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PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 1 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES 1. Introdução As infecções de pele e partes moles têm diversas etiologias que dependem, em parte, de fatores epidemiológicos. Por isso, é importante obter informações sobre o estado imunológico do paciente, história de trauma, cirurgias recentes ou mordedura de animal, uso prévio de antibióticos, internação nos últimos 6 meses, a fim de avaliar os prováveis agentes etiológicos, além dos fatores de risco para infecção por bactérias multirresistentes. Ao exame físico é importante identificar sinais de acometimento sistêmico e gravidade da infecção, além de fatores predisponentes. Nas infecções necrotizantes a abordagem cirúrgica é importante tanto para o diagnóstico microbiológico como para o tratamento adequado da infecção. 2. Objetivo Estabelecer recomendações para o diagnóstico e tratamento de infecções de pele e tecidos moles. 3. Definições Impetigo: Pápulas eritematosas que evoluem rapidamente para vesículas e/ou pústulas e se rompem formando crostas amareladas numa base eritematosa. Pode ser causado por Estreptococos β-hemolíticos ou S. aureus isolados ou em associação. Furúnculo: Infecção do folículo piloso, usualmente causada pelo S. aureus em que a supuração se estende até o tecido subcutâneo, onde formam-se pequenos abcessos. Carbúnculo: Infecção de vários folículos pilosos adjacentes formando uma massa inflamatória coalescente com drenagem de pus por múltiplos orifícios. Celulite: Infecção profunda que compromete a derme, epiderme e tecido subcutâneo sem delimitação evidente da extensão local da infecção. Em geral causada por S. aureus ou Estreptococos β-hemolíticos. PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 2 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES Erisipela: Infecção da derme, epiderme e vasos linfáticos superficiais. Maioria das infecções causadas por Streptococos pyogenes (aproximadamente 80%) e minoria pelo S. aureus. Dor, hiperemia,e edema e calor locais , com bordas usualmente bem definidas. Infecção de sítio cirúrgico: infecção que inicia usualmente a partir de 48 horas após a realização do procedimento, com presença de dor, eritema, edema e drenagem de pus na incisão cirúrgica. Pode ser classificada em incisional superficial (subcutâneo), incisional profunda (fáscia e músculo) e infecção de órgão ou cavidade. Podem ocorrer até 30 dias após a cirurgia, ou até 1 ano em cirurgias com inserção de prótese. Fasceíte necrotizante: Infecção agressiva do tecido subcutâneo que se estende pela fáscia superficial e acomete todo tecido entre a pele e os músculos. A apresentação inicial é de celulite que pode agravar rapidamente ou, algumas vezes, lentamente. O diagnóstico diferencial com celulite deve ser considerado sempre que houver: a) dor desproporcional aos achados clínicos b) falha em responder à terapia antimicrobiana c) endurecimento do subcutâneo d) toxicidade sistêmica e) edema que se estende além da área de eritema f) crepitação subcutânea g) lesões bolhosas e h) áreas de necrose e equimoses. A infecção pode ser mono ou polimicrobiana, usualmente causada por estreptococo, S aureus, V. vulnificus, A. hydrophila e anaeróbios. 4. Tratamento antimicrobiano Tabela 1: Opções terapêuticas das infecções de pele e partes moles Infecções Antibiótico Dose adulto Observações Impetigo e Ectima Cefalexina Amoxicilina/clavulanato Doxyciclina 500mg 6/6h 875/125mg 12/12h Doxiciclina apenas em > 8 anos de idade PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 3 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES Tempo: 7 dias 100 mg 12/12h Furúnculo e carbúnculo Cefalexina Oxacilina Clindamicina Doxiciciclina SMZ-TMP Tempo: 7 dias 500mg 6/6h 1-2g 4/4 h 600mg 8/8h 100 mg 12/12h 5-20mg/kg/dia 12/12h Tratamento recomendado: incisão e drenagem. Uso adjuvante de antibióticos somente se imunossupressão ou sinais sistêmicos. Erisipela e celulite Pacientes sem sinais de gravidade: Cefalexina Amoxicilina Amoxicilina/clavulanato Pacientes com sinais de gravidade: Oxacilina Cefazolina Sulfametoxazol- Trimetoprim 500mg 6/6h 500mg 8/8h 875/125mg 12/12h 2g 4/4h 1g 8/8h 800/160mg 12/12h 15mg/kg de 12/12h Paciente com SIRS, imunossuprimido, com falência prévia a terapia oral devem ser hospitalizados. Outras opções de tratamento são possíveis, mas demandam discussão com CCIH PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 4 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES Vancomicina Por 7 dias de acordo com resposta clínica. Fasceíte necrotizante Pacientes sem fator de risco para bactérias multirresistentes: Ceftriaxona + metronidazol Ceftriaxona + clindamicina Ciprofloxacino + metronidazol Ciprofloxacino + clindamicina Pacientes com fatores de risco para bactérias multirresistentes: Piperacilina/tazobactam Cefepime + clindamicina Cefepime + metronidazol 1g 12/12h + 500mg 8/8h 1g 12/12h + 600mg 8/8h 400mg 12/12h + 500mg 8/8h 400mg 12/12h + 600mg 8/8h 4,5g 8/8h 1g 8/8h + 600mg 8/8h 1g 8/8h + 500mg 8/8h 1g 8/8h Recomendada rápida intervenção cirúrgica e antibioticoterapia empírica de amplo espectro. Devem ser mantidos enquanto houver necessidade de desbridamento e por 48 a 72 horas após o paciente manter estabilidade. PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula PerdigãoRenata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 5 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES Meropenem Mordeduras de cão e gato Amoxicilina/clavulanato Ampicilina/sulbactam Cefalexina 875/125mg 12/12h 3g 6/6h 500mg 6/6h Considerar antibioticoterapia mesmo sem sinais de infecção por 3 a 5 dias se: imunossupressão, asplenia, doença hepática avançada, edema preexistente ou resultante na área afetada, lesões moderadas a severas (especialmente na face) e lesões que penetram no periósteo ou cápsula articular. Avaliar vacinação para tétano e raiva. 5. Abordagem das infecções de sítio cirúrgico A terapia mais importante na ISC é a incisão e drenagem da secreção, e a troca de curativos até que o fechamento da ferida por segunda intensão. A associação de antibióticoterapia não é indicada rotineiramente, mas pode ser iniciada, em conjunto com a drenagem da secreção, nas infecções com repercussão sistêmica tais como: eritema e induração com extensão > 5 com da borda da incisão cirúrgica; febre > 38,5°C, taquicardia e leucocitose. PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 6 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES Antibióticoterapia deve ser direcionada para cobertura do S aureus, considerando-se os fatores de risco relacionados com risco de colonização por MRSA. A cobertura de bactérias Gram negativas e anaeróbios é recomendada para infecções de cirurgias na axila, trato gastrointestinal, períneo, e trato genital feminino. As tabela 2 e 3 apresentam a antibióticoterapia adequada de acordo com o tipo de procedimento cirúrgico e o microrganismo isolado. A ISC raramente ocorre nas primeiras 48 horas após o procedimento cirúrgico. Infecções que ocorrem nesse período são quase sempre causadas por S pyogenes ou espécies de Clostridium. Outra causa de inicio de febre e sinais sistêmicos de infecção precoce da ferida é a síndrome do choque tóxico causada pelo S aureus. Nesse caso os sinais locais de infecção são discretos e desproporcionais ao acometimento sistêmico. Diante de uma infecção incisional profunda que não responde ao tratamento pelo tempo esperado deve ser investigado foco infeccioso em órgão ou cavidade. Tabela 2: Opções terapêuticas das infecções do sítio cirúrgico Cirurgia do Intestino ou Trato genitourinário 1ª opção Ceftriaxona + metronidazol Ciprofloxaxino + metronidazol Levofloxacino +metronidazol Ampicilina-sulbactam + gentamicina Outras opções – discutir com CCIH se aplicam- se (avaliar tempo de internação, uso prévio de outros ATBs, imunidade) Piperacilina-Tazobactam, Meropenem, Ertapenem Cirurgias do tronco ou extremidades (longe da axila ou períneo) 1ª opção Oxacilina, cefalexina, cefazolina, SMZ-TMP PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 7 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES 2ª opção (discutir com CCIH indicação) Vancomicina Cirurgias da axila ou períneo Opções Ceftriaxona + metronidazol Ciprofloxacino + metronidazol Levofloxacino + metronidazol Tabela 3: Opções terapêuticas de acordo com microorganismo isolado Microorganismo Antibiótico Estreptococo Penicilina 2 a 4 milhões U IV 4-6hs Clindamicina 600 a 900 mg IV 8/8hs Cefazolina 1 g IV 8/8hs Penicilina V 500g VO 6/6hs Cefalexina 500 mg VO 6/6hs MSSA Oxacilina 1-2g IV 4/4hs Cefazolina 1 g IV 8/8hs Clindamicina 600 IV 8/8hs ou Clindamicina 300-450mg VO 6/6hs Cefalexina 500mg VO 6/6hs Doxiciclina 100mg VO 12/12hs SMZ-TMP 400/80 a 800/160mg VO 12/12hs MRSA Vancomicina 30 mg/kg fracionado em 12/12hs Clindamicina 600 IV 8/8hs ou Clindamicina 300-450mg VO 6/6hs Linezolida 600 mg VO ou EV de 12/12hs Daptomicina 4mg/kg de 24/24hs Doxiciclina 100mg VO 12/12hs PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 8 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES SMZ-TMP 400/80 a 800/160mg VO 12/12hs Clostridial sp Penicilina 2 a 4 milhões U IV 4-6hs + clindamicina 600 mg EV 8/8hs Vibrio vulnificus Doxicilina 100mg VO 12/12hs + ceftazidime 1g EV 8/8hs Aeromonas hydrophila Doxiclina 100mg VO 12/12hs + Ciprofloxacino 400mg EV 12/12hs 6. Abordagem das infecções de pele e partes moles em imunossuprimidos Além de infecção, o diagnóstico diferencial das lesões de pele em pacientes imunossuprimidos inclue farmacodermia, infiltração cutânea do tumor, reação à quimio ou radioterapia, vasculite leucocitoclástica, dentre outros. Os microorganismos envolvidos nas infecções de pele variam com o grau de imunossupressão do paciente. Deve-se realizar biópsia ou aspiração da lesão para avaliação histológica, citológica e microbiológica precocemente. Em pacientes com neutropenia febril persistente (após 4-7 dias) ou recorrente a infecção de pele é causada por leveduras ou fungos filamentosos em mais de 50% dos casos. Nesse grupo de pacientes a infecção de pele é usualmente secundária à disseminação hematogênica. Nos pacientes com neutropenia febril a abordagem cirúrgica para drenagem da ferida deve ser feita após recuperação da medula ou na presença de fasceíte necrotizante progressiva. O uso de antimicrobianos para tratamento das infecções nesses pacientes deve seguir as orientações do PTC CCIH 005 - Neutropenia febril PROTOCOLO CLÍNICO PTC CCIH - 002 I - CONTROLE HISTÓRICO REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO 00 29/08/2016 09 Emissão Inicial Fabiane Scalabrini Renata Lanna Paula Perdigão Renata Lanna Maciel ASSINATURA E CARIMBO 9 TÍTULO: DIRETRIZES PARA TRATAMENTO DE INFECÇÕES DE PELE E PARTES MOLES 7. Siglas ATBs: antibióticos EUA: Estados Unidos da América MSSA: Multissensível MRSA: Staphylococcus aureus resistente a meticilina S.aureus: Staphylococcus aureus SMZ-TMP: Sulfametoxazol-trimetoprim SIRS: Síndrome de resposta inflamatória sistêmica TG: Trato genital TGI: Trato genitourinário 8. Bibliografia Azulay R.D. et al. Dermatologia Azulay. 5ª edição. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2008. Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Skin and Soft Tissue Infections: 2014 Update by the Infectious Disease Society of America. CID, 2014.
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