Buscar

Contrarrazões recurso em sentido estrito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE GOIÂNIA
AUTOS N°: XXXXXX
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
RECORRENTE: JOAQUINA
O Ministério Público por meio de suas atribuições constitucionais e legais, artigo 129, I da Constituição Federal vem a presença de Vossa Excelência requerer a juntada das CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTINDO ESTRITO, com fulcro no artigo 588 do Código de Processo Penal, requer o recebimento, processamento e encaminhamento ao Egrégio Tribunal de Justiça. 
Nesses termos, pede recebimento.
Goiânia, XX de XX de XXXX
______________________________ 
Samuel Viana de Azevedo
OAB/GO n° 54.529
______________________________ 
Lilian Alves de Oliveira Freitas
OAB/GO n° 57.771
______________________________ 
Lorena de Oliveira Santana
OAB/GO n° 58.657
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
AUTOS Nº: XXXXXXXX
RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL 
RECORRIDA: JOAQUINA
Egrégio Tribunal, 
1. DOS FATOS 
Segundo os relatórios fáticos, a recorrente dirigia em velocidade permitida e ao fazer uma ultrapassagem, não liga a seta luminosa sinalizadora do veículo, atropelando Pedro, que conduzia em alta velocidade em sentido oposto da via. Depois desse terrível e drástico acontecimento, a vítima falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão.
No andamento processual, de acordo com o artigo 394 a 405 do Código de Processo Penal, após o encerramento do Inquérito Policial, o Ministério Público ofereceu denúncia imputando a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade de dolo eventual previsto no artigo 121 c/c art. 18, I, parte final, ambos do Digesto Penal.
Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Joaquina pelo crime apontado na inicial. A requerida foi devidamente citada à fls. XX. Sendo assim, na audiência de instrução e julgamento foi produzida provas e a defesa pugnou pela desclassificação para crime de trânsito, o juiz pronunciou conforme a denúncia. 
Apresentada as razões, a defesa da ré pugnou pela desclassificação de homicídio doloso na modalidade dolo eventual (art. 121, CP) para homicídio culposo, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro.
2. DO MÉRITO E DO DIREITO
Em primeiro lugar urge demostrar que a recorrente foi acusada, de quando na condução de seu veículo, ter causado a morte de Pedro, que transitava em sua motocicleta em velocidade além da permitida, sendo então, denunciada e pronunciada pela prática do crime de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual. Na redação da lei diz o artigo 121:
Artigo 121 – Matar alguém:
Pena – Reclusão, de seis a vinte anos.
Neste caso, a recorrente não desejava, inicialmente, matar alguém. Todavia, ao conduzir seu veículo nas circunstâncias exemplificadas, a acusada revela ter plena consciência de que, agindo daquele modo, poderia causar a morte de alguém (previsibilidade). E, quando opta por prosseguir com sua conduta, acaba por demonstrar sua completa indiferença quanto à possibilidade da produção do resultado morte, ou seja, ela age com dolo eventual.
O art. 18, I do Código Penal preceitua que comete crime na modalidade dolo eventual quando o agente “assume o risco de produzi-lo (o resultado lesivo)”. O dolo eventual se consubstancia quando o agente age ou deixa de agir, prevê que tal conduta pode acarretar uma lesão a um bem jurídico penalmente tutelado e pouco se importa se a dita lesão ocorrer ou não.Vejamos os posicionamentos dos ilustres doutrinadores Mirabete e Fernando Capez:
“A conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado.” (Mirabete, 2010, p. 138)
“É aquela em que o agente prevê o resultado, embora não o aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, por entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto.” (Capez, 2010, p. 234)
Portanto, o fato de que, no caso ora estudado, a infratora trafegava, em velocidade permitida, mas, por sua conduta errada, assumi o risco e comete uma falta grave de não sinalizar para fazer a devida ultrapassagem, assumindo então um risco quanto às consequências de sua ação. Diante disso, parece ser evidente a caracterização de dolo eventual. Já o iminente jurista Noronha afirma que: 
“No dolo eventual, o sujeito prevê o resultado e, embora não o queira propriamente atingi-lo, pouco se importa com a sua ocorrência (“eu não quero, mas se acontecer, para mim tudo bem, não é por causa deste risco que vou parar de praticar minha conduta – não quero, mas também não me importo com a sua ocorrência”). ” (Noronha, 2009, p. 135)
Noutra ponta, a defesa da ré então alegou que o crime do caso exposto não se enquadrava no artigo 121 do Código Penal, outrora, que no caso apresentado, a recorrente fez uma ultrapassagem e não ligou a seta luminosa sinalizadora do veículo, resultando nesse drástico acontecimento, ficou visível que a conduta dela estava errada, mas, insatisfeito com a denúncia, a defesadefendeu a tese de que a conduta deveria se enquadrar no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, vejamos:
Art. 302 – Praticar homicídio culposo na direção do veículo automotor:
Pena – detenção, de dois a quatro anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor.
A conduta descrita no tipo penal incriminador do Artigo 302, CTB é “praticar”, que se pode ser entendido como “levar a efeito, realizar, cometer ou fazer”. Sendo assim, podemos concluir que se configura então a atuação delitiva aquele que a realiza, comete conduta que por negligência, imprudência ou imperícia, ou no contexto da culpa consciente, da causa à eliminação de uma vida humana. Por hora o Ministério Público firma que se faz estar diante da figura do homicídio doloso previsto no artigo 121, na modalidade dolo eventual e não do tipo penal previsto na Lei de Trânsito uma vez que, apesar do resultado ter sido produzido pelo veículo da ré ao deixar de sinalizar a ultrapassagem, falta um elemento para a conformação do tipo, tendo em vista que a vítima foi o agente imprudente no fato ao dirigir acima da velocidade permitida. 
Neste liame, analisando-se a jurisprudência do colendo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ficará evidente a complexidade aqui defendida, que por unanimidade decidiram em manter a acusação por homicídio doloso aplicando-se o dolo eventual:
“RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – HOMICÍDIO NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR – DOLO EVENTUAL – DESCLASSIFICAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – QUALIFICADORA DO RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DO OFENDIDO – INCOMPATÍVEL.
1. Não se pode excluir a possibilidade do dolo eventual nos delitos cometidos na direção de veículos automotores em vias públicas, quando, circunstâncias excepcionais de violação das regras de trânsito pela intensidade possibilitam que se admita […]” (TJRS, Recurso em Sentido Estrito 70023167158, Des. Rel. Elba Aparecida Nicolli Bastos, 3ª Câm. Criminal, j. 13/3/2008). (www.tjrs.jus.br).
 Pois bem nobres julgadores, por mais que se destaque que a recorrida em nenhum momento assumiu o risco de provocar o óbito, o Ministério Público fortaleceu que, não resta evidência a prática do delito contido na exordial acusatória. Ressaltamos ainda que, a conduta da recorrida se enquadra no artigo 121 c/c artigo 18, ambos do Código Penal na modalidade dolo eventual.
3. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer que seja negado provimento ao recurso para que, seja mantida a decisão de pronúncia, ou seja, que se mantenha a decisão do juiz a quo.
Goiânia, XX de XX de XXXX
(as assinaturas estão na página seguinte)
______________________________ 
Samuel Viana de Azevedo
OAB/GO n° 54.529
______________________________ 
Lilian Alves de Oliveira Freitas
OAB/GO n° 57.771
______________________________ 
Lorena de Oliveira Santana
OAB/GO n° 58.657

Continue navegando