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Aula 1 Instituto Brasileiro de Direito Tributário

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Fichamento aula 1
Sara C. M. Santos 
Conceito de Tributo, Imposto e Taxa
Antes de adentrarmos em qualquer espécie de estudo em direito tributário, é fundamental que cheguemos a uma definição do que é Tributo, pois esta, será nosso pressuposto, afetando diretamente o significado de cada instituto, conceito, e até mesmo dos princípios estudados, visto que, de acordo com a definição escolhida para ‘tributo’, saberemos os dispositivos legais objetivamente alcançados pela Estrita Legalidade, por exemplo, assim, a compreensão do que é, ou não, tributo é ainda mais fundamental (cronologicamente), do que o estudo de qualquer princípio ou instituto.
Dessarte, no Código Tributário Nacional, em seu art. 3º temos: “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”, porém, analisando os elementos apresentados acima, o que os diferenciaria do instituto da Requisição, encontrado no direito administrativo? O nível de discricionariedade. Enquanto os atos administrativos, como a requisição, possuem uma grande carga de subjetividade, pois cabe a autoridade uma série de avaliações nos quais usará oportunidade e conveniência como pontos balizadores, os tributos são absolutamente vinculados, sem a possibilidade de uma vinculação relativa, no campo prático, ocorrendo o fato gerador, o poder público não tem a opção de não arrecadação, mesmo que a boa situação econômica nacional ou local, dispense aquela receita, o estado deve agir exatamente como prevê a lei, ignorando totalmente a conjuntura sócio-econômica.
Desta maneira temos que o tributo é constituído dos seguintes elementos:
a) Prestação Pecuniária; (o pagamento deve ocorrer sempre em dinheiro)
b) compulsória; (de maneira obrigatória, para ambas as partes)
c) em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir; (em valores concretos)
d) que não constitua sanção de ato ilícito; (pois crimes não são fatos geradores)
e) instituída em lei; (não são válidos outro meios, como portarias etc.)
f) que seja atividade administrativa vinculada; (não há subjetividade da autoridade)
Em que pese a clássica divisão da receita pública entre entradas de direito privado e entradas de direito público, sendo a primeira referente às relações em que o Estado se equipara à um particular e age como se o fosse, e a segunda quando faz uso de seu poder de império em face das massas, autores como Benedetto Cocivera negam que possa haver um conceito autônomo de tributo, pois, segundo ele, além do fato de que as entradas públicas, são muitas vezes são regidas por normas de direito privado (sendo válido o oposto), e ainda, que o tributo e as espécies tributárias são inseparáveis, pois o primeiro não pode existir fora “dos esquemas teóricos” do segundo, porém o que não foi observado pelo autor em questão, é que o se tem, é a classificação de tributo como gênero, dos quais, impostos, taxas e contribuições são espécies.
Muito embora não seja um entendimento pacificado que o tributo seja composto por impostos, taxas e contribuições, adotaremos esta teoria tripartite, haja vista ser a adotada pela Constituição, que nos artigos 153, 155 e 156 prevê a competência para arrecadação de impostos, já no artigo 145, II e III a competência para as taxas e contribuições, fazendo com que esta divisão surja naturalmente, sendo assim, importante destrincharmos um pouco mais cada um desses elementos.
Os impostos sempre foram objeto de grande discussões doutrinárias ao longo da história, dentre as várias escolas (excluindo aquelas que ainda tinham como fonte a Ciência das finanças), temos duas grandes linhas de pensamento que ressaltavam aspectos diferentes do imposto, são elas: a orientação formalística e as de as aspecto substancial, sendo que a primeira buscava excluir da conceituação a obtenção das receitas, ou a destinação dada a elas, levando em consideração o caráter extrafiscal existentes nos tributos, às vezes, sendo unicamente sociais suas finalidades, e tendo a arrecadação como mera consequência lógica, já a segunda, advogava que na definição de tributo, deveriam ser observados o destino da arrecadação, ou a arrecadação em si. Com o pensamento moldado pela corrente formalista, Alcides Jorge Costa, nos traz considerável definição: “ Impostos são as prestações, em dinheiro ou em espécie, exigidas pelo Estado em virtude do seu poder de império, e através de atividade totalmente vinculada, daqueles que se achem nas situações consideradas como fatos tributáveis por norma legal constante.”, antes de passarmos à taxas, cabe uma observação, no conceito acima mencionado temos a possibilidade de prestações em espécies como resultado da perceptível intenção do autor: a de definir tributo de maneira “universal”, ou pelo menos, do modo mais abrangente possível, considerando suas relações acadêmicas com doutrinas de diversas partes do mundo. Assim, como em alguns países os tributos poderiam ser também em espécie, temos esta opção na definição.
Como nos impostos, são várias as definições de taxa, porém exploraremos apenas três concepções, constantes no material objeto de nosso estudo.
A primeira, consiste na relação, à base de troca, entre contribuinte e Estado, a segunda, entende a taxa como um “fenômeno de consumo”, já a última tem a taxa como um meio de externalizar os custos pelos serviços públicos divisíveis. Para que se chegue a uma definição final, analisaremos rapidamente alguns aspectos adjacentes, provindos de cada uma das concepções acima apresentadas.
 As taxas não podem ser definidas por seu valor monetário, pois em algumas ocasiões, estas são fixadas em valores altíssimos, a fim de desestimular certas práticas e atividades, também são tidas como destinadas à serviços essenciais ao Estado, porém a noção de serviço essencial é variável, e há ainda a discussão, se o valor da taxa pode ou não superar o valor do serviço taxado.
Logo a taxa consiste em um pagamento por um serviço público prestado, ou meramente colocado à disposição, não sendo o benefício, exatamente o propósito desta, como esclarece o CTN, em seu artigo 77: “Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.”, porém a diferença essencial reside no fato de que para o STF, a taxa obedece ao princípio do benefício, ainda que não usufruído, mas colocado à disposição, enquanto os tributos, obedecem o princípio da capacidade contributiva.
Espécies tributárias no Direito Brasileiro
Ao se analisar a história, percebe-se que o tema espécies tributárias está entre os mais controversos dentro do direito tributário, nesse caso em especial, há discussão até mesmo sobre que autor realizou primeiro a diferenciação. Em que pese o tema ser avidamente explorado, possuindo grande número de produções acadêmicas, há autores que não enxergam qualquer diferença substancial entre impostos e taxas, e totalmente dispensáveis para a construção de definições em direito tributário, encerrando sumariamente o debate.
	Como representantes dos autores acima citados, analisemos as questões levantadas por C. F. Chall e A. Wagner. Para Chall, as taxas estão intimamente ligadas à uma prestação estatal de serviços essenciais, chamados também de “fins essenciais”, porém Wagner acredita não ser possível traçar com tanta clareza a atuação do poder público e sua relação com as taxas, trazendo um interessante exame histórico, Wagner, acredita que o estado, gradativamente, arrogou para si a responsabilidade sobre domínios antes particulares, desta forma, temos a troca dos gastos gerados no âmbito particular transferidos para a vida coletiva, na forma das taxas.
	Os conceitos acima apresentados, são consideradosa base doutrinária para as perguntas sobre a incidência da taxa, quais seus critérios objetivos de definição e aplicação, ou quais fatores podem afastá-los.
Porém, apenas admitir que “ a relação jurídica relativa à taxa não tem caráter contratual”, não elimina a discussão, pois, nos leva a entender que haveria preço público toda vez que o inverso fosse verdadeiro.
	Outro aspecto a ser analisado é a abusividade na instituição de taxas na ausência de legislação que o permita, situação que ocorria pela falta de definição legal do conceito de serviço público, que poderia ser classificado de acordo com o sujeito ativo da prestação, ou, o objeto da mesma, e é esta indefinição a amostragem perfeita da dificuldade na diferenciação entre taxa e preço. 
O autor do material em estudo, propõe, como solução doutrinária, a seguinte distinção: Para os serviços de ordem essenciais à sociedade, como o poder judiciário, aplicam-se as taxas, já para os serviços industriais, temos os preços. Esta definição, muito se aproxima do que temos hoje como entendimento consolidado.
Quanto aos serviços cedidos à concessionárias, podemos, de acordo com a natureza, classificá-los entre preço e taxa, sendo mais comum enquadrar-se no primeiro.
Já sobre os valores praticados na aplicação das taxas, não servem para realocá-las junto aos impostos, ou coisa semelhante, pois, ao fixá-las em altos patamares, a intenção do estado é claramente político-social, servindo como ferramenta de desencorajamento de certas atividades ou condutas.

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