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ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO Acessibilidade, aspectos físico-ambientais e cognitivos Unidade 2 1. ACESSIBILIDADE Enquanto atributo indispensável à sociedade por possibilitar a todos a disponibilidade de alcance indistinto, o primeiro fator da ergonomia do ambiente construído a ser estudado é a acessibilidade. 1.1 Definição de Acessibilidade De acordo com a lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, acessibilidade é definida pela possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. (BRASIL, 2000). De acordo com a redação dada pela lei n. 13.146 de 2015, define-se pessoa com deficiência como aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015) E pessoa com pessoa com mobilidade reduzida como aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso. (BRASIL, 2000). Ou seja, a acessibilidade é a garantia de participação integral utilitária de espaços e sistemas por parte de todos os indivíduos, independentemente do grau de restrição que estes possam apresentar. Para que esta possa ser atendida nos mais diversos âmbitos projetuais, desenvolveu- se o princípio do chamado Desenho Universal, que, segundo a lei n. 10.098, define-se como “concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva.” (BRASIL, 2000). Entende-se por tecnologia assistiva, o “conjunto de técnicas, aparelhos, instrumentos, produtos e procedimentos que visam a auxiliar a mobilidade, percepção e utilização do meio ambiente e dos elementos por pessoas com deficiência.” (BRASIL, 2000). 1.2 Desenho Universal De acordo com Neves, o Desenho Universal segue sete princípios que devem orientar todo o desenvolvimento projetual. São eles, o uso equitativo, a flexibilidade de uso, o uso intuitivo, a informação perceptível, a tolerância ao erro, o baixo esforço físico, o tamanho e o espaço suficientes para o acesso e uso. A partir princípios, é possível garantir autonomia aos usuários independentemente de suas possíveis restrições. Uma vez aplicados, constituem ambientes integradores capazes de promover maior partilha, aprendizagem e trabalho entre as pessoas deficientes e não deficientes, minimizando a segregação entre elas. Para tal, faz-se necessário, entretanto, identificar a existência de elementos que, porventura, prejudiquem a percepção, circulação, compreensão ou apropriação dos espaços por parte dos usuários, comprometendo o desenvolvimento das atividades por eles ali desempenhadas (NEVES, 2018). Para Calvet, as barreiras arquitetônicas dos ambientes construídos representam uma das maiores obstruções para o atendimento dos parâmetros de acessibilidade. (CALVET, 2018). De acordo com a Lei n. 10.098, barreiras nas comunicações e na informação são definidas por “qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação” (BRASIL, 2000). 1.3 Normativa Em termos normativos, no Brasil, o princípio do Desenho Universal, bem como a lei n. 10.098 está assegurada pela NBR 9050 determinada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que trata de “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”. O objetivo desta norma é estabelecer parâmetros técnicos a serem contemplados em projetos, construções, instalações e possíveis adaptações de edificações, mobiliários e equipamentos urbanos para garantir as condições de acessibilidade. Para tal, foram considerados os parâmetros antropométricos, bem como as diferentes condições de mobilidade e de percepção do ambiente, o que inclui a presença de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou quaisquer outros que complementem as distintas necessidades individuais. Vale ressaltar que à NBR 9050 relacionam-se outras normas que lhe são complementares em decorrência de suas especificidades. São elas: • Lei Federal n. 9.503, de 23 de setembro de 1997, incluindo decretos de regulamentação e resoluções complementares – Código de Trânsito Brasileiro. • ABNT NBR 9077:2001 – Saídas de emergência em edifícios – Procedimento. • ABNT NBR 9283:1986 – Mobiliário urbano – Classificação. • ABNT NBR 9284:1986 – Equipamento urbano – Classificação. • ABNT NBR 10283:1988 – Revestimentos eletrolíticos de metais e plásticos sanitários – Especificação. • ABNT NBR 10898:1999 – Sistema de iluminação de emergência. • ABNT NBR 11003:1990 – Tintas – Determinação da aderência – Método de ensaio. • ABNT NBR 13994:2000 – Elevadores de passageiros – Elevadores para transporte de pessoa portadora de deficiência. 2 ASPECTOS FÍSICO-AMBIENTAIS Além do atributo da acessibilidade, os aspectos físico-ambientais, como incidência de iluminação natural ou artificial, o uso das cores, a regulação da temperatura e a presença de ruído e/ou vibração no espaço construído interferem diretamente na qualidade da relação de seu usuário com ele. Por serem concretos e, assim, possibilitarem maior objetividade na aferição e controle, estes fatores ergonômicos são comumente os mais trabalhados juntos às empresas, uma vez que os resultados na qualidade de vida e produtividade de seus usuários podem ser diretamente constatados. 2.1 Iluminação A iluminação de um ambiente construído diz respeito à luminosidade que com este é contemplado, seja ela oriunda de fonte natural, diretamente do sol e/ou proveniente da reflexão da abóboda celeste ou originada de fonte artificial, em geral garantida por meio de lâmpadas. Do ponto de vista funcional, a luminosidade dos espaços deve ser condizente às atividades nele realizadas para que não comprometa a qualidade de seu desenvolvimento. Um dos pioneiros na realização de estudos ergonômicos sobre o tema, a inadequação da iluminação nos espaços de trabalho pode gerar fatiga visual, consequente desmotivação, baixa produtividade e, até mesmo, provocar acidentes de trabalho. Assim, o desenvolvimento de um projeto adequado de iluminação, conjugado ao uso das cores, conforme veremos mais à frente, torna-se indispensável para a manutenção da qualidade laboral dos espaços. Segundo Lida (2005), há três variáveis a serem consideradas no seu desenvolvimento: quantidade de luz, tempo de exposição e o contraste entre figura e fundo. A relação entre estas três variáveis será determinante na qualidade espacial de um projeto de iluminação. Avalia-se que a quantidade de luz pode ser pela unidade de medida “lúmen” (lm). Enquanto a eficiência luminosa da luz do dia é alta e atinge 100 lumens/watt, a luz artificial tem eficiência muito inferior com apenas 15 lumens/watt, portanto, sempre que possível, deve-se privilegiar o uso da iluminação natural, não apenas pelo seu desempenho, mas também por economia. A quantidade de luz, entretanto, deve ser pensada no projeto não apenas em termos absolutos, ou seja, na quantidade de luz destinada a um determinadoambiente, mas em como nele se distribui. Avalia-se, então, a iluminância, ou seja, a quantidade de fluxo luminoso distribuído uniformemente sobre uma determinada superfície. Esta é dada pela unidade de medida lux, que corresponde à quantidade de lumens por metro quadrado. Portanto, Lux = lm/m². É fundamental dosar bem a luminância nos ambientes internos de trabalho, pois a fadiga visual e possíveis acidentes podem ocorrer tanto pela sua escassez como pelo seu excesso a partir do ofuscamento. De acordo com a NBR ISSO/CIE 8995-1, “Ofuscamento é a sensação visual produzida por áreas brilhantes dentro do campo de visão, que pode ser experimentado tanto como um ofuscamento desconfortável quanto como um ofuscamento inabilitador” (ABNT, 2013). Esta sensação visual pode também ser causada pela presença de superfícies reflexivas. O ofuscamento inabilitador é mais comum em áreas externas, mas pode também ocorrer em ambientes internos pela presença de fontes de grande brilho intensidade ou proximidade com janelas, embora nestes ambientes fechados a presença ofuscamento desconfortável é mais recorrente. Conforme mencionado anteriormente, a iluminação do interior de ambientes de trabalho está contemplada pela NBR ISSO/CIE 8995-1 que estabelece os parâmetros ergonômicos visuais para o desempenho de tarefas de modo seguro, eficiente, preciso e confortável por parte de seus usuários. Esta norma esclarece que uma boa iluminação está relacionada com a quantidade e qualidade da iluminação. Considera-se não apenas a iluminância, mas também o limite referente ao desconforto por ofuscamento e o índice de reprodução de cor mínimo da fonte de luz para determinar diferentes ambientes de trabalho e suas respectivas atividades. 2.2 Cores As cores são elementos que suscitam efeitos psicológicos nos indivíduos nos mais diferentes âmbitos. Quando empregadas no ambiente construído – e mais especificamente no espaço de trabalho – assumem funções específicas, como auxílio de orientação, princípio de ordenação, sinalização de segurança e podem facilitar as atividades ali desenvolvidas. O princípio de ordenação é garantido, quando em um edifício, um conjunto de salas é identificado pelo uso de uma determinada cor e demais áreas, como circulações, áreas de uso comum e diferentes setores, são identificados por outras. Este exemplo no emprego de cores atribui identidade, legibilidade espacial e consequentemente ordena o uso destes espaços. Neste caso ainda orienta seus usuários que podem claramente identificar rotas de saída pelo uso da cor na circulação comum do edifício. O emprego de uma cor específica para identificar perigo ou alerta promove efeitos psicológicos nos usuários que os fazem estabelecer barreiras não edificadas em relação a determinadas áreas construídas e, assim, manter um afastamento permanente delas. Em alguns postos de trabalho, faz-se necessário destacar visualmente determinados elementos como botões de acionamento, cabos, alavancas, comandos e peças de maquinarias. O uso das cores, assim, adquire grande importância, sobretudo quando, por razões próprias aos desenhos destes, possuírem pequenas dimensões (inferiores a alguns cm²). Nestes casos, recomenda-se o uso de contrastes de cores de modo a facilitar a visualização destes elementos e reduzir o tempo de seu alcance por parte do usuário. Para a criação de atrativos visuais como estes, no entanto, é preciso estabelecer um limite de no máximo 5 (cinco) pontos, pois, do contrário, ao invés de se destacarem, confundem-se, invalidando assim o propósito do uso de cores para este fim. O mesmo princípio diz respeito ao uso de cores vibrantes como vermelho, laranja e amarelo no interior de cômodos. Quando utilizadas pontualmente, em elementos específicos, como em molduras de janelas ou portas, pilares, rodapés ou frisos, ganham destaque, mas quando aplicadas em grandes superfícies, como em paredes ou teto, perdem a ênfase e ganham grande peso visual, sobrecarregando o ambiente. Ainda sobre o uso de cores no interior dos ambientes, é preciso verificar qual tipo de atividade predominante será realizada nele, pois o uso de cores vibrantes, quentes, como as já citadas – vermelho, laranja e amarelo – provocam muito estímulo e consequente dispersão, ao passo que cores frias ou neutras, como azul, creme, ou tons claros e pastéis são mais propícias à concentração e introspecção e tem efeito psicológico tranquilizante. Assim, para ambientes de trabalho, que em geral prescindem e maior foco por parte de seus usuários, o uso de cores suaves é mais recomendável, tendo em vida a promoção de maior bem estar para os presentes. Os efeitos psicológicos que as cores podem causar nos indivíduos são em boa parte associações inconscientes com situações vivenciadas ou presenciadas, no entanto, podem também ter relação com traços hereditários e pré-disposições psíquicas, de modo a influenciar comportamentos. As cores podem desencadear emoções, como o medo, angústia, raiva, prazer, a sensação de bem-estar, segurança, de acordo com o significado que cada cor assume para cada um. Entretanto, segundo Heller (2013), independentemente de subjetividades e de seu emprego, as cores per se, historicamente já carregam um significado comunicante próprio: A M A R E L O Cor primária em cor-pigmento, é formada pela mistura de vermelho e verde em cor-luz. É a cor representativa do sol do ouro, simbolizando riqueza. Em tons dourados, associa- se ao deus Zeus/Júpiter, senhor dos raios, governante dos céus e terras. Também representativa do feminino, Demeter/Ceres, deusa da fertilidade e das colheitas de trigo. É uma cor vibrante que suscita alegria, entusiasmo, clareza e cuidado. É uma cor comumente empregada em situações que buscam reter a atenção dos consumidores. Em função de seu caráter expansivo, proporciona maior amplitude dos espaços quando aplicada em interiores. Na comunicação visual, quando associada à cor preta, indica alerta, sendo empregada na sinalização de trânsito. A Z U L Cor primária, cor-luz/cor-pigmento. Em diversas culturas está associada ao a poder divino, ao absoluto, pois é a cor do céu e também do mar. Na mitologia clássica, aos deuses Ouranos/ Urano e Poseidon/Netuno. Também no cristianismo relaciona-se à divindade e à pureza. A expressão “sangue azul” designada aos nobres estava diretamente relacionada ao caráter absoluto da cor. Comunidades europeias do passado possuíam a tradição de pintar as casas de jovens em idade de casamento de azul como indicativo de pureza. Os tons mais claros transmitem calma, suscitam a contemplação e, geralmente, são empregados em locais que inspiram repouso e descanso. Os tons mais escuros simbolizam poder e devido à sua origem, a cor também transmite a ideia de segurança, confiança e eficiência e é, portanto, amplamente apropriada pelos mais variados segmentos que desejam transmitir credibilidade às suas marcas. L A R A N J A Cor secundária em cor-pigmento resultante da fusão do vermelho com o amarelo. Por ser a mistura de duas cores vibrantes, também é uma cor extremamente estimulante. No Budismo, representa o símbolo da iluminação e do mais alto grau supremo de perfeição. Extremamente enérgica é uma cor que remete ao lúdico e à sociabilidade, transmite entusiasmo, portanto, nos dias de hoje é comumente mais empregada em ambientes juvenis. M A R R O M Cor terciária que em cor-pigmento se dá pela mistura de vermelho e preto. É simultaneamente uma cor quente, portanto, vibrante e tranquilizante. Remete à terra e também à madeira, transmite assim a ideia de estabilidade, solidez e humildade. Associa- se também à melancolia e à aflição. Está presente em ambientes internos, sobretudo por meio do uso da madeira. V E R M E L H O Cor primária, cor-luz e cor-pigmento, associada ao poder e à luta, cor do sangue, fogo e paixão. Na mitologia greco-romana, é cor de Dionísio/Baco,deus dos prazeres; e de Ares/Marte, deus da guerra. No Japão, representa a alegria. Relaciona-se também ao amor, a partir de sua variante menos saturada, a cor rosa, associada à deusa Afrodite/Vênus. É uma cor extremamente estimulante e produz a senso de urgência. Por esta razão é muito empregada em marcas que pretendem atrair clientes compulsivos. Seu caráter excitante também torna próprio seu uso nos mais variados eventos e festividades. É comumente empregada em restaurantes, uma vez que aguça o apetite. Indica perigo e sinaliza proibição de modo a estar presente em indicações de incêndio, como instalação de extintores ou saídas de emergência. V E R D E Cor primária em cor-luz e secundária em cor-pigmento oriunda da mistura entre amarelo e azul. É frequentemente associada à natureza e à esperança, à deusa Artémis/Diana. Para os chineses, simboliza Yang, o feminino, a esperança e a cura. Para os muçulmanos, é a cor do conhecimento. Durante a Idade Média, simbolizava a razão e paradoxalmente a loucura. Nos dias de hoje, relaciona-se às causas ambientais, remete ao dinheiro e, igualmente, ao equilíbrio. Permite grande variação na escala de saturação. Em tons mais claros, é extremamente tranquilizante, mas em mais escuros, com maior saturação, assume o caráter estimulante. Em interiores os tons claros, são normalmente usados em locais de repouso e os escuros em ambientes de estudo e trabalho. V I O L E T A Cor secundária em cor-luz e cor-pigmento, pode ser obtida pela fusão entre azul e vermelho. Também denominada como lilás, roxo, púrpura e carmim, é de presença rara na natureza e geralmente está vinculada ao caráter espiritual, à temperança e também ao poder, pois na Antiguidade era de uso exclusivo dos governantes. No império Romano, o uso da cor púrpura sem a autorização prévia poderia levar à sentença de morte. Relacionada à deusa Athena/ Minerva, os gregos associavam-na à sobriedade e à sabedoria. Para os cristãos, representa a Paixão de Cristo e é empregada nas igrejas durante o período quaresmal em caráter penitencial. Nos tempos atuais, a cor adquire um sentido mais profano por remeter à magia e à sensualidade. Por ser uma cor de pouca adesão, é normalmente empregada quando busca distinção do convencional e expressa assim criatividade e inovação. Em tons saturados no interior de ambientes, evoca sentimentos, como angústia, vaidade, melancolia e ganância. P R E T O É a ausência da luz, portanto, uma cor sob a perspectiva física e o que se define como cor-pigmento é apenas uma aproximação do preto absoluto, já que este inexiste na natureza em condições naturais. Em diversas culturas está associada à obscuridade e está associada às ideias de morte, luto, tristeza perda, e toda a espécie de malignidade. Na mitologia greco-romana, está associada ao deus Hades/Plutão. Na atualidade, relaciona- se às ideias de poder e luxo, transmitindo elegância e sofisticação. Em interiores, expressa precisão, firmeza e sobriedade, transmite a ideia de responsabilidade, além de atribuir maior peso às formas e volumes nos quais é aplicada. B R A N C O É a síntese de todas as luzes coloridas ou a união de uma cor-luz com sua complementar. Expressa neutralidade e a própria ideia de luz sendo representada pelo deus Apolo/Jano na mitologia greco-romana. Relaciona-se à higiene, limpeza e saúde. Representa o princípio da transição, seja ele o nascimento ou a morte. No Oriente, representa o luto. Os povos primitivos interpretavam a cor branca como sinônimo de vida e pureza e por ser a cor da farinha e do leite. Também pode representar a paz, a exemplo da bandeira Organização das Nações Unidas (ONU). No interior dos ambientes, proporciona leveza e amplidão espacial e é muito apropriada em espaços que dispõe de pouca iluminação. Pode ser muito clara, absorve pouco calor e reflete muita luz, o que a torna eficiente para o emprego em áreas externas de uma edificação, com o intuito de reduzir a temperatura no interior deste. 2.3 Temperatura A temperatura é um dos principais fatores a ser considerado no ambiente construído para garantir-lhe qualidade de uso, sobretudo no que diz respeito ao espaço de trabalho. Segundo Roriz (2001), a sensação humana de conforto térmico não é objetiva e conjuga diversos fatores. Dos fatores ambientais, destaca-se a temperatura de bulbo seco (TBS), temperatura média radiante (TRM), umidade relativa do ar (UR) e velocidade do ar. Estes são conjugados aos fatores próprios de cada indivíduo no decorrer de sua atividade laboral, como a sua taxa metabólica, as características desta atividade e o grau de isolamento promovido pelo vestuário utilizado. Há postos de trabalho que se caracterizam por temperaturas extremadas, sejam elevadas, como em carvoarias, fábricas de cerâmicas ou siderúrgicas, ou temperaturas muito baixas, como em frigoríficos, por exemplos. Nestes locais de trabalho, o uso de vestuário adequado para a devida proteção térmica torna-se imprescindível, uma vez que expõe seus usuários às condições de insalubridade, ou seja, a circunstância a que podem acarretar prejuízo à saúde do trabalhador. Há também aqueles em que a umidade do ar pode ser muito elevada, como no caso de tecelagens, e, ao contrário, extremamente seco, como ocorre em indústrias de cerâmicas. Situações de umidade extremada são igualmente prejudiciais à saúde de seus trabalhadores. A sensação térmica de um indivíduo em seu ambiente de trabalho pode variar de acordo com a aclimatização da pessoa ao local, idade, sexo, alimentação, metabolismo, conformação física, vestuário e com o tipo de atividade por ele desempenhada neste local. Considera-se que uma situação de conforto foi alcançada quando 95%dos usuários de um ambiente manifestam satisfação. Fique de olho No ambiente de trabalho, o ruído pode ser controlado por três meios: • Pela fonte emissora. • Pelo meio de propagação. • Pelo receptor. O controle pela fonte pode se estabelecer principalmente pelas seguintes medidas: • Alteração nos processos produtivos de modo a substituir os equipamentos promotores de ruído por outros mais silenciosos. • Manutenção constante e adequada dos equipamentos que sejam fonte de ruído, como a regulagem de motores e estruturas dos equipamentos de modo a atenuar suas vibrações, a lubrificação eficaz de rolamentos mancais, substituição de engrenagens metálicas por plásticas ou em celeron. • Redução de impactos destes equipamentos. Caso não seja possível controlar a fonte, uma segunda possibilidade é a aplicação de medidas ao meio de propagação. Uma delas é o isolamento acústico da fonte de modo a impedir que o ruído se propague a partir dela. O melhor resultado é atingido quando as barreiras internas são revestidas por materiais absorventes do som, como cortiças, espumas ou outros que tenham porosidade e reentrâncias e a face externa revestida com material isolante, como alvenaria. Diante da necessidade no estabelecimento de critérios para melhoria das condições climáticas dos ambientes de trabalho foi estabelecida a Lei NR 15 que se refere às atividades e operações insalubres. O anexo 3 (três) correspondente aos limites de tolerância para a exposição ao calor. 2.4 Ruído O ruído é um dos tópicos mais importantes da saúde ocupacional, pois quando excessivo pode levar à fadiga auditiva, causar efeitos psicofisiológicos negativos, relacionados ao estresse psíquico, como perturbação da atenção e do sono, sintomas neurovegetativos, tais como taquicardia e aumento da tensão muscular e, até mesmo, promover lesões do aparelho auditivo dos indivíduos. Em linhas gerais, entende-se ruído como o som indesejável e desagradável que pode ter como fontes motores ou sirenes de automóveis ou motocicletas, aparelhos telefônicos ou ainda pessoas em diálogo. Assim como temperatura, o ruído é normatizado pela Lei NR 15, que define os parâmetros de tolerância no ambiente de trabalho.Pode ser classificado como contínuo ou intermitente e é medido em decibéis (dB). No ambiente de trabalho, o ruído pode ser controlado por três meios: • Pela fonte emissora. • Pelo meio de propagação. • Pelo receptor. O controle pela fonte pode se estabelecer principalmente pelas seguintes medidas: • Alteração nos processos produtivos de modo a substituir os equipamentos promotores de ruído por outros mais silenciosos. • Manutenção constante e adequada dos equipamentos que sejam fonte de ruído, como a regulagem de motores e estruturas dos equipamentos de modo a atenuar suas vibrações, a lubrificação eficaz de rolamentos mancais, substituição de engrenagens metálicas por plásticas ou em celeron. • Redução de impactos destes equipamentos. Caso não seja possível controlar a fonte, uma segunda possibilidade é a aplicação de medidas ao meio de propagação. Uma delas é o isolamento acústico da fonte de modo a impedir que o ruído se propague a partir dela. O melhor resultado é atingido quando as barreiras internas são revestidas por materiais absorventes do som, como cortiças, espumas ou outros que tenham porosidade e reentrâncias e a face externa revestida com material isolante, como alvenaria. O terceiro modo de controle do ruído se dá por meio do próprio receptor e deve ser adotado apenas como último recurso ou ainda em caráter complementar aos demais caso estes não sejam suficientes para restringir o ruído de modo eficaz. Recomenda-se, portanto: • Limitar o tempo de exposição do receptor a níveis superiores a 85 dB. • Utilização de protetores auriculares: trata-se de um equipamento de proteção individual. • Realização periódica de exames audiométricos. 2.5 Vibrações A vibração é um dos fatores ergonômicos físicos ambientais menos difundidos, uma vez que tem menor incidência em postos de trabalho quando comparado aos demais já analisados. Os prejuízos decorrentes da exposição dos usuários dos ambientes construídos em que ocorrem, entretanto, são igualmente significativos e assim requerem similar atenção. A vibração pode ser definida como o estímulo físico em movimento provocado por algum instrumento ou estrutura do posto de trabalho em seu usuário. É possível identificá-las no manejo de britadeiras, furadeiras, caminhões ou tratores. Sua influência no conforto, segurança e saúde dos indivíduos está relacionada a alguns aspectos: • Modo de transmissão: - conjunto do corpo - parte do corpo ou manubraquiais (mãos e braços) • Características das vibrações: - direção - frequências - amplitudes • Tempo de exposição e de sua repetição: - breve ou longa duração - contínua ou intermitente Os efeitos da exposição contínua às vibrações podem acarretar problemas de saúde graves, a saber: • Interferência respiratória. • Dor no corpo e no abdômen, reações musculares, ranger de dentes. • Tensão muscular, dores de cabeça, oculares, e na garganta, perturbação da fala, irritação dos intestinos e rins, podendo até mesmo levar ao deslocamento destas estruturas internas. • Lesões neurológicas. • Estiramento dos ligamentos de suporte dos grandes órgãos, provocando danos aos tecidos e aparecimento de traços de sangue na urina. • Hemorroidas. • Prejuízo ao sistema auditivo. • Diminuição da agilidade manual, da força muscular e da sensibilidade térmica. Para a eliminação da fonte de vibração nas operações laborais, recomenda-se o isolamento e a proteção do usuário por meio uso de equipamento de proteção individual (EPI), como botas e luvas especiais e pausas nas atividades sujeitas a elas. Quando a vibração for contínua, devem ser programadas pausas 50/10, ou seja, para cada 50 minutos de atividade laborativa é recomendável dez minutos de pausa. Não há uma normativa por parte da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que diz respeito às vibrações. A avaliação do grau de comprometimento da vibração no organismo humano é estabelecida pelas seguintes normas internacionais: ISO 2631 Refere-se a todo o corpo do indivíduo. ISO 5349 Refere-se a mãos e braços ISO 8041 Referente à instrumentação 3. PSICOLOGIA NO TRABALHO E PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES No que diz respeito à ergonomia do ambiente construído, grande parte dos profissionais atuantes tem considerado o ambiente sob um ponto de vista mais mecanicista, dando maior ênfase às necessidades funcionais do indivíduo, mais especificamente aos aspectos físicos ambientais, ou seja, o conforto térmico, acústico e lumínico, por serem estes historicamente mais trabalhados na arquitetura; entretanto, faz-se igualmente necessário compreender os aspectos psicológicos que envolvem os ambientes de trabalho. 3.1 Ergonomia Cognitiva A este campo do conhecimento e atuação, chamamos a ergonomia cognitiva, que se centra sobre os estudos de como os indivíduos processam as informações das quais dispõem para desenvolverem suas atividades em seu espaço laboral. Esta área abarca processos perceptivos, mentais e motores. A cognição está relacionada à aquisição de conhecimento e pode ser definida como o modo de identificar, apreender, associar, organizar e exprimir informações no processo de resolução de problemas. Dessa forma, está diretamente relacionada ao modo como um indivíduo reconhece, desenvolve e comunica as informações das quais dispõe como meio de adaptação ao contexto em que vive. A etapa do reconhecimento está diretamente associada aos órgãos sensoriais que captam os mais diferentes estímulos do meio externo, como sons, cores, sabores, odores, texturas e os organizam como informação por meio de percepções individuais. A resultante deste processamento se revelará por meio de movimentos e ações comportamentais. O processo de aquisição do conhecimento se estabelece a partir do desenvolvimento das aptidões e potencialidades de cada indivíduo. Com isso, ao nível e grau de conhecimento que cada um apresenta, denomina-se inteligência. Em outras palavras, a inteligência pode ser definida como o conjunto de habilidade desenvolvidas por um indivíduo na resolução de questões ou ainda a capacidade de criar alternativas para o alcance de seus propósitos. Fique de olho O campo cognitivo é aberto e flexível ao meio em que o indivíduo se insere, isso significa dizer, que está sujeito à constante transformação no decorrer da vida de cada um, ainda que durante a juventude apresente maior plasticidade adaptativa do que nos estágios de idade mais avançados. No que diz respeito às atividades laborais, faz-se indispensável o processo de aprendizagem que estão definidos em três domínios individuais e intransferíveis, a saber: Cognitivo Princípio organizador para a realização de tarefas pela aprendizagem. Afetivo Relacionado a atitudes, apreciações, interesses, valores, emoções concernentes ao processo de aprendizagem e ao conhecimento a ser adquirido. Psicomotor Refere-se às atividades motoras ou musculares a partir da manipulação de ferramentas, instrumentos e objetos. No processo de aprendizagem referente ao domínio cognitivo, a compreensão requer do aprendiz a capacidade de se apropriar de uma informação prévia para apresentá-la de maneira distinta podendo ampliá-la ou reduzi-la. A aplicação é a capacidade de empregar adequadamente informação genérica em um contexto novo e específico. A análise refere-se a um nível mais avançado de complexidade e enfatiza a capacidade de desdobrar a informação em partes: elaborar hipóteses, identificar enunciados não explícitos e perceber as inter-relações e os princípios que as regem, ou seja, supor, reconhecer diferentes pontos de vista, inferir sobre um conceito apresentado. 3.2 Memória e linguagem no trabalho O processo de aprendizagem pressupõe um encadeamento de fatores a serem assimilados e acomodados por parte do aprendiz que irá desempenhar uma determinada função. Este processo é intransferível e uma vezvivenciado jamais é esquecido. Ou seja, é de competência exclusiva do aprendiz e uma vez plenamente apreendido estará internalizado. O distanciamento da prática e /ou conteúdo pode levar a uma redução na velocidade ou habilidade para realização de determinada tarefa ou função, mas não no seu esquecimento. De modo geral, existe uma grande conscientização por parte dos profissionais da segurança do trabalho sobre os processos de aprendizagem organizacional, bem como sobre o desenvolvimento cognitivo. Há um conhecimento difundido sobre a adequação dos estímulos para a aprendizagem no ambiente de trabalho que refutam tanto a subcarga como a sobrecarga mental a qual a maior parte dos trabalhadores está rotineiramente sujeita. Faz-se necessário, portanto, que os processos organizacionais mais tradicionais sejam revistos para que uma plena adequação à complexidade e não linearidade característica dos modos de aprendizagem possa se estabelecer e servir de estímulo à criatividade inerente a todos os indivíduos. 1. ACESSIBILIDADE 1.1 Definição de Acessibilidade 1.2 Desenho Universal 1.3 Normativa 2 ASPECTOS FÍSICO-AMBIENTAIS 2.1 Iluminação 2.2 Cores 2.3 Temperatura 2.4 Ruído 2.5 Vibrações ISO 2631 ISO 5349 ISO 8041 3. PSICOLOGIA NO TRABALHO E PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES 3.1 Ergonomia Cognitiva Cognitivo Princípio organizador para a realização de tarefas pela aprendizagem. Afetivo Relacionado a atitudes, apreciações, interesses, valores, emoções concernentes ao processo de aprendizagem e ao conhecimento a ser adquirido. Psicomotor 3.2 Memória e linguagem no trabalho
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