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Alessandra Rosa, Ketlin Brondolt O Direito Grego Antigo INTRODUÇÃO O seguinte trabalho apresenta, com base no livro Fundamentos da História do Direito (capítulo 4, Raquel de Souza) um breve resumo sobre a história do Direito Grego Antigo, desde a pólis até a formação dos primeiros tribunais. É deixado claro, desde o início, que a pólis usada como referência é Atenas, tanto pela sua importância histórica quanto pelo volume de informações que se tem conhecimento sobre a mesma, porém, é de suma importância frisar que o direito grego não é espelho do direito ateniense e vice-versa. GRÉCIA, O INÍCIO DE TUDO. Primeiramente, antes da chegada de Cristo, costuma-se dividir a história da Grécia nos seguintes períodos: Essa linha do tempo é imensamente relevante para o estudo do desenvolvimento do Direito na Grécia, pois há aspectos que somente com o Período Duração Arcaico Século VIII a.C -VI a.C Clássico Século V a.C – IV a.C Helenístico Século III a.C – II a.C Romano Século I a.C até 117 d.C tempo cronológico é possível entender o contexto. Além disso, uma das formas de conhecer o direito grego é estudando Atenas, que nesse momento, é a pólis mais importante da Grécia por ter o melhor desenvolvimento da democracia e também por atingir a forma mais perfeita do Direito (comparado ao que possuímos atualmente), porém, há uma questão importante para o pontapé inicial da discussão: o que é uma Pólis? Pólis eram cidades-estados, ou seja, possuíam autonomia para desenvolverem-se da melhor maneira possível, dentro do que era oferecido a elas. Em grande maioria, tinham os próprios poderes políticos, econômicos e religiosos, e dessa maneira, não é recomendado fazer uma cidade de referência a toda uma gama de diferentes tipos de economia, governo, leis e desenvolvimento social, pois, como já dito, tinham autonomia e sendo assim, todas eram diferentes umas das outras. Começando pela política, os poderes das cidades tinham um fator em comum que uniam todas em contramão a suas distintas características: a aristocracia. A aristocracia nada mais é do que a nobreza (nesse caso, as famílias mais ricas) ter o poder político nas mãos. Nada de democracia, nada de mérito, nada de candidatos. Sendo a aristocracia conceituada nisso, o poder político nunca saía do mesmo círculo social, ou seja, a população ficava dependendo das decisões dos mais poderosos. Nesse âmbito, Esparta adotava uma medida mais branda e chegando perto do que conhecemos como democracia. A seguir, está um esquema que esclarece como a política essa executada em Esparta: SISTEMA DE GOVERNO EM ESPARTA Assembleia Formada pelos cidadãos, que, em um encontro ao mês, faziam decisões políticas, como por exemplo, aprovações de leis. Gerúsia Formada por 28 gerontes (acima de 60 anos) e dois reis, para elaborarem as leis da cidade, que seriam aprovadas ou não pela Assembléia. Formada por cinco cidadãos que tinham plenos poderes militares, Éforos judiciais e políticos. Atuavam como chefes de governo. Reis Dois reis que tinham poderes e funções militares e religiosos, além de vários privilégios. Mas esse método de governar as pólis não teve eficácia com a chegada da moeda e do alfabeto, assuntos tratados daqui por diante. Citando a economia, de modo geral, durante a época arcaica as colonizações foram um dos fenômenos mais importantes para colocar os gregos em outros territórios e frente a frente com outros povos, estimulando o comércio e a indústria. Durante essa época, além das novidades do comércio, também surgiu entre alguns itens, dois fatores de quebra de paradigmas para a história mundial: o aparecimento da moeda como símbolo de riqueza e o ressurgimento do alfabeto. O surgimento da moeda (no reino da Lídia, em 7 a.C), é a responsável por tornar o comércio das cidades-estados e das colônias algo rentável e, podemos dizer de maneira mais informal, invejável por também ser um símbolo de acumulação de riquezas e poder (seguindo assim até hoje), dessa maneira, não é a toa que as pólis mais importantes detinham as maiores “economias” daquele tempo. Em síntese, o escambo teve uma lenta queda no gráfico (até chegar a Idade Média), chegando ao seu “quase” fim, na sociedade contemporânea, tudo graças às pequenas peças de metal com valor simbolizado. O ressurgimento do alfabeto é a grande razão pela qual conhecemos as leis gregas e podemos estudá-las nesse momento. Antes do início do período arcaico, os gregos utilizavam a escrita linear b (sinais gravados em cerâmicas, cada símbolo em referência a um objeto, animal, pessoa, ação, etc) como um alfabeto dentre várias escritas lineares existentes no chamado período micênico. In(felizmente), após o fim desse período a escrita linear foi perdida e deixou toda a nação grega sem um alfabeto oficial e, também, sem leis escritas. Desse modo, com a necessidade de garantir a ordem social e a justiça em meio às regras, leis e normas orais de cada pólis, os gregos buscaram alternativa de alfabeto e escrita oficial (durante o séc. VII a.C, período arcaico, e desta vez, um alfabeto que pudesse deixar o mais claro possível, através da escrita, as regras e leis daquele território) e de tal modo, surge o alfabeto mais utilizado no mundo atualmente, o alfabeto grego-latino. A LEI GREGA ESCRITA Antes de tudo, Esparta era a única exceção em relação ao uso de leis escritas. Os espartanos resolveram aumentar o grau de controle sobre o sistema de educação militar (eles eram altamente treinados para técnicas militares, em casos de guerras entre os povos). Existem diversas teorias que explicam o motivo das leis escritas terem surgido tão urgentemente e a mais predominante seria que, os gregos (em meados de séc. VII a.C, durante o surgimento do novo alfabeto) exigiram leis dentro dessa nova tecnologia, para garantir a justiça por parte dos governantes. Segundo Cristopher Carey, em seu livro Julgamentos da Atenas Clássica, isso foi uma forma de tirar o conteúdo das leis daquele grupo restrito e colocá-las em público, para o conhecimento geral. Em contrapartida, não há evidências de que as leis estivessem apenas em poder de determinado grupo social, isso é evidenciado na queixa de Hesíodo, que falava sobre a forma de como os governantes aplicavam as leis e não como eles tinham poder absoluto sobre elas. Seguindo esse raciocínio, quando os legisladores surgiram, agora com a lei escrita como ferramenta, eles mudaram o processo das leis, chegando a categorizar algumas e adicionar certas penalidades, mas não as modificaram por completo, isso abre caminho para a fala de Michael Gagarin, que argumentava que as leis escritas não colocaram em dúvida ou restrição o poder dos governantes, e ao contrário do que se pensa, o poder político absoluto continuou consolidado (as primeiras leis tinham essências aristocráticas). Mas apesar de todas as faces do objetivo de ter uma lei escrita e pública, os historiadores admitem que tudo isso deu poder para a cidade sobre o povo, pois os letrados eram pessoas que possuíam condições de se tornarem especialistas letrados e, logo após o surgimento dos legisladores (que criaram e codificaram leis para o público), a escrita mudou de lado e se tornou um poder do povo. O DIREITO GREGO O novo olhar de como desenvolver a sociedade através da economia e comunicação, trouxe aos gregos a revolução política que mudaria a história do mundo: depois da moeda, do novo alfabeto e das leis escritas, vieram os legisladores, os responsáveis por criarem os primeiros códigos de leis. Porém, é preciso um pouco mais de informação antes de partir para os principais nomes do início do Direito Grego. Os gregos não elaboraram tratados sobre o Direito, limitando-se apenas em legislar e administrar a justiça dentro das cidades, que antes erafeita pelos membros das famílias de vítimas (buscavam e matavam o culpado). Junto com a legislação, veio também a classificação das leis, categorizadas em crime (incluindo tort – dano a outro, seja pessoa ou propriedade), família, pública e processual. As leis dentro dessas categorias são as seguintes: CATEGORIAS QUAIS LEIS ESTÃO INCLUÍDAS Crimes (incluindo tort) Drácon: Homicídio (voluntário, involuntário e legítima defesa); Zaleuco: penalidade para ofensas; Carondas: penalidade para assaltos; Sólon: penalidades específicas para roubo, difamação, calúnia e multa por estupro. Família Leis sobre casamento, sucessão, herança, adoção, legitimidade de filhos, escravos, cidadania, comportamento de mulheres. em público, etc. Público Regulamento de deveres e atividades religiosas, econômicas, de finanças vendas, aluguéis, dívidas, etc. Processual Trata-se dos meios e métodos pelo qual o processo deve agir. Outro aspecto do Direito Grego é a distinção entre lei substantiva e lei processual. A primeira é basicamente sobre o fim que a administração da justiça busca (o objetivo, sendo mais claro), enquanto a segunda trata das formas e dos instrumentos pelo qual o fim (o objetivo) deve ser atingido. A importância da parte processual do Direito para os gregos era consideravelmente prioritária, e pode-se confirmar isso em A Constituição de Atenas, escrita por Aristóteles: Ao que parece estas três constituem as medidas mais populares do regime de Sólon: primeiro, e a mais importante, a proibição de se dar empréstimos incidindo sobre as pessoas; em seguida, a possibilidade, a quem de dispusesse, de reclamar reparação pelos injustiçados; e terceiro, o Direito de apelo aos tribunais, disposição esta referida como a que mais fortaleceu a multidão, pois quando o povo se assenhoreia dos votos, assenhoreia-se do governo. Essas são as medidas adotadas por Sólon, um dos nomes mais importantes para o legislativo grego, nessa declaração de Aristóteles as duas últimas medidas eram leis processuais, enquanto a primeira era uma lei pública (incluía lei econômica e social). Apresentadas as maneiras de como as leis eram classificadas e também como a parte processual era muito importante para o Direito Grego (mais especificamente, ateniense), é dado o instante em que se deve apresentar os nomes mais importantes para a legislação grega: • Zaleuco de Locros (VII a.C): o primeiro legislador que se tem conhecimento, a ele é creditado o primeiro código de leis e também a fixação de penas determinadas para cada tipo de crime (este último sendo dito por Éforo e Diodoro), todas as suas leis foram escritas no sul da Itália. • Drácon (séc.VII a.C): legislador ateniense, que ofereceu à Atenas o primeiro código de leis do local, e também, com a reforma de Sólon, conseguiu manter as leis relativas ao homicídio conhecidas até hoje (diferenciando elas em homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa), graças a uma inscrição em pedra. • Sólon (séc. VI a.C): legislador ateniense, que além de ter reformado e ajudado a manter as leis de Drácon conhecidas, procedeu uma reforma institucional, social e econômica na pólis grega, sendo elas: 1. Reorganização da agricultura, incentivando a cultura da oliveira e da vinha; 2. Incentivo a exportação de azeites; 3. Medidas que obrigavam os pais a ensinarem um ofício aos filhos, caso contrário, eles não eram obrigados a cuidarem dos pais quando esses estivessem mais velhos; 4. Eliminação de hipotecas por dívidas, além de libertação dos escravos pelas mesmas; 5. Divisão da sociedade em classes societárias; 6. Atração de estrangeiros, com a oferta de concessão de cidadania; 7. Formação do Conselho (Boulê). • Menção honrosa para Carondas, de Catânia e Licurgo, de Esparta. AS INSTITUIÇÕES GREGAS Sobretudo, para entender como funcionavam os tribunais e as leis na prática é importante ter uma noção do papel das instituições gregas no meio processual. Com as leis escritas e a moeda, o povo acabou ganhando poder aos poucos até chegar no momento em que a aristocracia não era mais bem vista como uma forma de governo, desse modo, em 594 a.C, surge a democracia. É muito importante lembrar que está sendo considerada a democracia e as instituições em Atenas e mesmo que levasse, naquela época, o status de “governo do povo” os únicos que realmente podiam participar disso eram os filhos homens de pai e mãe atenienses livres, esses eram considerados cidadãos, então podiam participar das decisões políticas. Mulheres, estrangeiros e escravos não tinham direito de manifestar opinião. Primeiros esclarecimentos dados, agora é a hora de categorizar e explicar cada instituição grega: ASSEMBLEIA • Delibera; • Decide; • Elege e Julga A Assembleia era o órgão de maior autoridade, com atribuições legislativas, executivas e judiciárias. Dentre os 40 mil cidadãos (entre 300 mil habitantes), apenas 6 mil participavam ativamente das decisões políticas feitas em praça pública. Porém, a atividade na Assembleia também encontrava dificuldades, já que nem todos podiam preparar textos e decretos para discussão e votação, além da incerteza de que os projetos aprovados realmente seriam executados da maneira apresentada. CONSELHO • Examina; • Prepara as leis; • Delibera. O Conselho era composto por 500 cidadãos (50 para cada tribo), acima dos 30 anos e escolhidos através de candidaturas prévias, o Conselho era renovado a cada ano. As atividades dentro do Conselho eram dentro de um ano todo e também eram pagas (atenienses de pouca renda não costumavam participar). Como a Assembleia era tomada por atividades de dedicação total, o Conselho surge como um parlamento e desafoga as pendências deixadas pela supracitada. Suas principais funções eram preparar os projetos aprovados, controlar os tesoureiros, realizar a prestação de contas dos magistrados, receber embaixadores, investigar acusações, examinar futuros conselheiros e futuros magistrados. O Conselho tinha um “comitê diretor” chamado de prítanes. Os 500 conselheiros eram divididos em 10 grupos de 50 pessoas e cada grupo exercia a pritania durante um décimo do ano. O presidente de cada grupo era chamado de epistatês e o sorteio era diário e cada pessoa exercia uma única vez. Durante o exercício, atuava como presidente do Conselho e da Assembleia, além de se tornar o guardião das chaves dos templos. ESTRATEGOS Eleitos em dez pessoas pela Assembleia, os estrategos foram instituídos em 501 a.C, podendo ser reeleitos inúmeras vezes, mas devendo prestar contas ao final da atividade. Para tornar-se um estratego, o cidadão deveria atender a alguns • Administram a guerra; • Distribuem os impostos; • Dirigem a polícia requisitos: ser casado legitimamente e possui alguma propriedade de renda, pois a atividade como não era remunerada. Algumas das funções de estratego eram: comando do exército, distribuição do imposto de guerra, dirigir a polícia de Atenas e defesa nacional, além de poder convocar assembléias, assistir a sessões secretas do Conselho, ser embaixador oficial no exterior e negociador de tratados. MAGISTRADOS • Instruem os processos; • Ocupam-se dos cultos; • Exercem as funções principais Os magistrados eram sorteados entre os candidatos eleitos, e não podiam ser reeleitos durante a renovação anual. Existiam vários tipos de magistraturas, com dez pessoas em cada categoria, o magistrado mais importante era dos arcontes. Dentro dos arcontes, havia o basileu (arconte rei) e tinha apenas funções religiosas e presidia os tribunais do Areópago, o arconte polemarco era responsável pelas cerimônias fúnebres após os combates, seis arcontes eram presidentes de tribunais, e a partir do quartoséculo passaram a revisar e coordenar anualmente as leis, o último arconte era o secretário. Os magistrados secundários exerciam execução de sentenças de morte, inspeção de mercados e sistemas de água e atividades relacionadas com a administração municipal. Em síntese, após saber a função de cada órgão do governo ateniense, fica mais claro entender como a justiça e os tribunais funcionavam, pois isso dependia de quase todas as instituições da pólis. A JUSTIÇA, OS TRIBUNAIS E A RETÓRICA A administração da justiça em Atenas era rotina para a maioria das instituições. Os julgamentos eram feitos em tribunais para o júri popular. Não havia advogados, nem juízes e nem promotores. Por este motivo, para o melhor entendimento de como funcionavam os tribunais e como a retórica era utilizada, em sequência estará exposto um esquema/resumo sobre todo esse processo de justiça e direito. • Justiça Criminal: O Tribunal de Areópago, o tribunal mais antigo de Atenas, a partir do quarto século, passou a responsável por encaminhar os casos de crimes (homicídios involuntários e de legítima defesa e envenenamentos) para o Tribunal de Éfetas, que residia mais quatro tribunais especiais: Prítaneu, Paládio, Delfínio e Freátis. • Justiça Civil: A Heliaia era o tribunal popular de Atenas, que julgava tanto causas públicas quanto privadas - as causas públicas eram iniciadas por qualquer cidadão que se considerasse prejudicado pelo Estado, as causas privadas geravam um debate jurídico entre litigantes, e somente uma das partes envolvidas podiam dar início ao processo - através dos heliastas (membros da Heliaia) que eram sorteados anualmente para 6 mil vagas entre os cidadãos. Os heliastas, quando passavam a compor o júri, eram chamados de dekastas. O julgamento era aberto com o discurso de cada litigante – um litigante nada mais era do que uma das partes do processo, ou às vezes, um representante – apresentando o caso ao jurado, sendo suportado por testemunhas e interrupções para apresentação de evidências, seu objetivo era convencer o maior número possível de jurados através do discurso forense. Na medida em que, os litigantes necessitavam de discursos mais complexos e aceitáveis, o trabalho do logógrafo surgiu como um esboço para a futura profissão de advogado, uma vez que, para conseguir persuadir o júri por meio do discurso, o logógrafo precisava ter conhecimentos consideráveis em leis e processos, além de ter a força para expressar a verdade e a conveniência através dos argumentos que deveriam ser apresentados apenas uma vez no tribunal. Se fosse o suficiente para ganhar o julgamento, logo após as apresentações os jurados faziam a votação e a escolha da maioria vencia. Em resumo, o julgamento (dentro de fora dos tribunais) funcionava da seguinte maneira: Uma das partes vai ao tribunal para começar um caso > Logo após, procura por um logógrafo para escrever o discurso por ela e também chama por amigos e familiares para serem testemunhas > Os jurados são escolhidos > O julgamento acontece > Quem teve a melhor persuasão e retórica (escrito por si ou por logógrafo), tem mais chances de ganhar o julgamento > Os jurados votam e a maioria vence. CONCLUSÕES FINAIS Diante disso, é evidente a importância do Direito Grego/Ateniense para a história do Direito no mundo todo. Essa civilização mudou o próprio destino, revolucionando a maneira de pensar, agir e cooperar através de ferramentas que os fizeram uma nação lendária por sua contribuição ao mundo. É árduo pensar nas questões sociais, econômicas e políticas sem levar o pensamento ao berço da civilização, onde essas mesmas questões já eram discutidas. De maneira análoga, importante lembrar dos logógrafos que foram os primeiros a trabalharem com a persuasão e convencimento, algo indispensável em qualquer advogado. Com a ausência da retórica e persuasão, os julgamentos seriam meras vitrines de casos polêmicos para o júri, e se fossem cultivados assim, fazer justiça ao longo dos séculos faria a menor lógica. Escrito por Ketlin Brondolt Pesquisado por Alessandra Rosa
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