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Teorias da Administração e Enfermagem

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ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
1
ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ENFERMAGEM
Graduação
ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENFERMAGEM
13
U
N
ID
A
D
E 
1 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A
ENFERMAGEM
As práticas profissionais podem ser explicadas sobre a ótica dos
sociólogos, economistas, psicólogos. As TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO tentam
explicar os fatores que interferem e os resultados destes comportamentos.
Na enfermagem, associa-se o saber de várias ciências e profissões, deste
modo parece ser estratégico estudar as práticas da enfermagem sobre a
ótica das TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO.
OBJETIVOS DA UNIDADE:
• Estudar as diferentes teorias da administração, observando as
variáveis básicas de: Tarefas; Pessoas, Estruturas, Ambiente e
Tecnologia, sem separar o momento histórico e o pensamento
administrativo executado da época.
• Possibil itar uma reflexão crítica acerca das teorias da
administração e sua influência na enfermagem.
PLANO DA UNIDADE:
• A Administração como ciência.
• As teorias da administração e a enfermagem.
• 1- A Teoria Científica.
• Resumo das características da administração cientifica.
• Aspectos positivos.
• Aspectos negativos.
• Crítica à Teoria Científica.
• A Teoria Científica e a enfermagem.
• 2- A Teoria Clássica.
• A causa para o aparecimento das teorias de gestão fora.
• Críticas à Teoria Clássica.
• A Teoria Clássica e a enfermagem.
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
14
• 3- A Teoria das Relações Humanas.
• Críticas à Teoria das Relações Humanas.
• A Teoria das Relações Humanas e a enfermagem.
• 4- A Teoria Burocrática.
• Crítica á teoria burocrática.
• A Teoria Burocrática e a enfermagem.
• 5- A Teoria de Sistemas.
• Os principais objetivos da Teoria de Sistemas.
• Críticas à Teoria dos Sistemas.
• A Teoria de Sistemas e a enfermagem.
• 6- A Teoria Contingencial.
• Crítica à Teoria Contingencial.
• A Teoria Contingencial e a enfermagem.
• Conclusão.
Bons estudos!
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
15
A ADMINISTRAÇÃO COMO CIÊNCIA
O desenvolvimento da indústria e a crescente separação entre
propriedade e administração levaram ao aparecimento do administrador. Este
administrador profissional passou a discutir as suas funções, a verbalizar e
a teorizar sobre a sua responsabilidade, começando a elaborar um
pensamento administrativo.
Porém, antes do surgimento do administrador-pensador, encontramos,
nos economistas clássicos, do início do séc. XIX, as origens do Pensamento
Administrativo. Podemos partir de Adam Smith, criador da Escola Clássica da
economia, que, em 1776, mencionava o princípio da especialização dos
operários numa manufatura de agulhas para salientar a necessidade de
racionalização da produção.
Adam Smith sugeria também alguns conceitos de controle e de
remuneração. Ele considerava que o bom administrador devia cultivar a
“ordem, a economia e a atenção”.
Depois de Smith, John Stuart Mill acrescentou mais duas qualidades
importantes: a fidelidade e o zelo. Alfred Marshal sugeriu autoconfiança e
prontidão. Um economista clássico, Samuel P. Newman, escreveu, em 1835,
que um bom empreendedor (undertaker) devia ter uma combinação de
qualidades raramente encontradas num indivíduo:
Ele deve possuir uma incomum quantidade de previsão e cálculo,
para que seus planos sejam bem fundados. Ele deve mostrar
perseverança e constância de propósitos ao levar seus planos para
a execução. Freqüentemente ele será chamado a superintender e
dirigir esforços dos outros e, para bem exercer este ofício,
necessitará de discrição e decisão de caráter. Para conduzir alguns
ramos da produção com sucesso ele ainda deverá Ter muito
conhecimento, tanto do estado do mundo em geral como dos
detalhes de empregos e empreendimentos particulares.
(Samuel P. Newman, 1975, p. 23).
Examinando agora as funções da organização e não do papel do
administrador muitos economistas clássicos tiveram algo a dizer. Turgot
concebia como funções da administração a direção e o controle. Say falou
sobre planejamento, Bowker mencionou organização e direção, Newman
mencionou que as funções da administração consistem em “planejamento,
arranjo e condução dos diferentes processos de produção”.
Para a maioria desses economistas clássicos, o planejamento foi
considerado a função mais importante. O treinamento também recebeu boa
acolhida. A função foi concebida em temos muito amplos. O princípio da
unidade de comando recebeu mais atenção de dois economistas Bower e
Bowker, já em 1870.
O conceito de controle estava no início confundido com o de controle de
furtos. Mais tarde, os economistas passaram a pensar mais em termos de
controle de desperdícios.
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
16
A contribuição dos economistas clássicos para o pensamento
administrativo não foi certamente muita técnica, especifica e duradoura, tendo
em vista o que viria a ser descoberto durante o séc. XIX. Mas eles certamente
contribuíram para valorizar a administração, seja porque a mencionaram
dando-lhe o status de um novo campo de conhecimentos, seja porque
estimularam os pensadores e autores que vieram logo depois.
AS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
As práticas profissionais podem ser explicadas segundo diferentes
enfoques.
Na enfermagem, como em outras profissões, o enfermeiro incorpora em
sua formação, em sua prática, saberes de várias ciências. E dentro delas a
ciência da administração, principalmente na administração de pessoal de
enfermagem.
O conteúdo de todas as teorias versa sobre 05 (cinco) variáveis básicas:
tarefa, pessoas, estrutura, ambiente e tecnologia.
A ênfase em uma ou mais variáveis permeia os marcos conceituais dessas
teorias, dando-lhe caráter específico. Entretanto, fatores sociais, políticos e
principalmente econômicos influenciaram, em diferentes momentos históricos,
o pensamento administrativo.
1- A Teoria Científica
O maior expoente da teoria científica foi Frederick Taylor (1856-19150).
Ele está ainda hoje, apesar do tempo e das inovações, entre as figuras que
mais se destacaram na História do Pensamento Administrativo, devido à sua
contribuição para o movimento da Administração Científica.
Taylor começou reconhecendo as deficiências das fábricas e declarou:
a) A administração não tinha uma noção clara da divisão de
suas responsabilidades com o trabalhador.
b) Não eram aplicadas normas eficazes no trabalho.
c) Não havia incentivos para o melhor desempenho do tra
balhador.
d) As decisões administrativas baseavam-se na intuição e
palpite.
e) Não eram feitos estudos globais visando à integração en
tre os departamentos da empresa.
f) Os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais
não tinham aptidão.
g) Os gerentes ignoravam que a excelência no desempenho
significaria recompensas tanto para eles próprios quanto
para mão-de-obra”. (MAXIMIANO, 1995: 135).
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
17
Ainda segundo MAXIMIANO (1995: 136), Taylor, para atacar esses
problemas, desenvolveu um sistema coordenado de administração em 5
estágios:
1. começou com o estudo sistemático dos tempos necessários para a
execução das tarefas, decidindo que o estudo cronométrico de vários
desempenhos era o caminho para fixar padrões, em termos de homem-hora
ou máquina-hora;
2. em seguida, trabalhou no desenvolvimento de uma rotina que
possibilitasse o atingimento dos padrões identificados. Para isso, elaborou
técnicas, tais como, cartões de instrução, normas de serviço, organizando a
tal ponto a operação da oficina e estabelecendo o funcionamento padronizado;
3. em terceiro lugar, Taylor reconheceu que era importante definirqual
pessoa era mais adequada para qual serviço;
4. o estágio seguinte foi o reconhecimento da importância de uma boa
supervisão;
5. e, finalmente, reconheceu a necessidade de incentivos salariais que
substituíssem a estimulação pelo grito.
Resumo das características da Administração Cientifica:
• As tarefas.
• A estrutura organizacional.
• As relações humanas.
• A tecnologia.
• O ambiente.
• Enfoque Mecanicista.
• Administração como ciência.
• Divisão e superespecializaçao do operário.
• Conceito do “Homo Economicus”.
• Abordagem fechada.
• Ênfase na eficiência.
• Principio da execução.
Portanto, Taylor sistematizou e disseminou um conjunto de princípios
que vinham ao encontro de uma necessidade. Os estudos de tempo e
movimento, descrições de cargo, organização e métodos, engenharia da
eficiência e racionalização do trabalho foram algumas idéias que a ação de
Taylor colocou na ordem do dia e até hoje estão na prática.
Taylor declarou que o principal objetivo da Administração Científica
consistia em assegurar a máxima prosperidade para o empregador junto
com a máxima prosperidade para o empregado. Máxima prosperidade
significava, para o empregador, lucros a curto e longo prazo e, para o
empregado, remuneração gradualmente maior e pleno desenvolvimento de
suas capacidades. Essa prosperidade mútua só poderia pressupor ausência
de conflitos entre a administração e o funcionalismo.
Tinha como proposta básica o aumento da produção pela eficiência do
nível operacional. Para tanto, preconizava a divisão do trabalho, a
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
18
especialização do operário e a padronização das atividades e tarefas por
eles definidas. Assim, o operário passava a saber cada vez menos do todo
que constituía o seu trabalho, para passar a saber cada vez mais a parte
que lhe cabia. Portanto, era fundamental, no pensamento de Taylor, o conceito
de especialização e de eliminação de todos os elementos estranhos a fim de
que a atenção esteja concentrada na tarefa essencial.
A tarefa de supervisão, por exemplo, deveria ser submetida entre diversos
supervisores especializados, responsáveis pelo controle de diferentes
aspectos do trabalho. O trabalhador passou a se reportar a diferentes
elementos supervisores segundo as diferentes tarefas que executava. Esse
conceito de “supervisão funcional”, segundo Taylor, viria obter melhor
concentração e bons resultados.
Ainda visando ao aumento da produção, foram realizados estudos de
“tempo e movimento” que juntamente com a padronização determinavam o
como fazer a tarefa e o tempo necessário para a sua execução.
Outro aspecto, também valorizado pela Administração Científica, foi o
incentivo salarial e o prêmio compatível com a produção. Para Taylor, uma
boa teoria de administração deve supor que o trabalhador age de acordo
com o interesse pelo ganho material, o qual o leva a produzir individualmente
o máximo possível (logo, quanto maior a remuneração, maior a produção).
Esse conceito de homo economicus não tem em conta outros fatores de
motivação e simplifica estranhamente a personalidade humana.
Com todas as suas estranhas suposições, falsas premissas e exageradas
simplificações, a obra de Taylor deixou uma influência profunda principalmente
nos seus seguidores. Daí, nasceu o Estudo de Tempos e Movimentos, a
Engenharia Industrial, a Organização e Métodos e, boa parte, a Administração
de pessoal. Os princípios de Taylor, apesar de criticados, ainda hoje servem
como “critérios” gerais para o treinamento da supervisão. Nas décadas
seguintes, a Escola das Relações Humanas iria produzir uma revisão completa
da maneira como encarar o trabalho na fábrica.
Aspectos positivos
• Incentivos/salários elevados (homo economicus).
• Tarefas de acordo com as aptidões.
• Objectivos/interesses comuns aos funcionários e gerentes.
• Rapidez de produção/execução.
• Eficiência de produção.
Aspectos negativos
• Visão mecanicista da pessoa.
• Desconsideração do reconhecimento do trabalho, incentivos morais e
da auto–realização.
• Organização vista de forma fechada, desvinculada do mercado.
• Tarefas repetitivas e monótonas.
• Diminuição progressiva do ritmo de trabalho e aumento do stress.
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
19
• “Lei da fadiga” demasiado simplista.
• Divisão social e técnica do processo produtivo.
Crítica à teoria científica
• Aspecto mecanicista: caracterização do homem como uma peça de en-
grenagem e não como ser humano.
• Ênfase na especialização do operário como fator de produção.
• A não-consideração das influências do grupo no desempenho indivi-
dual e a não-consideração da estrutura informal ou dimensão expres-
siva no comportamento dos grupos.
• proposta de regra e diretrizes que padronizavam e determinavam o
comportamento do trabalhador na organização foi considerada
bloqueadora da iniciativa e da criatividade e, portanto, considerada
como uma teoria essencialmente prescritiva e normativa.
A teoria científica e a enfermagem
Na gerência de enfermagem, encontramos freqüentemente propostas e
ações típicas dessa fase da administração. Assim:
• a preocupação com o “como fazer” tem sido a preocupação da enfer-
magem enquanto prática profissional;
• a divisão do trabalho, aliada à padronização das tarefas, tem norteado
essa prática;
• a elaboração ou simples adoção de manuais de técnicas e de procedi-
mentos tem sido uma das maiores preocupações dos enfermeiros que
assumem a responsabilidade dos serviços de enfermagem;
• as escalas diárias de divisão de atividades estabelecem um método
do trabalho funcionalista que é típico da fase mecanicista da adminis-
tração;
• a assistência de enfermagem é fragmentada em atividades e, para
cada elemento executor, é determinada uma tarefa ou mais tarefas;
• dessa forma o elemento executor se distancia do todo, que é a assis-
tência de enfermagem integral ao paciente, que é aquela que permite
ao executor participar do planejamento, execução e avaliação de to-
das as atividades que integram a assistência; ocorre somente na as-
sistência ao paciente grave.
2 - A Teoria Clássica
Henri Fayol (1841-1925) criou, com suas propostas, a Teoria Clássica da
Administração. Essa teoria visava à eficiência da organização pela adoção
de uma estrutura adequada e de um funcionamento compatível com essa
estrutura. Pela ênfase que dava à estrutura e ao funcionamento, os
seguidores desta teoria foram chamados de “anatomistas” e “fisiologistas”
da organização.
Fayol passou quase toda a sua vida numa indústria de mineração (carvão
e aço), primeiro como engenheiro e depois como diretor.
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
20
Como engenheiro, Fayol acostumou-se a trabalhar baseado em princípios
e técnicas. Ele levou esse hábito de trabalho para o seu cargo de gerente e
depois de diretor, formulando um conjunto de “princípios de administração
geral” que ele considerava úteis para toda situação administrativa, qualquer
que fosse o tipo ou ramo da empresa.
Fayol dirigiu sua atenção para a empresa como um todo e sua
administração e não para as operações industriais ou a eficiência no uso dos
recursos, que foi o que Taylor fez.
Para Fayol, em toda empresa, coexistem seis funções: técnica, comercial,
financeira, de segurança, contábil e administrativa. Definiu as funções de
administração nos seguintes termos: “prever ou planejar, organizar, comandar
(dirigir), coordenar e controlar”.
Planejar era definido como: examinar o futuro e desenhar um plano de
ação. Organizar significava: construir a estrutura, material e humana, do
empreendimento. Comandar significa: dirigir o pessoal. Coordenar: reunir,
unificar, harmonizar as atividades e esforços. Controlar: assegurar-se deque tudo ocorra em conformidade com a regra estabelecida e a ordem
expressa.
Fayol elaborou “princípios gerais da administração”, levando em conta a
variável “pessoas”. Assim surgiram os princípios da divisão do trabalho; da
autoridade e responsabilidade; da disciplina; da unidade de comando; da
unidade de direção; da subordinação do interesse particular ao interesse
geral; da remuneração do pessoal; da centralização; da hierarquia e da
eqüidade. Relativo à variável recursos materiais, foi definido o princípio da
Ordem (um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar).
Alguns princípios se contrastam com os de Taylor. Por exemplo: Taylor,
advogou a supervisão funcional, indicando que um operário deveria ser
controlado por diversos supervisores, cada um especializado num aspecto
da tarefa do operário. Contrariamente, Fayol defendeu o princípio da unidade
de comando, segundo o qual uma pessoa deve ter apenas um chefe
responsável pelo trabalho.
O caráter prescritivo desses princípios é evidente. Eles são propostos
como receitas para a vida diária do administrador.
A causa para o aparecimento das teorias de gestão fora:
• Revolução Industrial.
• Aparecimento de unidades industriais de grande dimensão.
• Rápido desenvolvimento dos níveis de produção.
• Aparecimento das primeiras empresas com linhas de montagem.
• Maior divisão do trabalho nas empresas.
A Teoria Clássica, influenciada pelas estruturas organizacionais militares
e eclesiásticas, concebeu a organização como uma estrutura rigidamente
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
21
hierarquizada, estática e limitada. A preocupação não era com a divisão do
trabalho ao nível individual, mas sim com a divisão ao nível dos órgãos
integrantes da organização. Assim surgiu a divisão horizontal do trabalho,
ou seja, o agrupamento de atividades afins que Gulick denominou de
departamentalização.
A divisão vertical do trabalho estabelecia hierarquia de autoridade,
determinando a chamada autoridade de linha, que se concretiza pela
subordinação integral de um indivíduo ao seu chefe imediato.
Para os clássicos da administração, a importância do estabelecimento de
princípios residia no fato de servirem de regras ou normas a serem seguidas
pelos administradores.
Como processo administrativo, complementam-se as duas abordagens
mais importantes (científica e a clássica) para a compreensão das
responsabilidades dos dirigentes: enquanto Taylor cuidava da empresa de
baixo para cima, a partir do chão-de-fábrica, Fayol cuidou da empresa de
cima para baixo, a partir do nível executivo.
Os preceitos de Fayol são dedicados, em grande parte, aos superiores.
O “fayolismo” assumiu o aspecto de uma escola de chefes. Para os clássicos
da administração, a importância do estabelecimento de princípios residia no
fato de servirem de regras ou normas a serem seguidas pelos
administradores.
Nos últimos anos de vida, Fayol dedicou-se, como Taylor, a difundir suas
idéias. Foi criada uma Escola de Administração e muitos cursos intensivos
para levar adiante a mensagem desse pensador aos diversos níveis da
indústria e da administração pública. O “fayolismo” foi difundido através da
Escola Superior de Guerra, influenciando na organização dos exércitos
franceses, atingindo até as colônias. Países como o Brasil, que sofreram
uma forte influência da cultura francesa no início do século, também receberam
favoravelmente o fayolismo”.
Críticas à Teoria Clássica
• É de caráter prescritivo e normativo com regras e normas para o admi-
nistrador.
• Esta teoria só se preocupou com a estrutura formal da organização e
não admitiu a existência da estrutura informal, que é constituída pelas
pessoas e suas relações.
A Teoria Clássica e a enfermagem
• Nas instituições de saúde, a estruturação rigidamente hierarquizada
estabelece a subordinação integral de um indivíduo a outro e de um
serviço a outro. A enfermagem, como um desses serviços, reproduz na
sua estruturação o modelo maior.
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
22
• Assim, os organogramas comumente encontrados nos serviços de
enfermagem mostram linhas de subordinação integral, definidas e com-
patíveis com o poder atribuído pela organização.
• As pessoas e as relações interpessoais não são devidamente consi-
deradas.
• As propostas de trabalho resultam em atividades rotineiras com avali-
ações exclusivamente quantitativas. Assim, a preocupação com a quan-
tidade de trabalho desenvolvido é maior do que com a qualidade.
3- A Teoria das Relações Humanas.
Na década de 20, a insatisfação do trabalhador aumentou. A revolução
industrial havia resultado em grande número de trabalhadores relativamente
sem qualificação, trabalhando em grandes fábricas, em tarefas especializadas.
Assim, cientistas de administração e teóricos organizacionais começaram a
analisar o papel da satisfação do trabalhador na produção. Administradores
e pesquisadores trouxeram o fator humano para o centro do palco. Chegara
a vez do enfoque comportamental, cuja ênfase está no efeito do
comportamento sobre o desempenho.
Essa época de relações humanas desenvolveu os conceitos de
administração humanística e participativa, dando maior importância às
pessoas que às máquinas.
Mary Parker Follet foi uma das primeiras a sugerir princípios básicos do
que hoje seria chamado de “tomada de decisão participativa” ou
“administração participativa”. Em seu ensaio “The giveing of orders”, Follet
expunha sua opinião de que os administradores devem ter autoridade com
e não sobre os funcionários. Follet afirmou que, para fazê-lo, havia necessidade
de uma tomada de decisão coletiva.
A era das relações humanas tentou também corrigir o que era percebido
como maior deficiência do sistema burocrático - a não-inclusão do “elemento
humano”.
O principal componente e “pedra fundamental” do enfoque
comportamental é a escola de relações humanas no trabalho, que nasceu
de um experimento famoso, realizado nos anos de 1927 a 1933, ainda na
esteira do movimento da administração científica.
Estudos realizados por Elton Mayo e seus colegas de Havard iniciaram-
se como tentativa de observar a relação entre a iluminação da fábrica e da
produtividade.
Mayo e seus colegas descobriram que, quando a gerência dava a
atenção especial aos trabalhadores, a produtividade tendia a crescer, não
importando as condições do ambiente de trabalho. Este efeito “Hawthorne”1
indicava que as pessoas respondem ao fato de que estão sendo estudadas,
tentando melhorar qualquer comportamento que elas sintam irá continuar a
garantir a atenção sobre elas. Mayo descobriu também que grupos informais
do trabalho e um ambiente de trabalho socialmente informal eram fatores
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
23
que afetavam a produtividade e recomendou maior participação do funcionário
nas tomadas de decisão.
Essa teoria passou a enfatizar a variável “pessoa” em lugar da variável
“estrutura”, a preocupar-se com o homem no trabalho (aspectos psicológicos)
e com os grupos (aspectos sociológicos) em lugar de preocupar-se com os
métodos de trabalho e as regras e normas a serem seguidas pelos
executantes.
Os pressupostos da Teoria Clássica da Administração que consideravam
a recompensa econômica como único incentivo e a divisão do trabalho e a
especialização como fatores de eficiência foram refutados pela Teoria das
Relações Humanas, que considerou as recompensas sociais como fatores
determinantes do desempenho dos indivíduos.
Mayo passou a salientar a importância da organização informal em
contraposição à Teoria Clássica, que concebia apenas a organização formal.
Passou a chamar a atenção para a importância da cooperação entre os
trabalhadores nos resultadosda produção, para o fato de o trabalho ser
uma atividade tipicamente grupal, para a incompatibilidade existente entre
os objetivos da organização e os do indivíduo que nela trabalha e para os
conflitos resultantes dessa incompatibilidade.
Com a teoria das Relações Humanas, a administração passou a tratar,
entre outros, de temas relativos à motivação, à liderança, à comunicação e à
dinâmica de grupo. Os conceitos clássicos de autoridade, hierarquia,
racionalização do trabalho, etc. passaram a ser contestados. O “homem
econômico” da Teoria Científica passou a ser denominado “homem social”.
Se o movimento foi trazendo novas descobertas e enriquecendo o
conhecimento da organização através do estudo do comportamento humano,
por outro lado a popularização das idéias de relações humanas trouxe vários
abusos e desvios. A Teoria das Relações humanas passou a ser uma técnica
de manipulação humana através de táticas sutis de comunicação e dinâmica
de grupo. “Relações Humanas” transformou-se num assistencialismo
paternalista, em que o cientista social tem o papel de procurar a harmonia,
afogar os conflitos e reduzir o confronto direto entre os empregados e a
administração. Também com as “Relações Humanas”, a ciência social
enveredou por um caminho operacional, longe da grande conceituação
fundamental. O cientista social passou a ser um solucionador de problemas,
não um crítico independente das relações sociais.
Para um contemporâneo como Amitai Etizioni, a Escola de Relações
Humanas pôs em dúvida as afirmações dos clássicos segundo os quais havia
uma relação simples e direta entre as condições físicas de trabalho e a taxa
de produção, argumentando que as recompensas e sanções não-econômicas
influem muito no comportamento dos empregados. Etizioni mostrou também
que a Teoria das Relações Humanas não permitiu uma visão completa da
organização na medida em que se recusou incorporar a teoria formal e se
ateve a aspectos informais e subjetivos do comportamento. As relações
humanas, segundo ele, certamente melhoram as condições de trabalho,
porém não as tornam satisfatórias.
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
24
Foi também ilusório, para aqueles que acreditam nas relações humanas,
esperar que elas dariam o controle da situação para o operário. As
conferências, a participação, as sessões de reclamação, as caixas de
sugestões, a liderança “democrática”, a boa comunicação em duas vias, todas
essas técnicas deram a impressão de uma comunicação para cima, quando
na realidade eram formas de controle e dominação. O empregado foi mais
bem dominado, porque passou a ser colonizado mentalmente.
Críticas à Teoria das Relações Humanas
• Os abusos que fizeram com esta teoria, a transformaram numa forma
paternalista de administração, em que, na busca da harmonia, os con-
flitos eram abafados e os confrontos entre empregados e a adminis-
tração, ignorados. Por este fato alguns autores a consideram como
uma “ideologia manipuladora da empresa capitalista num determina-
do momento histórico de seu desenvolvimento”.
A Teoria das Relações Humanas e a enfermagem
• Na administração do pessoal de enfermagem, a liderança surge como
uma estratégia de condução de grupo. Até os dias de hoje, é um
assunto tratado nos cursos de graduação em enfermagem ou em pro-
gramas de cursos de atualização para enfermeiros.
• A comunicação adequada entre o enfermeiro (líder) e os demais mem-
bros do grupo de enfermagem multiprofissional foi sendo considerada
relevante para a continuidade e otimização da assistência de enfer-
magem.
• Quanto à motivação do pessoal, encontramos interesses isolados, ou
seja, enfermeiras preocupadas em proporcionar condições que esti-
mulem e incentivem o pessoal, mas não encontramos filosofia e políti-
cas institucionais que consideram esse tipo na Administração do pes-
soal de enfermagem.
4- A Teoria Burocrática
Marx Weber (1864 - 1920), sociólogo alemão que se notabilizou pela
teoria das estruturas de autoridades, formou-se em Direito e passou quase
toda a sua vida como professor de universidade. Weber criou uma “escola”
cultural orientada para a Sociologia da Burocracia2.
Weber, boa parte de sua vida, sofreu de distúrbios nervosos, depressões
severas, entrecortadas de fases maníacas de intenso trabalho intelectual e
de viagens. Nos períodos saudáveis, viajou por toda a Europa. Em 1904,
sua produtividade estava no melhor nível e foi quando começou a escrever
“A Ética protestante”. Para Etizioni3, essa ética constituía-se no “trabalho
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
25
duro e árduo como dádiva de deus e na poupança como forma de evitar a
vaidade e ostentação”.
Em 1904, visitou os Estados Unidos, que o impressionaram
profundamente “pela vibração do rush urbano, pelos arranha-céus, pela
violência e falta de lei de Chicago, pela enlouquecedora mistura de povos e
pelas proporções do desperdício, especialmente de vida humana”.
Os Estados Unidos provavelmente foram para ele o modelo de uma
sociedade nova, onde a máquina burocrática política era indispensável para
garantir uma democracia de massas.
Weber distinguia 3 tipos de sociedade e de autoridade. Na sociedade
tradicional (tribo, clã, família, sociedade medieval), predominam características
patriarcais e patrimonialistas; a autoridade que a preside é histórica, advinda
muitas vezes do direito divino, transmissível por herança ou dinastia. Na
sociedade carismática (partidos políticos, grupos revolucionários, nações em
evolução), predominam características místicas, arbitrárias e personalísticas;
a autoridade que a preside é exercida por um homem. Na sociedade
burocrática (os Estados modernos, as empresas, os exércitos), predominam
normas impessoais e uma racionalidade na seleção entre meios e fins; os
tipos de autoridade exercidos são técnico, meritocrático e administrado.
A Teoria Burocrática desenvolveu-se, na administração, ao redor dos anos
40, atendendo às novas dimensões e complexidades das organizações então
existentes. Surge como conseqüência, a necessidade de serem estabelecidos
novos sistemas de controle de pessoal. O comportamento do homem no
trabalho passa a ser preestabelecido, e o treinamento minucioso desse
comportamento é feito nas próprias organizações. Nessa nova proposta, as
emoções não fazem parte do comportamento estabelecido.
A burocracia, segundo Weber, traz consigo diversas vantagens. A precisão
com que cada cargo é definido permite esclarecer a quem cabe cada
responsabilidade. A rapidez é obtida através de uma transmissão de ordens
e papéis seguindo canais estabelecidos. A univocidade é outra vantagem
que permite interpretação única através de regulamentos específicos e de
uma hierarquia formalizada. A substituição imediata de todo administrador
que se afasta e os critérios de seleção por competência técnica garantem
continuidade. A informação é discreta, pois só é dada a quem deveria recebê-
la. Os procedimentos definidos por escrito permitem uniformidade, redução
de erros e custos.
A proposta burocrática visa à eficiência organizacional como objetivo
básico e, para tanto, detalha pormenorizadamente como as coisas deverão
ser feitas, ou seja, prevê em detalhes o funcionamento organizacional. Desse
modo, mantém um caráter racional e uma sistemática divisão de trabalho.
Caracteriza-se ainda pela impessoalidade nas relações humanas,
considerando os indivíduos apenas em função dos cargos e funções que
exercem na organização. A determinação de procedimentos e rotinas é
evidente e os participantes são considerados profissionais, caracterizando-
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
26
se pela especialização técnica, pela remuneração condizente com o cargo,
pela nomeação pelo chefeimediato, pelas possibilidades de ascensão na
estrutura organizacional e pelo fato de não participarem do capital da
organização.
Crítica à Teoria Burocrática
As críticas a esta teoria são denominadas disfunções: o exagerado apego
às regras, normas e regulamentos, transformando-os de “meios” em “fins”.
• Valorização maior nas normas e regras do que para o contingente
humano.
• Impessoalidade no relacionamento humano.
• Necessidade de exigir símbolos que evidenciem o poder dos partici-
pantes.
A Teoria Burocrática e a enfermagem
• Nas instituições de saúde, encontramos freqüentemente formas
organizacionais burocráticas.
• Os serviços de enfermagem seguem o modelo da instituição, permitin-
do a visualização nas estruturas e dinâmicas desses serviços, de pro-
posta burocrática.
• O pessoal de enfermagem passa a ter características profissionais de
técnicos especializados com comportamentos e posições estrategica-
mente definidos pelo grupo que detém poder na organização.
• A valorização das normas e regras parece ser, entretanto, o enfoque
da Teoria da Burocracia que mais tem influenciado a prática da enfer-
magem, influência essa que, na verdade, constitui um dos fatores que
têm contribuindo para uma prática administrativa estanque, baseada
em regras e normas obsoletas com poucas perspectivas de mudan-
ças. Percebe-se que a administração na enfermagem sofre o mal de
uma disfunção da Teoria Burocrática.
5- A Teoria de Sistemas
Segundo o sociólogo alemão, Ludwing Von Bertalany (1985, p.11), fundador
da Teoria de Sistemas, “é uma nova visão da realidade que transcende os
problemas tecnológicos, exige uma reorientação das ciências, atinge uma
ampla gama de ciências desde a física até as ciências sociais e é operativa
com vários graus de sucesso”.
Ao invés de lidar separadamente com os vários segmentos de uma
organização, a abordagem sistêmica vê a organização como um sistema
unificado e propositado, composto de partes inter-relacionadas.
Desenvolvida em 1960, a teoria elabora princípios gerais, sejam físicos,
biológicos ou sociológicos e modelos gerais para qualquer das ciências
envolvidas. O aparecimento dessa teoria interdisciplinar é a prova do
isomorfismo (similaridades estruturais) nas várias ciências. Ela também veio
a preencher o vazio entre elas, pois há sistemas que não podem ser
entendidos pela investigação separada e disciplinar de cada uma de suas
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
27
partes. Só o todo possibilita uma explicação. Por isso também, diz-se que a
Teoria de Sistemas é uma ciência da “totalidade”.
Essa abordagem permite que os administradores vejam a organização
como um todo e como parte de um sistema maior - o ambiente externo. Com
isso, a Teoria de Sistemas nos diz que a atividade de qualquer segmento de
uma organização afeta em graus variados a atividade de todos os outros
segmentos.
Os principais objetivos da Teoria de Sistemas são assim resumidos:
a) Há uma tendência geral para uma integração nas várias ciências natu-
rais e sociais.
b) Uma integração parece estar centrada na teoria geral dos sistemas.
c) Essa teoria pode ser um meio importante para obter uma teoria exata
nos campos não-físicos da ciência.
d) Ao desenvolver princípios unificadores para o universo de cada ciên-
cia, essa teoria nos leva mais perto da meta da unidade da ciência.
e) Isto poderá levar à necessária integração da educação científica.
Quanto à natureza, os sistemas podem ser abertos ou fechados. Os
fechados não intercambiam com o meio ambiente; portanto, não interferem
nesse meio ambiente e não recebem dele nenhuma interferência. Os sistemas
abertos intercambiam matéria e energia com o meio ambiente, restaurando
assim suas perdas de energia. Os parâmetros que caracterizam o sistema
aberto são a “entrada ou insumo”, o “processamento ou transformação” e o
“ambiente”. Temos, então, a sinergia - situação em que o todo é maior que a
soma de suas partes. Em termos organizacionais, sinergia significa que os
departamentos que interagem cooperativamente são mais produtivos do
que se operassem isolados.
Katz (1980, p. 41) nos diz que:
(...) as teorias tradicionais da organização têm propendido a ver a
organização humana como um sistema fechado. Essa tendência nos levou a
desconsiderar os diferentes ambientes organizacionais e a natureza da
dependência da organização para com o ambiente. Ela também nos levou a
uma superconcentração nos princípios de funcionamento interno, com a
conseqüente falha em desenvolver e compreender os processos de
realimentação (feedback) que são essenciais à sobrevivência.
Bertalanffly observa que a Teoria de Sistemas tem influído sobre o conceito
do homem. A psicologia tem estado em crise durante muitos anos por não
ter encontrado uma solução holística ou globalizante que a teoria da Gestalt
lhe trouxe mais recentemente. A concepção tradicional que o psicólogo tem
do homem é o de um conjunto de sensações, tendências, impulsos, reações
e outros elementos tomados em separado e sem integração. O novo “modelo
do homem” dá uma visão de totalidade, põe ênfase no lado criativo e o
considera um organismo ativo. Em contraste com o modelo de organismo
reativo, expresso no esquema “estímulo-resposta” dos behavioristas, o
organismo psicofísico é visto pela nova teoria como um sistema ativo e
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
28
integrado, que mantém a unidade do todo, importa energia e realimenta
seus programas por um sistema de informação adequado. O ser humano
não pode ser visto apenas “respondendo a estímulos” ou “satisfazendo suas
necessidades biológicas”.
A Teoria dos Sistemas baseia-se no conceito de “homem funcional”, em
contraste com o conceito de “homem econômico” da Teoria Clássica e do
“homem social” da teoria das Relações Humanas. O “homem funcional” se
caracteriza pelo relacionamento interpessoal com outras pessoas como um
sistema aberto. Ainda segundo esta teoria, as organizações são consideradas
um sistema de papéis, e os indivíduos constituem os atores que
desempenham esses papéis.
Quanto às críticas, a Teoria de Sistemas ainda não foi alvo delas e, segundo
alguns autores, isto ocorre por ser uma teoria recente e coerente com a
estrutura econômica de hoje.
A Teoria de Sistemas chama a atenção para a natureza dinâmica e inter-
relacionada das organizações e da tarefa administrar com uma perspectiva
sistêmica: os gerentes gerais podem manter mais facilmente um equilíbrio
entre as necessidades das várias partes da empresa e as necessidades e
metas da firma com um todo.
A perspectiva sistêmica trouxe uma nova maneira de ver as coisas. Não
somente em termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque.
O enfoque do todo e das partes, do centro e do fora, do total e da
especialização, da integração interna e da adaptação externa, da eficácia e
da eficiência.
Críticas à Teoria dos Sistemas
Quanto às críticas, esta teoria ainda não foi alvo delas e, segundo Motta,
isto ocorre por ser uma teoria recente.
A Teoria de Sistemas e a enfermagem
• Nas organizações de saúde e nos serviços de enfermagem encontra-
mos, nos últimos anos, como propostas organizacionais inovadoras,
estruturas com características da Teoria de Sistemas.
• Dessa forma, as organizações são aceitas como subsistemas do siste-
ma maior, o qual, no caso, é o sistema de saúde, e com ele intercambiam
matéria e energia.
• Entretanto, nessas organizações, coabitam, com relativa freqüência,
propostas compatíveis com outras teorias aqui descritas.
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
29
6- A Teoria Contingencial
A palavra contingência significa algo incerto ou eventual que pode suceder
ou não. Refere-se a uma proposição cuja verdadeou falsidade somente
pode ser reconhecida pela experiência e pela evidência e não pela razão.
A teoria da Contingência surgiu de estudos que investigaram como uma
empresa funcionava de diferentes formas em diferentes condições. Esses
estudos possibilitaram concluir que as condições que uma organização opera
são ditadas de fora para dentro da empresa, ou seja, o ambiente externo à
organização influencia na sua estruturação e nos processos organizacionais.
Quando métodos altamente eficazes numa situação deixavam de funcionar
em outras, buscaram-se explicações. Os defensores da contingencial
defendiam: “Os resultados são diferentes porque as situações são
diferentes.”
Portanto, a abordagem contingencial procura compreender as relações
dentro dos subsistemas e entre eles, bem como entre a organização e o
ambiente e definir os padrões de relações ou configurações das variáveis.
Ela enfatiza a natureza multivariada das organizações e tenta compreender
como as organizações operam sob condições variadas em circunstâncias
específicas. A visão contingencial é, no final das contas, orientada para sugerir
delineamentos organizacionais e ações gerenciais mais apropriadas para
situações específicas.
A abordagem contingencial salienta que não se atinge a eficácia
organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja,
não existe uma forma única que seja melhor para organizar, no sentido de
se alcançar os objetivos altamente variados das organizações dentro de um
ambiente variável.
Na verdade várias pesquisas - uma delas desenvolvida por Lawrence &
lorsch -, sobre o binômio organização/ambiente, marcaram o início da Teoria
Contingencial. Esses autores:
1- são unânimes na rejeição dos princípios universais da Administração,
não existe uma melhor maneira de administrar ou de organizar. O que os
administradores fazem depende das circunstâncias ou do ambiente. Neste
enfoque, a prática administrativa é eminentemente situacional e circunstancial.
Em outros termos, é contingente.
Em outras palavras, a teoria enfatiza que não há nada de absoluto nas
organizações, tudo é relativo. Tudo depende;
2- como a prática administrativa é situacional, segue-se que o
administrador deve desenvolver suas habilidades de diagnóstico para que
tenha a idéia certa no momento certo. A abordagem contingencial supre a
administração de conceitos, instrumentos, diagnósticos, métodos e técnicas
apropriadas para a análise e resolução de problemas situacionais. A tarefa
do administrador é identificar que técnica poderá, numa situação específica,
sob circunstâncias específicas, numa situação específica e num momento
específico, contribuir melhor para a obtenção dos objetivos da administração.
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
30
3- a abordagem contingencial é aplicável a um sem-números de
habilidades administrativas, principalmente aquelas que envolvem
componentes comportamentais.
Um dos aspectos curiosos da abordagem contingencial é o fato de que
quase todos os conceitos utilizados são colocados não em termos absolutos,
mas em termos relativos, como em um continuum. Assim, a Teoria X e a
teoria Y proposta por Mcgregor não são duas teorias, mas sim dois extremos
de um continuum de estilos administrativos. O modelo mecanístico e o modelo
orgânico não são dois modelos antagônicos, mas dois extremos de um
continuum de variedades de desenhos organizacionais. A tarefa pode ser,
num extremo, rotineira, e no outro, não-rotineira; o ambiente da tarefa pode
ser num extremo, estável e, no outro, dinâmico, e assim por diante.
Somente com a teoria da contingência é que ocorre o deslocamento da
visualização de dentro para fora da organização: a ênfase é colocada no
ambiente e nas demandas ambientais sobre a dinâmica organizacional.
A abordagem contingencial salienta que são as características ambientais
que condicionam as características organizacionais. Os sistemas culturais,
políticos, econômicos etc. afetam intensamente as organizações, ao mesmo
tempo em que intimamente relacionados em dinâmica interação com cada
organização.
Em uma apreciação crítica, verifica-se que a Teoria da Contingência é
eminentemente eclética e interativa, mas ao mesmo tempo relativa e
situacional. Em alguns aspectos, parece que a Teoria da Contingência é muito
mais uma maneira relativa de encarar o mundo do que propriamente uma
teoria administrativa.
Crítica à Teoria Contingencial
Ainda é considerada uma teoria muito nova para se perceber ou apontar
aspectos negativos. Quanto aos aspectos positivos, ela exerce um papel
integrador por abarcar conceitos de várias teorias sendo que nenhum deles
são conceitos absolutos, permitindo, assim, reflexão sobre o tema proposto.
A teoria contingencial dá mais ênfase à estrutura da empresa e menos na
pessoa.
A Teoria Contingencial e a enfermagem.
Nas instituições de saúde, esta teoria pode ser percebida como
referencial de propostas administrativas de um ou mais administradores,
mas não embasando políticas e diretrizes institucionais.
CONCLUSÃO
Nesta unidade, a prática da enfermagem foi analisada segundo as
diferentes teorias da administração, teve como influência diversos pensadores
como Rousseau, Engels e Marx, como também da Igreja Católica, das
organizações militares, das revoluções industriais e dos economistas das
respectivas épocas.
ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM I
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DICA
 LEITURA COMPLEMENTAR
Esperamos que a visão crítica do profissional de enfermagem, no quadro
comparativo de sua época, e seu ambiente de trabalho possam ser
observados segundo os princípios de cada teoria da administração.
A teoria da administração é um assunto ainda desenvolvido no curso
de Administração com uma maior profundidade e com mais tempo, conteúdo
este que poderá ser visto e estudado de forma mais abrangente pelo
graduando de enfermagem como forma de completar o seu conhecimento
em administração hospitalar.
Aprofunde seus conhecimentos, lendo um estudo sobre a conduta
gerencial da enfermeira: um estudo fundamentado nas teorias gerais da
administração, escrito por Marcia Simoni Fernandes, publicado na Revista
Latino-Americana de Enfermagem no ano de 2003, disponível em: http://
w w w . s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 4 -
11692003000200004&tlng=en&lng=en&nrm=iso
Esta pesquisa mostra como a base das teorias da administração exercem
fortes influências nas práticas de enfermagem, servindo de apoio para as
ações gerenciais e de gestão seja em nível hospitalar ou comunitário.
KURCGANT, P. Administração em Enfermagem. São Paulo, EPU, 1991.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de
Janeiro: Campus, 2004.
FOLLETT, M. P. O conflito construtivo. In: GRAHAM, Pauline (Org.) Mary Parker
Follett: profeta do gerenciamento. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 1997.
ETIZIONI, A. Organizações Modernas. São Paulo, Pioneiras, 1976.
ESCORSIM S., KOVALESKI J.L., REIS D.R. Evolução conceitual da administração
da produção disponível em http://www.pg.cefetpr.br/ppgep/Ebook/e-
book2006/Artigos/78.pdf Acesso em 31 dez 07
FAYOL, H. Administração industrial e geral. São Paulo, Atlas, 1950.
ETIZIONI, A. Organizações Modernas. São Paulo, pioneiras, 1976.
TREVIZAN, M. A. Enfermagem Hospitalar: administração e burocracia. Brasília,
UNB. 1988
BERTALANFFY, L. V. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1975
KATZ, R.; KHAN, L. Psicologia social das organizações. 2a.ed., São Paulo:
Atlas, 1976.
UNIDADE 1 - TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO E A ENFERMAGEM
32
 É HORA DE SE AVALIAR!
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo,
presentes no caderno de exercício!Elas irão ajudá-lo a fixar
o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo
de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas
no caderno e depois as envie através do nosso ambiente
virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco !
NOTA
1 Bairro da cidade de Cícero, no estado de Illinois (EUA), onde situava a
empresa Western Electric que, em parceria com a General Electric, desenvolveu
estudos que procuravam determinar se a iluminação do ambiente de trabalho
tinha algum efeito sobre a produtividade.
2 Aqui a palavra Burocracia é definida como um sistema social organizado
por normas escritas visando a uma racionalidade e igualmente no tratamento
de seus públicos, clientes ou participantes.
3 ETIZIONI, A. Organizações Modernas. São Paulo: Pioneiras, 1976.

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