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VALTER T. MOTTA Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações Aminoácidos e Proteínas Volume 8 63 AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS s proteínas são compostos de elevada massa molecular (5000 a vários milhões) produzi- das pelas células vivas de todas as formas de vida. São polímeros complexos de α-aminoácidos, uni- dos ent re si por um tipo específico de l igação covalente – a l igação peptídica. As proteínas são consti tuídas por 20 aminoácidos diferentes reuni- dos em combinações praticamente infinitas, possi- bili tando a formação de milhões de estruturas diversas. Estas combinações permitem às células a produção de proteínas com diferentes tamanhos, formas, estruturas, propriedades e funções. A seqüência de aminoácidos, que define as características das proteínas, é determinada pelas informações genéticas contidas no núcleo da c é- lula. Por hidrólise, as proteínas fornecem somente aminoácidos (proteínas simples) ou, além dos aminoácidos, outros compostos orgânicos ou inor- gânicos (proteínas conjugadas) . A porção não- protéica é denominada grupo prostét ico. As funções biológicas a t r ibuídas às proteínas são variadas e importantes. Atuam como: Enzimas. São proteínas altamente especializadas com atividade catalí t ica; praticamente todas as reações químicas celulares onde participam bio - moléculas orgânicas são catalisadas por enzimas. Existem milhares de enzimas, cada uma capaz de catalisar um tipo de reação química diferente. Proteínas transportadoras. São proteínas que se l igam a íons ou a moléculas específicas, as quais são t ransportadas de um órgão para outro. Transportam hormônios, v itaminas, metais, drogas e oxigênio (hemoglobina); solubilizam os lipídios (apoproteínas) . Muitas proteínas estão presentes nas membranas plasmáticas e nas membranas in - tracelulares de todos os organismos; elas t rans - portam, por exemplo, a glicose, aminoácidos e outras substâncias a t ravés dessas membranas . Proteínas de armazenamento. Atuam no a r- mazenamento de certas substâncias, ex.: ferritina, que armazena átomos de ferro. Proteínas contráteis ou de motilidade. Pro- teínas que modificam sua forma ou contra em-se, ex.: actina e miosina. Proteínas estruturais. São pro te ínas que ser- vem como filamentos de suporte, cabos ou lâmi- nas para fornecer proteção ou resis tência à estru - turas biológicas, ex.: queratinas, colágeno e elas - t ina. Proteínas de defesa. Um grande número de proteínas defendem o organismo contra a invasão de outras espécies ou o protege nos ferimentos. As imunoglobulinas ou anticorpos – proteínas especi- alizadas sintetizadas pelos l infócitos – podem reconhecer e precipitar, ou neutralizar, invasore s como bactér ias , vírus ou proteínas estranhas oriundas de outras espécies. O fibrinogênio e a trombina são proteínas que participam da coagula- ção sangüínea que previnem a perda de sangue quando o sis tema vascular é lesado. Algumas destas prote ínas , incluindo o fibrinogênio e a trombina, também são enzimas. Proteínas reguladoras. Várias proteínas atuam na regulação da atividade celular ou fisiológica, ex.: hormônios e proteína G. Outras proteínas. Existem numerosas proteínas com funções ditas exóticas ou de difícil classifi- cação. A 64 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações São milhares as funções das proteínas. Além das resumidas acima citam-se algumas de grande importância clínica: manutenção da distribuição de água entre o compartimento i n tersticial e o sis - tema vascular do organismo; participação da ho- meostase e coagulação sangüínea; nutr ição de tecidos; formam tampões para a manutenção do pH. Bibliografia consultada CAMPBELL , M . K . Biochemistry. 3 e d . P h i l a d e l p h i a : Saunders , 1999 . p . 76 -95 . LEHNINGER, A. L. , NELSON, D. L. , COX, M. M. Princípios de bioquímica. São Pau lo : Sa rv ie r , 1995 . p . 99-117. STRYER, L . Bioquímica. 4 ed . R io de Jane i ro : G u a n a b a ra -K o o g a n , 1 9 9 5 . p . 1 7 -69 . Aminoácidos e proteínas 65 PROTEÍNAS TOTAIS número de proteínas dist intas dentro de uma célula humana é estimado entre 3.000 a 5.000. Mais de 300 proteínas diferentes foram identif icadas somente no plasma sangüíneo. Mui- tas delas apresentam papéis bioquímicos específi- cos sendo que suas concentrações podem ser afe- tadas por processos patológicos e , por tanto , são determinadas na invest igação de vár ias doenças. Apesar do grande número de proteínas presentes no plasma sangüíneo, somente algumas são medi- das rotineiramente. As mais medidas são as pre- sentes no sangue, urina, líquido cefalorraquidiano (LCR), líquido amniótico, peritonial ou pleural, saliva e fezes. As funções das proteínas plasmáticas incluem transporte, manutenção da pressão oncótica, tam- ponamento de al terações do pH, imunidade humo- ral, atividade enzimática, coagulação e resposta de fase aguda. METABOLISMO DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS A concentração das proteínas plasmáticas é d e- terminada por três fatores principais: velocidade de síntese, velocidade do catabolismo e o volume de l íquido no qual as proteínas estão dis t r ibuídas. Síntese. A maioria das proteínas plasmáticas são sintet izadas no f ígado enquanto algumas são pro- duzidas em outros locais, por exemplo, imunoglo- bulinas pelos l infócitos, apoproteínas pelos ente- rócitos e β2 -microglobulina (proteína da superfície celular) amplamente distribuída no corpo. Apro- ximadamente 25 g das proteínas plasmáticas são sintet izadas e secretadas cada dia, pois não há armazenamento intracelular. Distribuição. Normalmente, a concentração de proteínas totais no plasma está ao redor de 7,0 g/dL e, aproximadamente, 250 g de proteínas são encontradas no compartimento vascular de um homem adulto de 70 kg. A água atravessa mais livremente as paredes capilares que as proteínas e, portanto, a concentração das proteínas no espaço vascular é afetada pela distribuição líquida. Catabolismo. As proteínas plasmáticas são d e- gradadas através do corpo. Os aminoácidos libera- dos f icam disponíveis para a s íntese de proteínas celulares. H IPERPROTEINEMIA Desidratação. A des idratação causa o aumento (relativo) de todas as frações protéicas na mesma proporção. Pode ser promovida pela inadequada ingestão de l íquidos ou perda excessiva de água (vômito, diarréia intensa, enfermidade de Addison ou acidose diabética). Enfermidades monoclonais. Mieloma múlt i- plo, macroglobulinemia de Waldenström e doença da cadeia pesada. Estas condições promovem a elevação de imunoglobulinas, causando o aumento nos níveis das proteínas tota is sér icas . (v . adiante). Enfermidades policlonais crônicas. Cirrose hepática, hepatite ativa crônica, sarcoidose, lupus eritematoso sistêmico e infecção bacteriana crônica. H IPOPROTEÍNEMIA Aumento do volume plasmático. Hemodilu i- ção por intoxicação hídrica, também como na cirrose quando a asci te es tá presente . Perda renal proteínas. Síndrome nefrótica e glomerulonefrite crônica. Perda de proteínas pela pele. Queimaduras severas . Gota. Aumento da uricemia. O 66 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações Distúrbios da síntese protéica. A s ín tese é sensível ao suprimento de aminoácidos e, as sim, a desnutrição, má absorção, dietas pobres em pro- teínas, enfermidade hepática não-virótica severa promovem hipoproteínemia. A insuficiência da função hepatocelular reduz a síntese na enfermi- dade hepática crônica. Outras causas. Analbuminemia, colite ulcera - t iva, dermatite esfoliativa, doença de Crohn, do- ença de Hodgkin, edema, enteropatia perdedora de proteínas, hemorragia grave, hepatite infecciosa, hipertensão essencial, hipertireoidismo, hipoga-maglobulinemia, insuficiência cardíaca conges - t iva, kwashiorkor, leucemia, má absorção e úlcera péptica. DETERMINAÇÃO DAS PROTEÍNAS TOTAIS SÉRICAS Paciente. Não deve ingerir dieta rica em gordu- ras durante 8 horas antes do tes te . Suspender as medicações que interferem nos n íve is das prote í - nas sér icas . Amostra. Soro sem hemólise e não lipêmico. A amostra pode ser refrigerada por até uma semana. Interferentes. Resultados falsamente elevados: bromossulfaleína, clofibrato, contrastes radiológi- cos, cort icoesteróides, cort icotropina, dextrano, heparina, insulina, somatropina, t ireotropina e tolbutamida. Resultados falsamente reduzidos: anticoncepcionais orais, dextrano, íon-amônio, líquidos intravenosos excessivos contendo glicose, pirazinamida e salicilatos. Métodos. Historic amente o método de referência para a determinação das proteínas totais no soro sangüíneo é o método de Kjeldahl. Este método não é empregado rotineiramente no laboratório clínico devido a sua complexidade. Refractometria. Os métodos que empregam a medida do índice de refração avaliam as proteínas totais no soro, plasma, urina e LCR. Estão basea- dos na determinação refratométrica dos sólidos totais nos l íquidos antes e depois da remoção das proteínas. Estes métodos são inf luenciados por variações da tempera tura, relação albu- mina/globulinas, azotemia, hiperglicemia, hiper- bilirrubinemia e, particularmente, hiperlipemia. Biureto. É o mais usado atualmente, pois além de preciso e exato é de fácil execução, sendo, portanto, bastante empregado para a automação. Biureto é o nome dado ao produto de decomposi- ção da uréia pelo calor. Quando o biureto é tra - tado com íons cúpricos em solução alcalina, des - envolve cor violeta. As pro teínas são determina- das por reação idêntica ao do biureto. O complexo color ido é de composição desconhecida, sendo formado entre os íons cúpricos e duas ou mais l igações pept ídicas. A intensidade do produto colorido é proporcional ao número de l igações peptídicas presentes nas proteínas. O reativo seco DT Vitros baseia -se nes ta reação. Valores de referência para proteínas totais no soro sangüíneo Adultos ambulatoriais 6 a 7,8 g/dL PROTEÍNAS TOTAIS NA URINA Como resultado da pressão hidrostática, as proteí- nas de baixa massa molecular rotineiramente são filt radas através da membrana basal glomerular. Esta membrana atua como uma barreira à filtração graças ao tamanho dos poros e a carga negat iva. As proteínas de pequeno tamanho molecular são conduzidas para dentro do túbulo renal onde são quase totalmente reabsorvidas; no entanto, uma pequena fração é conduzida através dos túbulos e aparece na urina. Entre 20-50% da proteína urin á- ria é albumina. O restante consiste de uromucóide, mucoproteína de Tamm-Horsfall provenientes das células tubulares renais, pequenas quantidades de microglobulinas séricas e tubulares e proteínas de secreções vaginais, prostática e seminal. A proteinúria anormal é classificada como: Benigna. A forma benigna é provocada por alt e- rações hemodinâmicas ou clínicas não associadas com morbid ez ou mortal idade e são de causa des - Aminoácidos e proteínas 67 conhecida. Este tipo de proteinúria (em geral <1 g/d) é a razão mais freqüente de resultados posit i- vos na pesquisa de proteínas na ur ina. Três cate- gorias gerais de proteinúria benigna são descritas: § Proteinúria funciona l , secundária à doenças febris, após exercícios vigorosos, insuficiência cardíaca congest iva e hipertensão essencial . § Prote inúria id iopát ica , relativamente comum em crianças assintomáticas e adultos jovens sad ios . § Proteinúria ortostát ica ou postural , ocorre quando a pessoa fica em pé por muito tempo e desaparece quando ela se deita por algumas h o- ras. Ocasionada, provavelmente, pela grande pressão sobre a veia renal quando o indivíduo fica em posição vertical. Sobrecarga. Proteínas de baixa massa molecula r aumentadas no plasma são fi l tradas pelo glomé- rulo em grandes quantidades, ul t rapassando a capacidade de reabsorção do túbulo. Tubular. É devida a incapacidade dos túbulos renais realizarem a absorção, provocada por uma disfunção ou quando o excesso de p rote ínas no líquido tubular ultrapassa a capacidade reabsortiva dos mesmos. Na proteinúria tubular, pequenas moléculas que em condições normais ultrapas sam a membrana glomerular e são absorvidas, apare - cem na urina final em razão da reabsorção tubular incompleta. A presença de proteinúria é um dos principais sinais de enfermidade renal. A β2 -mi- croglobulina (v. adiante) serve como um marcador da disfunção tubular em condições como: envene- namento por metais pesados, síndrome de Fanconi e hipocalemia crônica. Em doenças tubulares a excreção urinária diária é inferior a 3,5 g de pro - te ína s . Glomerular. A proteinúria glomerular é uma conseqüência da perda de integridade da mem- brana do glomérulo que, em condições normais, não permite a passagem de proteínas de elevada massa molecu lar para a urina. Nestes casos en- contram-se va lo res maiores que 1,0 g/d. Esta forma de proteinúria está associada com a sín- drome nefrótica, hipertensão ou glomerulonefrite rapidamente progressiva . Nestas condições, o glomérulo torna-s e progressivamente permeável à proteínas, partic u larmente, à albumina. Quantida- des entre 3 a 6 g/d, podem ser perdidas nestas condições. Este tipo de proteinúria também ocorre como conseqüência secundária de outras enfermi - dades, tais como: amiloidose, lu pus e ritematoso e diabetes mellitus (ao redor de 30 a 40% dos paci- entes com diabetes t ipo 1 desenvolvem nefropatia d iabét ica que se manifesta clinicamente 8 a 10 anos após aquisição da doença) . No curso tardio do diabetes es ta e levação dos teores de prote ínas na urina se torna persistente, dando lugar a uma insuficiência renal. Proteínas não-plasmáticas. Proteínas de Tamm-Harsfall (urumucóide), um constituinte dos cil indros urinários e provavelmente secretadas pelos túbulos dis ta is . DETERMINAÇÃO DAS PROTEÍNAS TOTAIS NA URINA Amostra. São utilizadas amostras de 24 h ou 12 h sem preservativos e mantidas em refrigerador. Não sendo poss ível a de terminação nas primeiras 48 h após a coleta, deve-se misturar bem e separar uma alíquota . Amostras congeladas são es táveis por um ano. Métodos. A determinação quanti tat iva das pro- teínas na urina é realizada por um dos seguintes métodos : Turbidimetria. Os métodos turbidimétricos são tecnicamente simples, rápidos e suficiente- mente exatos. Os reagentes comumente usados são: ácido tr ic loroacét ico , ácido sulfossalicílico ou cloreto de benzetônio (BZC) em meio alcalino. Nestes métodos, o reagente precipitante é adicio - nado à urina e a proteína desnaturada precipita em uma suspensão f ina que é quantificada turbidime- tricamente. Nesta categoria, o método mais em- pregado é o do cloreto de benzetônio por ser o mais sensível dos métodos turbidimétricos. 68 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações Corantes. Estas técnicas es tão baseadas no desvio da absorvância máxima do corante quando l igado à proteínas. Os corantes freqüentemente empregados são: azul bri lhante de Comassie (G- 250) que liga-se aos res íduos NH 3 das proteínas; e o molibdato vermelho de pirogal lol que reage com grupos amino básicos tanto da albumina como das γ-globulinas para formar um complexo azul. Biureto. Os métodos que empregam o re a- gente do biureto são pouco uti l izados por serem mais complexos e sofrerem a interferência de certos metabólitos como a bilirrubina. As proteí - nas são concentradas pela precipitação com ácido tricloro acét ico ou ácido fosfotúngst ico-HCl-eta- nólico (reagente de Tsuchya) e redissolvido no reagentedo biureto onde o Cu 2 + forma um com- plexo colorido com as l igações peptídicas. O pre- cipitante de Tsuchya melhora a sensibil idade e a l inearidade do método. Ind icador de pH. É um método semi -quant i- tativo onde a proteína (principalmente a albumina) liga-se ao indicador provocando al terações na cor. Apresenta falso-positivos em urinas pH>8,0. Valores de referência para as proteínas na urina Adul tos 40 a 100 mg/d Mulheres grávidas Até 150 mg/d Após exercícios (adultos) Até 300 mg/d PROTEÍNAS MARCADORAS DA DISFUNÇÃO RENAL Pode-se, também, classificar as proteínas como proteínas marcadoras da dis função renal . Deste modo, três grupos são identif icados, os quais cor- res pondem a t rês t ipos de defei tos renais : Proteínas com massa molecular de ≥≥ 100.000 Dáltons. Aparecem na urina somente quando houver um avançado comprometimento da membrana, envolvendo a perda da função de per- meabilidade glomerular, a proteinúria é não-se le- t iva. Uma proteína t ípica deste grupo é a IgG. Proteínas com massa molecular entre 50.000 e 80.000 Dáltons. O aumento da secre- ção urinária destas proteínas em razão da baixa fi l tragem de íons, representa um possível defeito reversível no glomérulo, sendo uma proteinúria glomérulo selet iva. Proteínas t ípicas deste grupo são a albumina e a transferrina. Proteínas com massa molecular <50.000 Dáltons. Estas proteínas de baixa massa mole- cular estão normalmente presentes na urina nos casos de um defeito renal intersticial. Assim, a função de reabsorção fica diminuída resultando numa proteinúria tubular. As proteínas marcadoras des te grupo são: α1 -microglobul ina, β2 -microglo- bu l ina e prote ína l igadora de re t inol . PROTEINÚRIA PRÉ -RENAL, PÓS-RENAL E NÃO-RENAIS Além das causas renais existem condições pré - renais , pós-renaise não-renais que também acar- retam aumentos da proteinúria. A proteinúria pré-renal é causada por uma permeabilidade excessiva de proteínas de baixa massa molecular. Este filtrado contém altos teores de proteínas na primeira urina. Isto se deve a uma interrupção da reabsorção tubular por sobrecarga no sistema. As proteínas t ípicas de uma proteinú- ria pré -renal são: a mioglobina, imunoglobulinas de cadeias leves kappa e lambda (gamopatias mo- noclonais) e proteínas de Bence Jones. A prote inúr ia pós-renal ocorre pela adição de proteínas à urina na bexiga ou nos ureteres e as - semelha-se a uma doença renal . As proteínas adi- cionadas na urina são l infát icas ou plasmáticas. Entram na urina pela bexiga por exsudação ou transudação do epitél io do ureter . Is to acontece pela a l ta densidade das proteínas envolvidas que não conseguem atravessar a membrana do glomé- rulo. Sua passagem para a urina se deve a uma sobrecarga plasmática pós-renal. A α2 -macroglo- bul ina é um excelente marcador protéico da pro - teinúria pós-renal. Como prote inúr ia não-renais têm-se: anemia grave, ascite, cardiopatia, distúrbios convulsivos, endocardite bacteriana subaguda, febre, hepatopa- tia, hipertireoidismo, idade avançada, infecção aguda, ingestão ou superexposição a cer tas sub- stâncias (ácido sulfossalicílico, arsênico, chumbo, Aminoácidos e proteínas 69 é ter, fenol, mercúrio, mostarda, opiáceos, propile- noglicol, turpentina), obstrução intestinal, reação de hipersensibilidade, toxemia, toxinas bacteria- nas (difteria, escarlatina, estreptocócica aguda, febre tifóide e pneumonia), traumatismo e tumor abdominal. Bibliografia consultada ANGELETTI , R . H . Proteins: analysis and design. New York , Academic Press, 1998. 5 5 0 p . 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Por exemplo, a albumina liga (e solubi- liza) vários compostos não-polares como a bi- lirrubina não-conjugada t ransportando-a até o fígado; ácidos graxos de cadeia longa que se ligam fortemente à albumina, sendo assim trans portados do fígado para os tecidos perifé - ricos. A concentração plasmática de diversas s u bstâncias, tais como cálcio, alguns hor- mônios (tiroxina, triiodotironina, cortisol, al- dosterona) e t r iptofano, são reguladas, de certo modo, pela sua ligação à albumina. Várias dro - gas, por exemplo, salicilatos, fenilbutazona, clofibrato, dicumarol, penicilina G e warfarin, também se ligam fortemente à albumina. HIPERALBUMINEMIA É encontrada raramente como nos casos de carc i- nomatose metastática, desidratação aguda, dia r- réia, esclerodermia, esteatorréia, estresse, febre reumática, gravidez, intoxicação hídrica, lúpus eritematoso sistêmico, meningite, miastenia, mi e- loma múltiplo, nefro se, neoplasias, osteomielite, pneumonia, poliartri te nodosa, sarcoidose, tra u- matismo, tuberculose, úlcera péptica, uremia, vômito e hemoconcentração. HIPOALBUMINEMIA Esta condição pode ser fisiológica ou patológica. Redução da síntese § Enfermidade hepática severa, como hepatite crônica e cirrose, resulta na incapacidade dos hepatócitos em sintetizar albumina. § Desnutrição ou diminuição da ingestão pro - té ica . § Síndromes de má absorção , redução da absor- ção de aminoácidos. Aumento do catabolismo protéico. Como resultado de lesões (cirurgia de grande porte ou trauma), infecção ou malignidade. Perda de proteínas. Urina: é a forma mais severa desta anormalidade com concentrações de albumina de até < 2 g/L, geralmente com presença de edema . As principais causas são: s índrome nefrótico, glomerulonefrite crônica, diabetes ou lupus eritematoso sistêmico. Fezes: enteropatia perdedora de proteínas aumentada por enfermi - dade neoplástica ou inflamatória. Pele: queimadu- ras . Distribuição alterada. Seqüestro de grandes quantidades de albumina do compartimento extra- celular, por exemplo, na ascite, quando a elevada pressão na circulação portal dirige a albumina para o líquido peritonial.Outras anormalidades. A analbuminemia , uma rara doença caracterizada pela ausência congênita de albumina, e bisalbuminemia , detectada na ele- troforese pelo aparecimento de duas bandas ou A analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce Aminoácidos e proteínas 71 uma banda mais larga no lugar da banda normal de albumina. Nenhum sintoma clínico está associado a bisalbuminemia. O termo “microalbuminemia” é empregado para descrever aumentos na excreção de albumina sem evidências ou enfermidade renal. Esta condi- ção é encontrada em certas populações de diabéti- cos que desenvolvem enfermidade renal. Entre- tanto, a presença de albumina na urina é um achado não-específico. A hipertensão, infecção do trato urinário, exercício e enfermidade cardíaca congestiva também podem aumentar a excreção da albumina na urina. CONSEQÜÊNCIAS DA HIPOALBUMINEMIA A hipoalbuminemia afeta a distribuição líquida do corpo e as concentrações plasmáticas de substân- cias transportadas l igadas à albumina. § Distr ibuição dos l íquidos corporais . A albu- mina é o mais importante contribuinte da pres - são oncótica do plasma e sua redução resul ta em edema. § Função transportadora. Os n íve is de cons ti- tuintes normalmente transportados pela alb u- mina estão diminuidos. Por exemplo, calcemia, drogas e bilirrubina transportada por proteínas. A ligação da bilirrubina à albumina impede que a bilirrubina “livre” atravesse a barreira san- gue/cérebro e, portanto, a sua d epos ição nos tecidos cerebrais (kernictericus na icterícia ne- onatal). DETERMINAÇÃO DA ALBUMINA SÉRICA Paciente. Não deve consumir dieta rica em gor- dura por 48 h antes da prova. Amostra. Soro . Evitar estase prolongada na c o- leta de sangue, pois a hemoconcentração aumenta os níveis de proteínas plasmáticas; além disso, a postura do paciente deve ser observada já que o teor de albumina é, aproximadamente, 0,3 g/dL maior em pacientes ambulatoriais quando rela - cionados aos hospitalizados. Em frascos bem fe - chados, o soro l ímpido é estável por uma semana em temperatura ambiente ou um mês no refri- gerador. Interferências. Resultados falsamente elevados: agentes citotóxicos, anticoncepcionais orais e bromossulfaleína. Resultados falsamente reduzi - dos: paracetamol, aspirina, estrogênios, anticon- cepcionais orais, ampicilina, asparaginase e flu o- rouracil. Métodos. Os primeiros métodos para a separação da albumina das globulin as empregavam o fracio - namento salino. Os mais populares usavam o sul- fato de sódio com a medida da albumina pelo método de Kjeldahl ou pelo desenvolvimento de cor pela reação do biureto. Verde de bromocresol . Atualmente, os métodos mais amplamente empregados para a anál ise da albumina são os de fixação de corantes. A albu- mina tem a capacidade de fixar seletivamente vários aníons orgânicos, entre os quais, moléculas de corantes complexos como o verde de bromo - cresol (BCG), azul de bromofenol (BPB) ou púr- pura de bromocresol (BCP). Ao ligarem-se à a l- bumina estes corantes sofrem um desvio nas suas absorções máximas. A quantidade de albumina l igada ao corante é proporcional ao teor de albu- mina na amostra. O método do BCG é o recomen- dado por apresentar boa especif icidade e não so- frer interferências da bilirrubina, salicilatos, he- moglobina ou lipemia quando em níveis modera - dos. Este princípio é empregado para a química seca no DT Vitros. Eletroforese. O emprego da eletroforese das proteínas para a separação da albumina fornece também informações adicionais sobre as globuli- na s . Outros métodos. A albumina também pode ser avaliada pela determinação das globulinas baseada no conteúdo de tr iptofano das globulinas. Vários métodos tais como: eletroimunoensaio, imuno- químico, nefelométrico, imunodifusão radial, ele- troimunodifusão, turbidimetria, radioimunoensaio e enzimaimunoensaio são também empregados para a determinação da albumina sérica. analucia Realce analucia Realce analucia Realce 72 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações Valores de referência para a albumina sérica Homens adultos 3,5 a 5,0 g/dL Mulheres adultas 3,7 a 5,3 g/dL Recém-nasc idos 2,8 a 5,0 g/dL Acima de 60 anos 3,4 a 4,8 g/dL Bibliografia consultada CHERNECKY, Cynt ia C. , KRECH, Ruth L . , BERGER, Ba rbara J . Métodos de laboratório: procedimentos dia gnóst icos. Rio de Jane i ro Guanabara, 1995. 613 p. KAPLAN, Alex, JACK, Rhona, OPHEIM, Kent E., TOIVOLA, Ber t , LYON, Andrew W. Clinical chemistry: interpreta t ion and technoques. Baltimore : Will iams & Wi lk ins , 1995. 5 1 4 p . 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Phi ladelphia : Saunders, 1994. p . 625-734. Aminoácidos e proteínas 73 PROTEÍNAS PLASMÁTICAS ESPECÍFICAS s proteínas nos l íquidos biológicos são molé- culas anfóteras que podem ser separadas em frações quando aplicadas sobre um suporte poroso e submetidas a um campo elétrico em processo denominado eletroforese. A migração ocorre de acordo com o grau de ionização, tamanho e forma da molécula protéica, também como, das caracte- ríst icas da solução tampão (pH, composição qua- litativa, força iônica) do meio onde se realiza o processo; da força do campo elétr ico; da porosi- dade, viscosidade e temperatura do suporte. A separação das proteínas é real izada em soro para evitar interferências da banda do fibrinogê- nio. Em pH 8,6, empregando os métodos eletrofo- rét icos correntes, as proteínas no soro sangüíneo são divididas nas seguintes frações principais: pré -albumina, albumina, frações α1 , α2 , β1 , β2 e γ. A migração destas macromoléculas é realizada em suportes como o acetato de celulose, gel de aga- rose, gel de poliacrilamida e gel de amido, em res posta a um campo elétrico. As frações obtidas no soro por eletroforese tem os seguintes valores de referência: Proteínas Valores de referência (g/dL) Pré -albumina 0,020 a 0,040 Albumina 3,50 a 5,00 Região α1 0,10 a 0,40 Região α2 0,50 a 1,00 Região β1 0,32 a 0,66 Região β2 0,27 a 0,55 Região γ 0,59 a 2,35 Cada fração protéica obtida por eletroforese é constituída de proteínas individuais que podem ser determinadas por vários métodos, como nefelo - metria, imunodifusão radial, imunoeletroforese, etc. PRÉ-ALBUMINA Nesta fração, junto a pré-albumina também migra a prote ína l igadora de re t inol (RBP). Ambas são sintetizadas no fígado e tem uma meia -vida menor que 12 h, consequentemente, estas aval iações fornecem indicadores simples e sensíveisde des - nutrição ou disfunção hepática. Os níveis caem rapidamente nas reduções calóricas e protéicas na dieta. A pré -albumina transporta a tiroxina (T4 ) e a triiodotironina (T3 ) . Os níveis séricos da pré -al- bumina diminuem na inflamação, doenças mali- gnas, cirrose hepática e enfermidades renais per- dedoras de proteínas . Na doença de Hodgkin os níveis aumentam. A proteína ligadora de retinol (RBP) transport a a vitamina A (retinol). A RBP sérica eleva em enfermidades renais crônicas, especialmente em pacientes com proteinúria tubular. A redução está associada com enfermidade hepática e má nutrição protéica. Como o zinco é necessário para a síntese de RBP, os estados de deficiência deste metal são caracterizados por baixos níveis de RBP e vita- mina A. A RBP é quantificada por nefelometria. ALBUMINA Variações na concentração de albumina sérica em vários estados foram descri tas na seção 3.2. REGIÃO α 1 ALFA1-ANTITRIPSINA (AAT) As proteínas como a tripsina, quimiotripsina, elastase e trombina são continuamente l iberadas para o sangue em pequenas quantidades a partir de A analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce 74 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações várias fontes, incluindo o pâncreas, leucócitos e bactérias in test inais . A AAT é uma das várias proteínas que inibem a atividade destas proteases, particularmente, a elastase dos neutrófilos, e pode atuar na l imitação da atividade proteolít ica nos sít ios de inflamação. O interesse na AAT é a asso- ciação entre certas doenças do pulmão e f ígado com a sua deficiência devida ao polimorfismo genét ico . Foram identificados vários fenótipos da defic i- ência de AAT. O fenótipo MM (alelo PiM , inibidor da protease) está associado com a at ividade nor- mal da AAT. Indivíduos homozigóticos com o fenótipo ZZ produzem somente pequenas quanti- dades de AAT plasmát ico. Estas pessoas es tão propensas as segu in tes desordens : § Enfisema pulmonar. Ao redor de 1% dos paci- entes com enfisema apresentam dificiências de AAT, sendo esta percentagem mais elevada em jovens. Quando associado com deficiência de AAT, o enfisema tende a se manifestar em gru- pos com idade entre 20-40 anos. O fumo parece ser um importante fator que predispõe ao des - envolvimento da doença nestes pacientes, pro- vavelmente pelo estímulo da atividade fagoci- tária com a liberação local de proteases. Part í - culas e bactérias inaladas são continuamente removidas dos pulmões no processo de fago- citose. Quando a AAT é deficiente, a enzima não é inibida e ataca a elastina da parede alv e- olar. A perda de elasticidade do tecido pulmo- nar provoca enfisema com redução da ventila- ção e aumento na vulnerabilidade para infec- ções respiratórias . § Desordens hepáticas. A icterícia neonatal g e- ralmente se apresenta como um quadro cole s - tá t ico, sendo comum em indivíduos com o tipo ZZ. Apesar da resolução da icterícia, pode ocorrer o desenvolvimento de cirrose. Ao redor de 20% das crianças com cirrose, a desordem hepática pode ser atribuída a deficiência de AAT. Em adultos a cirrose e o hepatoma estão associados com o fenótipo Pi z . Valores de referência Recém nascidos 145 a 270 g/dL Adul tos 78 a 200 g/dL Acima de 60 anos 115 a 200 g/dL Valores aumentados. Doença pulmonar crô - n ica, doenças do f ígado, diabetes mell i tus, doen- ças reumáticas, doenças gástricas, doenças renais, pancreatite, carcinoma, edema angioneurótico, cirrose, hepatoma, gravidez, terapia com estrogê- nios e es teróides . Valores reduzidos. Deficiência congênita e perdas severas de prote ínas . ALFA1-GLICOPROTEÍNA ÁCIDA (AAG) É composta por 45% de carboidratos, com hexose, hexosamina e ácido siálico em iguais proporções. Sua função primária é inativar a progesterona, mas também ligar e afetar a fármaco-cinética de algumas drogas. Apesar do papel exato da AAG ser desconhecido ela está aumentada na artr i te reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, neo- plasma maligno, queimaduras e infarto do mi o- cárdio. A redução ocorre na má nutrição, enfermi- dade hepática severa, síndrome nefrótica, anticon- cepcionais orais e gastroenter i tes perdedoras de proteínas. Os valores de referência para a AAG são: 50-150 mg/dL. A determinação de AAG substi tui com vanta- gens o teste de mucoproteínas (seromucóides) , descri to adiante. ALFA1-FETOPROTEÍNA (AFP) É uma glicoproteína sintetizada no fígado fetal , sistema digestório e saco vitelino humano. O nível máximo é atingido na 30a semana de gestação e no câncer hepático primário. Em obstetrícia a determinação de AFP é realizada no líquido am- niótico ou soro materno para detectar defei to do tubo neural (anencefalia, espinha bífida) do feto. A dosagem simultânea da AFP, β-HCG (hor- mônio coriônico gonadotrófico fração beta) e e s - triol livre é utilizada como avaliação do risco fetal em mulheres no segundo tr imestre de gravidez analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce Aminoácidos e proteínas 75 (entre 14 e 20 semanas) na detectação de 70% da síndrome de Down (Trissomia do cromossomo 21) e de 95% dos casos de defei tos do tubo neural aberto. A avaliação do risco fetal não é um teste diagnóstico, mas sim uma oportunidade de ras t re- amento, que informa o risco da paciente para as aneuploidias mais freqüentes e para defeitos de fechamento do tubo neural . A freqüência da síndrome de Down é de 1/800 nascimentos. A doença não é hereditária, mas há 5 a 10% de casos com “história familiar”. O risco de nascimento de uma criança com síndrome de Down cresce com o aumento da idade materna (com 45 anos o risco chega a 1/30). A elevação da AFP não é específica de ma - lignidade. Está presente em 15 a 75% das hepato- pat ias benignas com atividade regenerativa do hepatócito como a cirrose, hepatite alcoólica, hepatite crônica ativa, em doenças inflamatórias intestinais e colite ulcerativa. A AFP é marcador tumoral para carcinoma he- patocecular e de células germinativas (não semi - nomas). Embora seja útil no diagnóstico, sua prin - cipal aplicação é na monitorização da eficácia do tratamento cirúrgico ou quimioterápico e no ras - tre amento dessas neoplasias . Os níveis caem a valores normais ao redor de 4 a 6 semanas após tratamento. Aumento nos teores após remissão indicam a recorrência do tumor na maioria dos ca sos . Valores de referência para a AFP Líquido amniótico (20ª semana) 5 a 25 mg/dL Soro materno (20ª semana) 20 a 100 µg/L Recém-nasc idos 5 mg/dL ALFA1-LIPOPROTEÍNA Transportadora de l ipídios (v. adiante). REGIÃO α 2 HAPTOGLOBINA (HAP) É uma glicoproteína sintetizada nos hepatócitos e, em pequenas quantidades, nas células do sis tema ret ículo endotel ial dest inada ao transporte da he- mo globina livre no plasma para o sistema retículo endotelial onde é degradada. A hemoglobina não- ligada à haptoglobina é filtrada pelos glomérulos e precipita nos túbulos causando enfermidade renal s evera. Isto normalmente não ocorre com o com- plexo haptoglo bina-hemoglobina que é muito grande para ser filtrado, prevenindo, assim, lesões renais e a perda de ferro. O complexo é degradado no fígado ou sistema ret ículo endotelial , o que explica o teor reduzido de haptoglobina após epi- sódios hemolí t icos. Determin ações isoladas desta fração é de pouca util idade; determinações seria - das , en t retanto, são empregadas para monitorar estados hemolí t icos. Valores de referência: recém nascidos 5-48 mg/dL; adultos: 34-215 mg/dL. Valores aumentados. Queimaduras,infecções agudas, terapia com corticóide, a ndrogênios, do- enças do colágeno, neoplasias e s índrome nefrótica – onde grande quant idade de prote ínas de baixa massa molecular são perdidas. Valores reduzidos. Hemólise intravascular, doenças severas do f ígado, es t rogênio s, anemia megaloblástica, hematomas, gravidez, mononucle- ose infecciosa, reações de transfusão e malária. Nestes dois úl t imos casos, são frequentes as soli- citações de haptoglobina acompanhada de lactato desidrogenase e hemoglobina. ALFA2-MACROGLOBULINA (AMG) É inibidora das proteases de modo diferente que o descrito para a AAT. Inibe a atividade da tripsina, quimiotripsina, trombina, elastase, calicreína e plasmina. Está diminuída em pacientes com artrite reumatóide, mieloma múltiplo e submetidos a analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce 76 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações terapia com estreptoquinase. Pode estar elevada durante a gravidez, terapia com estrogênios, al- gumas doenças hepáticas, diabetes mell i tus e sindrome nefrótica. A avaliação da AMG rara- mente tem valor clínico. Valores de referência: Homens: 150 a 350 mg/dL; mulheres: 175 a 420 mg/dL. Valores aumentados. Síndrome nefrótica, gra- videz, hemólise, infância, diabetes mellitus, in - flamações agudas e crônicas, neoplasias, cirrose, deficiência de α1 -antitripsina e terapia com estro - gênio. Valores reduzidos. Pancreati te aguda grave e úlcera péptica. CERULOPLASMINA (CER) É sintetizada no fígado e transporta 90% do cobre no plasma. Os 10% restantes são t ransportados pela albumina. Seis átomos de cobre estão ligados em cada molécula de ceruloplasmina. Está au- mentada em infecções, doenças malignas e trauma. Os aumentos são particularmente notáveis em enfermidades do sistema retículoendotelial como a doença de Hodgkin. O nível está também elevado nas infecções ou obstrução do trato biliar. A ap licação mais importante da avaliação da ce- ruloplasmina é no diagnóst ico da doença de Wilson (defeito autossômico recessivo raro com incidência 1:50.000 a 1:100.000). As anormalida- des neste distúrbio são: diminuição da CER com redução da incorporação do cobre na apoproteína e redução drástica da excreção biliar do cobre. O cobre deposi ta nos r ins , no f ígado onde causa cirrose e no cérebro onde lesa a ganglia basal . Esta enfermid ade também é chamada de degene- ração hepatolen t icular. Os teores de CER são afetados pela idade, exercício, gravidez e admi - nis t ração de est rogênios. Na ausência de enfermi - dade hepática severa, níveis abaixo de 10 mg/dL são suges t ivos de enfermidade de Wilson. Valores de referência para a ceruloplasmina (mg/dL) 1 a 2 meses 05 a 18 6 a 12 meses 33 a 43 13 a 36 meses 26 a 55 4 a 5 anos 27 a 55 6 a 7 anos 24 a 54 Acima de 7 anos 20 a 54 Adul tos 18 a 45 Valores aumentados. Artri te, doença de Hodgkin, estados neoplásicos e inflamatórios, gravidez, emprego de estrogênios, antiepilépticos e contracept ivos orais . Valores reduzidos. Má nutrição, má absorção, doença de Wilson, perda de proteínas, s índrome nefrótica, e enfermidade hepática severa, partic u- larmente a cirrose biliar primária. REGIÃO β 1 TRANSFERRINA (TRF, SIDEROFILINA) É a principal proteína plasmática transportadora de ferro. Os íons férr icos provenientes da degra- dação do heme no f ígado e aqueles absorvidos a partir da dieta, são transportados pela transferrina para os locais de produção dos eri tróci tos na me- dula óssea. Sua concentração está relacionada com a capacidade total de ligação de ferro (TIBC). A avaliação da TRF é útil no diagnóstico diferencia l da anemia ferropênica e no acompanhamento do seu tratamento. Na deficiência de ferro ou anemia hipocrômica, o teor de TRF está elevado em vir- tude do aumento da síntese, entretanto, a proteína está menos saturada com o ferro pois os níveis de ferro plasmático estão baixos. Por outro lado, se a anemia é causada por impedimento da incorpora- ção do ferro nos eri trócitos, a concentração de TRF está normal ou baixa, mas saturada de ferro. Na sobrecarga de ferro, a TRF está normal en- quanto a saturação (normalmente 30-38%) excede 55% e pode chegar até a 90%. analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce Aminoácidos e proteínas 77 Valores de referência: recém nascidos 130-275 mg/dL; adultos: 220-400 mg/d/L e acima de 60 anos 180-380 mg/dL. Valores aumentados. Anemias por deficiência de ferro, gravidez e durante a terapia com estro - gênio. Valores reduzidos. Ocorrem, juntamente com baixos teores de albumina, pré-albumina e β-lipoproteína, em inflamações e doenças malignas. A causa da redução na síntese ainda é desconhecida. Outras causas de diminui- ção da TRF são: enfermidade hepática (redução da sín- tese), má nutrição, síndrome nefrótico, neoplasias, he- mólise, enteropatias perdedoras de proteínas, a transfer- rinemia hereditária onde os níveis bastante reduzidos de TRF são acompanhados de sobrecarga de ferro e anemia hipocrômica resistente à terapia pelo ferro. HEMOPEXINA (HX, HPX) Atua no transporte do heme livre após catabolismo da hemoglobina em seus componentes. O com- plexo heme -hemopexina atinge o fígado onde a porção heme é convertida em bilirrubin a. Esta fração dificilmente é quantificada no laboratório clínico. BETA-LIPOPROTEÍNA Transportadora de l ipídios (v. adiante). COMPLEMENTO FRAÇÃO C4 A fração C4 participa da via clássica de ativação do complemento e atua na resposta imunológica humoral. Sua deficiência tem caráter autossômico recessivo e resulta em redução da resposta à in - feccões . Valores de referência: 15 a 45 mg/dL. REGIÃO β 2 FIBRINOGÊNIO O fibrinogênio é uma glicoproteína sintetizada pelo f ígado. Atua como substrato para a ação da enzima trombina. É composta por três diferentes pares de cadeias polipeptídicas ligadas por pontes dissulfeto, que sob a ação da trombina formam fibrinopeptídios A e B. A defic iência de fibrin o- gênio pode resultar da fal ta de produção da molé- cula normal (afibrinogenia ou hipofibrogenia) ou da produção de uma proteína estruturalmente anormal (disfibrinogenia). Valores de referência: 200 a 450 mg/dL. Valores aumentados. Doenças inflamatórias agudas e crônicas, s índrome nefrót ica, doenças hepáticas/cirrose, gravidez, estrogênio terapia e coagulação intravascular compensada. Valores reduzidos. Coagulação intravascular aguda ou descompensada, doença hepát ica avan- çada, terapia com L-asparaginase, terapia com agentes fibrinolíticos (estreptoquinase, uroquinase e ativadores de plasminogênio t issular), disfibri- nogenemia congênita – onde os indivíduos afe ta- dos podem ser assintomáticos ou apresentar epi- sódios esporádicos de sangramento. COMPLEMENTO FRAÇÃO C3 A fração C3 é um dos nove componentes princi- pais do complemento total ; atua na resposta imunológica humoral. Valores de referência: 80 a 170 mg/dL. BETA2-MICROGLOBULINA (BMG) É uma proteína de baixa massa molecular (11.800) facilmente filtrada pelo glomérulo e quase total- mente reabsorvida pelos túbulos renais. Níveis elevados no plasma ocorrem na insuficiência re- analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce 78 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações nal, inflamação e neoplasma, especialmente aqueles associados com os l infócitosB. O princi- pal valor da determinação da BMG é testar a fu n- ção tubular renal, particularmente nos receptores de transplantes renais onde a rejeição se manifesta pela redução da função tubular. Valores de referência Soro 0,10 a 0,26 mg/dL Urina 0,03 a 0,37 mg/d LCR 0,30 mg/L REGIÃO γ PROTEÍNA C REATIVA (PCR) É sintet izada no fígado – presente no plasma de pacientes com doenças agudas – e capaz de se ligar ao polissacarídio -C da parede celular do Streptococcus pneumoniae. A PCR é um marcador não-específico que eleva durante a resposta imune para a infecção, lesão tecidual ou necrose celular associada com infarto ou malignidade. Medidas repetidas são úteis no estudo do curso de doenças (como acompanhar terapia durante a inflamação ou processo necrótico). A PCR está envolvida com o sis tema auto-imune e atua na at ivação do com- plemento, fagocitose e l iberação das linfocinas. Valores de referência: 80-800 µg/dL. Valores aumentados. Infarto do miocárdio, estresse, trauma, infecções (ex.: recorrentes no lupus eritematoso sistêmico), inflamação (ex.: fase aguda da artrite reumatóide), cirurgia ou pro- liferação neoplástica, espodili te anquilosante e necrose tecidual. O aumento pode chegar até 2000 vezes o valor de referência. Entretanto, como o aumento é inespecífico, ele não pode ser interpre- tado sem uma história clínica completa e também com a comparação com outros exames. IMUNOGLOBULINAS (ANTICORPOS HUMORAIS) As imunoglo bulinas são proteínas especializadas sintetizadas pelos l infócitos em resposta a um antígeno; podem reconhecer e precipitar , ou neu- tralizar invasores como bactérias, vírus ou pro teí- nas estranhas or iundas de outras espécies , ou ou- tras substâncias. Cada p roteína estranha estimula a formação de um conjunto de diferentes anticorpos, os quais podem combinar com o antígeno para formar um complexo antígeno-anticorpo. A pro - dução de anticorpos é parte de um mecanismo geral de defesa denominado resposta imunitária ou imunológica . Os anticorpos são proteínas com moléculas em forma de Y, consist indo de quatro cadeias poli- pept ídicas: duas cadeias pesadas (H) e duas ca- deias leves (L). As seqüências de aminoácidos das regiões variáveis das quatro cadeias determinam a especificidade antigênica de um anticorpo em part icular , cujos sí t ios de l igação, que são com- plementares a característ icas estruturais específi- cas da molécula de antígeno, tornam possível a formação do complexo antígeno-ant icorpo. IgG. Corresponde a 70-75% das imunoglobulinas totais. A IgG difunde para o espaço extra -vascular (65% da IgG) devido ao seu pequeno tamanho, sendo também capaz de atravessar a placenta. Sua principal função parece ser a neutralização de t ox inas nos espaços teciduais . Ant icorpos da cla s se IgG são produzidos em resposta à maioria das bactérias e vírus; agregam e envolvem peque- nas proteínas estranhas como as toxinas bacteria - nas. Informações mais precisas sobre as imunida- des são obt idas pela aval iação das quatro subclas - ses da IgG: IgG1 , IgG2 , IgG3 e IgG4 . IgA. Aproximadamente 10-15% das imunoglobu- linas séricas são IgA. Existe outra forma de IgA, provavelmente mais importante, chamada IgA secretora. É encontrada nas lágrimas , suor, saliva, leite, colostro, secreções gastrointestinais e brô n- quicas. A IgA fornece proteção da área externa contra microorganismos. analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce Aminoácidos e proteínas 79 Figura 8.1. Representação de uma molécula de imunoglobulina. A molécula consiste de duas cadeias pesadas e duas cadeias leves l igadas por l igações dissulfeto ( -S-S- ). Tanto a cadeia pesada, como a cadeia leve, apresenta uma região variável e uma região constante. IgM. É um pentâmero produzido como primeira resposta imune ao est ímulo antigênico. É a pri- meira imunoglobulina produzida pelo feto durante o desenvolvimento. Ela está confinada ao sangue em razão de sua elevada massa molecular que impede a passagem para o espaço extravascular. A IgM não atravessa a barreira placentária, níveis elevados em recém-nascidos durante a primeira semana de vida sugerem infecção pré -natal (rubé- ola, citomegalovírus, toxoplasmose etc.). O au- mento policlonal é encontrado na cirrose, esclero- derma, endocardite bacteriana, tripanosomíase, malária, mononucleose i nfecciosa, actinomicose e leucemia monocítica. Também é empregada na avaliação da imunidade humoral, diagnóstico e monitoramento da terapia da macroglobulinemia de Waldenström (aumento monoclonal da classe IgM). No adulto compreende 5-10% das imuno- globulinas circulantes totais . IgD. Consti tui menos que 1% das imunoglobuli- nas totais. Sua estrutura é similar a IgG. Muitas vezes estão presentes associadas ao monômero IgM, na superfície dos l infócitos B. Sua função é desconhecida. IgE. Encontrada no plasma somente em pequenas quantidades. Incluem as reaginas que se l igam às células. Em presença de antígeno (alérgeno), e como um dos resul tados da reação ant ígeno-ant i- corpo, ocorre a liberação de histamina e outras aminas e polipeptídios da células, produzindo uma reação de hipersensibilidade local. Valores de referência (por nefelometria) I d a d e IgG IgA I g M IgD IgE Soro mg/dL mg/dL mg/dL mg/dL UI /mL N e o n a t o s 700-1480 0 -2 , 2 5 -3 0 (DIR) (RIE) 1 6 -60 anos 650-1500 7 6-390 4 0-345 0 -8 0 -3 8 0 > 6 0 a n o s 600-1560 9 0-410 3 0-360 - - LCR 0 -5 , 5 0 -0 , 6 0 -1 , 3 - - Saliva - ~11 - - - DEFICIÊNCIA DAS IMUNOGLOBULINAS A defesa imunológica depende de quatro sistemas interat ivos: § Anticorpos humorais (imunoglobulinas) da série de linfócitos B. § Imunidade celular-mediada dos linfócitos T. § O sistema fagocitário. § Sistema do complemento. Os dois últ imos sistemas são não específicos e não tem memória imunológica para o antígeno. O primeiro e o quarto são proteínas pla s máticas. As principais causas de deficiência das imuno- globulinas são: Causas secundárias. (Comuns): § Defeito na síntese (a IgM cai primeiro, a seguir a IgA e, finalmente, a IgG) analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce 80 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações − Neoplasia linfóide (leucemia linfocítica crônica, doença de Hodgkin e mieloma múltiplo). − Reação tóxica, insuficiência renal (perde- dora de proteínas) e diabetes mell i tus. − Drogas: fenitoína, penicilina e imunossu- pressores . − Neonatal: prematuridade e atraso passageiro da s ín tese . § Perda anormal de prote ínas − Síndrome nefrótica, queimaduras, lesões exudativas e enteropatias perdedoras de pro te ínas . Causas primárias ou inerentes. (Raros). § Insuf ic iência na produção de ant icorpos. − Generalizada (infecções piogênicas seve- ras). − Deficiência seletiva das seguintes imuno- g lobul inas . − IgA: a mais comum (1:700), sem sinto - mas, mas as pessoas afetadas tendem a sofrer doenças alérgicas ou autoimuno- nes . − IgG e IgA (IgM aumentada): infecções piogênicas recorrentes. − IgA e IgM: comum na giardíase. − IgG: infecções piogênicas recorrentes . − IgM: susceptibilidade à enfermidade auto-imune e a septicemia após esple- noctomia. § Insuficiência combinada de anticorpo e imuni- dade cé lu la-mediada. HIPERGAMAGLOBULINEMIA POLICLONAL A hipergamaglobulinemia policlonal é caracteri- zada por aumentos difusos das gamaglobuline- mias. É provocada pelo estímulo imune de muitos clones celulares produzindo várias imunoglobuli- nas . Representa a respostadas células β a o e s tí - mulo antigênico e indica a presença de infecção crônica ou processo auto-imune. As principais causas são: Infecções crônicas. Brucelose, tuberculose, parasitoses (malária), lepra, bronquie ctasia. Nes - tes casos, as est imativas das imunoglobulinas específicas raramente fornecem mais i n formações que a e letroforese protéica. No entanto, as suas determinações são de grande valor em alguns dia- gnósticos diferenciais . Doença hepática. Cirrose biliar primária, cir- rose portal e hepati te crônica ativa. Infecções intrauterinas. A produção de IgM no feto aumenta e , ao nascer , o teor de IgM no s angue do cordão es tá e levado. Doença inflamatória intestinal. Doença de Crohn e colite ulcerativa. Desordens auto-imunes. Artrite reumatóide e lúpus eri tematoso sistêmico. Granulomas. Sarcoidose. Em alguns casos, as classes imunoglobulínicas fornecem a indicação da etiologia: § Predomínio de IgG: hepatite crônica ativa e lúpus eri tematoso sistêmico. § Predomínio de IgA: cirrose criptogência, d o- ença de Crohn, tuberculose e sarcoidose. § Predomínio de IgM: cirrose biliar primária e doenças parasi tár ias . Aminoácidos e proteínas 81 § Aumentos equivalentes das IgA, IgG e IgM: infecções crônicas prolongadas. HIPERGAMAGLOBULINEMIA MONOCLONAL (PARAPROTEINEMIA) As bandas de imunoglobulinas monoclonais vis í - veis na eletroforese do soro sangüíneo, como p i- cos estrei tos e pontiagudos, são denominadas pa- raproteínas ou componentes monoclonais. Podem ser polímeros, monômeros ou fragmentos de mo- léculas de imunoglobulinas, como cadeias leves (proteínas de Bence Jo nes) ou, raramente, cadeias pesadas ou meias moléculas; tanto os monômeros como os fragmentos podem ser polimerizados. A detecção de uma paraproteína no sangue ou urina necessita outras investigações para determinar se a mesma é benigna ou maligna. Parapro teínemias malignas ocorrem no mieloma múltiplo (e plasma- citoma), macroglobulinemia e outros tumores linfóides. A prevalência de paraproteínemia au- menta com a idade e está ao redor de 3% da p o- pulação geriátrica. Mieloma múltiplo. Cerca de 60% das parapro- te ínas são devidas ao mieloma múlt iplo (doença maligna de plasmócitos basicamente na medula óssea) que es tá associado com vár ias c lasses de imunoglobulinas, principalmente, a IgG. A maio- ria dos mielomas produzem moléculas de Ig com- pletas – geralmente IgA ou IgG – sendo a quant i- dade produzida muitas vezes proporcional a massa do tumor. Quantidades excessivas de fragmentos de Ig (cadeias leves ou partes de cadeias pesadas) são também produzidas em 85% dos casos, apro- ximadamente. Dímeros de cadeias leves (44kDa) estão, muitas vezes, presentes na urina sendo d e- nominados proteínas de Bence Jones . No mieloma múlt iplo são encontrados: § Sinais clínicos: dor óssea, fatiga, anemia leve, infecção, insuficiência renal, hiperviscosidade e uma velocidade de hemossedimentação ele- vada. § Diagnóstico: banda de paraproteínas na eletro- forese no soro e urina; lesões l í t icas difusas no raio X ósseo; biópsia da medula óssea com presença de células plasmáticas anormais. § Acompanhamento: hipercalcemia (envolv i- mento ósseo); creat in ina e uré ia e levadas (disfunção tubular e glomerular); β2 -micro - g lobul ina (níveis elevados indicam um mau prognóst ico – depende da renovação das cé- lulas tumorais e da função renal); hemoglo- bina reduzida (depressão da medula); redução das imunoglobulinas “normais” – não-para - proteína – o que predispõe à infecção. Macroglobulinemia de Waldenström. É uma doença clonal de l infócitos plasmocitóides secre- tores de IgM. Geralmente apresenta um curso mais prolongado que o mieloma múltiplo. Há uma pro- liferação de células que lembram os linfócitos em lugar de células plasmáticas. Elas produzem molé- culas completas de IgM e, muitas vezes, excesso de cadeias leves. A elevação do teor de IgM pro - move o aumento da viscosidade plasmática com tendência à trombose. Epistaxe, hemorragias reti- nianas, confusão mental e insuficiência cardíaca conges tiva são manifestações típicas da síndrome de h iperviscosidade. O diagnóstico e o acompa- nhamento da macroglobulinemia são realizados pelos s egu in tes t e s tes : § Eletroferese das proteínas no soro e urina. Devem ser usadas amostras recém-colhidas para evitar erros resultantes da deterioração. Uma urina ao acaso é adequada para a d e- monstração da proteinúria de Bence-Jo nes . § Determinação quantitativa das paraproteínas e outras imunoglobul inas no soro. A análise destes resultados permite a diferenciação entre a hipergamaglobulinemia benigna e maligna. § Imunoeletroforese ou imunofixação de proteí- nas séricas e urinárias, para determinar o tipo de paraproteína. § β2 -Microglobul ina sérica. Para monitorar o progresso da doença; n íveis e levados des tas proteínas indicam um mau prognóstico. analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce 82 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações § Uréia e creatinina séricas, para avaliar a fu n- ção renal. § Cálcio, fosfatase alcal ina e ácido ú r ico no soro, medidos como índices da extensão do envolvimento ósseo e renovação celular, re s - pectivamente. Doença da cadeia pesada (doença de Franklin). Compreende um grupo de condições raras nas quais os fragmentos de cadeia pesada correspondentem a porção Fc das imunoglobulinas que são sintet izadas e excretadas na urina. A pro- dução anormal de cadeias pesadas α e γ é a desor- dem mais comum. Paraproteinemia benigna. Pode ser transitória ou persistente. As paraproteínas ocorrem transit ó- riamente durante infecções agudas em doença auto-imune devido a estimulação de antígeno. Paraproteinemia benigna estável ou persistente pode ocorrer em tumores benignos das células B. São encontradas no diabetes mellitus, infecções crônicas, cirrose e desordens do tecido conjuntivo. São caracter ís t icas desta condição: § Concentração de paraproteínas abaixo de 2,0 g/dL (<1,0 g/dL se a paraproteína for IgA). § Teores normais de albumina sérica e outras imunoglo bulinas. § Período maior que cinco anos sem elevação nas concentrações das paraprote ínas . § Mais comum em idades avançadas, isto é, a prevalência é 2% entre 60-80 anos, 10% entre 80-90 anos e 20% para >90 anos. RESPOSTA DE FASE AGUDA É uma al teração não específ ica da s íntese e nos níveis plasmáticos de várias proteínas derivadas do fígado após danos teciduais ( trauma, infarto, malignidade) e infecções. É uma resposta à infla- mação que promove o aumento nas concentrações de algumas prote ínas sangüíneas ou tec iduais . A resposta de fase aguda é mediada pela l ib e- ração de ci toquinas pelos macrófagos at ivados. Em infecções bacterianas isto é induzido pelas endoxinas das bactérias. Vários efeitos sistêmicos acompanham a inflamação como febre, leucoci- tose, al terações endócrinas, modificações no equilíbrio líquido e eletrolítico e proteólise mus- cular. Proteínas de fase aguda. Este termo é usado para denotar todas as proteínas que al teram a sua concentração em 25% ou mais no período de uma semana após dano tecidual . Entre elas estão: pro - teína C reativa, α1 -antiquimiotripsina, haptoglo - b ina, fatores do complemento e fibrinogênio. Al- gumas destas proteínas são descritas acima. Duas outras medidas são empregadas para avaliar o es tado de fase aguda: § Velocidade de sedimentação globular . Modi- ficações na VSG abrangem alterações em vá- rias proteínas (fibrinogênio, α2 - macroglobulinas, imunoglobulinas e albumina) também, como o número e as características das membranas dos eri trócitos. § Medidas d as c i toquinas. Com o estabeleci- mento do papel das citoquinas, interleucina 1, interleucina 6 eo fator de necrose tumoral, pelo est ímulo da resposta de fase aguda, foi sugerido as suas avaliações em condições i n - flamatórias. Ainda persistem vários problemas técnicos na determinação rotineira destes componentes . Bibliografia consultada ANDERSON, Shauna C. , COCKAYNE, Susan. Cl in ical chemistry: concepts and appl icat ions. Philadelphia, Saunders , 1993 . 748 p . CANDLISH, J . K. , CROOK, M. J . Notes on cl in ical biochemistry. New York : Word Scient i f ic, 1993. 272 p. JAMES, K . A lpha 2 -mac rog lobu l i n and i t s poss ib le impo r t an ce in the immune sys tem. Trends in b iochemica l sc iences , 1990 . p . 43 -7 , 1980 . LEHNINGER, Albert L. , NELSON, David L. , COX, Michael M . Princípios de bioquímica. São Pau lo : Sa rv ie r , 1 9 9 5 . 8 3 9 p . LUZIO, J . P . & THOMPSON, R. J . Macromolecular a s pects of medical biochemistry. Cambr idge : Ca m br idge Univers i ty Press, 1990. 2 7 8 p . S ILVERMAN, Lawrence M. , CHRISTENSON, Rober t H. “Amino ac ids and p ro te ins ” . I n : BURTIS, Car l A . , analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce analucia Realce Aminoácidos e proteínas 83 ASHWOOD, Edward R. Tietz textbook of cl inical cheistry. 2 ed . Ph i lade lph ia : Saunders , 1994. P. 625- 734 . SMITH, A. F., BECKETT, G. J., WALKER, S. W., ERA, P. W. H. Clinical biochemistry. 6 ed. London : Blackwell Science, 1998. p. 86-100. THOMPSON, D. , MILFORD-WARD, A. , WHICHER, J. T. The va lue o f acute phase pro te ins in c l in ica l pract ice . Ann. Cl in . Biochem., 29:1 2 3 -31 , 1992 . WHICCHER, J . T . The labora to ry inves t iga t ion o f pa rap ro t e i n a e m i a . Ann. Cl in . Biochem., 24:1 1 9 -39 , 1 9 8 7 . 84 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações DESORDENS NO METABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS s erros inatos do metabolismo envolvem defeitos enzimáticos que interrompem vias fisiológicas. Estes impedimentos podem promo- ver: § Excesso de precursores tóxicos. § Excesso de metabólitos tóxicos. § Deficiência de metabólitos essenciais. Em condições normais, o rim reabsorve mais de 95% dos aminoácidos filtrados, mas alguma modif icação do transportador ou saturação dos mecanismos de reabsorção por elevados níveis plasmáticos podem provocar aminoacidúrias. Muitos distúrbios do metabolismo dos aminoáci- dos são benignos, enquanto outros es tão associa- dos ao retardo mental, retardo do crescimento, convulsões, nefropatia, cirrose hepática e disfun- ção de outros órgãos. As aminoacidúrias são de dois t ipos principais – excesso de fluxo e renal. Excesso de f luxo. São as que acompanham os teores plasmáticos elevados de aminoácidos quando os túbulos renais são incapazes de reab- sorver as concentrações elevadas dos aminoácidos no fil trado glomerular – ou seja, a capacidade de reabsorção máxima tubular renal é excedida. Renais. São condições associadas à excreção urinária aumentada de um ou mais aminoácidos, enquanto a concentração dos aminoácidos pla s - mático dos mesmos são normais. Estas condiç ões tem em comum um defeito no mecanismo de transporte tubular renal de um ou mais aminoáci- d o s . HIPERFENILALANINEMIAS As hiperfenilalaninemias são um grupo de desor- dens resultantes do impedimento da conversão de fenilalanina à t irosina. Esta via é catalisada pela enzima feni lalanina hidroxi lase, encontrada em quantidades apreciáveis somente no fígado e rim. A feni lcetonúria (PKU) é um erro inato do metabolismo causado pela ausência (PKU clás - s ica, t ipo I) ou deficiência parcial (tipo II) da enzima fenilalanina hidroxilase, que converte a fenilalanina em tirosina. Na falta desta enzima, a fenilalanina acumula no sangue, sendo metaboli- zada por outra via produzindo catabólitos alterna- tivos, tais como, ácido fenilpirúvico, ácido feni- lláctico, ácido fenilacético e o seu conjugado com a glutamina, a fenacetilglutamina. Estes metabó- li tos são rapidamente excretados na urina, resul- tando em fenilcetonúria. Este distúrbio ocorre com uma freqüência de 1 para 10.000 nascimentos, apresentando sinais clínicos nas primeiras sema - nas de vida; cr ianças não-t ra tadas podem desen- volver retardo mental e redução na expectativa de vida. Crianças afetadas apresentam-se normais ao nascimento e os primeiros sintomas são gera l- mente inespecíficos – desenvolvimento retardado, dificuldades na alimentação e vômitos, as vezes suficientemente severo para sugerir estenose piló- rica. Os pacientes também tendem a demonstrar uma hipopigmentação. Isto ocorre porque a feni- lalanina é um inibidor competitivo da tirosinase, a enzima que inicia a via de produção da melanina. Níveis aumentados de fenilalanina também redu- zem os teores de noradrenalina, mielina e seroto - nina. Esta condição pode contribuir para os sinto- mas neurológicos. A pesquisa desta enfermid ade é, geralmente, realizada na segunda semana de vida do paciente, quando os níveis de fenilalanina estão aumenta- dos, mas ainda não iniciou o processo de retardo mental. O aumento do ácido fenilacético encon- trado no suor e urina causa um odor murídio (s e- melhante ao do rato). Outra forma de hiperfenilalaninemia é conhe- cida como hiper feni la laninemia neonatal t ransi- ente. Esta desordem é causada pelo retardo na maturação hepática do sistema enzimático da fe- nilalanina hidroxilase. Esta condição não é um defeito inerente; os níveis de fenilalanina podem atingir 12 mg/dL inicialmente mas, progressiv a- O Aminoácidos e proteínas 85 mente, vão declinando até alcançar os valores normais. TIROSINEMIA E DESORDENS RELACIONADAS A tirosinemia tem várias formas, todas acompa- nhadas por tirosinúria e acidúria fenólica. A tiro - sina é essencial para a s íntese protéica e serve como precursora da tiroxina, melanina e cateco- laminas. A tirosina é proveniente da dieta protéica como também da hidroxilação da fenilalanina. TIROSINEMIA I (TIROSINOSE) A tirosinemia I (tirosinose, tirosinemia hepatorre- nal) é uma desordem rara (1 para 100.000 nasci- mentos) caracterizada pela excreção do ácido p - hidroxifenilpirúvico, quando o paciente es t á sob dieta normal e excreção de metabólitos da tirosina e pequenas quant idades de ácido p-hidróxifenilacético, quando a dieta inclui ex- ces so de t irosina. Acredita-se ser causada pela ativ idade reduzida da enzima ácido fumari laceto- acetato hidroxi lase como também da ácido p -h i - droxi feni lpirúvico oxidase (PHPPA oxidase) . A perda da atividade enzimática provoca níveis ele- vados de tirosina no sangue e urina e da metionina no sangue. Aumentos nos n íveis sér icos de α-fetoproteína estão também associados com esta desordem. O dano hepático resulta em insuficiê n- cia aguda e, em alguns casos mais graves, em cirrose. A lesão renal leva à síndrome de Fanconi. TIROSINEMIA II É uma deficiência da enzima hepática t i rosina aminotransferase que catalisa o primeiro estágio do catabolismo da t irosina. As carecterist icas clí- nicas são: lesões oculares (erosão da córnea), lesões da pele , das palmas das mãos e solas dos pés. Estas lesões oculares e na pele são provavel- mente secundárias a formação intracelular de cristais de tirosina, que induz à inflamação. Ob - serva-se, ocasionalmente, retardo mental. Elevados níveis de t i rosina são encontrados no sangue e urina, também como valores aumentados de ácidos fenólicos e tiramina na urina. Diferente da t i ros inemia I, a metionina plasmática não está elevada. No sedimento urin ár io são encontrados cristais em forma de agulha. TIROSINEMIA NEONATAL TRANSIENTE Neste distúrbio os teores de t i rosinemia estão elevados em crianças prematuras e nascituras de a termo mas com baixo peso;apresentam imaturi- dade hepática e limitada capacidade de sintetizar as enzimas apropriadas. Com o fígado maduro, a tirosina acumulada volta ao normal em 48 sema - nas . CISTINÚRIA Esta desordem não é do metabolismo dos aminoá- cidos, mas de defei to no transporte de cist ina pelas células dos túbulos renais e intestino, sendo transmitida como uma característica autossômica recessiva. Nesta desordem também são excretados outros aminoácidos como a lisina, arginina e o r- nitina, mas o único que cristaliza é a cistina. A incidência deste destúrbio está entre 1 para 10.000 (homozigóticos) e 1 para 20.000 (heterozigóticos) nascimentos. A única manifestação clínica da doença – a fo rmação de cálculo urinário – inicia quando as concentrações urinárias de cistina excedem 30 mg/dL, o que ocorre durante a infância com inci- dência máxima na terceira década de vida. Fre - qüentemente são formados cálculos múltiplos que tendem a recorrência depois de removidos. Os cálculos de cis t ina são branco-amarelados e muitas vezes são moles mas podem também ser densamente granulares. A detectação de cristais de cistina (hexagonais) no sedimento urinário pode ser indicativo de formação de cálculo de cist ina. 86 Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações CISTINOSE É uma doença de causa desconhecida caracteri- zada por defeito no processo de transporte através das membranas l isossomais com deposição de cristais de cistina. Manifestações sistêmicas sérias resul tam desta deposição. Os cristais se acumulam no fígado, r ins, baço, medula óssea, nódulos l in - fáticos e córnea do olho. A cist inose ocorre em cerca de 1 para 40.000 nascimentos. O tipo nefropático da cistinose surge durante a infância. Estas crianças demonstram deficiê ncia no crescimento, raquitismo, acidose e aumento da excreção renal de potássio, glicose, fosfato e ami- noácidos. Esta aminoacidúria renal é, muitas v e- zes, designada como aminoacidúria generalizada em razão da perda paralela de outros aminoácidos na urin a. Quando exist ir defeito nos túbulos pro- ximais renais com glicosúria, aminoacidúria, fo s - fatúria, proteinúria e, as vezes, acidose, a cisti- nose é conhecida como s índrome de Fanconi . Na forma grave há fotofobia e pode resultar em morte como resultado da insuficiência renal. Outra forma de cistinose – de início tardio, intermediária ou adolescente – não manifesta s in - tomas até a idade de 18 meses a 17 anos. A lesão é menos severa e os pacientes não apresentam sín - drome de Fanconi . O progresso do dano glomeru- lar é mais lento que os casos t ípicos nefropáticos. Existe também uma forma benigna ou adulta de cistinose, onde se encontram cristais de cistina na córnea, leucócitos e medula óssea. Estas pessoas não apresentam disfunção renal ou retinopatia. SÍNDROME DE HARTNUP Nesta condição há aumento na excreção urinária de alanina, treonina, glutamina, serina, aspara - g ina, valina, leucina, isoleucina, fenilalanina, t irosina, triptofano, histidina e citrulina, resul- tando em aminoacidúria renal. A incidência é de 1 para 18.000 nascimentos. Muitos pacientes com síndrome de Hartnup apresentam deficiência de nicotinamida, pois o triptofano é convertido em ácido nicotínico e n i- cotinamida em humanos. O triptofano é pobre- mente absorvido nestes pacientes e , devido a má absorção, a deficiência de nicotinamida torna-se manifesta pelo exantema da pelagra que aparece no primeira década de vida. Existem manifesta- ções neurológicas, dor de cabeça, dificuldades em concentrar-se, fraqueza dos membros e ataxia. A cistinúria e síndrome de Hartnup produzem aminoacidúria por defeitos no transporte tubular renal e , portanto, são as vezes designadas como aminoacidúrias secundárias. Estas aminoacidúrias também podem ser devidas a doenças dos r ins (cist inose) onde há disfunção tubular renal gene- ralizada, doença hepática ou desnutrição. Se, por outro lado, as aminoacidúrias são resultantes de defeitos enzimáticos das vias onde os aminoácidos são metabolizados, elas são designadas como ami- noacidúrias pr imárias. ALCAPTONÚRIA (ACIDÚRIA HOMOGENTÍSICA) É caracterizada pela excreção urinária do ácido homogentísico (ácido diidroxifenilacético) por deficiência da enzima homogent isato dioxidase, que catal isa a t ransformação do ácido homogentí- sico em ácido maleil acetoacético. É uma desor- dem rara com incidência de 1 para 250.000 nasci- mentos . Em crianças encontram-se o escurecimento da urina após exposição ao ar ou à luz do sol ou pela adição de álcali. Ela persiste durante a vida ge- ralmente sem consequências graves e pode não ser diagnosticada até a idade madura. O acúmulo de polímeros de ácido homogentísico nas células causam pigmentação escura nas cart i lagens e no tecido conjuntivo além de alterações artrí t icas. DOENÇA URINÁRIA EM XAROPE DE BORDO É assim chamada devido ao odor característ ico comunicado à ur ina dessas pessoas pelos α-cetoá- cidos. Está associada com anormalidades no me - tabolismo de aminoácidos de cadeias rami ficadas como a leucina, isoleucina e valina nos líquid o s biológicos. É uma desordem hereditária autos s ô - Aminoácidos e proteínas 87 mica recessiva que envolve defeito da enzima l ipoato-oxidorredutase dos α-ce toác idos de c a- deia ramif icada que catalisa a descaboxilação oxidativa de cada um dos t rês α-cetoácidos, lib e- rando o grupo carboxila como CO2 produzindo o derivado acil-CoA. A incidência desta desordem é de 1 para 200.000 nascimentos. A doença é tratada por dieta. Quando não d e- tectada ou não tratada rapidamente, a desordem resulta em lesão cerebral severa e morte, que ocorre em geral no primeiro ano de vida. Os sin - tomas incluem vômitos, convulsões, letargia, aci- dose, falta de apetite e hipoglicemia. HOMOCISTINÚRIA As homocist inúrias são desordens cara cterizadas pela aumento na concentração da homocisteína nos tecidos do corpo. A incidência é de 1 para 200.000 nascimentos. A homocis t inúria clássica é a deficiência ou ausência da enzima hepática de cis ta t ionina β- s intase , que catalisa a formação de cistationina a partir da homocistina e serina no metabolismo da metionina. O bloqueio causa o acúmulo sangüíneo e urinário de metionina, homocisteína e homocis - tina. Além da metionina, a urina pode conter n í - veis aumentados de outros aminoácidos contendo enxofre. Os sintomas não se manifestam logo após o nascimento, mas se desenvolvem com a idade. Uma das manifestações mais comuns é o ectopia do cristalino. Ocorrem também anormalidades esquelét icas como a osteoporose intensa. O re - tardo mental não é um achado cons is tente . As complic ações que podem levar a morte são cardi- ovascu lares. Estes pacientes tem al terações nas plaquetas e tendência para eventos a t romboem- bólicos. ALBINISMO O albinismo é o resultado da ausência ou defic i- ência da enzima t irosinase que converte a tirosina em melanina. Foram identificados dois tipos de albinismo (defeitos genéticos autossômicos reces- sivos) dependendo da quantidade de melanina produzida. O albinismo do tipo I ocorre com a freqüência de 1 para 10.000 nascimentos. Ne - nhuma melanina é produzida nestes pacientes e os olhos, cabelos e pele são afetados. A visão f ica bastante comprometida. No tipo II uma pequena quantidade de mela - n ina é produzida e a visão não é tão afetada quanto no t ipo I . O t ipo I e o t ipo II são defei tos genét icos recessivos diferentes. A freqüência de ocorrência do tipo II é de 1 para 60.000 nasci- mentos . Bibliografia consultada EDWARDS, M. A . , GRANT, S . , GREEN, A. A prac t ica l approach to the invest igat ion of amino ac id d isorders. Ann. Cl in . Biochem. , 25:1 2 9 -41 , 1988 . JAGENBURG, R., RODJER, S. Detection of heterozygotes for pheni lketonuria by constant intravenous infusion of
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