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LGBTQ+: História, Luta e Identidade

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LGBTQ+, HISTÓRIA E LUTA POR RECONHECIMENTO 
 
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE LOCAL A PARTIR DE UM 
EDIFÍCIO DE USO PÚBLICO 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI 
LUCAS ESMERALDO SOBREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LGBTQ+, HISTÓRIA E LUTA POR RECONHECIMENTO 
 
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE LOCAL A PARTIR DE 
EDIFÍCIOS DE USO PÚBLICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2020 
 
 
 
LUCAS ESMERALDO SOBREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LGBTQ+, HISTÓRIA E LUTA POR RECONHECIMENTO 
 
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE LOCAL A PARTIR DE 
EDIFÍCIOS DE USO PÚBLICO 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Final de Graduação apresentado à 
Universidade Anhembi Morumbi como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em 
Arquitetura e Urbanismo. 
 
Prof.ª Orientadora: Thaís Vieira Gutto 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos manos, manas e monas, 
as bichas, viados, yags, mariconas, padrão e afeminadas, 
as sapatões, entendidas, bofinhos e caminhoneiras, as 
travestis, bonecas, transsexuais e transgéneros, as bi e os 
do meio, as militantes e as no armário, as Drags, 
transformistas e toda pessoa que se sinta pertencentes ao 
vale. 
A qualquer pessoa que foi vítima de discriminação 
por ser e viver aquilo que é, e principalmente, para aqueles 
que hoje não estão mais presentes entre nós por serem 
vítimas de LGBTQfobia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deixo aqui minha total gratidão aos meus pais que 
se dedicaram em proporcionar a mim uma boa educação 
desde o princípio e que me apoiaram na escolha do curso 
de graduação. Também agradeço a eles e ao meu núcleo 
familiar por me apoiarem e respeitaram como pessoa 
frente as minhas expressões e orientação sexual, me sinto 
privilegiado quanto a esta problemática, pois sei quão 
complicado é a situação daqueles que não são respeitados 
por sua orientação e expressão sexual. 
Agradeço também ao meu marido, por estar ao 
meu lado todos esses dias e estar sempre disposto a 
colaborar com o que fosse necessário e que não me deixou 
desistir de cursar a faculdade. Agradeço também ao meu 
círculo de amigos, pelas vivencias e inserções no universo 
LGBTQ+ que me fizeram enriquecer de conhecimentos 
fundamentais para a propor este trabalho como manifesto 
de afirmação. 
Agradeço a todos os provedores de conhecimentos 
a quem tive a oportunidade de aprender e compartilhas 
ideias durante essa trajetória dos saberes, agradeço 
principalmente a professora Thaís Vieira Gutto por toda 
orientação a que me dedicou para fundamentar e 
formalizar ideias para este trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Nós nos empenharemos em desmoralizar esse 
conceito que alguns nos querem impor – que a nossa 
preferência sexual possa interferir negativamente em 
nossa atuação dentro do mundo em que vivemos. 
LAMPIAO, 1978. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1. Homofobia mata.................................................................................................... 16 
Figura 2.Matéria sobre o assassinato de Itaberly Lozano ...................................................... 19 
Figura 3. Matéria sobre o assassinato de Dandara dos Santos ............................................... 19 
Figura 4.Matéria sobre o assassinato de Plínio Henrique de Almeida Lima. ......................... 20 
Figura 5. Travesti morta por ser considerada ser um demônio. ............................................. 21 
Figura 6. Transexuais e travestis mortas em 2020. ................................................................ 21 
Figura 7. Pessoas LGBT mortas no Brasil. ........................................................................... 22 
Figura 8. Denúncias feitas ao Disque 100 em 2018 .............................................................. 23 
Figura 9. Denúncias ao disque 100 em São Paulo. ................................................................ 25 
Figura 10.São Paulo em Nível de Tolerância de 1 a 10 ......................................................... 26 
Figura 11. Locais com presença de casos de abuso. .............................................................. 27 
Figura 12. Personalidades LGBTQ+..................................................................................... 30 
 Figura 13. Folsom Street Fair .............................................................................................. 31 
Figura 14. Parada do Orgulho LGBTQ+ de São Paulo ......................................................... 32 
Figura 15. Distrito Cultural de Castro. .................................................................................. 33 
 Figura 16. Fachada do Stonewall inn Bar ............................................................................ 37 
Figura 17. Capas dos tabloides Lampião da esquina e ChanacomChana ............................... 37 
Figura 18. Noite de 19 ago. 1983 no Ferro’s Bar .................................................................. 38 
Figura 19. Marcha de encerramento da 17ª conferência internacional LGBT ........................ 38 
Figura 20. Bandeira do orgulho LGBTQ+ 6 cores. ............................................................... 39 
Figura 21. Replica da bandeira original com 8 cores, algodão tingido................................... 41 
Figura 22. Bandeiras para os outros segmentos LGBTQ+ .................................................... 42 
Figura 23. Parada LGBTQ+ de Nova York .......................................................................... 44 
Figura 24. Reportagem Parada LGBT movimenta 403 milhões. ........................................... 45 
Figura 25. Parada LGBTQ+ de Nova York .......................................................................... 45 
Figura 26 Parada LGBTQ+ de São Paulo ............................................................................. 46 
Figura 27. Percepção de tolerância LGBTQ+ ....................................................................... 47 
Figura 28. Sofrido ou presenciado discriminação LGBTQ+ por região de São Paulo ............ 48 
Figura 29. Meios de Informações sobre direitos LGBTQ+ ................................................... 49 
Figura 30. São Paulo com Respeito ...................................................................................... 49 
Figura 31.Materia sobre Parada GLBT dos anos 2000 .......................................................... 56 
Figura 32.Materi de capa VII Parada do Orgulho GLBT ...................................................... 58 
Figura 33. Parada GLBT na Av. Paulista .............................................................................. 60 
 
 
 
Figura 34. Nem santo te protege, use camisinha ................................................................... 61 
Figura 35. Basta de Homofobia GLBT ................................................................................. 62 
Figura 36. Elenco de Sense8 na Parada de 2016 ................................................................... 63 
Figura 37. XXIII Parada do Orgulho LGBTQ+ de SP .......................................................... 64 
Figura 38. As paradas de SP ................................................................................................. 65 
Figura 39.Ney Matogrosso em programa do show "Seu tipo" ............................................... 69 
Figura 40. Dzi Croquettes .................................................................................................... 69 
Figura 41. Prêmio MTV EMA 2019: melhor artista brasileiro .............................................. 70 
Figura 42. Quem tem medo de travesti, Coletivo As Travestidas .......................................... 70 
Figura 43. Encontros Nacionaispara Políticas LGBTQ+ ...................................................... 77 
Figura 44.Vale do Anhangabaú, local favorito para aventuras socialização homoerótica nos 
anos 20 e 30. ........................................................................................................................ 81 
Figura 45. Cinema Art Palacio ............................................................................................. 82 
Figura 46. Paribar na Praça Dom José Gaspar ...................................................................... 85 
Figura 47. Fotomontagem da inserção urbana do edifício e galeria metrópole ...................... 86 
Figura 48. Wilza Carla chega montada em elefante a boate Medieval ................................... 87 
Figura 49. Matéria Comerciantes apoiam rodas de Richetti .................................................. 90 
Figura 50. Corintho em noite Broadway. .............................................................................. 91 
Figura 51. Manifestantes se beijam durante protesto feito no shopping Frei Caneca ............. 92 
Figura 52. Capas dos Guias da cidade de São Paulo ............................................................. 93 
Figura 53. Mapa com Locais LGBTQ+ ................................................................................ 95 
Figura 54. Mapa do Guia DiverCidade para locais LGBTQ+ em Pinheiros e Paulista/Jardins.
 ............................................................................................................................................ 97 
Figura 55. Mapa do Guia DiverCidade para Locais LGBTQ+ no Centro .............................. 98 
Figura 56. Capa do guia São Paulo LGBT ............................................................................ 99 
Figura 57. Mapa do São Paulo Guia LGBT ........................................................................ 100 
Figura 58. Localização da Subprefeitura da Sé com destaque para área das manchas de 
apropriação ........................................................................................................................ 102 
Figura 59. Mapas de machas de Apropriação ..................................................................... 102 
Figura 60. Cronologia Cartográfica do Largo do Arouche .................................................. 108 
Figura 61. Gráficos do perfil de usuários ............................................................................ 113 
Figura 62. Relação social com o Largo do Arouche ............................................................ 114 
Figura 63. Usuários e sua frequência no Largo ................................................................... 115 
Figura 64. Motivos de para uma frequência ........................................................................ 116 
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Figura 65. Variações de uso e idade do Largo baseado em horários .................................... 117 
Figura 66. As Transformações do Largo na visão dos frequentadores ................................. 118 
Figura 67. Os pontos de mudanças evidências pelos frequentadores ................................... 120 
Figura 68. A visão dos moradores ...................................................................................... 121 
Figura 69. A visão dos usuários e trabalhadores ................................................................. 122 
Figura 70.Sugestões de melhorias ...................................................................................... 123 
Figura 71. Atividades mais desejadas ................................................................................. 124 
Figura 72. Isométrica projeto do escritório Triptyque ......................................................... 124 
Figura 73. Implantação da proposta de requalificação ........................................................ 125 
Figura 74. Isométrica de inserção do projeto na quadra ...................................................... 126 
Figura 75. Fotomontagem de inserção com vista para o corredor central do largo............... 126 
Figura 76. Fotomontagem de inserção com vista para o mercado de flores ......................... 127 
Figura 77. Localização do Largo do Arouche em foto aérea ............................................... 128 
Figura 78. Mapa de condicionantes ambientais................................................................... 129 
Figura 79. Mapa de cheios e vazios .................................................................................... 130 
Figura 80. Mapa de áreas verdes e cobertura vegetal .......................................................... 131 
Figura 81. Mapa de hierarquia viária .................................................................................. 132 
Figura 82. Mapa de Fluxos nas vias publicas ...................................................................... 133 
Figura 83. Mapa de modais de transporte ........................................................................... 134 
Figura 84. Mapa de densidade demográfica (Hab./Ha.) ...................................................... 135 
Figura 85. Mapa de Vulnerabilidade Social ........................................................................ 136 
Figura 86. Mapa de predominância do uso do solo ............................................................. 137 
Figura 87. Mapa de bens tombados e áreas envoltórias ....................................................... 138 
Figura 88. Mapa de equipamentos públicos, comércios e serviços ...................................... 139 
Figura 89. Mapa de zoneamento ......................................................................................... 140 
Figura 90. Mapa de zoneamento ZEPEC ............................................................................ 141 
Figura 91. Foto aérea com destaque p/ Largo do Arouche .................................................. 142 
Figura 92. Gabarito de altura do entorno imediato .............................................................. 143 
Figura 93. Foto inserção ângulos 1 e 2 ............................................................................... 144 
Figura 94. Foto inserção ângulos 3, 4, 5, 6 e 7 .................................................................... 145 
Figura 95. Foto Inserção ângulos 8, 9, 10, 11 e 12 .............................................................. 146 
Figura 96. Foto inserção ângulos 13, 14, 15, 16 e 17 .......................................................... 147 
Figura 97. Foto inserção ângulos 18, 19, 20 e 21 ................................................................ 148 
Figura 98. Foto localização com evidência aos terrenos ..................................................... 149 
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Figura 99. Mapa dos lotes e de demolição .......................................................................... 150 
Figura 100. Parâmetros urbanísticos para o terreno A ......................................................... 151 
Figura 101. Parâmetro Urbanístico para o terreno B ........................................................... 152 
Figura 102. Foto Parque Los Bajos .................................................................................... 154 
Figura 103. Los Banjos em fluxos e programa .................................................................... 155 
Figura 104. Implantação Projeto Los Bajos ........................................................................ 156 
Figura 105. Cortes Projeto Los Bajos ................................................................................. 156 
Figura 106. Ligação projeto Los Bajos e a cidade ............................................................... 157 
Figura 107. Entrada SESC Birigui ...................................................................................... 158 
Figura 108. Planta de cobertura do Projeto SESC ............................................................... 159 
Figura 109. Manchas de áreas do SESC Birigui ................................................................. 160 
Figura 110. Elevação 1 e corte AA e DD ............................................................................ 160 
Figura 111. Foto interna do SESC Birigui .......................................................................... 161 
Figura 112. Espaço de exposições do escritório de artes e .................................................. 162 
Figura 113. Disposição angular das paredes moveis ........................................................... 163 
Figura 114. Dinâmica de mudanças do espaço da grande galeria ........................................ 164 
Figura 115. Espaço de convivência e, ao fundo espaço de exposição .................................. 165 
Figura 116. O edifico em meio aos fluxos da cidade ........................................................... 166 
Figura 117. Plantas baixas do edifício ................................................................................ 167 
Figura 118. Cortes do Edifício Residencial......................................................................... 168 
Figura 119. Átrio do hall de entrada ................................................................................... 168 
Figura 120. Átrio do hall de acesso ao edifício ................................................................... 168 
Figura 121. Pátio central para convivências do edifício ...................................................... 169 
Figura 122. Bandeira conceitual ......................................................................................... 172 
Figura 123. Mix de imagens referenciais ............................................................................ 173 
Figura 124. Fluxograma do Largo aos equipamentos .......................................................... 184 
Figura 125. volumetria do entorno com os terrenos de implantação livres .......................... 186 
Figura 126. Áreas de intervenção destacadas em preto ....................................................... 187 
Figura 127. Volume inicial dos edifícios ............................................................................ 187 
Figura 128. O Largo ampliado e seus equipamentos ........................................................... 188 
Figura 129. Estudo de recorte dos edifícios ........................................................................ 188 
 
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RESUMO 
 
A violência à parcela populacional LGBTQ+ matou no Brasil dos anos 2000 a 2019, 4.809 
pessoas por conta de discriminação a sua expressão e/ou orientação sexual, essa problemática 
necessita ser discutida em sociedade de forma a diminuir ou sanar a violência discriminatória 
LGBTQ+, promovendo uma sociedade diversificada baseada no respeito ao outro. 
Neste Trabalho Final de Graduação, do curso de Arquitetura e Urbanismo, será abordado uma 
proposta de espaço público aliado a cultura e Direitos Humanos que destaque a importância das 
relações sociais como meio essencial para sanar a vulnerabilidade social dessa parcela 
populacional, além de promover a cultura LGBTQ+ e o sentimento de pertencimento ao 
território. O projeto está localizado no Largo do Arouche, uma região central da cidade de São 
Paulo - SP, Brasil, e virá baseado em estudos que apresentam as dinâmicas sociais LGBTQ+ 
na cidade desde 1920, demarcando o território e evidenciando potencialidades territoriais. 
O objetivo da proposta é contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade igualitária, 
diversificada e respeitosa, promovendo as potencialidades do indivíduo e o sentimento que esse 
passa a ter sobre o território que conte a história do movimento a que pertence. 
 
PALAVRAS-CHAVE: LGBT; Violência LGBT; Largo do Arouche; Revitalização; 
Arquitetura cultural. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Violence against the LGBTQ + population killed in Brazil from the years 2000 to 2019, 4,809 
people because of discrimination, their expression and / or sexual orientation, this problem 
needs to be discussed in society in order to reduce or remedy discriminatory LGBTQ + violence, 
promoting a diversified society based on respect for the other. 
In this FinalGraduation Work, from the Architecture and Urbanism course, a proposal for a 
public space combined with culture and Human Rights will be discussed, highlighting the 
importance of social relations as an essential means to remedy the social vulnerability of this 
population, in addition to promoting culture LGBTQ + and the feeling of belonging to the 
territory. The project is located in Largo do Arouche, a central region of the city of São Paulo - 
SP, Brazil, and will come based on studies that present the LGBTQ + social dynamics in the 
city since 1920, demarcating the territory and showing territorial potential. 
The purpose of the proposal is to contribute to the development of an egalitarian, diversified 
and respectful society, promoting the individual's potential and the feeling that he starts to have 
about the territory that tells the history of the movement to which he belongs. 
 
KEYWORDS: LGBT; LGBT violence; Largo do Arouche; Revitalization; Cultural 
architecture. 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................15 
1. LGBTQ+: DE 1969 Á UMA AFIRMAÇÃO DE DIREITO ......................................................................35 
1.1 UM BREVE PANORAMA ...............................................................................................................................36 
1.2 UM SÍMBOLO DE AMOR E REPRESENTATIVIDADE ..........................................................................................39 
1.3 PARADA LGBTQ+ E SUA IMPORTÂNCIA ......................................................................................................42 
1.4 A CIDADE DE SÃO PAULO ............................................................................................................................46 
 1.4.1 Um panorama estatístico: Intolerância ................................................................................................47 
 1.4.2 Por uma cidade afirmativa ..................................................................................................................49 
 1.4.3 A Parada LGBTQ+ ............................................................................................................................51 
2. O ESPAÇO LGBTQ+: AS RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS E O TERRITORIO BRASILEIRO ......66 
2.1 O DIREITO À CIDADE COMO TERRITÓRIO.......................................................................................................78 
2.2 AS DINÂMICAS DE APROPRIAÇÃO DO TERRITÓRIO LGBTQ+ DE SÃO PAULO ..................................................81 
 2.2.1 Territórios LGBTQ+ passiveis de uma reafirmação........................................................................... 101 
3. O LARGO DO AROUCHE ..................................................................................................................... 104 
3.1 A REQUALIFICAÇÃO .................................................................................................................................. 112 
 3.1.1 Perfil do Usuário .............................................................................................................................. 112 
 3.1.2 Polaridades ...................................................................................................................................... 115 
 3.1.3 Percepções ....................................................................................................................................... 118 
 3.1.4 A proposta da Triptyque Arquitetura................................................................................................. 124 
3.2 ANÁLISE DE CONDICIONANTES .................................................................................................................. 127 
3.3 O TERRENO .............................................................................................................................................. 144 
3.4 PARÂMETROS URBANÍSTICOS .................................................................................................................... 151 
4. ESTUDO DE CASO ................................................................................................................................ 153 
4.1 PARQUE LOS BAJOS .................................................................................................................................. 154 
4.2 SESC BIRIGUI .......................................................................................................................................... 158 
4.3 SEATTLE OFFICE OF ARTS AND CULTURE .................................................................................................. 162 
4.4 LA BREA AFFORDABLE HOUSING .............................................................................................................. 166 
5. A PROPOSTA ......................................................................................................................................... 170 
5.1 CONCEITO ................................................................................................................................................ 172 
5.2 REFERENCIAS PROJETUAISZ....................................................................................................................... 173 
5.3 PARTIDO ARQUITETÔNICO ......................................................................................................................... 175 
5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................................................................................. 176 
 5.4.1 Programa ......................................................................................................................................... 178 
 5.4.2 fluxograma ....................................................................................................................................... 184 
5.5 ESTUDO VOLUMÉTRICO ............................................................................................................................ 186 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 189 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
IN
T
R
O
D
U
Ç
Ã
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Figura 1. Homofobia mata. 
 
Fonte: Charge de Ribs. (2016) 
 
Baseado nos estudos da psicologia social, entende-se preconceito como uma atitude 
negativa, que o indivíduo está disposto a sentir, pensar e conduzir-se em relação a determinado 
grupo de forma negativa previsível (MORRIS e MAISTO, 2004). De acordo com Allport 
(1954) o homem não nasce preconceituoso, ele é ensinado a ter preconceito, podendo ter 
atitudes hostis a uma pessoa ou grupo de pessoas apenas por eles pertencerem a um grupo a 
qual atribui qualidades objetáveis, e enfatiza que o julgamento resiste aos fatos e ignora a 
verdade, de modo a cegar o indivíduo a respeito da qualidade alheia. Já para Adorno (1950) o 
preconceito vem de uma personalidade autoritária ou intolerante, onde as pessoas tendem a 
defender as normas e o respeito as tradições sociais e são hostis a aqueles que desafiam as regras 
sociais. Com base nas teorias de Adorno (19050) e Allport (1954) concluísse que o preconceito 
é uma construção sociocultural, são crenças formadas e transmitidas de geração em geração 
onde um determinado afeto surge em resposta a uma ação vinculada as crenças socioculturais, 
que está vinculado diretamente ao comportamento, de forma que sentimentos positivos tendem 
a uma predisposição a aproximação, assim como sentimentos negativos tendem ao 
distanciamento e aversão. 
Muito frequente na vida de Lesbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais, 
Transgêneros, Queer e outros (LGBTQ+) em decorrênciade preconceito, a violência faz parte 
da vivencia em sociedade, como vemos no fragmento extraído do relatório mundial sobre 
violência e saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a violência como uma 
intenção seguida da realização de ato violento, independentemente do tipo de ação produzida, 
os quais estão subdivididos em 3 categorias: a violência autodirigida, onde o indivíduo é o 
veículo da agressão, podendo cometer automutilação e suicídio; a violência interpessoal, 
subdividida em violência familiar na qual, por exemplo pode haver abuso sexual ou maus tratos 
a idosos e violência comunitária que pode não ter relação pessoal e acontecem geralmente fora 
do lar; e pôr fim à violência coletiva que se subdivide em violência social, onde geralmente são 
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cometidos crimes de ódio e a violência política com os atos de guerra como exemplo; e a 
violência econômica onde ataques tem a finalidade de desintegrar a atividade econômica. 
Uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si 
próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou 
tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, 
deficiência de desenvolvimento ou privação. (KRUG et al., 2002) 
 
Um termo que está diretamente relacionado aos conceitos de violência e preconceito é 
LGBTQfobia, e para contextualizar uma definição é preciso entender primeiro o que é fobia, 
que segundo o dicionário Michaelis (2020), definisse fobia como falta de tolerância, aversão, 
intolerância e rejeição; a partir deste conceito é possível montar a definição para LGBTQfobia, 
no caso sendo uma aversão a pessoas LGBTQ+. 
A Presidenta da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB) Maria B. Dias, define LGBTQfobia como qualquer ato ou 
manifestação de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, 
e ressalta que o termo homofobia é o mais comum de uso e que também se refere ao grupo 
LGBTQ+ como um todo (DIAS, 2010). É comum dentro do termo utilizado para o grupo como 
um todo existir termos mais específicos a fim de promover e representar causas especificas de 
um seguimento LGBTQ+, como exemplo transfobia, termo utilizado para classificar atitudes 
ou sentimentos negativos e/ou violentos contra pessoas trans., o que inclui travestis, transexuais 
e transgêneros. 
Na visão de Borrilho (2010) o termo homofobia também é utilizado para representar 
toda a comunidade LGBTQ+, e entender homo/LGBTQfobia simplesmente a uma aversão, 
intolerância ou rejeição é limitar-se ao entendimento do ato fóbico e no modo como se pensam 
as soluções somente em medidas voltadas a minimizar os efeitos de sentimentos e atitudes de 
indivíduos ou de grupos homofóbicos. No fragmento extraído de seu livro, Borrilho define 
homofobia como um sentimento a quebra da heteronormatividade, e como resposta a essa 
quebra, o ato homofônico pode vir a acontecer a fim de manter uma hierarquia de poder, ele 
também ressalta que a homofobia pode vir a ser invisível aos olhos de quem não é a vítima, 
mas é cotidiana e está associada a um julgamento feito sem uma reflexão, aceito sem 
questionamento, favorecendo a heteronormatividade um status de poder. 
Medo de que a valorização dessa identidade seja reconhecida; ela se 
manifesta, entre outros aspectos, pela angústia de ver desaparecer a fronteira e a 
hierarquia da ordem heterossexual. [...] Invisível, cotidiana, compartilhada, a 
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homofobia participa do senso comum, embora venha a culminar, igualmente, em uma 
verdadeira alienação dos heterossexuais. (BORRILHO, 2010) 
 
Baseando-se nas definições apresentadas, é possível compreender o quadro de violência 
e preconceito LGBTQ+ no Brasil, sendo o país que mais mata LGBTQ+ no mundo, onde crimes 
contra pessoas LGBTQ+ são recorrentes e dos mais diversos tipos. Em entrevista à Agência 
Brasil, Luiz Mott, que é Prof. Dr. em antropologia pela Unicamp e ativista LGBTQ+ afirma: 
Há décadas o Brasil é campeão mundial nos crimes contra a população 
LGBT. Comparativamente ao EUA, por exemplo, matamos de 30 a 40 LGBT por 
mês, enquanto lá morrem 20 por ano. O principal motivo é a LGBTfobia individual e 
cultural, que incrementa os crimes letais no nosso país. (Mott, 2016) 
 
Fundado em 1980 por Luiz Mott, o Grupo Gay da Bahia (GGB) é uma sociedade civil 
de direitos humanos homossexuais no Brasil, e vem contabilizando dados sobre as vítimas de 
LGBTQfobia a 40 anos no Brasil, com base em seus relatórios realizados a partir da coleta de 
notícias em veículos de imprensa, internet e informações pessoais, é perceptível o crescente 
número de assassinatos por motivação LGBTQfobica, evidenciando que nos anos 2000 foram 
130 assassinatos e com um salto de 100% em 2010 o número chegou a 260, em 2016 a contagem 
foi de 343 vítimas. Em nenhum dos anos anteriores o número tinha chegado a este patamar tão 
alto, mas foi superado no ano seguinte, como estar evidenciado na fig. 7, uma pessoa a cada 
25h era brutalmente assassinada, números suficientes para afirmar que mataram mais LGBTQ+ 
no Brasil do que nos 13 países com pena de morte para pessoas LGBTQ+ em 2016. (GGB, 
2016) 
Dos 343 assassinatos contabilizados no ano de 2016, 173 eram gays (50%), 144 (42%) 
trans. (travestis e transexuais), 10 lésbicas (3%), 4 bissexuais (1%), incluindo 12 heterossexuais, 
como os amantes de transexuais, parente ou conhecidos que foram mortos por algum 
envolvimento com a vítima. Dentre as vítimas estão: o professor universitário Elessandro 
Milan, 34 anos, de Porto Velho, foi violentamente degolado e esquartejado; Wagner Pereira, 
comerciante de Belém, foi morto com 80 facadas; em Santa Luz, Bahia, dois professores foram 
encontrados carbonizados dentro do porta malas de um carro; a travesti Brenda foi espancada e 
jogada de cima de uma alta passarela em Castanhal, Pará; R.S., homem-transexual, 17 anos, foi 
executado com 17 tiros e teve o corpo arrastado por um carro em Porto Alegre. (GGB, 2016) 
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Figura 2.Matéria sobre o assassinato de Itaberly Lozano 
 
Fonte: Revista VEJA. (2017) 
 
Em 2017, 445 LGBTQ+ morreram no brasil, sendo 387 vítimas de assassinatos e 58 
suicídios, um aumento de 30% em comparação com os dados do ano anterior, a contagem foi 
de 1 a cada 19 horas. Seguindo a tendência dos anos anteriores, a causa mortis 
predominantemente foi o uso de arma de fogo (30,8%), seguido por armar brancas 
perfurocortantes (25,2%), sendo 37% das mortes ocorridas dentro da própria residência, 56% 
em vias públicas e 7% em estabelecimentos privados. (GGB, 2017) 
Algumas vítimas de 2017: a travesti Stefany, de Boa Vista (RO) 27 anos, foi morta com 
23 facadas; a lésbica Nilda Pereira, 35 anos, residente em Coruripe, (AL), foi encontrada nua 
no quintal de sua casa, “com o corpo completamente perfurado”; o padre Pedro Gomes Bezerra, 
49 anos, de Borborema (PB) foi massacrado com 29 facadas dentro da casa paroquial. Lucas 
Carvalho, 17 anos, de Aracagy, região metropolitana de São Luís, executado com requintes de 
crueldade, foi estuprado por um grupo de agressores, o corpo mostrando sinais de perfurações, 
espancamento e a cabeça degolada. (GGB, 2017) 
 
Figura 3. Matéria sobre o assassinato de Dandara dos Santos 
 
Fonte: Portal de notícias G1. (2017) 
 
Em 2018, o número de vítimas foi de 420, sendo 320 homicídios e 100 suicídios. 
Seguindo o padrão dos anos anteriores em termos absolutos predominam a morte de gays 
(45%), seguido de transexuais e travestis (39%), Lesbicas (12%), bissexuais (2%) e heteros 
(1%) que foram confundidos como homossexuais ou tinha envolvimento LGBTQ+. (GGB, 
2018) 
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Vítimas de 2018: a transexual Fernanda, 30 anos, de Rio Brilhante (MS),foi apedrejada, 
espancada e morta numa via pública com 80 facadas; o artista plástico Cedric Madala, 33 anos, 
gay de Parati (RJ), foi assassinado com tiros na cabeça e sua casa incendiada; em São Paulo, o 
jovem gay Plínio Lima, após ser alvo de insultos homofóbicos, foi esfaqueado por dois 
agressores quando passeava a noite de mãos dadas com seu marido pela Avenida Paulista; 
Lourinaldo Ribeiro, 52 anos e seu companheiro por trinta anos, o médico Antônio Francisco 
Ribeiro, 56, foram cruelmente torturados dentro de sua residência, mortos a facadas; a travesti 
Anninha, negra e pobre, de Colatina (ES), foi decapitada e castrada. (GGB, 2018) 
 
Figura 4.Matéria sobre o assassinato de Plínio Henrique de Almeida Lima. 
 
Fonte: Portal de notícias G1. (2018) 
 
Em 2019, 329 LGBTQ+ foram vítimas de morte violenta no Brasil, sendo 297 
homicídios e 32 suicídios, onde 111 casos ocorreram dentro da residência da vítima e 218 em 
locais públicos ou de uso público, dos 329 casos, 50 aconteceram em São Paulo, o estado que 
apareceu em primeiro lugar no Ranking de mortes representando 15,2% do total compilado. 
Comparativamente aos anos anteriores, 2019 surpreende com uma redução de mortes violentas, 
26% comparado a 2017, segundo o prof. Luiz Mott, a explicação mais plausível para a queda 
se deve ao discurso homofônico do Presidente da República e sobretudo as mensagens 
aterrorizantes de seus seguidores em redes sociais, levando a minoria LGBTQ+ a manter uma 
cautela maior, tendo um comportamento preventivo, evitando situações de risco onde seria uma 
próxima vítima, outra explicação plausível é a dificuldade em contabilizar os dados uma vez 
que não reconhecida a identidade LGBTQ+ da vítima, os assassinatos não são tipificados como 
crime de ódio por LGBTQfobia (GGB, 2019). 
Algumas vítimas em 2019 são: a travesti Kelly de 35 anos, teve rosto desfigurado a 
garrafadas, o coração arrancado e o buraco recheado com cacos de vidro em campinas, SP; 
Simão Cunha de 30 anos, foi assassinado com facadas nas costas no centro histórico de João 
Pessoa; o jovem gay Adson Cruz de 24 anos, morto a tiros enquanto bebia com amigos em uma 
praia em Vera Cruz, BA; Vick de Luca Jugnet, travesti de 18 anos cometeu suicídio após relatar 
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a mãe ter medo do cenário político atual, das ameaças, das perseguições e medo sair na rua em 
Brasília, DF; Anderson Sobral de 32 anos foi morto com golpes de faca nas costas em Caruaru, 
PE e tinha sinais de luta corporal; Jeckson Silver de 25 anos foi assassinado de forma barbara 
com golpes de faca nas costas, Recife, PE (GGB, 2019). 
 
Figura 5. Travesti morta por ser considerada ser um demônio. 
 
Fonte: Portal de notícias G1. (2019) 
 
O GGB não divulgou seu relatório de mortes do primeiro semestre de 2020, mas os 
casos continuam a ser noticiados em veículos de imprensa. (Ver fig. 6) 
 
Figura 6. Transexuais e travestis mortas em 2020. 
 
Fonte: Portais de notícias G1/Estado de Minas/OPovo adaptado pelo autor. (2020) 
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De acordo com o advogado Eduardo Michels, que é responsável pelas pesquisas de 
pessoas LGBTQ+ mortas no Brasil desde 2011 do GGB, os dados estabelecidos na fig. 7 
representam vidas perdidas por motivos LGBTQfóbicos, ele também afirma no fragmento 
abaixo retirado do relatório de 2017, que seus relatórios não partem de um dado oficial, já que 
não se tem uma base de dados oficial do governo que determinam a motivação LGBTQfobica. 
tais números alarmantes são apenas a ponta de um iceberg de violência e 
sangue, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, tais 
mortes são sempre subnotificadas já que o banco de dados do GGB se baseia em 
notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais. A falta de estatísticas 
oficiais, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, prova a incompetência e 
homofobia governamental. (Michels, 2017) 
 
Figura 7. Pessoas LGBT mortas no Brasil. 
 
Fonte: Grupo Gay da Bahia adaptado pelo autor (2019) 
 
Um dado oficial do governo são os relatórios de denúncias do Ministério da Mulher, da 
Criança e dos Direitos Humanos, as denúncias aqui apresentadas foram feitas pelo disque 100 
no seguimento LGBTQ+, registrando denúncias que vão de violência psicológica até violência 
sexual. Na fig. 8 podemos visualizar os tipos de casos registrados e o número de denúncias 
feitas no ano de 2018 em todo o território nacional, é notório que a discriminação e a violência 
psicológica foram os mais denunciamos com os respectivos números, 1189 e 808 denúncias. 
Os tipos de violência evidenciados na fig. 8 estão correlacionados, um pode vir a ser o resultado 
da ação de outro, como exemplo uma ameaça de morte, que está caracterizada em violência 
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psicológica, pode vir a se tornar uma violência física com o assassinato do ameaçado. Entender 
algumas das tipologias de violência evidenciadas na fig. 8 é fundamental para ter a noção de 
como elas se correlacionam e influenciam umas às outras. 
 De acordo com o Ministério da Saúde (2001) a violência psicológica pode vir a ser 
ameaças, humilhações, chantagens, sendo a modalidade de violência com maior dificuldade 
para ser identificada mesmo sendo bastante frequente, e faz com que a pessoa se sinta 
desvalorizada, menosprezada, podendo ter um quadro de depressão e vir a cometer suicídio. 
Já os atos de discriminação, são baseados na violação do Artigo 7, da Declaração Mundial dos 
Direitos Humanos (1948), e consiste em distinguir um indivíduo do coletivo prejudicando o 
indivíduo em contexto social, cultural, político e econômico, como exemplo quando uma 
travesti é marginalizada e colocada como classe inferior na sociedade. 
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual 
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que 
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
(Declaração Mundial dos Direitos Humanos, 1948) 
 
Figura 8. Denúncias feitas ao Disque 100 em 2018 
 
Fonte: Ministério Mulher, da Família e dos Direitos Humanos adaptado pelo autor (2019) 
 
Um fator que representa uma origem para as demais violências evidenciadas na fig. 8 é 
a discriminação institucional, ela está presente em todas as instâncias da sociedade e algumas 
vezes é reproduzida de forma involuntária, mesmo quando não há a intenção para discriminar, 
por esta localizada em uma construção social perpetuada por gerações e influenciadas pelas 
crenças desses grupos. Pocahy (2007) demonstra a dinâmica da interação entre discriminação 
indireta e a sociedade de forma a construir parâmetro para determinar a discriminação 
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institucional, ressaltando que em uma cultura heterossexista, condutas individuais e dinâmicas 
institucionais, formais e informais, reproduzem de forma intencional ou não os parâmetros de 
uma sociedade hegemonicamente heterossexual como norma sociocultural, naturalizando a 
heterossexualidade e restringindo, excluindo e anulando o reconhecimento dos Direitos 
Humanos e as liberdades fundamentais daqueles que não se moldam nos parâmetros 
heteronormativos. 
Independentemente da intenção, a discriminação é um fenômeno que lesiona 
direitos humanos de modo objetivo. [...] Mesmo onde e quando não há vontade de 
discriminar, distinções, exclusões, restrições e preferências injustas nascem, crescem 
e se reproduzem, insuflando força e vigor em estruturas sociais perpetuadoras de 
realidades discriminatórias. [...] De fato, muitas vezes a discriminação é fruto de 
medidas, decisões e práticas aparentemente neutras, desprovidas de justificação e de 
vontade de discriminar, cujos resultados, no entanto, têm impacto diferenciado 
perante diversos indivíduos e grupos, gerando e fomentando preconceitos e 
estereótipos inadmissíveis. (POCAHY, 2007).Nesta linha de raciocínio, Pocahy (2007) enfatiza a importância do contexto social e 
organizacional como origem dos preconceitos e comportamentos discriminatórios. Os 
parâmetros estabelecidos para discriminação institucional são percebidos na forma direta da 
discriminação subdivididos em três principais manifestações: a discriminação explicita, ocorre 
quando uma diferenciação injusta é explicitamente adotada, como quando a orientação ou 
expressão sexual é parâmetro para seleção; a discriminação na aplicação, ocorre quando 
independentemente das intenções do instrutor, a diferenciação ocorre de modo proposital na 
execução da medida, exemplo disso é um processo de seleção para uma vaga de emprego o 
recrutador usufrui de padrões sociais com base em suas crenças para selecionar um candidato; 
e a discriminação na elaboração ou tratamento, a qual atua de forma que possa inferir, literal e 
diretamente, a diferenciação, isto ocorre quando uma medida adota exigências que, 
aparentemente neutras, foram concebidas, de modo intencional, para causar prejuízo a certo 
indivíduo ou grupo, exemplo é o Art. 235 do Código Penal Militar (1969), no qual está disposto 
“Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em 
lugar sujeito a administração militar. Pena de detenção de 6 meses a um ano” (POCAHY, 2007). 
A construção social atual teve em sua formação os padrões heteronormativos e a partir 
dessa base em relação a uma discriminação institucional, a sociedade reproduz atos 
discriminatórios muito sem perceber a gravidade das ações por conta de uma padronização que 
determinou a tempos que uma diversidade sexual e uma afirmação de gênero iria contra a ideia 
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do Homem hetero provedor da sociedade, esses padrões influenciariam as dinâmicas de viver 
em sociedade, pode-se notar como exemplo que a retirada do debate sobre diversidade sexual 
em escolas é uma forma adotada como discriminação Institucional, uma vez que o livre discurso 
proporciona questionamentos e compreensões que colaboram para uma reconstrução de 
padrões, ou as ideologias religiosas que defendidas como lei suprema invalidam 
posicionamentos de afirmação sexual e gênero, um outro exemplo de discriminação 
institucional é a dificuldade para ter travestis e transsexuais sem passibilidade em funções 
empregatícias ditas normais e uma facilidade maior para encontrar as mesmas em trabalhos 
sexuais, uma vez que em meio a prostituição, muitas vezes a noite e em determinados locais, 
ficam isoladas de uma sociedade julgadora, também é exemplo de uma discriminação 
institucional a dificuldade para que agentes policiais e órgãos públicos caracterizem atos 
LGBTQfobico como tal ou o que reconheçam a identidade de gênero de pessoas LGBTQ+. 
 
Figura 9. Denúncias ao disque 100 em São Paulo. 
 
Fonte: Ministério Mulher, da Família e dos Direitos Humanos adaptado pelo autor. (2020) 
 
Em 2017 o número de denúncias copiladas foi de 1.720, desses casos 193 são 
homicídios, o número é 127% maior que o registrado em 2016. Já em São Paulo o número anual 
de denúncias não sai dos 3 dígitos desde o início das coletas pelo disque 100 do MDH (Ver fig. 
9), representando que a intolerância está presente e seus números demonstram uma constância 
durantes anos. Pode entender a fig. 9 de duas formas, uma onde a vítima tem a coragem para 
fazer a denúncia a seu agressor, mostrando que se sentem mais encorajadas a denunciar por 
reconhecer seus direitos, mas deixa em aberta a ideia de que várias outras não chegam a 
denunciar por medo subnotificando os casos; a outra forma que se pode analisar a fig. 9 é 
entendendo que a constância nas denúncias demonstram que não se houve avanços em relação 
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a defesa dos direitos LGBTQ+ e na disseminação dos ideais de igualdade, onde os números 
refletem que os agressores não se inibem em produzir atos de intolerância. 
A precariedade de coleta e compilação de dados de violência LGBTQ+ demonstra que 
falta empenho de órgãos públicos em promover auxílio a minoria, grupo marginalizado dentro 
da sociedade devido aos aspectos de orientação e expressão sexual. Mais da metade dos 
Paulistanos já sofreu ou presenciou cenas de preconceitos contra pessoas LGBT em espaços 
públicos na cidade de São Paulo segundo a pesquisa da diversidade realizada pela organização 
da sociedade civil Rede Nossa São Paulo em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião 
Pública e Estatística (IBOPE, 2019). De acordo com a pesquisa, a população de São Paulo em 
uma escala de 1 a 10, tinha nota de 6,3 para tolerância a atos e ações LGBTQ+ no ano de 2018 
e esse número tem queda significativa no ano de 2019 com uma média de 5,9 (ver fig. 10). E 
tratando de regionalidade, o centro tem média de 6,1 de aceitação enquanto a região sul é muito 
mais intolerante com média de 5,4. 
 
Figura 10.São Paulo em Nível de Tolerância de 1 a 10 
 
Fonte: IBOPE adaptado pelo autor (2019) 
 
Esta intolerância é fator da falta de segurança para a parcela LGBTQ+ da população de 
São Paulo, evidenciando que a queda do ano de 2018 para 2019 demonstra a necessidade de 
uma discursão mais ampla em relação ao respeito as causas LGBTQ+, buscando esclarecer e 
sensibilizar a todos, principalmente as parcelas menos favoráveis ao tema. 
Com base na pesquisa, o gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio 
afirma que a cidade de São Paulo é hostil para o público LGBTQ+, e que por mais que a 
população LGBTQ+ seja estimada em 5% da população da capital, 4 de cada 10 entrevistados 
já viveram ou presenciaram algum tipo de preconceito em espaços ou transporte públicos, 
evidenciando a necessidade de investimentos em políticas públicas voltadas as questões de 
direitos LGBTQ+. 
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Esses dois espaços são os mais violentos com essa população. Neste sentido, é 
fundamental que o poder público, principalmente o Executivo, invista em políticas 
públicas que tirem a invisibilidade das questões relativas à população LGBT. 
(Sampaio, 2018) 
 
Como relatado anteriormente pelo GGB, poucos assassinatos ocorreram na casa da 
vítima, evidenciando que as ruas são os lugares mais perigosos. Tendo como exemplo a situação 
de travestis e transexuais que trabalham com a prostituição, estar nas ruas, algumas vezes sem 
a presença de outras, é estar arriscando sua vida por aumentar a vulnerabilidade diante das 
inúmeras violências físicas e psicológicas a que são submetidas, de acordo com a Associação 
Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA, 2019) 64% dos assassinatos Trans. ocorridos 
em 2019 aconteceram nas ruas, sendo São Paulo o estado que mais matou trans. em 2019, foram 
21 assassinatos. 
De acordo com a pesquisa viver em São Paulo – direitos LGBT, depois dos espaços e 
transportes públicos, as escolas e faculdades, shoppings e comércios, bares e restaurantes são 
os locais que tem a maior frequência em ações de intolerância LGBTQ+ (ver fig. 11), é notório 
que mesmo sendo locais privados, eles são de uso público e fazem parte da vivência em 
sociedade, evidenciando que ter sofrido ou presenciado situações de discriminação em relação 
a identidade de gênero ou expressão sexual nestes lugares impactam diretamente na percepção 
de tolerância na cidade de São Paulo. 
 
Figura 11. Locais com presença de casos de abuso. 
 
Fonte: IBOPE adaptado pelo autor (2019) 
 
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Percebesse o quanto é necessária uma investida mais profunda em defesa da minoria, e 
que a informação e conhecimento são os melhores aliados para sanar o preconceito e os atos de 
violência. Em entrevista na semana de combate a LGBTQfobia em 17 de maio de 2018, o então 
ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha afirmava: 
Todas as pessoas podem estar sujeitas a violência.No entanto, a população 
LGBT é vítima de uma violência adicional: são agredidas e discriminadas por serem 
aquilo que são. Este é um exemplo de ódio e intolerância que precisamos combater 
enquanto sociedade. (Rocha, 2018) 
 
Como iniciativa, o extinto Ministério dos Direitos Humanos (MDH, 2018) vinha 
fazendo um trabalho em promover o esclarecimento em relação à naturalidade das múltiplas 
orientações e expressões sexuais, o intuito era levar informação para a população mais carente 
de conhecimento a fim de sanar a discriminação, como exemplo a campanha “deixe seu 
preconceito de lado, respeite as diferenças” que tratava de explicar a vivencia LGBTQ+, 
relatando formas de como tratá-los com respeito, explicar que não é doença, mostrar a 
diversidade dentro da comunidade e quão rica é a cultura LGBTQ+, assim como a instituição 
do Pacto Nacional de Enfrentamento a Violência LGBTQfobica, onde em sua Clausula 
Segunda, determinava as atribuições do pacto, como a criação de uma estrutura para promoção 
de políticas para LGBTQ+; instrumentalizar equipamentos nos órgãos estaduais para 
atendimento adequado a população LGBTQ+; elaborar e estabelecer planos de ações para o 
enfrentamento a violência LGBTQfobica; e cooperar com ações da sociedade civil para a 
promoção de ações que combatam a violência LGBTQfobica. 
No programa do Governo Federal “Brasil sem Homofobia” (2004) foram determinadas 
diretrizes para atingir os objetivos de sanar a problemática da LGBTQfobia, tais como: Apoio 
a projetos de fortalecimento de instituições públicas e não governamentais que atuem na 
promoção da cidadania homossexual e/ou no combate a homofobia; a capacitação de 
profissionais e representantes do movimento homossexual que atuem na defesa dos direitos 
humanos; disseminação de informação sobre direitos de promoção de autoestima homossexual; 
e o incentivo à denúncia de violações dos direitos humanos de segmento LGBTQ+. Neste 
âmbito, se inseria o também extinto Ministério da Cultura (MinC), com projetos visando o 
direito a cultura, como exemplo a criação do grupo de trabalho da promoção da cidadania GLBT 
(2004), com o intuito de elaborar um plano para fomento, incentivo e apoio as produções 
artísticas e culturais que promovam a cultura e a não discriminação; o lançamento de edital em 
apoio as paradas de orgulho LGBTQ+ (2005) visando apoio massivo a produção de bens 
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culturais e eventos de afirmação sexual e cultural; o estimulo e apoio a distribuição, circulação 
e acesso aos bens e serviços culturais com temática ligada ao combate a homofobia e a 
promoção da cidadania LGBTQ+ por meio do edital de premiação de monografias, 
dissertações, teses, ensaios, e contos de temática LGBTQ+ (2005) (MinC, 2007). 
Dentre as áreas onde o grupo de trabalho em conjunto ao Ministério da Cultura atuou, 
destacou o apoio as Paradas do Orgulho LGBTQ+, tendo em vista uma maior visibilidade na 
sociedade brasileira e o poder de mobilização dentro da própria comunidade LGBTQ+, cabe 
destacar que as paradas são eventos culturais difundidos internacionalmente, e em São Paulo a 
parada é considerada um dos maiores eventos culturais público. A singularidade das paradas 
LGBTQ+ no Brasil transforma o evento em uma distinta manifestação onde incorpora 
elementos tradicionais das linguagens artísticas e elementos culturais brasileiros, dando uma 
identidade original para a manifestação em território nacional. Um dos objetivos de apoio do 
MinC. as paradas foi o fortalecimento destas manifestações incentivando o crescimento e 
ampliando as expressões culturais durante o evento, como mostras de cinema e teatro, 
espetáculos musicais, palestras, debates e premiações de expressões artísticas LGBTQ+ (MinC. 
2007). 
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 
seus princípios para cultura conceituasse que a cultura assume diversas formas no tempo e no 
espaço e está diretamente ligada a singularidade e a diversidade das identidades de grupos e 
sociedades, também afirma que a diversidade cultural é necessária para a humanidade, uma vez 
que configura uma herança comum, ela deve ser afirmada e reconhecida em benefício de 
gerações presentes e futuras, afirmasse também que é essencial garantir uma interação 
harmoniosa entre pessoas e grupos com identidade culturais diferentes. A UNESCO também 
define que o conteúdo cultural é um significado simbólico, de dimensão artística e valores 
culturais que tem origem em identidades ou expressam identidades, no qual a expressão cultural 
é o resultado criativo de um indivíduo, grupo ou sociedade e estas expressões tipificam as 
atividades, bens e serviços que são considerados como atributos, usos ou propósitos específicos 
que incorporam e transmitem a cultura (UNESCO, 2005). 
Tendo como referência as definições da UNESCO (2005) é possível evidenciar a cultura 
LGBTQ+ a partir das identidades e de como elas se expressão em sociedade. Existem diversas 
identidades dentro da comunidade LGBTQ+, um exemplo é a própria sigla da comunidade, que 
evidencia a existência de grupos distintos dentro da comunidade e esses grupos também se 
expressão de forma independente, também é notório que as expressões vão além de gênero, elas 
são sexuais e de afirmação. Em ilustração para o jornal Le Monde Diplomatique, Caio Borges 
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retrata identidades por meio de personalidades LGBTQ+ brasileiras sendo elas: Daniela 
Mercury, Erika Malunguinho, Leão lobo, Jean Wyllys, Louie Ponto, Spartakys, Rico Dalasan, 
Liniker, Pedro HMC, Laerte, Rica Von Hunty, Nanda Costa, Pabllo Vittar, Johnny Hooker, 
lorelay Fox, Linn da Quebrada, Diego Hypólito, David Miranda e Glenn Greenwald (Ver fig. 
12), estas personalidades estão envolvidas nas formas de se produzir um cultua identitária e de 
afirmação LGBTQ+ no Brasil, são eles atores e atrizes, cantores(as), artistas performáticos, 
atletas, lideranças políticas e ativistas ilustrados como heróis LGBTQ+ em defesa e promoção 
da comunidade, não se limitando a esses, existem outros nomes que também trazem 
representatividade para a causa defendendo e expressando outras vertentes do movimento, é 
notória a diversidade de identidades apresentadas pela ilustração e o conjunto dessas identidade 
e de como elas se expressam no meio que se configura uma cultura LGBTQ+. 
 
Figura 12. Personalidades LGBTQ+ 
 
Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil/Caio Borges (2019) 
 
 Podemos evidenciar várias expressões identitárias dos grupos LGBTQ+ aqui, 
um exemplo são os grupos fetichistas que envolvem todos os gêneros e promovem feiras e 
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festas, como a Folsom Street Fair (Ver fig. 13) que acontece em São Francisco EUA e é 
tipicamente marcada pelo uso do couro e pelas diversas possibilidades sexuais; dentro do grupo 
gay podemos evidenciar vários subgrupos como as “Barbies” identificadas pelos típicos corpos 
malhados soltos na pista de dança ao som de músicas eletrônicas, os “Ursos” com seus corpos 
peludinhos podendo ser gordinhos ou não, com suas festas especificas como a Bear Week em 
Provincetown USA, as afeminadas com toda sua liberdade para expressar sua feminilidade ou 
os bofinhos com seu estilo masculino para expressar seu lesbianismo, as Drag Queen 
esbanjando trajes e maquiagens incríveis fazendo seus típicos shows performáticos, mas a 
produção cultural LGBTQ+ vai além da expressão dos corpos como movimento de afirmação, 
a produção é vista e sentida, ela é palpável e imaterial, são sentimentos e sensações, são espaços 
de afirmação e de identidade. 
 
 Figura 13. Folsom Street Fair 
 
Fonte: SF Examiner / Kevin N. Hume (2019) 
 
O festival MIX Brasil de Cultura da Diversidade a mais de duas décadas vem tendo como 
objetivo o respeito e a livre expressão da diversidade sexual, buscando novas perspectivas para 
a compreensão da comunidade,sendo distintas de preconceitos, fomentando o respeito, 
promovendo a cidadania e combate a toda e qualquer forma de LGBTQfobia. Hoje o festival é 
referência política e cultural nacionalmente e internacionalmente em questões relacionadas à 
cultura LGBTQ+ e de minorias, em seus arquivos de premiações e programações se tem um 
acervo gigantesco de produções culturais LGBTQ+ e estão listados como tal produção: curtas 
e longas metragens, peças teatrais, músicas e musicais, obras literárias e games (MIX BRASIL, 
2019). O maior evento afirmativo que se traduz como expressão cultural LGBTQ+ são as 
Paradas do Orgulho que acontecem em diversas localidades pelo mundo, todas as identidades 
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são notadas, evidenciadas e festejadas, todos são aceitos para festejar como ato de afirmação e 
luta por direitos, mostram que estão presentes e querem ser notadas e respeitadas em sociedade 
por viverem suas identidades, uma dessas paradas reconhecidas internacionalmente e já 
considerada a maior do mundo é a Parada do Orgulho LGBTQ+ de São Paulo (Ver fig. 14) que 
em 2019 movimentou R$ 403 milhões na economia da cidade e reuniu 3 milhões de pessoas na 
Av. Paulista (PINHONI, 2019) 
 
Figura 14. Parada do Orgulho LGBTQ+ de São Paulo 
 
Fonte: Portal de notícia OGLOBO (2019) 
 
Tendo como base que os casos de violência LGBTQ+ partem de uma aversão e 
intolerância, como foi evidenciado anteriormente aqui, e que a falta de conhecimento, crenças 
e ideologias comportamentais são fatores que geram essa intolerância, além de que nos tempos 
atuais, ainda é constante o número de casos de preconceito e a gravidade dos atos só aumentam, 
conclui-se que levar o conhecimento é a estratégia que melhor atende a necessidade de diminuir 
o número de pessoas intolerantes aos LGBTQ+, onde o conhecimento é obtido por experienciar, 
pela vivencia numa cidade que está em modificação constate e em processos de afirmação, onde 
as dinâmicas de apropriação territorial proporcionam afirmação de causa, identidade e 
pertencimento ao local, além de proporcionar o status de local seguro, acolhedor e 
representativo para as causas LGBTQ+. 
Uma referência é a cidade de São Francisco no estado da Califórnia, EUA, que tem 
Castro como o polo de atração mundial de público LGBTQ+, sua trajetória começou com a ida 
da comunidade homossexual de São Francisco para o bairro e criando um centro urbano 
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elegante e sofisticado em 1970, o ativista Harvey Milk, primeiro homem abertamente 
homossexual a ser eleito para cargo público nos EUA, lutou pelos direitos dos homossexuais, 
e mantinha residência e comercio na rua Castro, sendo uma grande personalidade local, foi um 
dos responsáveis pela história de resistência da comunidade em Castro. O bairro tem sua 
história de resistência LGBTQ+ e os comércios da região são voltados para o público LGBTQ+. 
Desde o começo da comunidade naquele local, pequenas lojas de proprietários homossexuais, 
o teatro, casas de banho e bares que movimentavam a região dia e noite. Hoje após todos os 
movimentos em prol da comunidade LGBTQ+, castro continua com seus comércios típicos do 
bairro, os bares gays, as padarias e cafés, lojas de vestimentas típicas de LGBTQ+, o teatro e 
cinema, o museu, e todos os eventos de rua, além de toda a representação gráfica dos espaços 
(Ver fig. 15), que tornam o local um destino turístico para toda a comunidade LGBTQ+. 
 
Figura 15. Distrito Cultural de Castro. 
 
Fonte: Kevin N. Hume (2019) 
 
A cidade de São Paulo mesmo possuindo unidades que prestam serviços ao grupo 
LGBTQ+, carece de mais polos de afirmação da minoria, sendo eles, pontos de cultura, 
entretenimento e socialização, apoio e acolhimento, além do incentivo de órgãos públicos. Essa 
pesquisa busca compreender as demandas LGBTQ+ da cidade de São Paulo, e em resposta, 
desenvolver um projeto como iniciativa para sanar as problemáticas vistas anteriormente aqui. 
Estudar o tema aqui exposto, proporcionaria aos carentes de informação específica, a real 
situação que se encontra a cidade de São Paulo, frete a intolerância a diversidade de gênero e 
expressão sexual, e essa pesquisa tem como principal proposta, a disseminação e valorização 
da cultura LGBTQ+ juntamente com o apoio e auxílio dos diretos humanos as vítimas de atos 
contra a minoria e em resposta a problemática identificada, o Centro de Apoio e Cultura 
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LGBTQ+ aqui proposto vem como um ponto local de resistência e autoafirmação, que 
proporcionaria a divulgação das identidades diversas a fim de valoriza-las e promove-las a 
outros grupos fora da comunidade, além da conquista física de um espaço que reafirme a 
condicionante LGBTQ+ criando uma identidade local e pode vir a promover uma tendência 
para o turismo LGBTQ+ como no caso de Castro em São Francisco EUA. 
Nos capítulos seguintes estará disposto informações adicionais sobre a comunidade 
LGBTQ+ e de como ela se relaciona com o espaço. No capítulo a seguir, será retratado a 
comunidade LGBTQ+ em si, falando sobre um marco que deu um start ao movimento e dando 
um panorama geral que se afunila a fim de retratar as condicionantes paulistanas para o 
movimento. 
No capítulo que o sucede, o espaço LGBTQ+ Paulistano entra em foco no que retrata as 
afirmações e suas relações socioculturais a fim de caracterizar e desenvolver os territórios 
LGBTQ+ de São Paulo. No terceiro capítulo o terreno é o objeto de estudo, os pontos positivos 
e negativos serão evidenciados, a história do local é contada a fim de fundamentar a afirmação 
do terreno para o projeto. 
Nos dois últimos capítulos o projeto é o assunto, são evidenciados referencias e estudos 
de caso que dão fundamento a proposta, além das condicionantes projetuais, programas de 
necessidades, memoriais e o projeto em sim. 
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1. LGBTQ+: DE 1969 Á UMA AFIRMAÇÃO DE DIREITO 
 
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Um movimento decentralizado que tem o mesmo proposito para existir e resistir, a defesa 
e promoção dos direitos daqueles que o compõe. A sigla é composta pelas letras dos grupos 
pertencentes ao movimento, sendo eles: Lésbicas, que mantém relação homoafetivas entre 
mulheres; Gays, que mantém relações homoafetivas entre homens; Bissexuais, que se 
relacionam com 2 gêneros; Transexuais, pessoas que nascem com o sexo biológico diferente 
do gênero com que se reconhecem; travestis, pessoas que nasceram com o sexo masculino e 
que se identificam com o gênero feminino, exercendo seu papel de gênero feminino; Queer, 
designado para pessoas que fogem das normas de gênero e heteronormatividade; e o símbolo 
+ para incluir a todos que não se sintam representados pelas atuais letras da sigla (MDH, 2018). 
Hoje a sigla do movimento vai além das 4 letras mais famosas “LGBT”, a necessidade de se 
sentir representado faz com que mais letras sejam incluídas na sigla. Até o fim dos anos de 1980 
o termo utilizado para o movimento era simplesmente “GAY” ou homossexual, que foi 
substituído por GLS até 1990 que se tornou LGBT, representando os núcleos de lésbicas, gays, 
bissexuais, travestis e transexuais. Foram adicionadas as letras “Q” para pessoas que se 
identificam como Queer, o “I” para pessoas intersexuais, o “A” para pessoas assexuais, o “P” e 
o “N” para pessoas pansexuais e não binarias e o sinal de “+” para representar quaisquer pessoas 
que não sintam-se representadas por umas das letras na sigla. Dentre as variações possíveis para 
montar a sigla do movimento, a LGBTQ+ é a mais usual, mas todas as outras variações também 
estão corretas e podem ser usadas normalmente para representar a minoria. 
 
1.1 Um Breve Panorama 
 
O evento que proporcionou uma maior visibilidade para a defesa dos direitos de pessoasLGBTQ+ foi o episódio da rebelião de Stonewall em 1969, um bar no village, bairro da cidade 
de Nova York, EUA, onde gays, Lesbicas, travestis e drag queens em resposta às ações de 
investidas policiais com revistas humilhantes em bares gays de Nova York e cansadas de fugir 
quando percebia-se a presença dos policiais, unem-se em protestos intensos que duraram 5 dias, 
onde o número de apoiadores a causa aumentavam gradativamente conforme os dias iam 
passando, de modo a expulsar a presença policial da região. O acontecido em Stonewall se 
tornou base para a criação de 2 grupos importantes para o movimento LGBTQ+, o Gay 
liberation front e o Gay activists alliance, traduzidos livremente em “frente de libertação gay” 
e “aliança de ativistas gays”; grupos esses responsáveis pela organização de atos em prol do 
movimento, e um ano após o início da revolta de 28 de junho de 1969, deu início a primeira 
parada do orgulho LGBTQ+ nos EUA e desde então foram realizadas em diversos países, 
tornando o dia 28 de junho o dia internacional do orgulho LGBTQ+. 
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 Figura 16. Fachada do Stonewall inn Bar 
 
Fonte: Acervo Wesley F. Lima (2020) 
 
No Brasil, o movimento teve início em meio a Ditadura Militar de 1964 a 1985, como 
a disseminação de publicações impressas de cunho LGBTQ+ como o “Lampião da Esquina” e 
“ChanacomChana” (Ver fig. 17), tabloides que faziam oposição à ditadura, denúncias sobre 
abusos contra LGBTQ+ e apoio as causas. Um episódio que marcou o movimento Lésbicas no 
Brasil foi o evento onde militantes foram proibidas de vender dias antes os tabloides no Ferro’s 
bar, intensamente frequentado pelo público Lésbico na noite paulistana, e na noite do dia 19 de 
agosto de 1983, organizadas pelo Grupo Ação Lésbico-Feminista desafiaram a proibição, 
forçaram a entrada e leram o manifesto em prol dos seus direitos (Ver fig. 18), anos depois o 
dia 19 de agosto é considerado o dia do orgulho Lésbico no Brasil (FACCHINI, 2003). 
 
Figura 17. Capas dos tabloides Lampião da esquina e ChanacomChana 
 
Fonte: Acervo Bajuba (2020) 
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Figura 18. Noite de 19 ago. 1983 no Ferro’s Bar 
 
Fonte: Reprodução (1983) 
 
O primeiro grupo de ativismo gay do brasil foi o SOMOS, fundado em 1978 em São 
Paulo, já em 1979 foi a vez de um número maior de lésbicas se juntarem ao grupo SOMOS e 
criarem uma subdivisão dentro do grupo, denominada Lésbicas feministas, e só em 1992 é 
formado a primeira organização de travestis da América latina, no Rio de Janeiro (FACCHINI, 
2003). O movimento ganhou mais visibilidade a partir dos anos de 1990, onde em 1995 após a 
17ª conferência no Rio de janeiro da Associação Internacional de lésbicas, gays, bissexuais, 
transexuais e intersex, um grupo sai em marcha pela praia de Copacabana (Ver fig. 19). No ano 
seguinte foi a vez de São Paulo que na praça Roosevelt, reuniu um grupo que reivindicava 
direitos LGBTQ+ e a partir desse ato, coletivos começaram a planejar a primeira parada 
LGBTQ+ do Brasil, que aconteceu em 1997 na Av. Paulista e percorreu ruas de São Paulo até 
a Praça da República (FACCHINI, 2003). 
 
Figura 19. Marcha de encerramento da 17ª conferência internacional LGBT 
 
Fonte: Acervo Claudia Ferreira (2020) 
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O movimento é mais que um grupo de pessoas que estão na busca sem fim pela defesa 
da aceitação em sociedade, é um ato de ir em busca de igualdade social, sendo respeitadas pelo 
que são e tenham as mesmas condições de direitos legais de qualquer grupo social. O grupo é 
composto de grande ativismo político e atuações de cunho cultural promovendo o movimento 
na luta por direitos e na afirmação de existência. Mesmo não se tratando de um movimento 
centralizado, e tendo vários grupos, núcleos e organizações pelo mundo inteiro, os mesmos 
ideais são defendidos, com intensidades diferentes já que cada localidade tem sua pauta mais 
importante, mas os objetivos em comum são como exemplo a busca por criminalizar a 
LGBTQfobia como ato discriminatório, a luta pela descriminalização da homossexualidade em 
algumas localidades, o casamento igualitário, o direito a adoção, o reconhecimento da 
identidade de gênero e da expressão sexual etc. 
 
1.2 Um símbolo de amor e representatividade 
 
Figura 20. Bandeira do orgulho LGBTQ+ 6 cores. 
 
Fonte: Reprodução/Capricho (2019) 
 
Hoje o maior símbolo de representatividade para a comunidade LGBTQ+ é a famosa 
bandeira arco-íris, na qual teve sua primeira versão desenvolvida pelo artista e ativista Gilbert 
Baker em 1978 a pedido do também ativista Harvey Milk para celebrar o dia da liberdade gay 
de São Francisco, EUA, naquele ano. Até então o triangulo rosa era o símbolo do movimento 
gay, mas também fazia referência aos triângulos rosas usados na Segunda Guerra Mundial por 
Adolf Hitler para marcas os homossexuais, assim como a Estrela de Davi marcava os judeus, 
era uma ferramenta de opressão, e Baker sentia a necessidade de algo que representasse uma 
positividade, que celebrasse o amor. (BAKER, 2019) 
Baker relata ter como referência a bandeira dos EUA, com suas listras que 
representavam as colônias inglesas que fundaram os EUA, e pensou também na bandeira da 
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Revolução Francesa, com suas três listras tricolores. Como essas duas bandeiras representavam 
uma revolução, concluiu que a comunidade gay também deveria ter uma bandeira que 
representasse uma revolução e proclamasse a ideias de poder homossexuais, uma vez que a 
comunidade local e internacional estavam em meio a uma batalha por direitos, exigindo 
mudanças de status, nas palavras dele “Esta foi a nossa revolução: uma visão tribal, 
individualista e coletiva.” (BAKER, 2019, tradução nossa). 
Baker relata também que com o Bicentenário Norte Americano, ele percebeu que a 
bandeira Norte Americana entre em foco, estava em toda parte, nas artes, lembranças e 
publicidades, funcionava como uma mensagem, desse modo, percebeu a importância das 
bandeiras, “Descobri a profundidade em seu poder, sua qualidade transcendente e 
transformacional. Pensei na conexão emocional que eles mantêm.” (BAKER, 2019, tradução 
nossa), mais tarde, Baker se viu dançando no Winterland Ballroom, uma casa de shows em São 
Francisco EUA, em uma Show da Funkadelic, ele relata em seu livro que a comunidade se fazia 
presente e que faziam parte do show assim como a banda: 
Todo mundo estava lá: beatniks de North beach e zoots de bairro, os 
motoqueiros entediados de couro preto, os adolescentes na fila de trás se beijando. 
Havia garotas esbeltas e de cabelos compridos em trajes de dança do ventre, punks de 
cabelo rosa presos em segurança, suburbanos hippie, estrelas de cinema tão bonitas 
que deixavam você boquiaberta, gayboys musculosos com bigodes perfeitos, fadas de 
todos os gêneros em vestidos de brechós e sapatilhas de ganga. Nós montamos a bola 
de espelhos no LSD brilhante e no poder do amor. A dança nos fundiu, magica e 
purificadora. Estávamos todos em um turbilhão de cores e luzes. Era como um arco-
íris. Um arco-íris. Foi nesse momento que eu soube exatamente que tipo de bandeira 
eu daria. Uma bandeira do arco-íris era uma escolha consciente, natural e necessária. 
O arco-íris veio da história mais antiga registrada como um símbolo de esperança. No 
livro de Genesis, apareceu como prova de uma aliança entre deus e todas as criaturas 
vivas. Também foi encontrado na história chinesa, egípcia e nativa americana. Uma 
bandeira do arco-iris seria nossa alternativa moderna ao triangulo rosa. Agora, os 
manifestantes que reivindicavam su liberdade no Stonewall inn Bar em 1969 teriam 
seu próprio símbolo de libertação (BAKER, 2019, tradução nossa) 
 
Inicialmente Baker desenhou uma bandeira de 8 faixas de cores (Ver fig. 21) com 
aproximadamente 9 metros altura por 18 metros de comprimento, em tingida que ele mesmo 
costurou, cada cor significava

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