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Diário de campo correto 2018 word

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
JANETE LUSIA SCHNEIDER BODELON, RU 1374395
KEILA SALOMÉ DA ROSA DE LIMA, RU 1365522 
PORTFÓLIO
UTA Alfabetização e Letramento: Fundamentos e Metodologias na Educação Básica, Língua Estrangeira (Inglês)
MÓDULO A – FASE I
ITAJAÍ
2018
A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A NOVA LDB
 Quando falamos da Inclusão nos dias atuais, vemos mais do que nunca a necessidade de falar de uma educação não mais paralela, ou que se restringe somente aos espaços relacionados à sala de aula e seu entorno. Pelo contrário. A educação de hoje se estende a todos os lugares onde nosso alunado se encontra. Isso engloba família, escola, bairro e sociedade como um todo.
Como nos diz a Lei:
Art. 2° A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
 
 Viemos então observar essa questão no dia a dia de uma dessas escolas que nossos governantes pensam estarem preparadas para tal função. Fomos a campo na Escola Municipal Elsir Bernadete Gaya Muller, no município de Navegantes, Santa Catarina, onde pudemos durante vários dias observar como se dá o trabalho com os alunos que necessitam de atendimento educacional especializado. Uma escola bem estruturada, com ambientes limpos, banheiros higienizados, refeitório que acomoda bem suas crianças e adolescentes, pois a escola possui turmas do ensino fundamental 1 e 2. Foi nos dada toda a atenção possível por parte da equipe diretiva e professores. Tivemos a oportunidade de conversar e acompanhar alguns alunos com tais necessidades em suas atividades diárias. A escola não tem alunos cadeirantes ou com dificuldades de locomoção. Em sua maioria são Autistas, Síndrome de Down, Asperger, alunos esses com direito de acompanhamento de Agente de Educação. Existem ainda vários alunos com dificuldades de aprendizagem, como Disléxicos, Epiléticos, Hiperativos, os quais não tem direito a acompanhamento de Agente, mas estarão em atendimento na sala de AEE (Atendimento Educacional Especializado), digo estarão porque a escola até o momento está sem psicopedagoga para atender a todos esses alunos, os quais por Lei tem o direito a esse atendimento e de preferência em período contrário a sua jornada de estudo. Porém raramente acontece em horário oposto, mais pela logística dos familiares que trabalham e não tem condições de retornar a escola duas vezes ao dia. Grande parcela desses alunos ainda frequentam a APAE ou a AMA (Associação de Pais e Amigos dos Autistas). Quando lançamos nosso olhar sobre a realidade da escola pudemos observar que não se torna tão simples a inclusão desses alunos como preconiza a Lei, pois observamos que cada dia se torna um desafio para quem partilha com amor desse trabalho, principalmente os Agentes de Educação da Educação Especial, são heróis e heroínas tentando com o pouco que tem, fazer a diferença na vida dessas crianças e famílias. Por vezes em condições precárias adaptam as matérias para aquele educando ao seu lado, para que esse usufrua da melhor forma possível daquele momento. Quando não tem material suficiente ou o professor não adapta o assunto daquela matéria específica, lá vão eles procurar em livros, apostilas usadas, materiais que seriam jogados no lixo, e com seus alunos fazem inúmera atividade de recorte e colagem, adaptam ou ainda fazer milagres para que aquela criança esteja ao menos um pouco inserida nesse mundo chamado escola. Não podemos aqui julgar os professores que atuam na escola, pois os mesmos também não foram preparados, ninguém jamais instruiu os mesmos de qual seria ou é a melhor forma de receber, lidar ou ensinar esses alunos. Digo ainda que a menor culpa seja desses professores, pois conversando com alguns professores percebemos que os mesmos se sentem frustrados por não conseguir dar a devida atenção a aquele aluno que também faz parte da sua turma, não por falta de atividades ou planejamento, pois disso a internet está cheia, os livros e apostilas, porém não em específico para aquela síndrome ou dificuldade, para aquele aluno que necessita de algo diferenciado.
 A equipe diretiva durante as reuniões e conselhos de classe sempre deixa os professores cientes de suas obrigações em relação a todo e qualquer aluno, mas a dificuldade desses profissionais se torna visível aos nossos olhos.
 Na medida do possível a escola foi se adaptando com a inserção desses alunos no seu ambiente, com um banheiro adaptado com barras e porta mais larga, equipamentos específicos na sala de AEE, jogos, livros e brinquedos direcionados para esse público especial. Percebemos a frustração da diretora, em suas palavras, ao nos relatar da demora da vinda da professora de AEE. A sala toda equipada, porém bem pequena, hoje está sendo usada pelas Agentes que acompanham esses alunos, levando os mesmos para que em alguns momentos possam fazer as atividades ou jogos no computador, ou mesmo os jogos pedagógicos que ali estão e ainda quando o aluno está mais agitado ou agressivo. Outra opção que são livres para escolher é levá-los a quadra de esportes, a informática ou corredores da escola para que o aluno possa reconhecer seu espaço e não se sentir preso, entediado em permanecer as quatro horas sentado numa sala de aula. A equipe diretiva dessa escola realmente se supera em matéria de acolhida dessas crianças, recebendo a todos com abraços e beijos, chamando carinhosamente para sua sala, envolvendo as famílias, o que é de fundamental importância para essas crianças. 
 Pudemos ainda conversar com a mãe da aluna “B”, com Asperger, a qual frequenta o 9° ano do ensino fundamental 2, relatando suas dificuldades com a adolescência da menina e o quanto a escola tem lhe ajudado a lidar com certas situações. Manifestou ainda o desejo da filha de se formar, ir ao passeio dos formandos e participar do baile de formatura. Expôs sua ansiedade, junto com a filha, para esse momento tão importante. Comentou ainda, que estava com dúvidas em relação aos estudos da filha, se ela continuaria frequentando a escola no Ensino Médio, e sua saída foi se aconselhar na escola com a Agente de Educação da filha, a qual achou de fundamental importância a menina continuar os estudos. Para a mãe foi um alívio partilhar suas dúvidas e frustrações com a profissional, e acrescenta que em vários momentos compartilha de problemas relacionados a filha, principalmente o comportamento da mesma.
 Foi nos dada a liberdade para acompanhar dois alunos Autistas no 5°ano do ensino fundamental 1, o aluno “D” e a aluna “E”, os quais acompanham a maioria das atividades da turma toda. A professora tem uma dinâmica para lidar com os mesmos, a felicidade dela contagia, se reproduz nos outros pares, os quais sempre estão dispostos a ajudar os dois com afinco, com respeito e muito carinho. Ficamos maravilhados ao notar que numa sala com 30 alunos, os 2 especiais tem toda a atenção possível e quando é hora daquela “bronquinha”, os dois também se ajeitam na cadeira, fazem silêncio como todos os demais que ali estão.
 Tivemos o privilégio de acompanhar a turma num momento de extrema importância, quando a aluna “E” trouxe para a sala de aula um texto e folhetos informativos referentes a semana do Autismo que se comemora no mês de abril. E outro dia da semana fomos acompanhar a turma num passeio para a AMA, instituição que atende a esses alunos. Foi maravilhoso acompanhá-los num momento tão importante e perceber como é gratificante esse trabalho. Assistimos a uma pequena palestra, cineminha e conversamos com a psicopedagoga 
 Ao longo dos dias acompanhamos o recreio, educação física, salas de aula ambiente, na qual o professor permanece na sala e os alunos que trocam de sala, havendo um momento de descontração para os mesmos andando pelos corredores e encontrando seus amigos, colegas, equipe diretiva, professores e sempre rola um papinho, até os alunos especiais aproveitam essesmomentos.
 Certamente ainda há um longo caminho a percorrer para chegarmos a um ideário de educação. Onde todos que ali estão inseridos possam de fato se sentir partícipes integrais dessa transformação que a boa educação causa.
 Ainda nos faltam muitos degraus a serem percorridos para que essa educação tão desejada por muitos, saia do papel e se torne lei de forma efetiva e pratica. Ainda mais no tocante a educação especial, que ainda está caminhando a passos lentos rumo a pequenas mudanças.
 Ainda não temos mobiliário suficientemente adequado, material suficientemente adaptado a cada aluno em suas especificidades. Faltam professores especializados que correspondam a demanda das necessidades de cada particularidade.
 A inclusão deve estar presente em cada situação do nosso dia a dia. Até porque, ela se faz necessária em cada esfera da nossa sociedade: tanto em nossas famílias, em nossas escolas e na sociedade como um todo. Afinal, normalmente, todos pertencemos a uma família. Mas é na família que temos nosso primeiro viés de ajuda, de amparo, de acolhida de amor e carinho. Do afeto tão necessário para que cada criança possa crescer e se desenvolver, de forma segura e protegida.
Conforme Cunha:
Quando o educador trabalha com os ideais da educação inclusiva, a sua prática finda abarcando todos os níveis e as modalidades de ensino: a educação especial, a educação de jovens e adultos, a educação infantil e assim por diante, alcançando a diversidade discente- diferentes etnias, culturas ou classes sociais.
 Isso também faz parte da Educação Inclusiva. Quando permitimos que não haja exceções, sempre que possível, de uma criança, um adolescente, um jovem, um adulto sentirem-se aceitos, respeitados dentro desses três contextos. 
Como nos diz Maria Dolores Fortes Alves:
...um bom educador é aquele que ajuda a produzir sonhos- que parece utópico, mas existe a possibilidade de viabilizar-se pelas mãos amorosas em ação. Esta utopia é a humanização e a amorosidade na e pela educação; uma educação com e por amor, uma educação que vise muito além de formação do fazer, mas uma educação do Ser.
 Corroboramos com isso! Antes de qualquer coisa, precisamos aprender a ensinar com amor.
Referências Bibliográficas:
ALVES, Maria Dolores Fortes. Favorecendo a inclusão pelos caminhos do coração. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.
CUNHA, Eugênio. Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade. Rio de Janeiro: Wak Editora,2014.
MONTESSORI, Maria. Para Educar o Potencial Humano. São Paulo: Papirus, 2003.

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