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AULA 2 - PSICOLOGIA CLÍNICA_Terap Cognitivo Comp

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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA CLÍNICA – 
TERAPIA COGNITIVO 
COMPORTAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alisson Siqueira 
 
 
 
2 
TEMA 1 – PRINCÍPIOS DE ESTUDO DA PSICOPATOLOGIA 
Por meio dos estudos da aula anterior, nós já sabemos que a 
psicopatologia tem por campo de estudo os fenômenos da psique. Essa 
compreensão nos leva a questionar como isso pode ser feito. Consideramos 
sempre que os fenômenos psicopatológicos são observáveis, mas não possuem 
um quesito de causa. 
Dessa forma, para melhor compreendermos a psicopatologia, é necessário 
que tenhamos domínio de conceitos de outras ciências. É o que faremos agora. 
1.1 Semiologia 
O primeiro conceito que necessitamos compreender é o da semiologia. Ela 
é a ciência dos signos. Sua ação tem grande importância pelo fato de ser um canal 
de comunicação na compressão da informação. 
Tal ciência abarca todos os campos do conhecimento e das atividades 
humanas que incluam a interação e a comunicação entre dois interlocutores por 
meio de um sistema de signos, razão pela qual se vislumbra uma relação muito 
estreita com a linguística. 
A semiologia geral entende que o signo transcende a esfera da língua. Ela 
abrange um conjunto de eventos, como os gestos, as atitudes e os 
comportamentos não verbais, os sinais matemáticos, os signos musicais etc. 
Quando a semiologia se especifica, podemos ter um estreitamento do 
campo de atuação, o que não significa diminuição do seu campo trabalho, pelo 
contrário. Vejamos: 
 A semiologia médica estuda os sintomas e os sinais das doenças. Tem 
como objetivo permitir ao profissional de saúde a identificação de 
alterações físicas e mentais, bem como ordenar os fenômenos observados, 
formular diagnósticos e empreender terapêuticas; 
 A semiologia psicopatológica tem como objeto de estudo os sinais e os 
sintomas dos transtornos mentais. 
Morris, citado por Dalgalarrando (2000), apresenta três campos distintos na 
semiologia: 
 Semântica: estudo das relações entre os signos e os objetos aos quais os 
aqueles fazem referência. Essa relação se apropria do sentido. 
 
 
3 
 Sintaxe: compreende as regras e as leis que regem as relações entre os 
vários signos de um sistema. É o modelo de sistema que permite 
classificação e uso. 
 Pragmática: ocupa-se das relações entre os signos e os usuários, os 
sujeitos que os utilizam concretamente. De uma maneira bem prática: é a 
sua aplicação no cotidiano, no dia a dia. 
1.2 Estruturas básicas da semiologia 
Para uma melhor compreensão da abrangência da semiologia, 
necessitamos alcançar os seus elementos de formação mínimos, que possibilitam 
decifrar a informação. 
1.2.1 Signo 
Designar o conceito de signo é trabalhar com a estrutura base da 
semiologia. O signo pertence ao grupo dos sinais, que são compreendidos como 
qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo. 
De uma forma mais especifica, podemos dizer que o signo é um sinal com 
uma relação direta de significado, isto é, uma relação direta de causa e 
consequência. 
A semiologia psicopatológica considera que os signos indicam a existência 
de sofrimento mental, transtornos e patologias. 
Assim, o foco da psicopatologia está nos sinais comportamentais objetivos 
e nos sintomas. 
Quando falamos de sintomas, referimos às vivências subjetivas relatadas 
pelo paciente, suas queixas e narrativas, ou seja, o que o sujeito experimenta e, 
de alguma forma, comunica a alguém. É o relato do sujeito. 
O signo em sua estrutura básica de compreensão é composto por dois 
elementos: 
 Significante: é o suporte material, o veículo do signo. É o meio pelo qual 
ele se apresenta. É o seu objeto visível e evidente. 
 Significado: é compreendido como aquilo que é designado e que está 
ausente, isto é, o conteúdo do veículo. É a mensagem trazida. 
 
 
 
4 
1.2.2 Tipos de signo 
Vamos agora compreender os tipos de signo que nos são apresentados 
para a compreensão de um evento, de acordo com Charles Peirce, citado por 
Dalgalarrondo (2008). 
 O ícone: é um signo em que o elemento significante evoca imediatamente 
o significado, o que se dá graças a uma grande semelhança entre eles, 
como se o significante fosse uma “fotografia” do significado. Por exemplo, 
quando vemos uma fotografia de um elefante e imediatamente 
compreendemos do que se trata o registro. Existe uma relação direta entre 
os elementos. 
 O indicador: nesse signo a relação entre o significante e o significado é de 
contiguidade. Há uma relação de pista entre o signo e sua mensagem. 
Quando observamos uma nuvem, podemos fazer uma relação com chuva, 
assim como fumaça nos remete a fogo, tal como uma marca de pneu no 
asfalto pode indicar freada de carro. 
 O símbolo: nele o elemento significante e o objeto ausente (significado) 
são distintos em aparência e sem relação de contiguidade. Não há qualquer 
relação direta entre eles; trata-se de uma relação puramente convencional 
e arbitrária. Os elementos não conversam, mas é compreendido quando 
apresentado. Os exemplos são diversos, e o mais comum é a palavra 
escrita que aponta para um objeto concreto ou imaginário: F-O-L-H-A e a 
descrição de uma parte da árvore ou de um caderno. Outro exemplo é o 
semáforo e suas cores que representam regras de trânsito. 
TEMA 2 – INSTRUMENTO DE COMPREENSÃO DO FENÔMENO 
PSICOPATOLÓGICO 
É importante que reafirmemos os conceitos da psicopatologia. Por isso, 
lembrem-se: essa ciência tem como seu campo de estudo essencial a doença 
mental, razão pela qual sua meta é sistematizar, elucidar e desmistificar o adoecer 
mental. 
Dessa forma, necessitamos trazer à luz alguns esclarecimentos 
importantes para compreender esse fenômeno. 
 
 
 
5 
2.1 O que não é saúde 
Os conceitos sobre saúde são muito diversificados, abrangem tanto o 
simples e concreto quanto o complexo e abstrato. O mais comum deles é o da 
Organização Mundial de Saúde (OMS, 1946): “Saúde é o estado de completo 
bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. 
Tendo tal definição como referência, vamos verificar o que não é 
considerado saúde pelo campo médico e pela psicopatologia, por meio de suas 
nomenclaturas designativas. 
2.1.1 Doença 
O termo doença é o mais genérico que temos na literatura especializada. 
Geralmente é utilizado para designar qualquer estado adverso no que diz respeito 
à saúde física ou ao bem-estar físico. Outros nomes que podemos usar como 
sinônimo de doença são entidades nosológicas ou transtornos específicos. 
De acordo com Dalgalarrondo (2008), são denominadas doenças os 
fenômenos mórbidos nos quais podem ser identificados: as causas (etiologia), o 
curso, os estados terminais típicos, os mecanismos psicológicos e 
psicopatológicos característicos, antecedentes genéticos familiares, bem como 
respostas a tratamentos. 
Compreender o conceito doença é uma identificação significativamente 
relacionada entre sinais, sintomas e remissão. 
2.1.2 Síndromes 
Dalgalarrondo (2008, p. 26) define síndrome “como agrupamentos 
relativamente constantes e estáveis de determinados sinais e sintomas. [...] A 
síndrome é puramente uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e 
recorrente de sinais e sintomas”. 
Podemos compreender o conceito de síndrome por meio de três óticas: 
 Como um conjunto de sinais e de sintomas que define as manifestações 
clínicas de uma ou de várias doenças, bem como condições clínicas, 
independentemente da etiologia que as diferencia. Isso significa que 
podemos ter um conjunto de patologias agregadas. Não temos, 
necessariamente, que produzir uma interferência nela – o que não quer 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinal_(m%C3%A9dico)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sintoma
 
 
6 
dizer, neste caso, que ela não tenha cura, mas que apenas é considerada 
sem remissão em dado momento. 
 Como quadro em que a doença ainda não está bem declarada ou 
determinadano que diz respeito a seus sinais e sintomas, o que possibilita 
investigação até que possa ser etiologicamente definhada. 
 Em razão do fator histórico do quadro. Ou seja, já são conhecidos a 
etiologia e o tratamento, mas o nome persiste por ter sido comumente 
descrita como tal. O fator histórico agregou nela o nome. Um exemplo 
clássico é a AIDS. 
As síndromes podem ter várias origens e designações: síndromes 
congênitas, síndromes bioquímicas, síndromes por erro inato do metabolismo, 
síndromes displásicas etc. Em psicopatologia é comum usar o termo síndrome. 
2.1.3 Transtorno ou distúrbio 
Após fazer uma rigorosa análise em plataforma de textos científicos, 
Rezende (2008) concluiu que os termos transtornos e distúrbios são típicos dos 
manuais identificativos de doença na Classificação Internacional de Doenças e 
Problemas Relacionados à Saúde (CID) e no Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM), bem como possuem uma condição embasada na 
tradição e na nomenclatura oficial de determinadas especialidades médicas. 
Segundo Rezende (2008), na CID-10, o termo transtorno foi o mais utilizado 
para codificação, o que se deve, em grande parte, à terminologia psiquiátrica. 
A palavra transtorno é um substantivo deverbal regressivo do verbo 
transtornar, que já possuía a acepção de alteração da personalidade, conforme 
se verifica em dicionários do século XIX, segundo apontamentos de Rezende 
(2008). 
Já o conceito distúrbio tem um significado mais amplo do que disfunção, já 
que abrange alterações de natureza estrutural e funcional, ao contrário de 
disfunção, que se refere unicamente aos desvios da função de um órgão ou de 
um sistema. 
A conclusão de Rezende (2008) é que os termos mais apropriados à 
terminologia médica são transtorno, distúrbio e disfunção. O emprego de um ou 
de outro dependerá da anormalidade em estudo ou da opção do autor, nos casos 
 
 
7 
de sinonímia. Desarranjo, embora raramente utilizado, deve ser mantido por 
constar do CID-10. 
No DSM-5 – já traduzido para a língua portuguesa – o termo usado é 
transtorno para deixar mais evidenciado a ideia de prejuízo. De acordo com 
Rezende (2008), o transtorno é considerado algo que pode não ter cura e que traz 
um prejuízo real ao sujeito. 
2.2 Foco da psicopatologia 
A psicopatologia não trabalha com conteúdos soltos. Sua estrutura de 
análise possui paradigmas e critérios que são muito bem estabelecidos, motivo 
pelo qual precisam ser esclarecidos. 
2.2.1 Descrição do sintoma 
O sintoma é base fundamental da psicopatologia. Ele é o início da 
descrição do fenômeno. Dessa forma, é de extrema relevância saber trabalhar a 
informação por ele fornecida. 
O sintoma possui duas características que devem ser muito bem 
compreendidas na psicopatologia: a forma e o conteúdo. 
A forma do sintoma: sua estrutura básica é a sua forma. Isto é, a descrição 
de como ele se apresenta. Mudam-se o sujeito, o local, o tempo, mas a descrição 
aparente é muito parecida. Por exemplo, a forma dos sintomas nos pacientes é 
descrita como: alucinação, delírio, ideia obsessiva, labilidade afetiva etc., que são 
características das síndromes psiquiátricas. Quando levamos a descrição 
diagnóstica da patologia, observamos como ela se revela de forma aparente. 
O conteúdo do sintoma é aquilo que preenche a alteração estrutural, isto é, 
o componente interno do fenômeno. Não é, necessariamente, objetivamente 
observável, mas descrito pelo sujeito, como emoções, sentimentos etc. O 
conteúdo do sintoma tem a ver com o sujeito e a sua relação com o mundo, a 
condição de existir. É muito particular, e não raramente o paciente não consegue 
descrevê-lo. Sua relação é intrínseca aos temas da vida do sujeito como morte, 
sexo etc. 
 
 
 
8 
2.2.2 Classificação diagnóstica 
O fenômeno patológico precisa ser descrito, o que significa que devemos 
ter algum critério normativo para apresentar de forma ordenada esses fenômenos. 
A psicopatologia trabalha com a observação dos sintomas e os relaciona 
para melhor descrevê-los. 
Sendo assim, a psicopatologia – segundo Dalgalarrondo (2008) – utilizou o 
critério aristotélico da questão da unidade e da variedade dos fatos, bem como 
dos conhecimentos para fazer sua classificação tripla, conforme veremos a seguir: 
Nos chamados fenômenos semelhantes, a ocorrência é geral. Todos os 
indivíduos passam por eles. É uma descrição dos eventos comuns, como: fome, 
sede, sono, necessidades fisiológicas etc. Embora os sujeitos sejam diferentes, o 
evento tem uma característica. 
A descrição do evento é singular e de fácil identificação. Não há surpresa. 
Um exemplo simples é uma pessoa em delírio dizer que tem sede ou um paciente 
com quadro boderline dizer que tem medo. 
Quanto aos denominados fenômenos em parte semelhantes e em parte 
diferentes, há uma diferenciação na manifestação do conteúdo. Em parte, pode 
ser conhecido por alguém que não está doente, mas a compreensão não se dá 
em sua totalidade. 
Por exemplo, uma pessoa com fobia de animais diz ter muito medo de uma 
aranha. Compreendemos o que é o sentimento de medo dentro do contexto de 
algo que não conseguimos enfrentar. Mas, por outro lado, não conseguimos 
entender o que é a paralisia corpórea, provocada por uma fobia intensa diante de 
um evento não compreensivo. 
No que diz respeito aos categorizados fenômenos semelhantes 
qualitativamente novos, diferentes, trata-se de algo muito inusitado: são condições 
que não são normais à experiência do sujeito. São fenômenos psicóticos, como 
alucinações, delírios, turvação da consciência, alteração da cognição nas 
demências, entre outros. Não pertencem à ideia do comum. Só participa dessa 
compreensão quem está em um quadro atípico. 
TEMA 3 – CONCEITUANDO NORMALIDADE 
Alguns temas são delicados para a psicopatologia. Uma delas é conceito 
de normalidade. 
 
 
9 
Com base nos estudos de Georges Canguilhem, Dalgalarrondo (2008) nos 
elucidará sobre o tema. 
3.1 Conceitos de normalidade 
Conforme lições de Dalgalarrondo (2008), quanto à compreensão do termo 
normalidade, podemos dizer que: 
a. Para a psiquiatria forense, normalidade tem uma implicação jurídica no que 
diz respeito ao fazer o que é considerado correto. 
b. Para a epidemiologia psiquiátrica, é uma questão conceitual que pode ser 
expandida por meio da discussão e do aprofundamento do conceito. 
c. A psiquiatria cultural e a etnopsiquiatria consideram o contexto social. 
d. No planejamento em saúde mental e em políticas de saúde trabalham-se 
modelos estatísticos de assistência e de abrangência de cuidados. 
e. Na orientação e na capacitação profissional é considerada a relação sujeito 
e atividade fim a ser empregada. 
f. Na prática clínica é considerado o momento existencial do sujeito. 
3.2 Critérios de normalidade 
A psicopatologia precisa fazer análises de acordo com o evento e com o 
momento. Assim, o conceito normalidade utiliza alguns critérios que são descritos 
por Dalgalarrondo (2008). Vejamos: 
a. Normalidade como ausência de doença: normal, do ponto de vista 
psicopatológico, seria relacionado àquele indivíduo que simplesmente não 
é portador de um transtorno mental definido. 
b. Normalidade ideal: determinada pela arbitragem de uma norma ideal, o que 
é supostamente “sadio”, mais “evoluído”. Pertence ao campo da utopia. 
c. Normalidade estatística: justificada pela presença quantitativa do 
fenômeno. 
d. Normalidade como bem-estar: é o conceito da OMS, sem uma definição 
muito específica do que significa. 
e. Normalidade funcional: quando de forma prática atrapalha a vivência pelo 
sofrimento. 
f. Normalidade como processo: pertence a um conjunto de desenvolvimento 
estruturado em fases. 
 
 
10 
g. Normalidade subjetiva: é o conceito relacionado ao “sentir-se bem”. 
h. Normalidade como liberdade: é um conceito fenomenológico e existencial, 
em que o sujeito pode se declarar normalpara experimentar a vida. 
i. Normalidade operacional: critério arbitrário cuja finalidade é colocar em 
pratica um critério já definido. Por exemplo, nas geleiras de esquimós quem 
tem mais de 1,60 metro de altura é considerado anormal, pois não 
consegue se locomover dentro dos pequenos iglus. 
TEMA 4 – AVALIAÇÃO CLÍNICA 
Em psicopatologia, a avaliação clínica é o ponto de partida de um longo 
processo investigativo. Ela consiste na identificação das queixas trazidas pelo 
paciente, bem como na investigação da história atual e pregressa de suas 
condições mentais. 
Algumas ações são muito importantes nesse processo clínico: a escuta da 
queixa, a investigação por anamnese e os exames complementares. 
4.1 Escuta da queixa 
O especialista em psicopatologia adquire uma capacidade enorme de 
observar e levantar indícios que proporcionam esclarecimentos da presença do 
sujeito no ambiente de avaliação. 
Todavia, o principal elemento desse processo é a fala, tanto do sujeito 
quanto daquele que o encaminha. É muito comum ter a escuta dos pais quando 
levam ao tratamento seus filhos, assim como de um acompanhante de uma 
pessoa em surto psicótico. 
Além disso, é importante que o paciente tenha consciência de si e do seu 
estado para que seja iniciado um contato. Quando o paciente não está em 
condição de fazê-lo, qualquer pessoa que tenha ciência da situação poderá tomar 
a iniciativa para que haja a queixa. 
Denominamos queixa principal o foco da história da doença atual. Quando 
atentamos a ela, precisamos fazer o seu registro com as palavras do falante. Não 
será o momento de analisar o que ele está dizendo, mas de escutar e transcrever 
de forma clara. 
 
 
11 
Em psicopatologia, a fala do sujeito é muito importante. A atenção do 
profissional deve ser neutra, de modo a evitar comportamentos expressivos e 
verbais que induzam o sujeito a mudar a fala. 
O ambiente deve ser propício para que haja naturalidade na descrição da 
queixa. A explanação feita pelo paciente é a origem de todo o processo 
investigativo. 
4.2 Anamnese 
Dalgalarrondo (2008) descreve a anamnese como o histórico dos sinais e 
dos sintomas que o paciente apresenta ao longo de sua vida, considerando seus 
antecedentes pessoais, sua família e o meio social em que ele está inserido. 
De uma forma bem pontual, podemos dizer que a anamnese é uma 
investigação histórica do sujeito, seguindo como orientação de direção a sua 
queixa. 
Nessa entrevista, todas perguntas são para esclarecer a queixa e investigar 
os detalhes da vida do sujeito. 
Há muitos modelos padronizados de anamnese, inclusive disponíveis no 
livro do Dalgalarrondo (2008), o qual é referência em nossas aulas. 
Todavia, é importante ressaltar que a aplicação da anamnese não pode ser 
simplória. Aplicá-la é considerar a relevância da fala do sujeito. 
4.3 Exames complementares 
Quem não é médico precisa considerar sua limitação prescritiva, mas não 
pode negligenciar o processo de encaminhamento. Quanto ao psicólogo e aos 
outros especialistas na área da saúde, é importante que saibam o que está 
investigando, quais informação precisam ser encaminhadas, bem como para 
quem deverão sê-las. 
Exames complementares são peça fundamental no apoio de um 
diagnóstico psicopatológico. Segundo Dalgalarrondo (2008), os exames 
complementares laboratoriais, neurofisiológicos e de neuroimagem também são 
um auxílio fundamental ao diagnóstico psicopatológico, particularmente na 
detecção de disfunções e de patologias neurológicas e sistêmicas que produzem 
síndromes e sintomas psiquiátricos. 
 
 
12 
Os exames devem ser muito bem analisados por profissional que domine 
o assunto. Os resultados são de grande valia na compressão do estado atual e 
anterior do paciente. 
Além dos exames médicos e laboratoriais, é importante considerar um 
psicodiagnóstico. A aparelhagem de testes projetivos e diretivos que há disponível 
deve ser aproveitada na avaliação das necessidades levantadas na queixa do 
paciente. 
Uma bateria de testes bem aplicada e bem esclarecida em seu laudo 
permite ao profissional uma visão mais nítida das funções psíquicas. 
TEMA 5 – SÚMULA PSICOPATOLÓGICA 
Segundo Cheniaux Júnior (2002), os itens que compõem a súmula 
psicopatológica são: aparência; atitude; consciência; atenção; sensopercepção; 
memória; fala e linguagem; pensamento; inteligência; imaginação; vontade; 
psicomotricidade; pragmatismo; humor e afetividade; orientação; consciência do 
eu; prospecção e consciência de morbidade. 
Talvez você esteja surpreso, pois são os mesmos elementos da avaliação 
psíquica. 
A súmula psicopatológica e o exame psíquico possuem o mesmo conteúdo, 
sendo aquele um resumo deste. Por meio de um exame psíquico bem feito, 
qualquer outra pessoa terá que formular a mesma súmula psicopatológica. 
Estamos falando de um instrumento utilizado para avaliação 
psicopatológica. Não há uniformidade quanto a uma configuração ideal. 
Ademais, existem muitos críticos à forma como estão apresentados em 
quantidade e ordem os elementos da sumula. Seu maior objetivo é tentar registar 
de forma quantitativa a intensidade das alterações no sujeito. 
5.1 Aparência 
Talvez você esteja se perguntando: por que destacamos a aparência na 
súmula psicopatológica? Encontrar a resposta é fácil quando entendemos que 
quando há um contato com um sujeito, ele de alguma forma transmite mensagens 
e informações do seu estado atual. 
Por meio da aparência, verificamos o tipo constitucional, as condições de 
higiene pessoal, a adequação do vestuário, os cuidados pessoais. 
 
 
13 
Não se trata de uma avaliação social, mas de uma sucinta verificação da 
condição dele. Um exemplo de descrição de aparência: “Paciente é alto, atlético 
e apresenta-se para a entrevista em boas condições de higiene pessoal, com 
vestes adequadas, porém sempre com a camisa bem aberta”. 
Por outro lado, o momento em questão é crítico para o paciente. Ele está 
diante de um estranho e pode, de alguma forma, querer impressionar positiva ou 
negativamente. O sujeito resiste a si mesmo quando em contato com o outro. 
5.2 Comportamento 
Outro item fator muito importante é a forma como o sujeito se comporta. 
Em uma avaliação psicopatológica, o comportamento é um sinal, razão pela qual 
estar atendo à forma como ele se apresenta permite uma leitura mais clara do 
sujeito em seu momento atual. 
Dalgarrondo (2008) faz algumas colocações e alertas sobre o 
comportamento do entrevistador, que deve evitar comportamentos inadequados, 
que não condizem com seu ofício e/ou que podem desencadear uma reação 
adversa por parte do paciente. Vejamos: 
 Posturas rígidas, estereotipadas; 
 Atitude excessivamente neutra ou fria; 
 Reações exageradamente emotivas; 
 Comentários valorativos ou emissão de julgamentos; 
 Reações emocionais intensas de pena ou de compaixão; 
 Responder com hostilidade ou agressão; 
 Entrevistas excessivamente prolixas; 
 Fazer muitas anotações durante a entrevista. 
5.3 Funções psíquicas 
Estudar as funções psíquicas é entender como ocorrem e se manifestam 
os processos mentais. As funções psíquicas serão tema de uma aula específica, 
haja vista sua magnitude e complexidade. Mas é importante adiantarmos um 
aspecto: todo contato com o paciente é um momento de verificação. Conhecer as 
funções psíquicas permite um ato exploratório e um controle de registros que 
permitem a obtenção de informações que propiciam uma melhor análise do 
sujeito. 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e 
estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
BERCHERIE, P. Os fundamentos da clínica: história e estrutura do saber 
psiquiátrico. Rio de Janeiro: Zahar, 1989. 
CHENIAUX JÚNIOR, E. Manual de psicopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2002. 
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornosmentais. 
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 
FOUCAULT, M. Doença mental e psicologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 2000. 
GUTMAN, G. William James & Henry James: filosofia, literatura e vida. Rio de 
Janeiro: Subversos, 2015. 
JASPERS, K. Psicopatologia geral. 8. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2006. (Vol. 1 
e 2) 
OMS – Organização Mundial da Saúde. Constituição da organização mundial 
da saúde: (OMS/WHO). [S.l.], 1946. Disponível em: 
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OMS-
Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-da-
organizacao-mundial-da-saude-omswho.html>. Acesso em: 21 nov. 2018. 
REZENDE, J. M. de. Transtorno. Distúrbio. Disfunção. Desarranjo. Desordem. 
Perturbação. Revista de Patologia Tropical, Goiânia, v. 37, n. 3, p. 281-282, 
jul./set. 2008. 
SUDAK, D. M. Combinando terapia cognitivo-comportamental e 
medicamentos: uma abordagem baseada em evidências. Porto Alegre: Artmed, 
2012.

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