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Aula Teórica 2, 3 e 4 Animais selvagens

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Medicina de Animais Silvestres – Aula 2 
Professor Daniel Balthazar 
03.08.2016 
Michelle Lussac 
BIOLOGIA, MANEJO E CLÍNICA DE RÉPTEIS 
 Origem e evolução 
Origem entre os períodos carbonífero e permiano da era paleozoica 
310 a 250 milhões de anos atrás – aves e mamíferos surgiram a 150 milhões de anos atrás, então os répteis ficaram 
sozinhos no ambiente terrestre por 100 milhões de anos. Dominando e evoluindo. 
Reinaram na era mezozóica: triássico; jurássico (grandes répteis); cretáceo. 
 
Predominância de aves voadoras: para fugir dos grandes répteis. Aves também são endotérmicas, tendo 
metabolismo alto para voar que é um exercício muito exaustivo. 
Mamíferos: coabitaram com grandes répteis, mas são endotérmicos se habitando melhor na noite do que os répteis 
que são ectotérmicos. A maioria era insetívoro, viviam na noite e não eram maiores do que um gambá. 
 
Primeiros vertebrados considerados terrestres – répteis. 
 
Peixes – dentro da cavidade celomática tem visicula natatória, para boiarem, além de outras funções. E devido à 
necessidade houve transformação da vesícula natatória para respiração, captando oxigênio do meio atmosférico (Ex: 
pirarucu – filhotes ficam presos em lagoas que diminuem o nível de água em determinadas épocas do ano e a água 
fica quente e com baixa de oxigênio, então houve essa evolução para retirarem oxigênio atmosférico, por isso são 
chamados de pseudo-pulmonados). 
 
Anfíbio – não é considerado de ambiente terrestre propriamente dito, porque não tem independência em relação à 
água. Precisa voltar na água para reproduzir. 
 
Tem anfíbios similares a répteis – salamandra. 
 
Peixes anfíbios répteis aves e mamíferos. 
 
Após período cretáceo, houve a grande extinção e com diversas teorias. A teoria do meteoro: tem uma cratera de 
180 quilômetros de diâmetro e sabem que foi devido a um meteoro por causa do metal que tem dentro dessa 
cratera; a força desse impacto foi tão grande que mudou o eixo da Terra; após bater na Terra se pulverizou e 
levantou uma poeira e ele se pulverizou (também espalhando poeira) pela Terra, impedindo fotossíntese das 
plantas, que morreram não tendo alimento para os dinossauros herbívoros e muito tempo depois os carnívoros 
morreram também; análise do substrato dos fósseis de dinossauros identificou o metal característico presente em 
meteoros. 
 
Obs: fossilização – organismo morto em um substrato e acúmulo de substrato acima do corpo petrificando. 
 
Squamata – lagartos. Os que predominam nos répteis. 
Testudines, Crocodylia e Rhynchocephalia – os mais antigos. Resistiram ao meteoro. 
 
 Distribuição 
Números = espécies 
Maior concentração na região entre os trópicos – são animais extremamente dependentes de temperatura, sendo 
maior distribuídos em áreas tropicais. 
 
 
 
 
 
Aula Teórica 3 
19.09.2016 
MANEJO E CONTENÇÃO DE RÉPTEIS 
Reprodução 
 
Ovo possui 2 membranas, sendo uma delas mole. 
Ovo amniótico = casca coriácea, flexível (lagartos e quelônios) onde a casca é permeável à água. 
O ovo amniótico possui casca, albumina, vitelo, córion e âmnio, e alantoide. 
 
Ovo cleidóico = casca calcárea, rígida (aves, alguns lagartos e quelônios) onde o ovo impermeável. 
A casca do ovo possui poros por onde o O2 entra. 
O ovo possui uma membrana permeável. 
 
Os ovos são amnióticos, ou seja, possuem líquido amniótico que tem como função a proteção contra choques 
mecânicos e servem para manter o ambiente aquático. 
Conforme o embrião cresce o saco vitelínico diminui – o saco vitelínico é ligado ao intestino do animal por suas 
artérias e veias. 
No final da formação do embrião esse saco vitelínico entra para a cavidade abdominal e o abdômen fecha. O animal 
fica com um umbigo que tem que ser curado, assim como no caso dos mamíferos. 
Nesse saco, que já está interno à cavidade, possui a reserva necessária para o animal sobreviver nos primeiros dias e 
ela precisa ser gasta, pois é uma forte fonte de infecção para o intestino. 
 
A fecundação é interna porque os espermatozoides não penetram a casca. 
Falos reprodutivos = estrutura reprodutiva sulcada dos machos. Só passam os espermatozoides, não passa urina. De 
algumas tem espinhos (para fixar a fêmea pois não tem braço – falos armado). Os Jabutis tem falos bem 
desenvolvido. 
 
Tem serpentes que dão origem a fetos desenvolvidos (Jiboia), o que é chamado de ovovíparo (ovo interno sem 
casca) e a única coisa que a cobra fornece é oxigênio, pois os nutrientes estão no ovo. 
Palpação retal para sexar crocodiliano. 
Tem gônadas internas, dentro da cavidade! 
Ovário forma gemas e o oviduto forma clara e casca. 
 
Maioria enterra os ovos – tem serpentes que colocam os ovos, se enroscam nele e ficam fazendo contrações 
musculares gerando calor para incubá-los (por 2 meses – não é totalmente ectotérmico*). Poucos répteis tem 
capacidade parental, crocodilianos tem. 
*tem alguns que são totalmente ectotérmicos. 
 
Feto macho ou fêmea – pode depender da temperatura de incubação. Crocodilianos e tartarugas-marinhas. Devido a 
enzimas que trabalham mais em temperaturas baixas ou não trabalham, e enzimas que trabalham mais ou não 
trabalham em temperaturas altas. 
 
 
Urinário 
Convertem amônia em ácido úrico para, então, ser eliminado. 
Ureia é altamente solúvel em água enquanto que o ácido úrico é pouco solúvel. Sendo assim, no caso de baixa 
quantidade de água o ácido úrico se precipita e há a formação de sais. Por isso eles fazem a conversão de amônia 
para ácido úrico, pois assim há precipitação no saco alantoide e o ácido úrico não retorna para a corrente sanguínea. 
Se fosse ureia no saco alantoide, ela retornaria para a corrente sanguínea e intoxicaria o embrião uma vez que não 
há mãe para excretar por ele. 
 
Os que vivem na água excretam amônia. 
 
Metabolismo 
São dependentes de temperatura e da irradiação UV. 
Obs: os vidros bloqueiam a irradiação UV. 
 
Ectodérmicos: regulam sua temperatura através da troca de energia térmica com o ambiente. 
Zona tropical = 23-34⁰C 
Zona desértica = 38-40⁰C 
Zona temperada = 24-29⁰C 
Zona equatorial = 29-37⁰C 
Obs: as enzimas dos animais em geral são termo dependentes, por isso a temperatura corporal deve ser mantida 
dentro da faixa ideal! 
 
Radiação direta é a vinda do sol. 
Radiação indireta é a vinda de superfícies aquecidas, água, matéria orgânica em decomposição. 
 
Esses animais fazem febre ambiental para combater infecções e não fazem febre fisiológica como os endotérmicos. 
 
Cobras corais comem outras cobras e vivem em matéria em decomposição. 
Cobras noturnas comem ratos e aves. Sendo assim, já adquirem vitamina D, não precisando ficar expostas ao sol. 
 
Dia: retiram calor da radiação direta. 
Noite: retiram calor da radiação indireta, através de superfícies aquecidas (temperatura um pouco mais baixa). 
Obs: proteger lâmpadas 
 
Frio: tendem a reduzir a atividade metabólica de forma gradativa e reversível, sendo mais tolerado. 
Calor: efeitos abruptos e irreversíveis. 
 
Obs: lâmpadas dicroicas tem maior radiação. 
 
Crocodilo = 32-36⁰C; levando-os a óbito se acima de 38-39⁰C 
Iguana* = 29-39⁰C; levando-as a óbito se acima de 46,1⁰C 
*Não costumam beber muita água de recipientes, mas sim de orvalho. 
Jiboia = 26-34⁰C; levando-as a óbito se acima 42-45⁰C 
 
Animais em recuperação devem ser mantidos metabolicamente ativos até se recuperarem. 
Obs: enrofloxacina depende do metabolismo ativo do animal para funcionar. 
Em caso de traumas cranianos a diminuição do metabolismo é mais favorável. 
 
Tegumento e anexos 
 Possuem 5 dedos – sendo que os machos de tartaruga marinha tem 1 dedo mais desenvolvido. 
 Sem glândulas sudoríparas e sebáceas – para evitar a perda de água, e como não regulam a própria 
temperatura não tem porquê terem. 
 Pele seca 
 Glândulas femorais – geckos e iguanas tem (lagartos) e liberam ferormônio, então somente os machos as 
tem mais desenvolvida. 
 Glândula de almiscar – são os jacarés que possuem. É interna 
 Asas laterais – é uma expansão da pele. Lagartos planadores que tem. 
 Crista,barbela – defesa de território; em machos são maiores; 
 
Obs: laminite – inflamação no casco do jabuti. 
 
Ecdise: 
Disecdise – processo de muda de pele que não ocorre corretamente. 
 
Animais desidratados não tem liquido para produzir a linfa, que é a substância que faz com que a pele velha se 
descole. 
Animais desnutridos não tem proteínas para produzir queratina. Manejo, falta de local para se esfregar, etc. 
 
Serpentes e geckos trocam toda a pele de uma vez só. Outros lagartos mudam em partes. Crocodilianos e quelônios 
não tem sua ecdise perceptível. 
Animais jovens trocam mais de pele do que os adultos. 
 
Obs: serpentes que não tem onde se esfregar retém a muda. 
Obs: serpentes tem pálpebras fixas. 
 
Na fase de ecdise, as serpentes estão com maiores valores de tiroxina para aumentar o metabolismo para produção 
de linfa (mantém córnea hidratada e fazem com que a pele velha se descole). Elas ficam temporariamente cegas, 
portanto mais agressivas nessa fase. Elas também não comem nessa fase pois a pele pode agarrar na dilatação onde 
o alimento ficará. A pele fica frágil! 
 
Obs: autotomia da cauda – defesa contra predadores. A cauda não cresce igual. Lagartos que possuem essa 
capacidade. 
 
 
 
 
Outros detalhes anatômicos 
Cloaca – sistema reprodutor + urinário. 
Lagartos tem fenda cloacal transversal ao corpo. 
Crocodilianos tem fenda cloacal longitudinal ao corpo. 
 
Cobras: 
Tem apenas ouvido interno, elas tem uma comunicação da mandíbula com ossículos do ouvido. Não tem epiglote. 
A glote encaixa na coana e passa o ar para dentro do corpo. 
Órgão vômero nasal – capta partículas de odor. 
 
Aula Teórica 4 
31.08.2016 
CLÍNICA DE RÉPTEIS – Continuação... 
Cavidade Oral 
Dentição particular das serpentes – números exagerados (pequenos) e algumas tem dentes especializados que 
inoculam veneno (substâncias tóxicas produzidas por glândulas modificadas). 
Dentes são para apreensão do alimento e não para mastigação. 
 
Obs: venenos são ricos em proteases, sendo demandado muita energia do animal para produção. 
Obs: objetivos – paralisia da presa para melhor deglutição (coral); função na digestão do alimento (jararaca) 
 
Todas possuem duas fileiras de dentes na mandíbula, sendo que elas não tem sínfise mandibular elas tem ligamento 
mandibular que une as duas hemi-mandíbulas. Tem 4 fileiras de dentes na maxila, e na região central tem a coana 
que é a comunicação da cavidade nasal com a cavidade oral. 
 
Classificação de acordo com os dentes: 
 Áglifa – jiboia, piton, sucuri, falsas corais, algumas aquáticas 
Não tem dentes inoculadores de veneno. Não consegue diferenciar (maior, menor) os dentes presentes. Não tem 
condição de veneno (não produz). Tem mais dentes que as outras para apreensão do alimento. Matam pela 
constrição (sem expansão torácica -> insuficiência respiratória -> morte). 
 
 
 
 Opistóglifa – cobra cipó 
Opisto = ter dente posicionado na região caudal da cavidade oral. É dente inoculador de veneno, mas pouco 
eficiente por causa da posição do dente. Ao morder precisa fazer com que o dente chegue na presa para inocular. Os 
acidentes são piores quando em extremidades pois conseguem chegar com o dente na presa. 
São dentes sulcados, então ao injetar o veneno ele escorre pelo sulco e não por um canal. Isso também diminui a 
eficiência de inoculação. 
Dentes fixos. 
 
 Proteróglifa – coral verdadeira, naja 
Dentes inoculadores de veneno posicionados mais rostralmente na cavidade oral. 
São dentes semi-sulcados, até metade do dente tem um canal, da metade do dente para baixo o canal desemboca 
em um sulco. 
Dentes fixos. 
Obs: veneno da coral verdadeira é o mais tóxico do Brasil – 2 horas até sua ação. Baixo peso molecular, atravessa 
facilmente barreira, se distribui facilmente. 
Obs: coral verdadeira tem hábitos embaixo da terra, sendo comum encontrar após tempestades. Acidentes pouco 
frequentes. 
Não tem muita capacidade de abertura de boca e inoculação de veneno. 
Acidentes mais comuns em extremidades. 
 
 Solenóglifa 
A maioria dos viperídeos conhecidos – cascavel, jararaca, caiçara. 
Dentes são tão grandes que são móveis (os inoculadores de veneno). Quando com boca aberta o dente aparece, 
quando com boca fechada ele repousa sobre o teto da cavidade. 
O dente é coberto por uma bainha que também protege a cavidade oral. 
É um dente canaliculado – tem um canal no seu interior que se abre em um orifício não terminal do dente, é uma 
posição um pouco mais frontal. Se fosse na extremidade o dente poderia bater no osso da presa, no momento do 
bote, e entupir o orifício. 
 
Obs: tem variação nos sulcados e semi-sulcados, devido à evolução. 
 
Os dentes dos répteis são substituíveis – não tem a dentição decídua e permanente, a dentição é trocada quando 
necessário. Quando tem lesão no dente, nasce outro por baixo. 
Obs: quelônios não tem dente! Tem bico córneo, formado por queratina e parecido com o bico das aves. 
Obs: jabutis tem avidez por cores fortes – mordidas em unhas pintadas. 
 
Manejo: 
Mamíferos tem 2 côndilos occipitais. Répteis (e aves) tem 1 côndilo occipital, dando instabilidade da articulação 
atlanto-occipital. Nunca segurar pela cabeça, principalmente crocodilianos porque eles vão girar para se defender e 
pode luxar essa articulação e levar o animal a óbito. 
Não pegar serpente pela cabeça; não pegar lagarto exclusivamente pela cabeça. 
 
Obs: crocodilianos são crocodilos (dá para laçar pela cabeça, mandíbula+maxila), jacarés (não consegue laçar, pega 
com cambão pelo pescoço+embaixo da axila pois se tentar girar não vai luxar articulação do pescoço, só usa cambão 
até 1,5m) e gaviáis. 
 
Sistema renal 
1 par de rins. 
Alguns répteis tem rins parecidos com formato de feijão mas tem outros com rins bem diferenciados. 
Rins de serpentes são foliculados – são lóbulos sobrepostos se unindo através de uma estrutura comum, mas são 
lóbulos separados. 
 
Tem função de produção de hormônios (eritropoetina), formação de urina, controle do pH, controle osmótico do 
organismo – mesmas funções de um rim de vertebrado qualquer. Mas a principal função é a excreção de substâncias 
nitrogenadas (répteis excretam ácido úrico). 
 
A urina pode desembocar diretamente na cloaca ou pode desembocar em uma vesícula urinária e depois ir para 
cloaca – vai depender da espécie. 
Quem tem vesícula urinária – alguns quelônios (e alguns lagartos) e pode ser compartimentada. É uma estrutura 
bem fina e bastante vascularizada porque tem outra função além de armazenar urina, que é a reabsorção de 
substâncias (diferente dos mamíferos). 
 
Néfron de mamífero – sangue chega pela artéria renal e vai até o glomérulo, fazendo um emaranhado e por 
extravasamento de líquido tem o filtrado glomerular. A artéria aferente que chega para formar o filtrado (função 
dela), o sangue sai por arteríola eferente, mas essa artéria aferente tem também a função de nutrir as células do 
parênquima renal (túbulos renais) e sai na forma de uma veia (veia renal). 
 
Ácido úrico é insolúvel em água, se aumentar a sua concentração haverá formação de precipitação de ácido úrico. 
Conforme o filtrado glomerular entra nos túbulos tem substâncias secretadas e reabsorvidas. No caso dos répteis 
eles secretam ácido úrico para tentar excretar, 90% do ácido úrico excretado é secreção tubular, somente 10% do 
ácido úrico é filtrado pelo glomérulo. Ou seja, há concentração do filtrado através dos túbulos. Tem 1 substância que 
é absorvida pp na alça de henle que é a água. Então haveria precipitação do ácido úrico nos túbulos, porque 
aumenta sua concentração e diminui a quantidade de água, se o rim fosse igual ao de mamífero. Para diminuir a 
concentração de ácido úrico, eles param de reabsorver água e para isso os répteis não tem alça de henle 
desenvolvida (na verdade é um túbulo intermediário). 
Mas a reabsorção de água é importante nesses animais que tem pouca capacidade de ingerir água, por isso há 
reabsorção de água na vesícula urinária e quem não tem vesícula urinária, vai reabsorver águapela cloaca. A vesícula 
urinária e a cloaca são estruturas macroscópicas e não tem problema se precipitar o ácido úrico. Répteis e aves 
excretam fezes e urina junto. 
 
Se a urina for coletada direto da bexiga – comum encontrar muito potássio e/ou fósforo. Podem conjugar com ácido 
úrico para aumentar sua solubilidade para evitar precipitação. Pode ser uma urina pouco concentrada porque 
acabou de ser produzida pelo rim e ainda não houve reabsorção de água ou muito concentrada se estiver na fase 
final de reabsorção de água, ou seja é fisiológica a concentração da urina. Pode ser rica em proteína*. 
*Como pode existir formação de cristais nos túbulos renais, eles então secretam muco-proteína que reveste 
internamente esses túbulos a fim de proteger esses túbulos fisicamente contra esses cristais. Essas proteínas são 
reabsorvidas na vesícula urinária ou pela cloaca. Se a urina for recém-formada pode ter muita proteína. 
 
Ceco é área de grande reabsorção de água (além de ser câmara fermentativa), então algumas serpentes tem ceco 
“funcional”. 
Então, áreas de reabsorção de água: vesícula urinária ou ceco ou cloaca. 
 
Sistema respiratório 
Ordem de importância: nos répteis é tratado como de menos importante. 
Pulmão dos répteis é um “saco de ar”, ou seja, é sacuolar – não tem um parênquima, é oco assim como vesícula 
urinária. São 2. 
O pulmão é faveolar – parede formada por estruturas parecidas com favo de mel. 
 
2 grandes diferenças dos mamíferos – pulmão alveolar mais eficiente porque tem maior área de superfície de troca 
do que o pulmão sacuolar/faveolar. Mas o pulmão sacuolar tem maior capacidade de armazenamento*. 
*Mamíferos ao inspirar = 10-20 mL de ar/kg de peso vivo; répteis ao inspirar = 50 mL de ar/kg de peso vivo. 
 
Obs: cálculo de fluxômetro: 15mL de ar/kg de peso vivo em cão de 20kg -> 150 mL a cada inspiração x 20 insp/min = 
3000 mL/min ou 3L/min 
Obs: volume/min de anestésico vai ser menor do que em mamíferos porque tem metabolismo baixo e baixa 
superfície de troca gasosa no pulmão. 
 
Obs: tartarugas marinhas conseguem ficar em apneia por 30 horas – tem metabolismo ativo e conseguem fazer 
respiração extra-pulmonar*. 
Obs: pinípedes conseguem fazer apneia por 5-8 minutos. 
 
*Cloaca estrutura altamente vascularizada e consegue fazer troca de oxigênio pela cloaca através da água do 
oceano, puxando o oxigênio da água, mesmo tendo pouca quantidade de oxigênio na água é o suficiente para 
tartarugas-marinhas conseguirem ficar embaixo da água por 30 horas (respiração celular). 
Para fazer a troca precisa de epitélio fino para que o oxigênio sofra difusão E precisa de um vaso sanguíneo próximo 
ao epitélio – isso acontece na cloaca e na boca**. 
**Lagarto papa-vento – abrem a boca contra o vento que vai entrar bater na faringe e voltar, isso é vantajoso 
porque movimentos torácicos para respirar gastam energia. 
 
Obs: pinguins e pinípedes com musculatura escura – por causa de mioglobina em grande quantidade porque 
respiram e acumulam oxigênio nessas mioglobinas para os mergulhos profundos. 
 
Obs: mesmo os animais que toleram baixa oxigenação – tem que oferecer oxigênio! 
 
Sistema cardiovascular 
Células sanguíneas: 
 Hemácias 
São nucleadas. 
Adultas tem citoplasma incorporado e as jovens tem citoplasma bastante corado. 
Adultas com núcleo condensado (pode ser metabolicamente ativa, se sofrer lesão pode corrigir – mas são inativos, 
podendo ser ativados quando necessário, mas a função é transportar oxigênio) e jovens com núcleo pouco denso 
(metabolicamente ativo – conseguem se multiplicar dentro do vaso sanguíneo). 
 
 Heterofilo 
Poucos mamíferos que tem. 
Mesmo papel que neutrófilos na maioria dos mamíferos, com 1 diferença – os neutrófilos dos mamíferos são ricos 
em enzimas que liquefazem as secreções corporais, enquanto que os heterofilos dos répteis não tem essas enzimas 
(diferença clínica) mamífero com abscesso e ao drená-lo vai observar pus saindo de dentro; réptil com abscesso e 
ao drená-lo a substância interna é solida (cáseo), e ela não liquefaz devido à ausência dessas enzimas nos 
heterolifos. 
Obs: morfologicamente são diferentes – heterofilo e neutrófilo 
 Eosinófilo 
Mesmas funções dos mamíferos. 
 Monócito 
Mesmas funções dos mamíferos. 
 Linfócitos 
Também divididos em linfócitos B e T. 
 Basófilos 
Mesmas funções (não conhecidas) dos mamíferos. 
 Trombócito 
Mesmas funções que as plaquetas. 
Mas nos répteis são células verdadeiras e nucleadas. 
Agregado trombocitário – quando coleta mal feita. 
Obs: cuidado ao contar pois trombócitos parecem com hemácias jovens. 
 
Coração: 
 Mostra evolução e quanto esses animais tem necessidade de oxigênio. 
 Peixes 
Demanda metabólica baixa 
Sangue com circulação unidirecional -> entra no átrio vai para ventrículo e depois para o corpo 
1 átrio e 1 ventrículo 
 
 Répteis 
Maior demanda por oxigênio! 
Tricavitário – 2 átrios e 1 ventrículo 
 
Fluxo: Sangue do corpo sem oxigênio -> átrio direito -> ventrículo -> pulmão -> átrio esquerdo -> ventrículo -> 
sangue para o corpo. 
Não há mistura de sangue venoso com sangue arterial no ventrículo! o ventrículo é subdividido em 3 cavidades 
(cava venosum, cava arteriosum e cava pulmonale) fazendo uma divisão virtual desse ventrículo. Além de uma 
questão de fluxo, onde o sangue venoso não entra no ventrículo no mesmo momento que o sangue arterial, há 
atraso no bombeamento do sangue (atraso na abertura de válvulas). 
 
Tartaruga marinha em 30 horas de apneia – sangue voltou do corpo -> AD -> ventrículo -> pulmão sem oxigênio, 
então o sangue vai direto para o corpo novamente pois vai recaptar oxigênio pela cloaca Shunt cardíaco 
recirculando sangue pelo corpo -> animais que fazem apneias prolongadas. 
 
Crocodilianos tem septo interventricular mas eles tem um forame interventricular (forame de Panizza, chamado no 
passado). 
 
Aorta abdominal -> artéria renal -> forma urina e nutre e oxigena células tubulares (parênquima renal) -> veia renal -
> cava caudal. Arteríola aferente sai do glomérulo como arteríola eferente, que é quem vai nutrir as células 
tubulares. 
Nos répteis tem o sistema porta-renal: 
 O sistema porta é um sistema venoso que se ramifica em capilar e depois volta a ser uma veia. Normalmente 
é arteríola que se ramifica em capilar e depois se torna uma veia. 
 Traz sangue de membros posteriores, cauda e cavidade pélvica (terço posterior do corpo) por uma veia, se 
ramifica em capilar no parênquima renal e depois volta a ser uma veia. 
 Répteis, aves, anfíbios e peixes possuem esse sistema porta-renal. 
 É uma vantagem evolutiva 
Quando desidratado ou baixo volume sanguíneo – mamíferos diminuem a produção de urina. Se não estiver 
produzindo urina significa que não tem sangue chegando no rim, fazendo vasoconstricção na arteríola aferente, não 
chegando sangue na arteríola eferente levando a falência renal porque os túbulos renais não estão sendo nutridos. 
Então não mantem viabilidade das células tubulares quando com hipovolemia. 
 
No caso desses animais com sistema porta-renal – o sangue ainda chega no rim através desse sistema quando não 
chegar pela arteríola aferente. O sangue vem de uma veia, mas tem resquício de oxigênio (sendo melhor um 
resquício do que nada) como nos mamíferos. Esses capilares passam pelos túbulos, tirando CO₂ e levando nutrientes 
e oxigênio para as células tubulares. 
 
É um sistema emergencial! se o sistema arterial estiver funcionando, o sistema porta não vai funcionar. O sangue 
ao invés de passar das veias para os capilares, vai passar para uma veia mesentérica. Se o sistema arterial não estiver 
funcionando, o sangue deixa de ir para a veia mesentérica e vai se ramificar nos capilares nutrindo os rins. O que 
controla isso = sistema nervoso simpático e parassimpático. 
A função do sistema porta-renal é nutrir, mas não entra no glomérulo, não forma urina. 
Geralmente quando animal doente o sistema está funcional – difícil saber se está funcional ou não quando apenas 
olhando o animal.Perguntas – 1 na prova: 
 Não pode aplicar fármacos nos membros posteriores de répteis e aves porque passam pelo rim e são 
eliminados. Considerar que o sistema porta-renal está funcional. Se eu aplicar fármaco com alta taxa de 
filtração glomerular na região do terço final do corpo do réptil, ele vai ser excretado se passar pelo sistema 
porta-renal? R: não. Porque o sistema porta não passa pelo glomérulo. 
 Considerar que o sistema porta-renal está funcional. Tem fármacos que são nefrotóxicos (matam células 
tubulares), se usar um fármaco desses na região das patas traseiras e passar pelo sistema porta-renal, vai 
lesionar as células? R: sim. Porque passam pelas células tubulares e junto com oxigênio vai chegar o 
fármaco. 
 Recomendações: se sabe que tem nefrotoxidade, não aplicar em membro posterior (nem cauda, nem 
musculatura pélvica). Mas se não quer diminuição de concentração plasmática de forma significante, não 
tem problema aplicar em terço posterior do corpo do animal. 
 Se tem alta taxa de filtração glomerular e o sangue não chega no rim, não vai ser filtrado – diminuir a dose, 
porque o fármaco vai ficar muito tempo no organismo. 
 Se não tem fluxo urinário, não tem excreção de ácido úrico. Esse ácido úrico vai se acumular e precipitar 
(gota úrica visceral ou articular) na circulação sanguínea.

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