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Processamento de alimentos por irradiação, campos elétricos e alta pressão hidrostática Oswaldo Kameyama Instituto Federal do Sul de Minas Gerais Campus Inconfidentes Engenharia de Alimentos TAL 120 – Conservação de Alimentos Fundamentos Padrão de Morte � O critério de morte de um microrganismo é baseado em sua capacidade de se reproduzir, ou seja as células viáveis. � Embora os microrganismos precisem entrar em contato com o agente antimicrobiano, eles não morrem instantaneamente, eles morrem em uma relação constante. Fatores que influenciam a atividade antimicrobiana � Tamanho da população inicial: quanto maior a população, maior o tempo para ocorrer a morte; � Intensidade ou concentração do agente: quanto menor a intensidade ou concentração, maior o tempo; � Tempo de exposição ao agente: maior o tempo, maior o número de células mortas; Fatores que influenciam a atividade antimicrobiana � Temperatura: em geral quanto menor a temperatura, maior o tempo para ocorrer a morte; � Natureza do material que contem os microrganismos: a natureza varia a velocidade com quem um agente consegue penetrar e atingir o microrganismo; � Característica dos microrganismos que estão presentes: cada microrganismo tem uma sensibilidade maior ou menor por um determinado agente, por isso é importante conhecer quais os microrganismos que se deseja eliminar. Irradiação de Alimentos Irradiação Radiação � Radiações são partículas ou ondas eletromagnéticas que possuem comprimento de onda, propagam com uma determinada velocidade, contém energia, carga elétrica e magnética. Figura 1 – Esquema do processo de emissão de partículas radioativas Radiação � Conforme a quantidade de energia que cada tipo de radiação libera pode ser classificada como: Radiação não ionizante Radiação ionizante � A Tabela 1 mostra os tipos de radiação que podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem. Radiação Espetro de Radiação Eletromagnética Região Comp. Onda (Angstrons) Comp. Onda (cm) Freqüência (Hz) Energia (eV) Rádio >109 >10 >3.109 <10-5 Microondas 109-106 10 – 0,01 3.109 – 3.1012 10-5 – 0,01 Infravermelho 106 - 7000 0,01 – 7.10-5 3.1012 – 4,3.1014 0,01 – 2 Visível 106 - 7000 7.10-5 – 4.10-5 4,3.1014 – 7,5.1014 2 – 3 Ultravioleta 7000 - 4000 4.10-5 – 10-7 7,5.1014 – 3.1017 3 – 103 Raios-X 10 - 0.1 10-7 – 10-9 3.1017 – 3.1019 103 – 105 Raios Gama < 0.1 < 10-9 > 3 x 1019 > 105 Tabela 1 – Tipos de radiações, seus comprimentos de ondas, freqüências e energia. Irradiação � Irradiação é o processo de aplicação de energia radiante a um alvo específico, no nosso caso, um alimento. � A irradiação é o processo segundo o qual determinado material é submetido ao tratamento pela radiação - pode ser ionizante ou não, dependendo da sua energia. � O tratamento por irradiação do alimento, portanto, não torna o alimento radioativo. Figura 2 – Símbolo que identifica alimentos irradiados Radiação não ionizante: Luz ultravioleta � A região ultravioleta do espectro estende-se abaixo de 450nm de comprimento de onda. � O comprimento mais efetivo para a destruição dos microrganismos é 260nm (absorção pelo ácidos nucléicos) . Esta valor está dentro da faixa que caracteriza a luz ultravioleta como UV-C Abaixo dos 200nm a energia é absorvida pelo oxigênio atmosférico, não sendo portanto efetiva para a destruição de microrganismos. � O maior valor da ação antimicrobiana da radiação ultra-violeta, está na sua aplicação para destruir os microrganismos suspensos no ar ou expostos em superfícies. Radiação não ionizante: Luz ultravioleta � Deve-se evitar o uso de U.V. em alimentos: Gordurosos, pois a radiação acelera o desenvolvimento de sabores rançosos, já que catalisa a oxidação dos lipídeos; Leite e produtos de laticínios; Vegetais verdes, pode deixar manchas de descoloração nas folhas. � Implicações à Saúde Pública: A sua aplicação envolve riscos para o operador, especialmente na pele e olhos. Se as lâmpadas produzem emissões abaixo de 200nm, há a possibilidade da produção de ozônio que é tóxico ao homem, e produz também aceleração da oxidação das gorduras. Radiação não ionizante: Luz ultravioleta � Mecanismo de ação : formação de dímeros de pirimidina, principalmente timina, que inibem a formação de novas cadeias de DNA � Com relação à susceptibilidade das diferentes espécies, não existe informação complementar. Sabe-se que em geral, os gram-negativos não esporulados são destruídos mais facilmente pela U.V. Staphylococcus e Streptococcus requerem 5 vezes mais energia que os gram-negativos, Esporos 10 vezes mais; esporos de fungos 50 vezes mais e vírus, mais ainda. As leveduras têm uma resistência similar às bactérias Radiação não ionizante: Luz ultravioleta pulsada � Processo comum : luz lâmpadas de baixa pressão que produzem radiação por volta de 254nm. � Luz pulsada (PLP): aplica pulsos rápidos e intensos de luz de amplo espectro, entre 200 a 1100 nm, com predominância de raios UV-C (200 a 280 nm). � Mecanismos de ação : há evidencias de um efeito adicional ao da UV-C, que seria um mecanismo fototérmico, com um superaquecimento momentâneo pela absorção de luz. � Quanto maior a transparência maior eficiência, contudo testes indicam resultados promissores para sucos, ovos e alimentos infantis (MA et al., 2011; HIERRO et al., 2009; CHOI et al., 2010). Radiação Ionizante � Radiações ionizantes são aquelas cujas energias são suficientemente altas para desalojar os elétrons dos átomos e moléculas, convertendo-os em íons. � Os tipos de radiações utilizados no tratamento de materiais se limitam aos raios X e gama de alta energia e também elétrons acelerados . Radiação Ionizante � O processo consiste em submetê-los, já embalados ou a granel, a uma quantidade minuciosamente controlada dessa radiação, por um tempo prefixado e com objetivos bem determinados. � Quando a matéria é atravessada pela radiação ionizante, pares de íons são produzidos e átomos e moléculas são excitados, havendo absorção de parte dessa energia transferida. Estes pares de íons podem ter energia suficiente para produzir novas ionizações e excitações. Estas ionizações são as responsáveis pelos efeitos biológicos das radiações. Radiação Ionizante � Os materiais para radiação de alimentos são provenientes de duas fontes: radioativa e mecânica: Radioativa : cobalto-60 e césio-137; Mecânica : radiações provenientes de aparelhos aceleradores de elétrons. � Gray (Gy) é a unidade utilizada para medir a quantidade de radiação nos processos de irradiação, onde 1 Gy equivale a absorção de 1 J por cada 1 kg de alimento Ou ainda pode ser utilizada a unidade RAD, na qual 1 RAD equivale a 100 Gy. � Organização da Agricultura e Alimentos (FAO) recomenda dose de até 10 KGy, pois esta dose não oferece efeito negativo sob o ponto de vista nutricional e toxicológico nos alimentos Radiação Ionizante: Legislação Brasileira � No Brasil a legislação permite o uso da irradiação em alimentos desde a década de 50, desde que respeitados os limites mínimos para atingir o seu objetivo e o máximo que não produza danos ou perdas nutricionais aos alimentos. � A irradiação é regulamentada pela Resolução n.21 da ANVISA (D.O.U. 26/01/2001). Determina, ainda, que alimentos irradiados sejam identificados no rótulo com o símbolo de identificação de um alimento irradiado e o termo “Alimento tratado por processos de irradiação” Radiação Ionizante: Equipamentos Figura 3 – Irradiador por radiação ionizante Radiação Ionizante: Equipamentos mentos Figura 4 – Maquete do processo de irradiação de alimentos Radiação Ionizante: Equipamentos Figura 5 – Irradiador por radiação ionizante Radiação Ionizante: Aplicação � Os processos de irradiação de alimentos podem ser divididos em: RADAPERTIZAÇÃO : Equivale a esterilização comercial, deixando o alimento livre de patogênicos e dedeteriorantes. São tratamentos mais intensos com doses elevadas (10 a 70 kGy). RADICIDAÇÃO : Doses intermediárias de (1 a 10 kGy), destrói os não esporulados patogênicos de forma similar a pasteurização, retarda a deterioração de carnes frescas, controle de Salmonella sp, Shigella sp, Campylobacter sp, Yersinia sp, Listeria sp, E.coli (principalmente, o sorotipo E.coli O157:H7, comum em carne bovina), dentre outros, deixando o produto livre de riscos de Saúde Pública. RADURIZAÇÃO : Utiliza doses baixas em média de (50 a 1000 Gy), reduz número de microrganismo para estender a vida útil, e ter melhor qualidade. Radiação Ionizante: Aplicação � De acordo com a dose de aplicação, a irradiação pode duplicar ou triplicar o tempo de estocagem de produtos alimentícios. � Aplicações: Pode impedir a multiplicação de microrganismos (bactérias e fungos) que causam a deterioração do alimento, pela alteração de sua estrutura molecular; Reduzir as perdas naturais causadas por processos fisiológicos (brotamento, maturação e envelhecimento ) em frutas e legumes, através de alterações no processo fisiológico dos tecidos da planta; Desinfestação de grãos, cereais, frutas e especiarias; Radiação Ionizante: Equipamentos Tipo de alimento Dose em KGy Efeito Carne, frango, peixe, marisco, alguns vegetais, alimentos preparados 20 - 70 Esterilização. Os produtos tratados podem ser armazenados à temperatura ambiente. Especiarias e outras frutas 8 - 30 Reduz o número de microorganismo e destrói insetos: substitui produtos químicos. Carne, frango, peixe 1 - 10 Retarda a deterioração, mata alguns tipos de bactérias patogénicas (Salmonela). Morangos e outras frutas 1 - 4 Aumenta o tempo de prateleira, retarda o aparecimento e mofo. Grãos, frutas e vejetais 0,1 - 1 Mata insetos ou evita sua reprodução. Pode substituir parcialmente os fumigantes Banana, abacate, manga, mamão e outras frutas não cítricas 0,25 - 0,35 Retarda a maturação. Carne de porco 0,08 - 0,15 Inativa a Trinchinela. Batata, cebola, alho 0,05 - 0,15 Inibe o brotamento Tabela 2 - Tipos de alimentos irradiados, doses aplicadas e os efeitos produzidos. Radiação Ionizante � A irradiação ionizante modifica quimicamente o DNA e o RNA, causando hidratação da citosina, quebra das pontes de hidrogênio (H) e formação de outras pontes nas estruturas helicoidais do DNA. � Como conseqüência disso temos: Bloqueio da duplicação do DNA (caso o M.O. não tenha reparo); Paralisação de sínteses protéicas. O RNA mensageiro encontra uma modificação do código para o qual não existe RNA de transferência. Tudo isto traz como conseqüência a inibição da REPRODUÇÃO � MORTE CELULAR Radiação Ionizante: Desinfestação � O processo de irradiação pode ser utilizado para eliminar insetos e larvas em grãos e frutas, sendo que doses inferiores a 1 kGy suficientes para a desinfestação (FELLOWS, 2006). � Segundo LOAHARANU (1995) citado por FELLOWS (2006) o uso de irradiação no processo de desinfestação tem como vantagem a não utilização de pesticidas como o dibrometo de etileno e brometo de metila, evitando contaminação de alimentos e problemas ambientais. Radiação Ionizante: Inibição do brotamento � Perdas por brotamento podem ser evitadas pela desativação das enzimas que provocam o processo de germinação em vegetais. � No Japão doses de 150 Gy já são utilizadas batatas desde 1973 (STEVENSON, 1990 citado por FELLOWS, 2006). Radiação Ionizante: Inibição do brotamento Figura 6 – Diferenças entre alimentos não irradiados (controle) e irradiados. Radiação Ionizante: Inibição do maturação Figura 7 – Diferenças entre alimentos não irradiados (controle) e irradiados Radiação Ionizante: Controle de Microrganismos Nível de radiação (RAD) Ação 102 - 107 Destruição de Microrganismos 3.106 Esporos 5.104 Leveduras 5.104 Fungos 101 - 104 Bactérias gram-negativas 102 - 103 Letal ao homem 1 RAD = 100 Gy Tabela 3 – Níveis de aplicação de radiação para controle de microrganismos Radiação Ionizante: Alterações nos alimentos � Proteínas Produz pouco ou nenhum efeito sobre a digestibilidade ou composição de aminoácidos essenciais Doses acima da comercial quebra os grupos sulfidrilas de aminoácidos provocando alteração de aroma e sabor. � Carboidratos Carboidratos são hidrolisados e oxidados a compostos mais simples, podendo ainda, conforme a dose utilizada, provocar despolimerização facilitando a hidrolise enzimática. Não ocorrendo alterações significativas quanto ao valor nutricional Radiação Ionizante: Alterações nos alimentos � Lipídeos: Com relação aos lipídeos a irradiação gera oxidação igualmente àquelas produzidas por outros processos tecnológicos em alimentos, resultando em alterações desagradáveis de sabor e aroma; Podem produzir gordura trans � Vitaminas: Para hidrossolúveis a ordem na perda de vitaminas é a seguinte: tiamina > ácido ascórbico > piridoxina > riboflavina > ácido fólico > cobalamina > ácido nicotínico. Para as vitaminas lipossolúveis a ordem de sensibilidade é: vitamina D > vitamina K > vitamina A > caroteno > vitamina E Radiação Ionizante: Efeito na embalagem � A radiação ionizando consegue penetrar na embalagem, contudo os materiais da embalagens estão sujeitos à alterações; � Há possibilidade de formação de hidrocarbonetos de baixo peso molecular e polímeros halogenados que podem migrar para o alimento. Detecção de Alimentos Irradiados � Diversos técnicas foram e ainda estão em desenvolvimento para detecção de alimentos irradiados; � Essas técnicas se baseiam na detecção de produtos oriundos da irradiação, contudo as mudanças químicas, físicas e sensoriais são mínimas, sendo necessários aplicação de mais de uma método de detecção. � Métodos: Físicos : espectroscopia de ressonância de spin de elétron e termoluminescência; Químicos : determinação de 2-aquil-ciclobutanonas; Biológicos : comparação de resultados de epifluorescência e contagem de aeróbios que não deve passar de 104. Alta Pressão Hidrostática Alta pressão hidrostática � Este tratamento consiste em aplicar pressões superiores à 100 MPa, podendo chegar até 900 MPa com a finalidade de destruir microrganismos e, também, retardar a ação de enzimas. � A pressão é aplicada isostaticamente (todas as direções) de forma a evitar deformações nos alimentos; � É um forma de tratamento adequada para produtos termossensíveis. Alta pressão hidrostática � O primeiro registro do uso dessa tecnologia data de 1899, quando foi demonstrado por Bert Hite, que pressões de 658 MPa pro 10 minutos aplicados em leite e outros alimentos aumentavam a vida útil desse produtos. � Avanços em embalagens, materiais e equipamentos permitiram a aplicação industrial. Em 1990 os primeiros produtos processados por essa tecnologia são comercializados no Japão. Atualmente produtos com essa tecnologia são comercializados nos Estados Unidos e Europa. � As vantagens e limitações do seu uso estão apresentados na Tabela 4. Alta pressão hidrostática Tabela 4 – Vantagens e Limitações do processamento à alta pressão. Fonte: Adaptado de FELLOWS, 2006 e AZEREDO & BRITO, 2012. PROCESSAMENTO NO CONTÊINER Vantagens Limitações • Aplicável à alimentos sólidos e líquidos • Manipulação complexa de materiais • Risco mínimo de contaminação pós- processamento • Pouca flexibilidade para escolha da embalagem • Não necessários grandes desenvolvimentos • Muito tempo ocioso dos vasos de pressão • Fácil limpeza • Desnaturação protéica pode causar alterações de textura • Fácil limpeza • Enzimas, muitas indesejáveis como a polifenoloxidase, resistem ao processo PROCESSAMENTO À GRANEL Vantagens Limitações • Manipulação simples • Adequado apenas para alimentos bombeáveis • Maior flexibilidade na escolha da embalagem • Potencial contaminação pós-processamento • Maximo de eficiência de uso (>90%) • Componentes devem ser adequados à limpezae design asséptico • Mínimo de tempo ocioso • Desnaturação protéica pode causar alterações de textura • Enzimas, muitas indesejáveis como a polifenoloxidase, resistem ao processo Alta pressão hidrostática � Mecanismo de ação : Mudança da permeabilidade das membranas celulares, devido a cristalização dos fosfolipídeos; Modificação nas trocas iônicas; Desnaturação protéica e inibição da atividade enzimática; Desestabilização do sistema de replicação do DNA; Alta pressão hidrostática � A efetividade do processo depende: Tipo de microrganismo : quanto maior a complexidade do microrganismo maior será a sensibilidade. Bactérias gram- positivas em coccus são mais resistentes; � Esporos são muito resistentes, esporos de Clostridium botulinum estão entre os mais resistentes. Característica do alimento : alguns carboidratos e lipídeos podem exercer função protetora contra a ação da alta pressão, já pH ácido ajuda na eficiência do processo; Condições de tratamento : normalmente a letalidade aumenta com o aumento da pressão e tempo de processo. � O aumento da temperatura a valores de 45-50ºC aumentam o efeito. � Tratamentos oscilatórios apresentam maior eficiência que tratamentos contínuos. Alta pressão hidrostática Microrganismo Pressão (MPa) D (min) T (ºC) Meio Clostridium pasteurianum 700 2,4 60 n.i. Clostridium pasteurianum 800 3,4 60 n.i. Listeria monocytogenes 150 84,4 4 Leite cru Listeria monocytogenes 300 26,6 4 Leite cru Listeria monocytogenes 414 2,17 25 n.i. Staphylococcus aureus 200 211,8 20 n.i. Staphylococcus aureus 250 15 20 n.i. Staphylococcus aureus 350 2,6 20 n.i. Sacharomyces cerevisae 350 0,64 n.i. Suco de laranja Sacharomyces cerevisae 500 0,02 n.i. Suco de laranja Tabela 5 – Comparativo da resistência à pressão hidrostática entre microrganismos n.i. – não informado Fonte: Adaptado de CAMPOS, DOSUALDO e CRISTIANINI, 2003. Alta pressão hidrostática: Equipamentos Figura 9 – Representação esquemática de uma unidade de tratamento de alta pressão. Alta pressão hidrostática: Equipamentos Figura 9 – Unidade de tratamento de alta pressão. � Em geral pressões acima de 300 MPa à temperatura ambiente causa desnaturação irreversível sobre enzimas. � Exemplos: Pectina Metil Esterase (PME) , é responsável pela desestabilização de sucos de laranja, gelatinização de concentrados e perda de consistência de produtos de tomate. � A PME de suco de laranja poder ser parcialmente inativada (>90%) a 600 MPa, já a do tomate é mais resistente. Polifenoloxidase (PPO) , produz escurecimento enzimático em frutas e vegetais. � A sua inativação depende o produto na qual se origina. A PPO de batata requerem pressões de 800 a 900 MPa para reduzir a sua atividade. Peroxidase (PO) , causa mudanças prejudiciais no sabor durante estocagem, tem se mostrado a mais resistente. � PO de vagem tem 88% de sua atividade reduzida com um tratamento 900MPa por 10 min. Alta pressão hidrostática: Efeito sobre enzimas Campos Elétricos Campos elétricos � O processamento por campos elétricos, consiste na aplicação de pulsos elétricos de curta duração (1 a 100µs) e alta intensidade (20 a 80 kV/cm) em um alimento situado entre dois eletrodos. � Este processo diferencia-se do aquecimento ôhmico, onde é aplicados voltagens menores e tempos maiores. No aquecimento ôhmico a morte se dá pelo calor. No processo ôhmico há maior perda das propriedades sensoriais, vitaminas e maior consumo de energia. � A eficiência é maior quanto maior a intensidade, maior o números de pulsos e maior a durações dos pulsos. Campos elétricos � Mecanismo de ação : Produção de um diferença de potencial na membrana, com conseqüente formação de poros e assim aumento da permeabilidade; Formação de produtos da eletrolise ou radicais livres altamente reativos; Rompimento do metabolismo pela oxidação induzida e reações de redução; Campos elétricos � Fatores que interferem na inativação microbiana: Parâmetros de tratamento : intensidade do campo elétrico, tempo, temperatura e número de pulsos; Características do meio : densidade, viscosidade, pH, atividade de água e condutividade elétrica; � Presença de bolhas de ar produzem um efeito variável; � Quanto menor a condutividade do meio e a diferença entre a condutividade do meio e da membrana maior a eficiência; Características de microrganismos : dimensões, formato da célula, etapa de crescimento e tipo de microrganismo.: � Leveduras são mais sensíveis; � Gram-negativas são mais sensíveis que gram-positivas; � Esporos praticamente não sofrem ação de campos elétricos. Tipo de enzima : a ação sobre enzimas é variável. Campos elétricos Figura 8 – Inativação de Listeria innocua na fase de crescimento (▲) e na fase estacionária ( O ). Campos elétricos Figura 9 – Inativação de Escherichia coli em função da intensidade do campo elétrico. Campos elétricos Vantagens Limitações Elimina células vegetativas Não afeta esporos Preserva características sensoriais (cor, aroma e sabor) Dificuldade de uso em materiais condutivos Nenhuma evidencia de toxicidade Adequado apenas para líquidos ou suspensões Tempo de tratamento relativamente curto Efetivo somente em combinação com calor Questões regulatórias ainda à ser resolvidas Tabela 6 – Vantagens e limitações da aplicação de campos elétricos Campos elétricos � Aplicações: Pasteurização de suco de frutas; Pasteurização de leite. Pasteurização de ovos; Vinhos; Concentrados de tomates; Purês; Geléias; Descongelamento rápido. Campos elétricos Condições de processamento Produto Intensidade (kV/cm) Temperatura (ºC) Nº de pulsos Duração dos pulsos Inóculo Redução log (D) Suco de laranja 33,6-35,7 42 - 65 35 1 - 100 natural 3 Suco de laranja 6,7 45 - 50 5 20 natural quase 5 Leite 28,6 42,8 23 100 E.coli 3 Leite 36,7 63 40 100 S. dublin 3 Leite 22 45 - 50 20 20 L. brevis 4,6 Ovo liquido 25,8 37 100 4 E.coli 6 Sopa ervilha 25 - 33 53 - 55 10 - 30 2 E.coli B. subtilis 4,4 Tabela 7 – Aplicação do campo elétrico em alimentos Fonte: Adaptado de FELLOWS, 2006 Referencias bibliográficas consultadas � ADITIVOS & INGREDIENTES. Novas técnicas de conservação. Revista Aditivos & Ingredientes. [?]. � AZEVEDO, H.M.C. & BRITO, E.S. Fundamentos dos principais métodos não convencionais de conservação de alimentos. In. AZEVEDO, H.M.C. (Coord.) Fundamentos de estabilidade de alimentos – 2ªed. EMBRAPA. Brasília, 2012. � BRASIL, Ministério da Saúde – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº21 de 26 de jan. de 2001. � BINOTI, M.L. et al. Campo elétrico pulsado. Ciência Rural, v.42, n.5, p.934-941. Santa Maria, 2012. � CAMPOS, F.P; DOSUADO, G.L; CRISTIANINI, M. Utilização da tecnologia de alta pressão no processamento de alimentos. Braz. J. Food Technol. v.6, n.2, p.351-357. 2003. � DIEHL, J. F. Safety of irradiated food – 2nd edition. Marcel Dekker. 1995. � FELLOWS, P.J. Tecnologia do Processamento de alimentos – Princípios e Práticas – 2ª ed. Artmed. Porto Alegre, 2006. � MOLLINS, R.A. Food Irradiations – Principles and Applications. Wiley-Interscience. 2001. � OLSON, D.G. Irradiation of Food. Food Technology, v.52, n.1, p. 56–62, 1998.
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