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CULTURA SURDA Meire Borges de Oliveira Silva. Um grupo social adquire ao longo dos tempos característcas de sua língua, crenças, hábitos, costumes, tradições e várias manifestações chamadas de culturais. Os povos surdos tem uma cultura própria diferente dos ouvintes. A primeira característca marcante é a língua. Enquanto ouvintes são usuários de uma língua oral – auditva, os surdos usam uma língua visual – espacial. Estudiosos em linguístca pesquisaram e compararam as línguas de sinais usadas pelos surdos. Comprovaram que a LIBRAS tem suas regras gramatcais próprias, que possibilitam o desenvolvimento linguístco das pessoas surdas. Os sinais são formados a partr de parâmetros, que combinam a forma das mãos, o movimento, o local no corpo ou espaço, orientação e expressões não manuais. Não existe língua de sinal universal. Cada país possui sua própria língua de sinais, que não depende, de forma alguma, da língua falada no país. As línguas de sinais surgem da mesma forma que as demais línguas: da necessidade de comunicação de um povo. No Brasil os surdos se comunicam através da Língua Brasileira de Sinais, LIBRAS. Essa língua foi reconhecida ofcialmente através da LEI Nº 10.436, de 24 de abril de 2002; sendo depois regulamentada pelo DECRETO Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Por ser o Brasil um país extenso, essa língua sofre infuuncias do regionalismo, alguns sinais variam de um estado para outro, como acontece com a língua portuguesa, com diferenças regionais no vocabulário e no sotaque como, por exemplo, a palavra mandioca, usada no centro-oeste, aipim no sudeste e macaxeira no nordeste. Muitos pensam que os surdos vivem isolados, e o fato de não ouvir ou falar faz com que se adequem a cultura ouvinte; mas desconhecem as comunidades surdas e sua cultura. As pessoas que já nasceram surdas ou fcaram surdas ainda bem pequenas, não sentem falta da audição. Não se sentem defcientes, ou desejosas de ouvir para conviver no mundo ouvinte. Se tverem contato com a comunidade surda e desenvolverem a habilidade linguístca, interagem entre si, partcipam de eventos esportvos, festvos, se sentem seguras, capazes de trabalhar, estudar, casam, consttuem famílias e vivem normalmente. Ainda é difcil a acessibilidade das pessoas surdas na sociedade devido a difculdade do conhecimento da língua, pois a minoria de pessoas ouvintes conhecem a língua brasileira de sinais, o que difculta a comunicação. Essa sim é a única barreira para inclusão social das pessoas surdas. Essa difculdade, quase sempre, é suprida com auxílio de intérpretes de LIBRAS, mais comuns em salas de aula, nos diferentes níveis de escolarização. Com a regularização da LIBRAS, prevu-se a presença de intérpretes também nas repartções pública, hospitais, estabelecimentos comerciais, etc. Os surdos utlizam-se de recursos tecnológicos para facilitar seu dia a dia, como torpedos, msn, facebook, whatsap, campainhas adaptadas com lâmpadas, telefones, alarmes, detector de choro de bebu (sinalização luminosa, enquanto ouvintes usam sinal sonoro), televisão com legendas ou tela de intérprete. A comunidade surda partlha com a comunidade ouvinte do espaço fsico e geográfco, da alimentação, do vestuário, entre outros hábitos e costumes, por isso podemos dizer que a comunidade surda é multcultural. (MEC, 2004). Há restrições em ambos: surdos e ouvintes. Como por exemplo, um surdo não pode conversar no escuro, o ouvinte não pode conversar em baixo d’água; ouvintes não conseguem conversar em locais barulhentos, ao menos que grite, os surdos conversam normalmente; ouvintes não conversam comendo, os surdos podem comer e falar ao mesmo tempo, educadamente. Falta quebrar o paradigma da defciuncia e enxergar a diferença. (MEC, 2004). É na posse da língua de sinais que os surdos consttuirão sua identdade surda e sua cultura, convivendo com seus semelhantes, que partlham das mesmas experiuncias e situações. Aumentam assim sua auto estma, confança, segurança se vendo como pessoas capazes de viver em harmonia, e não excluídos socialmente. BIBLIOGRAFIA: BRASIL, MEC. Ensino de Língua Portuguesa para surdos. Volume 1. Brasilia. 2004. STROBEL, KARIN. As Imagens do Outro Sobre a Cultura Surda. Ed. Da UFSC, Florianópolis. 2008.
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