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artigo - leish visceral canina

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
LAÍS SOARES MAIA 
 
 
 
 
LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA: 
Aspectos clínicos e hematológicos de casos suspeitos e 
confirmados atendidos no Hospital Veterinário da 
Universidade de Brasília em 2011. 
 
 
Monografia apresentada para a conclusão 
do Curso de Medicina Veterinária da 
Faculdade de Agronomia e Medicina 
Veterinária da Universidade de Brasília 
 
 
 
 
 
 
Brasília DF 
 2013 
 
 
 
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
LAÍS SOARES MAIA 
 
 
 
 
LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA: 
Aspectos clínicos e hematológicos de casos suspeitos e 
confirmados atendidos no Hospital Veterinário da 
Universidade de Brasília em 2011. 
 
 
Monografia apresentada para a conclusão 
do Curso de Medicina Veterinária da 
Faculdade de Agronomia e Medicina 
Veterinária da Universidade de Brasília 
 
 
Orientadora: Ligia Maria Cantarino da Costa 
 
 
 
Brasília DF 
2013 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
Cessão de Direitos 
 
Nome do Autor: Laís Soares Maia 
Título da Monografia de Conclusão de Curso: Leishmaniose visceral canina: 
Aspectos clínicos e hematológicos de casos suspeitos e confirmados atendidos no 
Hospital Veterinário da Universidade de Brasília em 2011. 
Ano: 2013 
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta 
monografia e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos 
acadêmicos e científicos. O autor reserva-se a outros direitos de publicação e 
nenhuma parte desta monografia pode ser reproduzida sem a autorização por 
escrito do autor. 
 
 
_______________________________ 
Laís Soares Maia 
 
 
 
 
 
Maia, Laís Soares 
 Leishmaniose visceral canina: Aspectos clínicos e 
hematológicos de casos suspeitos e confirmados atendidos no 
Hospital Veterinário da Universidade de Brasília em 2011. / 
Laís Soares Maia; orientação de Ligia Maria Cantarino da 
Costa. – Brasília, 2013. 23 p. 
 Monografia – Universidade de Brasília/Faculdade de 
Agronomia e Medicina Veterinária, 2013. 
 
 1. Leishmaniose visceral. 2. Cães. 3. Aspectos clínicos. 4. 
Aspectos hematológicos I. Maia, L. 
 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
LAÍS SOARES MAIA 
 
 
LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA: 
Aspectos clínicos e hematológicos de casos suspeitos e confirmados atendidos no 
Hospital Veterinário da Universidade de Brasília em 2011. 
 
Monografia de conclusão do Curso de Medicina 
Veterinária apresentada à Faculdade de Agronomia e 
Medicina Veterinária da Universidade de Brasília. 
 
Aprovada em: 
Banca Examinadora: 
Profª. MsC. Ligia Maria Cantarino da Costa 
Julgamento: ________________________ 
Instituição: Universidade de Brasília 
Assinatura: ______________________ 
Profª. MsC. Christine Souza Martins 
Julgamento: ________________________ 
Instituição: Universidade de Brasília 
Assinatura: ______________________ 
MV. MsC. Ana Lourdes Arrais de Alencar Mota 
Julgamento: _______________________ 
Instituição: Universidade de Brasília 
Assinatura: ______________________ 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho aos cães por seu amor incondicional. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus por me dar a oportunidade e força de seguir o caminho que 
escolhi. 
À minha família que me auxiliou e deu forças para atravessar mais essa etapa da 
minha vida. 
À professora Ligia, por aceitar o cargo de orientadora, disponibilizado seu tempo, 
paciência e conhecimento. 
Às secretárias do HVet/UnB, Thaísa, Cíntia e Monique por me auxiliarem com os 
prontuários. 
À Ana Lourdes, pelas horas de ajuda, analisando os dados coletados e por aceitar 
fazer parte da banca avaliadora. 
À professora Christine por aceitar o convite para a participação da banca, 
disponibilizando seu tempo e conhecimento e por abrir o hospital para a realização 
deste estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“E Deus fez os animais selvagens, segundo suas espécies, e o gado, 
segundo suas espécies, e todos os animais que rastejam segundo suas 
espécies. E viu Deus que tudo isso era bom.” 
Gênesis 1: 25 
 “O justo cuida da vida dos seus animais, mas no íntimo os ímpios são cruéis.“ 
Provérbios 12:10 
 
 
RESUMO 
 
MAIA, L. S. Leishmaniose visceral canina: aspectos clínicos e hematológicos de 
casos suspeitos e confirmados atendidos no Hospital Veterinário da Universidade de 
Brasília em 2011. [Canine visceral leishmaniasis: clinical and hematological aspects 
of suspected and confirmed cases seen at the Veterinary Hospital of the University of 
Brasilia in 2011.]. 2013. 23 p. Monografia (Conclusão do Curso de Medicina 
Veterinária) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de 
Brasília, Brasília, DF. 
 
A leishmaniose visceral é uma zoonose causada por protozoários do gênero 
Leishmania spp. em expansão por todo mundo, incluindo o Brasil e o Distrito 
Federal. Foi realizado um levantamento dos prontuários de animais suspeitos e 
confirmados de leishmaniose visceral atendidos no HVet/UnB em 2011. Foram 
selecionados 149 prontuários e analisados quanto ao diagnóstico final, presença de 
sinais dermatológicos, parâmetros hematológicos e testes diagnósticos realizados, 
com o objetivo de verificar a ocorrência de casos e os achados clínicos e 
hematológicos mais frequentes. Sinais dermatológicos, anemia, hiperproteinemia, 
leucocitose e trombocitopenia foram apresentados pelos animais suspeitos e 
confirmados. Os exames mais realizados foram RIFI, ELISA e a citologia por punção 
de medula óssea. 
 
Palavras-chave: Leishmaniose visceral. Cães. Aspectos clínicos. Parâmetros 
hematológicos. 
 
 
 
ABSTRACT 
MAIA, L. S. Canine visceral leishmaniasis: clinical and hematological aspects of 
suspected and confirmed cases seen at the Veterinary Hospital of the University of 
Brasilia in 2011. [Leishmaniose visceral canina: aspectos clínicos e hematológicos 
de casos suspeitos e confirmados atendidos no Hospital Veterinário da Universidade 
de Brasília em 2011]. 2013. 23 p. Monografia (Conclusão do Curso de Medicina 
Veterinária) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de 
Brasília, Brasília, DF. 
 
Visceral leishmaniasis is a zoonosis caused by protozoa of the genus Leishmania 
spp. expanding throughout the world, including Brazil and Distrito Federal. A survey 
was made of the medical charts of suspected and confirmed cases of leishmaniais 
seen at HVet/UnB in 2011. 149 medical charts were selected and analyzed for final 
diagnosis, presence of dermatological signs, hematological and diagnostic tests, in 
order to verify the occurrence of cases and the most common clinical and 
hematological findings. Animals suspected and confirmed had dermatological signs, 
anemia, hyperproteinemia, leukocytosis and thrombocytopenia. The examinations 
more performed were IFA, ELISA and cytology by bone marrow aspiration. 
 
Key-words: Visceral leishmaniasis. Dogs. Clinical aspects. Hematological 
parameters. 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 – Valores de hemácias dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). .. 14 
Tabela 2 – Valores de hemoglobina dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). .. 14 
Tabela 3 – Valores de PPTdos animais suspeitos de LVC atendidos no HVet/UnB 
em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). ................... 15 
Tabela 4 – Valores de leucócitos dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). .. 15 
Tabela 5 – Valores de plaquetas dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Ettinger (2010). . 15 
Tabela 6 – Valores de VG dos animais suspeitos de LVC atendidos no HVet/UnB 
em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). ................... 15 
Tabela 7 – Valores de VCM dos animais suspeitos de LVC atendidos no HVet/UnB 
em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). ................... 15 
Tabela 8 – Valores de CHCM dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). .. 16 
Tabela 9 – do teste RIFI em relação ao diagnóstico final registrados nos 
prontuários dos cães suspeitos e confirmados para LVC no HVet/UnB 
em 2011.. ............................................................................................. 16 
Tabela 10 – Resultados do teste citologia em relação ao diagnóstico final 
registrados nos prontuários dos cães suspeitos e confirmados para 
LVC no HVet/UnB em 2011.. ............................................................... 17 
Tabela 11 – Resultados do teste PCR em relação ao diagnóstico final registrados 
nos prontuários dos cães suspeitos e confirmados para LVC no 
HVet/UnB em 2011.. ............................................................................ 17 
Tabela 12 – Número de cães confirmados e suspeitos em relação à localidade de 
residência. ............................................................................................ 18 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Posição taxonômica do gênero Leishmania (REYS, 1991). .................. 4 
Figura 2 – Diagrama para o diagnóstico de Leishmaniose Visceral Canina .......... 9 
Figura 3 – Distribuição geográfica dos cães positivos por localidade ................... 19 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
 
CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária 
CHCM – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média 
DF – Distrito Federal 
DPP – Dual Path Platform 
ELISA – Ensaio Imunoenzimático 
HE – Histoquímico 
HVet/UnB – Hospital Veterinário da Universidade de Brasília 
IMIQ – Imunohistoquímico 
Lacen – Laboratórios centrais 
LV – Leishmaniose visceral 
LVC – Leishmaniose visceral canina 
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
MS – Ministério da Saúde 
PCLV – Programa de Controle da Leishmaniose 
PCR – Reação em Cadeia da Polimerase 
PPT – Proteína Plasmática Total 
RG – Registro geral 
RIFI – Reação de Imunofluorescência Indireta 
SINAN/NET – Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
VCM – Volume Corpuscular Médio 
VG – Volume Globular 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 
1.1. Hospital Veterinário da Universidade de Brasília ...................................... 2 
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 2 
2.1. Agente etiológico ......................................................................................... 3 
2.2. Vetor .............................................................................................................. 4 
2.3. Reservatórios ................................................................................................ 5 
2.4. Ciclo biológico e transmissão ..................................................................... 5 
2.5. Patogenia e anatomia patológica ................................................................ 6 
2.6. Achados clínicos e laboratoriais ................................................................. 7 
2.7. Diagnóstico ................................................................................................... 8 
2.8. Tratamento ................................................................................................... 10 
2.9. Prevenção e Controle .................................................................................. 11 
2.10. Situação epidemiológica em humanos................................................... 11 
2.11. Vigilância epidemiológica em cães ......................................................... 12 
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 13 
4. RESULTADOS .................................................................................................... 14 
5. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 19 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 21 
7. REFÊRENCIAS ................................................................................................... 23 
8. ANEXOS .............................................................................................................. 27 
 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
Dentre as doenças causadas por parasitas do gênero Leishmania a 
leishmaniose visceral (LV) é considerada uma das seis doenças endêmicas de maior 
relevância no mundo pela Organização Mundial da Saúde. Possui ampla distribuição 
mundial e registro de casos em todos os continentes, à exceção da Oceania 
(BRASIL, 2010 b). São aproximadamente 500 mil casos por ano e a doença é fatal 
se não for tratada. Atualmente é considerada endêmica em 88 países, dos quais 72 
são países em desenvolvimento: mais de 90% dos casos mundiais de LV ocorrem 
em Bangladesh, Brasil, Índia, Nepal e Sudão. (ALVAR, 2012). 
No Brasil a LV tem sendo descrita em vários municípios brasileiros, 
apresentando mudanças importantes no padrão de transmissão, inicialmente 
predominando em ambientes silvestres e rurais e mais recentemente em centros 
urbanos. A doença atinge as cinco regiões brasileiras sendo que os casos estão 
mais concentrados na região Nordeste, seguida pelas regiões Norte, Sudeste, 
Centro-Oeste e Sul (BRASIL, 2010 b). Estudos apontam que a LV se tornou 
endêmica em Brasília (CARRANZA-TAMAYO et al, 2010) sendo o primeiro caso 
autóctone de LV em humanos registrado em setembro de 2005. Inicia-se a 
realização de inquéritos sorológicos caninos, constatando cães soros-reagentes e a 
presença do vetor em diversas áreas do Distrito Federal (DF). Desde 2008, foram 
confirmados 207 casos humanos de LV. Em 2011 foram registrados 42 casos com 4 
óbitos. Dos casos humanos diagnosticados, 81% são importados de outros estados, 
12% autóctones e 7% de local não determinado (GOVERNO DO DISTRITO 
FEDERAL, 2012). 
A população canina do Distrito Federal é estimada em 220.500 cães e, em 
2011, foram realizados 3.665 exames e 411 cães foram positivos para leishmaniose 
visceral no DF (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2013). A enzootia canina tem 
precedido a ocorrência de casos humanos e a infecção em cães tem sido mais 
prevalente do que no homem. Assim, é fundamental estudar o perfil epidemiológico 
da leishmaniose visceral canina (LVC) e suas características para designar políticas 
públicas para o seu controle (BRASIL, 2004). 
2 
 
Este trabalho teve como objetivos verificar a ocorrência de casos de 
leishmaniose visceral canina atendidos no Hospital Veterinário da Universidade de 
Brasília durante o ano de 2011 e os achados clínicos e hematológicos mais 
frequentes. 
1.1. Hospital Veterinário da Universidade de Brasília 
O Hospital Veterinário daUniversidade de Brasília (HVet/UnB) é dividido em 
dois setores: Hospital-Escola para Animais de Companhia e o Hospital-Escola para 
Grandes Animais. O primeiro é destinado a animais de estimação, como cães e 
gatos, e animais silvestres e o segundo para animais de produção e equinos. 
Para os animais com suspeita de leishmaniose, o hospital oferece os exames 
parasitológico e molecular (Reação em cadeia pela polimerase – PCR), realizados 
pelos Laboratórios de Patologia Clínica Veterinária e de Patologia Veterinária. Os 
testes sorológicos são encaminhados para laboratórios externos. 
O HVet/UnB segue as recomendações do Ministério da Saúde (MS) e 
Conselho Federal de Medicina Veterinària (CFMV) quanto ao tratamento de animais 
e não oferece tratamento com medicamentos não registrados no Ministério de 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para os casos confirmados de LVC, 
ficando a critério do proprietário do animal a decisão final quanto ao destino de seu 
animal. 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
Leishmanioses são zoonoses que tem como agente etiológico protozoário 
intracelular obrigatório do gênero Leishmania, sendo todos os mamíferos sujeitos à 
infecção. Pode se apresentar de duas formas distintas dependendo da espécie do 
agente etiológico envolvido: a leishmaniose tegumentar, marcada pela afecção de 
pele e mucosas, e a leishmaniose visceral, marcada pela afecção de órgãos internos 
(ETTINGER, 2010). A LV é caracterizada por sua evolução crônica e envolvimento 
sistêmico (MAIA-ELKHOURY, 2008). 
 
3 
 
2.1. Agente etiológico 
A leishmaniose visceral canina é causada por protozoários do gênero 
Leishmania, pertencentes à família Trypanossomatidae, o qual agrupa espécies 
unicelulares, digenéticos (heteróxenos) (MICHALICK, 2004). 
As três principais espécies envolvidas com a infecção na leishmaniose 
visceral, dependendo da região geográfica são: Leishmania (L.) donovani, na Ásia e 
África; Leishmania (L.) infantum na Ásia, Europa e África, e Leishmania (L.) chagasi 
nas Américas (incluindo o Brasil). Apresentam duas formas: uma flagelada ou 
promastigota, encontrada no tubo digestivo do inseto vetor e outra aflagelada ou 
amastigota, que é intracelular obrigatória, sendo encontrada nas células do sistema 
fagocítico mononuclear do hospedeiro vertebrado (BRASIL, 2006). 
À microscopia óptica as formas amastigotas, quando fixadas e coradas 
(métodos de Giemsa, Leishman ou Panotico), apresentam-se como organismos 
ovais, esféricos ou fusiformes, com núcleo grande e arredondado, cinetoplasto em 
forma de um pequeno bastonete e vacúolos. Não há flagelo livre. Os limites 
micrométricos de seus diâmetros são de aproximadamente 1,5 a 3,0 x 3,0 a 6,5 µm 
(MICHALICK, 2004). As formas flageladas (promastigotas) são alongadas, com um 
flagelo livre e longo, emergindo do corpo do parasito na sua porção anterior. O 
núcleo é arredondado ou oval e o cinetoplasto, em forma de bastão (MICHALICK, 
2004). 
2.1.1. Posição taxonômica 
A posição taxonômica do gênero Leishmania pode ser verificada na Figura 1. 
4 
 
Figura 1 – Posição taxonômica do gênero Leishmania (REYS, 1991). 
2.2. Vetor 
No Brasil, a leishmaniose visceral tem como vetor duas espécies de 
flebotomíneos, Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi, conhecidos popularmente 
como mosquito palha ou birigui. A primeira espécie é a de maior importância por 
estar nas cinco regiões geográficas do país, e a segunda, específica do estado do 
Mato Grosso do Sul (BRASIL, 2010). 
Estes flebotomíneos fazem parte da Família Psychodidae, Subfamília 
Phlebotominae. Possuem ciclo de vida dividido nas fases de ovo, larva, pupa e 
adulto. As formas imaturas são terrestres, desenvolvem-se em ambiente úmido e se 
alimentam de matéria orgânica, principalmente vegetal, em decomposição. Os 
adultos são criptozoários, apresentam pequeno porte, entre 2 e 3 mm, e têm o corpo 
intensamente piloso (NOVO, 2011). 
Reino: Protista (Haeckel, 1866). 
Sub-reino: Protozoa (Goldfuss, 1817). 
Filo: Sarcomastigophora (Honigberg & Balamuth, 1963). 
Subfilo: Mastigophora (Deising, 1866). 
Classe: Zoomastigophorea (Calkins, 1909). 
Ordem: Kinetoplastida (Honigberg, 1963, emend. Vickerman, 1976). 
Subordem: Trypanosomatina (Kent, 1880). 
Família: Trypanosomatidae (Dofein, 1901, emend. Grobben 1905). 
Gênero: Leishmania (Ross, 1903). 
Subgênero: Leishmania (Saf ’yanova, 1982). 
Espécie: chagasi (Cunha & Chagas, 1937). 
5 
 
Esses insetos possuem atividade crepuscular e noturna, adaptam-se 
facilmente ao ambiente peridomiciliar, abrigando-se no interior dos domicílios e em 
abrigos de animais domésticos (BRASIL, 2010). Ambos os sexos se alimentam, 
principalmente, de sucos vegetais oriundos de néctar de flores ou de secreções de 
afídios ricos em carboidrato (NOVO, 2011). Somente as fêmeas dessas espécies 
tem a hematofagia como hábito alimentar, utilizando o sangue apenas para a 
maturação folicular ovariana (DIAS, 2003). 
Existem pesquisas voltadas à procura de outros invertebrados agindo como 
vetor da LVC devido a existência de áreas onde a doença é endêmica sem a 
presença do flebótomo. Uma das hipóteses levantadas é a participação do carrapato 
(Rhipicephalus sanguineus) como vetor. Estudos encontraram kDNA de Leishmania 
em carrapatos retirados de cães naturalmente infectados com Leishmania porém, 
sua competência como vetor e a viabilidade dos parasitas nesses artrópodes não é 
conhecida (DANTAS-TORRES, 2010). 
2.3. Reservatórios 
Na área silvestre, os reservatórios da Leishmania (L) chagasi são raposas 
(Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e marsupiais (Didelphis albiventris) enquanto 
na área urbana esse papel é do cão doméstico (Canis familiares) (COSTA, 2005). O 
papel do homem e do gato como reservatório está sendo questionado (BRASIL, 
2010). 
2.4. Ciclo Biológico e Transmissão 
Os hospedeiros vertebrados e reservatórios são infectados quando formas 
promastigotas são inoculadas pelas fêmeas dos insetos vetores durante o repasto 
sanguíneo. Ao se alimentar, o inseto inocula sua saliva que exerce o papel de 
anticoagulante, causa vasodilatação e antiagregação plaquetária além de efeitos 
quimiotáticos para monócitos e imunorreguladores com capacidade de interagir com 
os macrófagos, aumentando sua proliferação e impedindo a ação efetiva destas 
células na destruição dos parasitos (MICHALICK, 2004). 
A internalização da Leishmania ocorre através do processo de endocitose 
mediado por receptores na superfície do macrófago. Já dentro do vacúolo 
6 
 
parasitóforo dessas células, a promastigota transforma-se em amastigota e entra em 
multiplicação intensa até provocar a lise do macrófago. Os amastigotas liberados 
serão internalizados por outros macrófagos e dar sequência ao processo de 
multiplicação (MICHALICK, 2004). 
A infecção do hospedeiro invertebrado ocorre quando ele ingere as formas 
amastigotas no momento do repasto em um indivíduo infectado. Ao chegarem ao 
intestino do vetor, as formas amastigotas sofrem intensa multiplicação e 
transformação até a sua forma infectante, promastigosta metacíclica. Os parasitas 
migram para as porções anteriores do aparelho digestivo do inseto comprometendo 
a válvula estomadeu, seguida da invasão da faringe, cibário e probócide, reiniciando 
o ciclo de transmissão (MICHALICK, 2004). 
Outras vias de transmissão já foram determinadas, como a transmissão 
transplacentária e a transmissão venérea (BOGGIATTO et al, 2011) (NAUCKE, 
2012). A transmissão iatrogênica também pode ocorrer pela transfusão de sangue 
contaminado (SHERDING, 2006). 
2.5. Patogenia e anatomia patológica 
Em geral, o dano tecidual na LVC é causado por inflamação granulomatosa edeposição de imunocomplexos (MULLER, 2001). Como tem um caráter sistêmico, 
todos os órgãos podem ser afetados dependendo da resposta imune do hospedeiro 
e da evolução da doença (LUVIZOTTO, 2006). 
O primeiro sistema envolvido é o hemolinfático, caracterizado por 
linfadenomegalia com aspecto inicial exsudativo evoluindo para poliferativo-
hiperplásico (LUVIZOTTO, 2006). Os linfonodos podem apresentar alterações 
hipertróficas nas regiões corticais e medulares (SILVA, 2007). A esplenomegalia é 
um achado comum, apresentando consistência firme, cápsula espessa e rugosa, 
parênquima granular e grosseiro em casos sintomáticos e crônicos. Em outros 
casos, o órgão está aumentado de volume, cápsula tensa, deixando transparecer a 
hiperplasia da polpa branca como pontos brancacentos difusamente distribuídos e 
identificados na superfície de corte do órgão (LUVIZOTTO, 2006). Dependendo da 
fase da doença, a medula óssea pode apresentar hipertofia e hiperplasia da série 
7 
 
leucocitária ou hipocelularidade das linhagens eritrocitárias e leucocitárias, 
resultando em anemia e trombocitopenia (LUVIZOTTO, 2006; SILVA, 2007). 
No fígado é possível observar palidez extrema, consistência firme ou 
nodulações de tamanhos variados. Microscopicamente é possível observar reação 
linfohistioplasmocitária periportal com infiltrado de neutrófilos e eosinófilos e 
proliferação fibroblástica. A reação inflamatória crônica apresenta distribuição focal 
disseminada e subcapsular, caracterizada por aglomerados de macrófagos, 
linfócitos, plasmócitos, células com morfologia epitelióide e multinucleadas, com 
semelhança morfológica a dos granulomas (LUVIZOTTO, 2006). 
A progressão da doença depende do tipo de resposta imunológica que ela 
provoca no indivíduo. A resistência à doença está associada à ativação da resposta 
Th1 mediada por células (CD4+) e produção de interferon gama, fator de necrose 
tumoral e IL-2 e IL-12. Enquanto o indivíduo suscetível é aquele que apresenta, 
durante a progressão da doença, ativação da resposta Th2 com a expansão e 
proliferação de células B e produção de IL-4, IL-6 e IL-10 Essa resposta humoral é 
responsável pelo aumento dos níveis séricos de imunoglobulinas, contribuindo para 
a formação de imunocomplexos cuja deposição em diferentes órgãos, especialmente 
nos rins, causa danos teciduais graves. (LUVIZOTTO, 2006). 
2.6. Achados clínicos e laboratoriais 
A LV é uma doença de caráter sistêmico e crônico, afetando tecido cutâneo e 
vísceras. Os cães podem não apresentar sinal aparente, contudo quando 
sintomáticos, comumente apresentam mais de um sinal clínico (FREITAS, 2012). 
2.6.1. Alterações Dermatológicas 
Dentre os sinais clínicos dermatológicos, o principal é a dermatite esfoliativa 
com descamação branca prateada, podendo ser generalizada, porém mais comum 
na cabeça, orelhas e extremidades. Pode haver hiperqueratose nasodigital com 
hipotricose ou alopecia na região e alopecia periocular. Outros achados 
dermatológicos incluem a onicogrifose, dermatite ulcerativa, paroníquia, dermatite 
pustular estéril, despigmentação nasal com erosões e ulcerações, dermatite nodular 
e piodermite bactéria secundária. Os sinais de LVC devem ser diferenciados de 
8 
 
pênfigo foliáceo, lúpus eritematoso sistêmico, dermatose responsiva ao zinco, 
eritema migratório necrolítico, adenite sebácea e linfoma (MULLER, 2001). 
2.6.2. Alterações Sistêmicas 
Dentre as alterações sistêmicas é possível encontrar: hepatomegalia, 
esplenomegalia, linfadenopatia generalizada, uveíte anterior, conjuntivite, blefarite, 
pneumonia intersticial, rinite, poliartrite neutrofílica e glomerulonefrite. Essas 
alterações causam sinais clínicos como secreção ocular, tosse, epistaxe 
poliúria/polidipsia, icterícia, letargia, intolerância a exercícios, febre, perda de peso 
progressiva, caquexia, perda muscular, vômito, diarréia, melena (DUARTE, 1986; 
SHERDING, 2006; LAPPIN, 2009). 
Alguns estudos também relatam o envolvimento do sistema nervoso central 
acarretando sinais neurológicos como convulsão generalizada, alterações visuais, 
sinais de paresia de nervos cranianos, sinais de envolvimento vestibular e cerebelar, 
tetraparesia e tetraplegia, mioclonias, vocalização, andar em círculos e episódios de 
perseguição à cauda (FEITOSA, 2005). 
2.6.3. Alterações hematológicas e bioquímicas 
No hemograma, as alterações encontradas são trombocitopenia, anemia, 
linfopenia, leucocitose com desvio à esquerda e teste de Coombs positivo. No 
exame bioquímico pode apresentar níveis aumentados de uréia, creatina normal ou 
aumentada e baixa concentração de albumina (SHERDING, 2006). 
Achados laboratoriais de hiperproteinemia, leucopenia associada a linfopenia 
ou leucocitose também são descritos (SONODA, 2007). 
2.7. Diagnóstico 
O diagnóstico da LVC é complexo devido ao caráter sistêmico da doença, sua 
gama de sinais clínicos inespecíficos e os custos dos exames. A combinação dos 
diferentes exames e a observação dos sinais clínicos é recomendada para a 
obtenção do diagnóstico mais seguro possível. 
9 
 
Os testes disponíveis para o diagnóstico da LVC são os exames sorológicos 
(ensaio imunoenzimático – ELISA e reação de imunofluorescência indireta - RIFI), 
cultura do parasita, exames parasitológicos (histoquímico - HE e imunohistoquímico - 
IMIQ), exame molecular (PCR) e o xenodiagnóstico. Sendo mais utilizados os 
exames sorológicos combinados. O uso conjunto dos exames é mostrado na Figura 
2. A partir de março de 2012, foi introduzido novo método de diagnóstico rápido, 
Dual Path Platform (DPP®) baseado na imunocromatografia. 
 
Figura 2. Diagrama para o diagnóstico de Leishmaniose Visceral Canina (QUEIROZ, et al. 2010). 
Por seu aspecto sistêmico e sinais inespecíficos, a anamnese do paciente 
quanto à região e condições ambientais do local de moradia, uso de repelentes e 
outros métodos de prevenção devem ser considerados e analisados de forma 
minuciosa, sendo pontos importantes para a suspeita e o diagnóstico de LVC. 
 
 
Cão suspeito 
Exames 
sorológicos 
(RIFI e ELISA) 
RIFI e ELISA 
positivo 
Caso 
confirmado 
positivo 
RIFI e ELISA 
negativos ou 
discordantes 
IMIQ positivo 
Caso 
confirmado 
positivo 
IMIQ negativo 
PCR positivo 
Caso 
confirmado 
positivo 
PCR negativo 
Caso 
confirmado 
negativo 
10 
 
2.8. Tratamento 
O tratamento de animais positivos para leishmaniose visceral é controverso, 
já que os quimioterápicos utilizados não são capazes de retirar completamente o 
protozoário do organismo, resultando em animais persistentemente infectados, o que 
pode representar risco para a saúde animal e humana (TROY, 2009). 
Nos locais onde o tratamento é permitido o protocolo de tratamento da LVC é 
baseado no uso de antimoniais pentavalentes como o Antimoniato de Meglumina 
(Glucantime® – 100 mg intravenoso ou subcutâneo a cada 24 horas por 3 a 4 
semanas) e o Estibogluconato de Sódio (Pentosan® – 30 a 50 mg/kg subcutâneo, a 
cada 24 horas por 3 a 4 semanas). Como efeitos adversos comuns desse tratamento 
o cão pode apresentar vômito, diarréia, dor e fibrose muscular, formação de 
abscessos, tromboflebite e insuficiência renal. Concomitante ao antimônico 
pentavalente, o Alupurinol (20 mg/kg, via oral, a cada 12 ou 24 horas) pode ser 
usado como fármaco de manutenção (TROY, 2009; PAPICH, 2009). Outros 
fármacos utilizados são a Anfotericina B, Miltefosina pentamidina, amonosidina 
(TROY, 2009). 
Cães submetidos a esses protocolos devem ser monitorados frequentemente, 
especialmente sua função renal por causa do alto potencial nefrotóxico dessas 
fármacos em animais que podem já apresentar afecção renal.Esses protocolos levam ao controle da infecção, podendo acarretar na cura 
clínica do animal, ou seja, o animal deixa de apresentar sinais clínicos. Porém, 
recidivas dentro de meses ou anos após o final do tratamento são comuns 
(SHERDING, 2006). 
Em 17 de janeiro de 2013 foi publicado, pelo Tribunal Regional Federal da 3ª 
Região, o Acórdão 8268/2013, que considerou ilegal a Portaria n.º 1.426 
Interministerial de 11 de julho de 2008 - MAPA e MS – cujo texto “proíbe o 
tratamento de leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano ou não 
registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (BRASIL, 2013). 
No entanto, por outros motivos como as regulamentações sobre e fiscalização de 
produtos veterinários pelo MAPA, dispositivos legais impedem o tratamento canino 
11 
 
(BRASIL, 1969 e 2004). O tratamento de escolha para humanos é o Desoxicolato de 
Anfotericina B e, como alternativas, podem ser usados: Antimoniato de N-metil 
Glucamina, Isotionato de Pentamidina e Anfotericina B Lipossomal (BRASIL, 2010). 
Os medicamentos de uso humano para LV não são comercializados e são 
distribuídos gratuitamente pelo MS. 
2.9. Prevenção e controle 
 A prevenção da leishmaniose nos cães é feita pelo controle da população 
canina errante, doação de animais somente após o exame para leishmaniose 
negativo, uso de telas em canis individuais ou coletivos e uso de coleiras 
impregnadas com deltametrina a 4% (BRASIL, 2010). Também existem produtos 
spot-on a base de permetrina com ação repente. 
 Uma prevenção e controle mais eficaz seriam alcançados com o uso da 
imunoprofilaxia dos cães. Atualmente, há no mercado duas vacinas contra 
leishmaniose canina, Leishtec® e Leishimune®, que possuem registro no MAPA. 
Seu uso como medida de controle em Saúde Pública não é recomendado pelo MS. 
(GONTIJO, 2004; BRASIL, 2009). 
 O controle da endemia é centrado no diagnóstico e tratamento precoce de 
casos humanos, redução da população de flebotomíneos, eliminação dos 
reservatórios (diagnóstico e eutanásia dos animais positivos) e atividades de 
educação em saúde (BRASIL, 2010). 
2.10. Situação epidemiológica em humanos 
 A LV é uma zoonose com ampla distribuição mundial com registro de casos 
em todos os continentes, à exceção da Oceania. A cada ano, ocorrem 500.000 
casos sendo que 90% deles localizados no Afeganistão, Argélia, Brasil, Irã, Peru, 
Arábia Saudita, Índia, Nepal e Sudão. A taxa de mortalidade global é apenas 
estimada, por causa da falta de notificação e diagnóstico em alguns países (WHO, 
2007). 
 No Brasil, a leishmaniose visceral é uma doença endêmica, no entanto têm 
sido registrados surtos frequentes. Historicamente, os casos estavam restritos a 
12 
 
zonas rurais, hoje, encontra-se em expansão para regiões urbanas. Atinge as cinco 
regiões brasileiras. Nos últimos dez anos, a média anual de casos de LV foi de 3.379 
casos e a incidência de 1,9 casos por 100.000 habitantes. (BRASIL, 2010). 
 No Distrito Federal, em 2011, foram notificadas 94 pessoas com LV tendo 
sido 42 casos humanos confirmados e 4 óbitos. Em 2012 foram notificados 70 casos 
e confirmadas 36 pessoas com LV. (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2011; 
2012). 
2.11. Vigilância epidemiológica em cães 
 A vigilância epidemiológica em cães é um dos componentes do Programa 
de Controle da Leishmaniose Visceral (PCLV), cujos objetivos são reduzir as taxas 
de letalidade e grau de morbidade pelo diagnóstico e tratamento precoces dos casos 
humanos e diminuir os riscos de transmissão, mediante o controle da população de 
reservatórios e do agente transmissor (BRASIL, 2010). 
 As ações de vigilância epidemiológica voltadas aos cães incluem: alertar os 
serviços e a classe médica veterinária quanto ao risco da transmissão da LVC; 
conscientizar a população sobre a ocorrência da doença na região, os sinais clínicos 
e os métodos para o diagnóstico, bem como as medidas preventivas para eliminação 
dos prováveis criadouros do vetor (BRASIL, 2010). 
 O poder público deverá desencadear e implementar as ações de limpeza 
urbana em terrenos, praças públicas, jardins, logradouros, entre outros, destinando 
de maneira adequada a matéria orgânica recolhida e, na suspeita clínica de cão, 
delimitar a área para investigação do foco. Nessa área, deverá ser desencadeada a 
busca ativa de cães com sinais clínicos, visando a coleta de amostras para exame 
parasitológico e identificação da espécie de Leishmania. Uma vez confirmada a L. 
chagasi, deverá ser coletado material para testes sorológicos de todos os cães da 
área, a fim de avaliar a prevalência canina e desencadear as demais medidas 
(BRASIL, 2010). 
 O monitoramento é feito por inquérito sorológico amostral ou inquérito 
sorológico censitário, com a utilização das técnicas ELISA e imunofluorescência 
indireta (RIFI), realizados pelos Laboratórios Centrais e Saúde Pública (Lacen) ou 
13 
 
laboratórios dos centros de controle de zoonose (BRASIL, 2010). zoonoses A 
amostra é considerada reagente (ou positiva) quando forem obtidos títulos iguais ou 
maiores a 1:40 na RIFI. O ELISA é considerado reagente (ou positivo) quando 
apresentar densidade óptica maior que o ponto de corte (cut off) referente ao 
intervalo preconizado pelo “kit” utilizado (BRASIL, 2010). 
Recentemente, em dezembro de 2011, o MS publicou a Nota Técnica 
Conjunta 1/2011, substituindo o protocolo de diagnóstico da LVC com a introdução 
do método de diagnóstico rápido Dual Path Platform (DPP®) como teste de triagem 
e o ELISA como teste confirmatório (BRASIL, 2011). 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
Para este trabalho foram selecionados 149 prontuários de caninos atendidos 
no HVet/UnB em 2011. A seleção foi feita em etapas. Na primeira etapa, entre todos 
os prontuários de animais atendidos no HVet/UnB em 2011, foram escolhidos os 
atendimentos em cães que tiveram o registro feito em 2011. Nesta primeira seleção, 
foram separados 2.400 prontuários cujos registros estavam entre os números de 
registro geral 117.000 e 119.483. Numa segunda etapa de seleção, foram separados 
os prontuários dos cães com a primeira consulta realizada entre 10 de janeiro e 21 
de dezembro de 2011. Para a última etapa da seleção dos prontuários para este 
estudo, foi verificado em cada prontuário se atendia aos critérios: 1) suspeita clínica 
de leishmaniose descrita na ficha clínica ou ficha de retorno; 2) solicitação de 
exames de rotina com essa suspeita (exemplo: hemograma com LVC como parte da 
suspeita clínica); e 3) solicitação de exames específicos para a LVC. 
Os prontuários selecionados para o estudo foram os que atenderam a uma ou 
mais dos três critérios acima. Deles foram retirados os seguintes dados: número do 
registro no HVet/UnB (RG), nome do animal, raça, sexo, ano de nascimento, dados 
do proprietário, região de moradia, data da consulta, peso, motivo da consulta, 
exame dermatológico, outros sinais, suspeita clínica, hemograma, [volume globular 
(VG), hemácias, hemoglobina, leucócitos, volume corpuscular médio (VCM), 
concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), proteína plasmática total 
(PPT), plaquetas, pesquisa de hemoparasitas, metarrubricitos], exames específicos 
para leishmaniose (citopatologia, ELISA, RIFI, PCR) e diagnóstico final. 
14 
 
Os dados foram organizados em um banco de dados no programa EXCEL e 
analisados com o programa StataCorp. 2011. 
4. RESULTADOS 
Dos 149 prontuários selecionados, 106 tiveram um diagnóstico final definido, 
sendo 72 animais (68%) com diagnóstico de LVC descartado e 34 (32%) com o 
diagnóstico confirmado. 
A porcentagem de animais suspeitos com algum sinal dermatológico foi de 
53,8% (57 animais) sendo que, desses57 animais, 61,4% (35 animais) tiveram o 
diagnóstico de LVC confirmado. E, 35,29% (12 animais) dos animais confirmados 
para LVC não apresentavam sinal dermatológico. 
Os parâmetros hematológicos estão representados nas Tabelas 1, 2, 3, 4, 5 e 6. 
 
Tabela 1 – Valores de hemácias dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). 
Hemácias (x103/µl) Diagnóstico de LVC Total 
Descartado Confirmado 
Menor que 5,5 29 (%) 17 (%) 46 
Entre 5,5 e 8,5* 32 (%) 14 (%) 46 
Maior que 8,5 11 (%) 3 (%) 14 
Total 72 34 106 
 
 
Tabela 2 – Valores de hemoglobina dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). 
Hemoglobina (g/dl) 
Diagnóstico de LVC 
Total 
Descartado Confirmado 
Menor 12 29 (%) 15 (%) 44 
Entre 12 e 18* 33 (%) 16 (%) 49 
Maior que 18 10 (%) 3 (%) 13 
Total 72 34 106 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Tabela 3 – Valores de PPT dos animais suspeitos de LVC atendidos no HVet/UnB 
em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). 
PPT (g/dl) Diagnóstico de LVC Total 
Descartado Confirmado 
Menor que 6 1 (%) 0 1 
Entre 6 e 8* 33 (%) 13 (%) 46 
Maior que 8 38 (%) 21 (%) 59 
Total 72 34 106 
 
Tabela 4 – Valores de leucócitos dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). 
Leucócitos (x103/ µl) Diagnóstico de LVC Total 
Descartado Confirmado 
Menor que 6 11 (%) 3 (%) 14 
Entre 6 e 17* 42 (%) 25 (%) 67 
Maior que 17 19 (%) 6 (%) 25 
Total 72 34 106 
 
Tabela 5 – Valores de plaquetas dos animais suspeitos de LVC atendidos no 
HVet/UnB em 2011. *Valores de referência segundo Ettinger (2010). 
Plaquetas (x103) 
Diagnóstico de LVC 
Total 
Descartado Confirmado 
Menor que 186 15 (%) 11 (%) 26 
Entre 186 e 545* 44 (%) 20 (%) 64 
Maior que 545 13 (%) 3 (%) 16 
Total 72 34 106 
 
Tabela 6 – Valores de VG dos animais suspeitos de LVC atendidos no HVet/UnB em 
2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). 
VG (%) Diagnóstico de LVC Total 
Descartado Confirmado 
Menor que 36 37 (%) 20 (%) 57 
Entre 37 e 55* 25 (%) 11 (%) 36 
Maior que 55 10 (%) 3 (%) 13 
Total 72 34 106 
 
Tabela 7 – Valores de VCM dos animais suspeitos de LVC atendidos no HVet/UnB 
em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). 
VCM (fl) Diagnóstico de LVC Total 
Descartado Confirmado 
Menor que 60 1 (%) 1 (%) 2 
Entre 60 e 77 60 (%) 31 (%) 91 
Maior que 77 11 (%) 2 (%) 13 
Total 72 (%) 34 (%) 106 
 
16 
 
Tabela 8 – Valores de CHCM dos animais suspeitos de LVC atendidos no HVet/UnB 
em 2011. *Valores de referência segundo Raskin (2010). 
CHCM (g/dl) 
Diagnóstico de LVC Total 
Descartado Confirmado 
Menor que 32 5 (%) 6 (%) 11 
Entre 32 e 36* 56 (%) 26 (%) 82 
Maior que 36 11 (%) 2 (%) 13 
Total 72 (%) 34 (%) 106 
 
No teste ELISA, 26 dos 45 animais com amostras submetidas ao exame 
tiveram resultado de Não Reagente. Um desses animais teve o diagnóstico final de 
LVC confirmado. Dos 19 que tiveram o resultado Reagente, um animal teve o seu 
resultado de leishmaniose descartado. Esse mesmo animal foi reagente ao RIFI com 
titulação 1:80. A provável razão para esse descarte foi o fato desse animal possuir 
teste para erlichiose com Score 3 (médio-positivo). 
Os resultados encontrados no RIFI, exame geralmente feito em conjunto com 
o ELISA, estão na Tabela 9. Das 47 amostras processadas, 27 foram negativas no 
RIFI e das 20 Reagentes, sendo 9 amostras na titulação 1:40, 9 reagentes a 1:80 e 
2 amostras reagentes a 1:160. 
Tabela 9. Resultados do teste RIFI em relação ao diagnóstico final registrados nos 
prontuários dos cães suspeitos e confirmados para LVC no HVet/UnB em 2011. 
 RIFI Diagnóstico LVC Total 
Descartado Confirmado 
Negativo 26 (96,3%) 1 (3,7%) 27 
Regente 1:40 0 (0%) 9 (100%) 9 
Reagente 1:80 1 (11,1%) 8 (88,9%) 9 
Reagente 1:160 0 (0%) 2 (100%) 2 
Total 27 (57,45%) 20 (42,55%) 47 
 
Foram realizadas 46 citologias com os resultados de 31 animais negativos, 15 
animais positivos. Dentre os positivos, 12 amostras foram obtidas por punção de 
medula óssea, 2 por punção de linfonodo e 1 por Imprint de lesão cutânea (Tabela 
10). 
 
17 
 
Tabela 10. Resultados do teste citologia em relação ao diagnóstico final registrados 
nos prontuários dos cães suspeitos e confirmados para LVC no HVet/UnB em 2011. 
Citologia 
Diagnóstico LVC 
Total 
Descartado Confirmado 
Negativo 21 10 31 
Positivo na medula óssea 0 12 12 
Positivo na punção de linfonodo 0 2 2 
Positivo no Imprint de lesão cutânea 0 1 1 
Total 21 25 46 
 
No diagnóstico pela técnica de PCR, das nove amostras submetidas ao 
exame duas foram positivas, conforme pode ser visualizado na Tabela 11. Nota-se 
na tabela que um dos animais que foi negativo no PCR foi considerado positivo para 
LVC. Este animal também teve amostras encaminhadas para RIFI e ELISA com 
resultado reagente nos dois exames, com titulação 1:80 no RIFI. 
Tabela 11. Resultados do teste PCR em relação ao diagnóstico final registrados nos 
prontuários dos cães suspeitos e confirmados para LVC no HVet/UnB em 2011. 
PCR 
Diagnóstico LVC 
Total 
Descartado Confirmado 
Negativo 6 1 7 
Positivo 0 2 2 
Total 6 3 9 
 
Dos 106 animais com diagnóstico final estabelecido, apenas 64 possuíam a 
informação acerca da região onde moravam. A distribuição geográfica dos casos 
confirmados para LVC foi dispersa no território do DF. Os animais com diagnóstico 
confirmado eram da seguintes localidades: Águas Claras, Lago Norte, Lago Sul, 
Paranoá, Santa Maria, Sobradinho, Sobradinho II, Taguatinga, Varjão, Vicente Pires 
e Vila Planalto e está representada na Tabela 12 e na Figura 3. 
 
 
 
 
 
18 
 
Tabela 12 – Número de cães confirmados e suspeitos em relação à localidade de 
residência. 
Localidades 
Número de cães 
confirmados 
Número de animais 
suspeitos 
Águas Claras 2 4 
Lago Norte 6 19 
Lago Sul 7 13 
Paranoá 1 4 
Santa Maria 1 1 
Sobradinho 5 9 
Sobradinho II 1 1 
Taguatinga 2 4 
Vicente Pires 1 5 
Vila Planalto 1 2 
Varjão 2 2 
Total 29 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Figura 3 – Distribuição geográfica dos cães confirmados no HVet/UnB no ano de 
2011 por localidade 
 
* Cada ponto vermelho representa um caso de LVC confirmado. 
5. DISCUSSÃO 
É importante ressaltar que todos os animais deste estudo descritivo foram 
atendidos em um serviço veterinário, logo é esperado que apresentassem alterações 
clínicas e hematológicas. 
Os sinais dermatológicos estavam presentes em 53,8% dos animais 
considerados suspeitos e, dentre os confirmados, apenas 35,29% apresentavam 
sinal dermatológico. Esses dados foram semelhantes aos encontrados nos trabalhos 
de Mattos e colaboradores (2004) e Freitas (2012). O número elevado de animais 
suspeitos que apresentavam sinais clínicos dermatológicos é evidência que estes 
sinais são considerados pelos veterinários fortes indícios dessa doença. A maioria 
dos animais suspeitos de LVC do estudo apresentou anemia, sendo esta uma das 
alterações mais comuns em cães infectados pela leishmaniose (SONODA, 2007; 
FREITAS, 2012). Porém, entre os animais com diagnóstico confirmado para a 
20 
 
doença, a frequência de anemia foi menor do que o relatado por Freitas (2012). 
Pode ser que essa discrepância esteja relacionada com a fase da doença em curso. 
Outra alteração laboratorial comum na leishmaniose é o aumento da 
concentração de proteína plasmática (PPT). A maioria dos animais confirmados 
(61%) apresentava essa alteração, conforme a literatura (SHERDING, 2006; 
SONODA, 2007; FREITAS, 2010). O aumento da PPT está associadocom 
processos inflamatórios, como o causado pela LVC. 
A leucocitose estava presente em 23% dos animais suspeitos, sendo que 
entre os confirmados, 17% apresentaram essa alteração. No estudo de Sonoda 
(2007) a leucocitose foi observada em somente 4,3%. A leucocitose é esperada em 
qualquer afecção que cause uma resposta inflamatória aguda, como a leishmaniose 
e outras doenças. O valor leucocitário normal dos animais confirmados para LVC 
pode estar relacionado ao estágio da doença em que se encontravam.. 
A trombocitopenia estava presente em 24% dos animais suspeitos. Entre os 
confirmados, apenas 32% apresentavam essa alteração, que é considerada por 
alguns autores um sinal comum da doença (SHERDING, 2006; SONODA, 2007; 
FREITAS, 2010). 
No atendimento do HVet/UnB os exames mais frequentes realizados em 
animais com suspeita de leishmaniose foram os exames sorológicos RIFI/ELISA e o 
de citologia por punção de medula óssea, como o recomendado na literatura 
(QUEIROZ, 2010; BRASIL, 2006). 
Em 2011, os métodos diagnósticos sorológicos da LVC, recomendados pelo 
Programa de Vigilância e Controle das Leishmanioses, eram o Ensaio 
Imunoenzimático (ELISA) como método de triagem e a Reação de 
Imunofluorescência Indireta (RIFI), (titulação > 1:40) como confirmatório, utilizados 
na rotina e nos inquéritos caninos em municípios onde já houve registro da doença. 
Os resultados das avaliações realizadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed/MG) 
demonstram que todos os lotes de ELISA liberados para o uso na rede pública, em 
2011, tiveram sensibilidade média acima de 95% e a especificidade de 100%. Já a 
21 
 
RIFI demonstrou sensibilidade acima de 98,3% e especificidade acima de 94,1% 
(BRASIL, 2011). 
O animal que apresentou os exames sorológicos para LVC reagentes e teve o 
diagnóstico descartado também possuía exame sorológico para erlichiose positivo. A 
erlichiose é uma doença com sinais clínicos similares a LVC, principalmente por 
causar alterações no organismo pela deposição de imunocomplexos. Alguns testes 
sorológicos, como o RIFI, podem apresentar resultado falso-positivo para LVC 
quando o animal possui erlichiose (ZANETTE, 2006). O diagnóstico conclusivo 
deste animal não estava esclarecido em seu prontuário, apenas que LVC fora 
descartado. 
As localidades com cães confirmados tinham registro de casos humanos 
conforme a notificação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – 
SINAN/NET, ou seja, já eram conhecidas por serem áreas de transmissão da LV. 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O desenvolvimento do trabalho de levantamento dos dados foi verificado 
dificuldades na busca dos prontuários, pois para não atrapalhar o movimentos do 
HVet/UnB a pesquisa nos prontuários era em espaço de tempo delimitado. Muitos 
prontuários estavam com informações incompletas ou ausentes, principalmente em 
relação ao diagnóstico conclusivo dos pacientes. Notou-se diferença no 
preenchimento entre os diferentes profissionais. É importante reforçar a 
necessidade de melhorar o registro e as informações dos pacientes com a utilização 
de um sistema informatizado para que pesquisas futuras possam ser executadas de 
forma mais ágil e com uma menor margem de erro. 
Nos prontuários analisados não foi observada nenhuma menção em relação à 
origem e ou história de deslocamento dos animais, não sendo possível afirmar que 
os animais adquiriram a doença no endereço fornecido pelo prontuário. Também 
não foi possível identificar se o caso teria sido ou não notificado. 
Nos prontuários foi observada a preocupação de alguns proprietários de 
animais hígidos em fazer o teste diagnóstico para LVC como forma de prevenção da 
doença. 
22 
 
Como a LVC tem diversos métodos diagnósticos, é importante reforçar os 
critérios de diagnóstico clínico, epidemiológico e, principalmente, o laboratorial com 
relação à interpretação dos resultados. 
O Médico Veterinário deve ter duas perspectivas diferentes desta doença: a 
visão clínica, individual, na qual o paciente é o mais importante e o diagnóstico falso 
positivo é um prognóstico ruim, pois aquele indivíduo é parte de uma família. Mas 
também deve ter a visão de saúde pública, na qual o bem-estar da maioria, incluindo 
animais e seres humanos, é a meta final e, por essa perspectiva, o diagnóstico falso 
negativo é o mais crítico, pois o cão poderá constituir uma fonte potencial de 
propagação deste protozoário. Cada profissional de saúde deve ter consciência da 
importância do seu papel perante o seu paciente e perante a sociedade, desde sua 
influência na proteção e prevenção individual até na decisão de que tratamento 
aquele animal deva receber. 
A leishmaniose visceral é uma doença em expansão no tanto no DF como em 
outros estados do Brasil. Ainda há muito a ser feito para que o controle possa ser 
alcançado tanto em cães como em humanos. 
 
23 
 
7. REFÊRENCIAS 
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27 
 
8. ANEXOS 
8.1. Ficha clínica utilizada no Hvet/UnB 
Pagina 1 
 
28 
 
Pagina 2 
 
29 
 
Pagina 3 
 
 
30 
 
Pagina 4

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