Buscar

aula 02

Prévia do material em texto

O primeiro aspecto talvez seja o mais claro e “Campo de interesses” nada mais significa do que o objeto de estudo ou temáticas que devem ser trabalhadas pelos estudiosos daquela disciplina.
No caso da História, é claro que ela está inserida dentro do campo das ciências humanas e sociais, mas mesmo assim seus objetos são sempre “historicizados e “temporalizados.”
O campo de interesses aponta diretamente para a questão da Singularidade, ou seja, o que torna uma disciplina única, específica e justifica sua existência. 
Por exemplo, no caso da História, ela nem sempre se constituiu como nós conhecemos hoje: os gregos entendiam de uma forma, no século XVIII era entendida como Filosofia da História e só no século XIX vamos ter a História como ciência.
Toda disciplina tem seus campos de interesse, assim como sua singularidade e todas elas também têm seus campos intradisciplinares. No caso da História, há uma série de campos históricos, fundamentalmente a partir do século XX, e uma série de modalidades de se fazer História, tais como História política, História Cultural, História Econômica, História da vida privada, dentre tantas outras.
No século XX, houve uma tendência à especialização e, de fato, em vários campos, “o que não impede que os efeitos mais criticáveis do hiperespecialismo sejam constantemente compensados pelos movimentos interdisciplinares e transdisciplinares, voltados para uma religação dos saberes em um mundo no qual os campos de produção de conhecimento vivem a constante ameaça do isolamento.” (BARROS, 2011, p.28).
Três aspectos fundamentais a serem considerados quando se fala na constituição de um “campo disciplinar” relacionam-se ao fato de que nenhuma disciplina adquire sentido sem que desenvolvam ou ponham em movimento certas teorias, metodologias e práticas discursivas.
Todo campo disciplinar precisa de certo repertório teórico e metodológico para ser seguido pelos seus estudiosos. Isso traz legitimidade à disciplina e é claro que esse repertório é digno de críticas e concordâncias.
Na medida em que um campo disciplinar  vai se constituindo, se forma também um discurso próprio da disciplina, ou seja, uma variedade de jargões que são facilmente reconhecidos por aqueles que a estudam. Dessa forma, a disciplina constitui um certo discurso.
“É por isso que não é possível a ninguém se transformar em legítimo praticante de determinado campo disciplinar, se o iniciante no novo campo de estudos não se avizinhar de todo um vocabulário que já existe previamente naquela Disciplina, e através do qual os seus pares se intercomunicam.”  
No tocante ao campo teórico e metodológico, o campo disciplinar é especialmente importante, pois a teoria pode ser entendida como uma síntese que é aceita por um dado campo de conhecimento.
No caso do curso de História, no segundo semestre há a disciplina Teoria da História, que complementará esta e dará o embasamento para o trabalho de conclusão de curso. 
Embora seja para os iniciantes uma das mais difíceis, ela é de fundamental importância para qualquer um dos conteúdos que venham a estudar.
A ideia da Interdisciplinaridade é de fundamental importância para a história. Como veremos nas próximas aulas, houve uma época em que a disciplina História praticamente não utilizava outras disciplinas, pois a história era apenas memorialística. Já faz bastante tempo que passamos a utilizar a Geografia, a Psicologia, a Antropologia, dentre outras, para melhor fazer História. 
Um dos exemplos mais eloquentes é sobre a História das Mentalidades (você verá o que é História das mentalidades ainda nesta aula), que se utilizou da Antropologia e da Psicologia para a constituição do seu campo de saber.
Os dois últimos aspectos colocados pelo historiador para o entendimento do campo disciplina é a questão da Rede humana, que são todos as pessoas que praticam a disciplina. 
Todos os que entram no campo de estudo (você está entrando agora) produzem algum tipo de modificação na disciplina. 
Cada obra modifica pouco ou muito e orienta novas direções no campo do conhecimento.
Sempre que escrevemos, estamos escrevendo também para a aprovação dos nossos pares que, no caso, podemos chamar de “comunidade científica”. 
Normalmente estão inseridos em alguma instituição, que pode ser universidade, revista científica*, instituições de pesquisa**, arquivos***, dentre outros.  
Todo o percurso da disciplina, até se constituir como campo do saber com suas singularidades, tem sua história. O fato de o estudarmos, como fazemos nesta disciplina, é o fato de “Olhar sobre Si”.
Como ciência, a História vem atraindo e repelindo um dado conjunto de saberes que podem ter sido considerados periféricos em um dado momento e que, posteriormente, passaram a ser fundamentais para o campo disciplina.

Continue navegando