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FICHAMENTO - Livro: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FICHAMENTO – AULA 10/03/2020
	DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento, 1. 18. ed., rev., ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. 799 p. ISBN: 9788544206607.
	Assunto: Princípios (continuação)
	2.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
A dignidade da pessoa humana já é um dos fundamentos da República (art. 1º, III, CF /1988) - nesse sentido, possui a natureza de norma jurídica e é um direito fundamental, caracterizando também natureza de situação jurídica ativa. O órgão julgador representa o Estado e, nessa circunstância, deve "resguardar" a dignidade da pessoa humana, que, nesse contexto, significa aplicar corretamente a norma jurídica "proteção da dignidade da pessoa humana" e não violar a dignidade (por exemplo, na condução do depoimento da parte). 
A argumentação jurídica em torno da dignidade da pessoa humana pode, com o perdão pelo truísmo, ajudar na humanização do processo civil, ou seja, na construção de um processo civil atento a problemas reais que afetem a dignidade do indivíduo. A dignidade da pessoa humana, assim, ilumina o devido processo legal.
2.3 Princípio da legalidade
O art. 82 do CPC prevê que cabe ao juiz o dever de observar o princípio da legalidade. O princípio da legalidade pode funcionar como uma norma processual ou como uma norma de decisão. Como norma processual, observá-lo nada mais é do que aplicar o devido processo legal, em sua dimensão formal. Não existe uma dimensão processual do princípio da legalidade que se distinga da dimensão formal do devido processo legal. O dever de observar o princípio da legalidade também não significa que a interpretação dos textos normativos deva ser literal. A interpretação literal é o primeiro passo na tarefa hermenêutica, mas muitas vezes é insuficiente. O próprio art. 8º impõe a interpretação teleológica e a observância da proporcionalidade e da razoabilidade.
2.4 Princípio do contraditório
Aplica-se o princípio do contraditório, derivado que é do devido processo legal, nos âmbitos jurisdicional, administrativo e negociais (não obstante a literalidade do texto constitucional). A Constituição Federal prevê o contraditório no inciso LV do art. 5º: "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".
O princípio do contraditório é reflexo do princípio democrático na estruturação do processo. Democracia é participação, e a participação no processo opera-se pela efetivação da garantia do contraditório. Considere como fundamental o direito a ser acompanhado por um advogado. O acompanhamento técnico é importantíssimo, ao menos como regra para a efetivação do direito ao contraditório. Compõe, por isso mesmo, o conteúdo mínimo do princípio do devido processo legal. Não há violação da garantia do contraditório na concessão, justificada pelo perigo, de tutela provisória liminar. Isso porque há uma ponderação legislativa entre a efetividade e o contraditório, preservando-se o contraditório para momento posterior. O contraditório, neste caso, é postecipado para momento seguinte ao da concessão da providência de urgência. Como a decisão é provisória, o prejuízo para o réu fica aliviado. A parte final do art. 7º do CPC impõe ao órgão julgador o dever de zelar pelo efetivo contraditório. Como se já não bastasse, o art. 139, I, ratifica: "O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento".
A disposição normativa é nova, embora a norma pudesse ser compreendida como concretização dos princípios constitucionais da igualdade e do contraditório. É que essas normas de direitos fundamentais impõem ao órgão jurisdicional o dever de protegê-los; o dispositivo, aqui, apenas concretiza essa exigência. 
2.5 Princípio da ampla defesa
Estão previstos no mesmo dispositivo constitucional (art. 5º, LV, CF/1988). Tradicionalmente, a doutrina distinguia ambas as garantias, embora reconhecesse que entre elas havia forte conexão. O contraditório é o instrumento de atuação do direito de defesa, ou seja, esta se realiza através do contraditório. A ampla defesa corresponde ao aspecto substancial do princípio do contraditório.
2.6 Princípio da publicidade
Os atos processuais devem ser públicos. O princípio da publicidade gera o direito fundamental à publicidade. Trata-se de direito fundamental que tem, basicamente, duas funções: a) proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos (e, nesse sentido, é conteúdo do devido processo legal, como instrumento a favor da imparcialidade e independência do órgão jurisdicional); b) permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, principalmente sobre o exercício da atividade jurisdicional.
Essas duas funções revelam que a publicidade processual tem duas dimensões: a) interna: publicidade para as partes, bem ampla, em razão do direito fundamental ao processo devido; b) externa: publicidade para os terceiros, que pode ser restringida em alguns casos. 
O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante de divórcio ou separação (art. 189, § 2º, CPC). A publicidade é instrumento de eficácia da garantia da regra da motivação. Em um sistema de precedentes obrigatórios, como o brasileiro, a publicidade ganha contornos ainda mais peculiares e importantes. Todo processo passa a ser de interesse de várias pessoas, pois dele pode resultar um precedente aplicável a casos atuais e futuros. É por isso que o § 52 do art. 927 impõe aos tribunais o dever de dar publicidade aos seus precedentes. 
2.7 Princípio da duração razoável do processo
A EC n. 45/2004, que reformou constitucionalmente o Poder judiciário, incluiu o inciso LXXVIII no art. 5º da CF /1988: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação". O CPC ratificou esse princípio no art. 4º, esclarecendo que ele se aplica inclusive à fase executiva: 'f\s partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa". É preciso, porém, fazer uma reflexão final como contraponto. Não existe um princípio da celeridade: o processo deve demorar o tempo necessário e adequado à solução do caso submetido ao órgão jurisdicional. Bem pensadas as coisas, conquistou-se, ao longo da história, um direito à demora na solução dos conflitos. A partir do momento em que se reconhece a existência de um direito fundamental ao devido processo, está-se reconhecendo, implicitamente, o direito de que a solução do caso deve cumprir, necessariamente, uma série de atos obrigatórios, que compõem o conteúdo mínimo desse direito.
2.8 Princípio da igualdade processual (paridade de armas)
A igualdade processual deve observar quatro aspectos: a) imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes); b) igualdade no acesso à justiça, sem discriminação (gênero, orientação sexual, raça, nacionalidade etc.); c) redução das desigualdades que dificultem o acesso à justiça, como a financeira (ex.: concessão do benefício da gratuidade da justiça, arts. 98-102, CPC), a geográfica (ex. possibilidade de sustentação oral por videoconferência, art. 937, § 4°, CPC), a de comunicação (ex.: garantir a comunicação por meio da Língua Brasileira de Sinais, nos casos de partes e testemunhas com deficiência auditiva, art. 162, lll, CPC) etc.; d) igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório.
É importante, no entanto, registrar que o princípio da igualdade no processo costuma revelar-se com mais clareza nos casosem que se criam regras para tratamento diferenciado. Uma importante dimensão do princípio da igualdade, no processo, é o dever de o órgão julgador confrontar o caso concreto com o caso paradigma, de modo a verificar se é ou não caso de aplicação do precedente ou da jurisprudência. De acordo com esta visão mais substancial, o princípio da igualdade pode confundir-se com o devido processo legal substancial.
2.9. Princípio da eficiência
Considerada a cláusula geral do devido processo legal". Realmente, é difícil conceber como devido um processo ineficiente. Ele resulta, ainda, da incidência do art. 37, caput, da CF/1988. Esse dispositivo também se dirige ao Poder Judiciário - como indica, aliás, a literalidade do enunciado, que fala em "qualquer dos Poderes". Eficiente é a atuação que promove os fins do processo de modo satisfatório em termos quantitativos, qualitativos e probabilísticos. Ou seja, na escolha dos meios a serem empregados para a obtenção dos fins, o órgão jurisdicional deve escolher meios que os promovam de modo minimamente intenso (quantidade - não se pode escolher um meio que promova resultados insignificantes) e certo (probabilidade- não se pode escolher um meio de resultado duvidoso), não sendo lícita a escolha do pior dos meios para isso (qualidade - não se pode escolher um meio que produza muitos efeitos negativos paralelamente ao resultado buscado). A eficiência é algo que somente se constata a posteriori: não se pode avaliar a priori se a conduta é ou não eficiente.
2.1o. Princípio da boa-fé processual
	
O princípio da boa-fé extrai-se de uma cláusula geral processual. A opção por uma cláusula geral de boa-fé é a mais correta. É que a infinidade de situações que podem surgir ao longo do processo torna pouco eficaz qualquer enumeração legal exaustiva das hipóteses de comportamento desleal. Daí ser correta a opção da legislação brasileira por uma norma geral que impõe o comportamento de acordo com a boa-fé. Em verdade, não seria necessária qualquer enumeração das condutas desleais: o art. 5º do CPC é bastante, exatamente por tratar-se de uma cláusula geral. A consagração do princípio da boa-fé processual foi resultado de uma expansão da exigência de boa-fé do direito privado ao direito público. Mesmo que não houvesse texto normativo expresso na legislação infraconstitucional, o princípio da boa-fé processual poderia ser extraído de outros princípios constitucionais. A exigência de comportamento em conformidade com a boa-fé pode ser encarada como conteúdo de outros direitos fundamentais. Há quem veja no inciso I do art. 3º da CF /1988 o fundamento constitucional da proteção da boa-fé objetiva". É objetivo da República Federativa Brasileira a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Haveria um dever fundamental de solidariedade, do qual decorreria o dever de não quebrar a confiança e de não agir com deslealdade. Mais fácil, portanto, a argumentação da existência de um dever geral de boa-fé processual como conteúdo do devido processo legal. Afinal, convenhamos, o processo para ser devido (giusto, como dizem os italianos, equitativo, como dizem os portugueses) precisa ser ético e leal.
2.11. Princípio da efetividade
Os direitos devem ser, além de reconhecidos, efetivados. Processo devido é processo efetivo. O princípio da efetividade garante o direito fundamental à tutela executiva, que consiste "na exigência de um sistema completo de tutela executiva, no qual existam meios executivos capazes de proporcionar pronta e integral satisfação a qualquer direito merecedor de tutela executiva". 
2.12. Princípio da adequação (legal, jurisdicional e negociai} do processo
O princípio da adequação pode ser visualizado em três dimensões:
a) legislativa, como informador da produção legislativa das regras processuais;
b) jurisdicional, permitindo ao juiz, no caso concreto, adaptar o procedimento às peculiaridades da causa que lhe é submetida; 
c) negocial: o procedimento é adequado pelas próprias partes, negocialmente.
No segundo e no terceiro casos, a adequação é feita in concreto, em um determinado processo; há quem prefira, assim, designar o fenômeno de adaptabilidade, flexibilidade ou elasticidade do processo. É possível dizer, com Galena de Lacerda, que o princípio da adequação é o que justifica a existência de uma Teoria Geral do Processo: sabendo-se que as regras processuais devem ser adequadas àquilo a que servirão de meio de tutela, será possível aceitar a existência de uma série de conceitos que devem ser utilizados para a compreensão de qualquer fenômeno processual (seja ele jurisdicional, legislativo, administrativo ou privado). O processo há de ser adequado aos sujeitos processuais. As regras processuais devem ser adequadas àqueles que vão participar do processo. Esta é a adequação subjetiva do processo. 
Não basta, no entanto, a adequação legislativa do processo, que é sempre prévia e feita em abstrato. É preciso que o processo seja adequado também in concreto. A adequação, nesse caso, é dever do órgão jurisdicional, que deve observar os mesmos critérios de adequação. Eis que aparece o princípio da adaptabilidade, elasticidade ou adequação judicial do procedimento: cabe ao órgão jurisdicional prosseguir na empresa da adequação do processo, iniciada pelo legislador, mas que, em razão da natural abstração do texto normativo, pode ignorar peculiaridades de situações concretas somente constatáveis caso a caso. Se a adequação do procedimento é um direito fundamental, cabe ao órgão jurisdicional efetivá-lo, quando diante de uma regra procedimental inadequada às peculiaridades do caso concreto135, que impede, por exemplo, a efetivação de um direito fundamental (à defesa, à prova, à efetividade etc.).
2.13. Princípio da cooperação e o modelo do processo civil brasileiro
A organização do processo não prescinde de uma distribuição das funções que devam ser exercidas pelos sujeitos processuais. Cada um deles exerce um papel, mais ou menos relevante, na instauração, no desenvolvimento e na conclusão do processo. A doutrina costuma identificar dois modelos de estruturação do processo: o modelo adversarial e o modelo inquisitorial. Em suma, o modelo adversarial assume a forma de competição ou disputa, desenvolvendo-se como um conflito entre dois adversários diante de um órgão jurisdicional relativamente passivo, cuja principal função é decidir o caso141• O modelo inquisitorial (não adversarial) organiza-se como uma pesquisa oficial, sendo o órgão jurisdicional o grande protagonista do processo. No primeiro sistema, a maior parte da atividade processual é desenvolvida pelas partes; no segundo, cabe ao órgão judicial esse protagonismo. A "dispositividade" e a "inquisitividade" podem manifestar-se em relação a vários temas: a) instauração do processo; b) produção de provas; c) delimitação do objeto litigioso (questão discutida no processo); d) análise de questões de fato e de direito; e) recursos etc.
2.14. Princípio do respeito ao autorregramento da vontade no processo
A autonomia privada ou autorregramento da vontade é um dos pilares da liberdade e dimensão inafastável da dignidade da pessoa humana. O Direito Processual Civil, embora ramo do Direito Público, ou talvez exatamente por isso, também é regido por esse princípio. O princípio do devido processo legal deve garantir, ao menos no ordenamento jurídico brasileiro, o exercício do poder de autorregramento ao longo do processo. Defender o autorregramento da vontade no processo não é necessariamente defender um processo estruturado em um modelo adversarial. 
O respeito à liberdade convive com a atribuição de poderes ao órgão jurisdicional, até mesmo porque o poder de autorregramento da vontade no processo não é ilimitado, como, aliás, não o é em nenhum outro ramo do direito. O princípio do respeito ao autorregramento da vontade no processo visa, enfim, à obtenção de um ambiente processual em que o direito fundamental de autorregular-se possa ser exercido pelas partes sem restrições irrazoáveis ou injustificadas. De modomais simples, esse princípio visa tornar o processo jurisdicional um espaço propício para o exercício da liberdade.
2.15. Princípio da primazia da decisão de mérito
O órgão julgador deve priorizar a decisão de mérito, tê-la como objetivo e fazer o possível para que ocorra. A demanda deve ser julgada- seja ela a demanda principal (veiculada pela petição inicial), seja um recurso, seja uma demanda incidental. 
2.16. Princípio da proteção da confiança
O princípio da proteção da confiança é a dimensão subjetiva do conteúdo do princípio da segurança jurídica. O fundamento de ambos é o Estado de Direito. Como não há na Constituição um texto expresso nesse sentido, afirma-se que se trata de princípio constitucional que decorre do § 2º do art. 5º da CF /1988. Tutela-se a situação de confiança do sujeito que exerce a sua liberdade por confiar na validade (ou aparência de validade) de um conhecido ato normativo e, depois, vê frustradas as suas expectativas pela descontinuidade da vigência ou dos efeitos desse ato normativo, quer por simples mudança, quer por revogação, quer por invalidação'"· A proteção da confiança é um instrumento de proteção de direitos individuais em face do Estado ou de quem exerce poder. A decisão judicial se caracteriza pela aptidão de revestir-se de uma estabilidade muito peculiar: a coisa julgada. Somente decisões judiciais podem tornar-se indiscutíveis pela coisa julgada. Como visto acima, a estabilidade do ato normativo que serve como base da confiança é um dos critérios para a aferição da necessidade de dar a essa confiança a adequada proteção jurídica.
	3. REGRAS (p.163)
	3.1. Regras da instauração do processo por iniciativa da parte e de desenvolvimento do processo por impulso oficial
A primeira parte do art. 2º ratifica a tradição do processo civil brasileiro: o processo começa por iniciativa da parte. A função jurisdicional deve ser provocada pelo interessado para que possa atuar. Há incidentes processuais a que o órgão julgador pode dar início, sem necessidade de provocação da parte: incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 976, CPC), conflito de competência (art. 951, CPC), incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 948, CPC). 
A segunda parte do art. 2º também ratifica a tradição do processo civil brasileiro: uma vez instaurado, o processo desenvolve-se por impulso oficial, independentemente de novas provocações da parte. A regra do impulso oficial não impede que o autor simplesmente desista da demanda e, com isso, o processo seja extinto sem exame do mérito (art. 485, VIII, CPC). A vedação à desistência da demanda é regra excepcionalíssima e deve decorrer de previsão expressa. Ressalvados os casos de remessa necessária, o dever de impulso oficial não se estende à fase recursal, cuja instauração depende de provocação do interessado.
3.2. Regra da obediência à ordem cronológica de conclusão
A conclusão do processo é o ato em que o escrivão ou chefe de secretária (ou outro servidor) certifica que o processo está pronto para a decisão judicial, pois nada mais há para ser feito; por isso, os autos (eletrônicos ou não) são "entregues" (eletronicamente ou não) ao gabinete do juiz, para que ele profira a decisão. Pela regra, o juiz deve julgar de acordo com a ordem cronológica da conclusão: o processo que primeiro ficar concluso é o que primeiro será julgado. A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores (art. 12, § 1º, CPC). A regra aplica-se aos juízes e tribunais, de qualquer instância, mas somente se refere às decisões finais- sentenças ou acórdãos finais (art. 12, caput, CPC). Assim, ficam excluídas as decisões interlocutórias (proferidas pelo juiz)224 e os acórdãos interlocutórios (acórdãos que não encerram o processo, como, por exemplo, o acórdão para examinar pedido de tutela provisória em ação direta de inconstitucionalidade). O§ 2º do art.12 traz uma série de exceções a essa regra. Essas exceções justificam-se como forma de ponderar o princípio da igualdade, lastro do respeito à ordem cronológica, com os princípios da eficiência e da duração razoável do processo (agora, por outro ângulo). Cada uma dessas exceções deve gerar uma lista própria, para o respeito à ordem cronológica: 
I- as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; 
II- o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos [incidente de resolução de demandas repetitivas, art. 976 e segs., CPC; julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos, arts. 1.036-1.041 e segs., CPC, conforme dispõe o art. 928 do CPC).
III- o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
IV- as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V- o julgamento de embargos de declaração;
VI- o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX- a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.

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