Buscar

TCC - VIOLENCIA DOMESTICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

38
REDE JURIS DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Magda Ferreira de Carvalho Lopes
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER E A POSSIBILIDADE OU NÃO DA RETRATAÇÃO
INHUMAS
2019
Magda Ferreira de Carvalho Lopes
Violência doméstica contra a mulher e a possibilidade ou não da retratação
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao departamento de Pós-Graduação em Direito Processual Civil e Direito Processual Penal, da Rede Juris, como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista.
INHUMAS
2019
Magda Ferreira de Carvalho Lopes
Violência doméstica contra a mulher e a possibilidade ou não da retratação
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao departamento de Pós-Graduação em Direito Processual Civil e Direito Processual Penal, da Rede Juris, como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Avaliador
________________________________________
Avaliador
INHUMAS
2019
Dedico este trabalho primeiramente a Deus e a todas as mulheres que lutaram por respeito e justiça contra seus agressores e seus ideais.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a meu Deus, meus familiares, minha mãe, meu pai, minha irmã e aos meus irmãos que sempre me apoiaram em todos os meus projetos. Aos professores que se esforçaram para dar o seu melhor nas aulas lecionadas diante de sua grande capacidade. A todas as pessoas que de alguma forma me ajudaram a acreditar em meu grande futuro, eu quero deixar um agradecimento eterno.
RESUMO
A violência domestica contra a mulher foi e sempre será um tema controverso, pois é concretizado por vários tipos de agressores, sendo estes ligados ao seio familiar, sendo comum o esposo da vitima. Mostraremos a evolução histórica em que esse tipo de violência acontece desde o período da pedra lascada, uma vez que naquela época a mulher era vista como objeto de uso e procriação, e nada mais que isso. Após tanto sofrimento foi criada uma lei para sua proteção, a lei “Maria da Penha”. Infelizmente mesmo com esta lei ainda existem atos preocupantes que trazem as mulheres sofrimento e dor. No decorrer da pesquisa iremos explicar sobre a ação penal publica no caso de violência contra a mulher, se é condicionada á representação da vitima ou incondicionada. Abordaremos também sobre a ação publica relacionada à lesão corporal leve ou culposa que deve ser incondicionada. Por fim este trabalho teve como objetivo analisar o direito de retratação da vitima nos casos de violência doméstica conforme a lei 11.340 de 2006, bem como a possibilidade de retratação nos casos de lesão corporal leve, de acordo com a legislação atual, doutrina e jurisprudência. 
Palavras-chave: Violência contra a mulher, retratação, lesão corporal, Maria da Penha.
ABSTRACT
Domestic violence against women has been and always will be a controversial issue, as it is concretized by several types of aggressors, these being linked to the family, being common the husband of the victim. We will show the historical evolution in which this type of violence occurs since the period of the chipped stone, since at that time the woman was seen as an object of use and procreation, and nothing more. After so much suffering was created a law for its protection, the law "Maria da Penha". Unfortunately even with this law there are still troubling acts that bring women suffering and pain. In the course of the research we will explain the public criminal action in the case of violence against women, whether it is conditioned to the representation of the victim or unconditioned. We will also address the public action related to light or culpable bodily injury that must be unconditioned. Finally, the objective of this study was to analyze the victim's right of retraction in cases of domestic violence in accordance with Law 11.340 of 2006, as well as the possibility of retraction in cases of mild bodily injury, according to current legislation, doctrine and jurisprudence.
Key words: Violence against women, retraction, corporal injury, Maria da Penha.
	
Sumário
INTRODUÇÃO	9
1.	Violência doméstica contra a mulher	11
1.1 Conceito	11
1.2 Evolução Histórica	13
1.3 Criação da lei nº 11.340 de 2006	15
2	AÇÃO PENAL	17
2.1 Conceito de ação penal	17
2.2 A ação penal relativa ao crime de lesão corporal em relação á violência doméstica contra a mulher	18
2.3 A ação penal publica incondicionada X condicionada	22
3	DIREITO DE RETRATAÇÃO	26
3.1 Conceito de retratação na lei Maria da Penha	26
3.2	Reconciliação entre o casal e os efeitos jurídicos	30
3.3	Aspectos processuais	32
3.4	Casos e julgados dos tribunais superiores	32
CONSIDERAÇÕES FINAIS	36
REFERÊNCIAS	38
INTRODUÇÃO
O presente trabalho conta com pesquisa exploratória em livros, na legislação pertinente ao tema, bem como julgados de casos, material da internet, relatos de vítimas de agressão no ambiente familiar, que é considerado “Violência Doméstica contra a mulher”, que é qualquer ato praticado em desfavor de sua integridade física, sexual, psicológica e moral, baseada no gênero como na maioria das vezes praticadas por seu esposo ou ex-marido.
Desde a antiguidade a mulher era vista apenas como uma reprodutora e objeto de prazer sexual, sendo dependentes emocionalmente e economicamente de seus companheiros, infelizmente elas aceitavam tais agressões achando que merecia tal ato ficando em silencio como se nada tivesse acontecido.
A sociedade foi evoluindo e em 1916, foi criada no Código Civil uma norma na qual a mulher que pretendesse trabalhar precisaria de autorização do marido, tal norma que tinha como suposto objetivo de proteger a família, já que a mulher era a parte mais fraca e frágil da relação familiar. E somente com a criação dos juizados especiais no artigo 98, inciso I, da Constituição Federal, esse tipo de agressão passou a ser considerado como crime de menor potencial ofensivo sendo aplicada a pena de multa ou restritivas de direitos ao agressor, e a vitima não tinha fé quanto ao efeito positivo. 
Nesse contexto, para que houvesse justiça uma mulher, farmacêutica cansada de sofrer tais abusos pelo seu próprio marido que a agredia, a trancava dentro de casa dentre vários outros meios de agressão que poderia leva-la a morte, Maria da Penha, nascida no Ceará, paraplégica por conta de tais atos, buscou justiça de diversas formas, até que em 1994 ela escreveu um livro falando de sua sobrevivência, lutando durante 15 anos por justiça. Antes que prescrevesse Maria da penha recorreu à convenção de Belém do Pará e com o apoio de organizações internacionais, conseguiu a repercussão do caso, onde o estado brasileiro foi condenado por omissão e negligencia e teve que reformular suas leis dando prosseguimento e celeridade ao feito.
Com todo esse esforço foi criada uma lei que protegesse a mulher, de forma a adoção de medidas voltadas a prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher. Sendo assim a lei nº 11.340/2006 foi criada tendo como nome “MARIA DA PENHA”.
Com tudo isso a mulher ficou mais protegida, pois o crime cometido contra esta em seu seio familiar pode-se dar inicio a uma ação penal que consiste no direito do estado ou do ofendido ingressar com o feito buscando uma prestação jurisdicional, aplicando as normas de direito penal ao caso concreto. Por isso o estado tem o dever de punir o agressor em tais casos, e nos casos de lesão corporal leve ou culposa contra a mulher deve se ater a cada caso. A lesão corporal é toda ação ou omissão contra uma pessoa, seja ela física ou moral, tendo o agente o dolo de produzir a lesão diretamente ou eventualmente.
O artigo 129, em seu §9º do código penal, nos traz o caso de lesão corporal cometido no âmbito doméstico tendo que ser a punição mais severa quanto aos parágrafos anteriores, e sendo assim a ação é publica incondicionada. Por isso a ação penal pública é dividida entre condicionada e incondicionada.
A açãopublica condicionada é aquela na qual depende da representação da vítima, ou seja, a mulher deverá informar ao Estado o ocorrido para que o mesmo a proteja, dando autorização para o mesmo instaurar a ação, enquanto a ação publica incondicionada não depende da representação da vítima, pois ali não se há mais um interesse privado e sim um interesse do estado e da coletividade.
Por isso a vitima quando tentar se retratar deverá observar vários aspectos, pois a desistência consiste em voltar atrás do que foi dito ao judiciário e muitas das vezes ela não pode se retratar, pois em alguns casos não cabe a ela essa vontade. Pois com o entendimento do Supremo Tribunal Federal a ação não depende mais da vitima e sim do Ministério Publico e o mesmo não pode desistir da ação.
Na maioria das vezes a vitima se reconcilia com o agressor, mas isso não isenta o agressor da punição, e o estado tem o dever de analisar o caso, pois será que o agressor arrependeu-se do que fez? A vitima se reconciliou por vontade própria? Ela esta sendo coagida? Para se ter um total convencimento quanto ao reatamento da convivência conjugal entre o casal, isso é importante caso o agressor consiga ver seu erro e busca infinitamente no reatamento da relação mostrando total arrependimento e a vontade de reconstruir a vida comum, que será exposto no decorrer do presente trabalho de conclusão de curso.
1. Violência doméstica contra a mulher
1.1 Conceito
A violência domestica é aquela ocorrida dentro do ambiente familiar, que geralmente e praticado pelo cônjuge, sendo elas de forma física, psicológica, verbal, moral, sexual e até mesmo patrimonial.
Pode ser considerada violência de gênero, sendo que envolve vítimas variadas no ambiente familiar, como mulheres, crianças e adolescentes sejam qual for o sexo. Ocorre devido à função patriarcal, onde os homens detém o poder de regular as condutas de cada morador de tal residência, e se caso isso não ocorra ele se sente responsável por punir tais atos que se diz inadequado.
Para JESUS, ( 2015, p. 179) a violência domestica é:
“nos termos do §9º do art. 129, no tipo acrescentado pela lei nº 10.886, de 17-06-2004, cuja pena foi modificada pela lei nº 11.340, de 7-8-2006, com o “nomem juris” violência domestica, se a lesão corporal for provocada em ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem o agente conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se de relações domesticas, de coabitação ou de hospitalidade, a pena é de detenção, de três meses a três anos...” pagina 179.
Violência significa força, seria utilizada contra alguém próximo a você, para que o mesmo não negligencie atos que no seu entendimento parece estar errado, que às vezes de forma muito violenta e ineficaz, cause transtornos e medo na vítima.
Para Meneghel e outros, citando (Eisenstein & Sousa, 1993) “a violência pode ser considerada toda ação danosa à vida e á saúde do individuo, caracterizada por maus-tratos, cerceamento da liberdade ou imposição de força”.
De acordo com o artigo 5º da lei nº 11.340/2006, diz que a violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral e patrimonial.
Essa violência ocorre dentro do ambiente familiar, seja ele o espaço em que vive em convívio ou vinculo familiar, ou uma comunidade de indivíduos que possuem relação parental ou por afinidades. Ela pode ocorrer em qualquer ambiente que tenha relação de afeto a vítima, e não precisa ter convívio com o agressor, ou seja, eles não precisam morar juntos ou coabitar no mesmo local para se ter a violência doméstica.
Existem varias formas de violência domestica contra a mulher, e todas elas constituem uma violação dos direitos humanos. Podemos citar a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, a violência patrimonial e a violência moral.
A violência física ocorre com a conduta de ferir a sua integridade ou saúde corporal, sendo elas com socos, chutes, tapas, cortes com objetos ponte agudos, arma de fogo dentre vários outros meios de tortura física.
A violência sexual, é qualquer ação que obrigue a mulher a manter contato sexual sem sua própria vontade, seja de forma física ou verbal com o uso da força, intimidação, chantagem, coerção, manipulação, ameaça ou qualquer outro meio que não deixe alternativa ou vontade da vítima, praticada por seu marido ou outra pessoa.
Enquanto a psicológica é qualquer ação ou omissão que controle as ações, comportamentos, crenças e decisões de uma pessoa, que se sinta intimidada, ameaçada, humilhada, isolada ou qualquer ação ligada ao seu psicológico. Acaba sendo muito comum que essas mulheres tenham a autoestima ou segurança destruídas através de agressões verbais, humilhações e insultos. A violência também ocorre quando o parceiro a proíbe de visitar a família, de trabalhar, de estudar e até mesmo de cuidar de sua própria saúde.
Já a violência moral é aquela, em que sua ação é destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da mulher a fim de vê-la acaba e envergonhada perante a sociedade em que vive.
Por fim a violência patrimonial configura na retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores, recursos econômicos, até mesmo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Sabemos que a violência acontece no dia a dia nas relações interpessoais seguindo um padrão. Nem sempre as agressões ocorrem por acaso ou constantes, ela é gradativa e repetitiva, iniciada por um momento de nervoso, um tapa seguido com uma frase de amor, a fase da lua de mel que o homem promete mudar, a fase do acumulo em que a mulher tenta amenizar a situação tentando evitar a violência com comportamentos que para ele são adequados, e a fase da explosão onde o homem foge do controle e a espanca podendo leva-la a morte sendo preciso chamar a policia e pedir ajuda.
1.2 Evolução Histórica
Desde a antiguidade, a violência doméstica contra a mulher esteve presente. Afinal elas dependiam do seu parceiro para sobreviver, dependiam emocionalmente e economicamente. Sofriam diversos tipos de violência sem nenhum amparo judicial, e ficavam caladas com os acontecimentos, afinal elas acreditavam serem as culpadas e merecedoras de tal agressão ficando em silêncio e aceitando ser maltrada.
 Em 10000 a 4000 a.C, no período da pedra lascada, a famosa revolução Neolítica [footnoteRef:1], a mulher tinha um cuidado materno ligado pelo sangue, em que ela era responsável pelo cuidado e educação dos filhos, já os pais andavam atrás de comida já que não tinham o conhecimento da agricultura e por consequência natural viviam como nômades enquanto as mulheres ficavam com os filhos onde cresciam sob sua influência. [1: A revolução Neolítica foi o período da história humana remota que se seguiu ao Paleolítico. Este período durou de cerca de 10.000 a.C. até cerca de 4.000 a.C, e suas características mais notáveis são o desenvolvimento da agricultura e da domesticação de animais, e o surgimento de várias diferenciações importantes entre os vários grupos culturais humanos, além do aumento significativo da população de cada grupo, com o surgimento das primeiras cidades ou assentamentos. 
A Revolução Neolítica, também chamada Revolução Agrícola, consistiu na domesticação de diversas espécies de plantas e animais, que permitiram um estilo de vida sedentário, embora diversos grupos permanecessem nômades, e adaptassem essas técnicas ao seu estilo de vida. (https://rachacuca.com.br/educacao/historia/periodo-neolitico/).] 
Na sociedade matriarcal as mulheres desempenhavam um grande papel. Economicamente ela era ligada ao suprimento alimentar e produzia alguns alimentos e domesticava alguns animais, tendo assim direito à propriedade e participação na politica. A mulher não era vista como um objeto de beleza, pois se preciso fosse ela lutaria e trabalharia para proteger seu clã dando sua própria vida para isso.
Para Leal, (2016, página168):
“A liberdade feminina, tanto da esposa como das filhas, era restringida do modo mais autoritário possível pelos patriarcas, que viam nessas mulheres propriedades suas. De acordo com José Carlos Leal, o espaço feminino delimitava-se à missa, único local em quem poderiam romper minimamente com sua clausura, pois a rua era um ambiente no qual estavam apta a frequentar apenas os homens e as prostitutas, única mulher que poderia caminhar sem maiores restrições.”
Passado alguns anos, na cultura grega, por exemplo, a mulher era vista como apenas um objeto reprodutor e o amor delas entre si era visto como expressão de sentimentos ligados ao sexo feminino e condição humana. Por isso reciprocidade fora do casamento era tida como comum e normal, pois elas tinham uma autonomia que as outras mulheres não conheciam.
Podemos destacar a cultura da tribo Hindus[footnoteRef:2], onde tinham o costume de incinerar a esposa após a morte do marido, e essa pratica existiu ate o século XIX. O único costume de igualdade era entre os Celtas, pois existia a igualdade entre os sexos, e se fosse preciso às mulheres lutavam nas guerras para protegerem suas terras ao lado dos homens. [2: “O termo “hindu” é antigo e tem origem persa, que significa “o (povo) que vive do outro lado do rio (Indo)”] 
O homem passa a perceber seu papel patriarcal com a revolução do arado, com isso a fidelidade feminina é exigida em busca de deixar aos seus filhos legítimos a sua herança deixada pelo marido, passando assim a mulher ser um bem ou propriedade do homem. E com isso ocorreu o desenvolvimento da agricultura, sendo separadas as atividades desenvolvidas naquele ambiente, surgindo à família patriarcal, que tinha como chefe de família o homem. As mulheres eram isoladas e era controlada pelos seus esposos, um controle tão rigoroso que quando os maridos se ausentassem por um longo período, sendo para trabalhar ou para a guerra, elas eram obrigadas a usar um cinto de castidade, para que não tivessem duvidas da legitimidade dos filhos.
Podemos observar na evolução histórica, diversos papeis desenvolvidos pela mulher de forma inferior, e com o passar dos anos as mulheres foram lutando pelos seus direitos em busca de justiça contra agressões sofridas dentro do próprio ambiente familiar.
Em 1916, foi criada no código civil uma norma na qual a mulher que quisesse trabalhar precisava de autorização do marido, que tinha como suposto objetivo de proteger a família, já que a mulher era a parte mais fraca e frágil da relação familiar.
Porém, durante um longo período a justiça não fez nada sobre tal assunto, pois acreditava que a vida familiar não devia ser interferida por ser um ambiente particular. E somente com a criação dos juizados especiais no artigo 98, inciso I, da Constituição Federal, esse tipo de agressão passou a ser considerado como crime de menor potencial ofensivo. Ocorre que era aplicada a pena de multa ou restritivas de direitos ao agressor e a vitima não tinha fé quanto ao efeito positivo. Mas os juizados foi o início de uma luta constante quanto à conscientização da violência contra a mulher.
Com o aumento da violência contra a mulher, foi criada a lei nº 10.455 de 2002 em que criou a medida cautelar que permite o afastamento do agressor da vitima. E a lei nº 10.886 de 2004, onde incluiu o tipo de agressão à lesão corporal leve, aumentando a pena de agressão a mulher no ambiente familiar.
Sabemos que foram vários anos de lutas, vários anos de violência na qual ficamos calados sem poder tomar medidas mais eficazes. Para superar muitos sofrimentos, foi preciso que um caso propulsor acontecesse e mostrasse a importância da criação de uma lei que protegesse a mulher.
O caso da farmacêutica Maria da Penha repercutiu nacionalmente e pelo o mundo inteiro, onde a mesma vivenciou vários momentos de violência e tentativas de homicídios causadas pelo marido, e acabou que Maria ficou paraplegia, e mesmo com tantas dificuldades não desistiu de lutar pela justiça.
Com vários acontecimentos e noticiários e reprovação internacional fez com que os direitos humanos responsabilizarem o Brasil por tal violência, até que foi criado a lei nº 11.340 de 2006, na qual tem como objetivo coibir a violência domestica e familiar contra a mulher. Não apenas a violência física, mas qualquer tipo de discriminação a fim de prevenir, punir e erradicar a agressão contra a mulher.
1.3 Criação da lei nº 11.340 de 2006
Para a criação de uma lei que protegesse as mulheres de seus maridos agressores, foi preciso que uma única mulher sofresse tanto para que fosse tomadas medidas de proteção e justiça.
Uma farmacêutica, brasileira, cujo nome era Maria da Penha, nascida no Ceará, sofria constantemente agressões vindas de seu próprio marido. Foi espancada várias vezes, e em 1983 ele tentou matá-la com uma espingarda. Por fim, após vários espancamentos que quase a levou a morte, Maria da penha ficou paraplégica, e isso não foi o bastante, seu marido tentou eletrocuta-la.
A farmacêutica cansada das agressões criou coragem para denunciar seu agressor, só que ao fazer isso se deparou com varias mulheres que sofriam seu mesmo caso, e que as mesmas enfrentavam a incredulidade da justiça brasileira, onde o agressor respondia processo em liberdade sem nenhum amparo a vítima. Porém, Maria da penha não desistiu e em 1994 lançou o seu livro “sobrevivi... posso contar”, onde traz a todos as mais puras violências sofridas por ela e pelas três filhas.
 Tudo isso não bastou, foi uma luta constante durante 15 anos para haver justiça em um país que viu tantos acontecimentos e mesmo assim não foi o suficiente para tomar as medidas cabíveis. Neste caso antes que prescrevesse Maria da penha recorreu à convenção de Belém do Pará e com o apoio de organizações internacionais, conseguiu a repercussão do caso, onde o estado brasileiro foi condenado por omissão e negligencia e teve que reformular suas leis dando prosseguimento e celeridade ao feito.
Podemos dizer que após anos de violência e pancadaria que quase levou a morte de uma mulher, foi preciso força e garra para se buscar justiça. E com todo esse esforço foi criada uma lei que protegesse a mulher de forma a adoção de medidas voltadas a prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher. Sendo assim a lei nº 11.340/2006 foi criada tendo como nome MARIA DA PENHA, em forma de homenagem a grande e guerreira que fostes.
2 AÇÃO PENAL
2.1 Conceito de ação penal
NUCCI (2017, p.150) diz que “é o direito do Estado-acusação ou do ofendido de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação das normas de direito penal ao caso concreto”.
Podemos dizer que consiste no direito de fazer, com que o Estado use sua função jurisdicional aplicando ao caso concreto, com o objetivo de punir, ou seja, o mesmo tem o direito do jus puniendi quanto à resolução do crime cometido contra qualquer pessoa ou contra a administração pública. Pedro Lenza diz que “é um procedimento judicial iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de materialidade, a fim de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da infração penal”.
CAPEZ, (2015, pag. 162), diz que:
A ação penal “é o direito de pedir ao estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito publico subjetivo do estado-administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a consequência satisfação da pretensão punitiva.”
A ação penal tem como objetivo satisfazer a pretensão do autor, sendo ela um direito abstrato já que não se sabe o resultado final do processo. Ela pode ser invocada pelo titular da ação como direito subjetivo, ou de natureza publica tendo como prestação jurisdicional o direito público.
E por meio desta ação que o estado ao ver que o acusado realmente cometeu a infração penal esse tem o dever de assegurar sua punição, pois a partir do crime nasce a pretensão punitiva devendo serseguido todo um devido processo legal, tendo como exceção quando a parte ou estado ofendido propõe ao acusado o direito ao contraditório e a ampla defesa, tendo em vista um acordo.
Esse acordo ocorre muito em crimes de menor potencial ofensivo, previsto na constituição federal ao direito de retratação, em que o fato é levado à justiça, e feito um acordo com o ministério publico, sendo o mesmo homologado e o acusado de toda forma irá cumprir uma pena, seja ela mais branda ou não.
Conforme lição de Nestor Távora e Fábio Roques em Código de Processo Penal Comentado (2015, p. 54), a ação penal é “direito público subjetivo, autônomo e abstrato, com previsão constitucional de exigir do Estado-juiz a aplicação do Direito Penal Material ao caso concreto para solucionar crise jurídica...”
Por isso e proibida à autodefesa, é vedada aquela ação feita por nossas próprias mãos, isso cabe ao estado resolver e não a nós cidadãos. Por isso qualquer pessoa pode chegar perante o estado e pedir a resolução da lide, de forma que o mesmo tem o poder de administrar a justiça.
De acordo com o artigo, XXXV, CF/88: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciária lesão ou ameaça ao direito.” Sendo assim de índole condenatória, seguido por um devido processo legal aplicado ao fato real ocorrido.
A ação penal é autônoma em que não se confunde com o direito material, bem como um direito abstrato que independe do resultado final, subjetivo de exigir a prestação jurisdicional e por fim um direito público que tem como natureza pública.
Existem varias espécies na ação penal sendo elas públicas ou privadas, que serão explicadas no decorrer do trabalho. Para se dar começo a uma ação penal é preciso observar as suas condições sendo elas a possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade para agir.
Esses requisitos são essenciais para sua prestação jurisdicional, em que se faz necessário o seu preenchimento. Neste caso, a possibilidade jurídica do pedido é aquela onde o ordenamento não vede, ou seja, é aquele requisito em que a lei permite a causa de pedir.
Já o interesse de agir é cobrado pela necessidade e utilidade do autor em dar ou não prosseguimento no feito, já que a atividade jurisdicional depende de sua vontade. Por fim a legitimação que é em relação às partes legitima da ação, ativa e passiva, aqueles que são os titulares da ação, que fazem parte do conflito.
2.2 A ação penal relativa ao crime de lesão corporal em relação á violência doméstica contra a mulher
A lesão corporal é toda e qualquer ação ou omissão praticada por uma pessoa contra outra, sendo física ou moral, que tem o dolo de produzir o crime, seja ele direto ou eventual.
Sabemos que a violência física pode ou não deixar uma lesão na vitima, ou seja, talvez não resulte em lesão corporal, e quando isso acontece, podemos dizer que via de fato é considerada uma contravenção penal, conforme o artigo 21 do decreto lei nº 3.688 de 1941, em que sua espécie na ação penal é publica incondicionada expressada no seu artigo 17.
Para Mirabete e Fabbrini, (2015, pag.191) diz que:
“O delito de lesão corporal pode ser conceituado como a ofensa á integridade corporal ou a saúde, ou seja, como o dano ocasionado á normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental (E.M.). Define-o art. 129:” ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano”. Registra o dispositivo as modalidades dolosa e culposa.”
Agora se as lesões forem mais graves de forma a se tornar lesões corporais, o infrator deverá ser punido de acordo como artigo 129 do Código Penal Brasileiro, em que em seu ordenamento jurídico é classificado de acordo com sua gravidade sendo ela leve, grave, gravíssima, seguida de morte e culposa. Ocorre que com a criação da lei nº 11.340 de 2006, lei Maria da penha, foi acrescido no artigo 129 do código penal o §9º para proteger e punir o acusado que cometer esse tipo de crime dentro de seu próprio meio familiar e social.
“§ 9º  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006),
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)” (BRASIL, 2006)”
A lesão corporal se torna mais severa a partir do momento em que a mesma é cometida dentro do ambiente doméstico, ou seja, sob o nomen juris “violência doméstica”. Praticada contra a mulher, na qual é submetida a lesões feitas por seu próprio cônjuge ou companheiro de forma dolosa, conforme tratado acima no artigo 129, §9º do código penal.
A pena pode ser aumentada em um terço, caso a violência tenha sido cometida contra pessoa deficiente, bem como podem ser aumentadas as lesões grave, gravíssima e seguida de morte.
Para Mirabbete, (2015, pag.71) tem-se como entendimento que:
	“Prevê, porém, a lei como circunstancia que também qualifica ou agrava o crime de lesão corporal ser ele praticado contra companheiro do agente ou contra pessoa com quem conviva ou tenha convivido. Aplicam-se assim, os §§9º e 10 do art. 129, certamente, as hipóteses de união estável ou concubinato...” pág. 71.
Significa que será aplicada a regra da violência doméstica, nos mesmos casos em que o parceiro já esteja separado, pois ali já existiu e existe um laço entre eles. O que podemos ver e que a agressão contra a mulher acaba se estendendo aos familiares mais próximos, como os filhos que acabam sofrendo ao verem a mãe em tal estado.
E para falarmos sobre a problemática do trabalho devemos mostrar que tudo isso visou à proteção da mulher, porém de forma adequada já que muitas vezes ela acaba perdoando o agressor seu marido. Por isso o § 9 do artigo 129 tem como entendimento que é um crime cuja modalidade necessita da representação.
Sabemos que na maioria das vezes, esse desentendimento é passageiro e em pouco tempo a vitima perdoara seu esposo voltando á vida como estava. Já que a vitima é a principal interessada no processo, se ela não tem a vontade de dar prosseguimento no mesmo, não se deve tomar parte da questão já que a prejudicada não quer.
Para Pereira, em seu artigo publicado em 29 de setembro de 2010, diz que:
“Por causa de tais argumentos, é importante entender que para consecução dos fins da Lei Maria da Penha, que visa o melhor interesse da mulher e o respeito nos laços familiares, a desistência da vítima deve ser aceita até quando o processo já se encontrar em grau recursal. Isso se justifica, pelo fato de ser possível que a qualquer momento a situação entre as partes se resolva, e a boa convivência, em caso de sentença condenatória ao agressor, poderá se tornar novamente impossível. Nesse caso, a lei, ao invés de estar beneficiando, atrapalhará em muito os sadios laços familiares. Pelo fato de não mais ser possível a renúncia a representação após audiência para tal finalidade (art. 16 da Lei 11.340), a saída, em casos de modificação do interesse da vítima, é que seja aplicado o princípio da insignificância, para que, em sentença, seja alcançada a absolvição do acusado.”
Enquanto isso o Supremo Tribunal Federal afirmou que o artigo 16 da lei nº 11.340 de 2006, não se aplica a lesão corporal, ficando de fora a necessidade de realizar audiência de renúncia da vítima quanto ao prosseguimento do processo, já que é oferecida pela ofendida.
Pode-se observar que as ações públicas são condicionadas a representação se tornando assim um grande obstáculo à punição do agressor, onde a vítima acaba voltando na esma rotina de violência diariamente, isso dificulta a efetividade do direito fundamental de proteger a integridade física de tal pessoa.
Para Mirabete e Fabbrini (2015, p.87):
“tratando-se de lesão corporal leve, ainda que o crime seja qualificado pela violência domestica (§9º) e constitua forma de violência domestica e familiar contra a mulher nos termos da lei especial, aação penal dependeria de representação da vitima. Pag. 87.”
Para o Supremo Tribunal Federal, a regra é aquela seguida pelo artigo 41 da lei n. 11.340 de 2006 em que veda a aplicação da lei n. 9.099 de 1995 que aplica as contravenções penais, mesmo que o crime seja coincidente com este, pois se tratando de crimes no ambiente doméstico contra a mulher seja ele leve, grave ou gravíssima a ação sempre será publica incondicionada.
Ao vedar sua aplicação gerou de certa forma um grande questionamento acerca da ação penal ser ou não condicionada à representação da ofendida, já que a lei n. 9.099/95 diz que a ação depende da representação da vítima em casos de lesão leve e culposa. Mas será que a lei Maria da Penha é de acordo com o artigo 100 do código penal?
Foi uma grande discussão, já que a própria lei em seu artigo 16 diz que é condicionada, porém, em seu artigo 12 diz que a autoridade policial deve tomar a representação da vítima mostrando assim que não deixou de tentar abolir tal representação.
Por conta de tudo isso, a 6ª turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que a ação penal é pública incondicionada, e que foi por esse motivo que a lei nº 11.340 de 2006 foi criada, com a finalidade de coibir tal violência, sendo assim não se pode falar em representação quando houver lesão corporal culposa ou dolosa.
Com tudo isso o plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu por maioria dos votos, que pode o ministério publico dar inicio a ação penal sem a necessidade da vitima representar, vedando assim a aplicação das penas alternativas elencadas no art. 17 Código Penal, e aplicando assim a prisão preventiva em casos que durante a fase de investigação resulte em melhor resultado já que deve ser feito uma grande proteção a mulher lesionada.
Por tudo que foi relatado até agora, podemos dizer que o art. 41 da Lei n. 11.343 de 2006 afasta todas as disposições da Lei n. 9.099/95 aos crimes praticados contra a mulher no âmbito doméstico e familiar. Sendo assim, ao abordar sobre lesões corporais praticadas no ambiente familiar, ainda que a vítima tenha manifestado vontade de acabar com tudo aquilo e denunciar o seu agressor, o seu desinteresse no prosseguimento da ação, a sua concordância ou não com a instauração de ação penal mostra-se irrelevante, uma vez que se está diante de delito cuja ação penal é incondicionada.
2.3 A ação penal publica incondicionada X condicionada
A ação penal pública será promovida somente pelo ministério público, em que dependendo da situação, dependerá da representação do ofendido ou do ministério da justiça, conforme artigo 24 do código de processo penal. Por isso a ação penal é dividida em duas etapas, sendo que uma não necessita de representação podendo o ministério público intervir de qualquer maneira, e a segunda que precisa da representação do interessado ou a parte sofrida.
Decreto lei nº 3.689 de 03 de outubro de 1941 em seu respectivo artigo nos diz o que anteriormente foi falado.
“Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.”
Chamamos essas etapas de ação penal pública incondicionada e ação pública incondicionada, por isso devemos saber a diferença entre elas já que e essencial para a propositura da ação. 
A ação penal pública condicionada exige sempre e de qualquer maneira á representação, ou seja, á vitima deverá informar ao estado o ocorrido para que o mesmo seja punido por seus atos, e o estado agirá a seu favor, devendo protegê-la. Porém deve se tomar muito cuidado, pois esta ação não pode ser deixada de lado. Por isso o artigo 27 do Código Processual Penal, nos mostra a importância do ofendido em levar ao judiciário a lesão sofrida.
“Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.”
Neste caso são crimes em que o interesse público fica em segundo plano, pois a lesão cometida atinge ao interesse privado. Por isso o ofendido dará a autorização ao estado para o prosseguimento da ação, por isso essa representação assume o dominus litis (dono da lide, autor da ação).
A lei ira expressar quando a ação será condicionada a representação. A representação do ofendido consiste em um pedido na qual dá autorização para instaurar a ação e nesse mesmo plano estando aberta a lavratura do inquérito policial. Para isso o artigo 39 do código processual penal nos traz a forma a ser seguida.
Art. 39 - O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1º - A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2º - A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3º - Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4º - A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5º - O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
Por isso o juiz colherá todos os dados e provas, em que por sua vez requisitara o inquérito processual ou enviara todo o material ao ministério publico que tomara as devidas providencias. Para a representação não precisa de um rigorismo formal ou termo especifico basta que o autor deixe bem claro sua vontade, ele pode comparecer a delegacia e registrar a ocorrência manifestando sua vontade a cerca do fato ocorrido.
Para NUCCI, 2017, pagina 166, no diz que:
“a representação que e a comunicação de um crime á autoridade competente, solicitando providencias para apura-lo e punir o seu autor, deve ser feita pela vitima, seu representante legal ou sucessor, como já exposto. Uma vez realizada, autoriza a instauração de inquérito policial para investigar o fato criminoso. Entretanto, é viável a ocorrência de retratação, isso é, pode o ofendido ou seu representante legal, antes do oferecimento da denúncia, voltar atrás retirando a autorização dada ao ministério publico.”
Enquanto a ação publica incondicionada é aquela em que não necessita da representação do ofendido, conforme o artigo 129, I, da constituição federal diz que e função do ministério público e privativa dele, para promover a ação penal em casos descritos em lei (ex: homicídios, roubos, tráfico de drogas, furtos, etc.).
O titular da ação é tão somente o MP, não dependendo de representação do ofendido e nem de requisição do Ministro de Justiça. Comprovada a possível autoria e materialidade do fato deverá obrigatoriamente oferecer a denúncia para que seja ajuizada a ação penal.
Conforme o artigo 42 do código processual penal o promotor não pode de jeito nenhum desistir da ação, e nem deixar de atuar no processo a não ser que ele possa pedir a absolvição do réu. Sabemos que as ações incondicionadas são aquelas que dizem respeito à coletividade na qual a sociedade se sentiu horrorizada com tal barbaridade.
Ela sempre e iniciada com uma denuncia do ministério publico nas ações de interesse publico, ela é a regra do processo penal e a mais comum, pois todos os crimes previstos na legislação são cabíveis nesta ação, exceto aqueles e cabível outro tipo de ação estando estes explicito em lei.
O titular sempre será o ministério publico,cabendo a ele o dever de proteger o bem publico e garantir que a lei seja aplicada já que ele e o fiscal da lei. Não adianta a vitima querer perdoar ou não querer representar ou denunciar o meliante, pois não dependem de sua vontade, neste caso a ação e indisponível, em que o promotor não pode deixar de pleitear a ação.
Por isso na violência doméstica contra a mulher a ação e incondicionada a representação em caso de lesão corporal, qual seja que gerou uma grande polêmica, devido às vitimas não quererem representar o crime de seus parceiros com medo do que viria depois. Por isso após varias discussões o STJ concluiu que a violência domestica contra a mulher constitui delito de ação penal publica incondicionada.
O Código penal não prevê em hipótese alguma que os crimes de lesão corporal sejam de ação publica condicionada, pois a regra é que este delito seja ação publica incondicionada. E assim como todas as regras existem exceções caso a lei prevê ela poderá ser condicionada ou privada, conforme o disposto no artigo 100 §1 do código penal. Por isso devemos analisar unicamente o contexto deste artigo, pois até o ano de 1995 era entendido como crime de ação publica incondicionada.
Com a criação da lei dos juizados especiais, lei nº 9.099 de 1995 alterou esse enunciado, despersonalizando tais medidas fazendo com que os crimes de lesão corporal leve e culposa se tornassem ação publica condicionada. Mas tal fundamento não cabe a violência cometida no âmbito familiar contra a mulher, pois a lesão mesmo que leve ou culposa e incondicionada devendo observar o artigo 41 da lei Maria da penha (lei nº11.340 de 2006). “Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.”
Sendo tudo isso resguardado pela sumula 542 do STJ que visou proteger a mulher de seus agressores dizendo que “ A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015).”
3. DIREITO DE RETRATAÇÃO
3.1 Conceito de retratação na lei Maria da Penha
Para Dias (2015, pagina 43), desistência “é o gênero que compreende a retratação e a renuncia”. Seria deixar escoar a possibilidade de manifestar vontade a cerca de fatos, como também abri mão da manifestação que já foi feita perante o legislativo, voltar atrás do que foi dito.
Para Nucci (2017, pagina 795), “é a desistência de propor a ação penal privada”. Como para ele e maioria das doutrinas afirma que é a desistência do ofendido em prosseguir com a ação mesmo que o mesmo possua direitos em relação ao caso.
Retratação significa voltar atrás no que disse, ou seja, no código penal a querelada se retrata antes da sentença ficando a outra parte isenta de pena, ela extinguira a punibilidade do autor. A lei Maria da penha nos traz a possibilidade da retratação da vitima, que somente poderá ser feita em certo momento perante um juiz em audiência preliminar conforme e destacado no artigo 16 da lei anteriormente dita.
Lei nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006
“Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.”
Neste caso não a retratação não poderá ser feito em delegacias, por mais que o agressor implore ou ameace a vitima, ela não tem legitimidade para tal efeito na fase do inquérito policial. Isso ocorre para a proteção da vitima, pois o juiz e o promotor ao invés de incentivar a desistência da representação iram incentivar a prosseguir adiante com o feito.
Por diversas vezes as vitimas de violência domestica desistem de dar prosseguimento por diversas razões, sendo que uma delas e a busca pela harmonização familiar, medo, possuem filhos menores, não possui condições financeiras para se manter pois vive em prol do esposo, etc. A Justiça ira decidir então se acolhe ou não o pedido de retratação. Esse entendimento vem do TJDF. Segundo os desembargadores, a possibilidade está prevista no artigo 16 da Lei Maria da Penha. Entretanto, juiz e Ministério Público devem estar atentos para descobrir se a atitude da vítima é ou não espontânea. Todas as decisões dependerão da análise de cada caso.
Muitas das vezes não e só a vontade da vitima que se deve ouvir, os magistrados devem analisar os antecedentes criminais do agressor, pois em tais circunstancias do delito e da sua gravidade podem levar a alguma fatalidade ainda maior como a morte, isso se não existir outra vitima dentro do mesmo ambiente.
Para Heitor Felipe Alves Ventura, em sua monografia, na pagina 26 diz que:
“Se retirada a denuncia ela segue mesmo contra a vontade da parte ofendida, quando feita a denuncia se torna de interesse público, o processo passa a se interesse do estado representado pelo Ministério Público e seus Procuradores que vão investigar se realmente a vitima quer retirar por livre e espontânea vontade ou se esta sendo coagida por alguém para desistir.”
Por isso, caso ocorra violência domestica no âmbito familiar pode sim ser denunciado mesmo contra a vontade da vitima, pois esta e uma ação incondicionada nos casos em que o ministério publico entender que a vitima corre perigo eminente de vida juntamente com sua família e precisa de um lugar para se resguardar pois ela esta sendo coagida e ameaçada.
Por isso o STF decidiu que mesmo que a vitima volte com seu esposo morando na mesma casa, o perdoe e estejam convivendo bem; no caso de lesão corporal contra a mulher se tornara uma ação publica incondicionada, e a vitima não poderá se retratar já que a representação não depende mais dela e sim do ministério publico não podendo o mesmo abandonar a ação.
Para JESUS, 2015, página 181, diz que:
 “Nas ações penais publicas condicionadas a representação da ofendida de que trata esta lei [violência doméstica ou familiar contra a mulher], só será admitida a renuncia a representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denuncia e ouvido o ministério publico.” 
Diante do exposto, vimos que mesmo com a lei de proteção a mulher em pleno século XXI, ainda ocorre tal agressão e o estado precisa punir e erradicar tais atos, pois nenhuma mulher pode ser sucumbida a tais violências, e mesmo que ela não queira fazer justiça contra aquele que a machucou. Cabe ao estado intervir e ajudar a mesma a se erguer e reabilitar para uma nova vida de alegria sem sofrimentos, tapas, murros e dores.
Por isso uma visão a cerda do artigo 16, da lei Maria da penha e que nesse contexto a renuncia se da antes da denuncia ou exercício do direito, porem, so pode ser renunciado antes de representa-lo, mas como pode haver renuncia do direito de representação se para tal é indispensável a representação, condição a se dar ao inicio da ação penal.
Esse artigo tem uma interpretação incoerente, teria a lei estabelecida uma regra inútil? Por isso alguns juízes do TJDF puderam observar que se a mulher esta em uma situação na qual o ciclo de violência É constante e não consegue a renuncia, neste caso, passa a expor, in verbis:
“STJ - SEXTA TURMA LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. Trata-se de habeas corpus impetrado contra acórdão que deu provimento ao recurso em sentido estrito interposto pelo MP, determinando que a denúncia, anteriormente rejeitada pelo juiz de 1º grau, fosse recebida contra o paciente pela conduta de lesões corporais leves contra sua companheira, mesmo tendo ela se negado a representá-lo em audiência especialmente designada para tal finalidade, na presença do juiz, do representante do Parquet e de seu advogado. Com isso, a discussão foi no sentido de definir qual é a espécie de ação penal (pública incondicionada ou pública condicionada à representação) deverá ser manejada nocaso de crime de lesão corporal leve qualificada, relacionada à violência doméstica, após o advento da Lei n. 11.340/2006. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, denegou a ordem, por entender que se trata de ação penal pública incondicionada, com apoio nos seguintes argumentos, dentre outros: 1) o art. 88 da Lei n. 9.099/1995 foi derrogado em relação à Lei Maria da Penha, em razão de o art. 41 deste diploma legal ter expressamente afastado a aplicação, por inteiro, daquela lei ao tipo descrito no art. 129, § 9º, CP; 2) isso se deve ao fato de que as referidas leis possuem escopos diametralmente opostos. Enquanto a Lei dos Juizados Especiais busca evitar o início do processo penal, que poderá culminar em imposição de sanção ao agente, a Lei Maria da Penha procura punir com maior rigor o agressor que age às escondidas nos lares, pondo em risco a saúde de sua família; 3) a Lei n. 11.340/2006 procurou criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres nos termos do § 8º do art. 226 e art. 227, ambos da CF/1988, daí não se poder falar em representação quando a lesão corporal culposa ou dolosa simples atingir a mulher, em casos de violência doméstica, familiar ou íntima; 4) ademais, até a nova redação do § 9º do art. 129 do CP, dada pelo art. 44 da Lei n. 11.340/2006, impondo pena máxima de três anos à lesão corporal leve qualificada praticada no âmbito familiar, corrobora a proibição da utilização do procedimento dos Juizados Especiais, afastando assim a exigência de representação da vítima. Ressalte-se que a divergência entendeu que a mesma Lei n. 11.340/2006, nos termos do art. 16, admite representação, bem como sua renúncia perante o juiz, em audiência especialmente designada para esse fim, antes do recebimento da denúncia, ouvido o Ministério Público.26 26(HC96.992-DF,Rel.Min. Jane Silva, Desembargadora convocada do TJ-MG, julgado em 12/8/2008).”
A uma grande polemica acerca da retratação, conforme podemos comparar na decisão acima com a próxima decisão abaixo:
“PENAL E PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS INFRINGENTES. PRETENÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE ACÓRDÃO PROFERIDO EM JULGAMENTO DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE EXTINGUIU A PUNIBILIDADE DO EMBARGANTE EM RAZÃO DA RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA. PROVIMENTO. 1.Tratando-se de lesão corporal dolosa praticada contra mulher no âmbito doméstico, a ação penal é pública condicionada a representação, posto que o artigo 41 da Lei nº 11. 340/2006, que excluiu a possibilidade de aplicação da Lei nº 9.099/95, o fez somente tendo em vista impedir os institutos despenalizadores. 2.O artigo 16 da Lei nº 11.343/2006, chamada Lei Maria da Penha faculta a renúncia da representação perante o Juiz, ou seja, a retratação da representação criminal em audiência especialmente designada. Prevalecendo o interesse das partes na manutenção do núcleo familiar, não é razoável que o estado intervenha para obrigá-las a uma demanda criminal indesejada. Precedentes do STJ. 3.Embargos julgados procedentes. Decisão unânime. (TJ-PE - EI: 183897320098170000 PE 0004837-07.2010.8.17.0000, Relator: Roberto Ferreira Lins, Data de Julgamento: 22/12/2011, Seção Criminal, Data de Publicação: 07)”
Com tudo isso exposto em 2016 o relator Des. Ruy Celso Barbosa Florence entendeu que:
“E M E N T A - APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA - LESÃO CORPORAL EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE DA PARTE ATIVA - RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA - AFASTADA - MÉRITO - PEDIDO ABSOLUTÓRIO - IMPROCEDÊNCIA - CONJUNTO PROBATÓRIO SEGURO - RECURSO NÃO PROVIDO. O Ministério Público, conforme a previsão do art. 129, I, da CF/88 e do art. 24, caput, do CPP, é o titular da Ação Penal Pública, seja ela condicionada ou não à representação da vítima. O Supremo Tribunal Federal, atribuindo interpretação conforme à Constituição aos artigos 12, I; 16 e 41, todos da Lei 11.340/2006, assentou que a ação penal relativa à lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (ADI 4424, Relator (a): Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2012, processo eletrônico DJe-148 divulg 31-07-2014 public 01-08-2014). Os motivos e a falta de coabitação no momento do crime não afastam a incidência da Lei Maria da Pena se comprovada a relação íntima de afeto e agressão baseada no gênero. Sendo o conjunto probatório suficientemente seguro sobre a hipótese denunciada, impõe-se manter a condenação. Preliminar afastada e, no mérito, apelo não provido, com o parecer. (TJ-MS - APL: 00013516920138120025 MS 0001351-69.2013.8.12.0025, Relator: Des. Ruy Celso Barbosa Florence, Data de Julgamento: 25/07/2016, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 15/08/2016)”
3.2 Reconciliação entre o casal e os efeitos jurídicos
A reconciliação entre o casal é o mais frequente, e o procurador Marques Vidal acredita que o Estado falha ao não apoiar os casais nesta situação. Reiteradas vezes pode-se dizer que não se aplica o principio da insignificância aos casos de violência doméstica contra a mulher, mesmo que o casal tenha se reconciliado, porém, e sempre bom observar que caso o agressor tenha bons antecedentes, seja agressor primário, bem recomendado no meio social, mostrando disposição em retomar harmoniosamente a vida conjugal e convivência com os filhos caso tenha, a lei Maria da penha nos da essa chance de avaliar a real intenção do mesmo, por meio de uma interpretação teleológica.
A interpretação teleológica trata-se de uma técnica que tem por objeto investigar o fim colimado pela lei como elemento fundamental para descobrir o sentido e o alcance da mesma.
Diversas vezes as brigas entre os casais são pela situação financeira, uma gestação precoce ou desentendimento por conta de suas personalidades fortes. Porém eles se amam e após a confusão desejam ter o outro do lado e recomeçar, infelizmente isso não e em todos os casos, pois em alguns fatos podemos observar a dependência da mulher ao agressor por não acreditar mais em si mesma e acreditar que só vivera ao lado dele.
Para Junior, artigo publicado há dois anos, sobre “a reconciliação do casal na lei Maria da Penha”:
“É importante e oportuna tal providência porque, distante da realidade processual, que tem o objetivo de seguir o devido processo legal, irá retratar o reconhecimento do eventual erro por parte do agressor, seu firme propósito no reatamento da relação e a vontade do casal em reconstruir a vida em comum, agora com maturidade para tanto, haja vista que o relacionamento entre as pessoas nem sempre vem lacrado com o selo da certeza da indissolubilidade e da convivência pacífica. Resultando bem sucedida à tentativa, o profissional relatará o atendimento ao juiz que, por sua vez, ouvirá as partes e definirá a situação processual, sem aplicação da pena, ou mesmo a previsão de uma suspensão condicional do processo.”
O agressor acaba colocando no psicológico da vitima que ela e feia, que ela não vivera sem ele, que nenhum homem vai querer ela, a chama de burra, a faz acreditar ser merecedora da agressão, ela acaba murchando como uma flor no sol e sem água, por fim ela esta acabada e sem forças para prosseguir, ela não quer mais viver, não importa mais com as agressões, pois elas não doem mais que sua alma.
Mas nem todos os casos são assim, em alguns casos foram por culpa da raiva e do acaso e o homem se arrepende do que fez e procura resolver seu erro buscando a reconciliação.
Essa reconciliação deve ser analisada minuciosamente, se possível uma avaliação entrevistando o agressor, a vitima e os filhos, para se ter um total convencimento quanto ao reatamento da convivência conjugal entre o casal, isso e importante caso o agressor consiga ver seu erro e busca infinitamente no reatamento da relação mostrando total arrependimento e a vontade de reconstruir a vida comum, já que agora possui tal maturidade para isso, por isso e preciso da participação judicial nestes casos como prevenção e ver a real intenção do agressor.
Podemos analisar que isso só afastará a medida protetiva,devendo o mesmo cumprir sua pena ao crime cometido.
3.3 Aspectos processuais
De acordo com o artigo 16 da lei nº 11.340 de 2006, dispões sobre a possibilidade de renuncia a representação nas ações penais publicas condicionadas á representação da ofendida cujo crime for cometido contra mulher no ambiente familiar. Por isso o desejo de desistir da representação e formalizada por meio de uma petição através de seu advogado na qual será encaminhada ao juiz que marcará audiência para ouvir a vitima e saber qual o motivo da desistência do processo, devendo dar ciência ao ministério público.
Depois de homologada a retratação comunicar-se-á a autoridade policial para que a mesma arquive o inquérito, já que foi extinto a punibilidade do agente. 
Já o artigo 25 do Código Processual Penal e 102 do Código Penal, diz que depois de proferida a denuncia a ação será irretratável, não podendo a vitima desistir do feito. Confirmando também no que diz no artigo 16 da lei Maria da Penha, por isso a vítima promove à representação, manifestando interesse na responsabilização criminal do autor do fato, dando ela a possibilidade de se retratar, para não ver seu cônjuge preso e processado. Porém para tal arrependimento só pode ser promovido antes do oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.
Essa audiência é chamada de preliminar, ou seja, é aquela que antecede a audiência principal que tem como objetivo diminuir a demanda do serviço logo no início. Que em seu artigo 331 do código processual penal mostra uma modalidade para a extinção do processo.
3.4 Casos e julgados dos tribunais superiores
Nesse ponto do trabalho, veremos, na pratica, como os Tribunais de Justiça vem enfrentando os casos de retratação dentro do crime de violência doméstica contra a mulher, através de ementas de julgados. Vejamos:
No caso que segue, apesar da vitima ter denunciado o suposto autor do fato a mesma não compareceu em nenhuma audiência, opinou o Ministério Publico pela extinção da punibilidade devido a renuncia tácita:
 
“RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LESÃO CORPORAL LEVE. AMEAÇA. RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO EM JUÍZO E ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. Nos termos do artigo 16, da Lei Maria da Penha, a retratação da ofendida somente poderá ser realizada perante o magistrado. Assim, correta a decisão singular que extingue a punibilidade do réu ante a renúncia da vítima, manifestadas antes do recebimento da denúncia, em audiência própria designada pelo juízo. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO, RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 169507-31.2011.8.09.0168, Rel. DR(A). ROBERTO HORACIO DE REZENDE, 1A CAMARA CRIMINAL, julgado em 11/12/2012, DJe 1230 de 24/01/2013) PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE AMEAÇA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. REPRESENTAÇÃO. PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 147 DO CÓDIGO PENAL. INOBSERVÂNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Na hipótese de crime de lesão corporal (art. 129, § 9º do CP) c/c crime de ameaça (art. 147 do CP), aquele é de ação penal pública incondicionada, no entanto, este é condicionado à representação da vítima. A ausência de representação da vítima, acarreta a extinção da punibilidade, a teor do disposto no Parágrafo único do art. 147, do Código Penal. À unanimidade, deu-se provimento ao apelo.(TJ-PE - APL:4218020108170360 PE 0000421-80.2010.8.17.0360, Relator: Leopoldo de Arruda Raposo, Data de Julgamento: 31/07/2012, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 152).
 Sem necessidade de outras considerações, acolho o parecer ministerial e, JULGO por sentença EXTINTA A PUNIBILIDADE do autor do fato, referentemente aos presentes autos, nos termos do art. 104, c/c art. 107, inciso V, do Código Penal, e determino o arquivamento, impondo-se perpétuo silêncio ao caso.” “Juíza de Direito ANA MARIA DE OLIVEIRA.”.
Sendo assim, nesse caso abaixo, é possível observar que houve o descumprimento de medidas protetivas, com provas de autoria e eventual retratação da vitima se tornando assim irrelevante, já que é uma Ação Pública Incondicionada não podendo a vitima desistir da ação, decidindo assim a prisão preventiva do agente:
“EMENTA: HABEAS CORPUS - LESÃO CORPORAL E DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS - INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA PENHA - TESE RELACIONADA À ANÁLISE DA PROVA DA AUTORIA - VIA IMPRÓPRIA - EVENTUAL RETRATAÇÃO DA VÍTIMA - IRRELEVÂNCIA - AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA - PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA - PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS ELENCADOS NOS ARTIGOS 312 E 313 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS - INSUFICIÊNCIA PARA OBSTAR A CONSTRIÇÃO CAUTELAR. 1. A questão acerca da análise da prova da autoria diz respeito ao cerne da lide penal, inviável de ser aprofundada nos estreitos limites da ação de habeas corpus, notadamente quando presentes, de maneira concreta, indícios de autoria e materialidade delitiva. 2. Eventual retratação da vítima não é apta a obstar a continuidade da ação penal na hipótese de lesão corporal decorrente de violência doméstica, cuja natureza é pública incondicionada. 3. O descumprimento de medidas protetivas impostas, per se, preenche o requisito trazido no inciso III do artigo 313 do CPP, constituindo-se em pressuposto a justificar, em sua modalidade preventiva, a segregação cautelar do agente, como forma de garantir a execução das medidas protetivas de urgência, assegurando-se a integridade física e psicológica da vítima. 4. A presença de condições pessoais favoráveis, por si só, não é suficiente para inibir a custódia cautelar, uma vez demonstrada a necessidade de sua manutenção.  (TJMG -  Habeas Corpus Criminal  1.0000.18.046013-1/000, Relator(a): Des.(a) Paulo Calmon Nogueira da Gama , 7ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 06/06/2018, publicação da súmula em 14/06/2018).”
Enquanto neste caso descrito abaixo se pode observar que a palavra da vitima é o bastante para fundamentar a acusação do acusado, e no crime de ameaça dentro do ambiente doméstico seja condicionada a representação podendo a vitima se retratar conforme os meios legais permitidos, neste caso pode se ver que o juiz decretou de oficio a nulidade do feito por não realização da audiência preliminar:
“EMENTA: AMEAÇA PROFERIDA NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS. PALAVRA DA VÍTIMA. VALOR PROBANTE. CONDENAÇÃO MANTIDA. SURSIS ESPECIAL. CABIMENTO. 
A palavra da vítima, desde que se apresente segura e coerente, basta para fundamentar a condenação do acusado como autor do crime de ameaça praticado no âmbito das relações domésticas. 
Preenchidos os requisitos estabelecidos no art. 77 do CP, deve ser concedida ao acusado suspensão condicional da pena. 
V.V. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE AMEAÇA PRATICADO NO ÂMBITO DOMÉSTICO E FAMILIAR. CRIME DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO. POSSIBILIDADE DE RETRATAÇÃO DA VÍTIMA. AUDIÊNCIA PRELIMINAR (ART. 16 DA LEI MARIA DA PENHA) NÃO REALIZADA. NULIDADE PROCESSUAL DECRETADA DE OFÍCIO. 
- O crime de ameaça, mesmo o praticado no âmbito doméstico e familiar, é de ação penal pública condicionada à representação da vítima, de forma que prevalecem as disposições contidas na Lei Maria da Penha, o que torna obrigatória a designação da audiência prévia prevista no art. 16 da referida norma legal, para que, antes do recebimento da denúncia, a vítima tenha a oportunidade de renunciar à representação, sob pena de nulidade do feito. 
- Nulidade do feito, decretada de ofício. (Des. Doorgal Andrada).  (TJMG -  Apelação Criminal  1.0487.12.004535-5/001, Relator(a): Des.(a) Fernando Caldeira Brant , 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 04/04/2018, publicação da súmula em 11/04/2018).”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Ao longo deste trabalho podemos observar que a violência doméstica contra a mulher sempre esteve presente no ambiente familiar desde a antiguidade e ainda ocorre atualmente. Houve diversas mudanças no decorrer do tempo para se obter justiça nesse assunto abordado.
Sabemos que a mulher era vista apenas como um objeto de reprodução e prazer, não podendo exercer seus direitos e garantias já que dependiamemocionalmente e economicamente de seus maridos aceitando tais agressões como forma de punição, pois, acreditavam ser merecedoras de tal fatalidade, e com isso ficavam em silêncio como se nada houvesse ocorrido.
A violência domestica é aquela ocorrida dentro do ambiente familiar, praticado por alguém de comum afeto e confiança, como na maioria das vezes por seus maridos ou companheiros, de forma física, psicológica, verbal, moral, sexual e patrimonial. E ocorre que nesse meio existam vítimas variadas como crianças e adolescentes, por causa da função patriarcal do homem em deter o poder de regular todas as condutas naquele local.
Com tudo isso a sociedade foi evoluindo e em 1916, foi criada uma norma no código civil, onde a mulher poderia trabalhar, porém, somente com a autorização do esposo já que era considerada a parte mais fraca da relação e um suposto modo de proteger a família. E somente com a criação dos juizados especiais em seu artigo 98, inciso I, da constituição federal de 1988, esse crime passou a ser considerado de menor potencial ofensivo passando o agressor a pagar uma multa ou uma restritiva de direitos.
Porém, tudo isso ainda não era suficiente e as mulheres não tinham muita fé na justiça; até que uma mulher cansada de tais agressões buscou infinitamente por justiça; seu nome é Maria da Penha, farmacêutica, nascida no Ceará, que por causa de tanta violência ficou paraplégica, mas esta situação não a impediu de buscar justiça.
Sua luta durou por 15 anos, até que foi preciso do apoio de organizações internacionais que fizeram o caso repercutirem, e condenou o estado brasileiro por omissão e negligencia, devendo reformular suas leis e dar celeridade ao fato ocorrido. Com isso foi criada uma lei para a proteção da mulher voltada à prevenção, punição e erradicação da violência doméstica contra a mulher. Sendo assim como forma de homenagem a lei foi chamada de “LEI MARIA DA PENHA”.
Foi uma grande conquista para as mulheres, porém, mesmo com tais normas de proteção esse tipo de violência acontece atualmente devendo a mulher dar inicio a uma ação penal fazendo com que o estado busque a justiça legalmente. O estado tem o dever de punir o agressor em tais atos, e um desses atos é a lesão corporal no ambiente doméstico.
Lesão corporal é qualquer agressão física ou moral, que possui o dolo de produzir tais resultados na vítima, e com a criação da lei Maria da Penha nos casos de violência domestica ela passou a ser aplicada mais severamente. Mas com tudo que foi exposto pode ser observado uma grande dificuldade, pois em muitas vezes a mulher que denuncia a agressão acaba voltando com o agressor e quer se retratar perante o judiciário.  A ofendida só terá a oportunidade de se retratar na presença das autoridades competentes, e este ato deve se dá antes do oferecimento da denúncia, caso o crime seja de ação penal pública condicionada a representação.
Sendo assim, no fim deste trabalho podemos dizer que existe sim uma possibilidade de se retratar, mas isso vai depender de qual tipo é a ação, pois nos casos de lesão corporal ela é considerada como uma ação publica incondicionada que independe da vontade da vítima devendo o ministério público dar prosseguimento no feito. Mas como ficaria o casal nesta situação? O homem realmente se arrependeu? A mulher esta de comum acordo ou esta sendo coagida a desistir da ação?
Essas são perguntas a serem feitas antes de aceitar a retratação da vitima, pois, seria uma forma de resguardar a aplicabilidade da jurisdição de forma correta, fazendo com que isso não ocorra mais. Sabemos que muitas mulheres tem medo de seus agressores, pois muitas delas possuem filhos e não acredita conseguir cria-los, ou acredita não conseguir viver sem ele e que nenhum outro homem interessaria nela.
Em minha opinião, o direito de retratação não deveria ser permitido em hipótese alguma, pois se a justiça esta ciente de um crime a mesma deve punir o agressor e mostrar para a vítima que ela e capaz, e consegue sim sobreviver. Já que muitas mulheres morreram por não deixarem o judiciário punir o agressor e infelizmente isso ocorre atualmente mesmo com tais punições.
REFERÊNCIAS
DAMASIO DE JESUS, Direito Penal, Parte Especial, Volume 2, 35º edição, editora saraiva, 2015.
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao21/materia03/ acessado em 01/03/2018 às 15h13min.
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-evolucao-historica-da-violencia-contra-a-mulher-no-cenario-brasileiro-do-patriarcado-a-busca-pela-efetivacao,589527.html acessado em 01/03/2018 às 14h30min.
https://jus.com.br/artigos/48718/a-evolucao-da-sociedade-patriarcal-e-sua-influencia-sobre-a-identidade-feminina-e-a-violencia-de-genero acessado em 20/02/2018 as 23h05min.
https://www.todamateria.com.br/lei-maria-da-penha/ acessado em 06/03/2018 as 09h55min.
MIRABETE, Júlio Fabbrini e Renato N. Fabbrini, Curso de Direito Penal, Volume II, 32ª edição, São Paulo, editora Atlas S/A, 2015.
CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal, Volume 2, 15ª edição, São Paulo, editora Saraiva, 2015.
NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Processo Penal e Execução Penal, 14ª edição, São Paulo, editora Forense, 2017.
LENZA, Pedro e André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves, Direito Penal Parte Geral, 4ª edição, São Paulo, editora saraiva, 2015.
CAPEZ, Fernando, Curso de Processo Penal, 22ª edição, São Paulo, editora Saraiva, 2015.
https://eudesquintino.jusbrasil.com.br/artigos/380755261/a-reconciliacao-do-casal-na-lei-maria-da-penha acessado em 12/06/2018 as 00:42 horas.

Outros materiais