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Escola Evolucionista Em primeiro plano, a Antropologia Evolucionista é a primeira escola da antropologia que surgiu na segunda metade do século XIX, baseada em teorias cientificas como as de Charles Darwin. Os principais nomes do evolucionismo são: Herbert Spencer, Lewis Henry Morgan, Edward Burnett Tylor e James George Frazer. A influência de Darwin para o evolucionismo veio por meio de sua principal obra “Origem das Espécies” (1859), onde ele afirma que as espécies presentes se desenvolveram a partir da evolução de seus antepassados através de variações acidentais, mais tarde, chamada de teoria da seleção natural. Embora o darwinismo colocasse a evolução em várias direções, o evolucionismo cultural determinava uma mesma medida para todas as civilizações, ou seja, todas elas passariam pelo mesmo processo de desenvolvimento. O contexto histórico ajuda muito a entender do porquê desse novo pensamento “convencer” as pessoas: o mundo vivia a entrada para o iluminismo e capitalismo, então as teorias cientificas tomaram à frente do tempo e ultrapassaram as teorias bíblicas, facilitando a aceitação da ideia de que o ser humano era descendente de um processo evolutivo. Seguindo essa linha de raciocínio, as civilizações mais modernas (neste caso, os europeus) concluíram que eles próprios eram o modelo mais perfeito de sociedade. Sendo assim, qualquer outro exemplar que estivesse abaixo dos padrões seria considerado inferior, além de passível para domínio e exploração. Foram pensamentos assim que alimentaram a cabeça de um dos maiores ditadores que já protagonizaram a história do mundo: Adolf Hitler. Porém, isso não determina o que os antropólogos realmente dissertavam, pois, para eles, uma sociedade que ainda não tivesse chegado ao seu ápice não era sinônimo de inferioridade, mas de adaptação de acordo com o que estava disponível a eles (e isso inclui território, tecnologia, educação, senso comum, costumes, etc.). Para entender mais sobre a antropologia evolucionista, é importante saber também sobre seus autores: Lewis Henry Morgan Segundo Lewis, cada período étnico havia de ter alguns fatos em comum, tanto pelas descobertas do ser humano quanto pelo desenvolvimento das instituições. Esses fatos são: • A subsistência; • O governo; • A linguagem; • A família; • A religião; • A arquitetura; • A propriedade. Cada fato e desenvolvimento, em conjunto, caracteriza a formação étnica de uma sociedade permitindo, assim, a distinção entre elas. Além disso, Morgan definiu três fases para o desenvolvimento da civilização: a Selvageria (I, II e III), a Barbárie (I, II e III) e a Civilização (I, e a fase pelo qual o observador vive, ou seja, ele julga sua própria civilização como a mais perto da “perfeição”). Essas fases caracterizam-se da seguinte maneira: A Selvageria Iniciou-se com o ser humano ainda desprovido de conhecimentos avançados. Naquele momento, o instinto de sobrevivência era o que mantinha a espécie ainda viva. O meio do período selvagem é marcado a partir da descoberta do fogo e o fim dele, pela descoberta do arco e flecha. Barbárie Construções de moradias com pedras e tijolos, domesticação de animais, plantações e cerâmica. Todos esses itens identificam o início do período da barbárie, onde o ser humano já tem conhecimentos básicos sobre o mundo e natureza, o que marca o fim da era bárbara é a utilização do ferro para fundição e ferramentas, além de poder começar um planejamento para explorações de locais, anexação e o início de um pequeno grupo social. A Civilização A última fase que determina a nossa sociedade tem como fatores deveras importantes como a escrita, o alfabeto fonético, a moeda, a política, o comércio e outros itens incontáveis que marcaram e marcam o início e o agora do mundo contemporâneo. Isso é tudo o que Morgan considerava para explicar a evolução humana, lembrando que, todas essas fases são chamadas de períodos étnicos, Morgan considerava uma etnia por seus períodos e não por suas características culturais e sociais. Quando o assunto é cultura, o que é levado em consideração é o acúmulo de conhecimentos e experiências daquele grupo, e a cultura propriamente dita só é consolidada quando ele chega ao seu ápice (civilização), ou seja, sociedades primitivas – como os índios – que ainda “não possuem” conhecimentos de uma civilização contêm uma cultura irracional e incompleta (segundo Lewis Henry Morgan, claro!). Ademais, Morgan acreditava que por mais que uma sociedade fosse selvagem, ela de algum modo passaria pelos períodos, pois é algo datado para todos e que a cultura é uniforme, diferenciando-se apenas em escalas. Desse modo, o modelo de sociedade pela qual todas as outras deveriam espelhar-se era o modelo eurocentrista e ocidental, já que ele pensava em sua própria cultura como ápice. Edward Burnett Tylor Tylor, em suas primeiras viagens ao México e Cuba, escreveu suas primeiras impressões sobre cultura, determinando que os mexicanos não eram capazes que governarem a si próprios e que necessitavam tornar-se similar aos Estados Unidos, revelando logo de início seus pensamentos colonialistas. Outrossim, Tylor visava que a Antropologia era um meio das metrópoles “conquistarem” povos menores, e assim, moldá-los à sua imagem e semelhança. Inclusive, apresenta-se também a relação direta entre civilização e cultura, mas ao contrário de Morgan – que acreditava em uma cultura única para todas as civilizações -, Tylor visava as culturas como escalas, ou seja, algumas poderiam ser menos ou mais cultas do que outras, e é nesse ponto que a ideia colonialista é agravante, em vista que essas sociedades menos cultas necessitam de um “mentor” para torná-las melhores. Um dos objetivos de Tylor era estudar isoladamente o processo de evolução dos campos das artes, religião, costumes, etc em um grupo social, para depois compará-lo a outro grupo e assim definir em qual “estágio” eles estariam. Esse método foi muito criticado entre antropólogos posteriores, porque se tratava de reduzir duas sociedades diferentes em apenas dois grupos similares (em relação ao estágio delas), desconsiderando totalmente cada detalhe cultural deles. James George Frazer Frazer é o antropólogo que deixa de maneira mais explícita a comparação entre os povos e é possível observar isso em seu livro, O Ramo de Ouro. Neste livro, Frazer propõe colocar em evidência alguns aspectos culturais de cada sociedade, a fim de encontrar semelhanças para mostrar que a cultura humana provém da “mesma fonte”. As ideias colonialistas, nessa altura, agravam-se de maneira abrupta, citando um tipo de “heroísmo” vindo da parte dos civilizados que têm como missão ajudar na evolução intelectual dos selvagens, e isso seria a única forma de assegurar a ordem no mundo e reduzir a autossuficiência dos povos selvagens. Por outro lado, o estudo desses grupos é interessante para Frazer, pois assim é possível conhecer o passado daquela sociedade evoluída (pois um dia eles também foram primitivos) e entender como a evolução aconteceu para eles. Mais uma vez percebe-se a influência de Darwin nas teorias antropológicas: Frazer trabalhava com uma espécie de “seleção natural” da cultura, ou seja, algumas particularidades da cultura de cada sociedade perderiam seu valor e tradição de acordo com cada estágio de evolução que aquele grupo chegasse, e quando atingisse o topo todas as crenças e divindades cairiam por terra, tornando- se lendas e mitos. Conclusões Finais Em síntese, todos os antropólogos acreditavam na evolução social como um fator comum à todas civilizações, e que as assimilaridades – principalmente culturais – eram dadas a respeito de diferenças escalonares e não diferenças realmente culturais, isso deixou aberta a discussão para a existência da “cultura humana”, alémde colocar como exemplos de civilizações a nação estadunidense e europeia. A antropologia evolucionista pode ser considerada, para o século XXI, um período racista, xenofóbico e preconceituoso, dada as teorias de que os povos que não seguiam o padrão (padrão europeu e estadunidense, o que explica as inúmeras colonizações sobre povos menores) eram inferiores e necessitavam de uma “salvação” sem ter em consideração as particularidades que levaram esses povos a existirem. Esses discursos de cultura universal não funcionam mais, e desde aquela época já eram criticados e alterados para culturas humanas, no plural. A seguir, a antropologia evolucionista termina dando início à estudos que abrangem maior diversidades entre os grupos, considerados seus aspectos únicos e a forma de viver dentro das suas capacidades. Desde então, descobre-se a pluralidade cultural e o novo período antropológico: A Antropologia Funcionalista.
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