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APG 29 – VERMELHO BRILHANTE Kamilla Galiza Objetivos Identificar os fatores de risco e etiologia da erisipela. Descrever a fisiopatologia da erisipela, relacionando com os sinais e sintomas e suas complicações (classificação). Discorrer sobre o diagnóstico e os achados dos exames da erisipela. Relatar o tratamento e a prevenção da erisipela. Conceito A erisipela é uma infecção dermo-hipodérmica aguda, não necrozante, geralmente causada pelo estreptococo β–hemolítico do grupo A. Ocorre comumente em crianças pequenas e idosos. Além de diabéticos, obesos e nos portadores de deficiência circulatória das veias dos MMII. A erisipela não é contagiosa e seus nomes populares são: esipra, mal-da-praia, mal-do- monte, maldita, febre-de-santo-Antônio. Diferença da celulite: a celulite envolve tipicamente tanto a pele quanto os tecidos subcutâneos mais profundos, e a distinção entre a região infectada da não infectada, não é clara. Etiologia Os casos clássicos de erisipela, com manifestações típicas, são quase sempre devidos a estreptococos beta hemolíticos, habitualmente do grupo A. O principal agente é o Streptococcus pyogenes. Fatores de risco População caucasiana Consumo de álcool e o tabagismo Insuficiência venosa – mais frequente. Linfedema – tanto um fator predisponente como uma complicação. Doença vascular periférica Diabetes mellitus Obesidade Tinea pedis Ulceras de MMII Trauma local Picadas de insetos Fisiopatologia A porta de entrada pode consistir em uma ferida traumática ou cirúrgica, picada de inseto ou qualquer outra solução de continuidade na integridade da pele. Com frequência nenhum local de entrada é aparente. Uma forma de celulite estreptocócica é a erisipela. As fissuras na pele presumivelmente servem como porta de entrada para os estreptococos que, a seguir, provocam infecção mais proximamente na perna, no local de leão previa. As bactérias que infectam a epiderme, como o Streptococcus pyogenes, podem ser transferidas lateralmente para estruturas mais profundas por meio dos vasos linfáticos, APG 29 – VERMELHO BRILHANTE Kamilla Galiza evento que resulta na rápida disseminação superficial da erisipela. Mais tarde, o ingurgitamento ou a obstrução dos vasos linfáticos causa edema flácido da epiderme, outra característica da erisipela. O rico plexo de capilares abaixo da papila dérmica fornece nutrição ao estrato germinativo, e as respostas fisiológicas desse plexo produzem sinais e sintomas clínicos importantes. A erisipela envolve a derme superior e vasos linfáticos superficiais. Quadro clínico Na erisipela o doente apresenta inicio abrupto de febre elevada, em geral 39 a 40ºC, acompanhada de mal-estar e astenia. Após poucas horas, observa-se graus variáveis de sintomas sistêmicos e sinais como eritema, edema, calor e rubor no local afetado, habitualmente um membro ou a face. Na erisipela, a margem da lesão é bem delimitada e elevada. Marcando a borda da lesão com uma caneta, é possível observar a progressão ou regressão da lesão. Por vezes, é difícil esta diferenciação com um diagnostico diferencial (celulites), pois a erisipela pode acometer tecido celular subcutâneo mais profundo e a celulite pode comprometer a derme, além do tecido subcutâneo. É comum haver bolhas de conteúdo seroso e hemorrágico no local afetado. Linfangite e Adenomegalia regional também podem estar presentes. O local mais frequente de acometimento é a perna, sendo o braço e a face outros sítios comuns de acometimento. A erisipela também pode ocorrer no braço, especialmente nas pacientes com CA de mama, submetidas à mastectomia com esvaziamento ganglionar e o que evoluem com Linfedema no braço. Como descrever a lesão: A lesão é definida por uma placa eritematosa, edemaciada, infiltrada e dolorosa, com bordas que crescem centrifugamente, bem delimitadas que avançam rapidamente sobre a pele circunvizinha. Descrições clássicas de erisipela observam o envolvimento de “borboleta” no rosto. O envolvimento da orelha (sinal da orelha de Milian) é uma característica distintiva da erisipela, uma vez que essa região não possui tecido dérmico mais profundo. Complicações Quando o paciente é tratado logo no inicio da doença, as complicações não são tão evidentes ou graves. No entanto, os casos não tratados a tempo podem progredir com abscesso, ulcerações superficiais ou profundas e trombose de veias. O Linfedema pode ocorrer como sequela, especialmente quando há erisipela de repetição (elefantíase mostra). Diagnostico Baseia-se nos achados clínicos, característicos. O diagnostico definitivo só é confirmado pelo resultado das culturas. No entanto, isso não deve atrasar i inicio da terapia em pacientes com sinais e sintomas clássicos. Medidas auxiliares no diagnostico como hemocultura, aspirados e biopsias não se mostram uteis em casos leves de infecções, mas mostram-se importantes ferramentas diagnosticas quando os pacientes apresentam toxicidade sistêmica, envolvimento extenso da pele ou comorbidades como Linfedema, CA, neutropenia, DM, esplenectomia, imunodeficiência, historia de celulite APG 29 – VERMELHO BRILHANTE Kamilla Galiza recorrente ou persistente e em casos de exposição a mordeduras de animais. Cultura de bactérias, coletadas por meio de aspirado de fluido, após infiltração subcutânea de solução salina, pode resultar positivo. A biopsia de lesão cutânea com cultura para bactérias pode dar resultado negativo. O hemograma pode revelar leucocitose em 50% dos doentes, com desvio à esquerda. Hemoculturas apresentam positividade baixa nos doentes de erisipela e celulite. Os exames de velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C reativa (PCR) podem estar elevados em 85 e 97% dos doentes, respectivamente. Os níveis mais elevados desses exames são observados nos doentes mais graves. Diagnostico diferencial O diagnostico diferencial entre as infecções cutâneas inclui patologias infecciosas e não infecciosas. Entre as infecciosas, doenças como a fasceíte necrozante, gangrena gasosa, síndrome do choque tóxico, osteomielite devem ser afastadas na avaliação inicial do paciente pelas suas importantes implicações terapêutica. Quadros não infecciosos como dermatite de contato, TVP, gota, mordidas de insetos e reações a drogas, também podem confundir o diagnostico. O principal diagnóstico diferencial é com a celulite, infecção cutânea que compromete uma parte maior dos tecidos moles, estendendo-se profundamente através da derme e tecido subcutâneo, podendo-se iniciar com erisipela. Em geral, a lesão é extremamente dolorosa e infiltrativo, com bordas mal delimitadas que se estendem ao tecido subcutâneo. Sua demarcação com pele sã é indistinguível e não cresce centrifugamente. Exames complementares Em caso de internação: avaliação da função renal e de eletrólitos. Exames histológicos: hemoculturas recomendadas apenas em pacientes com sintomas de sepse e febre associada (> 38ºC). Exame histológico: reação inflamatória neutrofílica, difusa, edematosa, estendendo-se para o tecido subcutâneo. Exames de imagem: uteis quando há suspeita de um abscesso subjacente associado a celulite e fasceíte necrotizante. - US com Doppler: avaliar presença de TVP; pode detectar abscessos e orientar necessidade de procedimentos invasivos. - RM: suspeita de fasceíte necrozante – paciente com edema tenso, necrose de pele, crepitação, parestesias e contagem de leucócitos acima de 14.000céulas/mm3. Tratamento Medidas de controle e tratamento da possível porta de entrada para erisipela ou celulite, como tratamento de tinha do pé e lesões ulceradas,devem ser tomadas para evitar a repetição destes quadros infecciosos bacterianos. O tratamento da erisipela inclui repouso e, quando pertinente elevação do membro afetado. Deve ser estimulada movimentação do membro afetado, para evitar a possibilidade de TVP. Se houver tromboflebite associada, deve-se considerar a possibilidade de tratamento com anticoagulantes. Penicilina procaína 400.000 UI IM a cada 12 horas por 10 dias, cefalexina VO 500 a 1000 mg a cada 6 horas ou eritromicina VO 500 APG 29 – VERMELHO BRILHANTE Kamilla Galiza mg a cada 6 horas por 10 dias são indicados paras as formas leves da doença. A duração do tratamento deve ser individualizada de acordo com a resposta clínica do paciente, podendo se estender de 5 a 10 dias. Seguimento É esperada melhora do quadro cerca de 24- 48 horas após inicio do antibiótico. Em caso de aumento da extensão do eritema e piora dos sintomas sistêmicos após esse período, deve-se pensar em resistência ou cogitar outro diagnostico. Prevenção As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos, tratando adequadamente as “frieiras”, evitando e tratando os ferimentos das pernas e tentando manter as pernas desinchadas. Deve-se evitar o ganho de peso, bem como permanecer muito tempo sem se movimentar, em pé ou sentado. O uso constante de meias elásticas é uma grande arma no combate ao edema, bem como fazer repouso com as pernas elevadas sempre que possível. Referencias Erisipela - Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doe ncas-e-problemas/erisipela/38/ Acesso em: 15 jun. 2021. GUILHERME, J. GEIST B. ERISIPELA E CELULITE Letícia de Salles Valiati Natália Corrêa de Corrêa. [s.1.] , [s. d.]. Disponível em. https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/886 00/erisipela-e-celulite.pdf. Acesso em 15 jun. 2021. Rivitti Evandro A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Artes Médicas, 2014. Veronesi: Tratado de Infectologia. S. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2015. Medicina de emergência: abordagem prática. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP. 13. Ed. Baruen [SP]: Manole, 2019. Brasileiro Filho, Geraldo. Bogliolo: Patologia. 9. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. CAETANO, Mónica; AMORIM, Isabel. Serviço de Dermatovenereologia. Hospital Geral de Santo António, SA, Porto. SPELMAN, D.; BADDOUR, L. M. Cellulitis and skin abscess: Epidemiology, microbiology, clinical manifestations, and diagnosis In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. Retrieved November 11, 2020. 2020. https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/erisipela/38/ https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/erisipela/38/ https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/88600/erisipela-e-celulite.pdf https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/88600/erisipela-e-celulite.pdf
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