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TRABALHO DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER - Formatado (1)

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ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO, MARKENTING E COMUNICAÇÃO ESAMC SANTOS
 AMANDA LOPES DA SILVA – RA 11190834
 CAROLINA SILVEIRA BENTO BARBOSA – RA 1190331
 CASSIA DE ARAUJO FALCÃO – RA 11190608
 IURY TAVARES P.P. DA SILVA – RA 11190859
 JESSICA DE JESUS MORAES – RA 11190941 
 LUCAS PEREIRA DE OLIVEIRA – RA 11190810
 MELISSA GOMES FERREIRA – RA 11190887 
 VICTOR SOUZA SILVA – RA 11190175
 VITORIA SILVEIRA BENTO BARBOSA – RA 1190310
 RONALDO NASCIMENTO DE OLIVEIRA – RA 11190504
DIREITO CIVIL
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
SANTOS – SP
 2020
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................	3
2. DEFINIÇÕES DE AUTORES.........................................................................................	 4
3. EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO – ARTIGO 250 CÓDIGO CIVIL.................................... 	 8 
4. INEXECUÇÃO CULPOSA DO DEVEDOR – ARTIGO 251 CÓDIGO CIVIL................	11
5. ACESSÓRIOS – ARTIGO 287 CÓDIGO CIVIL...........................................................	13
6. ARTIGO 389 CÓDIGO CIVIL............................................................................	15
7. ARTIGO 390 CÓDIGO CIVIL.......................................................................................	18
8. ARTIGO 536 CDIGO PROCESSO CIVIL CIVIL.........................................................	20
9. ARTIGO 1.301 CÓDIGO CIVIL........................................................................	22
10. ARTIGO 1.378 CÓDIGO CIVIL.......................................................................	24
11. ARTIGO 1.383 CÓDIGO CIVIL..................................................................................	25
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................	27
13. PERGUNTAS............................................................................................................. 28
14. REFERÊNCIAS..........................................................................................................	29
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1. INTRODUÇÃO
Todas as obrigações que venham a se constituir na vida jurídica, compreendem sempre alguma das seguintes condutas: dar, fazer e não fazer. Dentro desta perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo abordar as obrigações de não fazer, identificando os artigos do Código Civil no qual estão inseridos fundamentando e expondo um caso concreto. 
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A obrigação de não fazer está regulamentada nos artigos 250 a 251 do Código Civil. Elas também são chamadas de obrigações negativas, até mesmo pelo Código Civil (art. 390). Porém essas obrigações revela-se em vários artigos do Código Civil e do Código do Processo Civil.
2. DEFINIÇÕES DE AUTORES
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
Definições:
Maria Helena Diniz
"Abstenção de um ato, por parte do devedor, em benefício ao credor ou terceiro"
Carlos Roberto Gonsalves
"Impõe ao devedor um dever de abstenção, ou seja, de não praticar o ato que poderia livremente fazer se não tivesse obrigado"
Paulo Nader
“O não fazer pode assumir relevância equiparável ao dar e ao fazer. Enquanto este pressupões uma ação, física ou intelectual, o não fazer pede a abstenção.”
Flávio Tartuce 
“ É a única obrigação negativa admitida no Direito Privado Brasileiro, tendo como objeto uma abstenção de uma conduta”.
CRISE DO DIESEL - GREVE DOS CAMINHONEIROS 21/05/2018
Iniciou no dia 21 de maio de 2018 e terminou oficialmente em 30 de maio de 2018 com a intervenção das forças do Exército Brasileiro e Polícia Rodoviária Federal para desbloquear as rodovias.
Os grevistas se manifestaram contra os reajustes frequentes e sem previsibilidade mínima nos preços dos combustíveis, principalmente do óleo diesel, realizados pela estatal Petrobras com frequência diária, pelo fim da cobrança de pedágio por eixo suspenso e pelo fim do PIS/Cofins sobre o diesel.
O preço dos combustíveis vinha aumentando desde 2017 e sua tributação representa 45% do preço final, sendo 16% referente ao PIS/COFINS, de competência da União.
A paralisação e os bloqueios de rodovias em 24 estados e no Distrito Federal causaram a indisponibilidade de alimentos e remédios ao redor do país, escassez e alta de preços da gasolina, com longas filas para abastecer. Além disso, várias aulas e provas foram suspensas, a frota de ônibus foi reduzida, voos foram cancelados em várias cidades, enormes quantidades de alimentos foram desperdiçados a ainda havia a possibilidade que 1 bilhão de aves e 20 milhões de suínos morressem por falta de ração.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou no dia 30 de maio daquele ano que 96 empresas transportadoras pagassem em até 15 dias multas que somavam R$ 141,4 milhões pelo descumprimento da decisão dele.
O pedido havia sido feito Advocacia Geral da União, que encaminhou ao ministro uma primeira lista com os nomes das empresas que não cumpriram as determinações .
Moraes impôs multa de R$ 100 mil por hora às entidades que atuaram nas interdições de vias, além de multa de R$ 10 mil por dia para motorista que estivesse obstruindo a pista após sua decisão.
Para o ministro, ficou demonstrado um quadro de desrespeito à decisão do STF, o que justifica a imposição de multas.
Alexandre de Moraes destacou que os bloqueios foram mantidos mesmo após a decisão do Supremo, amplamente divulgada. Para ele, as empresas atentaram "gravemente contra a autoridade do Poder Judiciário" e "causaram sensíveis transtornos à população.
Com efeito, mesmo cientificados da medida de cautela outorgada nesta ação constitucional que, inclusive, teve ampla repercussão nacional, as pessoas jurídicas elencadas pela autora descumpriram a obrigação de não fazer que lhes fora cominada, praticando atos que obstaram a circulação normal de veículos nas estradas federais e estaduais. Com tal postura, além de atentarem gravemente contra a autoridade do Poder Judiciário, causaram sensíveis transtornos à população, privada, inclusive, do abastecimento de produtos essenciais à subsistência e à saúde", complementou.
Decisão:
 No curso desta Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, peticiona a Advocacia-Geral da União informando acerca do descumprimento da medida liminar concedida em 25 de maio de 2018 por pessoas jurídicas devidamente identificadas às fls. 4-10 da Petição Revisado ADPF 519 MC / DF 33.438/2018, notadamente quanto à obrigação de não fazer constituída no item (iv.a) da petição inicial, consistente na abstenção da prática de atos que culminem na indevida ocupação e interdição das vias públicas, inclusive acostamentos. Afirma que, implantadas as medidas visando ao cumprimento da medida de cautela pelas autoridades integrantes da Segurança Pública, foram recebidos dados da Polícia Rodoviária Federal e de outros órgãos retratando autuações de trânsito, além de outras apurações, com aptidão para comprovarem o descumprimento do comando judicial por prepostos das pessoas jurídicas ora discriminadas. Com tal fundamento, pede a adoção de providências para a concretização das multas por descumprimento de tutela provisória, nos valores também indicados na memória de cálculo que integra a petição inicial.
Em um Estado de Direito, a supremacia da Constituição Federal, a sujeição de todos perante a lei e o absoluto respeito às decisões judiciais são requisitos essenciais à proteção dos direitos fundamentais, à garantia da ordem e segurança públicas e ao respeito à vida em sociedade, instrumentos imprescindíveis ao fortalecimento da Democracia. Neste estágio, discute-se a incidência de multa por descumprimento de obrigação de não fazer imposta em tutela provisória de natureza cautelar proferida em procedimento de arguição de descumprimentode preceito fundamental, com o seguinte conteúdo:
“(...) Diante de todo o exposto, CONCEDO A MEDIDA CAUTELAR postulada na presente ADPF, ad referendum do Plenário (art. 5º, § 1º, da Lei 9.882/1999) e, com base no art. 5º, § 3º, da Lei 9.882/1999: (a) AUTORIZO que sejam tomadas as medidas necessárias e suficientes, a critério das autoridades responsáveis do Poder Executivo Federal e dos Poderes Executivos Estaduais, ao resguardo da ordem no entorno e, principalmente, à segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento que porventura venham a se posicionar em locais inapropriados nas 2 Revisado ADPF 519 MC / DF rodovias do país; bem como, para impedir, inclusive nos acostamentos, a ocupação, a obstrução ou a imposição de dificuldade à passagem de veículos em quaisquer trechos das rodovias; ou o desfazimento de tais providências, quando já concretizadas, garantindo-se, assim, a trafegabilidade; inclusive com auxílio, se entenderem imprescindível, das forças de segurança pública, conforme pleiteado (Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militares e Força Nacional). (b) DEFIRO a aplicação das multas pleiteadas, a partir da concessão da presente decisão, e em relação ao item (iv.b) da petição inicial, estabeleço responsabilidade solidária entre os manifestantes/condutores dos veículos e seu proprietários, sejam pessoas físicas ou jurídicas. (c) SUSPENDO os efeitos das decisões judiciais que, ao obstarem os pleitos possessórios formulados pela União, impedem a livre circulação de veículos automotores nas rodovias federais e estaduais ocupadas em todo o território nacional, inclusive nos respectivos acostamentos; (d) SUSPENDO os efeitos das decisões judiciais que impedem a imediata reintegração de posse das rodovias federais e estaduais ocupadas em todo o território nacional, inclusive nos respectivos acostamentos.”
O ministro destacou que as multas servem para "dar concretude e efetividade" às decisões. Ele destacou que "não é lícito" que as empresas se recusem a cumprir as obrigações.
"Vale a pena enfatizar que a sanção pecuniária, nestes casos, surge como importante instrumento de coerção colocado à disposição do magistrado para dar concretude e efetividade à tutela jurisdicional, seja provisória, seja definitiva. Em outras palavras, não é lícito à parte simplesmente recusar-se ao cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer, materializada em título executivo judicial. Isto consagraria desprestígio ao Poder Judiciário", concluiu Moraes.
3. EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER - ARTIGO 250 DO CÓDIGO CIVIL
As obrigações de não fazer determinam que o devedor deixe de executar determinado ato em virtude de um contrato estabelecido entre as partes. É uma obrigação que se materializa na abstenção de um comportamento que poderia normalmente ser exercido se não houvesse o contrato entre as partes. Entretanto tal responsabilização pode ter origem também na lei, e tanto por lei como por contrato devem ser previamente estabelecido.
Porém existem obrigações de não fazer que são impossíveis de serem cumpridas e, nesses casos, cabe o Art. 250 do Código Civil – “Extingue -se a obrigação de não fazer, desde que , sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar”, que extingue a obrigação de não fazer
Quando o descumprimento da obrigação for alheio à vontade do devedor, impossibilitando a abstenção (dever omissivo) a qual este se obrigou, e não havendo culpa, a obrigação será extinta e o mesmo não responderá por perdas e danos. Nesses casos, a impossibilidade pode se dar por caso fortuito, força maior ou fato do príncipe, sendo que o vínculo obrigacional resolve-se e as partes retornam ao statuo quo ante.
Havendo culpa do devedor, o credor terá direito a perdas e danos e, ainda, a restituição de valores que por ventura tenho pago.
Neste artigo 250 do Código Civil. trata-se da regra ad impossibilia nemo tenetur, que vincula a obrigação ao requisito da possibilidade, de que fala ORLANDO GOMES, asseverando que “se o comportamento do devedor é impossível, falta objeto à obrigação.”
E TITO FULGÊNCIO complementa a lição dizendo: “Extingue-se a obrigação de não-fazer, é o preceito legal, simples aplicação do princípio geral de que ao impossível ninguém é obrigado – impossibilium nulla obligatio. Aliás, é regra geral que a obrigação extingue-se, quando a prestação que lhe forma o objeto se torna física ou juridicamente impossível, o que os romanos exprimiam dizendo: obligatio quam vis initio recte constitute extinguitur, si incidireti in eam casum a quoincipere non poterat (L. 140 § 2o Dig. de verb. oblig.)”
A exemplo disso temos, situação onde o devedor comprometeu-se a não construir um muro para não atrapalhar a vista de seu vizinho. Porém, uma autoridade competente determinou que o muro deve ser construído. Logo, o devedor deverá atender à determinação da autoridade deixando de cumprir a obrigação prévia. 
Também podemos ilustrar o caso, também, em uma concessão na representação comercial de um produto . Caso haja exclusividade do produto a uma única empresa e este mesmo produto desapareça do comércio, a obrigação será rompida. 
 É necessário observar que existem obrigações de abstenção que exigem exagerada limitação da liberdade humana , por exemplo, a obrigação por contrato que veda que um artista participe de outras propagandas comerciais se não aquela exclusiva.
As obrigações de não fazer também podem ser objeto de abuso de direito. Recentemente, o STJ reconheceu um abuso do direito de um sujeito que plantou diversas árvores, lado a lado, como forma de burlar uma prévia obrigação de não fazer, pactuada com seu vizinho, consistente em não construir um muro acima de determinada altura (REsp nº 935.474). 
Neste caso acima citado em primeira instância, a ação foi movida contra Antônio do Amaral e Virgínia Pereira do Amaral. Foi feito um pedido de demolição parcial de um muro construído no limite das propriedades de Stefan Alexander Barczinski e Maria Cristima de Castro Barczinski. O juiz estabeleceu, então, as condições de que o muro poderia ser construído de modo a preservar a aeração, ensolação e vista da Lagoa.
Em seguida, foi proposta uma nova ação por Stefan Alexander Barczinski e Maria Cristima de Castro Barczinski. A alegação foi a de não ter sido dado integral cumprimento ao acordo celebrado, pois eles voltaram a obstruir a paisagem quando instalaram, acima do muro divisório, armações em arame, com a colocação de trepadeiras, tapando, por completo, as áreas vazadas, bem como plantando árvores que, de igual forma, impediam o acesso à vista. A sentença julgou procedente o pedido para condenar os moradores à poda das árvores, de modo que elas não ultrapassassem a altura do muro divisório.
Antônio do Amaral e Virgínia do Amaral interpuseram recurso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que decidiu pela inexistência de alegados prejuízos quanto à aeração e ensolação do local.
Stefan Alexander Barczinski e Maria Cristima de Castro Barczinski interpuseram Recurso Especial no STJ para restabelecer a sentença que condenava os moradores à poda das árvores.
Pode-se perceber que nesta segunda ação estava sendo discutido a culpabilidade dos recorridos terem plantados as árvores, já que nas instâncias anteriores foi julgado os mesmos como sem culpa, dizendo que a ação anterior a esta não fazia qualquer menção de proibição de plantação de árvores o que se tornava extinta a Obrigação de Não Fazer.
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4. INEXECUÇÃO CULPOSA DO DEVEDOR – ARTIGO 251 DO CÓDIGO CIVIL
A correlação da obrigação de não fazer com o art.251, se baseia no contexto onde é realizado um vínculo entre dois sujeitos, sendo respectivamente credor e devedor. Primordialmente, há o comprometimento do devedor a não executar determinado ato, que poderia livremente ser praticado caso o devedor não estivesse em abstenção com relação ao credor.O art. 251 prevê o direito que o credor tem de exigir , caso o devedor execute tal ato que tinha se obrigado a não fazer de forma contratual ou em acordo, que ele o desfaça imediatamente à suas próprias custas, podendo ainda pedir ressarcimento ao culpado por perdas e danos, caso tenha sido gerado, conforme art. 251 abaixo :
Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002 – Art. 251
‘‘ Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer À sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único : Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. ’’
Exemplificando de forma mais clara, não iremos muito longe. Quando um artista assina um contrato com uma determinada emissora e nele há uma cláusula de não fazer, ou seja, uma ação negativa de não dar entrevistas a outras emissoras de TV, a obrigação de não fazer, é de conceder uma entrevista a outras emissoras conforme acordado contratualmente. Se o devedor ( artista ) executa o ato, não cumprindo o dever de abstenção, pode o credor exigir que ele o desfaça imediatamente, sob pena de ser desfeito à sua custa, além da indenização de perdas e danos, conforme diz o artigo. O prolongamento, nas obrigações de não fazer, é presumido integralmente pelo descumprimento do devedor de abstenção, independente de qualquer intimação.
Caso concreto
Como caso concreto, que ganhou notoriedade jurídica, temos o caso em que a empresa uber se comprometeu a não cobrar de usuário, taxa de limpeza, nem de cancelamento para passageiros com deficiência visual acompanhados de cão-guia, diz o Ministério Público. Esse compromisso, foi aliançado durante uma reunião com representantes do aplicativo juntamente do Ministério Público de São Paulo, que visa cumprir determinadas normas de acessibilidade para pessoas com deficiência. O encontro ocorreu, após ser instaurado um inquérito para apurar a recusa de motoristas por discriminação, já que as mesmas estavam acontecendo de forma exacerbada.
As taxas atuais variam de danos leves ( R$ 50,00 ) até os danos graves ( R$ 350,00 ), dependendo da gravidade da situação.
Dessa forma, é possível encaixar facilmente no que o art. 251 nos remete. Caso a uber execute o ato em que a mesma se comprometeu a obrigação de não fazer, o credor ( usuário de aplicativo ), poderá exigir imediatamente que o desfaça, solicitando ainda ressarcimento por perdas e danos, referente a taxa que lhe foi cobrada, seja ela de limpeza ou de cancelamento.
5. ACESSÓRIOS - ARTIGO 287 CÓDIGO CIVIL
Art. 287 CC - Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
De acordo com o artigo as obrigações podem ser transmitadas a outra pessoa por meio de cessão.
A cessão de crédito ocorre, em regra, por um negócio juridico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor (cedente) tranfere seu crédito total ou parcial para um terceiro ( cessionário) não havendo qualquer alteração quanto ao objeto da obrigação, incluindo todos seus acessórios como juros, multas e clausulas penal. Sendo dever do cedente notificar o devedor (cedido) sobre a cessão.
Requisitos para a cessão de crédito
Crédito passível de cessão (crédito que por sua natureza não
seja vinculado apenas à pessoa do credor);
Negócio jurídico que possua crédito total ou parcialmente ;
Que não possua impedimentos na lei ou no contrato
 
Bens acessórios são aqueles cuja existência depende do principal. (GONÇALVES, 2012). 
 Observação:
A coisa acessória segue a principal, salvo disposição especial em contrário.
A natureza do acessório será a mesma do principal;
Nos imóveis, o solo é o principal, sendo acessó­rio tudo aquilo o que nele se incorporar permanentemente (p. ex., uma árvore plantada ou uma construção), já que é impossível separar a idéia de árvore e de construção da idéia de solo. O mesmo conceito é válido para os bens móveis. Não só os bens corpóreos comportam tal distinção; os bens incorpóreos também, um crédito é coisa principal, e os rendimentos oriundos da utilização de coisa frutífera por outrem que não o proprietário são bens acessórios
 Caso exemplo: 
Mariana alugou um imóvel para João por 24 meses deixando claro à ele no contrato a impossibilidade de furar as paredes do imovel. No 10° mês de contrato Mariana decide vender o imóvel para Junior (cessionário) que compra o apartamento 
transferindo junto com ele o crédito dos alugueis subsequente (realiza a cessão de crédito).
João, por sua vez, continua com a obrigação de não furar as paredes conforme acordado com Mariana antes da venda do apartamento, passando apenas a realizar os acertos com Junior. Mariana passa para Junior não apenas seus créditos mas também suas obrigações e acessórios.
6. ARTIGO 389 DO CÓDIGO CIVIL
Art. 389. CC. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Conceito de inadimplemento:
inadimplemento é o descumprimento da obrigação assumida e voluntária ou involuntária do estrito dever jurídico criado entre os que se complementam a dar para fazer ou a ser omitido de algo ou o seu cumprimento parcial de forma incompleta ou mal feita A inadimplência opera-se no descumprimento das obrigações nas seguintes formas:
Obrigação de dar quando o devedor recusa a entrega devolução ou a restituição da coisa obrigação de fazer quando você deixar de cumprir atividade devida
Obrigação negativas quando se executa o ato de crescer devia abster
obrigação personalíssima quando a obrigação de fazer não é executada pela pessoa determinada cujas qualidades pessoais são essenciais ao cumprimento da prestação não podemos ser substituídas.
Espécies de inadimplementos:
Inadimplência absoluta 
A inadimplência absoluta ocorre quando há o descumprimento ou frustração total no cumprimento da obrigação, não mais sendo possível cumpri-la de alguma forma.
Exemplo: se alguém contrata uma orquestra para um baile e ela deixa de comparecer, de nada adiantará para o organizador da festa (credor) que a orquestra disponha-se a apresentar-se no dia seguinte, uma vez que todos os convidados já estavam presentes na data agendada, garantindo ao credor o direito de ser indenizado.
Inadimplência relativa 
A inadimplência relativa, ou cumprimento imperfeito, ocorre quando a obrigação, apesar de cumprida, dá-se de maneira negligente, inadequada e sem os cuidados necessários, ensejando-se a reparação dos danos adicionais ou suplementares. Isso porque o devedor não está obrigado a cumprir somente o objeto da obrigação, mas também a cumpri-la diligentemente, efetuando a prestação devida de um modo completo e específico, no tempo e lugar determinado.
 
Neste caso, como o inadimplemento é parcial, a prestação não é impossível de ser realizada, não impedindo que a obrigação seja cumprida com utilidade para outra parte.
Os danos produzidos não se devem somente ao atraso no cumprimento, não se confundindo o inadimplemento, que é o cumprimento inadequado ou seu total descumprimento, com a mora, quando ocorre apenas um retardo. No caso, a insatisfação dos interesses do credor advém do desrespeito ao tempo, modo, lugar e forma da prestação, mas devem ser aplicadas, por analogia, as mesmas regras impostas à mora.
Responsabilidades do Inadimplente: 
Quando o devedor não cumpre a obrigação, pode resultar de fato imputável ao devedor ou de fato estranho à sua vontade, mas que determine a impossibilidade.
Segundo a regra geral, no âmbito do direito das obrigações, o simples fato de o devedor não pagar no dia do vencimento já caracteriza inadimplemento culposo. A ação culposa se verifica quer quando o agente simplesmente não deseja cumprir a obrigação, quer quando se comporta com negligência, imprudência ou imperícia (adotando as circunstâncias de “culpa” do Direito Penal),tendo assim responsabilidade sobre o inadimplemento.
Quando o devedor inadimplente tem ação culposa, nasce outro dever jurídico secundário , chamado responsabilidade, que se caracteriza na obrigação do devedor de reparar o dano ou prejuízo sofrido pelo credor.
Inadimplemento involuntário ou fortuito: 
Não havendo culpa na inadimplência do devedor, ocorrendo fato invencível, fortuito ou de força maior, a impossibilidade é inimputável ao sujeito passivo, resultando-se a extinção da obrigação sem mais consequências, retornando as partes ao estado anterior, e não respondendo o devedor pelos prejuízos resultantes, ficando assim, de regra, livre de indenizar o credor. Não é como no caso da mora, no qual o devedor é atingido pela responsabilização de qualquer forma.
Contudo, assim como por vontade das partes pode ocorrer limitação da responsabilidade, também pode haver ampliação da mesma, assumindo o contratante o dever de indenizar, mesmo perante as excludentes de caso fortuito e força maior, desde que a possibilidade de assunção esteja expressa de indenização pela lei.
No Brasil o Código Civil Brasileiro de 2002 aceitou a culpa como fundamento da reparação, admitindo também independente dela toda vez que a lei 
expressamente o mencione, e, ainda, quando o dano provém do risco criado em razão de uma atividade ou profissão 
A responsabilidade do devedor inadimplente abrange a indenização por perdas e danos, juros e atualização monetária. Os juros e a atualização monetária foram acrescidos pelo novo Código Civil Brasileiro de 2002 , consagrando o que já existia na prática.
Tocante ao art. 389 do atual diploma , o qual se refere à responsabilidade pelo descumprimento do contrato (responsabilidade contratual), em que verificamos a possibilidade da desvalorização da moeda e acréscimos ordinários, existe um dano quando a obrigação é descumprida, sendo este reparável por uma indenização. Para que haja tal indenização é essencial a culpa, pois caso contrário não haverá dever de indenizar. Esta regra encontra-se em conformidade com a nossa realidade econômica, por fazer expressa menção aos índices de atualização monetária.
7. ARTIGO 390 DO CÓDIGO CIVIL
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Inicialmente, o presente artigo destaca que nas obrigações de não fazer, haverá inadimplência por parte do devedor assim que ele fizer o ato que estava obrigado a abster-se e que seria lícito fazer se não estivesse obrigado. Por sua vez, após a abstenção do ato ocorre os efeitos do inadimplemento da obrigação que estão previstos no artigo 389 do atual código civil. Diante disso, as obrigações negativas possuí uma determinada ação judicial que tem como objetivo o desfazimento do ato, quanto permitir o credor o desfaça às custas do devedor, com a cominação em ambas, hipóteses, de multa para que o descumprimento não se repita. No entanto, não sendo possível o desfazimento, há a conversão de perdas e danos.
Exemplo: 
João, convenciona com Maria que não subirão seus respectivos muros divisor de sua propriedades a mais de 1,80m, porém, no momento que Maria reforma sua casa, aumenta o muro acima do acordado tornando-se inadimplente perante a João. Ou seja, quando Maria praticou o ato do qual se obrigou a não fazer surge a inadimplência.
Exemplo concreto de inadimplência resultando Obrigação errônea de não fazer: 
A terceira turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o recurso de condomínio que obrigava moradora em débito com taxas condominiais a não fazer atividades coletivas de lazer do complexo habitacional. No entanto, a decisão foi unânime. A moradora relatou que tinha débitos condominiais referentes aos anos de 2008 e 2009 e, por causa deles, o condomínio havia emitido ordem para impedir que ela e seus familiares utilizassem as dependências do clube. Ela afirmou não possuir outras despesas em atrasos, estando inclusive em situação regular em relação aos pagamentos mensais.
Em face da situação constrangedora apontada pela moradora, ela buscou a declaração judicial de direito ao uso das áreas comuns de lazer, além da condenação do condomínio ao pagamento de R$ 100 mil a título de danos morais.
No julgamento de primeira instância, o juiz determinou a liberação do uso das áreas comuns em benefício da moradora. Todavia, em face de pedido do condomínio no processo, o magistrado também condenou a mulher ao pagamento das parcelas condominiais vencidas. O magistrado entendeu, na sentença , não haver a existência de dano moral indenizável no caso.
A decisão de primeiro grau foi parcialmente mantida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que majorou a verba honorária, mas manteve a sentença em relação á determinação de utilização das áreas comuns e á condenação ao pagamento dos débitos condominiais. Nele, o relator esclareceu que o direito do condomínio ao uso das partes comuns do condomínio não decorre da situação circunstancial de adimplência das despesas condominiais, “mas sim do fato de que, por lei, a propriedade da unidade imobiliária abrange, como parte dela inseparável, não apenas a fração ideal no solo (representado pela própria unidade), como em todas as partes comuns”. 
“Ademais, além de refulgir dos gravosos instrumentos postos á disposição do condomínio para a possível hipótese de inadimplemento das despesas condominiais, a vedação de acesso e de utilização de qualquer área comum pelo condômino e de seus familiares, com o único e ilegítimo propósito de expor ostensivamente a condição de inadimplência perante o meio social em que se residem, desborda dos ditames do principio da dignidade humana”, concluiu o ministro Bellizze ao negar o recurso do condomínio.
Nesse contexto, é importante deixar claro que há exceções quanto ao inadimplemento. O artigo 393 do código civil estabelece que caso fortuito e força maior são excludentes de responsabilidade contratual. Isto é, o devedor não será responsabilizado pelo inadimplemento quando este restar provado oriundo de caso fortuito e força maior, a menos que tenha, expressamente, se obrigado a responsabilizar por eles no contrato.
8. ARTIGO 536 CÓDIGO PROCESSO CIVIL
Obrigação negativa no CPC
 Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
 Obrigações negativas e decisões judiciais
O artigo citado trata do julgamento nas ações relativas às prestações de fazer ou de não fazer. Nele diz que caberá ao magistrado decidir sobre a tutela especifica, podendo ele tomar medidas de precaução que assegurem o resultado, sendo esse equivalente ao da obrigação. 
O resultado prático equivalente é a modificação de medidas de apoio para obtenção do mesmo bem jurídico, ou seja, a utilização de outras técnicas para a obtenção do mesmo resultado. 
Se tratando de obrigação de não fazer podemos trabalhar com o seguinte exemplo : 
Uma empresa de uma pequena cidade, com alta taxa de empregabilidade mas que com suas produções gera resíduos que poluem o meio ambiente naquela cidade, mas especificamente um lago perto de uma região onde vivem muitas pessoas, e devido a essa situação moradores dessa região entram com uma ação judicial para que essa empresa encerre suas atividades naquela cidade. O magistrado recebe a inicial, entende que de fato aquela empresa está poluindo, mas acha que a medida de encerramento das atividades seria muito grave, podendo gerar desemprego e também prejudicar muito aquela cidade pois é uma empresa que contribui muito com aquela região. Logo o juiz ao invés de conceder o pedido determinado pelas partes, ou seja, o encerramento das atividades dessa empresa, determina que se instale filtros ante poluentes para evitar que a poluição se propague ainda mais. Houveportanto uma modificação substancial do pedido formulado pela parte, sendo esse 
um resultado prático equivalente. O juiz dá coisa diversa que alcança o mesmo objetivo. 
Vale salientar que caso a obrigação (de fazer ou de não fazer) não seja cumprida o devedor poderá responder por perdas e danos. Logo no exemplo supracitado, caso a empresa descumpra o acordo e volte a poluir o ambiente terá que responder por perdas e danos.
9. ARTIGO 1301 CÓDIGO CIVIL
Direito de construir:
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. Defeso ( incorreto) Eirado (cobertura) 
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas
Quando se trata de direito de construir é necessário observar as diversas normas que o código civil possuí. Ademais, nesse artigo o legislador sacramenta a proibição de abertura de janelas ou a construção de terraços (eirados) e varandas a menos de metrô e meio do terreno vizinho, fazendo valer o direito constitucional á privacidade e intimidade. O STJ é bastante claro ao não admitir exceções para a limitação ao direito de construir constante do art. 1.301, caput, do CC, não admitindo subjetivismo que permitam a cobertura de janelas a menos de 1,5m do terreno vizinho em imóveis urbanos.
Violando o direito de vizinhança surge ao proprietário a Obrigação de demolir a obra pelo art. 1.312 do CC. Enquanto a obra está sendo executada (em andamento) cabe ao vizinho lesado ajuizar uma nunciação de obra nova. Encerrada (concluída a obra) passa a ser cabível a ação demolitória e passa a correr um prazo decadencial ânuo para o vizinho possa desfazer a obra, que hoje constado art . 1.302 do CC, sob pena de a construção ficar como está. Deve-se observar o prazo para que se peça as ações de se embargar as obras ilegais e que o vizinho tenha seus direitos preservados, que é de um ano e um dia. Passando desse prazo, não se pode mais pedir o desfazimento da obra, tendo o proprietário o direito de manter a janela, varando ou terraço a menos de metro e meio do terreno do vizinho. 
Exemplo: 
“A” começa uma construção de um sobrado com uma janela virada para o terreno de “B”, no entanto, “B” percebe que a medida está incorreta e essa janela está invadindo a privacidade de sua família. Logo, “B” vai a juízo e seu advogado entra com uma ação de nunciação paralisando o prosseguimento desta obra até que as medidas forem conforme o código civil dispõe. 
Portanto, vale conceituar que a ação demolitória busca a tutela do Direito real imobiliário, de modo que deve haver a formação de litisconsórcio passivo necessário. Trata-se de demanda que visa á demolição. Já a ação de nunciação que é a mais frequente irá repercutir no exercício da posse e tem o objetivo de impedir a continuidade da obra, paralisando seu prosseguimento.
10. ARTIGO 1378 CÓDIGO CIVIL
ART 1378 - "A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis."
A servidão regulamentada no artigo supra referenciado, é um direito real e acessório. Real pois incide diretamente sobre os móveis, estando munido de sequela e ação real, além de ser oponível a terceiros (direito real sobre coisa alheia). Também é acessório porque decorre de direito de propriedade e acompanha os imóveis mesmo que sejam alienados.
Para que haja a servidão é necessário que os prédios pertençam a proprietários distintos, e tais prédios podem ser vizinhos ou próximos. Essa servidão tem duração indefinida, até que seja extinta por alguma causa legal, ainda que mude os proprietários. 
Vale ressaltar que a servidão não é pessoal (de proprietário para proprietário), e sim entre os imóveis. Normalmente essa relação ocorre de forma voluntária (excepcionalmente, por disposição de lei - artigo 1379 CC, ou por ordem judicial) e deve ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
No artigo em tela, a obrigação de não fazer é a obtenção de atos específicos determinados pelo prédio dominante ao prédio serviente. O titular (prédio dominante) tem o direito de usufruir do prédio serviente da forma que lhe for mais benéfica, e não possui limitações para tal. Já o prédio serviente não pode invadir seu espaço ou realizar ações que de alguma forma prejudique o dominante. Sendo assim, deve agir conforme a necessidade do prédio dominante, por exemplo: se o prédio dominante for um hotel onde a vista dos cômodos for sua atração principal, o serviente não pode realizar nenhum tipo de construção que obstrua a mesma. Ou seja o objetivo da servidão é proporcionar ao prédio dominante, em detrimento do serviente, uma utilidade, tornando-se mais proveitoso e agradável.
 
11. ARTIGO 1383 CÓDIGO CIVIL
O que é servidão: servidão é um direito real em coisa alheia. Um direito instituído entre dois prédios, um prédio dominante e um prédio serviente. O prédio dominante a partir da servidão ele grava o prédio servente limitando os seus poderes dominiais(poderes dominiais são os poderes de usar, fluir e gozar, dispor e reivindicar. Como estamos falando de um direito de fruição(art 1225 CC) o prédio dominante grava o serviente podendo usar, fluir ou gozar desse determinado prédio. Duas servidões famosas são a de passagem:em que o proprietário do prédio dominante chega a via pública passando pela propriedade do prédio serviente. E a servidão de visão que impende prédio serviente de edificar novas unidades mantendo a visão do prédio dominante.
Art 1383 CC – obrigação negativa.
Art. 1.383. O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercício legítimo da servidão.
O dono do prédio serviente tem um dever sempre de se recusar de qualquer ato que possa prejudicar a plena satisfação do interesse do prédio dominante, tem que ter uma postura cooperativa, não só cumprir com o que está no acordo. Aplicação da boa-fé objetiva. Não pode embaraçar de forma alguma o exercício legitimo. O prédio dominante não pode causar um ônus acima do necessário para o prédio superveniente, não é porque tenho direito que vou abusar desse direito.
Está o de abster-se da conduta de criar empecilhos ao regular funcionamento ou existência da servidão estabelecida sobre sua propriedade. Desta maneira, edificar muros divisórios ou levantar cercas na servidão de passagem, colocando portas e entraves ao seu regular exercício violam nitidamente o direito do titular do prédio dominante. Consistente em obrigação legal de não fazer. Situação de dificultar ou embaraçar o uso, gozo ou aproveitamento dessa servidão por parte do proprietário dominante, então por mais que haja esse ônus não pode o proprietário desse prédio serviente de maneira nenhuma dificultar. Ainda que sugere um ônus, a sua propriedade e o seu direito de propriedade, é interessante pensar que ele não pode agir de nenhuma maneira que tenha como consequência impedir ou dificultar o acesso da servidão desse direito real pelo proprietário do prédio dominante.
Caso Concreto do artigo 1383 do Código Civil.
Tribunal de Justiça de Alagoas – Primeira Câmara Civil. Apelação:5129720088020057-al-0000512-9720088020057.
Os recorrentes Rafael Carnaúba Brandão e outros autores entraram com uma apelação cvil contra a ação que julgou improcedente a ação de posse que tinha como causa de pedir a instalação unilateral de cancelas pelo réu em servidão de trânsito.porém o réu Juarez de Holanda Tenório na construção das cancelas retirou parcialmente cercas paralelas que delimitaram o corredor das propriedades dos autores,de modo a proporcionar passagem livre e não supervisionada dos gados bovinoscaracterizando ofensa ao artigo 1383 do Código Civil.Os autores afirmaram que o réu ergueu cancelas na entrada de servidão de passagem que perpassar propriedades suas e que constitui o único acesso á fazenda Várzea D ‘água,de propriedade dos autores.alegaram que a passagem era utilizado sem empecilhos a décadas para o acesso e para o escoamento pecuário a partir da sua propriedade.alegaram também que houve desentendimento para a negociação de arrendamentos de uma granja e que a instalação da cancela configuraria perturbação na servidão de passagem agravada por precária situação de saúde de um dos autores que apresentam dificuldade de locomoção.
O réu contestou os termos da ação afirmando que a colocação das cancelas unilaterais derivaram da necessidade de impedir a fuga do gado que passou a ser criado na área.Inconformados.os autores interpuseram a presente a apelação em que contestam a premissa adotada na sentença.Expuseram que as oitavas da audiência de justificativa indicaram que o réu,em simultâneo a construção das cancelas,promoveu a retirada dos arames das cercas próximas a confluência da servidão com a estrada,na intenção de comunicar,para a passagem de gado,ambos os lados da propriedade cortados pela servidão.
Constatado isso,argumentaram que,em face da pequena quantidade de animais que o réu informou possuir na área,a solução adequada seria a construção de cancelas paralelas nas cercas que delimitavam o corredor de trânsito.Então,conclui que,da forma como procedeu,ao erguer duas cancelas nas extremidades de servidão,o réu impôs restrição ao seu uso,em afronta ao que prescreve o artigo 1383 do código civil.Apelação julgada procedente em favor dos apelantes.
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito das obrigações compreende o conjunto de normas que tratam das relações jurídicas entre devedor e credor. Tais normas regulam a responsabilidade que o devedor tem, perante o credor, de cumprir determinada prestação de natureza econômica, garantindo seu compromisso mediante seu patrimônio.
Como ressaltado a obrigação de não fazer consiste em uma omissão a que o devedor se obriga e cuja prestação é justamente a abstenção da prática do fato que ele se comprometeu de não praticar. É, portanto, uma obrigação negativa.
Se for praticado o ato vedado pelo compromisso de abstenção, o credor pode exigir que o ato seja desfeito, caso haja culpa em sentido amplo do devedor. Para tanto, poderá ingressar com ação de obrigação de não fazer, requerendo a fixação de preceito cominatório, ou astreintes . Eventualmente, a pedido do credor e havendo culpa do devedor, a obrigação de não fazer poderá ser convertida em obrigação de dar coisa certa, no caso, em obrigação de arcar com perdas e danos.
Caso não haja culpa do devedor, a Obrigação de Não Fazer é extinguida e resolvida a lide.
13. PERGUNTAS 
1. Em que consiste a Obrigação de Não FAZER?
Resposta: Consiste no compromisso do devedor não praticar determinado ato, que em princípio, poderia livrimente praticar, se não se houvesse obrigado a não fazê-lo. É obrigação negativa assumida com o objetivo de não prejudicar direito alheio.
2. Quais são os casos em que se extingue a impossibilidade de abstenção do fato, pela faltav de culpa, de obrigação de não fazer?
Resposta: Força Maior ou Caso Fortuito
3. Cássia, vizinha de Melissa, celebrou contrato de obrigação negativa se obrigando a não subir muro para não tirar a ventilação entre os imóveis, mas depois de 10 anos, Cassia vendeu a Casa para Lucas que , ciente da obrigação entre as vizinhas, construiu muro tirando toda a ventilação das casas. Juridicamente, qual a atitude que Melissa deve tomar em relação à seu vizinho novo?
 Resposta: Nenhuma, pois foi celebrado um contrato de obrigação negativa, o que envolve somente as pessoas (Cássia e Melissa). Lucas não celebrou contrato e esta livre da obrigação.
14. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DINIZ, Maria Helena. Curso Brasileiro de Direito Civil:Teoria Geral das Obrigações.1998.
GAGLIANO, Pablo Stolze. ; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. vol 2. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Teoria Geral das Obrigações. 7 ed. Saraiva, São Paulo: 2010.
GOMES, Orlando. Obrigações, Forense. 17 ed. Rio de Janeiro:2007.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, Obrigações. Forense.5 ed. Rio de Janeiro: 2010.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume único. Metodo:2019. 
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Código Civl Interpretado.4ª ed. Ed. Atlas, São Paulo:2019.

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