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Os benefícios da iluminação na saúde e no bem-estar humano. Joselma Santos Rolim Nunes – joselmarnunes@gmail.com Resumo A luz é um potente agente biológico e terapêutico, fundamental para a vida em nosso planeta. Necessitamos de energia solar, tanto as radiações eletromagnéticas visíveis, quanto as radiações eletromagnéticas próximas do visível, emitidas pelo sol, necessárias para sobrevivência da maioria das espécies do planeta. Hoje, com as descobertas recentes de um novo sistema sensório no olho que detecta os efeitos da luz e age na atividade neurocomportamental humana, procura-se estabelecer parâmetros no que se refere as relações da arquitetura e da iluminação de ambientes, que impliquem na saúde e bem-estar dos usuários, envolvendo ainda, os aspectos da performance e do conforto visual e da apreciação estética do espaço. Este artigo mostra como os efeitos da iluminação natural e artificial influenciarão na interação do indivíduo com o ambiente construído. Palavras-chave: Luz. Bem-Estar. Saúde. 1.0 Introdução A luz é uma energia radiante com propriedades ondulatórias e corpusculares, sendo as primeiras de mais fácil reconhecimento. Pode-se situar a luz no espectro eletromagnético de acordo com o Figura 1.0, nos quais a luz foi desdobrada nas cores espectrais fundamentais. A experiência (GUERRINI, 2008) demonstrou que o olho humano percebe radiações eletromagnéticas situadas de 300nm a 760nm. Acima de 760nm tem-se o infravermelho e abaixo de 380nm o ultravioleta. Figura 1.0 - Espectro Eletromagnético Fonte:http://ocultoreveladoaverdade.blogspot.com.br/2015/07/o-nosso-campo-de-visao- espectro.html Um dos campos do estudo de iluminação é desenvolvido com a finalidade de facilitar ou melhorar as condições de visão. De acordo com a figura 2.0, a íris é um diafragma que quantifica a luz que incide na retina, situada ao lado oposto do globo ocular. O cristalino, que age como lente mailto:joselmarnunes@gmail.com ajustável, deforma-se sob a ação de músculos, focalizando imagens exatamente sobre a retina, que contém terminações ópticas nervosas que transmitem os estímulos ao cérebro. Figura 2.0 – Globo Ocular Fonte: https://sites.google.com/site/resumos8ano/fisico-quimica/luz-visao A visão não acontece nos olhos, mas sim no cérebro. A nossa visão processa imagens que passam a ser à base da nossa linguagem. (OKAMOTO, 2002; BRANDSTON, 2010). A visão ocupa cerca de 87% dos sentidos, isso nos dá a impressão, de que a realidade é aquilo que vemos. Ela tem como função principal e instintiva a de localizar e reconhecer, qualquer sinal de perigo. (OKAMOTO, 2002). Os nossos olhos não enxergam a luz, da mesma forma que não enxergamos a eletricidade, e os campos magnéticos. O que podemos ver externamente é a reflexão das cores nas superfícies. A luz em si, é visível interiormente, como efeito desta percepção. Privar de luz os olhos, não quer dizer que luz deixou de existir. Desta forma o cego que por diversos motivos não pode ver, se a sua retina está preservada, na maioria das vezes, eles mantêm a percepção do claro e do escuro. (LIMA, 2008; OKAMOTO, 2002; BRANDSTON, 2010). O corpo humano é uma máquina – movido a energia e regulado por hormônios – e tanto o sol quanto a escuridão completa fazem parte deste ciclo regulador. Andar ao sol, comer e dormir são funções básicas do nosso organismo, e com elas podemos viver com saúde por muito tempo. Luz do Sol é energia vital porque, além de permitir a vida no planeta, permite ao ser humano a possibilidade da realização de diversas tarefas do dia-a-dia que determinam a nossa cultura e socialização. Por outro lado, a luz artificial acompanha a humanidade desde o tempo das cavernas, onde o fogo era o bem mais importante para a comunidade. O estudo da luz evoluiu muito ao longo do tempo e, nos últimos 100 anos, com a descoberta da energia elétrica e a disseminação da lâmpada de Edison da lâmpada de Edison, propiciou ao ser humano um salto na evolução dos costumes e da tecnologia, permitindo ao homem moderno um nível de conforto que era quase impossível de ser imaginado no passado. Edison desenvolveu todos os seus equipamentos com base na corrente elétrica contínua. Esse tipo de corrente consiste num fluxo contínuo dos elétrons em uma única direção. Todos os aparelhos que funcionam à base de pilhas e baterias são alimentados por corrente contínua, logo, Thomas Alva Edison que conseguiu resolver esse desafio com uma lâmpada feita por meio de um de carvão a vácuo que conseguia uma boa iluminação durante um período maior de tempo. Muito consciente de toda a repercussão que sua experiência poderia causar, Edison patenteou a nova descoberta e fundou uma empresa que fabricaria e venderia em larga escala o seu modelo de lâmpada incandescente. A aproximação entre Ciência e Indústria passou a conjugar um binômio que permite compreender como somos, ainda hoje, inundados por novidades que não parecem ter um limite. Thomas Edison não só provou a autoria e o plágio das lâmpadas incandescentes, bem como atraiu o investimento de grandes magnatas da época que deram origem à famosa marca de eletroeletrônicos “General Electric”. 2.0 O olho humano e as relações neurofisiológicas da luz O olho é o órgão do qual se torna possível perceber as sensações da luz, cor e, interpretar, por meio da imagem, o mundo que nos cerca. A sensação visual ocasionada pelos estímulos luminosos gera impulsos que são transmitidos até o cérebro através do nervo ótico onde se processa a interpretação das diferentes intensidades de luz. A iluminação tem como característica a produção de reflexos que, transportados ao olho humano, geram informações do meio externo, permitindo que o cérebro possa analisa-las e interpretá-las, provocando distinções de cor, forma, tamanho e posição dos objetos por meio da percepção visual (ALMEIDA, apud VARGAS, 2009). O mecanismo fotobiológico da visão se processa de modo que a parte da radiação eletromagnética visível, refletida ou emitida pelos corpos, passa através do sistema ótico, formado essencialmente pela córnea e pelo corpo vítreo e incide sob a retina do globo ocular onde células nervosas, denominadas cones e bastonetes, excitadas pelos raios luminosos, informam suas impressões ao cérebro, permitindo a formação e decodificação de imagens. Enquanto os cones são responsáveis pela visão das cores, os bastonetes registram a intensidade luminosa por meio do processamento da rodopsina nas moléculas da retina quando da percepção dos fótons geradores de luz. Os cones são células receptoras da retina cuja função é possibilitar a discriminação ou detalhes finos, além e, principalmente, da percepção das cores, possuem também sensibilidade para altos níveis de iluminação e luminância acima de 3cd/m² (visão diurna ou fotópica). Já os bastonetes são responsáveis pela visão para baixos níveis de luminância (na faixa de 0,001cd/m²) e não captam as cores, sendo muito mais sensíveis aos movimentos e variações (visão noturna ou escotópica). Da “resposta” da retina às excitações luminosas decorre, para cada indivíduo, uma sensibilidade maior ou menos a luz. (MOREIRA, 1993). Para uma maior compreensão do sistema ocular e do processo de absorção de luz, é preciso também elucidar os fenômenos periódicos que envolvem a vida (esta em um sentido abrangente englobando os ciclos humanos e ambientais). A ciclicidade é de tal importância que sem ela não se desenvolveria a percepção e, talvez, nem o sentido de tempo. Os fenômenos periódicos formam a base da ciência e muitas leis da física baseiam-se na revelação de situações que predispõem previsibilidade e repetitividade. O olho tem um papel fundamental neste ciclo, porque ele é a porta de entrada do nosso cérebro. É através da retina ocular que captamos as radiações da luz. Conhecendo melhor alguns dispositivos do nosso cérebro,podemos usufruir melhor da tecnologia sem prejuízo de nossa saúde. Podemos e devemos controlar as interferências que acontecem por causa das radiações eletromagnéticas que são detectadas pelo nosso corpo, como por exemplo, neste contexto, a luz artificial das lâmpadas. Uma iluminação adequada é um grande aliado para uma vida saudável. O fato é que apesar de todos os benefícios que a luz proporciona e as facilidades que o uso de outros aparelhos eletroeletrônicos nos fornece, estes benefícios interferem de alguma maneira em nossos ciclos biológicos e em nossa química cerebral, e podem, além de influenciar, prejudicar nosso funcionamento. Através de uma iluminação projetada podemos ter um relógio biológico saudável, destacando alguns mecanismos naturais do organismo capazes de regular o nosso sistema hormonal, mantendo nosso corpo com mais saúde e disposição para a realização de tarefas cotidianas, aproveitando a luz do dia, e, durante a noite, apagando a luz. 3.0 O Sol Fonte da vida, o sol é a estrela central do nosso sistema solar onde todos os outros corpos celestes, giram ao seu redor. É responsável por 99,86% da massa do sistema. A terra orbita ao redor do sol, com uma trajetória elíptica, por isso a distância do sol em relação à Terra, varia ao longo do ano, este fato determina o nosso clima e os fenômenos meteorológicos. A órbita dura um ano, e ao longo deste tempo, podemos sentir as alterações climáticas. A rotação da terra em seu próprio eixo, no ciclo de aproximadas 24hs, determina o ciclo do dia e da noite. Ambas contribuem no aumento ou diminuição da fase clara do dia ao longo do ano. A luz solar é indispensável para a manutenção de vida na terra, é responsável pela manutenção da água no estado líquido, e pela fotossíntese das plantas, que garante a formação do oxigênio na atmosfera, o sol também metaboliza glicose e outros elementos nos seres vivos. No ser Humano, o sol é responsável pela síntese da vitamina D, que entre outros hormônios é vital para a saúde física e mental. (CRENSHAW, 1998). 4.0 Luz, Hormônios e o relógio biológico Figura 3.0 – Relógio Biológico Fonte: http://personalrs.blogspot.com.br/2013/11/qual-o-melhor-horario-para-malhar.html Os efeitos positivos da luz podem ser mediados por melhora dos estados de humor, de vigília e do metabolismo. Ambientes mais escuros estimulam a produção de melatonina, que tem seu pico à noite. A produção desse hormônio à noite pode ficar prejudicada se durante o dia ficamos sem ver a luz do diurna. Existem evidências crescentes de que a exposição à luz, durante o dia - especialmente na parte da manhã - é benéfica para a saúde através dos seus efeitos sobre o humor, estado de alerta e no metabolismo. Os trabalhadores com mais exposição à luz natural dormem mais e melhor à noite, realizam mais exercícios e têm uma melhor qualidade de vida. No entanto, a associação observada no estudo não prova uma relação de causa e efeito. A quantidade de luz influencia na produção do hormônio do sono, a melatonina. Por isso, é fundamental estar em um ambiente escuro e tranquilo para dormir bem. Isso tudo também interfere no relógio biológico, que é a disposição natural para dormir e acordar – algo que pode mudar bastante durante a vida. A diferença entre o relógio biológico e um relógio de pulso é exatamente a grande capacidade de tolerância que o organismo humano apresenta. Enquanto um bom relógio de pulso é aquele que nunca se atrasa ou adianta, um relógio biológico saudável tem grande capacidade de se ajustar aos desafios temporais. Mas, se a pessoa abusa, o corpo sofre. Podemos observar, na figura 3.0, como funciona o ritmo do nosso corpo no decorrer do dia. Fatores genéticos determinam as características e diferenças de cada relógio. Quem é mais noturno provavelmente começa a liberar melatonina mais tarde, então o sono vem mais tarde também. Não existe um consenso sobre o que um trabalhador noturno deve comer à noite, se deve ingerir algo como se fosse dia ou se é melhor manter refeições mais leves. O metabolismo diminui à noite, por isso o melhor é evitar alimentos pesados. Muitas vezes, as pessoas deitam muito tarde e levantam cedo porque precisam, não porque gostam. Os cientistas já inventaram até uma pílula e um aparelho eletrônico para descobrir o verdadeiro relógio biológico de cada um. O cortisol é o hormônio que nos deixa em alerta. Há um pico pela manhã, entre 7 e 8 horas, e à noite ele atinge o ponto mais baixo. Já o hormônio de crescimento aumenta dependendo da hora do jantar e do sono. Atinge o ápice durante o sono e cai quando a pessoa acorda. O hormônio da saciedade leptina, por sua vez, tende a subir à noite e baixar ao longo do dia. 4.1 O Ciclo Circadiano O estudo do ciclo circadiano (Figura 4.0) busca o entendimento de como os seres vivos manuseiam as recorrências temporais e como os diferentes organismos são capazes de sincronizar as suas atividades a essas variações. Do ponto de vista físico, a alternância claro-escuro é a forma básica de marcação do tempo (BARRETO, 2003). O sistema nervoso central é responsável pelo processo de adaptação dos organismos no espaço e também na adaptação, ao tempo. (BARRETO, 2003). A Glândula Pineal é um órgão fotossensível e de secreção endócrina conectado ao sistema nervoso central. (POVOA, 1996). A melatonina é um hormônio natural, produzido pela glândula pineal e regulado pelo ciclo diário de claro e escuro, conhecido como ritmo circadiano. (POVOA, 1996). O ciclo circadiano designa um período aproximado de 24 horas, sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano e de qualquer outro ser vivo, ele depende dos núcleos supra- quiasmáticos receberem sinais sensoriais acerca da duração do dia e dos níveis de luz recebido pelos olhos e pela temperatura da pele, basicamente, ele é influenciado pela luz solar. (BARRETO, 2003). O ritmo circadiano regula todos os ritmos fisiológicos do corpo humano, através dos níveis hormonais, com influência sobre a digestão, o sono, o crescimento, a renovação das células, a temperatura do corpo, o ritmo cardíaco, a pressão arterial e o cérebro. (BARRETO, 2003). Basicamente, o bom funcionamento do organismo depende deste ciclo. O "relógio" que processa e monitora todos estes processos encontra-se localizado numa área cerebral denominada núcleo supraquiasmático, localizado no hipotálamo na base do cérebro e acima das glândulas pituitárias. Pesquisas recentes expandiram o sentido do termo, demonstrando que os ritmos circadianos estão também relacionados às marés, ao ciclo lunar e também à dinâmica climática da Terra através das correntes eólicas e marítimas, em especial se observado com relação aos animais migratórios. Dessa forma, a dinâmica circadiana não se reduz a uma questão fisiológica, é influenciada pela astronomia, geologia e ecologia. Figura 4.0 – Ciclo Circadiano Fonte: http://personalrs.blogspot.com.br/2013/11/qual-o-melhor-horario-para-malhar.html Um estudo publicado na NCBI – National Center for Biotechnology Information – mostrou que pessoas com hábitos noturnos são três vezes mais propensas a ter depressões comparadas àquelas que são “do dia”. De acordo com as pesquisas quem dorme e acorda tarde tende a ter mais pensamentos negativos e preocupações. Uma vez que você acordou tarde você não tem como recuperar o tempo que já perdeu, e isso gera a sensação de que está menos no controle da sua vida do que gostaria. 4.2 O Sistema Endócrino O sistema endócrino é o regulador do meio interno. Este sistema trabalha sem vias de conduta, ele envia as suas informações até as células pelo sangue, provocando determinadas reações. (POVOA, 1996). Estes portadores químicos de informações chamam-se hormônios. (CRENSHAW, 1998), que são agentes reguladores, sintetizadospelo próprio organismo em diferentes glândulas endócrinas. (POVOA, 1996). O sistema nervoso serve preferencialmente para transferência específica de informação. (POVOA, 1996). A mistura de hormônios que circula em nosso corpo num dado momento determinará, como reagiremos emocionalmente, esta mistura afeta todo o seu modo de sentir, pensar e agir. (CRENSHAW, 1998). 4.3 A Dopamina A dopamina, é o neurotransmissor mais conhecido por nos dar prazer, é também a personificação do desejo, quando queremos algo, é a dopamina que nos dá o impulso necessário para as ações. Sua carência nos deixa deprimidos, incapazes de alegrias, prazer, entusiasmo, excitação e vibração. Ela que reúne em si, também, a maioria das dependências. (CRENSHAW, 1998). 4.4 A Serotonina A serotonina é um neurotransmissor auxiliar da transmissão de sinais cerebrais entre duas terminações nervosas. De natureza pacífica nos níveis elevados, inibe a agressividade e promove alta seletividade no acasalamento. Quando os níveis são baixos, porém o efeito é contrário; baixa seletividade, comportamento impulsivo, violento, agressivo e até cruel. Dietas com restrição alimentar fazem reduzir o nível da serotonina. (CRENSHAW, 1998) 4.5 A Melatonina A melatonina é um transdutor fotobiológico, sendo capaz de traduzir para termos biológicos as variações da foto períodos ambientais. (BARRETO, 2003 p.210). Esse hormônio apresenta um padrão de secreção sensível à luminosidade, com início de elevação no começo da noite e queda no final. Sob circunstâncias naturais de um ciclo claro-escuro ocorre uma produção rítmica circadiana de melatonina. Conforme nossos olhos registram o cair da noite, a glândula pineal inicia a produção de melatonina para auxiliar o nosso organismo a regular a entrada nos estágios mais profundos do ciclo do sono, cujo ápice acontece nas horas mais escuras da madrugada durante o sono REM, momentos onde observamos intensos movimentos nas órbitas oculares. É neste estágio que acontecem os sonhos mais complexos e onde ocorre o descanso das células cerebrais. (POVOA, 1996; CRENSHAW, 1998). A produção máxima de melatonina é alcançada durante o sono REM e coincide com os períodos de maior escuridão. (POVOA, 1996). A melatonina é vista como o hormônio da juventude, e longevidade porque tem um efeito poderoso sobre os outros hormônios, ela atravessa rapidamente todas as barreiras membranosas e é considerada o melhor antioxidante conhecido, ela é muito eficaz no combate aos radicais livres. A melatonina chega aos órgãos e tecidos através da corrente circulatória. (POVOA, 1996). As mulheres são mais sensíveis às flutuações deste hormônio que os homens porque a secreção da melatonina diminui acentuadamente na menopausa. (POVOA, 1996; CRENSHAW, 1998). A melatonina administrada em doses farmacológicas pode induzir uma mudança de fase dos ritmos circadianos, e interferir na queda da temperatura do corpo. (POVOA, 1996). Em modelos experimentais, a melatonina diminui a taxa de mortalidade, retarda o envelhecimento e o estresse oxidativo do sistema nervoso central. (POVOA, 1996). Os pacientes de Alzheimer apresentam concentrações de melatonina maiores durante o dia porque a sua resposta a pulsos de luz, fica reduzida. Ela também tem efeito na retenção da memória. A cefaleia crônica, também pode estar ligada a alterações da melatonina. A melatonina desempenha um papel importante na regulação do metabolismo de carboidratos, regulando a produção da insulina pelo pâncreas. (POVOA, 1996). A melatonina, quando sua produção é adequada, regula o sistema endócrino do organismo. 4.6 O Hormônio do Crescimento Também conhecido como o hormônio do crescimento, é produzido na hipófise anterior e contribui de muitas formas para a longevidade, aumenta a densidade óssea, a massa óssea e a massa corpórea magra, ao mesmo tempo em que reduz a gordura, fortalece o sistema imunológico, aumenta a espessura da pele, diminui o colesterol e aumenta o índice metabólico basal, aumenta a energia e a sensação de bem-estar, melhora a cicatrização de ferimentos, cirurgias ou queimaduras. (CRENSHAW, 1998). O DHEA é um hormônio produzido pelo corpo que diminuiu em relação ao envelhecimento, mas que é sintetizado também, durante o sono. O pico de produção do hormônio do crescimento ocorre na primeira fase do sono profundo, aproximadamente meia hora depois de a pessoa dormir. Por isso as crianças só crescem durante a noite, nos adultos, cujo corpo não cresce mais, ele aciona o processo de regeneração. (CRENSHAW, 1998) 4.7 A Leptina A leptina, é um hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade, também é secretada durante o sono. Pessoas que permanecem acordadas por períodos superiores ao recomendado produzem menores quantidades de leptina. Resultado: o corpo sente necessidade de ingerir maiores quantidades de carboidratos. (CRENSHAW, 1998). 4.8 Os benefícios da luz A percepção é a resposta aos estímulos provenientes do meio, captados através dos sentidos humanos, que são os mecanismos de interface com a realidade. Assim, é preciso entender e aplicar as funções da luz enquanto valorização e desempenho, tirando partido de suas qualidades como intensidade, cor, forma e movimento. A iluminação deve ajudar a produzir no indivíduo, o estado de ânimo que responde a seu desejo ou ação, ela pode estimular o cérebro de maneira que ajude a obtenção de bem-estar físico, mental e psicológico. Para isso, é preciso que seja desenvolvido um estudo e projeto específico, a fim de que a prática de tal proposta possa ser efetuada. Assim, por exemplo, poder-se-á interferir com a iluminação, utilizando-se de tecnologias atuais de controle remoto e dimerização, modificando intensidades, cenas e cores de luz, transformando o cenário do ambiente e, com ele, os estímulos provocados, promovendo, juntamente com todo o teor do momento da seção, alteração no estado de humor e ânimo, conforto ambiental, bem-estar e saúde de uma maneira mais ampla, obtendo uma relação potencialmente curativa. 5.0 Vivenciando o ambiente iluminado Ao longo da vida, o homem é submetido a um vasto número de estímulos, na maioria externos, que competem pela sua atenção. A percepção é um processo complexo pelo qual as pessoas selecionam, organizam e interpretam estes estímulos sensoriais em um esquema de coerência significante. Dessa forma, o significado dado aos estímulos recebidos através da luz não está somente sujeito a fisiologia humana em seu caráter objetivo, mas relaciona-se também a experiência e a atuação humana no meio envolvendo todo caráter subjetivo que o indivíduo carrega em suas relações com o mundo a sua volta. Arnheim (1980) diz que “ver é compreender” e ainda afirma que a psicologia atual induz a considerar a visão como uma atividade criadora da mente humana porque a percepção no plano do sensório, vai desenvolver o que realmente é tratado como entendimento por meio da produção de padrões organizados de interpretação de experiências e de sua consequente compreensão. Nesse sentido, a visão é o órgão dos sentidos que possibilita ao homem um contato e uma percepção mais ampla e abrangente do mundo exterior. A luz que incide no sistema ocular humano propiciará a observação de formas, cores, espaço e movimento que se farão distinguir, principalmente, através da acuidade visual, da sensibilidade de percepção e da eficiência visual. Ela também permitirá, dependendo de suas características e formas de distribuição, influenciada pela participação de cada um na experiência, interpretações diferenciadas de um mesmo espaço ou objeto. Este aspecto subjetivo da percepção da luz provoca alterações comportamentais e de humor que determinarão avaliações sobre o espaço físico e a qualidade dos ambientes construídos (ver Figura 2.0). O indivíduo infere características que estando carregada de significados positivos irãoatraí-lo a visitar e passar mais tempo em um local; caso contrário, a reação será oposta e o levará a evitar o ambiente ou deixa-lo rapidamente. Nesse caso, as sensações visuais provocadas possivelmente serão duradouras e influenciarão em atitudes futuras. Atração ou repulsa Figura 2.0 – Processo subjetivo de apreensão do ambiente iluminado (Vargas,2009) Toda atividade de projeto deve apoiar-se no planejamento das necessidades ambientais - aquilo que se quer; onde - sítio da sua localização; como - com que meios, intenções e forma, e por quanto - recursos disponíveis. Dentro deste processo encontra-se embutido a concepção e projeto da iluminação, tanto natural quanto artificial. No projeto com a luz, a luminária arquitetura é entendida como sendo composta de uma fonte de luz natural - recriada por aberturas como janela, lanternim, óculo, seteira, domo, pergolado, etc. -, e um aparato difusor composto de forma e “envelope” lumínico. Assim, pensar a arquitetura tomando a luz como matéria prima é cuidar destes componentes da arquitetura – aberturas, forma, envelope e até mobiliário -, como partes fundamentais para a definição das ambiências lumínicas. Ver a arquitetura como uma luminária é assim usar a luz natural como energia luminosa a ser colhida, tratada – técnica e esteticamente -, e espargida pelas superfícies envoltórias das ambiências e pelos planos das tarefas visuais. É assim uma possibilidade inteligente que pode contribuir para a completude da criação arquitetônica sustentável e do projeto com a luz. Somos seres dependentes da luz solar, pois nosso metabolismo e ritmos diários são regulados pelas variações do sol, ao longo do dia e das estações. A luz faz despertar nosso organismo e a escuridão faz adormecer. A tecnologia da iluminação artificial modificou este pragmático comportamento e criou possibilidades de controle e eficiência da luz que se incorporaram definitivamente em nossos ambientes. E mesmo com o sol brilhante, a maior parte dos espaços funciona com iluminação artificial geral e não apenas complementar. Isto gera consumo de energia elétrica e vai contra o discurso da sustentabilidade. Não se trata apenas de saber quantos lux disponíveis há para uma determinada tarefa, mas da percepção da distribuição destes lux nas superfícies, dos contrastes entre luz e sombra e impressões causadas. Luz natural e artificial são diferentes com relação à percepção visual e fisiológica. Apresentamos que o organismo humano tem diversas respostas aos diversos tipos de luz artificial e natural com relação aos estados físicos de alerta, repouso, produtividade, bem-estar, ritmos circadianos e também aos desdobramentos na saúde humana. Fomos criados para interagir com a luz solar, fundamental para nossa existência saudável. Precisamos de menos luz para ver do que necessitamos para estimular nossos ritmos fisiológicos, e é certo que, ao longo do dia, podemos nos expor a níveis de iluminação mais altos, desde que por certo período de tempo. A melhor luz sempre que possível e na grande maioria dos ambientes é a luz natural dosada para o ambiente, de forma que permita desenvolver a maior parte das atividades com conforto. Acreditamos que todo projeto deva perseguir este objetivo. Sabe-se que ambientes considerados saudáveis recebem luz do sol. Os modernistas trabalharam com o discurso da higiene; é célebre a frase do arquiteto Walter Gropius: diminuam os quartos, aumentem as janelas. A luz natural dá vida aos espaços, diria Louis Khan. A luz artificial durante o dia é um complemento importante para viabilizar atividades com constância, eficiência e produtividade, dadas às inconstâncias da luz solar. Explorar o maior aproveitamento dos recursos da luz natural nos ambientes implica entender como percebemos este ambiente, como a luz influencia a nossa Percepção da Luz Alterações Comportamentais e de humor Avaliação sobre o espaço físico e a qualidade do ambiente construído percepção, do que pode ser atrativo e o que nos traz desconforto. Se a luz é como arquitetura, uma arte aplicada existe um para que e um para quem, ela também tem critérios funcionais, construtivos e estéticos conforme o tipo de arquitetura proposta e seus objetivos. 6.0 Planejamento e projeto para a luz natural Identificação, orientação e disposição dos setores de ambiências das atividades de longa permanência e de permanência transitória – agrupamento por afinidades as atividades podem ser agrupadas, orientadas e dispostas horizontalmente e verticalmente por afinidades nas necessidades de luz; a prioridade no atendimento recai nas funções de longa permanência. A classificação de Louis Khan (1996), em espaços servidos e espaços servidores, ajuda este planejamento. O partido arquitetônico já deve levar em consideração estas necessidades programáticas. No entendimento conceitual de Louis Kahn (1996) a arquitetura é composta de espaços servidos e de espaços servidores (Kahn, 1996; Rógora, 1997). Os espaços servidos são aqueles fundamentais para a realização das atividades a que um edifício se propõe. Os espaços servidores são aqueles que servem de meios acessórios às funções precípuas de uma arquitetura. Nestes últimos espaços, a permanência é transitória. Esta teoria nos é útil na medida em que nos informa que a necessidade de mais luz acontece nos espaços servidos e que são também aqueles classificados como de permanência prolongada. Os tipos de ambiências lumínicas e seu posicionamento/orientação dentro dos edifícios em relação ao ambiente exterior com luz natural são classificados (Cf. Serra, 1995) em: - Ambiências principais – de uso contínuo, apresentam maiores exigências de conforto visual. Ex. Sala de estar de residência: - Ambiências secundárias – permitem certa flexibilidade de iluminação. Ex. corredor; - Ambiências independentes – com características ambientais próprias podem chegar a ser muito exigentes ou muito diferentes das outras ambiências. Ex. escritório de residência; as ambiências principais e as independentes – estas com menor rigidez -, devem estar na periferia do edifício, aproveitando ao máximo a luz natural. Um bom recurso para o planejamento arquitetônico, levando em conta as atividades e tarefas visuais, é a utilização de fichas para identificação e registro dos requisitos ambientais, aqui interessando especificamente os aspectos luminosos, exigidos e necessários para cada um dos espaços da arquitetura (ver Lam, 1986). 6.1 Aspectos de orientação da Arquitetura Deve-se escolher situação de implantação urbana que garanta o acesso à luz natural (Knowles, 1974 E 1981), com a orientação da forma urbana e da arquitetura visando a captação otimizada e controlada da luz natural, desde a definição da malha urbana, dos perfis das ruas e praças, e do tipo de relações da vegetação com a arquitetura (OLGYAY, 1968; RIVERO, 1986; LAM, 1986; MILLER-CHAGAS, 1987; FLORENSA, 1989; MASCARÓ, 1992; OLIVEIRA, 1985; etc). No hemisfério sul, a orientação das fachadas maiores de um edifício para Sul e Norte, permite maior captação da luz difusa pela orientação ao Sul e mais próximo da latitude 0, orientação ao norte ou ao sul. Facilita o controle da radiação solar direta o auxílio de elementos de proteção horizontal como um beiral, de dimensão variável conforme a latitude, conseqüentemente da altura do sol no solstício de verão, e de elementos de controle horizontais e verticais para as fachadas. Levantamento das atividades e exigências visuais tomamos a partir de um Programa de Necessidades Ambientais, devem ser detalhadas as exigências de qualidade ambiental – mais especificamente das atividades visuais previstas para os diferentes ambientes, valendo lembrar que num mesmo espaço arquitetônico (sala ou compartimento) pode abrigar atividades distintas, com necessidadesluminosas diferenciadas. 6.2 A integração das soluções de iluminação natural e artificial Prioridade para a iluminação natural atende ao princípio ecológico de conservação de energia, minimização dos impactos ambientais negativos e conseqüentemente à auto sustentabilidade dos ecossistemas artificiais e naturais (consultar LAM, 1986; ABILUX, 1992; MOORE, 1991;TREGENZA, 1993; etc) e, principalmente a saúde e bem-estar humano. Para um país tropical, com muito sol e luz natural, é irracional não aproveitar estas condições e ter que recorrer à construção de fontes extremamente impactantes ao meio ambiente e favorecimento e benefícios que agregam a uma qualidade de vida. A solução da luz artificial deve ser num primeiro momento a de complementar a luz natural durante o dia. 6.3 A iluminação artificial A luz tem uma grande influência no comportamento humano. O estudo das diferentes linguagens visuais causadas pela iluminação, podendo induzir o paciente a ter um contato maior consigo mesmo e acelerar o processo do tratamento psicológico, é de considerável importância e interesse, tanto para estas clínicas quanto para utilizar em outros ambientes de quaisquer naturezas. “Mais do que exercer impacto direto sobre a forma como percebemos o espaço que nos cerca, a luz é capaz de despertar emoções de diversas formas. ” (LOVISETTI, 2009) No estudo realizado, através de revisão teórica, de temas relacionados à arquitetura, sua relação com a psicologia, com os reflexos no comportamento humano e com o ciclo circadiano juntamente com a produção de hormônios, a luz com sua influência tanto nas nossas sensações quanto na saúde, e peculiaridades de relacionamentos em tratamentos psicoterápicos, podemos verificar a inter-relação valiosa que temos nas mãos para aplicar em favor da melhoria do momento terapêutico e evolução do próprio paciente, influenciado também por elementos do espaço da consulta. Luz é o elemento através do qual podemos simplesmente ver ou observar, e até mesmo apreciar seus efeitos e sensações transmitidas. É muito interessante estar ciente do processo da nossa visão. O que enxergamos não é o objeto em si, mas a luz que dele reflete. Fazemos a percepção do espaço através da luz. O que quer ser mostrado, escondido, destacado; o local que terá um uso de descanso, recreativo, laboral ou de contemplação. Todas essas atmosferas cênicas são projetadas especialmente para que as atividades sejam desenvolvidas da maneira mais completa e saudável, utilizando-se assim das diferentes intensidades, temperaturas de cor, focos, fachos, efeitos e cores. A linguagem da luz e sombra é um poderoso meio para expressar significados na arquitetura. O papel da luz associado à luz reveladora, conectado com a criação: faça-se a luz; ou significados religiosos, interpretados das mais diversas formas. A Luz contemplativa está associada à apreciação da luz e sombra que envolve um espaço, livre de qualquer desconforto visual; luz e silêncio como afirmava Louis Khan. É uma experiência que conduz à luz simbólica, luz que nos conduz a contemplar a vida além do finito e do temporal. (TORRES, 2009) Segundo Torres (2009), a constante mudança do espectro da luz natural é parte da nossa existência, variando do amarelo da manhã, passando pelo frio do meio-dia, para o azul até o vermelho laranja do pôr do sol. A iluminação deve ajudar a produzir no indivíduo o estado de ânimo que responde a seu desejo ou ação. Desta forma, não iluminaremos da mesma forma um circo, um museu ou um local comercial. Entretanto, isso pode ser utilizado de maneira inversa, criando-se vários cenários e ambientações num mesmo espaço. 6.4 Relações terapêuticas e a interferência do ambiente no processo “O comportamento humano é conduzido por uma resposta à percepção do ambiente através dos estímulos provocados pelo mesmo. ” (FONSECA, 2006; MONT’ALVÃO, 2006) Segundo Vandenberghe e Pereira (2005), o ambiente terapêutico, projetado com luz, facilita episódios íntimos que podem culminar numa relação potencialmente curativa que pode promover transformações importantes no ser humano. Neste sentido, o papel do arquiteto pode ambientar uma residência e suas realidades familiares como ambientes “terapêuticos” do modo mais aconchegante possível, usando de todos os meios conhecidos na questão de ergonomia, mobiliário, texturas, revestimentos, cores, iluminação e termo acústica, é de fundamental importância, e mostra a aplicação da psicologia ambiental. A tentativa de resgatar o potencial curativo, não apenas num tratamento específico, mas no dia a dia, onde podemos potencializar os processos de bem-estar e saúde deve ser uma preocupação, haja vista também, a importância da iluminação artificial no processo como um todo. Existe uma “noção de determinação recíproca entre comportamento e ambiente, na qual o sujeito tanto é construtor do seu universo quanto é moldado pelo mesmo. O ambiente somente influencia o comportamento porque este tem efeito sobre ele. ” (VANDENBERGHE, 2005; PEREIRA, 2005). A interferência na iluminação nos diversos ambientes familiares, permite transformá-la em poucos segundos ou minutos, alterando sua intensidade e cores, pode influir no estado de humor e ânimo, melhorando ou resgatando a qualidade de vida e bem-estar do ser humano, sendo uma das prioridades hoje de um bom Light design, onde este profissional trabalha não só a sensação de conforto e bem-estar que a luz pode dar, mas atribui ao ambiente interno um caráter ou característica, assumindo qualidades: relaxante, estimulantes, regenerativas, só para citar algumas. Se a luz é um importante material de manipulação, ela pode influenciar as preferências dos usuários para uma grande quantidade de atividades. Imagem 1.0 – Intensidade da luz num mesmo ambiente Fonte: www.joselmarolim.com.br http://www.joselmarolim.com.br/ De acordo com a Imagem 1.0, podemos verificar que a quantidade de luz que entra num ambiente ou ganho luminoso, assim como sua distribuição, interfere na percepção das superfícies e planos; se mais suave ou vibrante, na sensação de claridade do ambiente, alterando preferências e estados de humor conforme as atividades desenvolvidas. A Influência da temperatura de cor, índice de reprodução e os benefícios produzidos ao longo do dia nos ciclos biológicos, integra o conhecimento das fontes de luz, de colorimetria, de ótica fisiológica e de tecnologia de materiais usados nas luminárias. Imagem 2.0 – Sensações visuais provocadas pela quantidade de lux Fonte: www.joselmarolim.com.br http://www.joselmarolim.com.br/ As sensações visuais agem no indivíduo e, a partir daí se desenvolve um processo que agrega significados e valores – objetivos e subjetivos – que implicam diretamente nas questões fisiológicas. A ausência de luz estimula a retina a mandar sinais ao nosso relógio biológico, que emite um aviso ao gânglio cervical superior para que libere noradrenalina que, por sua vez, vai fazer com que a glândula pineal produza e secrete a melatonina, hormônio que ajuda na indução do sono. 7.0 CONCLUSÕES A luz do Sol é a fonte de vida do planeta, e necessitamos dela para regular nossos hormônios e manter a saúde e bem-estar do ser humano. As preferências humanas de iluminação nos ambientes internos estão relacionadas inicialmente à satisfação de conforto luminoso a partir de exigências não somente visuais, mas fisiológicas de saúde e bem-estar, conforme os objetivos do projeto e atividades e a relação entre luz e espaço determina a nossa percepção visual do mundo que nos cerca e da maneira que o sentimos. Procuramos redefinir então o conceito de conforto visual, ampliando-o para conforto luminoso, que passaria a abordar aspectos não visuais da luz que exercem grande influência no metabolismo humano, através da regulaçãodos ritmos circadianos com desdobramentos na saúde e bem-estar. Toda atividade de projeto deve apoiar-se no planejamento das necessidades ambientais e humanas, tais como: aquilo que se quer, onde, como, meios, intenções e forma. Dentro deste processo encontra-se embutido a concepção de projeto da iluminação, tanto natural quanto artificial. Com o conhecimento dos ciclos e um conhecimento de luz mais profundo, podemos encontrar uma possibilidade inteligente que pode contribuir com o relógio biológico e ciclo circadiano de cada ser humano, agregando, além de conforto visual, saúde e bem-estar. Como apresentado na Imagem 1.0 e na Imagem 2.0, as sensações visuais agem no indivíduo e, a partir daí se desenvolve um processo que agrega significados e valores – objetivos e subjetivos – que implicam diretamente nas questões fisiológicas. Ver a arquitetura como uma luminária é assim usar a luz natural como energia luminosa a ser colhida, tratada de forma técnica, estética e benéfica, e, espargida pelas superfícies envoltórias das ambiências e pelos planos das tarefas visuais. Atendendo a todas estas condicionantes anteriormente referidas, à sensibilidade e preciosidade do sentido da visão e às consequências francamente negativas de opções tecnicamente incorretas, todas as alterações significativas, no domínio da iluminação, devem ser sempre acompanhadas por técnicos qualificados, visando, assim, a adequação plena das soluções a implementar, e, assim, a iluminação deve ajudar a produzir no indivíduo o estado de ânimo que responde a seu desejo ou ação, para a plenitude da criação de um projeto que atenda ao ser humano por completo. 8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDSSTON, HOWARD M. Aprender a ver: a essência do design da iluminação: De maio Comunicação, 2010. BERNARDES, Claudio (1999): A arquitetura. São Paulo, DBA Artes Gráficas. BIGONI, Silvia. Iluminação De Interiores Residencial - PÓS-GRADUAÇÃO Lato Sensu em Iluminação e Design de Interiores, 2008 - Apostila do curso oferecido pelo Instituto dePós Graduação IPOG. Curitiba, 2008. BYINGTON, C. A. B. 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