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, neurologistas, 
pediatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros profissionais que se 
façam necessários em cada caso, especificamente. Já se sabe que o diagnóstico precoce é essencial 
visando o melhor prognóstico ao paciente, através da intervenção realizada precocemente.
Sobre o autismo e a intervenção nesses casos, Fernandes (2008, p. 268) afirma:
A questão envolvendo a possibilidade de identificação da melhor abordagem 
terapêutica para essas crianças também tem sido discutida na literatura. As 
pesquisas têm identificado a efetividade de diversas abordagens terapêuticas e 
chamam a atenção para o fato de que qualquer comparação deve levar em conta 
os dados a respeito do contexto familiar e social
Pensando assim, quando o fonoaudiólogo atender um paciente que apresente sinais de 
autismo, ainda que não possua diagnóstico, é necessário que o paciente seja encaminhado para 
um neurologista e para equipe multidisciplinar para investigar a suspeita diagnóstica.
Sobre a linguagem no autismo: DELFRATE, Christiane de Bastos., SANTANA, Ana 
Paula de Oliveira., MASSSI, Giselle de Athaíde. A aquisição de linguagem na crian-
ça com autismo: um estudo de caso. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pe/
v14n2/v14n2a12.pdf. 
Apesar das alterações sociais, comportamentais e de comunicação aqui abor-
dadas, os autistas apresentam grandes habilidades, podendo ter destaque em 
matemática, ótima memória, bom desempenho em atividades de atenção e con-
centração. Vários famosos têm autismo, como Beethoven, Bill Gates, Tim Burton 
e Susan Boyle, o que não os impediu de realizar suas funções e ter uma carreira 
brilhante.
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O filme Rain Man retrata o quanto a compreensão 
e a aceitação do autismo podem ser transformado-
ras no relacionamento com a pessoa autista.
Figura 9 - Filme Rain Man. Fonte: United (1989).
A terapia de autismo, especificamente, será abordada na próxima unidade. A seguir, a 
figura da campanha nacional do dia do autismo:
Figura 10 - Conscientização do autismo. Fonte: Comitê Aspirante (2018).
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1.2. Alterações Neurológicas
As alterações neurológicas são lesões no sistema nervoso central, que acontecem em 
decorrência a paralisias, microcefalia, traumatismo craniano, acidente vascular encefálico e 
processos degenerativos, por exemplo. Tais lesões podem ocasionar atrasos e desvios no padrão de 
fala e linguagem, assim como dificuldades na motricidade orofacial em decorrência de prejuízos 
cognitivos, sensoriais e neuromusculares. 
As alterações de fala, nesses casos, comprometem a inteligibilidade de fala e produção 
verbal, dificultando a comunicação em vários aspectos.
Nesses casos, a reabilitação com uma equipe multidisciplinar, composta por 
fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista, psicopedagogo, entre outros, é fundamental devido aos 
comprometimentos em diversas áreas apresentadas pelo paciente. 
1.3. Síndrome de Down
A Síndrome de Down é uma alteração cromossômica, causada por um cromossomo extra 
no par 21. Quanto maior a idade materna, maior as chances de gestar um bebe com a Síndrome 
de Down. 
Os exames diagnósticos durante a gestação são ultrassonografia, transluscência nucal, 
cordocentes e amniocentese. Enquanto após o nascimento, podem ser realizados exames de 
sangue para confirmar a síndrome. 
Pessoas com a síndrome, tem como características principais:
- Pálpebras são menores;
- As palmas das mãos apresentam uma única prega, em vez de duas;
- Membros superiores e inferiores encurtados;
- Hipotonia muscular;
- Protusão de língua;
- Macroglossia;
- Alteração de fala e linguagem: devido a questão intelectual e de motricidade orofacial;
- Bruxismo;
- Dificuldades de aprendizagem;
- Baixa imunidade;
- Problemas de visão;
- Respiração oral;
- Problemas cardíacos congênitos; 
Revista Comunicar, matéria Fonoaudiologia e Microcefalia. 
Disponível em: http://www.fonoaudiologia.org.br/publicacoes/revista_comuni-
car_68/. 
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- Alterações respiratórias; 
- Refluxo Gastro Esofágico;
- Otites de repetição; 
- Pescoço alargado;
- Osso esterno afundado ou projetado;
- Alterações de tireoide;
Cabe enfatizar que nem todas as características estarão presentes e que o nível de 
comprometimento é diferente em cada caso da síndrome. 
A Síndrome de Down não tem cura, mas é necessário tratamento para as alterações 
acima mencionadas, bem como terapias para melhorar a qualidade de vida. As terapias são 
interdisciplinares, visando proporcionar melhora global ao paciente com Síndrome de Down.
O tratamento fonoaudiológico é essencial, visando trabalhar as alterações de tonicidade e 
de fala, também a fisioterapia e terapia ocupacional, buscando estimular as funções psicomotoras, 
psicopedagogia, objetivando melhorar os aspectos de aprendizagem, e acompanhamento 
psicológico. 
No Brasil, o Sistema Único de Saúde – SUS defende o diagnóstico e intervenção precoce. 
A seguir, uma figura publicada pelo SUS a respeito da Síndrome de Down.
Para aprender mais sobre a estimulação na Síndrome de Down, leia: 
http://www.movimentodown.org.br/wp-content/uploads/2015/10/Guia-de-esti-
mula%C3%A7%C3%A3o-PARA-DOWNLOAD.pdf
O filme intitulado Do luto à luta trata a respeito da Sín-
drome de Down e da necessidade de que a família lute 
pela melhoria no desenvolvimento global e na melhoria 
na qualidade de vida da pessoa com Síndrome de Down. 
Figura 11 - Filme Do luto à luta. Fonte: Original (2005). 
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Figura 12 - Síndrome de Down. Fonte: SUS, Ministério da Saúde (2018).
1.4. Gagueira
Gagueira, ou disfluência, é a quebra de fluência na fala. Causando alterações de fluência, 
ritmo e rupturas na fala, como prolongamentos, bloqueios e repetições de sons.
Durante o desenvolvimento de fala e linguagem, a gagueira não é considerada patológica 
e é chamada de disfluência fisiológica. Mas se essa gagueira persistir, pode ser considerada como 
gagueira adquirida (Ré et al., 2009). 
As principais diferenças entre a disfluência naturais e as gagueiras são:
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