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FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS - CAMPUS DE MARÍLIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO RAFAELA CAROLINA DA SILVA O USO DA INFORMAÇÃO IMAGÉTICA NO PROCESSO DA INCLUSÃO DIGITAL: uma perspectiva para atuações bibliotecárias Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Iniciação Científica. Marília/SP 2014 RAFAELA CAROLINA DA SILVA O USO DA INFORMAÇÃO IMAGÉTICA NO PROCESSO DA INCLUSÃO DIGITAL: uma perspectiva para atuações bibliotecárias Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília – como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profa. Dra. Maria José Vicentini Jorente. Linha de pesquisa: Informação e Tecnologia. Bolsa de Iniciação Científica: FAPESP. Marília/SP 2014 Silva, Rafaela Carolina da. S586u O uso da informação imagética no processo da inclusão digital: uma perspectiva para atuações bibliotecárias / Carolina Rafaela da Silva – Marília, 2014. 125 f. ; 30 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Biblioteconomia) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, 2014. Orientador: Maria José Vicentini Jorente 1. Tecnologias de informação e comunicação. 2. Inclusão digital. 3. Imagens digitais. I. Título. CDD 001.53 O USO DA INFORMAÇÃO IMAGÉTICA NO PROCESSO DA INCLUSÃO DIGITAL: uma perspectiva para atuações bibliotecárias Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília – como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia. BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________________ Nome: Maria José Vicentini Jorente Titulação: Doutorado (Profa. Dra.) Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp/Campus de Marília ___________________________________________________________________ Nome: Edberto Ferneda Titulação: Doutorado (Prof. Dr.) Faculdade de Filosofia e Ciências - Unesp/Campus de Marília ___________________________________________________________________ Nome: Joana Gusmão Lemos Titulação: Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia e Ciências Unesp/Campus de Marília Local: Faculdade de Filosofia e Ciências / Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília. Data: 24 de Novembro de 2014. Marília/SP 2014 Dedico este trabalho à minha mãe, Neusa, que sempre se dedicou a mim, lutando para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje. Ao meu falecido pai que, lá do Céu, sei que sente orgulho de mim nesse momento. Ao meu irmão Michel, meu melhor amigo. Ao meu noivo, Rubens, que esteve presente em toda a minha caminhada acadêmica. Ao meu segundo pai, Nielsen, por todo apoio e amor. À minha tia-prima, Cássia, que foi o incentivo da minha vida acadêmica. À minha linda, graciosa e fofinha madrinha, Nilcéa, por todo carinho. Amo vocês! AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, pela oportunidade de ter estudado na UNESP e desenvolver minhas pesquisas de iniciação científica com o apoio financeiro da FAPESP. Os aprendizados que recebi dessa jornada foram essenciais para minha formação acadêmica. À minha orientadora, Profa. Dra. Maria José Vicentini Jorente, que trabalhou comigo desde o primeiro ano da faculdade. Ao longo desse tempo, você se tornou não só uma amiga, mas uma pessoa essencial, uma mãe. Quantas vezes foi no seu ombro que eu chorei, foi com você que eu ri, enfim, foi para você que eu ligava às 2 horas da manhã desesperada atrás da minha pesquisa. Obrigada por tudo! À minha banca examinadora: Profa. Dra. Maria José, Prof. Dr. Edberto Ferneda e Profa. Mestre Joana Gusmão Lemos. Cada um de vocês participou da minha vida acadêmica de maneira a contribuir para meus conhecimentos adquiridos. À Linha de Pesquisa Informação e Tecnologia, em especial pelos meus colegas de grupo. MJ, obrigada por acreditar no meu potencial; Jô, você é a pesquisadora mais Diva que eu já conheci; Nati, você é a pessoa mais sensível e caridosa que eu já convivi; Anahí, minha Mãezinha, nunca esquecerei do pedaço de bolo do aniversário da Ceci que você levou para mim na faculdade; Talitinha e Lu, vocês foram verdadeiras amigas nesse percurso; Prof. Edberto, como já te disse, mesmo bravo você é engraçado. Amo vocês! Agradeço a Deus por guiar meus caminhos e nunca me deixar desistir dos meus sonhos. Aos meus pais, Neusa e Elizio, que me proporcionaram uma trajetória de estudos e apoio moral, contribuindo para que eu pudesse chegar onde cheguei hoje. À minha mãezinha deixo meus sinceros votos de gratidão, pela mulher vencedora, forte e que dedicou toda sua vida a mim, ao meu desenvolvimento intelectual e moral. Você sempre acreditou em mim, MÃE, e pode ter certeza de que um dia vou te recompensar por tudo que fez. A MELHOR MÃE DE TODAS! Obrigada por ser tão especial assim, por todos os carinhos e cuidados, não sei o que seria de mim sem você. EM QUATRO PALAVRAS: MINHA RAZÃO DE VIVER! Ao meu paizinho, que não pôde materialmente estar presente em minha trajetória acadêmica, mas que espiritualmente sei que está feliz pela minha formação. Começo a lembrar do seu abraço, dos seus beijos, de quando eu fingia que estava dormindo só para você fazer carinho em mim. Sei que você está comigo, não presencialmente, mas espiritualmente. Quem me dera se por um segundo Deus permitisse que eu fosse até você para poder sentir seu abraço e aquele carinho que só você sabe dar. Minha magrelinha, era seu apelido carinhoso para mim. Sua magrelinha cresceu, paizinho, e estou procurando viver de uma maneira que você possa sentir orgulho da filha que criou. Ao meu irmão. Não sei como podemos ser tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais em nossos pensamentos e atitudes. Nossa relação não é apenas de irmãos de sangue, mas também de alma. Eu te amo muito, meu irmão-pai. Você é meu protetor, meu porto-seguro, e, ao mesmo tempo, tão crianção, que me sinto no dever de ser sua protetora. Com você me sinto tão bem... Te amo muito, brother! Amizade fraterna e realmente verdadeira! Ao meu noivo, Rubens. Amor, obrigada por estar comigo em todas as horas, por me entender quando precisei te deixar sozinho sábado à noite para ficar estudando, por me incentivar a nunca desistir, por me apoiar em minhas escolhas e por perder festas, churrascos etc. para ficar comigo, me ajudando em meus estudos. Meu futuro marido, sou louca, completamente apaixonada por você. Meu eterno amor! Aos meus avós e ao meu tio Nori, que infelizmente não puderam me ver crescer, mas que sempre diziam que eu me tornaria alguém importante na vida: “Aqui estou eu, meus queridos, concluindo mais uma etapa da minha vida”. Dona Nilcéa, minha tiazinha, minha madrinha, linda da minha vida, quantas vezes te vi chorar pelas minhas conquistas. Sei que, em suas orações, meu nome sempre está presente. Minha pequena, como você me paparica, como gosto de ser mimada por você. Nunca me esquecerei da Menina Amarela, das cabaninhas que construíamos e de como você fez e faz parte da minha vida. Obrigada por todo amor.... O sentimento é recíproco! Ao meu tio Nielsen, que é um pai para mim! Meu paizão, você sempre me ajudou, confiou em mim,se preocupou com a pessoa que um dia eu me tornaria. Você fez parte de todos os momentos da minha vida e, sinceramente, só tenho a agradecer por você existir. TE AMO! À minha prima Cássia, mas que chamo de tia, desde pequena. Obrigada pelo incentivo, pela torcida, pelo apoio emocional, por acreditar que eu conseguiria entrar na faculdade e alcançar meu sonho maior: a pesquisa acadêmica. Fique sabendo que você foi o incentivo para que fizesse este curso, e estou totalmente satisfeita com a escolha que fiz. AMO VOCÊ! À minha melhor amiga, minha amiga-irmã, minha companheira a mais de 17 anos. Bá, você esteve presente nos momentos mais felizes e mais difíceis da minha vida. Não tenho palavras para explicar como sua amizade é importante para mim. Amizade verdadeira, que ultrapassou barreiras. Você é ÚNICA! Mila, minha estrela guia, você me mostrou o lado bom da vida. Nossos destinos foram surpreendentemente entrelaçados, e acredito que nada é por acaso. Agradeço à Espiritualidade Maior por tê-la colocado em minha vida. Amizade verdadeira sim, pois quando eu estava aqui, no chão, desacreditada da vida, quem veio me buscar para conversar e tomar sorvete FOI VOCÊ, e não outra pessoa, FOI VOCÊ! Foi você quem estava do meu lado nos momentos acadêmicos e nos momentos de diversão. Te admiro pela bondade, pela alegria e por ser essa pessoa tão iluminada. Somos tão parecidas, tão estabanadas, tão choronas (observação: estou chorando escrevendo essas palavras para você), mas fortes, persistentes. Obrigada por tudo, minha estrelinha. A todos os professores e colegas de faculdade que, de alguma forma, fizeram parte da minha vida. Jé, minha best da facul, obrigada pelas unhas feitas em todos meus aniversários; Mara, mamis, obrigada pelos docinhos; Dani, Celinha, Rafa e Samu, obrigada pelos estudos e almoços juntos; Joy, minha pequena grande amiga, além de estudos, você me proporcionou amizade. AMO VOCÊS! Jean, meu irmãozinho de alma, não vai ser o tempo ou a distância que separará nossa amizade. Você realmente é verdadeiro, inteligente e, acima de tudo, humilde... Meu companheiro não só de seminários, mas também de gordices e paranoias em emagrecer (hehehe). Ah, a amizade.... Como ela é boa, se verdadeira! Posso dizer, sem medo, que você é meu AMIGO! Lare, obrigada por ser essa menina surtada, que sabe compartilhar das minhas loucuras. Obrigada pelos ansiolíticos compartilhados em momentos de surto (hehehhehe), obrigada por essa relação de amizade conturbada que me fez aprender muito sobre a vida, que me fez crescer e ser a amiga que você diz que sou hoje. Gosto muito de você, viu menininha? E a nossa trajetória na faculdade já mostrou que não adianta, tudo que é verdadeiro, volta! Esta trajetória foi marcada por aprendizados, amadurecimentos, situações alegres e desafiantes, que me proporcionaram chegar onde cheguei. Admito que o caminho muitas vezes não foi fácil, mas é ultrapassando barreiras que conseguimos obter gratificações. É na convivência de cada dia que descubro quem eu sou! Enfim, ACABOU! OBRIGADA, OBRIGADA e OBRIAGADA! Agora chega de chororô e de blá blá blá, aqui vai minha mensagem final: LOUCO, LOUCO, LOUCO, EU SOU DA UNESP! :) “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” (O Pequeno Príncipe) SILVA, Rafaela Carolina da. O uso da informação imagética no processo da inclusão digital: uma perspectiva para atuações bibliotecárias. 2015. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília/SP, 2014. RESUMO Considerando-se que o advento das tecnologias digitais alterou, como toda nova invenção, as relações humanas em grupo, pode-se inferir que essas relações posicionam-se no núcleo do universo informacional. Entende-se, portanto, que nos meios de inclusão digital o uso de imagens seja incentivado como linguagem convergente em ambientes disseminadores de conhecimento. A pesquisa parte de uma análise teórica-descritiva sobre as maneiras pelas quais os elementos imagéticos podem servir de perspectiva atrativa aos diferentes sentidos humanos em uma biblioteca. A metodologia orienta-se pela pesquisa documental. Os resultados mostram que a leitura de linguagens convergentes é de difícil compreensão e que a sintaxe das linguagens imagéticas não é devidamente estudada. As novas formas de percepção da informação proporcionadas pelas mídias pós-custodiais interferem no processo de geração de significados. Nesse sentido, desenvolveu-se um guia com diretrizes aos bibliotecários em relação ao ensino-aprendizagem das linguagens imagéticas. Direcionou-se caminhos para o desenvolvimento de plataformas imagéticas digitais em ambientes informacionais. Por isso, é necessária uma cooperação entre bibliotecários, biblioteca e usuários na inclusão digital por meio de linguagens convergentes. Palavras-chaves: Informação e Tecnologia. Imagem e Informação. Infoinclusão digital. TIC. SILVA, Rafaela Carolina da. O uso da informação imagética no processo da inclusão digital: uma perspectiva para atuações bibliotecárias. 2015. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília/SP, 2014. ABSTRACT Considering that the advent of digital technology has changed, as every new invention, the human relations group, can be inferred that these relationships will position themselves at the core of informational universe. It’s understood, therefore, that the means include the use of digital images is encouraged as convergent language, especially in environments disseminators of knowledge. The research parts of a theoretical analysis, exploratory and descriptive about the ways in which elements can serve as a pictorial perspective attractive to different human senses in a library. The methodology is directed by a documentary research. The partial results revealed that the reading and the understanding of the convergent language are difficult and the syntax of the imagetic languages isn’t properly studied. The new ways of information perception provided by the post-custodial media attain the creation of the meanings process. In this way, was developed a guideline to librarians in relation to teaching and learning imagetics languages. Was directioned ways for the development digital images platforms in information environments. Hence, it’s necessary a cooperation between librarians, libraries and libraries users in the digital inclusion through convergent languages. Keywords: Information and Technology. Image and Information. Digital infoinclusion. ICT. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapa da exclusão digital no Brasil em 2010........................................ 33 Figura 2. Frequência de uso da Internet............................................................. 35 Figura 3. Círculo cromático................................................................................. 39 Figura 4. Imagem e o contexto social.................................................................. 45 Figura 5. Sobreposição de fotografias................................................................. 46 Figura 6. Logo da biblioteca................................................................................ 48 Figura 7. Propaganda da Biblioteca.................................................................... 49 Figura 8. Banner 1............................................................................................. 49 Figura 9. Banner 2............................................................................................. 50 Figura 10. Banner 3.............................................................................................51 Figura 11. Banner 4............................................................................................. 52 Figura 12. Banner 5............................................................................................. 53 Figura 13. Banner 6............................................................................................. 54 Figura 14. Círculo cromático em 3D.................................................................... 60 Figura 15. Página da biblioteca no Facebook 1.................................................. 93 Figura 16. Página da biblioteca no Facebook 2.................................................. 93 Figura 17. Perfil de Wael Ghonim no Twitter....................................................... Figura 18. Campi da Unesp que utilizam blogs................................................... Figura 19. Campi da Unesp que utilizam Facebook............................................ Figura 20. Campi da Unesp que utilizam Twitter................................................. Figura 21. Campi da Unesp que utilizam Foursquare......................................... 102 108 108 109 109 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Papel do bibliotecário junto às linguagens convergentes................ 62 Quadro 2. Processo de alfabetização em informação sob sete categorias / concepções diferentes....................................................................................... 71 Quadro 3. Planejamento de um Guia de Comunicação para bibliotecários - Ações................................................................................................................. 85 Quadro 4. Planejamento de um Guia de Comunicação para bibliotecários – Profissionais da informação............................................................................... 87 LISTA DE SIGLAS CI: Ciência da Informação CMOS: Complementary Metal – Oxide – Semiconductor FAPESP: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FFC: Faculdade de Filosofia e Ciências TIC: Tecnologias de Informação e Comunicação RCA: Radio Corporation of America Pixel: Picture Element Unesp: Universidade Estadual Paulista SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 08 1.1 Objetivos........................................................................................................ 14 1.2 Justificativa..................................................................................................... 15 1.3 Metodologia.................................................................................................... 16 1.4 Pressupostos teóricos.................................................................................... 17 2 LINGUAGEM IMAGÉTICA E A INCLUSÃO DIGITAL NO CONTEXTO BRASILEIRO....................................................................................................... 25 2.1 Sintaxe da linguagem imagética.................................................................... 36 2.2 Aplicação da linguagem imagética em bibliotecas......................................... 42 2.3 A linguagem imagética digital......................................................................... 59 2.4 Papel das redes sociais na inclusão digital.................................................... 64 3 PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO E A INCLUSÃO DIGITAL.................... 69 3.1 O bibliotecário e as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)..................................................................................................................... 73 3.2 Ensino e aprendizagem: interação entre o homem e os diferentes meios tecnológicos.......................................................................................................... 76 3.3 A prática profissional e o aguçamento ao uso de bibliotecas......................... 80 3.4 Diretrizes para os bibliotecários em forma de guia........................................ 83 3.4.1 Desenvolvimento de uma plataforma imagética digital em ambientes informacionais....................................................................................................... 88 4 A BIBLIOTECA COMO AMBIENTE ATRATIVO............................................. 95 4.1 Imagem: linguagem atrativa aos olhos humanos........................................... 96 4.2 Comportamento psicoperceptivo do ser humano........................................... 104 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 111 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 115 8 1 INTRODUÇÃO Este trabalho está inserido na Linha de Pesquisa de “Informação e Tecnologia”, no tema “Aspectos Sociais e Culturais da Tecnologias em Informação”, com delimitação no estudo da inclusão infodigital. Esta pesquisa está sobreposta a um projeto de Iniciação Científica, com o financiamento pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), cujo título é: “O uso da informação imagética no processo da inclusão digital: uma perspectiva para atuações bibliotecárias”. A construção de novos saberes é algo intuitivo e intrínseco às evoluções tecnológicas, que sempre fizeram parte do caminhar humano. Diante disso, o homem começa a ter novas necessidades informacionais, o que o leva a buscar maneiras diferentes de se relacionar com o mundo e a rever o modo como interage com as tecnologias presentes no seu dia a dia, já que: “[...] Praticamente desde a nossa primeira experiência de mundo, passamos a organizar nossas necessidades, nossas preferências e nossos temores, com base naquilo que vemos” (DONDIS, 2003, p. 5-6). Assim, percebe-se, com o decorrer da história, que o desejo de criar é uma constante à espécie humana, permeando, na atualidade, a passagem dos meios analógicos às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que englobam os meios digitais. Na utilização de ambientes digitais colaborativos, o modo de construção do conhecimento se dá através da interação entre homem-máquina- homem e permite uma maior facilidade na articulação das linguagens convergentes do ambiente por meio de hipertextualidade e multimodalidade na escolha do conteúdo a ser pesquisado. Nesses ambientes, desde a década de 1990 foram assimiladas as interfaces gráficas e, como consequência imediata, tais ambientes digitais possibilitaram um aumento significativo na interação entre as pessoas e a partilha de conhecimentos entre diferentes campos de atuação. Na medida em que essas tecnologias favorecem o compartilhamento do conhecimento, acessível a públicos de idades e educação diferenciados, a World Wide Web (Web) insere-se como meio interativo ao uso dessas tecnologias, favorecendo a inclusão dos mesmos. Em uma sociedade pós-custodial, em que o objetivo é tornar a informação existente acessível, e flexível, o papel da leitura, ligado ao do profissional 9 bibliotecário em equipamentos culturais, se relaciona diretamente com o desenvolvimento econômico e social. Assim, não só as instituições, mas os profissionais da informação têm compromisso para com o acesso à informação, sendo a função desses profissionais designadas em conjunto com a sociedade. Considerando que a Internet, em geral, é usada por uma grande parcela de pessoas (estudiosos ou não) como instrumento de pesquisa, trabalho e entretenimento, constata-se que o fenômeno digital está, com muita frequência, presente na sociedade brasileira.As redes de Internet vêm sendo usadas frequentemente pela sociedade atual, chamada por muitos, de “Sociedade da Informação” (SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2014). O contexto requer um pensar de como expressar esses conhecimentos para que eles sejam representados de maneira mais fácil e amplamente socializada. O profissional bibliotecário, que tem por função analisar os documentos (como livros, revistas, dentre outros), com o objetivo de disponibilizá-los em forma de representação (como índices, catálogos e bases de dados), tornando o acesso a esses recursos abrangente às diferentes classes sociais, precisa estar atento ao uso dessas novas formas tecnológicas, já que elas passaram a fazer parte do seu cotidiano profissional. Na internet, o sujeito que recebe informações da conexão também pode ser o reutilizador e disseminador da mesma, por meio de sites, redes sociais, enfim, através de plataformas digitais. Essas, portanto, podem ser ou não relevantes para quem a lê. A biblioteca, por ser uma unidade disseminadora de informação, está vinculada aos meios de pesquisa informacional. Nesse contexto, centralizando a atenção nas pessoas que interagem com tal meio, é papel dos profissionais que lá trabalham fazer com que a disseminação e aquisição dos recursos informacionais sejam feitos de modo a poupar o tempo do usuário e, principalmente, assegurar a confiabilidade das informações fornecidas. Tendo em vista a dificuldade de alguns usuários em localizar documentos dentro de um acervo e/ou bases de dados, o processo de mediação - entre os bibliotecários, os meios de busca de informação e os usuários de uma biblioteca - é de primordial importância para satisfazer as necessidades informacionais de tais 10 indivíduos. No entanto, como comenta Saez Vacas em Web 2.0, a diferença entre o pensar de nativos e imigrantes digitais nos mostra que as pessoas que nasceram em um contexto digital (nativos digitais) possuem, geralmente, mais facilidade, disposição e aceitabilidade aos recursos digitais do que aquelas denominadas imigrantes digitais (pessoas nascidas antes dos anos 1980). Nesse sentido, a atuação de nativos digitais é, muitas vezes, mais fluente em aspectos de criação e desenvolvimento das TIC. Logo, o profissional da informação, particularmente o bibliotecário, que imigrou para a digitalidade, em geral ainda pertencente à geração anterior à considerada como nativa digital. Porém, por estar inserido na área da Ciência da Informação (CI), destaca-se como um importante agente de disseminação do conhecimento, necessitando, por exemplo, saber discernir entre o conhecimento que deve ou não ser disponibilizado em um ambiente informacional, o que está diretamente relacionado a esse processo de disseminação da informação para um público cada vez mais de nativos digitais. Dessa forma, criar novos meios de interação para os indivíduos que utilizam uma biblioteca no panorama atual propõe um desejo de criação de sujeitos que pensam antes de aceitar a informação que recebem. Pensam dentro de novas estruturas de linguagens. Dessa maneira, o alfabetismo digital e as convergências de linguagem que acontecem nesse meio e privilegiam as imagens por seu sintetismo, contribuem de forma essencial para a construção desse indivíduo; isso “[...] significa participação, e transforma todos que o alcançaram em observadores menos passivos” (DONDIS, 2003, p. 231). Entretanto, as barreiras impostas ao desenvolvimento digital, pelo desconhecimento das convergências de linguagens tanto dos bibliotecários quanto dos usuários influenciam na disponibilização da informação digital e explicam, possivelmente, a não socialização de partes desse conhecimento. Nesse cenário, o processo de inclusão sociocultural das tecnologias digitais, mesmo que de forma irrefletida, aparece em segundo plano na organização e difusão do conteúdo informacional. Por outro lado, o universo que mais se destaca pelas falhas na disseminação da informação digital é o de comunidades de baixa renda. Essas comunidades, portanto, devem ser o foco das bibliotecas, pois privilegiam aqueles que não teriam, de outra maneira, acesso à informação. 11 De acordo com o artigo “Impacto da Exclusão Digital na Sociedade e no Mercado de Trabalho”, apresentado no II Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – SEGeT’2005, o acompanhamento das transformações tecnológicas é crescente, mas permanece com menor alcance entre populações pobres e analfabetas (esse índice abrange pessoas que não sabem ler ou que não conseguem interpretar o que leem). Nesse sentido, nossa pesquisa parte da ideia a de que a socialização das plataformas digitais pelas bibliotecas facilitaria a infoinclusão digital de populações mais pobres e excluídas, trazendo, até a unidades de informação, essas pessoas que, na maioria das vezes, não têm acesso às TIC em suas casas. Uma vez que se considera que o “[...] alfabetismo significa a capacidade de expressar-se e compreender” (DONDIS, 2003, p.230), destaca-se que, na proposta atual, não se excluem as tecnologias tradicionais de informação, mas sim se acrescentam novos meios e estratégias; incluem-se nelas as tecnologias e as mídias que fazem fluir as informações digitais. Baseando-se em Dondis (2001), no que se diz respeito ao potencial da imagem no processo de absorção das informações, essa pesquisa parte do pressuposto de que o bibliotecário, acrescentando aos seus conhecimentos o uso de elementos imagéticos, contribua para a alfabetização digital. Para tal, acredita-se que tais representações devam se relacionar com o tipo de público e com a maneira como o conteúdo é visualizado, pois: À medida que a informação presente na rede é amplificada e enriquecida, a alfabetização visual tende a ser cada vez mais importante. Imagens, ao contrário de textos, são absorvidas instantaneamente, e podem facilitar a tomada de decisões rápidas. (RADFARHER, 2011).1 Lima (2009) realça a importância de ter boa disposição em relação ao aprendizado dos conhecimentos imagéticos e multimidiáticos por parte dos profissionais da informação, já que as imagens e os sons atuam de maneira sintética e imediata junto aos que interagem com a informação, sendo mais diretos na criação do conhecimento. Ter boa disposição, portanto, com relação ao aprendizado dos conhecimentos proporcionados pelas linguagens visuais, por parte dos profissionais 1 RADFAHRER, L. Além da imaginação. Folha de São Paulo, São Paulo, dez. 2011. Seção Colunas. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/1016008-alem- da- imaginacao.shtml>. Acesso em: 05 dez. 2011. 12 da informação, é essencial para que as imagens e os sons atuem de maneira sintética e imediata junto ao psicológico das pessoas, sendo mais diretos na criação do conhecimento. Em contexto digital, a informação pode ser construída ou desconstruída a todo o momento, sem limites de espaço e tempo. O fluxo informacional passa a interligar o gerador (bibliotecário) e o receptor (usuários das bibliotecas) das informações de forma mais ampla e rápida. O ambiente de uma biblioteca, portanto, necessita abranger não somente um espaço de estudo, mas também uma dinamicidade, um espaço de conveniência, onde se possa agregar diferentes tipos de pessoas. Deve-se pensar em um ambiente amigável, aconchegante, em interfaces mais intuitivas (tanto físicas como virtuais), diminuindo do inconsciente dos usuários a ideia de que a biblioteca é uma caixa branca, um lugar que só deve ser procurado quando é necessário cumprir algum tipo de obrigação. Facilitar o processo de aprendizagem, a diversificação entre qualidade e quantidade de serviços e produtos oferecidos, entre linguagens imagéticas, sonorase escritas, podem ajudar na interpretação de algo que é proposto pela biblioteca aos usuários, já que fazem parte do convívio humano. Essas alterações que o ambiente sofre, por meio da implementação técnicas de estímulo sensorial, como stands, pôsteres, móbiles etc. torna a biblioteca um espaço vivo, que facilita a percepção humana. Assim, o papel do profissional da informação na disseminação da informação é contribuir para a formação de uma consciência critica e estimular esse comportamento para a construção de conhecimentos. Tal processo envolve atitudes aplicadas aos diferentes tipos de usuários de uma biblioteca, desde ações práticas de um bibliotecário, até ações culturais e arquitetônicas do local. Os bibliotecários devem estudar seus usuários, deixando de lado, muitas das vezes, as características técnicas do seu fazer profissional, a fim de se aproximarem cada vez mais dos usuários reais e potenciais de uma biblioteca. Os serviços e as ações da disseminação da informação envolvem um determinado contexto, usuários e conteúdo a serem trabalhados para o desenvolvimento de conhecimento a sujeitos – cidadãos, capazes de participação ativa nos processos infocomunicacionais, e não somente receptores passivos de informações. 13 As questões socioculturais que permeiam a contemporaneidade possuem novas configurações, requerem novas atitudes e exigem uma perspectiva de análise mais ampla. Nesse contexto, as bibliotecas relacionam-se à disseminação da informação, exercendo importante papel em todas as áreas do conhecimento e da sociedade, para contribuir com o empoderamento de seus usuários no exercício da cidadania. Em tal cenário, fica clara a importância da organização da informação digital para sua difusão no vasto conteúdo informacional. O bibliotecário, antes um mero tecnicista, passa a interagir com interfaces que estruturam a informação, determinando a padronização dos sentidos trazidos pelas leituras. No Brasil, as TIC se inserem em um cenário sociocultural onde muitos profissionais e outros sujeitos que interagem com a informação demonstram receio em se relacionar com a informação suportada por aparatos computacionais. Isso mostra, conjuntamente “com a diversidade da realidade brasileira e a dificuldade ou até impossibilidade de acesso às TIC por parcela considerável da população” (ALMEIDA, 2002, p. 04), que ainda perdura no país um ar de desconfiança e desigualdade em relação aos novos meios informacionais. Assim: A comunidade escolar (e outras pessoas que interagem com as TIC) se depara com três caminhos: repelir as tecnologias e tentar ficar fora do processo; apropriar-se da técnica e transformar a vida em uma corrida atrás do novo; ou apropriar-se dos processos, desenvolvendo habilidades que permitam o controle das tecnologias e de seus efeitos. (BRITO, 2006, p. 279, nota nossa). É a partir dessa percepção que a presente pesquisa visa estabelecer um elo entre os elementos imagéticos, ou seja, entre os recursos advindos da linguagem da imagem, e o processo de inclusão digital, procurando responder à questão: “O uso de elementos imagéticos pode ser um meio atrativo aos sujeitos internos e externos de uma unidade de informação?” Dessa maneira, o problema desta pesquisa está vinculado ao potencial socializante proporcionado pelos elementos de sintaxe imagética (arranjo, e combinação da textura, da luz, dos tons, das sombras, dentre outros), para a geração de um significado. A análise em questão propõe levantar os aspectos relevantes da inclusão digital e do interesse social em frequentar o ambiente de uma biblioteca. A discussão apoia-se no raciocínio de que o desuso dos benefícios trazidos pelas TIC às unidades de informação, por falta de oportunidades de aprendizado aos profissionais 14 da informação, pode contribuir para que as bibliotecas e outros ambientes informacionais continuem privilegiando a informação analógica, em detrimento das digitais. Logo, se tais profissionais apreendessem as formas estratégicas de utilização das TIC e do conhecimento das associações hipertextuais, não só eles mesmos se incluiriam digitalmente, como também, concomitantemente, ajudariam no processo de inclusão digital dos usuários no ambiente de uma biblioteca. Percebe-se que “Ver precede as palavras. A criança olha e reconhece antes mesmo de poder falar.” (BERGER; BLOMBERG; FOX; DIBB; HOLLIS, 1999). Nessa perspectiva, ao se constatar que, ao longo da história, mesmo os indivíduos analfabetos conseguiram apreender o conteúdo de imagens com maior facilidade do que se tentassem ler, por exemplo, uma placa com caracteres somente linguísticos, esta pesquisa parte da ideia de que a convergência das linguagens falada, imagética e simbólica proporciona uma apreensão mais palpável e intuitiva de sua leitura (DONDIS, 2003). Por essa razão, a utilização de meios multimodais, especialmente os imagéticos, em um centro documentacional pode fazer com que o interesse pela busca de conhecimento e pela inclusão infodigital sejam acentuados. Percebe-se que ambientes interativos são excelentes no processo cognitivo do ser humano (DONDIS, 2003); (SANTAELLA, 2001). Contudo, para que suas formas de disponibilização sejam precisas ao entendimento de uma pessoa, o treinamento de profissionais capacitados a lidar com diferentes fontes informacionais se faz necessário no ambiente de uma biblioteca. Assim, o uso de elementos imagéticos no processo de inclusão digital se destaca como uma perspectiva às atuações bibliotecárias, pois requer um pensar do como expressar os conhecimentos em forma sintética, para que esses possibilitem, aos sujeitos interpretantes, apreender conteúdos de maneira mais fácil e ampla. 1.1 Objetivos O objetivo geral desta pesquisa é estudar a sintaxe das linguagens imagéticas, observando se essas podem proporcionar um cunho mais atrativo e dinâmico na visualização dos recursos das unidades de informação. Nesse sentido, 15 pretende-se analisar se tal linguagem poderá ser utilizada como um meio de inclusão digital em ambientes informacionais. Objetiva-se, também, contribuir para a sociedade com uma pesquisa que poderá auxiliar as bibliotecas a atrair a atenção das pessoas e transformá-las em usuários participantes, criadores de conhecimento. Sendo assim, tal perspectiva visa informar a sociedade sobre os benefícios que as tecnologias atuais proporcionam na busca e uso das informações, tendo como objetivos específicos: - Levantar, sistematicamente, a produção bibliográfica referente aos estudos imagéticos como um aporte passível de ser utilizado pela Ciência da Informação. - Investigar, por meio da revisão bibliográfica, os processos de transformação dos suportes informacionais e a introdução de novas linguagens no ocidente ao longo da história. - Buscar uma relação entre as formas de reação das pessoas e as tecnologias em cada período da história, bem como os recursos de aprendizado utilizados para a aproximação das informações e do conhecimento. - Organizar o conhecimento adquirido nos passos anteriores em forma de um pequeno guia para bibliotecários e disseminá-lo nas unidades de informação, na comunidade científica e na sociedade em geral, por meio de apresentação do trabalho em eventos da área. 1.2 Justificativa Partindo do princípio de que as informações imagéticas são meios de informação de grande demanda no mundo atual, não há como as pessoas não interagirem em algum momento com elas. Nesse sentido, a justificativa para a realização desta pesquisa está na relevância do tema tanto para os profissionais quanto para os sujeitos que interagem com as informações das bibliotecas, tendo em vista as necessidades de letramento digital demandadas pela sociedade. As imagens, assim como as histórias, nos informam. Aristóteles nossugeriu que todo processo de pensamento requeria imagens. Portanto a alma nunca pensa sem uma imagem mental. A existência se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas e moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposição de significado) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em 16 imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa própria existência. (MANGUEL, 2001, p. 21). Uma vez que a tecnologia digital desenvolve-se cada vez mais no mundo contemporâneo, tomando espaços diversificados e abrangendo diferentes áreas do conhecimento, é de extrema importância que a sociedade esteja incluída e apta a entender esse tipo de informação. Para tanto, o uso de elementos visuais, sonoros e textuais no projeto de inclusão digital pode aguçar o interesse e a busca pelo acesso a essas tecnologias, despertando o sujeito para o uso das bibliotecas. Na academia, entretanto, e em especial na Ciência da Informação, infelizmente pouco tem sido produzido sobre o assunto, o que se de um lado nos entristece, por outro nos anima a empreender a pesquisa. Dessa maneira, sabendo que um dos objetivos da linha de pesquisa Informação e Tecnologia é permitir a maior uniformidade nas atuações dos profissionais da Ciência da Informação, a execução deste estudo é também relevante na medida em que se estabelecem novas perspectivas para a inclusão digital em ambientes informacionais presenciais e virtuais. Finalmente, para que se criem pontes entre o público e os itens presentes em uma unidade de informação, bem como com os novos meios que a presença de computadores introduz, torna-se necessário uma proximidade entre os elementos imagéticos e os profissionais da informação. 1.3 Metodologia A metodologia utilizada é teórico – exploratória e foi desenvolvida por meio de um levantamento bibliográfico com fontes de informação primárias (aquelas precedidas da fonte do próprio autor: artigos de revistas, teses, dissertações, entre outros), fontes secundárias (obras derivadas das fontes primárias: manuais, dicionários, enciclopédias, entre outros) e fontes terciárias (fontes que remetem e guiam os indivíduos para as fontes primárias e secundárias: bases de dados, catálogos, índices e outros), relativas aos processos de transformação dos suportes informacionais e às características formais e conceituais das mensagens fornecidas pelas informações imagéticas. A sistematização e as etapas de realização da pesquisa, seguidas dos passos metodológicos, estão expostas da seguinte maneira: 17 1. Levantamento bibliográfico de recursos informacionais analógicos e digitais a partir de diferentes modalidades. Fontes: primárias, secundárias e terciárias. 2. Discussão conceitual baseada em autores que façam uma interlocução com a Ciência da Informação; 3. Elaboração do relatório parcial. 4. Sistematização das ideias obtidas no passo anterior para a confirmação ou não da hipótese inicial e construção do guia de utilização de linguagens imagéticas. 5. Redação final: elaboração e redação final da pesquisa. 6. Encaminhamento do relatório final. 1.4 Pressupostos teóricos As transições sociais, especialmente aquelas que influenciam o modo como nos relacionamos com o mundo e com as tecnologias nele presentes, propõem uma reflexão sobre as transformações que ocorrem nos meios de informação e de comunicação. Na medida em que se entende o conceito de tecnologia como um meio para a construção de conhecimentos, quem se apropria de tais meios é o ser humano. Marshall Mcluhan foi um dos primeiros teóricos a enfatizar os meios como suas próprias mensagens e sustenta, com suas conceitualizações, o trabalho de teóricos mais contemporâneos, tais como como Lúcia Santaella: Depois de três mil anos de explosão, graças às tecnologias fragmentárias e mecânicas projetamos nossos corpos no espaço. Hoje, depois de mais de um século de tecnologia elétrica, projetamos nosso próprio sistema nervoso central num abraço global, abolindo tempo e espaço (pelo menos naquilo que concerne ao nosso planeta). (MCLUHAN, 1969, p. 15). As sociedades tribais comunicavam-se por meio da oralidade, determinando, ao transmitir informações presenciais em tempo e espaço específicos, a memória humana como suporte. Tal processo, configurado pelo uso de informações não registradas, disseminadas de geração para geração, compartilhava de ruídos e restrições de acesso. No passado, a atitude em relação à pintura e às estátuas era em geral semelhante. Não as consideravam meras obras de arte mas 18 objetos que tinham uma função definida. [...] Quanto mais recuamos na história, mais definidas mas também mais estranhas são as finalidades que se crê serem servidas pela arte. (GOMBRICH, 2011, p. 39). Contudo, com o advento da escrita, a flexibilidade da fala deu lugar à comunicação assincrônica e facilitou o acesso a um fascinante conjunto de conhecimentos mas, principalmente as linguagens alfabéticas, pressupunham uma linearidade estática. Possibilitou-se, também, a análise dos discursos não somente dentro, como também fora de seus contextos de produção. Também sabemos que, em séculos anteriores, os maias da América Central tinham construído grandes cidades e desenvolvido sistemas de escrita e de calendários [...]. Se tentarmos penetrar na mentalidade de quem criou esses ídolos sobrenaturais, começaremos a entender que não só a feitura das imagens nessas antigas civilizações estava vinculada à magia e à religião, como era também a primeira forma de escrita. (GOMBRICH, 2011, p. 50 – 53). Baseando-se nas prensas usadas para espremer uvas, Gutenberg foi o primeiro homem do Ocidente a adaptar tais prensas, juntamente com suas tipografias, à tecnologia da escrita, dedicando longo período de sua vida à invenção de uma tinta especial, à prova de borrões. A criação dessa tipografia, simultânea e sequencial, propiciou a grande confecção de cópias idênticas a preço relativamente baixo, contribuindo para a disseminação o conhecimento. “A Bíblia” de Gutenberg é considerada a primeira publicação impressa. Passamos da era dos manuscritos para a era do papel impresso.” (DIAS, 1999, p. 270). Quando Gutenberg realizou sua grande invenção de usar cetras móveis reunidas num caixilho, em vez de blocos inteiros, estes tornaram-se obsoletos. Mas logo foram encontrados métodos para combinar um texto impresso com a ilustração xilogravada, e muitos livros da segunda metade do século XV foram ilustrados com xilogravuras. (GOMBRICH, 2011, p. 282). O ocidente, a partir da invenção de Gutenberg, substituiu gradativamente os manuscritos pelos livros impressos, culminando em 1811 na substituição da mesa de pressão por um cilindro a vapor. Essa invenção, de Friedeich Koenig, era capaz de imprimir mil e cem cópias por hora, atingindo a expectativa de tornar mais ampla a disseminação científica. O uso do livro impresso passou a ser visto como uma memória auxiliar ao cérebro humano, bem como um desenvolvedor do auto didatismo sob o ritmo e disponibilidade de quem aprende, dirigido por sistemas desconhecidos 19 anteriormente. No campo da eletricidade surgiram as prensas elétricas, ferrovias, telefones, dentre outros, diminuindo a relação de tempo - espaço das percepções comunicacionais. Destarte, foi possível o coroamento do processo a partir da criação do jornal (século XX), com posterior extensão do rádio, da televisão e de aparelhos e técnicas relacionados a esta (videocassete, televisão a Cabo, Via Satélite, dentre outros) no Pós-Guerra. A trajetória de tais meios de comunicação vem do capitalismo liberal ao capitalismo de organização (ou monopolista), criador de uma sociedadede consumo. Nesses meios, a criação artística passa a ser objetual, realidade do estilo de vida efêmero que a mídia das massas impõe. Contudo, a partir de 1960 houve a desestabilização das formas tradicionais de comunicação, estabelecendo uma imposição mais sintética, mais ligada à simultaneidade. Douglas Engelbart, na década de 1960, ampliou o conceito de multimodalidade sobre um mesmo suporte e criou um espaço de trabalho colaborativo, o ON-Line System (NLS). O NLS pode ser considerado a primeira realização de experiência prática de hipertexto em ambiente digital, por conter ligações e um instrumento periférico - o mouse - para apontar os desejos do indivíduo que interage com a máquina, bem como telas em formato de janelas em função de organizar as informações por sua relevância no contexto da criação dos conteúdos. Em 1962, Engelbart escreveu um relatório para o Diretor de Ciência da Informação do Escritório de Pesquisa Científica da Força Aérea americana, denominado “Aumentando o Intelecto Humano: uma estrutura conceitual”. No documento, Engelbart apontava os computadores como ampliadores do intelecto por sua forma complexa de organização da informação e do pensamento. (JORENTE, 2012, p. 11, grifo do autor). Em contraponto ao cenário anterior da escrita sobre papel, os variados modelos de computador e as tecnologias invisíveis (Internet) proporcionaram a transição para o novo ambiente de comunicação de massa. Nela, porém, embora determinados padrões sejam remanescentes e enfatizem a comunicação de um para muitos, aberturas para a produção de informação significante privilegiam a qualidade informacional. Ou seja, há abertura para formas de produção da informação em diferentes suportes, que possibilitem tanto a mediação por parte de companhias relacionadas a redes e telecomunicações quanto a socialização da informação por meio de fóruns coletivos produtores, ou mesmo indivíduos participativos das redes. É, assim, uma produção gerada por muitos e para muitos: 20 Mas na era da eletricidade, quando o nosso sistema nervoso central é tecnologicamente projetado para envolver-nos na Humanidade inteira, incorporando-a em nós, temos necessariamente de envolver- nos, em profundidade, em cada uma de nossas ações. Não é mais possível adorar o papel olímpico e dissociado do literato ocidental. (MCLUHAN, 1969, p. 18). Considerada também um sistema de comunicação comum a uma comunidade, a língua relaciona-se diretamente com a linguagem, que por sua vez está direcionada à expressão do pensamento, sendo expressa por meio de palavras ou sinais. Nessa perspectiva, a língua caracteriza-se como sendo um organismo vivo e dinâmico e, por isso, encontra-se em constante transformação. O interesse dos homens pela linguagem é muito antigo, e foi no século IV a.C. que começaram os primeiros estudos inerentes a ela. Inicialmente, os hindus, por razões religiosas, iniciaram o estudo da sua língua para que seus textos sagrados não sofressem alterações no momento em que fossem proferidos ao povo. Os gregos, por outro lado, preocupavam-se, principalmente, em estabelecer relações entre a palavra e o conceito que a designa. Esse cenário também permeou as interrelações de diferentes linguagens (pinturas, fotografias, arquiteturas das cidades). Por essa razão, Jorente (2009), contextualiza: As iconografias veiculadas pela multiplicidade das mídias, também mutacionadas radicalmente por esta nova lógica, rompem com hábitos consolidados de ver e construir; interferem, preponderantemente, na genética e disseminação da informação - matéria prima dos atos de criação e interferem, portanto, na qualidade de vida e nas conceituações realizadas pela nova geração de indivíduos que com elas interagem: verificam-se a partir delas, mudanças significativas das formas de aquisição, organização, arquitetura e articulação da informação no exercício de um viver mais criativo na contemporaneidade que conta com uma infinidade de recursos, com o intercâmbio de intermídias e todas as formas culturais por elas absorvidas. (JORENTE, 2009, p. 2). Dessa maneira, o panorama das linguagens aqui tratadas baseia-se nos raciocínios de Santaella (2001), que compartilha da multiplicidade linguística e semiótica do pensamento lógico-semântico. A autora designa as linguagens puramente naturais através da: a) expressão verbal: as diferentes formas discursivas da escrita; b) sonora: qualquer música propriamente dita e desprovida de fala; c) visual: forma fixa de registro imagético do mundo físico; 21 d) a hibricidade e hipertextualidade são marcadas quando nos deparamos com linguagens sonoro-verbais: a mistura da música, da letra da canção e da fala, que se potencializa com a oralidade, explorando, segundo suas durações, articulações, entonações e ritmos; e) sonoro-visuais: a experiência musical contemporânea, em que a música passa a ser gravada independentemente da interpretação instrumental e social; f) visuais-sonoras: expressões que não compõem palavra e voz, ou seja, a informação é realizada por meio da computação gráfica, danças, vídeos, dentre outros; g) visuais-verbais: linguagem da escrita e suas relações visuais, remetidas às suas variações históricas; h) verbo-sonoras: a fala e suas articulações; i) verbo-visuais: o gesto como acompanhamento da fala se constitui em uma linguagem verbo-visual; j) verbo-visuais-sonoras: a total hibridez dos meios de hipertexto e hipermídia, ou seja, as linguagens audiovisuais. (SANTAELLA, 2001, p. 381-385). Diversas sociedades relacionam a linguagem verbal a uma forma ou até mesmo ao poder mágico de criar, nomear e transformar tudo aquilo que permeia o universo real. Por meio da linguagem, as sociedades podem estabelecer trocas de experiência. A linguagem verbal é o resultado do pensamento de uma sociedade e o veículo da sua comunicação social. Sendo assim, haverá comunicação em uma comunidade a partir do momento em que nela houver uma linguagem estabelecida. É a sociedade quem irá estabelecer uma linguagem, contando com sua “visão de mundo” da realidade social, histórica e cultural que presencia. Em meio à linguagem está a língua, que se transforma com o tempo, independentemente da vontade dos homens, mas por conta de suas necessidades internas. A combinação entre a língua e a linguagem resulta na fala, sendo esse um ato individual destinado aos indivíduos de uma sociedade. Nesse mesmo sentido, a comunicação, para o ser humano, caracteriza-se um meio de sobrevivência, pois, ao se comunicar uns com os outros, os homens expõem suas necessidades informacionais e seus conhecimentos para fins 22 determinados. A padronização da comunicação, de acordo com o contexto em questão, é essencial para que o emissor e o receptor que conheçam tal padronização consigam decodificar as informações contidas em tal processo de comunicação. Consoante à comunicação, o uso de tais linguagens, adaptadas aos meios midiáticos proporcionou a conexão entre a população e os produtos originários dos meios informacionais. Dias (1999) destaca que hipertextos, dentro de grandes hipermídias, ganham espaço nos diversos campos de atuação, proporcionando maior velocidade de acesso ao conhecimento acumulado, associativos a textos, imagens e sons - o que compõe elementos convergentes. Por outro lado, o ser humano que interage com a informação imagética, muitas vezes, não está preparado para recebê-la, pois não apreendeu os novos códigos linguísticos traduzidos nas novas linguagens veiculadas pelos diferentes suportes de informação. De alguma forma, o bibliotecário está inserido nesse contexto educacional, já que, ao disseminar informações, também pode educar culturalmente através da mediação do aprendizado, em conjunto com docentes, que farão o trabalho de educador especializado. Se a invençãodo tipo móvel criou o imperativo de um alfabetismo verbal universal, sem dúvida a invenção da câmera e de todas as suas formas paralelas, que não cessam de se desenvolver, criou, por sua vez, o imperativo do alfabetismo visual universal, uma necessidade que há muito tempo se faz sentir. O cinema, a televisão e os computadores visuais são extensões modernas de um desenhar e de um fazer que têm sido, historicamente, uma capacidade natural de todo ser humano, e que agora parece ter-se apartado da experiência do homem. (DONDIS, 2000, p. 1). O homem é capaz de entender diferentes situações de maneira heterogênea, necessitando de classificações sensatas sobre o que uma informação realmente pretende transmitir. A mediação informacional deve estar presente no aprendizado de um indivíduo desde suas primeiras pesquisas, para que o mesmo se torne um sujeito alfabetizado informacionalmente. Nesse sentido, o bibliotecário deve atuar nas pesquisas iniciais dos usuários das bibliotecas, mediando-o não só por meio de palavras e gestos, mas também pela boa organização e disponibilização dos itens informacionais dentro do ambiente informacional. Já em um segundo momento, deve-se buscar meios para diminuir a dispersão dos artigos, de periódicos e livros eletrônicos da área. 23 Na utilização de espaços digitais via Web, o modo de construção do conhecimento se dá através da interação entre o homem e a máquina. Nessa perspectiva, o profissional da informação, particularmente o bibliotecário, por estar inserido na área da Biblioteconomia, destaca-se na importância da disseminação do conhecimento. À medida que a internet for ficando cada vez mais acessível para um número cada vez maior de pessoas, o intercâmbio, a interconexão vai ser de tal ordem, que me parece que pela primeira vez se poderá falar de uma comunidade mundial, sob todos os aspectos, porque as diferenças de línguas não serão suficientes para impedir que estas conexões se dêem a partir de afinidades, de interesses comuns. (LEMOS; AMADEU; HERCULA-HOUZEL, 2009, p. 19). A década de 90 foi marcada pela ênfase da disseminação da informação e das tecnologias de informação, o que fez com que a preocupação em melhorar a disponibilização de tais informações e em quebrar-se paradigmas aumentassem. Com o desenvolvimento das universidades e das bibliotecas universitárias, bibliotecários e docentes passaram a ser vistos como educadores e profissionais da informação, que instruiriam os denominados usuários da informação para que eles se tornassem aprendizes independentes. De certo modo, o novo interesse pela história da arte é, em si mesmo, uma consequência de numerosos fatores que alteraram a posição da arte e dos artistas em uma sociedade e fizeram da arte mais moda do que nunca antes. [...] O primeiro se relaciona, sem dúvida, com a experiência de progresso e mudança das pessoas. Agora vemos a história humana em termos de sucessivos que progridem em direção ao nosso tempo e, para além deste, mergulham no futuro. [...] Um segundo elemento que contribuiu para essa situação também está vinculado ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Todos sabemos que as idéias da ciência moderna parecem ser, em geral, extremamente complicadas e ininteligíveis; apesar disso, provam seu mérito incontestável. (GOMBRICH, 2011, p. 611 - 613). Porém, isso não significa o abandono de formas antigas de comunicação, pelo contrário, a ideia de que ao se criar algo novo, descarta-se o “ultrapassado”, contradiz a percepção de que a linguagem humana possui matrizes visuais, sonoras e verbais. Tais matrizes, de acordo com Santaella (2001), reutilizam-se de maneira complexa dos artifícios de linguagens já consolidadas, o que mostra a inseparabilidade da comunicação, da imagem simbólica e das mensagens transmitidas por elas. 24 Por outro lado, procede a afirmação de Rafael Capurro e Biger Hjorland (2007, p. 194), de que “[...] À medida que os sistemas de informação tornam-se mais globais e interconectados, a informação implícita é, muitas vezes, perdida”. A afirmação completa-se com a de Oliveira (2011, p. 11), que ressalta “A hipermídia, na sua polifonia e sinestesia de linguagem e informação, cria um novo perfil de usuário, cidadão, sujeito: o leitor imersivo que navega no ciberespaço, construindo a sua própria realidade, informação e conhecimento. Pura ressignificação”. Se a natureza e os frutos do acaso são passíveis de interpretação, de tradução em palavras comuns, no vocabulário absolutamente artificial que construímos a partir de vários sons e rabiscos, então talvez esses sons e rabiscos permitam, em troca, a construção de um acaso ecoado e de uma natureza espelhada, um mundo paralelo de palavras e imagens mediante o qual podemos reconhecer a experiência do mundo que chamamos de real. (MANGUEL, 2001, p. 22-23). O impacto social das novas mídias demonstra que os signos são instrumentos de aprendizagem e que esses se relacionam com os diferentes tipos de suporte, memória e pensamento, pois no mundo, os aspectos se relacionam, e não agem solitariamente. Como cultura calcada nas linguagens, somos seres semióticos, baseados em sistemas inventados em determinado momento; o mundo, então, se modifica na medida em que processamos intersemioses semânticas. A primeira experiência por que passa uma criança em seu processo de aprendizagem ocorre através da consciência tátil. Além desse conhecimento “manual”, o reconhecimento inclui o olfato, a audição e o paladar, num intenso e fecundo contato com o meio ambiente. Esses sentidos são rapidamente intensificados e superados pelo plano icônico - a capacidade de ver, reconhecer e compreender, em termos visuais, as forças ambientais e emocionais. [...] Nós o aceitamos sem nos darmos conta de que ele pode ser aperfeiçoado no processo básico de observação, ou ampliado até converter-se num incomparável instrumento de comunicação humana. (DONDIS, 2003, p. 5-6). Assim sendo, não há o porquê uma biblioteca fechar-se às propostas de uso de linguagens convergentes imagéticas, pois esta deve oferecer uma diversidade de formas e formatos informacionais para o usuário, independentemente de suas condições físicas ou psíquicas. Nesta perspectiva, o ensaio de profissionais devidamente capacitados em atuar nestes meios informacionais chancela uma maior aceitabilidade dos fatores de convergência de linguagens, em especial as imagéticas. 25 2 LINGUAGEM IMAGÉTICA E A INCLUSÃO DIGITAL NO CONTEXTO BRASILEIRO “Conhecer a origem das bibliotecas implica em abordar a produção de conhecimentos e do registro de conhecimentos.” (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2005, p. 29). Dessa forma, reconhecer as mudanças de paradigmas acerca do contexto das unidades de informação, focando-se, aqui, as bibliotecas, retoma conceitos de custódia e pós-custódia em sistemas de informação. “No paradigma custodial, historicista e patrimonialista, a ideia da preservação e da guarda da memória teve sempre uma prevalência muito grande sobre a ideia do acesso” (RIBEIRO, 2010, p. 64). Nessa perspectiva, a ideia de custódia, ou seja, de guarda e de acesso restrito dos recursos informacionais por pessoas determinadas, destacando-se o domínio da Igreja Católica sobre as tecnologias de informação, estava presente sob forma de atitudes passivas no recebimento de informações ou, até, no não acesso a essas informações por pessoas que não faziam parte do grupo detentor desse conhecimento. No entanto, esse quadro começa a mudar durante o Pós – II Guerra mundial, onde [...] a atitude passiva e reactiva dos serviços em face do acesso e uso da informação por parte dos utilizadores começa a mudar substancialmente [...], coincidindo com o impacto transformador que a introdução dos meios automáticos teve nos serviços. (RIBEIRO, 2010, p. 66). Assim, “No quadro do novo paradigmaemergente, que apelidamos de pós- custodial, científico e informacional, e perante estas novas lógicas de mediação e este novo tipo de mediadores” (RIBEIRO, 2010, p. 69), a sociedade começa a interagir e a pensar melhor sobre as informações que recebem. A lógica de custódia dos recursos informacionais já não é prevalente nesse contexto, tornando-se, de forma relativa, menos interessante. Nesse sentido, em uma sociedade pós-custodial e flexível, a estruturação da comunicação entre as pessoas é feita por meio de redes de informação. Sendo a disseminação, e não mais a guarda, o fator importante nesse processo, o papel da leitura, dinamizada em diferentes suportes de informação, se relaciona diretamente com o desenvolvimento social e econômico de uma sociedade. 26 Desde a década de 1980, o governo brasileiro tem investido em projetos como Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL); Fome de Livro; Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER); Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), dentre outros. A sociedade brasileira, atualmente demarcada como sendo o 11º mercado de livros do mundo, aponta para “[...] uma ascensão social diferente, incomum a quem vem de famílias com pouca formação escolar” (VIEIRA, 2011, p. 64): são 20 milhões de brasileiros que testemunharam, nos últimos dez anos, um avanço da renda e do crédito – a nova classe C. “Diante deste cenário, em que a informação é vista como um incisivo vetor de desenvolvimento, as unidades de informação têm, em suas áreas de referência, o seu coração.” (PIMENTA, 2002, p. 127). Tal processo envolve atitudes aplicadas aos diferentes públicos e recursos informacionais de uma unidade de informação, abrangendo desde as ações técnicas do bibliotecário, até a noção de espaços colaborativos, onde a informação, acessada digitalmente, é representada de modo dinâmico e imagético. Ao apresentar tais características referentes a estrutura socioeconômica, tecnologia inovadora e valores, pretende-se enfatizar as mudanças na evolução dos produtos, bens e serviços, e suas implicações político-sociais. Os produtos e serviços na era da indústria da informação e do conhecimento, deveriam (re)configurar- se, na busca da satisfação das necessidades, interesses e demandas dos cidadãos. (BOTTENTUIT, 2002, p. 79). O documento, estruturado e registrado em suportes informacionais, é passível de ser tratado por humanos e máquinas. O intuito é que os mesmos sejam disseminados e recuperados pela sociedade, através das fontes de informação disponíveis em centros de documentação (sejam eles virtuais ou físicos). Nos meios físicos, ou analógicos, o que determina o acesso a esses documentos são as bases de dados físicas que, na maioria das vezes, são estáticas, regrando, determinando, como o usuário deve agir no processo de recuperação da informação. As tecnologias analógicas “[...] representam dados utilizando grandezas capazes de variar continuamente” (PIROPO, 2012). Já as plataformas digitais, via Internet, são menos deterministas e mais dinâmicas; não são sistemas isolados, mas permitem a interoperabilidade de dados, por meio de linkagens entre diferentes plataformas virtuais. As tecnologias digitais “[...] armazenam dados exclusivamente sob a forma de números [...] expressos e 27 armazenados internamente no sistema binário, ou sistema numérico posicional de base dois” (PIROPO, 2012). As mudanças ocorridas e que vêm ocorrendo comportam não somente novas técnicas de reprodução do texto, mas também as estruturas e as próprias formas do suporte que o comunica aos leitores. Na passagem do livro impresso, herdeiro do manuscrito, à tela do computador, a transformação é radical, pois os modos como se organizam os aspectos estruturais e as formas de consulta ao suporte se modificam numa intensidade jamais vista. (CHARTIER, 1994, p. 97). “O homem evoluiu. O mundo mudou. Vivemos em uma sociedade nova e instigante, ao mesmo tempo fabulosa e perigosa, de múltiplas denominações: sociedade da informação, do conhecimento, pós-industrial.” (PIMENTA, 2002, p. 123). Por conseguinte, as bibliotecas e demais unidades de informação relacionam- se à disseminação da informação na medida em que compreendem a informatividade educativa e cultural de seus usuários como premissas para o desenvolvimento social e econômico. Nesse contexto, a estrutura organizacional dos caminhos a serem construídos na organização de um espaço informacional deve ser previamente pensada com base nos usuários a serem atendidos em determinado contexto. Na Biblioteconomia, essa organização pode ser claramente vista nos processos de catalogação, classificação, indexação e rotulagem (representação de dados), bem como na estruturação dos ambientes informacionais - digitais (ou não) - e nas possibilidades de navegação e busca (que visam facilitar a recuperação da informação - usabilidade e acessibilidade). Assim, os bibliotecários devem estudar seus usuários para além de suas funções técnicas, a fim de mediar informações que estimulem o pensamento de reflexão desses usuários. Cabe ao profissional da informação aderir à ideia de que não trabalha apenas com consumidores da informação, mas que seu trabalho se relaciona com a distribuição de informações (tanto qualitativas como quantitativas) a um público determinado, o que envolve políticas de distribuição de poder. Dessa forma, a relação dos equipamentos culturais para com a sociedade, aqui destacando a brasileira, consiste em desenvolver redes interativas entre seus usuários potenciais, bem como àqueles que podem vir a ser usuários potenciais dessa instituição. Destarte, não é só a produção em longa escala e a geração de 28 bens que devem servir como propósito ao uso das bibliotecas, mas essencialmente as atividades diferenciadas, que atendem à nova demanda informacional, pois A biblioteca não acabou. O pensamento humano, progressivamente, encontra suas formas de registro. Aumenta a população, amplia-se a porcentagem de letrados e, em paralelo, descobre-se como guardar na memória e como resguardar dos grandes tratados à mais pífia reflexão. Parte substancial da história é construída pelo estudo desses registros: dos desenhos nas cavernas ao livro virtual. Toda essa produção, como se fosse a memória da humanidade, para que não seja perdida, está sob a administração de pessoas especializadas que não só a preserva como a organiza de tal forma que a menor unidade possa ser perfeitamente localizável. Essa atividade de buscar-o-que-foi-guardado e de guardar-o-que-foi- registrado (e de registrar-o-que-foi-imaginado) é a forma passível para manter viva a memória da humanidade, forma essa em constante aperfeiçoamento. (MILANESI, 2002, p. 9). Sendo assim, quanto maior o público e o conteúdo informacional que se pretende abranger, mais coerência e padrão o sistema deve oferecer, pensando no como o usuário, e não somente quem está desenvolvendo o sistema (o profissional da informação, juntamente com um profissional da computação) irá fazer suas buscas. A linguagem imagética pode ser conceituada como uma reunião de informações transmitidas e compreendidas direta e imediatamente. Ao contrário da linguagem verbal, a linguagem imagética pressupõe não somente a inteligência humana, mas também uma inspiração não cerebral, decorrente do sistema da visão, do olhar humano. (DONDIS, 2000). Nesse contexto, [...] a noção de imagem está ligada essencialmente à representação visual: frescos e pinturas mas também iluminuras, ilustrações decorativas, desenho, gravura, filmes, vídeo, fotografia e mesmo imagens compostas. A estatuária é mais raramente considerada como imagem. (JOLY, 2007, p. 19). A comunicação imagética é o mais antigo registro da história, quando então foram desenvolvidas as pinturas rupestres. Quando nascemos, as primeiras formasde comunicação são visuais, olfativas ou táteis, no entanto, principalmente na sociedade ocidental, a escrita se consolidou mais rapidamente do que a linguagem imagética (GOMBRICH, 2011). Ver significa compreender, pois é somente com a interpretação que o homem consegue distinguir informações e proporcionar o seu entendimento em termos de expressão criadora. Trata-se de processos em que não há somente o recebimento 29 de informações, mas também a vivência das mesmas, gerando significados, que vêm de dentro (do entendimento do ser humano) para fora (a expressão desse entendimento) (DONDIS, 2000). Ao ver, fazemos um grande número de coisas: vivenciamos o que está acontecendo de maneira direta, descobrimos algo que nunca havíamos percebido, talvez nem mesmo visto, conscientizamo-nos, através de uma série de experiências visuais, de algo que acabamos por reconhecer e saber, e percebemos os desenvolvimentos de transformações através da observação consciente. (DONDIS, 2000, p. 13). Mas quantos de nós veem? Quando olhamos para uma imagem, vemos aquilo que vemos ou aquilo que queremos ver? O que seria esse ver? (DONDIS, 2000). Pensar na imagem como “aura”, algo restrito às pessoas que possuem o “dom” da arte, segundo Gombrich (2011), nega a potencialidade humana e da própria arte, transformando-nos em consumidores desprovidos de auto - crítica. Da mesma forma, acreditar que a linguagem imagética é algo natural, que precisa ser aceito, mas que não precisa ser estudado, fere o processo de alfabetismo, ou seja, de expressar-se e ser compreendido. A imagem, como meio de codificação humana, possui conteúdos expressos por meio de símbolos, com o intuito de serem decodificados pelo receptor da mensagem. Ver, nesse sentido, significa criar imagens mentais, esquemas baseados na sintaxe da escrita, juntamente com a sintaxe imagética; significa a capacidade de leitura e escrita das linguagens imagéticas, para que outras pessoas possam repetir o processo. Tal sistema é básico e acessível a todas as pessoas, desde que elas sejam alfabetizadas para isso. Dessa forma, saber interpretar uma língua é diferente do processo da fala natural. O ser humano nasce com a língua, mas o desenvolvimento da linguagem envolve um contexto mais amplo, que deriva do aprendizado e da decodificação de palavras. A sintaxe imagética existe, e “há elementos básicos que podem ser aprendidos e compreendidos por todos os estudiosos dos meios de comunicação visual” (DONDIS, 2000, p. 13). No entanto, como destaca Dondis (2000, p. 18): Dentre todos os meios de comunicação humana, o visual é o único que não dispõe de um conjunto de normas e preceitos, de metodologia e de nem um único sistema com critérios definidos, tanto para a expressão, quanto para o entendimento dos métodos visuais. (DONDIS, 2000, p. 18). 30 Assim, torna-se necessária a busca dessa metodologia, principalmente entre os profissionais de uma biblioteca, pois, como disseminadores e proporcionadores de conhecimento, os bibliotecários precisam buscar meios atrativos ao uso da informação por sujeitos que interagem com tal. As fontes para a busca desses conhecimentos estão no estudo do desenvolvimento da linguagem imagética e textual, como uma abordagem histórica e intuitiva dos seres humanos. Portanto, Devemos buscar o alfabetismo visual em muitos lugares e de muitas maneiras, nos métodos de treinamento de artistas, na formação técnica de artesãos, na teoria psicológica, na natureza e no funcionamento fisiológico do próprio organismo humano. (DONDIS, 2000, p. 18). Começando por saber o básico, o conhecimento das técnicas de estudo das linguagens imagéticas criará um público mais apto a lidar com a manifestação de imagens. O alfabetismo parte daquilo que extraímos da experiência imagética e de como o fazemos, do entendimento de que a sintaxe determina a semântica de uma linguagem. A percepção humana em relação à decodificação das imagens pressupõe o jeito como a imagem está sendo vista ou demonstrada. Desse modo, a Psicologia da Percepção de Gestalt, em que se coloca a percepção como princípio determinante da decodificação imagética, juntamente com o entendimento da pertinência da disseminação dos elementos visuais, determina a base sólida para o alfabetismo imagético. A Gestalt, após sistemáticas pesquisas, apresenta uma teoria nova sobre o fenômeno da percepção. Segundo essa teoria, o que acontece no cérebro não é idêntico ao que acontece na retina. A excitação cerebral não se dá em pontos isolados, mas por extensão. Não existe, na percepção da forma, um processo posterior de associação das várias sensações. A primeira sensação já é de forma, já é global e unificada. (GOMES FILHO, 2004, p. 19). Pela Psicologia da Percepção de Gestalt, o ser humano recebe e expressa mensagens imagéticas em três níveis: representacional - aquilo que vemos e decodificamos com base no meio ambiente e na experiência; abstrato - uso dos elementos básicos da comunicação imagética para se destilar a informação e chegar às características essências da imagem (mesmo que essas afetem outros meios, 31 sejam eles emocionais ou psicológicos); e simbólico - sistemas de símbolos criados pelo homem. (DONDIS, 2000). Cada um dos meios de comunicação visual tem não apenas seus próprios elementos estruturais, mas também uma metodologia única para a aplicação das decisões compositivas e a utilização de técnicas em sua conceitualização e formulação. (DONDIS, 2000, p. 189). O problema da decodificação imagética (o alfabetismo imagético) está no modo como visualizamos algo. Ao estabelecer as políticas de funcionamento do serviço institucional, a divisão de tarefas e público alvo de uma biblioteca, o bibliotecário deve levar em conta o planejamento estratégico de assessoria às barreiras entre usuários e bibliotecários, sejam elas barreiras físicas (ambiente da organização), psicológicas ou burocráticas. Um aspecto fundamental da informação para a saúde e bem estar é o direito ao acesso à informação, que permite avaliar diversas fontes e assim determinar sua exatidão e relevância, Esta é uma preocupação especialmente urgente nos países mais pobres, onde a alfabetização básica continua sendo um desafio e onde o acesso à informação é precário.” (CUEVAS; SIMEÃO, 2011, p. 20). Nesse mesmo sentido a biblioteca pode adotar, em vez de um fluxo linear de texto, partes ou fragmentos de textuais, contando que, “Cada vez menos os hiperdocumentos estão constituídos apenas de texto verbal, mas estão integrados em tecnologias que são capazes de disponibilizar som, fala, ruído, gráficos, desenhos, fotos, vídeos etc.” (SANTAELLA, 2001, p. 394). Essas linguagens interligam-se entre si por meio de nós de informação e multilinguagens. Os nós são as unidades básicas de informação em um hipertexto. Nós de informação, também chamados de molduras, consiste em geral daquilo que cabe em uma tela. [...] os nós de informação podem aparecer na forma de texto, gráficos, sequências de vídeos ou de áudios, janelas ou de misturas entre eles. A idéia de nó, por isso mesmo, não é uma idéia de medida, mas modular, dependendo de sua funcionalidade no contexto maior de que faz parte. Um nó pode ser um capítulo, ou qualquer outra subestrutura do documento. A combinação de hipertexto com multimídias, multilinguagens, é que passou a ser chamada de hipermídia. (SANTAELLA, 2001, p. 394, grifo nosso). Dessa forma, para que se possa interagir com a hipermídia e, concomitantemente, com as linguagens convergentes imagéticas, torna-se necessário não só a interação do sujeito para com essas redes, mas também o acesso dos mesmos às plataformas digitais. No entanto, apesar de todas as 32 promessas com que a hipermídia seduz o receptor, o seu uso pode ser problemático, pois “[...] depende de desígnios
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