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CONVULSÃO FEBRIL em Pediatria Doutoranda Bruna D Neckel 10° semestre Embora o cérebro imaturo seja mais propenso à crise, parece ser também mais resistente ao dano neuronal secundário quando comparado aos adultos. Esta “relativa proteção” provavelmente tem relação com o número reduzido de sinapses, menor consumo de energia e pouca complexidade bioquímica dos neurônios infantis Encéfalo pós-natal grande desenvolvimento de dendritos, mielinização e plasticidade; Principal neurotransmissor inibitório do SNC GABA (Ácido Gama-Aminobutírico) formação e destruição de sinapses continuamente; predomínio de neurotransmissores excitatórios (ex.: glutamato e aspartato); papel excitatório paradoxal nas fases iniciais da vida; contribuindo ainda mais para o potencial epileptogênico; CONVULSÃO: disfunção transitória de uma parte ou todo cérebro com descarga excessiva de neurônios hiperexcitáveis e que levam a manifestações motoras, sensoriais, psíquicas ou autonômicas. EPILEPSIA: distúrbio cerebral de predisposição para gerar crises epilépticas e consequências neurológicas, cognitivsas, psicológicas e sociais. ESTADO DE MAL EPILEPTICO: crise única ou repetitiva sem retorno da consciência em 30 min. Na infância as crises convulsivas costumam ser secundárias à: - Encefalopatia hipóxico-isquêmica perinatal; - Infecções do sistema nervoso; - Displasias corticais; - Traumatismos crânio-encefálicos. CRISE CONVULSIVA FEBRIL 2-4% das crianças abaixo de 5 anos Convulsão em vigência de doença infecciosa febril (excluindo-se as infecções do SNC e desequilíbrios hidroeletrolíticos), com temperatura ≥ 38°C (embora a elevação da temperatura possa ocorrer somente após a crise). É uma condição benigna; Geralmente não há recorrência; O desenvolvimento neuropsicomotor após a crise é normal. Está relacionada à idade do paciente. Não deve estar relacionada à convulsões neonatais ou a manifestações epilépticas prévias. Quadro clínico: Febre (elevações rápidas) Idade Predisposição genética Temperatura corpórea >39ºC (Pode ocorrer CF em crianças com temperatura <39ºC ) ocorrendo nas primeiras horas de infecções virais. Febre secundária a infecções bacterianas, a outras doenças febris e a imunizações também podem levar à uma CF. As clônicas e as tônico-clônicas são as mais frequentes. Exame neurológico da criança é inteiramente normal após a crise. CRISE FEBRIL SIMPLES OU TÍPICA Faixa etária: 6 m até 60 m (5 anos) de idade (média primeira crise é aos 14-18 meses). Incomum antes de 3 meses; Tipo de crise: tônico-clônica generalizada; Duração: < 15 minutos; Período pós-ictal: sonolência breve; Crise única em 24 horas; Não provoca dano neurológico mesmo que a criança tenha tido várias crises febris simples. Não aumenta o risco de epilepsia no futuro. CRISE FEBRIL COMPLEXA OU ATÍPICA Uma ou mais das características abaixo: Tipo de crise: focal; Duração: > 15 minutos; Período pós-ictal: presença de sinal neurológico (ex.: paralisia de Todd) ou sonolência duradoura; Recorrência da crise dentro de 24 horas. Associada a um maior número de recorrências, tanto febris, quanto afebris. Diagnóstico: CLÍNICO! A hipótese é reforçada quando a crise é típica, o exame neurológico é normal, o paciente já apresentou uma ou mais CF e há relato de casos semelhantes em parentes de primeiro grau. Exames complementares são importantes na investigação da doença de base e são essenciais para a exclusão de meningites. Lactentes que apresentem a primeira convulsão febril, sem foco infeccioso localizado, devem realizar exame do LCR. Exames de neuroimagem não auxiliam no diagnóstico das crises febris. Exame físico minucioso: para localização da infecção, seja ela uma amigdalite, otite ou doença exantemática. Causa infecciosa não identificada Criança em estado de mal epilético (>30 minutos ou várias crises sem consciência) Qualquer sinal de alerta (ex.: toxemia, crise complexa, nível de consciência muito reduzido após a crise) Objetivo: identificar precocemente um processo infeccioso e tratável do SNC. Todas estas recomendações são particularmente importantes para as crianças abaixo de 12 meses, em que outros sinais meníngeos podem estar ausentes. é FUNDAMENTAL A REALIZAÇÃO DE PUNÇÃO LOMBAR com avaliação de bioquímica, celularidade, testes antigênicos e cultura do liquor. Tratamento: Fase aguda: antitérmicos e medicação específica para a doença febril. Benzodiazepínicos: Diazepam via retal ou oral 0,5 mg/kg, 12/12 h (2 doses?) Criança 6-60 meses, febril, com crise convulsiva tônico-clônica generalizada: -Tratamento da crise convulsiva aguda -Classificar em crise convulsiva febril simples x complexa -Determinação origem da febre -Não necessita internação hospitalar na maioria dos casos Se está convulsionando: Diazepam DEPOIS avalia e trata a febre Não está convulsionando: Avaliar causa e tratar a febre Não faz droga para prevenir a recorrência Punção lombar se: Idade menor 12 meses Quanto pior for o estado vacinal da criança mais forte é a indicação de PL Convulsão febril x Crises Epiléticas em Vigência de Febre -Na primeira situação, temos uma condição benigna, autolimitada, que não evolui com anormalidades neurológicas e déficit cognitivo ao longo do tempo. (Após os cinco anos, a criança não volta a recorrer em crises e não se transforma em um indivíduo epilético no futuro. As crises convulsivas podem ocorrer com maior frequência durante a febre em crianças com epilepsia). -A epilepsia é uma doença crônica, caracterizada pela recorrência (mais de uma crise em um intervalo maior que 24h). Risco de Recorrência: O risco de recorrência aumenta quando algum dos fatores abaixo estiver presente: FATORES DE RISCO MAIORES 1. Idade da primeira crise febril: < 12 meses; 2. Duração da febre < 24 h antes da crise; 3. Febre 38-39°C. FATORES DE RISCO MENORES 4. HF positiva de crises febris; 5. HF de epilepsia; 6. Crise febril complexa; 7. Sexo masculino; 8. Sódio sérico baixo no início da apresentação. Se não houver fator de risco: 12%; 1 fator de risco: 25-50%; 2 fatores de risco: 50- 59%; 3 ou + fatores de riscos: 73-100%. O risco de epilepsia futura nas crianças com crise febril é similar àquele encontrado na população geral de 1%. ORIENTAR OS PAIS! Nas crises febris SEM fatores de risco para epilepsia no futuro: Assegurar que as crises febris são benignas, não provocam déficit intelectual ou anormalidade neurológica futura, não evoluem para epilepsia na grande maioria dos casos e são autolimitadas, cessando ao final da fase pré-escolar; O uso de antitérmicos (ex.: ibuprofeno, paracetamol e dipirona) reduz o mal-estar associado à febre, mas não impede a ocorrência da crise febril, até porque suspeita-se que a mesma seja desencadeada durante a fase de ascensão ou queda da temperatura. Nas crises febris COM fatores de risco para epilepsia no futuro: Considerar a realização de EEG (30 minutos acordado e 30 minutos em sono) e/ou exame de neuroimagem; Considerar diazepam intermitente ou anticonvulsivante contínuo. O uso de profilaxia anticonvulsivante de modo contínuo para prevenir a recorrência não é um consenso aceito pela maioria dos autores. DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS: Os Distúrbios Paroxísticos Não Epiléticos (DPNE): iniciam de forma abrupta, de curso estereotipado e término espontâneo, levando a alteração da consciência e manifestações motoras clônicas/tônicas que mimetizam crises convulsivas, mas NÃO são provocadas por descargas elétricas corticais anormais. - Tais condições precisam ser conhecidas pelo pediatra e neuropediatra, pois seu tratamento é absolutamente diferente das epilepsias, não havendo qualquer melhora com o uso de drogas anticonvulsivantes. O exame neurológico, desenvolvimento neuropsicomotor e EEG destas crianças são completamente normais. 1) NEONATOS: Abalos, mioclonia benigna do sono 2) LACTENTES: Crise de perda de fôlego, 3) PRE ESCOLARES/ ESCOLARES: síndrome vasovagal, vertigem paroxística...Obrigada.
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