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Resumos Aulas Imunologia Módulo Agressão e Defesa Natália Maçarico Figueiredo Garcia Resumo Bases da Imunologia I O indivíduo (hospedeiro) vive em um meio ambiente onde constantemente recebe intervenções do mesmo; porém o hospedeiro e o meio ambiente vivem em equilíbrio devido às respostas de defesa do indivíduo. As duas respostas de defesa existentes são: Resposta Imunológica e Resposta Inflamatória. Quando essas respostas de defesa entram em um desequilíbrio (não conseguem barrar a ação dos agentes agressores) é o momento em que o indivíduo pode desenvolver uma doença que manifesta sinais e sintomas característicos. Imunidade é uma reação de defesa a agentes estranhos ao organismo. Sistema Imunológico é o conjunto de células e moléculas que atuam na resposta imunológica. Resposta Imunológica é o trabalho coletivo e coordenado de células e moléculas frente a agentes estranhos. As moléculas que participam das respostas imunológicas são produzidas por células ou podem estar prontas na corrente sanguínea. Essas moléculas podem ser chamadas de mediadores químicos. Todos os mediadores químicos possuem uma função específica e para desencadear tal função é necessária a ligação dessa molécula a um receptor celular em outra célula, desencadeando, assim, a comunicação celular do sistema imunológico. Quando ocorrer a interação do mediador químico com o receptor celular é desencadeado eventos bioquímicos intracelulares seqüenciais, os quais atingem o núcleo da célula, promovendo uma ativação gênica e, consequentemente, culminando na síntese de uma molécula que possui uma função celular. Então, as células executam o que os mediadores químicos indicam segundo a interação com seus receptores de membrana e os mediadores químicos são responsáveis por manter a comunicação entre as células próximas ou distantes. Principalmente, o sistema imunológico foi criado com o objetivo de combater microorganismos infecciosos (moléculas infecciosas); porém ele também reage a substâncias estranhas não infecciosas (caso das alergias – hiperatividade do sistema imunológico). A resposta imunológica se divide em duas vias (ou etapas): Imunidade Inata (Natural) e Imunidade Adquirida (Adaptativa). As duas imunidades possuem componentes celulares e humorais (moléculas nas partes líquidas do organismo – sangue, linfa e secreções). A imunidade inata é mais simples e menos específica em relação à imunidade adquirida, a qual é mais elaborada e possui uma maior especificidade. Normalmente, a imunidade inata é desenvolvida antes que a imunidade adaptativa; porém, pode haver mudanças nessa sequência devido ao modo de contagio do agente agressor. A cinética (tempo de duração) entre as duas respostas pode variar, dependendo do tipo de agente agressor e dos diferentes tipos de infecção. As duas imunidades possuem comunicação entre si. IMUNIDADE INATA (NATURAL) – Características Gerais Todos os indivíduos já nascem com a imunidade natural. É a resposta de defesa inicial do organismo. É exclusiva contra microorganismos. Reconhecem moléculas específicas aos microorganismos. É uma resposta rápida às infecções. Componentes da resposta inata: Barreiras Epiteliais (barreira física) – células epiteliais produzem moléculas antimicrobianas (Lisozimas, Fosfolipases, Defensinas e Catelicidinas – desestruturam os microorganismos; barreira química). Células Dendríticas – presentes no epitélio e possuem a função de sinalizar ao organismo a presença de microorganismos estranhos. Macrófagos – presentes no epitélio e possuem as funções de sinalizar ao organismo a presença de microorganismos estranho e fagocitose destes. Neutrófilos – vindos dos vasos sanguíneos presentes no tecido conjuntivo adjacente e possuem função inflamatória. Células Natural-Killer (NK) - vindas dos vasos sanguíneos presentes no tecido conjuntivo adjacente e possuem a função de destruir os microorganismos estranhos ou células infectadas. Sistema complemento – conjunto de proteínas vindas dos vasos sanguíneos presente no tecido conjuntivo adjacente e possui a função de complementar a resposta imune inata. Citocinas – vindas dos vasos sanguíneos presentes no tecido conjuntivo adjacente e produzidas constantemente para sinalizar as respostas imunológicas. IMUNIDADE ADQUIRIDA – Características Gerais É uma resposta de defesa mais tardia. Exclusivamente dependente de linfócitos. Os linfócitos agem contra substâncias estranhas conhecidas como antígenos (Ag). Os antígenos podem ou não estar associados aos microorganismos; ou seja, não age somente contra microorganismos. As reações alérgicas são mediadas pela resposta adaptativa. Componentes da resposta adquirida: Linfócitos. Anticorpos – produto dos linfócitos B. Células Apresentadoras de Antígenos – principalmente células dendríticas e macrófagos. Células Efetoras – linfócitos ativados, como plasmócito. Sistema Complemento. Todos esses componentes estão presentes na corrente sanguínea e eles só saem da circulação para irem ao local da infecção mediante uma inflamação, pois ocorrerá um aumento da permeabilidade do vaso sanguíneo e esses componentes conseguirão sair da circulação. Os linfócitos são classificados mediantes às moléculas que eles expressam na sua superfície, as CD. Além disso, eles têm receptores para os antígenos. Os principais tipos de linfócitos são: linfócito B e linfócito T. Os linfócitos B reconhecem antígenos extracelulares, ou seja, que estão solúveis nos tecidos ou na circulação sanguínea. No momento em que o linfócito B reconhece o antígeno, ele se torna uma célula ativa efetora (chamada de plasmócito) e começa a produzir anticorpos, bloqueando as infecções e eliminando os microorganismos. Essa via da resposta adquirida é chamada de Resposta Humoral. Os linfócitos T reconhecem peptídeos antigênicos acoplados na superfície de outras células, as quais são as células apresentadoras de antígenos (APC) e, assim, esses linfócitos são ativados. Os linfócitos T não interagem com antígenos extracelulares livres. Essa via mediada por linfócitos T na resposta adquirida é chamada de Resposta Celular. Os linfócitos T se subdividem em dois tipos: Linfócitos TCD4+ (T helper) e Linfócitos TCD8+ (T citotóxico). Quando os linfócitos TCD4+ são ativados, eles secretam citocinas para a ativação de fagócitos (potencializam a fagocitose), células inflamatórias, outros linfócitos T e linfócitos B. Quando os linfócitos TCD8+ são ativados, eles promovem a destruição das células infectadas. Os linfócitos T reconhecem os antígenos, apenas, quando eles estão dentro das células. Diante disso, esses antígenos podem estar dentro das células porque foram fagocitados e não estão infectando a célula pelo fato de estarem neutralizados em fagossomos (imunidade celular mediada por TCD4+) ou; os antígenos podem estar dentro das células infectando-as, ou seja, estão no citoplasma da célula (imunidade celular mediada por TCD8+). Quando uma célula é infectada por um microorganismo, ela expõe uma molécula em sua superfície, chamada de MHC e, a partir disso, o linfócito T citotóxico irá interagir com essa célula e destruí-la. Vírus – imunidade celular mediada por linfócitos TCD8+. Bactérias – imunidade humoral e imunidade celular mediada por linfócitos TCD4+. IMUNIDADE INATA (NATURAL) – Fases e Evoluções Funções: Resposta Inicial aos microorganismos – impede, controla ou elimina a infecção logo na barreira epitelial. Estimula e influencia na natureza da resposta adquirida. Sinaliza, através de citocinas, a presença de uma infecção para a resposta adquirida. Inicialmente, para o desenvolvimento da resposta inata, deverá ocorrer o reconhecimento do patógeno. Esse reconhecimentoé feito porque os microorganismos possuem moléculas chamadas de PAMPs (Padrões moleculares associados à patógenos) na sua membrana (obs: os seres humanos não possuem essas moléculas em sua constituição) e os indivíduos possuem receptores (moléculas de reconhecimento padrão) que reconhecem essas moléculas em suas membranas celulares. Os principais receptores são os chamados Receptores semelhantes à Toll ou Toll-like. Esses receptores estão presentes em quase todas as membranas das células, principalmente das células epiteliais, macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, células endoteliais dos vasos sanguíneos e membranas internas das organelas citoplasmáticas. Eles reconhecem várias moléculas bacterianas e virais. Os outros tipos de receptores (lectinas tipo C, receptores varredores e receptores a N- formil) praticamente só estão presentes nas membranas de fagócitos. O reconhecimento dos PAMPs pelas moléculas de reconhecimento padrão só ocorrerá se o patógeno entrar no organismo através da pele e mucosas. Caso os patógenos entrem diretamente pela corrente sanguínea no organismo, há moléculas de reconhecimento solúveis (Pentraxinas, Colectinas e Ficolinas) que se ligam aos PAMPs, fazendo seu reconhecimento e tentando neutralizá-los. Após o reconhecimento do patógeno, dentro da célula ocorrerá o recrutamento de proteínas adaptadoras, as quais levarão ao recrutamento e ativação de proteínas cinases; essas proteínas ativarão fatores de transcrição, havendo, assim, transcrição de genes e produção de moléculas. As principais moléculas produzidas são: Citocinas Inflamatórias, Quimiocinas, Moléculas de Adesão Endotelial, Moléculas Co-estimuladoras (necessárias para a ativação de linfócitos) e Citocinas Antivirais (destroem a própria célula). Portanto, para o patógeno invadir o organismo ele necessita passar por algumas barreiras de defesa. Primeira Barreira de Defesa: Pele – a descamação (constantemente em renovação), suor contendo ácidos graxos e o pH ácido do suor são algumas formas de conter a invasão do microorganismo. Olhos – as lágrimas possuem enzimas como as lisozimas e fosfolipases que desestruturam a parede celular dos microorganismos. Mucosa Bucal – a saliva contém lisozimas, fosfolipases, defensinas e catelicidinas que desestruturam as membranas dos microorganismos. Microbiota Normal Bacteriana – bactérias não patogênicas (comensais) que colonizam as mucosas e não deixam outros patógenos se desenvolverem no organismo porque elas realizam um processo de competição e produzem substâncias tóxicas a esses patógenos. Trato Gastrointestinal – o muco, pH ácido, presença de defensinas e a peristálse impedem o desenvolvimento dos microorganismos. Trato Respiratório – o muco com lisozimas, fosfolipases, defensinas desestruturam a estrutura dos microorganismos e o movimento ciliar ajuda na eliminação desses. Se o patógeno conseguir escapar da primeira barreira de defesa e invadir o organismo, ele encontrará a segunda barreira de defesa. Segunda Barreira de Defesa: Fagócitos – macrófagos teciduais e células dendríticas realizarão a fagocitose e posterior destruição dos microorganismos. Além disso, essas células, também, realização a função de apresentadoras de antígenos para os linfócitos T (necessárias para o desenvolvimento, posteriormente, da resposta adquirida). Citocinas – necessárias para a ativação da resposta inflamatória, ou seja, aumentando a permeabilidade dos vasos sanguíneos para que outras células e moléculas possam ir ao local da infecção ajudar no combate contra os microorganismos. Leucócitos – basicamente neutrófilos que ajudam os fagócitos na sua função. Se o patógeno com seus PAMPs for reconhecido pelos receptores de membrana dos fagócitos, ocorrerá a fagocitose. A fagocitose consistirá na formação de uma fagossomo com o micróbio ingerido e posteriormente, ocorrerá à junção desse fagossomo com um lisossomo, formando um fagolisossomo. No fagolisossomo haverá enzimas lisossomais, derivados reativos de oxigênio e óxido nítrico que degradarão o micróbio. As funções dos fagócitos ativados são: destruição do microorganismo, produção de citocinas para ocasionar uma inflamação (necessária para o desenvolvimento da resposta adquirida) e produção de fatores de crescimento para que no local agredido possa haver a indução de um reparo tecidual. Porém, algumas vezes, os microorganismos conseguem escapar da fagocitose por duas formas. A primeira é através da modificação dos seus PAMPs, fazendo com que os fagócitos não reconheçam esses patógenos e; a segunda forma é através da capacidade desses microorganismos em desviarem dos fagócitos, ou seja, desviam da fagocitose. Na resposta imune inata contra bactérias e fungos ocorre a fagocitose, produção de citocinas para ativar uma resposta inflamatória e há o recrutamento de leucócitos (neutrófilos) para ajudar os fagócitos em suas funções. Todas essas funções são feitas pelos macrófagos e células dendríticas. Na resposta imune inata contra vírus ocorre à liberação de citocinas antivirais pelas células (principalmente Interferons), liberação de citocinas quimiotáticas para o recrutamento de células natural-killer (NK) do sangue para o local da infecção e a presença das células natural-killer que promovem a destruição das células infectadas. A liberação das citocinas é feita pelas células hospedeiras infectadas e pelas células inflamatórias. Células Natural Killer (NK): São células da mesma linhagem dos linfócitos. (possui características morfológicas parecidas com os linfócitos, porém funções diferentes). Destroem as células infectadas. Destroem os reservatórios de infecção. Ativam os fagócitos para destruição do microorganismo. As células infectadas apresentam a molécula de MHC de classe I e, assim, as células NK reconhecem essas células e tornam-se ativadas. Quando as NK estão ativadas, elas liberam proteínas chamadas de perforinas que formam poros na célula- alvo. Além disso, ocorre a entrada de granzimas que induz a apoptose das células-alvo. Se o microorganismo for fagocitado, as células NK poderão potencializar a ação desses fagócitos pela liberação de citocinas, principalmente interferon-gama. Para os fagócitos ativarem as células NK, eles liberam interleucinas 12 e 15. Então, as células NK controlam as infecções intracelulares iniciais até a resposta adquirida ser ativada e eliminar a infecção. Se o microorganismo conseguir escapar da primeira e segunda barreira de defesa e chegar aos vasos sanguíneos, nesse local haverá moléculas protéicas plasmáticas (Pentraxina, Colectina e Ficolina) que irão opsonizar os patógenos e ativar as proteínas do sistema complemento. A opsonização é um processo que moléculas se aderem em toda a superfície do microorganismo para ajudar no processo de fagocitose posteriormente. Então a opsonização é o ato de revestir um micróbio para torná-lo alvo para a fagocitose. O sistema complemento ativado ajudará no processo de opsonização e na bacteriólise. As proteínas do sistema complemento não realizam seu trabalho apenas nos vasos sanguíneos, pois quando ocorre o aumento da permeabilidade dos vasos na inflamação, pode ocorrer o extravasamento do plasma sanguíneo para o tecido e junto com ele pode haver proteínas do sistema complemento que já realizam sua função. A resposta inata é, constantemente, mediada por citocinas. Essas citocinas são produzidas, principalmente, pelos macrófagos, neutrófilos e células NK. Então, na resposta imune inata, o microorganismo deverá enfrentar: Barreira epitelial com moléculas antimicrobianas Macrófagos e Células Dendríticas do tecido conjuntivo subepitelial. Neutrófilos, Células NK, Sistema Complemento e Citocinas vindas da circulação pelo aumento da permeabilidade dos vasossanguíneos na resposta inflamatória Mesmo que a defesa inata seja uma defesa eficaz contra infecções, os patógenos podem desenvolver resistências, requerendo mecanismos mais específicos para serem eliminados, ou seja, necessitando do desenvolvimento da resposta adquirida. Resumo Bases da Imunologia II As explicações a seguir referem-se ao desenvolvimento da resposta imune adquirida para uma infecção primária. A resposta adquirida recebe sinais da resposta imune inata para ser ativada. A resposta adquirida compreende duas respostas: Humoral e Celular. Resposta Humoral: Compreende a ativação de linfócitos B, produzindo anticorpos. Detecta microorganismos extracelulares. Limita a infecção e facilita o processo de fagocitose. Resposta Celular: Compreende a ativação de linfócitos T auxiliar (CD4+) e citotóxico (CD8+). Detecta microorganismos intracelulares (fagocitado ou infectando a célula). LyT (CD4+) – Aumenta a capacidade fagocítica e ativa linfócitos B e outros linfócitos T. (quando o microorganismo está fagocitado) LyT (CD8+) – Destrói células infectadas. (quando o microorganismo está infectando a célula) Os linfócitos T helper não matam microorganismos. Eles facilitam o processo de fagocitose (mecanismo que realmente vai destruir o antígeno). Os anticorpos não matam microorganismos. Eles neutralizam o antígeno para permitir uma posterior fagocitose. Em uma infecção primária para um determinado patógeno, os linfócitos ainda não estão ativados, ou seja, são linfócitos naives (virgens). Linfócitos Naives: São linfócitos em que nunca tiveram contato prévio com o antígeno. Apresenta um único receptor antígeno específico para um peptídeo antigênico. Então, cada linfócito apresenta uma especificidade antigênica. A especificidade antigênica existe porque mecanismos genéticos produzem milhões de diferentes genes para codificação dos milhares de receptores e, cada linfócito possui um gene específico para a codificação de um receptor antigênico específico. Assim, o conjunto de linfócitos forma o repertório de receptores linfóides. Os linfócitos naives são produzidos por uma célula precursora comum na medula óssea. Os linfócitos B naives sofrem sua maturação na medula óssea e os linfócitos T naives caminham da medula óssea para o timo para sofrerem sua maturação, podendo se transformar em LyT CD4+ ou LyT CD8+ a partir da sua interação com as células epitelias reticulares. (período embrionário). Além disso, existe uma teoria que, ainda no período embrionário, os linfócitos naives imaturos passam por um processo chamado Seleção Clonal. Esse processo consiste na apresentação de todas as moléculas do organismo (antígenos próprios) para os linfócitos e aqueles que forem reativos a alguma dessas moléculas, são deletados. Dessa forma, ocorre a apresentação de todos os tecidos próprios aos linfócitos naives imaturos e, consequentemente, o sistema imunológico fica tolerante aos nossos antígenos. Mecanismos de falha nesse processo leva a não deleção de linfócitos autoreativos e pode ocorrer o desenvolvimento de doenças autoimunes. Assim, os linfócitos maduros são aqueles que passaram pela seleção clonal e não foram reativos contra as células do organismo, ou seja, são reativos a organismos/substâncias estranhas do meio ambiente. Quando os linfócitos já estão maduros, eles migram para os órgãos linfóides secundários (Baço Linfonodos e tecidos linfóides espalhados associados à mucosa). Então, quando o indivíduo nasce, todo o repertório linfocitário maduro está montado e está localizados nos órgão linfóides secundários. Existe pequenas quantidades de linfócitos naives para um determinado antígeno, por isso, o antígeno deve ser capturado e transportado até os órgãos linfóides secundários, onde estão localizados os linfócitos naives, para que haja o contato antígeno-linfócito; levando a ativação dessas células que, consequentemente, se multiplicarão para haver uma quantidade de linfócitos suficientemente capaz de combater o antígeno pelo desenvolvimento de suas funções. Ativação linfocitária – captura e apresentação do antígeno ao LyT naive: 1. Captura dos antígenos por células apresentadoras de antígenos – as principais células apresentadoras de antígenos são as células dendríticas. Quando os antígenos conseguem atravessar as barreiras epiteliais, as células dendríticas capturam esses microorganismos através do processo de fagocitose. Após os antígenos serem fagocitados, as células dendríticas desestruturam as proteínas antigênicas em peptídeos. Depois, as células dendríticas entram na corrente sanguínea e linfática a fim de chegarem aos locais onde há linfócitos T naives com receptor específico para o antígeno capturado para realizar a apresentação dos peptídeos microbianos á essas células. Considerações: As células dendríticas tem a função de apresentação do peptídeo antigênico aos LyT naive. Os LyT naive reconhece o antígeno processado em peptídeo acoplado a superfície de outra célula. A função do LyT é dependente da sua interação com outras células. 2. Reconhecimento do antígeno pelo linfócito T naive – O linfócito T possui três moléculas na sua superfície que participam do reconhecimento do antígeno: TCR, CD4 ou CD8 e CD28. Já a célula apresentadora de antígeno possui duas moléculas na sua superfície que participam da apresentação do antígeno ao LyT: MHC (onde está sendo apresentado o antígeno) e Co-estimulador (B7). O TCR é o receptor específico para um determinado antígeno em cada linfócito e é ele que faz o reconhecimento do complexo peptídeo-MHC (Complexo Principal de Histocompatibilidade). (obs: o TCR se liga ao peptídeo que está sendo apresentado pela molécula de MHC) O CD4 e CD8 se ligam a molécula de MHC, porém existem duas classes de MHC – I e II; dessa forma, o CD4 só se liga a MHC de classe II e o CD8 só se liga a MHC de classe I. O CD28 se liga a uma molécula Co-estimuladora (B7). Essas moléculas não possuem variações de um linfócito para outro. As moléculas Co-estimuladoras só aparecem na superfície das células apresentadoras de antígenos quando essas células possuem a presença de microorganismos; isso garante que haja a ativação de linfócitos apenas para moléculas estranhas que causem dano ao nosso organismo e não para substâncias inofensivas. (Não ocorrerá a ativação do linfócito pelo o que está explicado abaixo) O linfócito T só é ativado se existir, ao mesmo tempo, dois sinais: Sinal 1 – interação com o complexo peptídeo MHC – garante a especificidade da resposta imune. Sinal 2 – interação com a molécula Co-estimuladora – garante resposta imune adquirida intensa contra infecções perigosas e não somente contra uma substância inofensiva. * A resposta inata é fornece os sinais auxiliadores para a estimulação da resposta adquirida por LyT. OBS: O não aparecimento da molécula Co-estimuladora leva o linfócito a entrar em processo de apoptose. Por isso que o não aparecimento das moléculas Co-estimuladoras pelas células apresentadoras de antígenos enquanto está ocorrendo a apresentação das moléculas próprias do indivíduo durante a seleção clonal é que levam a deleção dos linfócitos autoreativos. 3. Ativação dos linfócitos T – Quando os dois sinais são efetuados, ocorre a ativação dos linfócitos T e, essas células começam a produzir IL-2, a qual agirá no próprio linfócito T, levando a sua uma proliferação e diferenciação. Além disso, os linfócitos mudam alguns aspectos nas suas membranas plasmáticas para ficarem aptos a receberem estímulos que fazem com que eles saiam da corrente sanguínea e se dirijam ao locam da agressão para realizarem suas funções. (obs: os linfócitos T naives não conseguiamrecebem estímulos). Ativação linfocitária – reconhecimento dos antígenos pelo LyB naive. 1. Não há a captura do antígeno pelo fato dos linfócitos B reconhecerem os antígenos na forma extracelular. Então, os microorganismos ficam na sua forma intacta (não processado) e, através dos vasos linfáticos e sanguíneos, atingem os Linfonodos e o Baço, onde há linfócitos B para os reconhecerem. 2. Reconhecimento – nos linfócitos B, também existem moléculas na superfície de membrana que fazem o reconhecimento do antígeno. Essas moléculas são as imunoglobulinas IgM e IgD, as quais são específicas para o antígeno. O linfócito B só é ativado se existir, ao mesmo tempo, dois sinais: Sinal 1 – interação entre o antígeno não processado com a IgM ou IgD – garante a especificidade da resposta imune. Sinal 2 – pode ser de duas formas: a) Interação de fragmentos moleculares (citocinas, co-estimulador, fragmentos do complemento) da resposta inata com um receptor de membrana do linfócito B – garante resposta adquirida intensa contra infecções perigosas e não somente contra uma substância inofensiva. (Porque a resposta inata basicamente age contra microorganismos). b) Linfócito T CD4+ ativado – reconhece o peptídeo antigênico processado e apresentado na superfície do linfócito B; fornecendo o segundo sinal. OBS1: Se o antígeno for de natureza protéica, o linfócito B consegue englobá-lo, processá-lo e apresentar o peptídeo antigênico pela molécula de MHC classe II ao linfócito T CD4+. OBS2: Na ausência do sinal 2 ocorre a inativação dos linfócitos naives e sua deleção na seleção clonal. 3. Ativação dos linfócitos B - Quando os dois sinais são efetuados, ocorre a ativação dos linfócitos T, levando a proliferação e diferenciação dessas células. Além disso, os linfócitos mudam alguns aspectos nas suas membranas plasmáticas para ficarem aptos a receberem estímulos que fazem com que eles saiam da corrente sanguínea e se dirijam ao locam da agressão para realizarem suas funções. Existem três células que podem ter a função de apresentadora de antígenos – Células Dendríticas, Macrófagos e Linfócitos B. A partir do momento em que ocorre a ativação linfocitária, há a expansão clonal, a qual é a multiplicação dos linfócitos específicos para um determinado antígeno. A expansão clonal depende da hipótese da seleção clonal, pois o antígeno solúvel ou acoplado ás células apresentadoras de antígenos vai tentando se ligar a vários linfócitos até encontrar àquele que possui o sítio de ligação específico para o determinado antígeno, assim, ocorrendo a ativação linfocitária e, consequentemente, a expansão clonal. Então, o antígeno seleciona o linfócito naive específico. A IL-2 promove o processo de expansão clonal. Principais conceitos da resposta adquirida: 1) Seleção Clonal 2) Expansão Clonal Os linfócitos naives amadurecem nos órgãos linfóides primários, na ausência de antígenos. Os linfócitos naives maduros específicos para diversos antígenos entram nos tecidos linfóides secundários. Os linfócitos naives específicos para um antígeno, selecionados pelo antígeno em uma infecção, são ativados e multiplicam-se (expansão clonal). Quando ocorre a expansão clonal, são formados dois grupos de linfócitos diferenciados: Ly efetor e Ly de memória. Os Ly efetores entram na circulação sanguínea e vão até os tecidos infectados e promovem a eliminação dos antígenos. Os Ly de memória entram na circulação e vão até os tecidos e órgãos linfóides secundários, onde estabelecem residência e ficam preparados para um futuro combate contra uma infecção secundária. Quando os linfócitos efetores vão para os tecidos infectados tentar eliminar o antígeno, cada tipo de linfócito realiza determinadas funções. 1) Linfócito T CD4+ (T auxiliador): Interage com fagócitos (principalmente macrófagos), liberando a citocina interferon-gama (IFN-y) para potencializar a ação fagocítica dessas células. Para realizar a função citada acima ele deve fazer o reconhecimento do complexo peptídeo-MHC (MHC II) e molécula co-estimuladora. OBS: as células que possuem MHC de classe II são as células dendríticas, macrófagos e linfócitos B; então apenas essas células que conseguem interagir com o LyT CD4+. Libera citocinas para quimiotaxia e ativação de LyB e LyT CD8+. (pode também ativar o linfócito B pelo fornecimento do segundo sinal). 2) Linfócito T CD8+ (T citotóxico) Interage com células infectadas (microorganismos livres no citoplasma celular) e promove a sua destruição, eliminando os reservatórios da infecção. Para realizar a função citada acima ele deve fazer o reconhecimento do complexo peptídeo-MHC (MHC I) e molécula co-estimuladora. OBS: todas as células do organismo possuem MHC de classe I, então quando qualquer células for infectada, ela poderá apresentar o MHC I para que o LyT CD8+ a destrua. 3) Linfócito B Diferenciação em plasmócitos e produção de anticorpos. Esse processo é feito de duas formas de acordo com a constituição do antígeno: a) Antígeno polissacarídeo ou lipídico: Ligação com receptores do LyB. Diferenciação em plasmócitos. Produção de anticorpos. b) Antígeno protéico: Processamento pelo LyB em peptídeos. Apresentação ao LyT CD4+ através da molécula MHC II. Interação LyB e LyT CD4+. Diferenciação em plasmócitos. Produção de anticorpos. O LyT CD4+ é um facilitador e potencializador da resposta imune adquirida e para a realização dessas funções, ele libera algumas citocinas importantes para tais processos. O LyT CD4+ se divide em dois subtipos: Ly Th1 e Ly Th2. Quem determina a diferenciação dos linfócitos T CD4+ nesses subtipos são as citocinas presentes no momento da expansão clonal. A IL-12 induz a diferenciação do LyT CD4+ em Th1. A IL-4 induz a diferenciação do LyT CD4+ em Th2. O Ly Th1 é quem realiza a ativação de macrófagos para a fagocitose e fornece o sinal co-estimulador (segundo sinal) para o LyB para a secreção de anticorpos. O Ly Th2 apenas fornece o sinal co-estimulador (segundo sinal) para o LyB para a secreção de anticorpos. Funções dos anticorpos: Realiza a ligação Microorganismo-Anticorpo (Ag-Ac) para: 1) Neutralizar o microorganismo. 2) Marcar o patógeno para os fagócitos (opsonização). 3) Ativar as proteínas plasmáticas do sistema complemento. Os anticorpos são os únicos constituintes da resposta adquirida que bloqueiam uma infecção antes dela se estabelecer. Características da resposta adquirida: Especificidade – cada linfócito tem um receptor específico para um antígeno. Diversidade – variedade do sistema linfocitário. Expansão Clonal – multiplicação dos linfócitos. Memória – formação dos linfócitos de memória. Especialização – combate específico contra o patógeno. Autolimitação – não é exarcebada. Tolerância – por causa da deleção clonal, ou seja, os linfócitos são tolerantes contra as células próprias dos tecidos. Infecção Secundária ou Terciária: Na infecção primária, a partir do momento em que o antígeno está sendo eliminado, as células do sistema imune tendem a perder seus estímulos (o estímulo era a presença do microorganismo) para realizar suas funções e entram em um processo de apoptose. Assim, o organismo volta ao estado de homeostasia. As únicas células que permanecem intactas são os linfócitos de memória nos órgãos linfóides secundários. Diante de uma infecção secundária, a resposta imune começará pelos linfócitosde memória e a partir desse ponto é que toda a resposta imune de desenvolverá. Então, ocorrerá a ativação dos linfócitos de memória pela presença dos dois sinais necessários, depois, haverá a expansão clonal, formando tanto linfócitos efetores quanto mais linfócitos de memória e por fim os linfócitos efetores irão ao local da infecção realizar suas funções e os linfócitos de memória ficarão guardados nos tecidos e órgãos linfóides secundários. OBS: na infecção primária havia a ativação de linfócitos naives e não de linfócitos de memória. Dessa forma, pela formação de mais linfócitos de memória a cada reinfecção, percebe-se que o organismo passa por um processo de amplificação e maior efetividade da sua resposta imune a cada vez que entra em contato com o antígeno. Assim, o organismo torna- se cada vez mais resistente ao microorganismo. Resumo Antígenos e Anticorpos ANTÍGENOS Antígeno x Imunógeno Antígeno – é uma estrutura molecular especificamente conectada a um receptor de antígeno (TCR dos linfócitos) ou a um anticorpo. Essa molécula nem sempre estimula uma resposta imunológica específica, devido à interação fraca ou inconstante, por exemplo. Imunógeno – são antígenos que se conectam com os componentes do sistema imune e sempre ativam uma resposta imune específica. “Todo imunógeno é um antígeno, mas nem todo antígeno é um imunógeno”. Antigenicidade x Imunogenicidade Antigenicidade – capacidade da substância de se ligar a linfócitos e anticorpos. Imunogenicidade – capacidade da substância de induzir uma resposta imune específica. Características que uma substância deve ter para desencadear uma resposta imune, ou seja, ser um imunógeno: 1. Estranheza / molécula não-própria Devem ser moléculas quimicamente distantes das moléculas do organismo. As principais moléculas mais diferentes das do organismo são as dos microorganismos, os maiores imunogênicos do ser humano. Quanto mais estranha a substância, mais imunogênica ela é. 2. Alto peso molecular / tamanho da molécula As macromoléculas são mais imunogênicas. Quanto maior a substância, mais imunogênica ela é. Moléculas menores que 1000 Da não são imunogênicas. (moléculas próprias) Moléculas entre 1000 a 6000 Da podem ser ou não imunogênicas. Moléculas maiores que 6000 Da são imunogênicas. (moléculas microbianas e toxinas) 3. Complexidade química Normalmente quanto maior a molécula, mais complexa ela é. Quando maior a complexidade química, maior a imunogenicidade da molécula. 4. Capacidade de a molécula ser degradada enzimaticamente e ser apresentada como antígeno Quando maior a capacidade de a molécula ser degradada enzimaticamente e ser apresentada como um antígeno, maior a imunogenicidade da molécula. As proteínas são mais susceptíveis a desencadear uma resposta imune pelo fato da sua degradação parcial durante o processo de fagocitose ser mais fácil e porque as moléculas de MHC e o TCR dos linfócitos T só conseguem interagir com moléculas protéicas. Os antígenos que não são protéicos só conseguem ativar a via humoral, já os antígenos protéicos ativam tanto a via humoral quando a via celular, aumentando, assim, a resposta imune. Antígenos facilmente fagocitados são mais imunogênicos. Os antígenos, ainda, são classificados em dois tipos: 1. Antígenos T-independentes: São antígenos que ativam os linfócitos B para a produção de anticorpos sem a participação do linfócito T CD4+, ou seja, o segundo sinal para a ativação do LyB não é feito pelo LyT CD4+ e sim por citocinas ou fragmentos do sistema complemento. São conhecidos como antígenos Timo-independentes. Geralmente são antígenos não protéicos. 2. Antígenos T-dependentes: São antígenos que ativam os linfócitos B para a produção de anticorpos com a participação do linfócito T CD4+, ou seja, o segundo sinal para a ativação do Ly B é feito pelo LyT CD4+. Deve haver a interação entre LyB e LyT CD4+. São conhecidos como antígenos Timo-dependentes. (pois para ativar o LyB teve que haver a participação de uma célula que foi maturada no timo – LyT CD4+) Geralmente são proteínas. Moléculas usadas na interação com os antígenos: a) Receptor TCR (presente apenas no LyT) b) Molécula MHC c) Anticorpos (na forma de receptor na parede dos LyB ou secretados nos líquidos corpóreos). OBS: Os antígenos protéicos podem interagir com essas três moléculas, porém os antígenos não protéicos só interagem com anticorpos. ANTICORPOS Os anticorpos são os principais mediadores da resposta imune adquirida humoral. São produzidos pelos linfócitos B e secretados pelos plasmócitos. Podem estar sob duas formas: Como receptor de membrana dos linfócitos B ou sob a forma secretada nos líquidos corpóreos (plasma sanguíneo, líquidos intersticiais ou secreções mucosas). Em uma infecção primária, os linfócitos B naives irão interagir com o antígeno específico (1 sinal) e com citocinas ou linfócitos T CD4+ (2 sinal) para serem ativados e promoverem a expansão clonal. A partir da expansão clonal, são formados os linfócitos efetores e os linfócitos de memória. Os linfócitos de memória entram para a corrente sanguínea e vão para os órgãos e tecidos linfóides secundários para serem armazenados. Os linfócitos efetores entram na corrente sanguínea e vão para o local da infecção, local o qual irão se diferenciarem em plasmócitos e secretarem anticorpos. Em uma infecção secundária, os linfócitos de memória são ativados e produzem linfócitos efetores, os quais se diferenciarão em plasmócitos e secretarão anticorpos e, produzem mais linfócitos de memória. OBS: não há anticorpos na forma secretada nos líquidos corpóreos se não houver uma infecção, pois eles só são produzidos por esse motivo. Quando não há infecção, apenas há anticorpos sob a forma de receptor de membrana de linfócitos B. ESTRUTURA MOLECULAR: Os anticorpos são estruturas formadas por proteínas séricas. As proteínas séricas que existem são: Albumina Globulinas (Alfa-Globulinas, Beta-Globulinas e Gama-Globulinas) As Gama-Globulinas são a porção que se liga ao antígeno; então, elas são consideradas as Imunoglobulinas. Os anticorpos são imunoglobulinas com capacidade de ligação com um antígeno. Os anticorpos são formados por quatro cadeias polipeptídicas. São estruturas tetrapeptídicas. Possui duas cadeias curtas, chamadas de cadeias leves (L) e possui duas cadeias longas, chamadas de cadeias pesadas (H). As cadeias peptídicas se ligam através de ligações dissulfetos. As ligações dissulfetos fazem com que as sequências de aminoácidos das cadeias peptídicas se dobrem e adquiram uma forma globular, chamada de Domínio Ig. O anticorpo possui duas pontas amino terminal e uma ponta carboxil terminal. As extremidades amino terminais são conhecidas como Porção Variável, ou seja, é a região onde há maior recombinação de aminoácidos, dando a especificidade da molécula de anticorpo. A extremidade carboxil terminal é conhecida como Porção Constante, ou seja, não há recombinação de aminoácidos expressiva nesse local; apenas, pode haver algumas diferenças nessa região quando os anticorpos são de classes diferentes. Região Variável: Local onde há a maior recombinação entre aminoácidos. Região onde ocorre a ligação com um determinado antígeno. Possui dois sítios de ligação antígeno-anticorpo. Possui especificidade nas ligações antígeno-anticorpo. Acredita-se que há mais de um milhão de diferentes anticorpos em um indivíduo e cada um deles com uma sequência única de aminoácidos no sítio de ligação. Região Constante: Local onde há pouca ou nenhuma recombinação entre aminoácidos. Realiza a função efetora dos anticorpos, interagindo com células e moléculas do sistema imune. (forma secretada) Realiza a ancoragem do anticorpo na membrana plasmática do LyB. (receptor de membrana). As variações na sequência de aminoácidos das regiões C das cadeias pesadas determinam as classes/subclasses das imunoglobulinas. Região Dobradiça: Sequência de aminoácidos que forma uma região dobradiça. Confere elasticidade e movimentação espacial para a molécula. Facilita a ligação antígeno-anticorpo. A porção variável também pode ser chamada de Fab (fragmento de ligação ao antígeno). A porção constante também pode ser chamada de Fc (fragmento cristalizado). Na porção variável, existem três alças que se destacam e que se encaixam com o antígeno. Essas alças são as regiões onde há a maior recombinação de aminoácidos. A ligação Ag-Ac é, primeiramente, uma função dessas regiões hipervariáveis. São as regiões que dão a maior especificidade entre antígeno-anticorpo. Elas são chamadas de Regiões determinantes de complementaridade (CDRs). Existem três CDRs: CDR1, CDR2, CDR3. A CDR3 é a região com maior recombinação. A ligação entre o antígeno e o anticorpo já ocorrerá se o antígeno se ligar a pelos menos um dos três CDRs. Não é necessário se ligar aos três ao mesmo tempo para ocorrer a ligação. Então, elas são superfícies de ligação complementar a estrutura tridimensional do antígeno. (regiões que realmente se ligam ao antígeno). OBS: Recombinação na sequência de aminoácidos na região variável – especificidade para a ligação antígeno-anticorpo Recombinação na sequência de aminoácidos na região constante – mudança na classe de imunoglobulinas. Os anticorpos possuem como sua estrutura básica a tetrapeptídica, porém, de acordo com as classes os isótipos de anticorpos, pode-se haver duas ou mais estruturas dessas para formar um anticorpo. Monômero – uma estrutura tretapeptídica – IgG, IgD, IgE e IgM (na forma de receptor). Dímero – duas estruturas tretapeptídicas – IgA. Trímero – três estruturas tretapeptídicas – IgA. Pentâmero – cinco estruturas tretapeptídicas – IgM (na forma secretada). Hexâmero – seis estruturas tretapeptídicas – IgM (na forma secretada). As únicas classes de imunoglobulinas que possuem subtipos são a IgG (IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4) e a IgA (IgA1 e IgA2). Os seus subtipos não possuem quase diferenças em relação a suas funções. * A cadeia pesada pode ter uma nomenclatura diferente de acordo com cada classe de anticorpo: IgG – cadeia γ IgA – cadeia α IgM – cadeia µ IgE – cadeia 𝜺 IgD – cadeia 𝜹 As cadeias pesadas distintas fazem com que ocorram ligações com substratos diferentes e, consequentemente, existam funções efetoras distintas. Então, o isótipo da cadeia pesada determina as propriedades funcionais do anticorpo. As cadeias leves também podem ser subdivididas em cadeias ĸ ou ƛ. Um anticorpo pode ter duas cadeias ĸ ou duas cadeias ƛ, porém isso não interfere na função do anticorpo. IgG – a maior meia vida sérica: A IgG é a imunoglobulina que tem a maior meia vida sérica (23 dias), ou seja, ela é a imunoglobulina que fica por maior tempo na corrente sanguínea. Isso ocorre por dois motivos: 1) Parte dos plasmócitos que secretam IgG migram para a medula óssea e constantemente ficam liberando IgG na corrente sanguínea. Essa secreção constante ocorre pelo fato da medula óssea fornecer estímulos aos plasmócitos para sempre ficarem ativados. 2) Para as proteínas séricas serem degradadas, elas entram nas células endoteliais através do processo de pinocitose, formam um endossomo e posteriormente se juntam a um lisossomo para serem degradadas por suas enzimas. Diferentemente da maioria das proteínas séricas, quando a IgG está dentro do endossomo, ela se liga a um receptor da membrana da vesícula chamado de FcRn. Esse receptor faz com que a IgG siga um caminho para ser liberada novamente na corrente sanguínea e não seja degradada nos lisossomos. OBS: Como o pH do endossomo é bem ácido (pH ~2), a IgG sofre algumas modificações a cada passagem por essas vesículas. Quando as modificações forem suficientemente expressivas, não mais ocorrerá a ligação dessa imunoglobulina com o receptor FcRn e ela seguirá a via de degradação. Funções efetoras: Diante de um microorganismo, primeiramente, a região Fab se liga a esse antígeno. Depois, para que haja alguma função efetora do anticorpo, a região Fc deve-se ligar a alguma célula que tenha um receptor Fc. OBS: o anticorpo livre não possui função nenhuma. Só são efetivos depois que ele passa a se ligar com o antígeno e células efetoras. A função efetora dos anticorpos é mediada pela ligação da região Fc da cadeia pesada com um receptor Fc, presente nas células que interagem com os anticorpos. Dependendo de com qual célula a região Fc se ligar, o anticorpo mediará a realização de uma função diferente: a) Ligação do anticorpo pela região Fab ao antígeno – Função: Neutralização de micróbios e toxinas. b) Ligação do anticorpo pela região Fc a um fagócito – Função: Opsonização e Fagocitose de micróbios. c) Ligação do anticorpo pela região Fc a uma célula NK – Função: Citotoxidade celular dependente de anticorpo (destruição da célula infectada) d) Ligação do anticorpo pela região Fc a proteínas do sistema complemento (levando a ativação da via clássica do sistema complemento) – Funções: Lise de micróbios, Fagocitose de micróbios opsonizados com fragmentos do complemento e Inflamação (Ativação de mastócitos). Síntese e expressão das moléculas de Ig: As cadeias leves e pesadas são sequências de aminoácidos. Então, essas cadeias são formadas por uma síntese protéica, ou seja, há a transcrição dos genes e a tradução dos RNAs mensageiros em aminoácidos. Os anticorpos podem estar sob a forma secretada ou de receptor. O único anticorpo que existe sob a forma de receptor é o IgM, então, essa imunoglobulina é a primeira a ser formada. Na medula óssea, durante o período embrionário, uma célula-tronco dá origem a um pré-linfócito B (ou linfócito B progenitor). Quando o linfócito B progenitor é formado, ele já é programado a começa a sintetizar a cadeia pesada da IgM (cadeia µ). Como o linfócito B progenitor produz a cadeia µ sem que seja necessária a presença de um antígeno, essa síntese é chamada de síntese Ag-independente. Ainda na medula óssea, durante o período embrionário, o linfócito B progenitor começa a passar por um processo de maturação e define o seu receptor (IgM de membrana). Nesse momento, durante a formação da IgM de membrana, é que é determinada a especificidade da porção variável. Após o processo de maturação, os linfócitos B migram para os órgãos linfóides secundários. Quando nascemos, os linfócitos B já estão nos órgãos linfóides secundários. A partir desse momento é que os linfócitos B poderão produzir anticorpos na forma secretada. Como a produção dos anticorpos na forma secretada depende da interação entre o linfócito B com o antígeno, essa síntese é chamada de síntese Ag-dependente. Então, quando os linfócitos B entrarem em contato com o antígeno, eles se ativarão e se diferenciarão em plasmócitos, produzindo anticorpos secretados. Apenas ocorrerá a recombinação da cadeia pesada para a troca de isótipo quando o linfócito B entrar em contato com o antígeno. OBS: a cadeia pesada pode ser trocada, porém a especificidade da porção variável é mantida. (a especificidade foi formada na medula óssea durante o período embrionário). Então, quando o linfócito entra em contato com o antígeno, a única coisa que pode mudar é a classe ou isótipo do anticorpo,a sua especificidade não. A região variável é o local que fornece a especificidade antigênica e ela é determinada durante a formação do receptor IgM do linfócito B. Não pode ser mudada. Quando ocorre o reconhecimento do antígeno, os linfócitos B produzem anticorpos com modificações na cadeia pesada. Isso leva a uma mudança da classe de imunoglobulina e, consequentemente, a alterações da função efetora do anticorpo. Troca de isótipo da cadeia pesada: A troca de isótipo da cadeia pesada depende da interação do linfócito B com o antígeno e se há a presença ou não da ligação entre o linfócito B e o linfócito T CD4+. Quando não ocorre a sinalização por LyT CD4+, não ocorre a mudança do isótipo. Então, o linfócito B apenas sintetizará anticorpos IgM na forma secretada (pentâmero/hexâmero). Isso ocorre quando há a ligação dos linfócitos B com antígenos não protéicos (pois eles não são processados e apresentados pela molécula MHC classe II para os linfócitos T CD4+) e com antígenos protéicos sem a sinalização por LyT CD4+. Quando ocorre sinalização por LyT CD4+, há a mudança do isótipo. Isso ocorre apenas quando há a ligação do linfócito B com um antígeno protéico. A mudança do isótipo ocorre pelo fato da molécula CD40 do linfócito T CD4+ se ligar ao linfócito B e, também, pelo linfócito T CD4+ liberar citocinas. Se as citocinas liberadas for IFN-𝜸, os anticorpos secretados serão IgG. Se as citocinas liberadas forem IL-3, IL-4 ou IL-5, os anticorpos secretados serão IgE. Se as citocinas liberadas for TGF-β, principalmente, os anticorpos secretados serão IgA. OBS: IgA só é produzida por linfócitos B que estão em tecidos linfóides de mucosa. Moléculas protéicas de bactérias, fungos e vírus influenciam a liberação de IFN-𝛾 pelos linfócitos T CD4+; então, quando o organismo está infectado por esses microorganismos, normalmente é liberada grande quantidade de IgG. OBS: quando há uma infecção por esses microorganismos, o IgG é o primeiro anticorpo a ser formado. Moléculas protéicas de parasitas Helmintos e de origem não microbiana influenciam a liberação de IL-3, IL-4 e IL-5 pelos linfócitos T CD4+; então, quando o organismo está infectado por esses seres vivos e essas substâncias, normalmente é liberada grande quantidade de IgE. OBS: detecção de muito IgE na corrente sanguínea – desconfiar de infecção por parasitas Helmintos ou quadros alérgicos. Quando os linfócitos B estão em tecidos linfóides de mucosas, há grande produção de TGF-β; então, apenas é produzido IgA nesses locais. (IgA é abundante nas secreções e em menor quantidade na corrente sanguínea). CLASSES OU ISÓTIPOS DE ANTICORPOS IgG: É a principal Ig sanguínea, ou seja, está em maior concentração (75%). Está sob a forma de monômero. Realiza todas as funções efetoras das moléculas de imunoglobulinas (neutralização, opsonização, facilitação da fagocitose, ativação do sistema complemento – via clássica – e citotoxidade celular dependente de anticorpo). Única imunoglobulina que atravessa a placenta. (pois consegue se liga ao receptor FcRn). É o anticorpo responsável pela imunidade do organismo nos primeiros anos de vida. Funciona como uma ótima opsonina (fazendo a opsonização de microorganismos). É produzida por linfócitos B de memória em geral (desde que o antígeno seja microorganismo). É secretado continuamente por plasmócitos medulares. IgA: Está presente em maior quantidade nas secreções do organismo (saliva, lágrima, leite materno, trato gastrointestinal e trato respiratório). Nas mucosas, está sob a forma de dímero ou trímero. Na corrente sanguínea, está sob a forma de monômero (pequenas quantidades). É a segunda principal Ig sanguínea (15-20%). Sua função é de neutralização dos microorganismos. É produzida por linfócitos B de memória dos tecidos linfóides associados à mucosas (pois o “elo” que liga as cadeias tretapeptídicas para formar a IgA no formato de dímero ou trímero, só é formado pelas células epiteliais). IgM: Primeiro anticorpo produzido pelo organismo. (na medula óssea, no período embrionário, sob a forma de receptor de membrana dos linfócitos B). Pode estar sob duas formas: como receptor de membrana nos linfócitos B (monômero) ou sob a forma secretada (pentâmero ou hexâmero). É a principal imunoglobulina secretada frente a uma infecção primária. Possui uma intensa secreção na presença de microorganismos. São produzidas nas fases agudas da infecção. É a principal imunoglobulina que ativa o sistema complemento (via clássica) e, consequentemente, promove a lise do microorganismo. É produzida por linfócitos B de memória em geral. OBS: Diante de uma infecção por microorganismos (bactérias, fungos, vírus), primeiramente é produzido IgM na forma secretada e depois é produzido IgG. Isso ocorre porque é mais rápido haver o segundo sinal para a ativação dos linfócitos B pelas substâncias da resposta imune inata (citocinas ou fragmentos do sistema complemento) do que haver o segundo sinal pela interação do LyB com o LyT CD4+. Assim, como é necessária a sinalização do LyT CD4+ para a mudança de cadeia, a IgG é produzida depois. Em um exame, se há alta quantidade de IgM na corrente sanguínea, isso significa que a infecção está em curso, pois a IgM é produzida nas fases agudas da infecção e possui uma meia vida sérica muito curta. Já se tiver alta quantidade de IgG na corrente sanguínea, isso significa que há ou houve uma infecção, podendo estar em curso ou não, pois a meia vida sérica da IgG é mais longa. IgE: É produzida uma intensa secreção de IgE frente a parasitas helmintos. Está sob a forma de monômero. As IL-3, IL4 e IL5 estimulam os linfócitos B de memória dos tecidos linfóides associados a mucosa a produzirem IgE. Auxilia no diagnóstico de infecções parasitárias. Os eosinófilos possuem receptores Fc para IgE e, então, provocam a morte do parasita. OBS: altas concentrações de eosinófilos também é um indício para a detecção de infecções parasitárias. Os mastócitos e basófilos possuem receptores Fc para IgE e, então, provocam processos alérgicos. Então, há alta concentração de IgE em infecções parasitárias e em processos alérgicos. IgD: Funciona como receptor de antígeno nos linfócitos B. Está sob a forma de monômero. Suas funções ainda são indeterminadas. As características dos anticorpos refletem as propriedades da região variável: Especificidade (possui ligação específica por um determinado antígeno). Diversidade (a porção variável é diferente em cada anticorpo). Amadurecimento por afinidade. No núcleo do linfócito B, há uma região de genes que são responsáveis por fornecerem as informações necessárias para a codificação da região variável do anticorpo. Essa região é chamada de VDJ. Também, há outra região de genes que são responsáveis por fornecerem as informações necessárias para a codificação das diferentes cadeias pesadas dos anticorpos. Quando ocorre a ligação entre o LyB e o Lyt CD4+, este último libera citocinas que estimulam uma determinada parte da sequencia de genes que são responsáveis pelo fornecimento de informações para a codificação da cadeia pesada do anticorpo. A partir disso, ocorre a formações de um dos tipos de cadeias pesadas e, consequentemente, ocorre a formação de classes de anticorpos diferentes de acordo com a citocina liberada. Ainda, quando ocorre a ligação entre o LyB e o LyT CD4+, as citocinas liberadas por este último podem, também, realizar uma discreta recombinação nasequência de nucleotídeos dos genes responsáveis pelo fornecimento de informações para a codificação da porção variável. Isso ocorre para promover uma maior interação entre o antígeno e o anticorpo. Esse processo é chamado de Amadurecimento por afinidade. Então, o amadurecimento por afinidade é a discreta recombinação ocorrida nos nucleotídeos dos genes responsáveis pelo fornecimento das informações necessárias para a codificação da porção variável; levando a alterações peptídicas da porção variável e aumentando a força de ligação entre o antígeno e o anticorpo. (lembrando que esse processo é dependente da ligação entre o LyB com o LyT CD4+). Resumo Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) O MHC (Complexo Principal de Histocompatibilidade) é uma molécula protéica que está ligada a superfície das células para realizar a função de apresentação de antígenos para os linfócitos T. Os linfócitos T apresentam receptores específicos para um determinado antígeno; porém, para que ocorra a interação LyT-antígeno, esse linfócito precisará reconhecer o complexo peptídeo-MHC. O MHC também é constituído por um Locus cromossômico que compreende um conjunto de genes responsáveis pela codificação de um conjunto de proteínas, as moléculas de MHC. Então, as moléculas de MHC resultam de uma síntese protéica que recebeu as informações de codificação necessárias para a sua realização a partir de um conjunto de genes em um lócus cromossômico. O lócus cromossômico do MHC está localizado no cromossomo 6, na porção 6p21.3. No lócus cromossômico do MHC, há três regiões responsáveis pela codificação de diferentes tipos de MHC. Então, existe uma sequência de nucleotídeos / genes responsáveis por codificar moléculas de MHC classe II, outra região responsável por codificar moléculas de MHC classe I e outra região intermediária entre essas duas primeiras que é responsável por codificar moléculas de MHC classe III (proteassomas, moléculas do sistema complemento e citocinas). Histórico dos estudos sobre MHC: A partir de 1940, começou-se a analisar as moléculas de MHC. Esses estudos foram realizados com linhagens endogâmicas (animais geneticamente idênticos) e linhagens alogênicas (animais distintos para o alelo presente no lócus MCH) de camundongos. Os experimentos baseavam-se na realização de transplantes ou enxertos tanto entre animais endogâmicos quanto alogênicos. A partir dos resultados, verificou-se que os transplantes/ enxertos feitos entre animais endogâmicos não havia rejeição, porém os transplantes/ enxertos feitos entre animais alogênicos ocorria rejeição. Diante disso, concluiu-se que o MHC é um conjunto de genes responsáveis pelo reconhecimento ou rejeição de transplantes e enxertos. OBS: o lócus cromossômico que possui os genes responsáveis pela codificação das moléculas de MHC dos camundongos é chamado de H-2. Em 1960, pelo fato dos pesquisadores não compreenderem porque os organismos teriam um conjunto de genes responsáveis apenas por causar rejeições, eles decidiram basear seus estudos para descobrir uma função mais benéfica das moléculas de MHC para o organismo. A partir disso, os pesquisadores introduziram antígenos nos camundongos e percebeu-se que houve uma resposta imune onde as moléculas de MHC estavam presentes. Então, descobriu-se que as moléculas de MHC também é um conjunto de genes fundamentais para o controle da resposta imune contra antígenos protéicos estranhos ao organismo. Em 1980, a fim de se pesquisar se em humanos o MHC funcionava da mesma forma do que em camundongos, os pesquisadores separaram o plasma sanguíneo (soro) contendo anticorpos de um indivíduo A e colocaram em contato com leucócitos em geral de um indivíduo B. Quando houve esse contato, percebeu-se que os leucócitos do indivíduo B foram destruídos pelo soro do indivíduo A. Então, concluiu-se que os leucócitos possuíam antígenos que eram expressos em suas membranas e que eram reconhecidos como estranhos para outro indivíduo. Tais antígenos ficaram conhecidos como antígenos leucocitários humanos (HLA). Significado dos termos: H-2: lócus cromossômico do camundongo que possui o conjunto de genes responsáveis pelo fornecimento das informações para a codificação das moléculas de MHC. É uma região genética. HLA: lócus cromossômico do ser humano que possui o conjunto de genes responsáveis pelo fornecimento das informações para a codificação das moléculas de MHC. É uma região genética. Complexo MHC: conjunto do lócus cromossômico (região genética HLA) e das moléculas protéicas MHC transcritas. Características dos genes do MHC (HLA): No HLA há três regiões de seqüenciamentos de nucleotídeos que são responsáveis pelo fornecimento de informações para a codificação das moléculas MHC classe I, II e III. GENES POLIGÊNICOS Em cada uma das regiões de seqüenciamento de nucleotídeos do HLA, não há apenas um grupo de seqüenciamento de nucleotídeos e sim vários. Ou seja, a região do HLA responsável pela codificação de MHC classe II possui três grupos de seqüenciamento – DP, DQ e DR – e a região responsável pela codificação de MHC classe I possui outros três grupos de seqüenciamento – B, C, A. Então, os genes do MHC são Poligênicos, porque existe mais de um grupo de seqüenciamento de nucleotídeos que pode ser ativado para codificar as moléculas de MHC. Portanto, os genes que codificam as moléculas de MHC I e II são diferentes no mesmo indivíduo e cada indivíduo possui um grupo de genes responsáveis por codificar as moléculas de MHC I e II. GENES POLIMÓRFICOS Existem vários tipos de seqüencias de nucleotídeos que podem ocupar cada grupo de seqüenciamento de nucleotídeos (DP, DQ, DR / B, C, A). Exemplo: um indivíduo possui uma sequência de nucleotídeos TCGA no lócus DP do HLA e outro indivíduo possui uma sequência TCAG, diferente do primeiro indivíduo, no mesmo lócus DP do HLA. Então, há vários genes que podem ocupar um mesmo lócus (alelos) e existe uma variação alélica em um único lócus gênico encontrada numa população. OBS: para encontrar um doador compatível a uma outra pessoa, deve-se ter sequências alélicas muito parecidas nos três grupos de sequênciamento de nucleotídeos tanto do MHC classe I quando do MHC classe II (DP, DQ, DR, B, C, A). EXPRESSÃO GÊNICA CO-DOMINANTE É herdado uma parte da sequencia de nucleotídeos da mãe e a outra parte do pai para cada um dos grupos de sequenciamento do HLA. OBS: é mais fácil encontrar um doador compatível entre irmãos pelo fato citado acima. Então, as moléculas de MHC são as mais variantes entre os indivíduos da mesma espécie por causa dessas três caracteristicas genéticas – Poligênia, Polimorfismo e Expressão Co-dominante. OBS: Não existe indivíduos com todos os sequenciamentos idênticos; o único caso em que isso ocorre é em gêmios univitelíneos. OBS: Pelo fato de cada hora uma porção genética ser ativada, em uma única célula, pode existir até 6 moléculas diferentes de MHC I e até 20 moléculas de MHC classe II. Isso garante que as nossas células possuem a capacidade de apresentar qualquer peptídeo antigênico. Então, Existem dois grupos de genes, os genes de MHC classe I e os genes de MHC classe II. Há a codificação de doi grupos de proteínas estruturalmente distintas. As proteínas são homólogas e qualquer uma delas apresentam peptídeos antigênicos ao LyT. Estrutura da molécula de MHC: Possuem duas cadeias peptídicas. Essas cadeias peptídicas formam uma fenda onde vai se inserir o peptídeo antigênico para ser apresentado. Essas fendas são os locais onde há a maior recombinação do posicionamento dos amociácidos, resultantesdas diferentes combinações entre os alelos MHC. Então, essa região é considerada o local onde há os resíduos de aminoácidos polimórficos. Então, a ligação com diferentes peptídeos para serem apresentados aos LyT é proporcionada pela grande variação genética da fenda. Com exceção da fenda, as outras regiões da molécula de MHC são não-polimórficas. Elas possuem uma conformação semelhante a das imunoglobulinas e são os locais de ligação para as moléculas CD4+ e CD8+ dos LyT. MHC classe I: A cadeia α dessa molécula é codificada pelos genes do MHC. Já a cadeia β2- microglobulina não é codificada pelos genes do MHC, elas são codificadas por outros genes localizados em outros cromossomos. Então, as cadeias β2- microglobulina tendem a ser invariavéis, ou seja, são iguais em todas as moléculas de MHC classe I de um indivíduo e igual em todos os indivíduos. O segmento α3 é o local responsável por interagir com o ligante CD8+. Pode existir a expressão de até 6 diferentes moléculas de MHC classe I em todas as células. Para ocorrer a ligação entre o peptídeo antígênico com a molécula de MHC classe I, o peptídeo deve ser composto por 8 a 11 aminoácidos. OBS: por isso que o antígeno deve ser processa antes de ser apresentado na molécula de MHC. Esta molécula de MHC classe I só fica estável na superfície celular quando ocorre a ligação entre as duas cadeias peptídicas da molécula (α e β) com o peptídeo. OBS: de tempo em tempo, a molécula de MHC aparece na superfície celular, porém ela não fica estável nesse local se ela não estiver ligada ao antígeno. Todas as células do corpo expressam moléculas de MHC classe I, porém não é na mesma quantidade e velocidade em cada tecido. MHC classe II: Tanto a cadeia α quanto a cadeia β dessa molécula são codificadas pelos genes do MHC. O segmento β2 é o local responsável por interagir com o ligante CD4+. Com exceção da região da fenda, todo o restante da cadeia é não-polimórfico. Pode existir a expressão de até 20 diferentes moléculas de MHC classe II nas APCs (células apresentadoras de antígenos). Para ocorrer a ligação entre o peptídeo antígênico com a molécula de MHC classe II, o peptídeo pode ser composto por 30 aminoácidos ou mais. Esta molécula de MHC classe II só fica estável na superfície celular quando ocorre a ligação entre as duas cadeias peptídicas da molécula (α e β) com o peptídeo. Ligação Peptídeo-MHC: A molécula de MHC tem uma ampla especificidade para ligações com peptídeos antigênicos, ou seja, ela consegue se ligar a vários peptídeos diferentes. A molécula de MHC se liga com um peptídeo por vez. O LyT é o responsável por realizar a especificidade seletiva/ fina para o reconhecimento do peptídeo antigênico, ou seja, ele quem decide se vai ocorrer ou não a sua ligação com o complexo peptídeo MHC. O LyT não reconhece apenas o antígeno, mas sim o complexo peptídeo-MHC (tanto o antígeno como a molécula de MHC). Cada TCR é específico para um único complexo peptídeo-MHC. A interação entre o peptídeo e a molécula de MHC é saturável e com uma taxa de dissociação lenta, dando tempo suficiente para que esse complexo seja reconhecido pelo LyT específico. O peptídeo antigênico possui aminoácidos comuns aos da fenda da molécula de MHC, para realizar sua interação com essa molécula e, também possuem aminoácidos distintos daqueles da interação com o MHC que são reconhecidos pelos LyT, ele estão localizados na parte mais superior do peptídeo antigênico. As moléculas de MHC expressam tanto peptídeos antigênicos não-próprios quanto peptídeos antigênicos próprios (auto-antígenos). Quem é responsável por reconhecer se os peptídeos antigênicos são estranhos ou não ao organismo é o linfócito T. Além do receptor TCR do linfócito T se ligar aos aminoácidos do resíduo peptídico, ele também deve se ligar aos aminoácidos do resíduo polimórfico do MHC. Por isso que o receptor TCR do LyT reconhece o complexo peptídeo-MHC e não apenas o antígeno. OBS: existe uma teoria a qual diz que o receptor TCR também possui uma certa especificidade em relação as pontas da fenda da molécula de MHC a qual ele se liga. Processamento e apresentação do antígeno MHC I: As moléculas de MHC classe I apresentam produtos de degradação derivados de proteínas intracelulares que estavam no citosol. Essas proteínas intracelulares presentes no citosol foram originadas dos microorganismos que estavam infectando a célula. Primeiramente, essas proteínas citoplasmáticas deverão ser processadas em peptídeos menores para poderem ser encaixados na fenda das moléculas de MHC. Para isso, elas passam por um complexo enzimático chamado de Proteassoma e, dessa forma, é quebrada em peptídeos menores. Após as proteínas intracelulares serem quebradas em peptídeos menores, esses peptídeos são transportados para o retículo endoplasmático, local onde está ocorrendo a formação das moléculas de MHC. Para que os peptídeos do citosol entrem no retículo endoplasmático, é necessario o auxilio de algumas proteínas chamadas de TAPs, as quais formam um canal para a passagem desses peptídeos. No retículo endoplasmático, os peptídeos antigênicos já se ligam à molécula de MHC traduzida, formando o complexo peptídeo-MHC. Depois disso, esse complexo é enviado para o complexo de Golgi, onde será processado e enviado por vesículas até a superfície celular. Na superfície celular, essas vesículas se fundem a membrana plasmática e o complexo peptídeo-MHC é expressado para interagir com linfócitos T CD8+. Processamento e apresentação do antígeno MHC II: As moléculas de MHC classe II apresentam produtos de degradação derivados de proteínas de microorganismos fagocitados. Como o antígeno protéico é capturado pelas células pelo processo de fagocitose, esses antígenos entram nas células em vesículas de endocitose. Quando o endossomo se funde com um lisossomo, as enzimas dos lisossomos já quebram o peptídeo antigênico em peptídeo menores. No retículo endoplasmático da célula, estão ocorrendo tanto a formação das moléculas de MHC classe II quanto de uma cadeia protéica invariável (CLIP) que possui a função de estabilizar as moléculas de MHC na membrana das organelas e vesículas. Após a formação da moléculs de MHC classe II e da proteína estabilizadora, essas duas moléculas se associam e vão para o complexo de Golgi. Após o processamento no complexo de Golgi, essas moléculas sairão dessa organela em forma de vesículas que em um determinado momento se juntarão com as vesículas que contém os peptídeos antigênicos. Quando ocorrer essa fusão, a proteína estabilizada se desassocia da molécula de MHC classe II e o peptídeo antigênico se liga ao MHC classe II. Depois disso, a vesícula com o complexo peptídeo-MHC formado vai para a membrana plasmática da célula e é expressado para haver seu reconhecimento pelos linfócitos T. Expressão das moléculas de MHC: As moléculas de MHC classe I estão em quase todas as células nucleadas e elas exibem peptídeos antigênicos de microorganismos intracelulares. As moléculas de MHC classe II estão presentes das células dendríticas, macrófagos e LyB e elas exibem peptídeos antigênicos de microorganismos extracelulares que foram fagocitados. As células que expressam MHC classe I são aquelas que estão infectadas pelo microorganismo, então, o MHC classe I irá interagir com os linfócitos T CD8+ naives, levando a sua ativação e desencadeando a destruição das células infectadas, eliminando os reservatórios da infecção. As células que expressam MHC classe II são as células apresentadoras de antígenos (principalmente células dendríticas), então, o MHC classe II irá interagir com os linfócitos T CD4+ naive, levando a sua ativação.Depois dos LyT CD4+ serem ativados e diferenciados, eles podem interagir com macrófagos para faciliar o processo de fagocitose e podem interagir com os linfócitos B, funcionando como segundo sinal para que esses linfócitos se ativem e produzam anticorpos. Mediante uma infecção, as citocinas produzidas durante as respostas imunológicas inata e adquirida aumentam a produção e expressão das moléculas de MHC. As principais citocinas que induzem o processo citado a cima são: IFN-γ, TNF e linfotoxinas. Considerações Finais: O polimorfismo é importante no reconhecimento dos antígenos pelos LyT porque ele provoca a restrição ao MHC, ou seja, por conta do polimorfismo, as pontas da fenda da molécula de MHC possuem grande variedade e os linfócitos T devem ser específicos tanto para reconhecer o peptídeo antigênico como para reconhecer a molécula de MHC. As moléculas de MHC diferem por substituições múltiplas de aminoácidos, localizadas no sítio de ligação com o peptídeo antigênico e regiões adjacentes da molécula que faz contato direto com o receptor de LyT. A restrição ao MHC auxiliou no esclarecimento quanto ao fenômeno do MHC estranho na rejeição de órgãos e tecidos transplantados. O MHC também está envolvido com a imunologia tumoral. Resumo Imunidade Celular A Imunidade Celular é mediada pelos linfócitos T CD4+ (helper/ auxiliar) e linfócitos T CD8+ (citotóxico). Esta resposta ocorre para combater microorganismos intracelulares; tanto aqueles que foram fagocitados como aqueles que estão infectando as células. Para ocorrer a ativação dos linfócitos T, os quais eles desenvolverão a resposta celular, é necessário haver a interação entre o LyT e o complexo peptídeo MHC. Fases de indução da imunidade mediada por células: Linfócito T CD4+ Quando o antígeno está dentro das células, seja na forma fagocitada ou infectante, ele é processado e algumas de suas moléculas protéicas são apresentadas como antígenos pelas moléculas de MHC. A partir disso, o linfócito T CD4+ naive, o qual está nos órgãos linfóides secundários, reconhece o complexo peptídeo-MHC (1 sinal) e o Co-estimulador B7 (2 sinal), ativando-se. Logo após a ativação dos linfócitos T CD4+, ocorre a expansão e diferenciação desses LyTs tanto em LyTs de memória quando em LyTs efetores. É nessa fase que os linfócitos T CD4+ efetores se diferenciam em Th1, Th2 e Th17, dependendo do antígeno que foi apresentado (os linfócitos T de memória não se diferenciam em outros subtipos). Depois disso, os linfócitos efetores diferenciados em seus subtipos caem na corrente sanguínea e vão até os locais da agressão. Linfócito T CD8+ Quando o antígeno está dentro das células, seja na forma fagocitada ou infectante, ele é processado e algumas de suas moléculas protéicas são apresentadas como antígenos pelas moléculas de MHC. A partir disso, o linfócito T CD8+ naive, o qual está nos órgãos linfóides secundários, reconhece o complexo peptídeo-MHC (1 sinal) e o Co-estimulador B7 (2 sinal), ativando-se. Logo após a ativação dos linfócitos T CD8+, ocorre a expansão e diferenciação desses LyTs tanto em LyTs de memória quando em LyTs efetores. Depois disso, os linfócitos efetores diferenciados caem na corrente sanguínea e vão até os locais da agressão. Diferenciação dos linfócitos T CD4+ em Th1, Th2 e Th17: Os LyTs Th1, Th2 e Th17 se desenvolvem a partir de um mesmo precursor, o qual é o LyT CD4+ naive. A diferenciação dos LyT CD4+ em algum desses subtipos depende do modo como eles foram induzidos; ou seja, os tipos de citocinas produzidas na resposta imunológica natural a microorganismos e/ou no início da resposta adquirida influenciam na diferenciação dos LyT T CD4+. A partir da sua diferenciação, os subtipos Th1, Th2 e Th17 tanto desempenham funções efetoras distintas quanto produzem citocinas diferentes. DIFERENCIAÇÃO DE Th1 Os linfócitos Th1 são aqueles que estão em maior concentração na corrente sanguínea. Os linfócitos T CD4+ se diferencia em Th1 diante da apresentação de quaisquer microorganismos fagocitados (bactérias, vírus, fungos). OBS: por isso que estão em maior concentração. As células dendríticas e macrófagos liberam IL-12. As células natural-killers liberam IFN-γ. Essas duas citocinas são as que influenciam para a convergência da via de diferenciação em Th1. Essas duas citocinas podem ser produzidas durante a resposta imune inata; por isso que a diferenciação em Th1 conta com a participação de sinais da resposta inata. Após a diferenciação em linfócitos Th1, esses próprios linfócitos produzem IFN-γ, amplificando a diferenciação dessa via e inibindo as vias de diferenciação de Th2 e Th17. DIFERENCIAÇÃO DE Th2 Os linfócitos T CD4+ se diferencia em Th2 diante da apresentação de parasitas helmintos e proteínas alergênicas (qualquer proteína de origem externa que não tenha origem microbiana e desencadeia uma resposta imune). As células dendríticas tentam fagocitar os helmintos, porém, como eles são muito grandes, ás vezes elas só conseguem englobar algumas partículas desse parasita para apresentar como antígeno para os linfócitos T CD4+. Diante de infecções parasitárias, as células granulares (mastócitos e eosinófilos) são bastante atraídas para os locais da agressão. As células dendríticas, mastócitos e eosinófilos liberam IL-4. Essa citocina é a que influencia para a convergência da via de diferenciação em Th2. A diferenciação em Th2 ocorre, frequentemente, na ausência de respostas inatas fortes por IFN. Após a diferenciação em linfócitos Th2, esses próprios linfócitos produzem IL-4, amplificando a diferenciação dessa via e inibindo as vias de diferenciação de Th1 e Th17. DIFERENCIAÇÃO DE Th17 Os linfócitos T CD4+ se diferencia em Th17 diante da apresentação de bactérias e fungos extracelulares. Essa via ocorre com bactérias muito virulentas e fungos grandes. Esses organismos liberam toxinas que induzem a morte do tecido, ou seja, levam a apoptose de células teciduais que estão ao redor do local onde foi liberadas tais toxinas. Então, são as células apoptóticas que são capturadas pelas células dendríticas e apresentadas como antígenos para a ativação dessa via de diferenciação. Como as células dendríticas não capturam os microorganismos e sim as células apoptóticas geradas por tais parasitas, elas liberam citocinas diferentes daquelas da via de diferenciação de Th1. As citocinas liberadas pelas células dendríticas são IL-6 e IL1. Também é liberada a TGF-β por fontes desconhecidas. Essas citocinas são as que influenciam para a convergência da via de diferenciação em Th17. Após a diferenciação em linfócitos Th17, esses próprios linfócitos produzem IL-21, amplificando a diferenciação dessa via. Também existe a produção de TGF-β por uma fonte ainda desconhecida que inibe as vias de diferenciação de Th1 e Th2. Considerações importantes das vias de diferenciação: Uma vez que uma resposta imunológica se desenvolve ao longo de uma via, ela se torna cada vez mais polarizada naquela direção. O predomínio de um dos subtipos é o principal determinante das funções protetoras e das conseqüências patológicas da defesa imunológica. RESPOSTAS IMUNES MEDIADAS POR Th1 1. Resposta imunológica adquirida a microorganismos no interior dos fagócitos. 2. Sinalização para a produção de IgG. 3. Hipersensibilidade do tipo tardio. Resposta imunológica adquirida a microorganismos no interior dos fagócitos: A partir do momento em que o linfócito Th1 é produzido, ele interage com fagócitos (principalmente células
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