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CENTRO DE APOIO E REFERÊNCIA LGBT+

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO 
ACADÊMICO DE ARQUITETURA E URBANISMO - DEAAU 
ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
 
LEANDRA TICIANEL JARDIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO DE APOIO E REFERÊNCIA LGBT+ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2018 
LEANDRA TICIANEL JARDIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO DE APOIO E REFERÊNCIA LGBT+ 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de 
graduação apresentado como requisito 
parcial à obtenção do título de Bacharel em 
Arquitetura e Urbanismo, do Departamento 
Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo – 
DEAAU - da Universidade Tecnológica 
Federal do Paraná. 
 
Orientadora: Profª. Drª. Rafaela Antunes 
Fortunato 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
 2018 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
Centro de Apoio e Referência LGBT+ 
 
Por 
 
LEANDRA TICIANEL JARDIM 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 19 de novembro de 2018 como 
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. 
A candidata foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo 
assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado. 
 
 
 
 
 
Prof. Tharsila Dalabona 
UNIFACEAR 
 
 
 
 
 
Prof. Christine Laroca 
UTFPR 
 
 
 
 
 
Prof. Simone Polli 
UTFPR 
 
 
 
 
 
Prof. Rafaela Fortunato (orientadora) 
UTFPR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
 
Ministério da Educação 
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
Campus Curitiba - Sede Ecoville 
Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo 
Curso de Arquitetura e Urbanismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A todas as pessoas excluídas da 
sociedade, seja pela orientação sexual ou 
identidade de gênero, que sofrem o medo 
e insegurança diários. A nós, que 
resistimos ao preconceito e à intolerância 
e lutamos por nossos direitos, justiça e 
igualdade. 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço, antes de tudo, ao meu próprio emocional, que aguentou firme e forte à 
pressão e ansiedade sofridas. 
Aos meus pais, que sempre fizeram de tudo para que eu iniciasse e concluísse 
esse curso da melhor forma, e foram sempre presentes nos meus momentos de 
felicidade e angústia. Nada disso seria possível sem esse suporte. 
Também sou imensamente grata à minha namorada Amanda, que sempre me 
ouviu, me confortou e me incentivou incessantemente, me dando todo apoio e ajuda 
desde o princípio. 
À minha terapeuta Roselaine, que me escutou e tentou me aconselhar da maneira 
mais adequada, a todo momento prezando pelo meu bem-estar. 
Também agradeço ao Grupo Dignidade, que me recebeu e colaborou com pontos 
importantes na construção deste trabalho, e à Jane Cee, que se colocou à minha 
disposição e me forneceu arquivos de projeto para a composição de parte da 
monografia. 
À minha orientadora Rafaela, que não mediu esforços durante e até mesmo fora 
das assessorias, me ajudando e me orientando da melhor forma. 
E, por fim, um muito obrigada às minhas amigas Tatiane, Johanne e Maria Luiza, 
que me acompanharam em todo o processo e me deram todo o apoio e ajuda.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Dos nossos medos 
nascem as nossas coragens, 
e em nossas dúvidas, 
vivem as nossas certezas. 
Os sonhos anunciam 
outra realidade possível, 
e os delírios outra razão. 
Nos descaminhos 
esperam-nos surpresas, 
porque é preciso perder-se 
para voltar a encontrar-se." 
 
Eduardo Galeano
RESUMO 
 
 
 
 
JARDIM, Leandra Ticianel. Centro de Apoio e Referência LGBT+. 2018. 106 f. 
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) – 
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018. 
 
O presente estudo tem por objetivo entender as adversidades enfrentadas pela 
população LGBT+ no Brasil, enfocando, posteriormente, no município de Curitiba – 
PR, a fim de propor soluções para essas problemáticas através da arquitetura. Para 
isso, serão abordados assuntos como a violência e preconceito a que essas pessoas 
são submetidas durante suas vidas, a educação e o ambiente escolar, que fazem 
parte, geralmente, da etapa inicial da vida das pessoas, e podem ser fatores 
condicionantes do futuro. Será explanada também a esfera profissional, principalmente 
a questão da dificuldade de acesso ao trabalho formal. Problemas da existência e 
convivência dessa população no meio urbano/público da cidade, bem como a 
aceitação também por parte de suas famílias. O objetivo é, após apresentar conceitos 
e estudos, buscar uma solução, através do projeto arquitetônico de um Centro de Apoio 
e Referência LGBT+, propondo um espaço receptivo e de acolhimento à população 
LGBT. 
 
Palavras-chave: LGBT+. Adversidades. Preconceito. Arquitetura. Apoio. Referência.
ABSTRACT 
 
 
JARDIM, Leandra Ticianel. Support and Reference LGBT + Centre. 2018. 106 f. 
Undergraduate Degree Final Project (Architecture and Urbanism Bachelor Degree) – 
Federal Technology University – Paraná, Campus Curitiba. Curitiba, 2018. 
 
The current study aims to understand the adversities faced by the LGBT + population 
in Brazil, focusing, later, on the city of Curitiba - PR, in order to propose solutions to 
these problems through architecture. To do so, it will address issues such as violence 
and prejudice to which they are subjected throughout their lives, education and the 
school environment, which are usually part of the initial stage of people's lives, and can 
be factors that determine their future. It will also explain the professional sphere, 
especially the issue of the difficulty of access to formal work. Problems of existence and 
coexistence of this population in the urban / public environment of the city, as well as 
acceptance by their families. The objective is, after presenting concepts and studies, to 
find a solution through the architectural design of a LGBT + Support and Reference 
Center, proposing a receptive and welcoming space for the LGBT+ population. 
 
Keywords: LGBT+. Adversity. Prejudice. Architecture. Support. Reference. 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
 
Figura 1 - Linha do tempo de grandes conquistas LGBT no Brasil .......................................... 35 
Figura 2 - Casa de Banho em Caen, França. .......................................................................... 38 
Figura 3 - Planta baixa ............................................................................................................ 39 
Figura 4 - Cubos para la Comunidad en Shangai .................................................................... 39 
Figura 5 - Exemplos de planta baixa ....................................................................................... 39 
Figura 6 - Centro de El Rodeo de Mora ................................................................................... 40 
Figura 7 - Planta baixa ............................................................................................................ 40 
Figura 8 - Be Friendly Space ................................................................................................... 40 
Figura 9 - Classificação Climática do Paraná .......................................................................... 42 
Figura 10 - Incidência solar em Curitiba .................................................................................. 42 
Figura 11 - rosa dos ventos de Curitiba ................................................................................... 43 
Figura 12 - Sistema de ação do brise-solei .............................................................................. 43 
Figura 13 - Palácio Gustavo Capanema .................................................................................. 43 
Figura 14 - Sistema de ventilação cruzada ..............................................................................44 
Figura 15 - Esquema de construção em LSF .......................................................................... 44 
Figura 16 - Instalação de isolamento em lã de vidro ................................................................ 45 
Figura 17 - Galpão em Jundiaí ................................................................................................ 45 
Figura 18 - Pavilhão da Cidade Olímpica do rio de Janeiro ..................................................... 45 
Figura 19 – MASP ................................................................................................................... 46 
Figura 20 - Edifício Copan ....................................................................................................... 46 
Figura 21 - Implantação Social Center in Aubenas .................................................................. 47 
Figura 22 - Esquema gráfico de composição ........................................................................... 48 
Figura 23 - Jardim pavimento superior Social Center Aubenas ............................................... 48 
Figura 24 - Setorização pavimento térreo ................................................................................ 49 
Figura 25 - Setorização 1° pavimento ...................................................................................... 49 
Figura 26 - Estrutura em metal e concreto ............................................................................... 51 
Figura 27 - fachada com rede de madeira ............................................................................... 51 
Figura 28 - Corte e setorização ............................................................................................... 51 
Figura 29 - Setorização ........................................................................................................... 52 
Figura 30 - Implantação ........................................................................................................... 52 
Figura 31 - Escadaria/Anfiteatro/Auditório ............................................................................... 53 
Figura 32 - Escadaria/Anfiteatro/Auditório ............................................................................... 53 
Figura 33 - Planta térreo .......................................................................................................... 54 
Figura 34 - Planta 1° pavimento .............................................................................................. 54 
Figura 35 - Planta 2° pavimento .............................................................................................. 55 
Figura 36 - Center of Jewish Life durante o dia ....................................................................... 56 
Figura 37 - Center of Jewish Life durante a noite .................................................................... 56 
Figura 38 - Fachada 1 ............................................................................................................. 56 
Figura 39 - Fachada 2 ............................................................................................................. 56 
Figura 40 - Iluminação natural ................................................................................................. 57 
Figura 41 – Iluminação artificial do Centro ............................................................................... 57 
Figura 42 – Implantação .......................................................................................................... 57 
Figura 43 – Planta pavimento térreo ........................................................................................ 58 
Figura 44 - Planta primeiro pavimento ..................................................................................... 58 
Figura 45 - Planta segundo pavimento .................................................................................... 59 
Figura 46 - Planta terceiro pavimento ...................................................................................... 59 
Figura 47 – Cortes ................................................................................................................... 60 
Figura 48 - Perspectiva Praça de Bolso da Gilda .................................................................... 65 
Figura 49 - Perspectiva Praça de Bolso da Gilda .................................................................... 65 
Figura 50 - Perfil resumido da população LGBT ...................................................................... 67 
Figura 51 - Mapa do bairro centro ........................................................................................... 69 
Figure 52 – População ............................................................................................................ 69 
Figure 53 – Economia ............................................................................................................. 69 
Figura 54 - Pontos de memória LGBT+ na cidade de Curitiba (perspectiva) ........................... 71 
Figura 55 - Pontos de memória LGBT na cidade de Curitiba (em planta) ................................ 71 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 56 - Terreno 1 ............................................................................................................... 72 
Figura 57 - Terreno 2 ............................................................................................................... 73 
Figura 58 - Área de intervenção .............................................................................................. 73 
Figura 59 – Terreno ................................................................................................................. 75 
Figura 60 – Vista 1 .................................................................................................................. 76 
Figura 61 - Vista 2 ................................................................................................................... 76 
Figura 62 - Uso do Solo e Gabaritos ....................................................................................... 77 
Figura 63 - Vazios urbanos...................................................................................................... 78 
Figura 64 - Mapa de equipamentos urbanos ........................................................................... 79 
Figura 65 - Mapa de transporte público ................................................................................... 80 
Figura 66 - Fluxo de pedestres e veículos ............................................................................... 81 
Figura 67 – Mapa de ruídos, ventos e insolação ..................................................................... 81 
Figura 68 - Colagem com base no conceito ............................................................................ 83 
Figura 69 - Fluxo pedestres ..................................................................................................... 88 
Figura 70 - Fluxo veículos ....................................................................................................... 88 
Figura 71 - Integração com a Praça de Bolso da Gilda ............................................................ 88 
Figura 72 - Exploração dos pontos de maior visibilidade ........................................................ 88 
Figura 73 - Estratégia de ocupação 1 ...................................................................................... 89 
Figura 74 - Estratégia de ocupação 2 ...................................................................................... 89 
Figura 75 - Fluxograma ........................................................................................................... 90 
Figure 76 – Café ...................................................................................................................... 92 
Figure 77 - Deck com vista para auditório ...............................................................................92 
Figure 78 - Vista do dormitório provisório com painel metálico nas esquadrias ....................... 93 
Figure 79 - Vista externa do Centro de Apoio e Referência LGBT+ ......................................... 93 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1: Cônjuges no Brasil .................................................................................................. 26 
Gráfico 2: Assassinatos de LGBTs no Brasil ........................................................................... 27 
Gráfico 3: Vítimas por segmento LGBT no Brasil 2012 - 2016 ................................................. 27 
Gráfico 4: Identidade das vítimas ............................................................................................ 29 
Gráfico 5: Frequência da intervenção por profissionais da Instituição ou estudantes quando 
comentários LGBTfóbcos foram feitos ..................................................................................... 32 
Gráfico 6 - Desempenho escolar e gravidade da discriminação (porcentagem de alunos que 
relataram bom desempenho escolar) ...................................................................................... 33 
Gráfico 7 - Assassinatos na via pública ................................................................................... 36 
Gráfico 8 - Percentual de áreas do projeto .............................................................................. 50 
Gráfico 9 - Público x Privado ................................................................................................... 50 
Gráfico 10 - Porcentagem de usos .......................................................................................... 55 
Gráfico 11 - Porcentagem de usos ......................................................................................... 60 
Gráfico 12 - Vítimas de LGBTfobia na Região Sul do Brasil .................................................... 63 
Gráfico 13 - Macro setores ...................................................................................................... 84 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Tabela qualitativa .................................................................................................. 62 
Quadro 2 - Crimes LGBTfóbicos no Paraná 2011 – 2016 ........................................................ 64 
Quadro 3 - Parâmetros de Uso e Ocupação do Solo ............................................................... 74 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Registo de denúncias ............................................................................................. 29 
Tabela 2 – Comparativo de áreas............................................................................................ 62 
Tabela 3 - Setor Administrativo ............................................................................................... 85 
Tabela 4 - Setor Educacional .................................................................................................. 85 
Tabela 5 - Setor de Atendimento / Comunitário ....................................................................... 86 
Tabela 6 - Setor de Serviços / Apoio ....................................................................................... 87 
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS 
 
 
 
 
ABGLT Associação Brasileira de Gays, Lésbicas,, Bissexuais, Travestis e 
Transexuais 
APPAD Associação Paranaense da Parada da Diversidade 
BSH Brasil Sem Homofobia 
CRAS Centro de Referência de Assistência Social 
DEDIHC Departamento de Direitos Humanos e Cidadania 
DST Doenças sexualmente transmissíveis 
GGB Grupo Gay da Bahia 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba 
ITCG Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná 
LGBT Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis 
ONDH Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos 
ONG Organização Não Governamental 
ONU Organização das Nações Unidas 
PNPCDH 
- LGBT 
Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de 
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais 
RMC Região Metropoliana de Curitiba 
SDH-PR Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
SMADS Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social 
SUAS Sistema Único de Assistência Social 
SUS Sistema Único de Saúde 
UFPR Universidade Federal do Paraná 
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná 
ZC Zona Central 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 17 
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ................................................................................... 17 
1.2 PROBLEMÁTICA ................................................................................................. 18 
1.3 PREMISSA ........................................................................................................... 18 
1.4 OBJETIVOS ......................................................................................................... 19 
1.4.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 19 
1.4.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 19 
1.5 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 20 
1.6 MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................... 21 
2 CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA ................................................................................ 23 
2.1 POPULAÇÃO LGBT+ ........................................................................................... 23 
2.1.1.1 O preconceito começa em casa ........................................................................ 30 
2.1.1.2 A intolerância vivenciada nas escolas ............................................................... 30 
2.1.1.3 O desafio do trabalho formal ............................................................................. 34 
2.1.2 Direitos e cidadania ................................................................................................. 35 
2.1.3 Cidade e diversidade ............................................................................................... 36 
2.2.1 O urbanismo e a sociedade contemporânea ........................................................... 37 
2.2.2 Tipologias arquitetônicas para equipamentos comunitários ..................................... 38 
2.2.3 Ambiência e conforto ambiental nas edificações ..................................................... 41 
2.2.4 Sistemas construtivos .............................................................................................. 44 
2.2.4.1 Ligh Steel Framing ............................................................................................ 44 
2.2.4.2 Estrutura de concreto com vedações em alvenaria ........................................... 46 
3 ESTUDOS DE CASO .............................................................................................. 47 
3.1 SOCIAL CENTER IN AUBENAS .......................................................................... 47 
3.2 CENTER OF JEWISH LIFE .................................................................................. 51 
3.3 LGBT COMMUNITY CENTER – SÃO FRANCISCO ............................................ 56 
3.6 CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE CASO .................................................. 60 
4 INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE ..................................................................... 63 
4.1 O PARANÁ E A COMUNIDADE LGBT ................................................................ 63 
4.1.1 Perfil da população LGBT de Curitiba ...................................................................... 66 
4.1.2 O apoio à causa ......................................................................................................67 
4.2 O BAIRRO CENTRO ............................................................................................ 68 
4.2.1 Áreas subutilizadas na região central de Curitiba ............................................. 70 
4.5 ÁREA DE INTERVENÇÃO ................................................................................... 70 
4.6 ANÁLISE DO ENTORNO ..................................................................................... 76 
4.6.1. Quanto aos usos e gabaritos .................................................................................. 76 
4.6.2. Quanto aos vazios urbanos .................................................................................... 77 
4.6.3. Quanto aos equipamentos públicos urbanos .......................................................... 78 
4.6.4. Quanto ao fluxo de transporte público .................................................................... 79 
4.6.5. Quanto ao fluxo de veículos e pedestres ................................................................ 80 
4.6.7 Quanto aos ruídos, ventos e insolação .................................................................... 81 
5 DIRETRIZES ........................................................................................................... 83 
SUMÁRIO 
 
5.1 CONCEITOS ........................................................................................................ 83 
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ..................... 84 
5.2.1 Setor Administrativo ................................................................................................ 84 
5.2.2 Setor Educacional ................................................................................................... 85 
5.2.3 Setor de atendimento/comunitário ........................................................................... 86 
5.2.4 Setor de Serviços / Apoio ........................................................................................ 87 
5.3 ESTRATÉGIAS PROJETUAIS ............................................................................. 87 
6 PROPOSTA ............................................................................................................. 91 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 94 
8 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 95 
ANEXO 1 ................................................................................................................. 104 
APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA .................................................... 108 
APÊNDICE B – PRANCHAS DO PROJETO........................................................... 110 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Considerando os altos índices de violência contra a população LGBT+ no Brasil 
- que colocam o país em primeiro lugar no ranking internacional de homofobia (GGB, 
2016) - e a ausência de políticas públicas, em 2008 foi apresentado na 1ª Conferência 
Nacional GLBT, ocorrida em Brasília, o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e 
Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, o qual 
apresenta diretrizes e ações voltadas para esse segmento, como por exemplo a 
promoção da capacitação continua das equipes técnicas e gestoras que atuam 
especialmente no cotidiano das instituições, onde a política nacional de assistência 
social é implementada, tais como centros municipais, estaduais e distrital de 
atendimento social (BRASÍLIA, 2019). 
A Assistência Social é direito do cidadão e dever do Estado. Regulamentada 
como política e pública no Brasil pela Lei nº 8.742, em 1993, ela vem se consolidando 
como parte constituinte do sistema brasileiro de proteção social. Passou por 
momentos de quase ausência da ação pública, num período assinalado pelo 
clientelismo e patrimonialismo, o qual desresponsabilizava o Estado dos serviços e 
atenções, porém voltou a se consolidar com a criação do Sistema Único da 
Assistência Social (SUAS) em 2004, que visa proteger cidadãos (ãs) brasileiros (as) 
do isolamento, abandono e de violências. Resumidamente, busca assegurar às 
pessoas seus direitos (COLIN, 2013). 
Além disso, existem também os Centros de Referência de Assistência Social 
(CRAS), que prestam serviços voltados às pessoas em situação de vulnerabilidade 
social, tais como socialização, acolhimento, acesso ao trabalho e acompanhamento 
familiar, dentre outros (PREFEITURA DE CURITIBA, 2017). 
Tendo isso como base, o presente trabalho busca contextualizar a população 
LGBT+ e os dados de homofobia, além de propor soluções para a efetivação da 
promoção dos direitos e cidadania LGBT+ no município de Curitiba. 
 
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA 
 
De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), todo ser 
humano tem direito à vida, à liberdade de expressão, à proteção da lei e não deverá 
ser tratado de forma desumana ou degradante, além de todos possuírem igual direito 
 
 
18 
 
de acesso a serviços públicos. 
 Todavia, é sabido que, no Brasil, ainda há muito o que ser conquistado no 
quesito direitos e cidadania LGBT. A promoção e institucionalização das políticas 
publicas para a população LGBT iniciaram em 2004, a partir do programa Brasil sem 
Homofobia (BSH), o qual objetiva a equiparação de direitos e o combate à violência 
e à discriminação homofóbicas (BRASÍLIA, 2004). 
Pensando nisso, criou-se, em 2009, o Plano Nacional de Promoção da 
Cidadania e Direitos Humanos da Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e 
Transexuais (PNPCDH – LGBT), o qual mostra o esforço do Governo e da Sociedade 
Civil na busca de políticas públicas que consigam responder às necessidades, 
potencialidades e direitos dessa população, além de fortalecer o programa BSH 
(BRASÍLIA, 2009). Dentre uma das ações deste plano está o apoio à criação de 
Centros de Documentação e Referência para o combate à homofobia em todo o 
Brasil, e até 2010 totalizou-se a implantação de 29 equipamentos voltados a esse 
público (BRASÍLIA, 2010). 
Considerando os dados acima, um novo centro de apoio e referência LGBT+ 
em Curitiba poderá contribuir positivamente na supreção das demandas no estado do 
Paraná, favorecendo na promoção da cidadania e do direito à assistência social. 
1.2 PROBLEMÁTICA 
 A lgbtfobia é uma questão recorrente no meio em que vivemos e é a razão de 
demasiada violência, a qual se manifesta de diversas formas, desde morte até 
assédio moral (MARTINS et al., 2010). A junção dela com a ausência de legislação 
pró LGBT+ favorece a exclusão dessa população para as margens da sociedade, e a 
afeta tanto física quanto psicologicamente, principalmente na parcela jovem, que, 
segundo Natarelli et al (2015), pode negligenciar práticas de autocuidado e até 
mesmo desenvolver concepção suicida. Além disso, ainda existe muita ignorância a 
respeito dessa temática. 
 Nesse contexto, de que forma a arquitetura poderia contribuir de maneira mais 
eficaz na promoção da cidadania LGBT+? 
1.3 PREMISSA 
 Acredita-se que um centro de apoio e referência LGBT+ com sistema 
construtivo eficiente e parâmetros ideais de conforto ambiental que ofereça serviços 
 
 
19 
 
básicos de suporte, que auxiliem e ajudem essas pessoas a se reestabelecerem 
emocional e financeiramente, além de promover palestras de conscientização, 
poderia operar de modo a reduzir a desinformação sobre o tema, tendo potencial a 
minimizar o preconceito, consequentemente promovendo mais cidadania. 
1.4 OBJETIVOS 
 
1.4.1 Objetivo Geral 
 
Criar um espaço de acolhimento, suporte e orientação voltado à comunidade 
LGBT+, com o intuito de amparar essas pessoas e amenizar os danos a elas 
causados, de forma que as mesmas possam lidar com as adversidades enfrentadas 
e sejam capazes de desenvolver suas competências com mais confiança e liberdade. 
 1.4.2 ObjetivosEspecíficos 
 
 Introduzir definições e conhecimento a respeito da população LGBT+; 
 Apresentar e compreender dados de discriminação e lgbtfobia no país; 
 Identificar as maiores dificuldades enfrentadas pelo público LGBT+ e suas 
respectivas necessidades; 
 Mostrar a conquista de direitos LGBT+ ao longo do tempo; 
 Perceber a relevância de um centro de referência LGBT+ para a população 
paranaense; 
 Investigar áreas na região central de Curitiba com condições adequadas para 
a instalação do centro, sendo de fácil acesso a toda a comunidade; 
 Utilizar como área de intervenção uma porção de terra vazia ou subutilizada, 
de forma a dar função social à propriedade; 
 Explorar e analisar soluções de arquitetura e design que tenham influência 
direta no bem-estar físico e psicológico humano; 
 Projetar um edifício que funcione como Centro de Apoio e Referência LGBT+, 
para dar assistência à parcela dessa população que mais necessite de amparo 
e suporte para se reestabelecer. 
 
 
 
20 
 
 1.5 JUSTIFICATIVA 
 
O Brasil é o país com maior índice de crimes motivados pela “LGBTfobia”, 
tendo um LGBT+ assassinado ou vítima de suicídio a cada 19 horas, segundo dados 
do relatório 2017: mortes de LGBT no Brasil (GGB, 2017). 
Tal fato pode ser resultado de um país composto por uma sociedade com 
valores tradicionais, opressores e excludentes, onde a heterossexualidade e as 
normas de gênero são naturalizadas como as únicas expressões legítimas de ser e 
se colocar no mundo, o que pode ser denominado de heteronormatividade e 
heterossexualidade compulsória (tal situação pode advir do fato da 
homossexualidade ter sido considerada patologia até 1990) (COLLING, NOGUEIRA, 
2015). 
Contribui com isso a inexistência de uma legislação que criminalize atos de 
homotransfobia, pois a aprovação de tal lei sofre forte oposição do setor conservador 
do Congresso Nacional (SDH/PR, 2016). Logo, a população LGBT+ se torna vítima 
da discriminação e passa a ser tratada de maneira diferente e excludente, sendo alvo 
de diversos tipos de violência, seja pelas próprias famílias ou na escola, no mercado 
de trabalho, no espaço público, entre outros, o que lhes impacta de forma muito 
negativa. 
Diante disso, estas pessoas têm necessidades específicas e carecem de 
políticas públicas com ações afirmativas, a fim de combater a exclusão histórica desse 
público, no sentido do combate à homofobia, à transfobia e da promoção da cidadania 
LGBT+. Apesar das poucas conquistas de direitos e do aprofundamento nos debates 
sobre a diversidade de ser, observa-se, ainda, o contínuo quadro de violência e 
opressão que essa comunidade vivencia cotidianamente (GGB, 2016). 
De acordo com o o Grupo Gay da Bahia (2016), o Paraná ficou na sexta 
posição em número de assassinatos de LGBTs, junto com Ceará, Goiás e Rio Grande 
do Sul, apresentando um total de 15 mortes no estado (12 trans, 2 gays e 1 hétero), 
sendo 5 apenas em Curitiba. Com isso, percebemos que ser LGBT+ no Brasil ainda 
configura situação de risco, o que torna essencial a transmissão de informação e a 
conscientização, na tentativa de decrescer essas progressões de violência, de modo 
que um LGBT+ possa se sentir mais seguro tanto na esfera privada quanto pública. 
Assim sendo, a criação do Centro de Apoio e Referência LGBT+ em Curitiba 
tem por finalidade oferecer o suporte necessário a essa minoria, envolvendo também 
 
 
21 
 
o educar e o conscientizar, com programas de educação voltados à propagação de 
informações sobre gênero e sexualidade, com o intuito de tentar minimizar problemas 
como a injustiça social, crimes de ódio, suicídio, entre outros. 
1.6 MÉTODO DE PESQUISA 
Para atingir o propósito da idealização de um centro de apoio e referência, o 
estudo irá apresentar uma revisão de literatura sobre as dificuldades enfrentadas pela 
popolação LGBT+ em diversos setores, na tentativa de compreender os fatores que 
levaram à exclusão de parte dessas pessoas para as margens da sociedade, e o 
porquê da mesma se encontrar em situação de vulnerabilidade social. 
Também se fez necessário abordar a questão da arquitetura como meio de 
qualificar o espaço, a fim de encontrar a solução ideal para um centro de apoio e 
referência que melhor assista a essa população. 
Após isso, tem-se a análise com aprofundamento de alguns projetos que serão 
utilizados como referência, os chamados estudos de caso. 
Levando em consideração que o objetivo final desse trabalho é o 
desenvolvimento de um centro de apoio e referência e que o publico a ser atendido 
se encontra em situação de vulnerabilidade social, o local de implantação é de 
extrema importância, portanto, serão analisadas algumas opções de área de 
intervenção, chegando à que melhor se encaixa aos padrões da proposta. 
Logo, a metodologia utilizada para essa pesquisa será a partir de levantamento 
bibliográfico e revisão de literatura, abordando conceitos fundamentais para o 
desenvolvimento do trabalho, que conduzam o leitor ao melhor entendimento da 
temática abordada e sua relevância. Além disso, a pesquisa fará uso da metodologia 
descritiva, utilizando-se de questionário com profissional da área. 
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO 
A presente pesquisa irá se dividir em cinco etapas, sendo elas: conceituação 
temática, estudos de caso, interpretação da realidade, diretrizes projetuais e 
considerações finais. 
A primeira parte tratará da revisão de literatura, com definições de conceitos e 
introdução à temática principal do trabalho. 
Em seguida, no tópico dos estudos de caso, serão analisados três projetos, o 
Social Center in Aubenas, o Center of Jewish Life e o LGBT Community Center – São 
 
 
22 
 
Francisco, com análise de plantas, fluxos, programas de necessidades e entornos, 
com o objetivo de, a partir disso, gerar o quadro de áreas aproximado para o projeto 
a ser desenvolvido. 
O capítulo quatro tratará da análise de influências do entorno em relação ao 
terreno escolhido para a implantação do Centro de Apoio e Referência LGBT+. 
Por fim, as considerações finais, onde é feita uma análise se os objetivos do 
trabalho foram cumpridos e discorre-se um pouco sobre o que as conclusões tiradas 
a partir do estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
2 CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA 
 
Este capítulo tem por objetivo o estudo da temática do fenômeno da 
diversidade sexual no Brasil e da arquitetura como suporte para tal, utilizando-se de 
fundamentos teóricos necessários à devida compreensão do assunto. 
Num primeiro momento tem-se a inserção de conceitos e definições básicas a 
respeito da sexualidade e suas variáveis, seguida da abordagem de tópicos 
importantes que explicitam as contrariedades a que a população LGBT+ é submetida 
em várias etapas da vida, assim como vitórias atingidas que tem contribuído na 
melhora da qualidade de vida dessas pessoas, e que são imprescindíveis para a 
elaboração das diretrizes projetuais de um centro de apoio e referência voltado a esse 
público. 
Sucessivamente abordam-se aspectos arquitetônicos consideráveis, como 
conforto ambiental nas edificações e métodos contrutivos mais adequados, além do 
local ideal para a implantação do equipamento comunitário. 
 
2.1 POPULAÇÃO LGBT+ 
 
A terminologia LGBT foi incorporada como oficial na I Conferência Nacional 
GLBT, no dia 08 de junho de 2008. A sigla represente as pessoas lésbicas, gays, 
bissexuais, travestis e transexuais (ABGLT, 2010). Porém ainda há discussões sobre 
o assunto devido ao fato de a sigla ainda continuar excludente, não abrangendo por 
exemplo as pessoas intersexuais. Para a total compreensão do trabalho, serão 
introduzidos a seguir os termos que serão utilizados em toda a monografia. 
Gênero: de acordo com as ciências sociais e humanas, refere-se à construçãoo social 
do sexo anatômico, ou seja, homens e mulheres como identidades criadas pelacultura da sociedade. Essa construção sociocultural é estruturada de maneira binária, 
sendo possível apenas o masculino e feminino, por definição anatômica, e 
desenvolvendo papéis pré-determinados pela cultura (REIS; PINHO, 2016). 
Identidade de gênero: percepção pessoal do gênero com o qual o indivíduo se 
identifica, podendo ou não corresponder ao sexo biológico atribuído no nascimento. 
E de acordo com a ABGLT (2010), existem algumas variações de gênero, dentre elas: 
Cisgênero: quando a pessoa se identifica com o gênero semelhante ao sexo 
biológico. 
Transgênero: Quando a pessoa se identifica com o gênero divergente do sexo 
 
 
24 
 
designado no nascimento (ABGLT, 2010). Nessa categoria estão inclusos o/a 
transexual e a travesti - sempre que se referir ao termo travesti, diz-se “a travesti”, 
pois se trata de pessoa do gênero feminino. 
Orientação sexual: capacidade do ser humano de se atrair emocional, afetiva ou 
sexualmente por outro indivíduo do mesmo ou de gênero diferente. Existindo algumas 
variações (AGBLT, 2010): 
Homossexual: pessoa que sente atração pelo mesmo sexo/gênero; 
Heterossexual: pessoa que sente atração pelo sexo/gênero oposto; 
Bissexual: pessoa que sente atração pelo mesmo ou oposto sexo/gênero. 
Homofobia: atitude hostil contra homossexuais, rejeição à homossexualidade. Assim 
como racismo ou xenofobia, é uma manifestação arbitrária que aponta o homossexual 
como inferior e anormal. Sistema a partir do qual uma sociedade organiza um 
tratamento segregacionista segundo a orientação sexual (BORRILLO, 2010). O termo 
ainda é questionado dentro do movimento LGBT, que afirma que o mesmo invisibiliza 
as práticas lesbofóbicas, bifóbicas e transfóbicas. 
LGBTfobia: termo que abrange a homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia. 
Heteronormatividade: de acordo com Michael Warner (1993), trata-se da instituição 
da heterossexualidade como única forma legítima de expressão. 
Heterossexualidade compulsória: obrigatoriedade da heterossexualidade, 
considerada única formal normal da sexualidade (RODRIGUES; DALLAPICULA; 
FERREIRA, 2015). 
 
2.1.1 Vulnerabilidade social da população LGBT+ 
 
A população LGBT está inclusa nos grupos considerados vulneráveis pelo 
Ministério da justiça (BRASIL, 2015). Segundo Vignoli (2001), a vulnerabilidade social 
é definida como o produto desfavorável da relação entre a disponibilidade de recursos 
materiais ou simbólicos dos indivíduos e o acesso que estes têm à estrutura de 
oportunidades sociais, econômicas e culturais que provêm do Estado, do mercado e 
da sociedade. Fato que traz desvantagens para o desempenho e mobilidade social 
dos atores. Entretanto, há variáveis da conceituação da vulnerabilidade social, 
portanto alude a uma definição imprecisa, possuindo diversas interpretações 
(MONTEIRO, 2011). 
Ratificando a vulnerabilidade dos LGBTs, Junqueira (2003), similarmente ao 
 
 
25 
 
pensamento de Borrillo (2010), define a homofobia como algo referente quase que 
exclusivamente às emoções negativas do ser humano - aversão, ódio, desprezo, 
desconfiança, desconforto ou medo – em relação ao grupo de pessoas pertencente à 
classe LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). 
Observa-se então que a heterossexualidade é vista como sendo a única 
expressão identitária legítima de ser vivenciada, sendo manifestada através da 
heteronormatividade. Sendo assim, a homossexualidade ou qualquer outra 
identidade de gênero acaba sendo entendida como desvio, crime, aberração, doença, 
perversão, imoralidade ou pecado. Assim, conforme Warner (1993), em consonância 
com os autores citados acima, homofobia e heteronormatividade passam a ser 
conceitos distintos, porém sobrepostos. 
Herek (2004) complementa que a heteronormatividade se manifesta na partilha 
de ideias que desqualificam sexualidades, identidades, comportamentos e 
comunidades não heterossexuais. Um outro termo adotado é o heterossexismo, que 
se expressa na estrutura da sociedade e nas relações de poder e instituições, como 
a justiça, educação e trabalho, perpetuando a percepção de que o que não é 
heterossexual não é legítimo. 
Como o heterossexismo é uma prática institucional que discrimina mesmo sem 
intenção, percebe-se sua influência na origem do preconceito indireto, por exemplo 
em leis que excluem a população LGBT (COSTA, NARDI, 2015). 
Para os autores Martins et al (2010), a discriminação e o preconceito se tratam 
de comportamentos/ações hostis locais e contextualizados, no entanto usufruem de 
cumplicidade social. 
Um ponto importante a ser mencionado é que a LGBTfobia, assim como a 
opressão sofrida pelas mulheres, está ligada ao machismo e patriarcalismo, que 
marcam a desigualdade entre gêneros, com a superioridade do masculino sobre o 
feminino e impõe padrões comportamentais e sociais distintos, designados para 
homens e mulheres (MARTINS et al, 2010). 
Conforme Miskolci (2012), a sexualidade não heterossexual desafia esse modelo 
de conduta, pois apresenta uma gama de performances de gênero, na qual muitas 
vezes o homem pode assumir um papel designado “feminino”, como por exemplo 
assumir postura “passiva”, destinada às mulheres, ou estas podem assumir postura 
“ativa”, destinada aos homens. 
Em 2010, o censo demográfico incluiu, pela primeira vez, a orientação sexual 
 
 
26 
 
dos brasileiros, e apontou que, do total de 37,5 milhões de cônjuges do Brasil, 60.002 
mil eram casais homossexuais, representando 0,2% (ISTOÉ, 2016), conforme mostra 
o gráfico 1. Tais dados quantitativos revelam a importância da população 
homossexual quanto integrantes da sociedade (HOMOFOBIA BASTA, 2011). 
 
Gráfico 1: Cônjuges no Brasil 
 
Fonte: Resultados Preliminares do Universo do Censo Demográfico 2010/IBGE adaptado pela 
autora, 2010. 
 
Abordando a questão da violência, e embora não exista um levantamento 
oficial do Brasil a respeito do assassinato de LGBTs, é possível visualizar seu impacto 
contra essa população quando nos deparamos com dados apresentados no relatório 
de assassinatos de LGBT no Brasil de 2016, realizado pelo Grupo Gay da Bahia 
(GGB), que destaca o Brasil como o país onde mais se matam homossexuais, sendo 
que em 2013 era assassinado um LGBT a cada 28 horas, evoluindo para um a cada 
25 horas em 2016 (GGB, 2016). 
Segundo dados levantados no relatório, as estatísticas mostram que aqui o 
índice de homicídios é ainda maior que em países do Oriente e África, onde existe 
pena de morte contra LGBTs. Ainda se pode afirmar que tais dados são apenas uma 
parcela do número real da violência, considerando que são subnotificados, e que o 
preconceito manifestado de forma violenta impede a população LGBT de usufruir 
seus direitos e liberdade (VICENTE; MICHELETTO; NOVALO-GOTOMORREALE, 
2017). 
Abaixo, pelo gráfico 2, é possível observar a evolução das mortes de LGBTs 
37547.117 37487.115
60.002
Total
De Sexo Diferente
Do Mesmo Sexo
 
 
27 
 
ao longo do tempo no Brasil, no intervalo de 2000 a 2017. 
 
 
Gráfico 2: Assassinatos de LGBTs no Brasil 
Fonte: Dados obtidos a partir dos relatórios de assassinatos LGBT no Brasil do GGB. Adptado pela 
autora, 2017. 
 
 Nota-se um aumento considerável de homicídios nos últimos dez anos. Assim 
como ressaltou Michels (2013) – responsável pela atualização de dados do GGB - os 
dados acima constatam algumas características dos crimes de ódio contra LGBTs: 
variação e imprevisibilidade (GGB, 2016). 
Levando em consideração a progressão das mortes no ano, no gráfico 3 é 
possível verificar os assassinatos destacados por orientação sexual. 
 
Gráfico 3: Vítimas por segmento LGBT no Brasil 2012 - 2016 
Fonte: GGB adaptado pela autora, 2016. 
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Gay Trans/Travestis Lesbica Bissexual Hétero T-Lover*
2012 2013 2014 2015 2016
 
 
28 
 
Dentre as vítimas, as que estão em maior situação de vulnerabilidade, 
proporcionalmente, sãoas travestis e as transexuais, considerando que o Brasil é 
onde mais ocorrem assassinatos desse segmento. Por exemplo, em 2016, o país foi 
responsável por 42% dos casos ocorridos no mundo (IDAHOT, 2016). 
Pelo relatório, estima-se que aproximadamente 99% dos homicídios sejam 
motivados ou por LGBTfobia individual (criminoso com a própria sexualidade mal 
resolvida), por homotransfobia cultural (expulsa os LGBTs para as margens da 
sociedade), ou por homofobia institucional (quando o governo não garante a 
segurança da população LGBT). A homofobia cultural leva os LGBTs à exclusão e 
marginalidade, estereotipando-os como física e socialmente frágeis, vulneráveis e 
favorece, então, o latrocínio, a agressão, a injúria e os crimes passionais. Além disso, 
dificulta o processo de denúncia contra os agressores, prejudicando a apuração dos 
crimes (GGB, 2016). 
Como afirma Symmy Larrat, coordenadora do Programa Transcidadania, a 
impunidade, além do conservadorismo, é um dos fatores que cooperam para o 
aumento dos crimes (REDAÇÃO RBA, 2017). 
Embora não divulgue um número oficial de homicídios, o governo federal fez 
um levantamento de violações através do Disque Direitos Humanos, vinculado à 
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). O 
levantamento não reflete a violência, apenas indica o quantitativo de denúncias 
(BRASIL, 2018). 
De acordo com o 2° relatório de denúncias de violência homofóbica de 2012 
publicado pela SDH/PR (2012), houve um acréscimo no número de denúncias de 
166,09% em relação a 2011, como é possível ver na tabela 1, apresentando um total 
de 3084 registros, oriundos das notificações do Disque 100, Ligue 180, e da Ouvidoria 
do Sistema Único de Saúde (SUS). Situação essa preocupante, considerando ainda 
as violações não reportadas, porém ocorridas cotidianamente contra os LGBTs 
(SDH/PR, 2012). 
 
 
 
29 
 
 
Tabela 1 - Registo de denúncias 
Fonte: SDH/PR adaptado pela autora, 2012. 
 
Do total de 3.084 denúncias em 2012, 182 ocorreram no Paraná, deixando o 
estado na 11° posição do ranking (IBIDEM, 2012). 
Assim como mostra o levantamento hemerográfico, em 2012, dentre as pessoas 
mais vitimizadas por violência homofóbica também se encontram as travestis, como 
se pode ver no gráfico 4 (SDH/PR, 2012). 
 
Gráfico 4: Identidade das vítimas 
Fonte: SDH/PR adaptado pela autora, 2012. 
O relatório de 2015 revela que o número de denúncias relacionadas à população 
LGBT subiu 94% de 2014 para 2015, apresentando 1.024 e 1.983 notificações, 
respectivamente (ONDH, 2015). 
Violências contra a população LGBT se exteriorizam no convívio social e na 
constituição de identidade dos indivíduos. Seus desdobramentos podem ser 
percebidos no âmbito familiar, dentro das escolas e ambiente de trabalho, além de 
também se inserirem no poder público (IBIDEM, 2015). 
Monteiro (2011) afirma que se pode diminuir os níveis de vulnerabilidade social 
através do fortalecimento dos sujeitos, permitindo que estes tenham acesso a bens e 
serviços, consequentemente ampliando seu universo material e simbólico, bem como 
2011 2012 % de aumento
Denúncias 1.159 3.084 166,09%
Violações 6.809 9.982 46,6%
Vítimas 1.713 4.851 183,19%
Suspeitos 2.275 4.784 110,29%
Média violação/vítima 3,97 3,23
Travestis
51.86%
Bissexuais
0.39%
Gays
36.79%
Lésbicas
9.78%
Héteros
1.17%
 
 
30 
 
suas condições de mobilidade social. 
 
2.1.1.1 O preconceito começa em casa 
 
A abordagem do contexto familiar será breve, pois a homofobia familiar é um 
dos assuntos menos discutidos, tendo poucos estudos a respeito, porém é muito 
relevante tratar do tema, considerando que se trata de um fenômeno bastante 
presente na vida da comunidade LGBT. 
De acordo com Schulman (2010), é dentro da própria família o primero lugar 
onde aprendemos a homofobia, como atores ou vítimas da mesma. Lá, os 
homossexuais são punidos em diversas escalas pelos seus familiares. 
A autora ainda afirma que no cenário atual existe uma propensão maior à 
‘tolerância’ da família com seus parentes homossexuais do que uma completa 
aceitação pela mesma. O impacto de tal preconceito dentro de casa está diretamente 
ligado a outras redes de apoio à vítima, vindo de terceiros ou da própria comunidade, 
através de denúncias. Portanto, tendo apoio de fora, o resultado da crueldade torna-
se superável. 
Santos et al (2007) afirmam que essa homofobia familiar potencializa os danos 
causados pelo preconceito e discriminação sofridos fora de casa, no espaço público 
social. A família assume então um papel de alvo principal da ação de políticas públicas 
em defesa dos direitos civis das pessoas LGBT. 
Uma das formas mais comuns de homofobia e mais fácil de botar em prática é 
a evitação, excluindo o membro LGBT de eventos familiares ou até mesmo da vida 
de seus familiares, com a expulsão de casa (SCHULMAN, 2010). 
Muitos dos jovens expulsos conseguem abrigo em casas de conhecidos, no 
entanto muitos acabam indo morar nas ruas. Conforme o censo 2015 divulgado pela 
SMADS, acredita-se com 95% de certeza que de 5,3% a 8,9% da população em 
situação de rua em São Paulo se encaixa na população LGBT (SÃO PAULO, 2015). 
2.1.1.2 A intolerância vivenciada nas escolas 
 
Em virtude do contexto apresentado, percebe-se a necessidade de avaliar os 
desdobramentos no âmbito escolar, além também do fato de ser a escola um local de 
grande presença da homofobia (BRASIL, 2009). 
Considera-se o espaço escolar como, além de um disseminador de 
 
 
31 
 
conhecimento, um ambiente de convivência cotidiana, sendo esta obrigatória no 
Brasil, tanto por lei quanto para o mercado de trabalho, que exige formação 
acadêmica. Por isso, trata-se de um local de grande importância, visto que nele se 
passa grande parte da vida (SANTOS, ORNAT, 2014). 
Para o chefe da seção de assuntos globais do escritório de direitos humanos da 
ONU, Charles Radcliffe, por se tratar de um espaço de profusão de perspectivas, o 
estabelecimento de ensino é o ambiente propício para combater estereótipos e 
conscientizar os jovens, os quais muitas vezes trazem consigo preconceitos de casa 
(SAKAMOTO, 2015). 
 Porém, segundo Miskolci (2011), por vezes, a escola reproduz a 
heteronormatividade, influenciada por valores sociais e religiosos, quando reforça 
papeis de gênero. Um exemplo disso é a separação das filas de meninos e meninas, 
ou os dividindo nos esportes praticados nas aulas de educação física, trabalhando 
assim na construção de homens e mulheres ideais, visto como normais e corretos 
perante a sociedade (apud CARDINALI, 2017). 
Tudo isso coopera na difusão da LGBTfobia, mesmo que implicitamente, dentro 
da instituição, a qual contribui na padronização da violência, visto que não conta com 
políticas públicas de combate ao preconceito e discriminação ou práticas pedagógicas 
adequadas (CALIXTO, FRANÇA, 2016). 
Uma análise feita nos livros didáticos do “Programa Nacional do Livro Didático” 
mostra a inexistência do tema LGBT e a forte presença da heteronormatividade, uma 
vez que o conteúdo de sexualidade abordado limita a temática apenas a seus 
aspectos biológico e reprodutivo (TEIXEIRA, FREITAS, 2013). 
Portanto, conforme cita LOURO (2000), o ambiente escolar se torna um local 
inconveniente para que a pessoa assuma sua sexualidade, em consequência da 
negação e ignorância da entidade quanto à diversidade sexual. Então, um lugar que 
deveria ser de conhecimento e emancipação se converte, em relação à orientação 
não heterossexual, num local de desconhecimento (apud DINIS, 2011). 
Uma pesquisa nacional sobre o ambiente educacional no Brasil, realizada pela 
Secretaria de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, 
Travestis e Transexuais – ABGLT em 2015, com 1.016 estudantes de todo o país, 
aponta alguns dados de relevância que ratificam a LGBTfobia no ambiente escolar. 
Um exemplo é o fato de que 60,2% dos entrevistadosafirmaram se sentir 
inseguros na instituição devido à sua orientação sexual, e também o relato de 69,1% 
 
 
32 
 
dos estudantes já terem ouvido comentários LGBTfóbicos advindos de professores e 
funcionários da escola, além dos comentários provenientes de outros alunos. Isso 
favorece na constituição de um ambiente de aprendizagem hostil, ainda mais quando 
nem sempre alguma providência é tomada por parte da escola, como podemos ver 
no gráfico 5 (CURITIBA, 2015). 
 
 
Gráfico 5: Frequência da intervenção por profissionais da Instituição ou estudantes quando 
comentários LGBTfóbcos foram feitos 
Fonte: CURITIBA adaptado pela autora, 2015. 
 
No estado do Paraná, a responsável pela Divisão de Políticas para LGBTs do 
Departamento de Direitos Humanos e Cidadania (DEDIHC), Ana Raggio, comenta 
que a Secretaria de Estado da Educação promove ações e elabora materiais didáticos 
acerca do tema LGBT, através do Departamento da Diversidade disposto na 
Secretaria do Estado da Educação, porém o debate é difícil devido ao preconceito 
ainda existente (SOUSA, MARANHO et al, 2016). 
Nas escolas, o bullying homofóbico tem resultado na evasão escolar de 
estudantes que expressam identidades sexuais e de gênero diferentes da norma 
heterossexual, e mesmo nas tentativas de suicídio de adolescentes em conflito com 
sua identidade sexual e de gênero, devido aos preconceitos e à discriminação 
sofridos no espaço escolar. Uma das principais vítimas no processo de evasão 
também são as adolescentes travestis e as (os) adolescentes transexuais, que 
dificilmente conseguem terminar seus estudos, sendo forçadas (os) a abandonar a 
escola, já que diferentemente de adolescentes gays e lésbicas, têm mais dificuldade 
53.90%
36.20%
30%
38.20%
12.60%
17.30%
3.50% 8.30%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
intervenção de profissionais da instituição
educacional
intervenção de estudantes
nunca às vezes a maioria das vezes sempre
 
 
33 
 
em esconder sua diferença, tornando-se as vítimas mais visíveis dessa violência 
escolar. 
Mas a situação de estudantes gays e lésbicas que tentam esconder sua 
orientação sexual também não é mais fácil, já que o silenciamento e o ocultamento 
de sua sexualidade é também uma forma de violência (DINIS, 2011). Como lembra 
Guacira Louro: “Ao não falar a respeito deles e delas, talvez se pretenda ´eliminá-los`, 
ou, pelo menos, se pretenda evitar que os alunos e as alunas ´normais` os/as 
conheçam e possam desejá-los/as. Aqui, o silenciamento – a ausência da fala – 
aparece como uma espécie de garantia da ´norma`” (LOURO, 1997, p. 67-68). 
Também houve relação entre o nível de discriminação e o desempenho 
acadêmico entre os/as estudantes LGBT, conforme aponta o gráfico 6. 
 
Gráfico 6 - Desempenho escolar e gravidade da discriminação (porcentagem de alunos que 
relataram bom desempenho escolar) 
Fonte: Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil adaptado pela autora, 2015. 
Dentre os LGBTs, uma menor quantidade de alunos trans (72,4%) relataram ter 
um bom desempenho escolar quando submetidos a discriminação verbal frequente, 
quando comparado com os alunos gays, lésbicas ou bissexuais, dos quais 73,5% 
declararam ter bom desempenho sob o mesmo nível de discriminação verbal que os 
trans (CURITIBA, 2015). 
Porém, conforme Bernini (2011), a entrada forçada dos gêneros e sexualidades 
marginalizados na escola rompe o binarismo de gênero e abala a repressão imposta 
pelo sistema heteronormativo. 
 
80.1%
73.5%80.2%
72.4%
níveis menores de agressão
verbal ("nunca", "raramente"
ou "às vezes")
níveis maiores de agressão
verbal ("frequentemente" ou
"quase sempre")
Orientação Sexual
Identidade/expressão de
gênero
 
 
34 
 
2.1.1.3 O desafio do trabalho formal 
 
O direito ao trabalho é um dos direitos humanos que precisam ser garantidos 
à população LGBT. Por direito ao trabalho entende-se um ambiente inclusivo onde 
todos possam desenvolver plenamente seu potencial, com tratamento respeitoso, 
equidade e liberdade para se expressar sem constrangimentos ou violências 
(BRASÍLIA, 2015). 
Para CARRIERI et al (2013), no geral, ainda existem trabalhadores LGBTs que 
deixam de ser contratados, que são despedidos ou que são prejudicados devido à 
orientação sexual inferida ou assumida. Os autores ainda alegam que esse 
preconceito arraigado na mentalidade heterossexista de muitos empregadores não 
tem embasamento que justifique o comportamento discriminatório. 
A busca pelo trabalho formal torna-se mais difícil quando se tratam de travestis 
e transexuais, por serem considerados abjetos, sendo mais vulneráveis às violências 
interpessoais (CARRIERI et al, 2013). Junta-se a isso o fato apresentado acima, a 
respeito da evasão escolar resultante da discriminação (DINIS, 2011). 
Além disso, Bicalho (2008), ressalta que a violência interpessoal dirigida a 
travestis atinge seu estágio máximo por meio de agressões físicas graves. 
Em Curitiba tem-se um grande número de transexuais e travestis trabalhando 
na prostituição, e convém lembrar que o início da prostituição das travestis em Curitiba 
foi na década de 1970, no Bairro São Francisco, seguido pela mudança para a Rua 
Saldanha Marinho, devido à forte estigmatização sofrida na localidade anterior, sendo 
esse o principal motivo dos deslocamentos da prostituição (HIRAMI, 2015). 
Todavia, Siqueira e Zauli-Fellows (2006) reiteram que apesar de toda a 
discriminação no ambiente de trabalho, cada vez mais as empresas se deparam com 
empregados LGBTs, sendo necessário o desenvolvimento de políticas cativantes 
para seus empregados e para a organização. 
Ainda sob a perspectiva dos autores, tratando-se do incentivo à diversidade, e 
sabendo que o tema pode gerar desconforto entre os indivíduos, as organizações 
devem ter consciência da necessidade de incentivar o respeito mútuo, desenvolvendo 
uma cultura de inclusão no espaço profissional, tendo consciência que a contribuição 
das habilidades de todos fortalecerá a organização (IBIDEM, 2006). 
 
 
 
35 
 
2.1.2 Direitos e cidadania 
 
A população LGBT ainda enfrenta muitos obstáculos, no que concerne a 
respeito dos direitos e cidadania, diante do contexto social sexista, machista, 
lesbofóbico, homofóbico, bifóbico e transfóbico que ainda persiste no Brasil, como 
mencionado anteriormente. Portanto, é fundamental o papel do Estado como agente 
principal na promoção e efetivação de direitos e políticas públicas voltados à essas 
pessoas (PARANÁ, 2013). 
Um dos marcos fundadores do movimento LGBT foi a revolta de Stonewall1, 
de importância internacional, e que apontou para um contexto de resistência e 
construção de novas formas de sociabilidade (SIMÕES e FACCHINI, 2009). 
A partir disso, surgiram algumas conquistas significantes com o movimento 
LGBT no Brasil, conforme mostra a linha do tempo abaixo (figura 1). 
 
Figura 1 - Linha do tempo de grandes conquistas LGBT no Brasil 
Fonte: Autora, 2018 
 
Embora existam conquistas significativas, ainda há muita luta por direitos, 
principalmente considerando que ainda não existe legislação vigente que criminalize 
a homofobia. No entanto, o projeto de Lei n° 122 de 2006, de autoria da ex. Deputada 
Federal Lara Bernardi PT/ SP propõe a punição, na forma da lei, da discriminação por 
gênero, identidade de gênero e por orientação sexual, porém o projeto se enconta 
arquivado (ROCHA ET AL, 2017). 
 
1 Bar americano frequentado pelo público LGBT que sofria várias batidas policiais. No dia 28 de junho 
de 1969, durante uma das batidas, um grupo resistiu e o tumulto durou por três dias (LEAL, 2010). 
 
 
36 
 
2.1.3 Cidade e diversidade 
 
 
Este tópico busca mostrar como o espaço público se torna um local de violência 
contra as pessoas LGBT, reforçando ainda o que já foi apresentado sobre o 
preconceito dentro das escolas, as quais estão inclusasno âmbito público. Como 
salientado por Wittig (2006, p. 66), “vivir en sociedad es vivir en heterosexualidad”. 
Segundo Lefebvre (1991), a cidade é um local de encontros e confrontos das 
diferenças dos modos de viver entre os indivíduos. Pois, sabendo disso e levando em 
consideração que a sociedade é constituída por códigos de leis e regras morais, 
aqueles que ousam avançar sobre tais normas estão sucetíveis à punição da 
comunidade, seja através de leis ou mesmo de forma ‘autêntica’. Essa última se 
exprime por meio de olhares de reprovação, humilhações públicas etc, quando 
alguém apresenta alguma conduta considerada inapropriada para outra pessoa 
(SELL, 2006). 
Tal tipo de situação é importante de ser discutida devido aos episódios 
frequentes de violência ocorridos nas vias públicas das cidades do Brasil, como 
explicita o gráfico 7 abaixo, que apresenta as porcentagens de assassinatos segundo 
os relatórios de assassinatos LGBT no Brasil (GGB, 2011 – 2016). 
 
Gráfico 7 - Assassinatos na via pública 
Fonte: dados retirados dos relatórios de assassinatos LGBT. Elaborado pela autora, 2018. 
O que explica esse número de violência é a naturalização da 
heteronormatividade na cultura, que legitima o comportamento heterossexual como 
‘normal’. Conforme diz Butler (1993), os corpos materializam sexo e gênero através 
de normas regulatórias consideradas normais, em um sistema que busca regularizar 
as formas de expressão masculinas e femininas. 
Assim sendo, surge a figura do ‘armário’ nos ambientes públicos, com o 
objetivo de preservar a privacidade das pessoas que fogem à norma, consolidando 
20%
12%
11%
8%
21%
28%
2011
2012
2013
2014
2015
2016
 
 
37 
 
essa cultura heterossexista e cissexista, e, consequentemente, ocultando a 
homossexualidade e transgeneridade dentro do armário, empurrando-as para o 
campo privado (CARVALHO; MACEDO JUNIOR, 2017). 
Ainda sobre o ‘armário’, Moreira e Miyamoto (2013) argumentam que esse 
confinamento ao espaço privado invisibiliza as pessoas de tal forma que elas são 
levadas à sua carência de relevância social. 
No entando, há corpos que não obedecem a essas regras reguladoras do 
comportamento. Conforme afirma Segdwick (2007), o simples ato de ‘se assumir’ 
desafia esse regulamento e a ‘cidade-armário’. 
Um exemplo desses corpos são as travestis e transexuais, que possuem uma 
marca de transgressão nítida, visual. A elas/eles é negado o direito ao espaço público, 
portanto vivem na ‘cidade ilegal’, noturna, onde seus corpos não podem ser vistos, e 
por fim acabam caindo na marginalização social (CARVALO; MACEDO JUNIOR, 
2017). 
Mas afinal, o que as pessoas buscam no espaço urbano? Segundo Tuan 
(1983), procuram pela liberdade que só podem encontrar no lugar. 
 
2.2 ARQUITETURA PARA CENTROS DE APOIO E REFERÊNCIA 
 
2.2.1 O urbanismo e a sociedade contemporânea 
 
O novo urbanismo, também chamado de neo-urbanismo, segundo Ascher 
(2001), em conjunto com o serviço público, deve considerar o processo de 
individualização das sociedades contemporâneas, onde os equipamentos coletivos 
se tornam individuais, demandando diversificação das necessidades e soluções 
personalizadas, pois como foi constatado no capítulo anterior, vivemos em uma 
sociedade/cidade da diversidade. 
Contrariamente ao urbanismo moderno, que negava as especificidades de 
cada local, o novo urbanismo busca elaborar soluções específicas às situações e à 
diversidade. Ele reconhece a complexidade de uma sociedade cada vez mais distinta 
entre si e propõe maior diversidade de ambientes arquitetônicos, oferecendo 
variedade de qualidade urbana e tentando fabricar cidades diversificadas. 
Segundo o autor, é com o neo urbanismo que surgem as soluções 
multifuncionais, com proposição de espaços públicos com exteriores com qualidade 
 
 
38 
 
similar aos espaços privados e interiores, utilizando-se do cruzamento das sensações 
existentes e sugerindo desenhos urbanos sinestésicos, multissensoriais da cidade, 
criando assim ambientes diversificados e acessíveis a todos os públicos. Como 
afirmou Jacobs (2013 – p.157), “a diversidade é natural às grandes cidades”. 
 
2.2.2 Tipologias arquitetônicas para equipamentos comunitários 
 
De acordo com Schäfer (2012), antes da década de 1930 as casas de banho 
cumpriam a função de equipamento comunitário, pois se tratavam de locais de 
encontro, debates e socialização, ou seja, ofereciam os serviços denominados 
coletivos, sendo espaços públicos para banho. As edificações, por sua vez, 
apresentavam o prolongamento dos atributos da socialização do espaço público 
voltados para o interior do equipamento. A figura 2 explicita essa tipologia de 
equipamento de antigamente, a partir da planta baixa de uma casa de banho de 1880. 
 
 
Figura 2 - Casa de Banho em Caen, França. 
Fonte: AYMONINO, 1975. 
 
Hoje em dia são várias as tipologias utilizadas na construção de centros 
comunitários. Alguns possuem caráter flexível, como é o caso dos “Cubos para la 
Comunidad en Shanghai”. Projetado por Included, a composição de containers tem o 
objetivo de ser um centro móvel acessível e altamente flexível, para atender aos 
migrantes marginalizados de Xangai, que, caso precisem se mudar, podem levar o 
centro consigo (PLATAFORMA ARQUITECTURA, 2014). 
 
 
 
39 
 
 
Figura 3 - Planta baixa 
Fonte: PLATAFORMA ARQUITECTURA,2014 
 
 
 
Figura 4 - Cubos para la Comunidad en Shangai 
Fonte: PLATAFORMA ARQUITECTURA,2014
 
Outro exemplo é o Centro Comunitário de El Rodeo de Mora, projetado por 
Fournier_Rojas Arquitectos, com o objetivo de ser um centro comunitário 
multifuncional, servindo para desde casamentos a abrigo em caso de desastres 
naturais. Sua planta possui uma parte de uso fixo, com sanitários, cozinha, vestiários 
e depósito, além de um grande salão com planta totalmente livre, permitindo assim 
esa diversidade de usos (FORO ARQUITECTOS, 2014), como podemos ver na figura 
5 abaixo. 
 
Figura 5 - Exemplos de planta baixa 
Fonte: FORO ARQUITECTO, 2014 
 
 
 
40 
 
 
Figura 6 - Centro de El Rodeo de Mora 
Fonte: FORO ARQUITECTOS, 2014 
 
Ainda há alguns que buscam pela conexão entre usuários e o meio que os 
circundam, com é o caso do Be Friendly Space, por H&P Architects. O espaço 
amigável cria espaços abertos entre os blocos, conectados uns com os outros por 
janelas posicionadas aleatoriamente, como é possível ver na figura 7. Esse local tem 
a intenção de conscientizar sobre a necessidade de espaços amigáveis inseridos na 
urbanização e concretização que está sufocando a cidade de Mao Khe, Vietnã (HPA, 
2016). 
 
 Figura 7 - Planta baixa 
 Fonte: HPA, 2016 
 
 Figura 8 - Be Friendly Space 
 Fonte: HPA, 2016 
 
Portanto, conclui-se que é grande a variedade de tipologias arquitetônicas para 
equipamentos comunitários, e a escolha da tipologia ideal depende de diversos 
fatores locais, acompanhando também o novo urbanismo, como citado acima, 
considerando as necessidades individuais de cada grupo usuário. 
 
 
41 
 
2.2.3 Ambiência e conforto ambiental nas edificações 
 
O espaço no qual estamos inseridos emite estímulos que podem ser agradáveis 
ou não (BESTETTI, 2014). A partir disso, a ambiência segue três eixos (SÃO 
PAULO, 2006): 
 Espaço voltado ao conforto com foco na privacidade e individualidade, 
que valoriza elementos de interação com as pessoas (cheiro, som, 
iluminação), e garante conforto aos usuários; 
 Espaço possibilitador do encontro de sujeitos; 
 Espaço como facilitador do trabalho, possibilitando atendimento 
humanizado, acolhedor e resolutivo. 
Para garantir a qualidade do ambiente construído é necessário levar em 
consideração vários fatores, desde o impacto da implantação do edifício com o 
entorno, considerando aspectos como ventilação natural e iluminação solar até a 
ergonomia do mobiliário e a escolha das cores dos espaços, de modo que o conjuntodo todo represente da melhor forma os conceitos de conforto e bem-estar 
(BITENCOURT, 2002). 
Outro ponto importante é a elaboração de fluxogramas e funcionogramas ou 
organogramas, que, segundo Carvalho (2002) garantem a boa solução de um projeto 
arquitetônico. 
Além disso, alguns componentes podem atuar como modificadores e 
qualificadores do espaço e, quando utilizados com equilíbrio e harmonia, criam 
espaços acolhedores, propiciando contribuições consideráveis na produção de 
saúde e bem-estar (SÃO PAULO, 2006). 
De acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger (figura 9), Curitiba 
se encaixa na categoria Cfb, o que significa clima temperado úmido, com 
temperatura média variando de 10° a 22°, com verão temperado (ITCG, 2008). 
 
 
42 
 
 
Figura 9 - Classificação Climática do Paraná 
Fonte: ITCG, 2008 
 
Isso significa que os edifícios de Curitiba devem utilizar algumas estratégias, 
na tentativa de isolar o interior do frio extremo. Para isso, há a necessidade de 
utilização de materiais isolantes, voltar as fachadas de uso mais intenso para o norte, 
pois conforme mostra a figura 10 abaixo, a maior incidência solar vem do norte. 
 
Figura 10 - Incidência solar em Curitiba 
Fonte: SOL-AR, 2016 
 
 
Da mesma forma, busca-se a iluminação e ventilação naturais. Conforme 
podemos obervar na figura 11, Curitiba tem ventos predominantes no verão vindos 
 
 
43 
 
do leste e sudeste, priorizando-se, portanto, o uso de aberturas nessas fachadas, 
principalmente na sudeste, considerando que a face leste também possui 
predominância de ventos no inverno. 
 
 
Figura 11 - rosa dos ventos de Curitiba 
Fonte: SOL-AR, 2016 
 
Além do correto posicionamento do edifício em relação à incidência solar, 
existem algumas outras estratégias que podem ser utilizadas no controle térmico dos 
ambientes, como a utilização de telas metálicas, brises-solei, dentre outros elementos 
de controle solar. Segundo Maragno (2001), os brises, conforme podemos ver nas 
figuras 12 e 13, são os protetores solares externos mais eficientes, pois barram o 
calor antes que ele entre no edifício. 
 
 
Figura 12 - Sistema de ação do brise-solei 
Fonte: EDIFIQUE.ARQ, 2018 
 
Figura 13 - Palácio Gustavo Capanema 
Fonte: SAGUAR, 2008 
 
Também se faz necessário pensar na ventilação. Deve-se considerar aberturas 
para a entrada do ar nas fachadas de maior incidência de ventos e na fachada de 
menor incidência. Assim o vento entra pela zona de alta pressão e sai pela zona de 
 
 
44 
 
baixa pressão, sendo chamado um istema de ventilação cruzada, conforme mostra a 
figura 14 (MACHADO et al, 1986). 
 
Figura 14 - Sistema de ventilação cruzada 
Fonte: PEREIRA, 2018 
 
2.2.4 Sistemas construtivos 
 
Considerando o que já foi dito a respeito da situação climática da cidade de 
Curitiba, este tópico irá abordar dois sistemas construtivos que melhor se adaptam a 
essas condições de clima, visando o melhor desempenho: Light Steel Framing e 
Estrutura de concreto com vedações em alvenaria. Ambos são sistemas construtivos 
muito eficientes, porém, pretende-se usar o sistema de concreto com vedações em 
alvenaria no projeto final desta monografia, devido ao melhor domínio da técnica de 
construção. 
 
2.2.4.1 Ligh Steel Framing 
 
O sistema construtivo LSF se caracteriza pela utilização de perfis de aço 
galvanizado, que compõem a estrutura do edifício, como mostra a figura 15. 
 
Figura 15 - Esquema de construção em LSF 
Fonte: CRASTO, 2005 
 
 
45 
 
Seu fechamento se da através de placas de peso leve, podendo estas ser 
isolantes acústicas ou térmicas. Os fechamentos mais utilizados são OBS 
(geralmente combinado à argamassa), placa cimentícia e gesso cartonado 
(SANTIAGO, 2008). 
O isolamento acústico e térmico desse tipo de sistema, diferentemente do 
tradicional, se dá por meio das camadas de lã de rocha ou lã de vidro, inseridas entre 
as placas de vedação, conforme exemplifica a figura 16. 
 
Figura 16 - Instalação de isolamento em lã de vidro 
Fonte: ISOVER, 2007 
 
Esse sistema construtivo tem ganhado espaço no Brasil e já possui todos os 
insumos necessários para sua execução, além de já ser utilizado em edifícios dos 
mais diversos usos, como em escolas e galpões, como mostram as figuras 17 e 18. 
 
Figura 17 - Galpão em Jundiaí 
 
Figura 18 - Pavilhão da Cidade Olímpica do rio de Janeiro 
Fonte: MEDIAPRO EXHIBITIONS, 2014 
 
Fonte: 360 CONSTRUTORA, 2018 
 
 
Segundo Crasto (2005), as principais vantagens desse sistema são: 
 Tecnologia com rigorosos controles de qualidade; 
 Facilidade na obtenção do material utilizado; 
 Facilidade na montagem; 
 
 
46 
 
 Leveza do sistema estrutural; 
 Construção a seco, evitando o desperdício de recursos naturais; 
 Flexibilidade do projeto arquitetônico. 
 
Porém também existem desvantagens, tais como alto custo e necessidade de 
mão-de-obra especializada. 
2.2.4.2 Estrutura de concreto com vedações em alvenaria 
 
Esse sistema, segundo Vasques e Pizzo (2014) é composto por pilares, vigas 
e lajes de concreto armado, com vedação feita em alvenaria. 
O autor afirma que no Brasil, este sistema é amplamente utilizado, por ser 
muito popular e devido ao fato de os profissionais locais terem mais familiaridade com 
o método. 
Dentre suas vantagens está o baixo custo de produção, pois sua matéria prima 
não tem custos altos, além de ser facilmente encontrada no país. Também apresenta 
grande durabilidade, resistência ao fogo e interpéries. Um dos pontos mais positivos 
para a arquitetura é sua maleabilidade e agilidade no processo de construção 
(IBIDEM, 2014). 
Grandes obras foram executadas em concreto armado no Brasil, como é o 
caso do MASP e do Edifício Copan, de Oscar Niemeyer, apresentadas nas figuras 19 
e 20. 
 
Figura 19 – MASP 
Fonte: LEITE, 2017 
 
 
Figura 20 - Edifício Copan 
Fonte: SOLDON, 2014 
 
Todavia, apesar de todas as vantagens e da grande aceitação, a estrutura em 
concreto armado é muito pesada e as reformas e adaptações são de difícil execução. 
 
 
 
47 
 
3 ESTUDOS DE CASO 
Buscando referenciar o projeto que derivará desta pesquisa, este capítulo 
estudará projetos com semelhanças de programa, implantação e apéctos plásticos 
desejados. 
3.1 SOCIAL CENTER IN AUBENAS 
 
O Centro Social em Aubenas foi projetado pelo Composite Architectes, com o 
objetivo de funcionar como um ativador social, localizado em uma região de total 
reorganização urbana de Aubenas, França. O projeto está implantado mais ao norte 
do terreno, e parte do princípio da conexão com o novo parque urbano (COMPOSITE 
ARCHTECTES APUD ARCHDAILY, 2013). 
 
 
Figura 21 - Implantação Social Center in Aubenas 
Fonte: Composite Archtectes apud Archdaily, 2013 (adaptado pela autora) 
 
 
Sua área total é de aproximadamente 1740 m². Segundo os arquitetos, seu 
partido arquitetônico se baseia na composição de dois volumes sobrepostos (figura 
21) e formam um pátio central, totalizando dois pavimentos. O pavimento térreo 
apresenta formato em ‘U’, com abertura para o sul, diferentemente do nível superior, 
que possui formato em ‘L’, se abrindo para a face norte. 
 
 
48 
 
 
Figura 22 - Esquema gráfico de composição 
Fonte: Composite Archtectes apud Archdaily, 2013 (adaptado pela autora) 
 
Pela figura 22 pode-se ver que a superfície térrea não sobreposta pelo 
pavimento superior acaba formando um jardim, porém, sem acesso ao público, tendo 
apenas uma passarela em deck na lateral. 
 
Figura 23 - Jardim pavimento superior Social Center Aubenas 
Fonte: Composite Architectes, 2013 
 
O programa básico do Centro é: recepção, correios, espaços de trabalho, sala 
multiuso, sala multimídia, premissas associativas, centro de emprego, centro de lazer, 
área

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